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A Simone ficou brava e acha que devo me apresentar

em lugar de um beagle. Como não sei latir nem


abanar a cauda, ela me quer testando remédios
veja.abril.com.br /blog/reinaldo/geral/a-simone-ficou-brava-e-acha-que-devo-me-apresentar-em-
lugar-de-um-beagle-como-nao-sei-latir-nem-abanar-a-cauda-ela-me-quer-testando-remedios/

18/10/2013

às 18:49
As várias faces de um cretino perigoso: este é Daniel Andreas San Diego. Ele pode matar
pessoas para proteger bichos

Ai, meu Deus!

A Internet é bacana pra caramba, né? Mas tem, como tudo, um lado chatinho. Um deles é a gente ser
“descoberto” por pessoas como uma tal “Simone”, que me envia o seguinte sobre o texto que escrevi
a respeito da invasão do laboratório Royal (segue como veio, com uma gramática, digamos,
beagle…):

“Pois, acho que fizeram pouco e o Reinaldo é um reacionário e a grande maioria desse país
são hipócritas, porque assassinar criaturas inocentes é muito fácil, quero ver fazerem isso nos
seus filhos, quer cura para a sua doença, então seja cobaia desses laboratórios e se você
sobreviver ao experimento, gostaria de saber como foi a experiência!!!!”

Retomo

Viram? É gente assim que os black blocs da vida mobilizam, podem crer (quando eu era criança, dizia-
se “podiscrê”!).

A Simone está lá escrevendo besteiras no seu computador porque, certamente, tomou a vacinas
contra pólio, a tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), a tríplice bacteriana (difteria, tétano e
coqueluche), porque toma antibióticos quando algum agente patogênico, meio atrapalhado, a
confunde com um de nós…

A Simone acha é pouco. A Simone quer é quebrar mais. A Simone agora só vai se tratar com mel e
própolis. Mas vai ela mesma buscar os favos, depois de convencer as companheiras abelhas.

Entendi. Já que Roberto Carlos voltou a ser comentado nestes dias, a Simone nunca mais foi a
mesma depois da música que o Rei da Censura dedicou às baleais, com versos magníficos como
estes:
“(…)
E as baleias desaparecendo, por falta de escrúpulos comerciais…
Eu queria ser civilizado como os animais….”

Simone já atingiu o ideal de Roberto Carlos.

Outros ainda dizem que o Royal não faz remédio coisa nenhuma. Um deles afirma se testa lá é
“batom para a vaca da sua mulher”. Hein? Minha mulher usa batom. Mas tira na hora da função.
Aquele coisa meio gordurenta me incomoda… “Você não gosta de batom, é?”, desconfia Paula
Lavigne, a suspicaz…

As causas têm lá seus ideólogos, sabemos. Mas só sobrevivem e se tornam populares com o
concurso dos idiotas.

Gente que é contra o uso de animais pela indústria farmacêutica e por cientistas — seguindo os
princípios éticos que regulam a prática, é claro — não deveria jamais tomar um remédio da chamada
alopatia — incluindo a anestesia em caso de cirurgia e de tratamento dentário. Só homeopatia e
hipnose.

Por que dar atenção à Simone? Porque ela é uma legião. Há questões que são complexas, admito. É
difícil entender que não se deve, por exemplo, indexar salários porque a correção contínua do ganho,
segundo a taxa de inflação, rouba dinheiro do trabalhador em vez de beneficiá-lo. É o tipo de coisa
que contraria o senso comum. Até porque não é menos verdade que uma inflação renitente, sem
correção nenhuma, também empobrece o coitado.

Mas como é que a Simone não consegue entender que ou se testam remédios e vacinas em bichos
ou se os testam em seres humanos? Se a Simone não quer que seja naqueles, então será nestes. Se
ela não consegue compreender isso, começo a duvidar que consiga atravessar a rua em segurança
ou levar o sorvete à boca sem o risco de acertar a testa.

Sustentando-se apenas nos membros inferiores, em posição vertical, é perfeitamente possível


entender que defendo, sim, o uso de animais, desde que respeitadas as regras — tudo indica ser o
caso do laboratório Royal. E não defendo apenas para que eu e os meus nos livremos ou nos curemos
de doenças.

Também se beneficiam as criancinhas pobres da África — que, infelizmente, arrancam menos


lágrimas dos contemporâneos do que os beagles. Beneficia-se a espécie. Mas a Simone quer é
quebrar mais. Com um computador na mão. Sou capaz de jurar que ela também é contra a indústria
farmacêutica e o capitalismo. Sempre com um computador na mão.

Dá para entender por que Daniel Andreas San Diego é um dos terroristas mais procurados pelo FBI.
Como Simone, ele também acha que a depredação de laboratórioe é pouco. Ele decidiu explodir
bombas em empresas que realizam testes com animais. San Diego acha que não há mal nenhum em
matar pessoas quando se trata de proteger bichos. San Diego é um humanista destes tempos
animalisticamente corretos.

Por Reinaldo Azevedo

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