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Elaboração de uma Estratégia de Manutenção Planejada para

Cabos de Aço Utilizados na Indústria Offshore

Matheus Gondim de Oliveira

Projeto de Graduação apresentado ao


Curso de Engenharia Mecânica da Escola
Politécnica, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Engenheiro.

Orientador:

Prof. Fábio Luiz Zamberlan, D.Sc

RIO DE JANEIRO
Setembro de 2018
Oliveira, Matheus Gondim de
Elaboração de uma Estratégia de Manutenção
Planejada para Cabos de Aço Utilizados na Indústria
Offshore / Matheus Gondim de Oliveira – Rio de
Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2018.
XIII, 86 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Fábio Luiz Zamberlan
Projeto de graduação – UFRJ / Escola Politécnica /
Curso de Engenharia Mecânica, 2018.
Referências bibliográficas: p. 82-85.
1. Cabo de Aço 2. Manutenção Planejada 3. Estratégia
de Manutenção 4. Indústria Offshore I. Fábio Luiz
Zamberlan. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Escola Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III.
Título.

iii
“Sei lá, sei lá
Eu só sei que ela está com a razão”
Tom Jobim

iv
AGRADECIMENTOS

Não seria possível realizar esse trabalho sem o auxílio de várias pessoas, logo a esses
homens e mulheres, que tanto contribuíram na minha vida acadêmica, profissional e
pessoal, minha eterna gratidão.

Ao Professor Fábio Zamberlan, meu muito obrigado por ter aceitado ser meu orientador
e, nesses últimos meses, ter me fornecido conceitos, comentários e dicas preciosas não só
sobre a elaboração deste trabalho, mas dessa área fascinante da engenharia que é a
manutenção.

Aos professores do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do


Rio de Janeiro, agradeço profundamente todo o ensino e educação técnica que pude obter
através das disciplinas, trabalhos, iniciação cientifica e tantas outras atividades que
realizei durante a faculdade.

À minha família e meus amigos, só tenho a agradecer por caminharem comigo e


continuarem caminhando, sem vocês não conseguiria ter chegado aonde estou.

Cada um participou de uma maneira ímpar na minha vida e esses agradecimentos são uma
forma de lembrar e homenagear aqueles que tanto fizeram por mim ao longo da minha
história.

v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

Elaboração de uma Estratégia de Manutenção Planejada para


Cabos de Aço Utilizados na Indústria Offshore

Matheus Gondim de Oliveira

Setembro/2018

Orientador: Fábio Luiz Zamberlan

Curso: Engenharia Mecânica

Esse trabalho visa construir um plano de manutenção para cabos de aço utilizados na
indústria offshore, especialmente em navios PLSV. Embora haja vários manuais de
manutenção para cabos de aço feitos por diferentes fabricantes e fornecedores desta
categoria de ativo, além de normas e guias feitos por diversas entidades internacionais,
tais recomendações devem ser empregadas somente após conhecimento do cenário e da
cultura da indústria alvo dessa aplicação. Logo, é este ponto que o projeto final aborda:
como adaptar essas referências à indústria offshore; buscando responder à pergunta de
quais critérios deverão ser utilizados para classificação de cabos e quais parâmetros serão
utilizados nesta definição. Características construtivas, valores e criticidades do
equipamento, todos esses pontos são abordados após uma revisão bibliográfica extensa
não só de assuntos técnicos de cabo de aço, mas também de conceitos de manutenção
industrial. Para que no fim, se chegue a definição de um plano de manutenção e faça sua
implementação.

Palavras-chave: Cabo de Aço, Manutenção Planejada, Gestão de Ativos.

vi
Abstract of Monograph present to Poli/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements
for degree of Mechanical Engineer.

Elaboration of a Planned Maintenance Strategy for Wire Ropes


Used in the Offshore Industry

Matheus Gondim de Oliveira

September/2018

Advisor: Fábio Luiz Zamberlan

Course: Mechanical Engineering

This work aims to build a maintenance plan for steel wire ropes used in the offshore
industry, especially in PLSV vessels. Although there are several maintenance manuals
for steel wire ropes published by different manufacturers and suppliers of this category
of asset, in addition to standards and guides made by several international entities, such
recommendations should be used only after knowing the scenario and the culture of the
industry targeted by this application. So, this is the objective of this project: how to adapt
these references to the offshore industry; seeking to answer the question of what criteria
should be used for wire rope classification and which parameters will be used in this
definition. Constructive characteristics, values and equipment criticalities, all these points
are approached after an extensive bibliographical review not only of steel cable technical
subjects, but also of concepts of industrial maintenance. So that, in the end, the definition
of a maintenance plan arrives and makes its implementation.

Keywords: Wire Rope, Planned Maintenance, Assets Management.

vii
SUMÁRIO

SUMÁRIO ............................................................................................................ viii


LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. xi
LISTA DE TABELAS .......................................................................................... xiii
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
1.1 MOTIVAÇÃO ................................................................................................ 1
1.2 OBJETIVO ..................................................................................................... 1
1.3 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ............................................................ 1
2 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE CABOS DE AÇO ............................................ 3
2.1 PROCESSO DE FABRICAÇÃO .................................................................... 3
2.2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS ...................................................... 6
2.2.1 Arame ...............................................................................................................6
2.2.2 Perna .................................................................................................................7
2.2.3 Alma ...............................................................................................................12
2.3 TIPOS DE CABO ......................................................................................... 14
2.3.1 Cabo de Aço Pré-Formado .............................................................................14
2.3.2 Cabo de Aço Não Rotativo .............................................................................15
2.4 DIÂMETRO DE UM CABO DE AÇO ......................................................... 17
2.5 CLASSIFICAÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DE UM CABO DE AÇO ............. 18
2.5.1 Fator de Segurança .........................................................................................19
3 PRÍNCIPIOS DE MANUTENÇÃO INDUSTRIAL ............................................ 20
3.1 DEFINIÇÃO DE MANUTENÇÃO .............................................................. 20
3.2 DEFEITO VERSUS FALHA ........................................................................ 20
3.3 TIPOS DE MANUTENÇÃO ........................................................................ 22
3.3.1 Manutenção à Demanda .................................................................................22
3.3.2 Manutenção Preventiva ..................................................................................23
3.3.3 Manutenção Preditiva .................................................................................... 24
3.4 REQUISITOS LEGAIS, AGÊNCIAS REGULAMENTADORAS E NORMAS
REGULADORAS .............................................................................................. 24
3.5 TERCEIRIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO ........................ 26
3.6 CADASTRAMENTO DE EQUIPAMENTOS .............................................. 27
3.7 PLANOS DE MANUTENÇÃO PLANEJADA ............................................. 28
3.8 ORDENS DE SERVIÇO & REGISTROS DE MANUTENÇÃO .................. 29

viii
4 MANUTENÇÃO EM CABOS DE AÇO ............................................................. 30
4.1 LIMPEZA .................................................................................................... 30
4.2 INSPEÇÃO VISUAL ................................................................................... 32
4.2.1 Inspeção Visual Diária ...................................................................................32
4.2.2 Inspeção Periódica ..........................................................................................33
4.2.3 Critérios de Descarte ......................................................................................35
4.3 LUBRIFICAÇÃO ......................................................................................... 40
4.3.1 Intervalos de Lubrificação ..............................................................................41
4.3.2 Escolhendo o Tipo de Lubrificante ................................................................42
4.3.3 Efetuando a Lubrificação ...............................................................................42
4.3.4 Registros de Lubrificação ...............................................................................44
4.4 ENSAIO NÃO DESTRUTIVO – TESTE ELETROMAGNÉTICO ............... 44
4.4.1 Técnica Empregada ........................................................................................45
4.5 ENSAIO DESTRUTIVO – TESTE DE RUPTURA ...................................... 46
4.6 RETERMINAÇÃO ....................................................................................... 48
4.7 FERRAMENTAS PARA A GARANTIA DE INTEGRIDADE DE CABOS DE
AÇO ................................................................................................................... 50
5 ELABORAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE CABOS DE AÇO ...................... 52
5.1 DESAFIO DA INDÚSTRIA OFFSHORE E DAS EMBARCAÇÕES PLSV 52
5.1.1 Sistemas e Equipamentos de um PLSV ..........................................................54
5.2 PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE CATEGORIAS DE MANUTENÇÃO DE
CABOS DE AÇO ............................................................................................... 61
5.2.1 Avaliação da Vida Útil Econômica ................................................................63
5.2.2 Análise Valores Mínimos e Máximos por Categoria .....................................68
5.3 DEFINIÇÃO DE PROCEDIMENTO DE MANUTENÇÃO DE CABOS DE
AÇO ................................................................................................................... 73
5.4 APLICAÇÃO DO PROCESSO DE GERENCIAMENTO DE CABOS DE AÇO
EM NAVIOS PLSV ........................................................................................... 74
5.4.1 Planejamento da Manutenção .........................................................................74
5.4.2 Manutenções Executadas ................................................................................75
5.5 MOMENTO DO DESCARTE ...................................................................... 78
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 80
6.1 COMENTÁRIOS ......................................................................................... 80
6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................... 80

ix
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 82
ANEXO A – RELATÓRIO DE RETERMINAÇÃO .............................................. 86

x
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Etapas da fabricação de um cabo de aço ...................................................... 4

Figura 2.2 – Máquina planetária para fabricação de cabos de aço [1] ............................. 5

Figura 2.3 – Componentes do cabo de aço [2] ................................................................. 6

Figura 2.4 – Torcedura de cabos de aço [1] ..................................................................... 8

Figura 2.5 – Perna Filler [6] ............................................................................................. 9

Figura 2.6 – Perna Seale [6] ........................................................................................... 10

Figura 2.7 – Perna Warrington [6].................................................................................. 10

Figura 2.8 – Perna Warrington Seale [6] ........................................................................ 11

Figura 2.9 – Perna simples [6] ........................................................................................ 11

Figura 2.10 – Perna compactada [6] ............................................................................... 12

Figura 2.11 – Passo de cabo de aço [5] .......................................................................... 12

Figura 2.12 – Alma de fibra [6] ...................................................................................... 13

Figura 2.13 – Alma de aço [6] ........................................................................................ 13

Figura 2.14 – Alma de aço por cabo independente [6] ................................................... 14

Figura 2.15 – Sentido de construção das camadas de um cabo não-rotativo [7]............ 15

Figura 2.16 – Características rotativas entre diferentes cabos de aço [8]....................... 16

Figura 2.17 –Construção anti-giratória [1] ..................................................................... 16

Figura 2.18 – Medição de diâmetro de cabo de aço [9] ................................................. 17

Figura 3.1 - Curva P-F [8] .............................................................................................. 21

Figura 3.2 – Lista das práticas de gestão no SGSO [12] ................................................ 25

Figura 3.3 – Formação de um plano de manutenção planejada...................................... 28

Figura 4.1 – Limpeza de um cabo de aço [17] ............................................................... 31

Figura 4.2 – Seções críticas para inspeção - 1) Tambor; 2 & 3) Polias [19] .................. 32

xi
Figura 4.3 – Cabo de aço com arames rompidos [19] .................................................... 35

Figura 4.4 – Seção transversal de um cabo de aço mostrando corrosão interna [19] ..... 37

Figura 4.5 – Cabo de aço com ondulação [19] ............................................................... 38

Figura 4.6 – Detalhe da deformação por ondulação [19] ............................................... 38

Figura 4.7 – Cabo de aço com gaiola de passarinho [5] ................................................. 39

Figura 4.8 – Cabo de aço com alma saltada [19]............................................................ 39

Figura 4.9 – Cabo de Aço com perna de cachorro [5] .................................................... 40

Figura 4.10 – Métodos de aplicação manual de graxa em cabos de aço [1] .................. 43

Figura 4.11 – Sistema de lubrificação automático [19] .................................................. 43

Figura 4.12 – Inspeção Eletromagnética [20] ................................................................. 45

Figura 4.13 – Fluxo magnético durante MRT [21] ........................................................ 46

Figura 4.14 – Momento do teste destrutivo [6] .............................................................. 47

Figura 4.15 – Esquemático de um cabo de aço servido por arames [19] ....................... 48

Figura 4.16 – Reterminação antes da aplicação da resina [22] ...................................... 49

Figura 5.1 – Embarcação PLSV Skandi Açu [23] .......................................................... 52

Figura 5.2 – Guincho de Mesa ....................................................................................... 54

Figura 5.3 – Seção transversal e construção do cabo do guincho de mesa [24] ............. 55

Figura 5.4 – Seção transversal e construção do cabo do guindaste de serviço [24] ....... 56

Figura 5.5 - Seção transversal e construção do cabo do guincho de iniciação [24] ....... 57

Figura 5.6 – Guincho de tração [25] ............................................................................... 58

Figura 5.7 – Guincho de armazenamento [26] ............................................................... 59

Figura 5.8 – Seção transversal e construção do cabo do guincho A&R [24] ................. 59

xii
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Categorias de resistência à tração [3] .......................................................... 7

Tabela 2.2 – Principais abreviaturas para cabo de aço ................................................... 18

Tabela 4.1 – Método de avaliação versus tipo de deterioração [19] .............................. 33

Tabela 4.2 – Critérios de descarte para redução de diâmetro [19] ................................. 36

Tabela 4.3 – Critérios para adoção de intervalos de lubrificação [18] ........................... 42

Tabela 4.4 – Ferramentas para a integridade de cabo de aço: prós e contras [18] ......... 51

Tabela 5.1 – OS emitidas no período 2015-2016 ........................................................... 53

Tabela 5.2 – Lista dos equipamentos: guinchos e guindastes ........................................ 60

Tabela 5.3 – Principais características de cabos por equipamento ................................. 61

Tabela 5.4 – Atividades de manutenção para cabos da categoria I ................................ 62

Tabela 5.5 – Atividades de manutenção para cabos da categoria II ............................... 63

Tabela 5.6 – Tabela de preços – Inspeção ...................................................................... 66

Tabela 5.7 – Tabela de preços – Teste de ruptura .......................................................... 66

Tabela 5.8 – Tabela de preços - Reterminação ............................................................... 67

Tabela 5.9 – Tabela de Preços – Recertificação ............................................................. 67

Tabela 5.10 – Definição das características de cada categoria de cabo de aço. ............. 74

Tabela 5.11 – Categorias por equipamento .................................................................... 75

Tabela 5.12 – Ordens de serviço previstas no período 06/17-06/18 .............................. 75

Tabela 5.13 – Ordens de serviço no período 06/17-06/18 por tipos de atividades......... 76

Tabela 5.14 – Ordens de serviço de lubrificação por categoria...................................... 77

Tabela 5.15 – OS à demanda por equipamento .............................................................. 78

xiii
1 INTRODUÇÃO

1.1 Motivação

Cabos de aço são amplamente utilizados em diversas áreas da indústria, também podem

ser utilizados como elementos chave para meio de transporte de passageiros: funiculares,

bondinhos, elevadores.

Dada a grande importância desde componente para o bom funcionamento do sistema no

qual ele é empregado, se faz necessário uma grande atenção às atividades de manutenção.

1.2 Objetivo

Este trabalho tem o intuito de elaborar uma estratégia de manutenção para cabos de aço

utilizados na indústria offshore, para isso, previamente, iremos fazer uma revisão na

literatura sobre cabos de aço e manutenção, passando pelos princípios de cada assunto.

Depois, o leitor será apresentado as principais tarefas de manutenção em cabos de aço e

como as mesmas são feitas, para, após, chegarmos ao nosso objetivo do trabalho que é

construir um planejamento de manutenção aplicado a diferentes tipos de cabos de aço

utilizados nos principais equipamentos de embarcações da indústria de óleo e gás

offshore.

1.3 Estruturação do Trabalho

Este trabalho é composto de seis capítulos, incluindo este capítulo introdutório. Eles

foram escritos de forma a passar para o leitor a exata compreensão da importância das

atividades de manutenção em cabos de aço.

O primeiro capítulo trata do objetivo deste projeto final, apresentando as motivações que

levaram o autor a escrever este trabalho e resumindo os principais pontos do texto.

O segundo capítulo tem como objeto de estudo os principais conceitos de um cabo de

aço: sua estrutura, processo de fabricação, especificação e principais características.

1
O terceiro capítulo discorre sobre a teoria da manutenção, apresentando ao leitor alguns

conceitos de manutenção e de gestão de ativos.

O quarto capítulo apresenta as principais atividades de manutenções aplicáveis a um cabo

de aço, assim como a importância de cada uma delas para o bom gerenciamento da vida

deste ativo.

O quinto capítulo apresenta a construção de um plano de manutenção para cabos de aço

a partir de um caso da indústria offshore, para isso será realizada uma correlação entre os

conceitos abordados nos capítulos anteriores com os equipamentos utilizados em

embarcações que operam na costa brasileira, construindo um plano de manutenção para

cada caso.

O sexto e último capítulo expõe as considerações finais do trabalho e ideias para futuros

projetos.

Por fim, seguem as referências bibliográficas de onde várias definições e conceitos foram

retirados e, também, fontes as quais o autor deste trabalho pode se basear para dissertar

sobre o tema; e os anexos que visam complementar e contextualizar o texto das seções

anteriores trazendo documentos ou modelos de relatórios.

2
2 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE CABOS DE AÇO

Cabos de aço são elementos de máquina fundamentais em várias aplicações mecânicas,

como transporte de pessoas, içamento de cargas, transmissões mecânicas, entre outras;

logo, entender como é fabricado e suas características construtivas é fundamental para

elaboração de um plano de manutenção adequado para esta categoria de ativo. Portanto,

este capítulo aborda os conceitos introdutórios sobre cabos de aço.

2.1 Processo de Fabricação

O processo de fabricação de um cabo de aço acontece da seguinte maneira: a matéria-

prima básica para a construção de um cabo de aço é o fio-máquina, um produto de

laminação a quente, base de vários outros produtos como molas, rebites, esferas de

rolamento, é recebido em bobinas pelo fabricante de cabos de aço. Esse fio-máquina passa

por um processo de decapagem química, sucessivos banhos em solução de ácido sulfúrico

ou ácido clorídrico, para limpá-lo, no intuito de retirar a capa externa de oxido de ferro,

e de prepará-lo para a trefilação obtendo um arame com todas as características

necessárias para a fabricação de um cabo de aço [1].

A trefilação é um processo a frio, no qual o fio-máquina passa através da máquina de

trefilar, que reduz o diâmetro do fio em diversas etapas, trefilação grossa e trefilação fina,

quando submetido as matrizes. A tolerância de saída dos arames trefilados é bastante

rígida e controlada através de norma como a ISO 2232:1990. As sucessivas passagens

nas trefilas, faz com que o arame, além de atingir o diâmetro final especificado, adquira,

também, a resistência à tração necessária para a sua aplicação, graças à deformação

plástica que é inerente ao processo de trefilação.

Entre as etapas da trefilação se realiza o patenteamento que é um tratamento térmico que

visa obter uma estrutura molecular uniforme, dando ao arame uma maior resistência à

tração e maior tenacidade. Esse processo é efetuado nos arames de diâmetro

3
intermediário, anterior à trefilação fina. Com uma fase isotérmica, atingida através de

uma imersão em banho de chumbo fundido, os arames a serem patenteados são

esquentados acima do ponto crítico e depois são resfriados até aproximadamente 550ºC

e permanecem nessa temperatura alguns segundos antes do seu resfriamento final. Assim,

o aço está preparado para a última trefilação, que permite atingir as características

definitivas. O patenteamento é um processo chave para a qualidade final do cabo de aço.

Os arames também podem ser galvanizados, que se baseia em uma imersão em zinco

fundido, podendo ser em linha com o patenteamento ou após a última trefilação. Arames

não galvanizados são levados a um banho de fosfato prévio à trefilação.

Fio Máquina Trefiladora Arame

Máquina de Máquinas de
Perna Encordoamento
Cabo Fechado

Cabo de Aço

Figura 2.1 – Etapas da fabricação de um cabo de aço

Uma amostragem de cada bobina fabricada é realizada para que haja um controle da

qualidade do arame, pois isso é fundamental para garantir a qualidade do cabo. Por

exemplo, são feitos testes laboratoriais de:

• Diâmetro e ovalização;

• Estado superficial;

• Resistência à tração;

• Ductilidade;

4
Nos arames galvanizados também é controlado a espessura e centralização da camada de

zinco, assim como a aderência dessa camada.

Após todo processo explicitado anteriormente, o arame, que foi originado a partir do fio

máquina, é levado a máquina de encordoamento para a primeira etapa da produção do

cabo de aço que consiste na torção helicoidal dos arames em torno de um arame central

para a formação das pernas. Essa construção pode ser feita de diversas maneiras, tipos de

perna, e em uma ou mais etapas, porém quanto maior o número de operações o cabo terá

um desempenho e uma vida útil menor devido ao posicionamento dos fios, levando a uma

menor flexibilidade, menor resistência à compressão lateral e menor uniformidade na

distribuição de carga entre os arames. Durante esse processo de fechamento, o arame é

lubrificado com um lubrificante especifico para cada tipo de uso.

Figura 2.2 – Máquina planetária para fabricação de cabos de aço [1]

A última etapa de fabricação do cabo é a torção das pernas ao redor da alma. Após todo

o processo é realizado testes de ruptura, eletromagnético, envelhecimento artificial por

fadiga, inspeção visual, entre outros, que fornecem dados para a emissão do tipo de

certificado exigido e, também, para o desenvolvimento e aprimoramento de produtos.

5
2.2 Características Construtiva

A estrutura de um cabo de aço é formada por três componentes principais, representados

na figura 2.3, que são: arames, pernas e a alma.

Figura 2.3 – Componentes do cabo de aço [2]

O arame é o elemento base para a montagem do cabo [1] e tal montagem é feita da

seguinte forma:

• Os arames são torcidos ao redor de um arame central em uma ou mais camadas

de um modo específico formando a perna.

• As pernas são torcidas ao redor de outro elemento central, a alma, constituindo o

cabo de aço.

2.2.1 Arame

Os arames são as unidades básicas para a construção do cabo de aço. Os arames utilizados

em cabos de aço são fios de aço estirados a frio, de alta resistência mecânica. O processo

de fabricação com técnicas específicas visa obter as propriedades abaixo de acordo com

a aplicação do cabo:

• resistência à tração;

• ductibilidade;

• resistência ao desgaste;

• pequena variação dimensional devido à variação de temperatura;


6
• resistência à corrosão.

Embora seja intuitivo que a carga de ruptura mínima, CRM, de um cabo de aço aumente

conforme o diâmetro do mesmo, a resistência à tração do arame é um fator que pode

elevar esta carga. A tabela 2.1 apresenta algumas categorias de resistência na qual o cabo

pode ser fabricado, segundo norma ISO 10425:2003 [3].

Faixa de Resistência à
Tipo Sigla
Tração (N/mm²)
Plow Steel PS 1370 – 1770
Improved Plow Steel IPS 1570 – 1960
Extra Improved Steel EIPS 1770 – 2160
Extra Extra Improved Steel EEIPS 1960 – 2160

Tabela 2.1 – Categorias de resistência à tração [3]

O acabamento superficial dos arames é importantíssimo para um bom condicionamento

do cabo, podemos lubrificar, galvanizar ou apenas polir os fios dependendo do uso.

Os arames polidos não possuem acabamento superficial, geralmente usados em cabos

para escavadeiras, pontes rolantes, guinchos onde não há exposição a ambientes

corrosivos ou outro tipo de deterioração.

Visando a proteção contra corrosão e desgaste devido ao atrito entre os arames, os cabos

podem ser lubrificados interna e externamente, salvo especificação em contrário.

Os cabos de aço sujeitos a ambientes agressivos ou em contato com água, necessitam de

uma proteção adicional contra a corrosão. Essa proteção pode ser feita através da

galvanização dos arames, sendo realizada na bitola final ou numa bitola intermediária que

será novamente trefilada, levando a uma camada de zinco uniforme, nesse último caso

será um arame galvanizado retrefilado.

2.2.2 Perna

Perna de um cabo de aço, segundo a definição adotada pelo INMETRO, é um conjunto

de arames torcidos no mesmo sentido, podendo ter mais de uma camada, dispostos ao

7
redor de um arame central [4]. Porém, o modo que cada perna é construída e a torcedura

ao redor da alma do cabo influencia as características do cabo.

2.2.2.1 Tipos de Torceduras

As pernas são compostas de arames torcidos em torno de um núcleo, podendo ser:

• Torcedura à esquerda (S): quando as pernas são torcidas entorno da alma para

esquerda;

• Torcedura à direita (Z): quando as pernas são torcidas entorno da alma para

direita.

E, dependendo do tipo de utilização do cabo, a orientação entre o arame e a perna pode

ser diferente, como mostrado na figura 2.4 e descrito abaixo.

Figura 2.4 – Torcedura de cabos de aço [1]

• Torcedura Regular / Diagonal / Cruzada: os fios de arame e as pernas são torcidos

em sentidos opostos, logo, o cabo não tendem a torcer, sendo mais fáceis de

manusear, dando maior estabilidade quando o cabo é solicitado. Porém, são menos

8
resistentes à tração e ao desgaste por abrasão [1]. Essa torção é a mais

recomendada na maior parte das aplicações da indústria.

• Torcedura Lang / Parelela / Plana: os arames e as pernas são torcidos no mesmo

sentido, embora mais difíceis de manusear, esse tipo de torção possui maior

resistência à fadiga e à abrasão [1].

• Torcedura Alternada: Lang e Regular.

2.2.2.2 Tipos de Perna

A construção das pernas é um fator importantíssimos para a característica e tipo de

aplicação do cabo de aço, existindo vários tipos de construção, os próximos tópicos

apresentarão os tipos mais comuns de construção, assim como suas respectivas

propriedades.

2.2.2.2.1 Perna Filler

O espaço existente entre duas camadas é preenchido com um arame de pequeno diâmetro.

Esse tipo de construção resulta numa melhor resistência ao esmagamento e, também,

aumenta a seção metálica do cabo [1, 5, 6].

Figura 2.5 – Perna Filler [6]

A composição mais comum é: 12 + 6 / 6 + 1, como mostrado na figura 2.5.

2.2.2.2.2 Perna Seale

A camada externa é composta por fios maiores e a interna por fios menores, estes últimos

posicionados nos vales dos fios maiores. Devido ao maior diâmetro dos arames da camada

9
externa, essa construção possibilita uma grande resistência à abrasão [1, 5, 6]. A composição

mais comum é a 9+9+1, apresentada na figura 2.6.

Figura 2.6 – Perna Seale [6]

2.2.2.2.3 Perna Warrington

A camada externa consiste em arames de grandes e pequenos diâmetros se alternando

entre si. O cabo é torcido com pernas de fios de vários diâmetros. Cada fio se aloja no

sulco formado por dois arames internos, logo os fios não se interceptam, reduzindo as

pressões específicas entre os fios o que aumenta a flexibilidade e a resistência à fadiga,

característica que favorecem uma maior vida desses cabos [1, 5, 6].

Figura 2.7 – Perna Warrington [6]

O tipo de perna mais usado é o 6 / 6 + 6 + 1, conforme mostrado na figura 2.7.

2.2.2.2.4 Perna Warrington Seale

Os arames estão distribuídos em três camadas mais o arame central. As camadas internas

possuem o estilo da construção Warrington e as externas são semelhantes a construção

Seale, conforme ilustrado na figura 2.8. Essa construção combina as principais

características de cada composição, proporcionando ao cabo alta resistência à abrasão da

10
construção Seale e a alta resistência à fadiga mais a boa flexibilidade da construção

Warrington [1, 5, 6].

Figura 2.8 – Perna Warrington Seale [6]

2.2.2.2.5 Perna Simples

Neste tipo de construção, ilustrado na figura, todos arames possuem o mesmo diâmetro.

É uma construção comumente usada em cordoalhas, cabo de aço para transmissão de

energia elétrica, cabos para transmissão mecânica, como os usados na indústria

automobilística, e cabos utilizados para fins estáticos [1, 5, 6].

Figura 2.9 – Perna simples [6]

2.2.2.2.6 Perna Compactada

Formada através do processo de compactação, este tipo de construção aumenta o fator de

encablamento do cabo sem ter que aumentar o diâmetro do mesmo, contribuindo a uma

maior área metálica e, consequentemente, uma maior carga de ruptura mínima [1, 5, 6].

11
Figura 2.10 – Perna compactada [6]

2.2.2.3 Passo

O passo de um cabo de aço é a distância, medida paralelamente ao eixo do cabo,

necessária para que uma perna faça uma volta completa em torno do próprio eixo do cabo,

como mostrado na figura 2.11.

Figura 2.11 – Passo de cabo de aço [5]

2.2.3 Alma

A alma é a parte central do cabo, ela serve de suporte para os arames e pernas. Também

chamada de núcleo, pode ser fabricada a partir de diversos tipos de materiais, porém os

mais comuns empregados na indústria offshore são de fibra ou de aço.

2.2.3.1 Alma de Fibra (AF/AFA)

A alma pode ser composta de fibras naturais (AF) ou artificiais (AFA). Quando produzido

a partir de fibras vegetais naturais, normalmente de sisal, são embebidos em óleo para

redução do desgaste produzido pelo atrito entre os fios e, também, para proteção contra

corrosão e desgaste [1].

12
Os núcleos compostos de fibras artificiais, normalmente polipropileno, têm a vantagem

de não se deteriorar em contato com a água ou substâncias corrosivas e agressivas.

Contudo, seu valor é mais elevado, sendo utilizados apenas em casos especiais.

Este tipo de núcleo dá uma excelente flexibilidade ao cabo, além de proporcionar uma

maior retenção de lubrificante.

FC–Fibre
Figura 2.12 Alma de fibra [6]
Core

2.2.3.2 Alma de Aço (AA)

Este tipo de núcleo é formado por uma perna do próprio cabo de aço, sendo mais simples

para produzir, leva a uma redução no custo de fabricação [1].

Wire –
Figura 2.13 Alma
Strand de aço [6]
Core

Este tipo de construção, como ilustrado na figura 2.13, é aconselhável para cabos de

pequenos diâmetros.

2.2.3.3 Alma de Aço Formada por Cabo Independente (AACI)

A alma é formada por um cabo de aço independente, combinando características de

flexibilidade e com uma maior carga de ruptura mínima, é o modelo de núcleo mais

13
utilizado [1]. Essa construção também proporciona uma maior tolerância ao

esmagamento, à distorção e uma maior resistência à fadiga.

Independent Wire Rope


Figura 2.14 – Alma de aço por cabo independente [6]
Core (IWRC)
2.3 Tipos de Cabo

2.3.1 Cabo de Aço Pré-Formado

Durante o processo de fabricação de um cabo pré-formado é aplicado um processo

adicional, que faz com que as pernas e os arames fiquem torcidos na forma helicoidal,

permanecendo dentro do cabo na sua posição natural, ou seja, acompanhando a disposição

do mesmo. Isto resulta em fios descarregados, não sujeitos a tensões internas. Logo, os cabos

não tendem a se distorcer caso as amarras em suas extremidades forem desfeitas, facilitando

reterminações e emendas nos cabos. As principais vantagens do cabo pré-formado são [1]:

• Redução de tensões internas;

• Distribuição uniforme das cargas entre as pernas, com consequente maior

equilíbrio do cabo;

• Em caso de rompimento de um arame, este permanecerá na sua posição normal,

não se projetando para fora, o que o tornaria perigoso durante manuseio do cabo.

No cabo não pré-formado os arames e as pernas têm a tendência de endireitar-se, logo a

força necessária para mantê-los em posição ocasiona tensões internas que se somam as

cargas provocadas durante serviço quando o cabo passa por polias ou em tambor,

diminuindo a vida do cabo.

14
2.3.2 Cabo de Aço Não Rotativo

Um cabo de aço, quando submetido à ação de uma carga, tende a girar sobre o seu eixo.

Tal fato é devido à torcedura helicoidal dos arames e das pernas ao redor da alma do cabo.

O sentido do giro é inverso ao enrolamento do cabo, fazendo com que o cabo sempre

procure a se desenrolar. Em algumas utilizações como em guindastes e em guinchos de

Abandono & Recolhimento (A&R), além da probabilidade de abertura do cabo,

problemas como o enroscamento dos cabos em operações com sistemas de duas ou mais

linhas leva a uma condição crítica e perigosa para o cabo e para a segurança em geral.

Figura 2.15 – Sentido de construção das camadas de um cabo não-rotativo [7]

A solução para evitar o exposto acima consiste no uso de cabos de aço não rotativos,

devendo ser empregados para o levantamento de cargas não guiadas, que podem

rotacionar livremente. Pois, um cabo “Não-Rotativo” ou “Resistente à Rotação” tem uma

menor tendência de giro sobre seu próprio eixo, graças à sua construção em múltiplas

camadas, onde cada camada de perna externa e interna possui uma inversão de torção

entre elas, conforme mostrado na figura 2.15, logo, o momento torsor sob tensão tende a

ser anulado.

15
Figura 2.16 – Características rotativas entre diferentes cabos de aço [8]

A figura 2.17 mostra construções com propriedades não-rotativa, como a 19x7 possui

uma excelente resistência à tração, porém com níveis médios de flexibilidade e resistência

ao esmagamento. Contudo outras construções são possíveis, como a 34x7 que é mais

flexível e mais eficiente como anti-giratório, porém a estabilidade é menor.

Figura 2.17 –Construção anti-giratória [1]

Os cabos de aço resistentes à rotação devem ser utilizados com cautela, aplicando fatores

de segurança mais altos do que os utilizados em cabos convencionais. O comportamento

quanto ao desgaste e a ruptura desses cabos também são diferentes, levando a uma

necessidade de utilizar critérios específicos de manuseio, uso e inspeção [1]. Alguns

cuidados especiais são apresentados a seguir:

• Atenção ao ser desenrolado da bobina, como na sua instalação na máquina, pra

que o cabo não sofra distorções ou nós que possam inutilizá-lo.


16
• Muito sensível às variações bruscas de cargas, gaiolas de passarinho podem

ocorrer durante sobrecarga o que poderá inutilizar o cabo, exigindo um manejo

suave durante operação;

• Evitar que o cabo resistente à rotação sofra rotação durante a operação;

• Na ancoragem, é importante que todas as pernas do cabo fiquem bem presas,

inclusive as internas. Por isso é recomendado o uso de soquetes cônicos.

• Este cabo deve ser armazenado em tambor com canal e com dimensões suficientes

para evitar a superposição de diversas camadas.

• Geralmente recomendado para equipamentos que trabalham com apenas uma

linha de cabo ou quando o sistema possui duas linhas muito próximas e a altura

de elevação muito alta.

Em virtude de todos os cuidados especiais que são requeridos na instalação, manuseio e

operação desse tipo de cabo, é recomendado limitar seu emprego apenas aos casos

indispensáveis.

2.4 Diâmetro de um Cabo de Aço

O diâmetro nominal de um cabo de aço é aquele pelo qual o cabo é designado, ou seja, é

o diâmetro encontrado nas tabelas normalizadas com sua correspondente tolerância.

De acordo com manuais de cabos como o da CIMAF, referência [5], o diâmetro de um

cabo de aço deve ser medido pela circunferência que o circunscreve, com o auxílio de um

instrumento de medição, normalmente o paquímetro. Logo, podemos medir o diâmetro

do cabo conforme a instrução da figura 2.18.

Figura 2.18 – Medição de diâmetro de cabo de aço [9]

17
Para obtermos o diâmetro real do cabo, devemos realizar diversas medidas, estas

medições devem ser feitas numa parte reta do cabo, em 2 posições com espaçamento

mínimo de 1 m. Em cada posição, devem ser efetuadas duas medições, perpendiculares

uma a outra (girando 90º), a média dessas 4 medições deve ser o diâmetro real.

2.5 Classificação e Especificação de um Cabo

As principais abreviaturas utilizadas nos cabos de aço são apresentadas na tabela abaixo:

Descrição Abreviatura
Regular O
Filler F
Seale S
Warrington W
Warrington Seale WS
Compacta K
Torcedura Regular à Direita sZ
Torcedura Regular à Esquerda zS
Torcedura Lang à Esquerda sS
Torcedura Lang à Direita zZ

Tabela 2.2 – Principais abreviaturas para cabo de aço

Deve ser indicado na especificação de um cabo de aço os seguintes pontos:

• Diâmetro;

• Construção (número de pernas, arames e composição: Seale, Filler, Warrington

ou outra);

• Tipo de Alma (fibra ou aço);

• Torção (regular ou lang / direita ou esquerda);

• Pré-formação (pré-formado, não pré-formado ou semi pré-formado);

• Lubrificação (com ou sem lubrificação);

• Categoria de resistência dos arames à tração (IPS, EIPS, EEIPS)

• Carga de Ruptura Mínima (CRM);

18
• Acabamento (polido ou galvanizado);

• Indicação da aplicação;

• Comprimento;

2.5.1 Fator de Segurança

O fator de segurança é um item importantíssimo para a boa seleção de um cabo de aço,

pois determinará qual será a carga máxima de trabalho a partir do conhecimento da carga

de ruptura mínima, CRM.

𝐶𝑅𝑀
𝐶𝑀𝑇 =
𝐹𝑆

Segundo a norma DNVGL-ST-0378, referência [10], o fator de segurança (FS) para cabos

de aço utilizados em aplicações offshore, deve ser calculado através da fórmula abaixo,

porém este deve ser entre 3 e 5.

104
𝐹𝑆 =
0,885 × 𝐶𝑀𝑇 + 1910

Onde, a carga máxima de trabalho, CMT, deve ser expressa em kN.

19
3 PRINCÍPIOS DE MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

Compreender os conceitos teóricos de manutenção, como as definições de cada tipo de

manutenção, de falha e defeito, de classificação de equipamentos, entre outros, se faz

necessário para realizar, na prática, um bom gerenciamento de ativos. Portanto, neste

capítulo serão abordados alguns princípios sobre manutenção industrial que irão

influenciar os capítulos futuros onde serão desenvolvidas ferramentas para manter a

integridade de cabos de aço.

3.1 Definição de Manutenção

O conceito de manutenção é bastante diversificado, porém intuitivo. Por exemplo, a

norma NBR 5462:1994, referência [11], traz a seguinte definição:

Combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de

supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual

possa desempenhar uma função requerida. Nota: A manutenção pode incluir uma

modificação do item.

Palavras-chaves como manter, restabelecer, conservar, restaurar e preservar são utilizadas

nas definições de manutenção. Essas expressões são sempre acompanhadas da função do

equipamento, logo, a manutenção, através dessas ações, atua diretamente no atendimento

da função do equipamento ou do sistema dentro de padrões prescritos.

3.2 Defeito versus Falha

Embora muitas vezes tratados como sinônimos, defeitos e falhas não são conceitos iguais.

Muito importantes para a manutenção, possuem as seguintes definições segundo a norma

NBR 5462:1994 como:

• Defeito: Qualquer desvio de uma característica de um item em relação aos seus

requisitos. Notas:

20
a) Os requisitos podem, ou não, ser expressos na forma de uma

especificação.

b) Um defeito pode, ou não, afetar a capacidade de um item em desempenhar

uma função requerida.

• Falha: Término da capacidade de um item desempenhar a função requerida.

Notas:

a) Depois da falha, o item tem uma pane.

b) A “falha” é um evento; diferente de “pane” que é um estado.

Logo, as definições apresentadas acima podem ser sintetizadas na seguinte comparação:

defeito é uma anormalidade do sistema que não o impossibilita de permanecer em

funcionamento, já a falha é uma consequência de alguma ocorrência que acarreta na

indisponibilidade operativa temporária, intermitente ou permanente [12].

Logo, classificar uma ocorrência em falha ou defeito depende da definição da função do

equipamento, não sendo uma tarefa trivial. Pois, a condição de falha está ligada à não

execução do conceito de funcionamento para o qual o equipamento foi criado.

Figura 3.1 - Curva P-F [8]

21
Acima, a figura mostra uma representação gráfica da sequência de acontecimentos de

falha e defeito, onde o P (falha potencial ou latente, similar ao conceito apresentado de

defeito) antecede o F (falha funcional ou concreta, semelhante ao conceito apresentado

de falha).

Para título de informação, a norma NBR 5462:1994 também possui a definição de pane,

que é a seguinte:

• Pane: Estado de um item caracterizado pela incapacidade de desempenhar uma

função requerida, excluindo a incapacidade durante a manutenção preventiva ou

outras ações planejadas, ou pela falta de recursos externos. Nota: Uma pane é

geralmente o resultado de uma falha de um item, mas pode existir sem uma falha

anterior.

3.3 Tipos de Manutenção

A manutenção é executada nas indústrias em combinações de seus diferentes tipos, porém

podemos classificá-las em cinco técnicas: à demanda ou imprevista, preventiva,

sistemática, preditiva e otimização de manutensibilidade [13]. Três dessas técnicas serão

abordados nesta seção a partir dos conceitos definidos pelo autor citado anteriormente e

também por norma.

3.3.1 Manutenção à Demanda

A manutenção à demanda, imprevista ou de emergência é uma manutenção que trata

falhas concretas, ou seja, somente após de uma parada imprevista da máquina ou

equipamento é que são tomadas ações corretivas. Embora não possua muitas vantagens

econômicas, nem operacionais, esta técnica gera menor custo de atendimento. Porém, são

poucos equipamentos que justificam o emprego exclusivo desta técnica, como por

exemplo peças sobressalentes ou fora de serviço (stand-by), de baixo valor, de grande

simplicidade operacional.

22
No entanto, reduzir a manutenção imprevista à zero não é possível, pois além de ser

inviável tecnicamente, devido a presença de falhas imprevistas em toda a vida do

equipamento. Logo, a quantidade de manutenções à demanda depende do nível de

confiabilidade que se deseja para o sistema.

3.3.2 Manutenção Preventiva

Segundo a norma NBR 5462:1994, a manutenção preventiva é efetuada em intervalos

predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir a

probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item.

Contrária à política de manutenção corretiva, a manutenção preventiva tem como objetivo

evitar a ocorrência de falhas concretas. E, em determinados setores onde o fator segurança

se sobrepõe aos demais, adotar a manutenção preventiva é uma excelente prática.

A manutenção preventiva será tanto mais conveniente quanto maior for a simplicidade na

reposição; quantos mais altos forem os custos de falhas; quanto mais falhas prejudicarem

a produção e quanto maiores forem as implicações das falhas na segurança pessoal e

operacional.

Após uma manutenção preventiva o equipamento pode estar tão bom quanto um novo ou

em péssimas condições, dado que, por exemplo, em caso de falta de capacitação do

técnico, falha no procedimento de manutenção e/ou falta de peças sobressalentes, defeitos

não existentes podem ser introduzidos no sistema.

A manutenção preventiva periódica é baseada em intervalo de tempo pré-definido, tempo

calendário ou horas operação, e não considera o estado e a condição do equipamento,

podendo acarretar em realizações de tarefas muitas vezes desnecessárias. A definição de

periodicidade de manutenção deve ser estipulada para cada instalação, levando-se em

conta as instruções de manutenção fornecidas pelo fabricante do equipamento, mas

também as condições ambientes e de operação do equipamento.

23
3.3.3 Manutenção Preditiva

Mediante o acompanhamento, medição, análise e comparação de índices e parâmetros

indicativos do estado, condição e comportamento do sistema ou equipamento,

comparados com seus respectivos padrões de desempenho ótimos, a manutenção

preditiva visa detectar falhas latentes, prevenindo possíveis panes através de correções no

ativo [13].

Exemplos como medição de temperatura, de vazão e de pressão, exames não-destrutivos

por partículas magnéticas, por líquido penetrante e por ultrassom, análise de vibração,

entre outras, compõe atividades que podem ser classificadas como manutenção preditiva.

Todas essas ações têm como vantagem:

• Uma maior confiabilidade na detecção de falhas latentes;

• Um melhor aproveitamento da vida útil de cada elemento do equipamento

(rolamentos, por exemplo);

• Um maior conhecimento das condições de operação do sistema.

Porém, grande parte das tarefas de manutenção preditiva requer pessoal capacitado e

treinado para realização e análise dos resultados, além de possuir um alto custo com

necessidade de equipamentos e instrumentação específica.

3.4 Requisitos Legais, Agências Regulamentadoras e Normas Reguladoras

Devido à uma série de riscos inerentes às operações da indústria de petróleo e gás

offshore, a mesma é submetida à uma série de requisitos legais e normativos que regulam

esta atividade. Portanto, para que a unidade opere com segurança e conforme as leis

vigentes, os requisitos mínimos devem ser atendidos, contudo há impactos nas atividades

de manutenção.

Um exemplo de requisito obrigatório são as Normas Regulamentadoras do Ministério do

Trabalho, devendo o responsável pela instalação garantir o bom atendimento de todos os

24
seus requisitos. A NR-12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos é um

bom exemplo, quando diz que:

12.111 As máquinas e equipamentos devem ser submetidos à manutenção

preventiva e corretiva, na forma e periodicidade determinada pelo fabricante,

conforme as normas técnicas oficiais nacionais vigentes e, na falta destas, as

normas técnicas internacionais.

Outras Normas Regulamentadoras, como a NR-10 – Segurança em Instalações e Serviços

em Eletricidade e a NR-13 – Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulação também

especificam pontos importantes e compulsórios para a manutenção de outros tipos de

equipamentos.

Figura 3.2 – Lista das práticas de gestão no SGSO [12]

Os órgãos reguladores como a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis) também publicam regulamentos técnicos que norteiam as atividades

deste setor [12], pois é dela o papel de fiscalização das atividades de exploração e

produção de petróleo e gás natural, de acordo com o previsto na Lei nº 9.478/1997.

25
Exemplos são os Sistemas de Gerenciamento em Segurança, como o SGSO (Sistema de

Gerenciamento da Segurança Operacional) e o SGSS (Sistema de Gerenciamento da

Segurança Operacional de Sistemas Submarinos). O SGSO, apresenta como requisito

necessário para as empresas que atuam no mercado de óleo e gás 17 práticas de gestão.

A figura 3.2 apresenta as práticas divididas em três grandes categorias.

Na categoria “Instalações e Tecnologia”, a prática de gestão n° 13, que se refere a

integridade mecânica das instalações, exige das empresas certos pontos relativos a

manutenção e a integridade dos componentes, como o mencionado abaixo:

13.2.2 Estabelecer procedimentos de inspeção, teste e manutenção que

contenham instruções claras para condução segura das atividades.

Outro conjunto de requisitos mínimos aplicado à indústria offshore é a SOLAS –

Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar, que tem por

propósito estabelecer padrões mínimos para, dentre outros pontos, os procedimentos de

inspeções e emissão de certificados de navios e embarcações.

3.5 Terceirização dos Serviços de Manutenção

No caso da indústria offshore, uma das atividades-meio (aquela intimamente ligada a

atividade fim da empresa) é a manutenção. Neste sentido, na busca de maior economia,

melhor qualidade e atendimento se busca construir parcerias pelo meio da terceirização

de certas atividades de manutenção, não sendo o objetivo fechar o departamento de

manutenção da empresa, mas sim transferir para terceiros algumas atividades que

agregam competitividade empresarial, baseada numa relação de parceria.

Os próximos capítulos vão descrever certas atividades de manutenção em cabos de aço

que necessitam de um vasto conhecimento e de pessoas capacitadas para execução dessas

tarefas, ou seja, demanda uma vocação do colaborador que irá executar esta tarefa. E, ao

invés, de treinar o pessoal da própria empresa gerando custos extras (treinamentos,

26
workshops, compra de materiais, etc.) para realizar serviços pontuais, será escolhida a

opção de contratar prestadores de serviços especializados para realizar essas tarefas com

maior eficiência sem termos custos diretos e indiretos associados às atividades.

Embora haja vantagens na terceirização, o gestor deve escolher quais atividades devem

ser terceirizadas, evitando possíveis impactos gerados na atividade-fim da empresa.

Também deve-se dar atenção se existem empresas no mercado capazes de prestar o

serviço demandado com qualidade e segurança, tomando cautela para não criar uma

grande dependência na terceirizada [16]. Outro critério importante na hora de contratar

uma terceirizada é a garantia que a mesma irá se adequar as normas adotadas pela

contratante, pois, como vimos na seção anterior, a indústria offshore possui vários agentes

e normas regulamentadoras que devem ser seguidas, seja pela contratante ou pela

contratada.

3.6 Cadastramento de Equipamento

Para um bom gerenciamento dos ativos, a organização deve ter algum meio de

identificação do equipamento dentre os inúmeros sistemas que uma planta industrial

possa ter, para isso a criação de uma ficha cadastral de equipamentos é um elemento

importante para o melhor conhecimento dos ativos de uma planta [13]. Alguns atributos

que devem constar nessa ficha cadastral são:

• Classe (por exemplo: motor, compressor, cilindro hidráulico, etc.);

• Identificação através de código único;

• Descrição;

• Fabricante;

• Modelo;

• Número de Série;

27
• Dados Específicos (por exemplo: dimensão, peso, potência, resistência, material,

etc.);

• Desenhos e certificados.

3.7 Planos de Manutenção Planejada

Como mostrado na figura, o plano de manutenção planejada é o resultado da união de

equipamento, da tarefa e da frequência de realização do serviço. A construção de um

plano de manutenção deve levar em conta os equipamentos que serão alvos da atividade

de manutenção, o ideal é que seja listado os ativos de uma mesma localização da planta

no intuito de diminuir o tempo gasto com deslocamento.

Tarefa

Equipamento Frequência

Plano de
Manutenção
Planejada

Figura 3.3 – Formação de um plano de manutenção planejada

A tarefa é a ação que será executada no ativo, ela deve ter sua especialidade (elétrica,

mecânica, hidráulica, etc.) e suas instruções técnicas e de segurança (abertura de

permissão de trabalho, lista de EPIs necessários, etc.) bem definidas, caso haja

necessidade ela também deve fazer referência a documentos como normas, desenhos,

manuais do fabricante e procedimento. Por último, caso se opte pela manutenção baseada

em tempo calendário, como mencionado na subseção 3.3.2, a definição de periodicidade

deve ser feita de forma que se otimize o custo de manutenção, sem efetuar demasiadas

28
atividades, além de seguir as instruções do fabricante e adaptar ao tipo de utilização do

equipamento.

3.8 Ordens de Serviço & Registros de Manutenção

A ordem de serviço é um documento gerado a partir de um plano de manutenção no

momento em que se deseja executar uma tarefa ou conjunto de tarefas em um ou mais

equipamentos. Documento essencial que fornecerá maiores detalhes sobre a instalação e

as ações de manutenção efetuadas, será o histórico das instalações. Imperativo que cada

ordem de serviço tenha um código de identificação único para melhor rastreabilidade.

É importante que o responsável pela execução da ordem de serviço registre os seguintes

pontos neste documento:

• Registro do material consumido e de horas-homens gastas, assim como

identificação do responsável pela execução da OS;

• Registro das atividades desenvolvidas;

• Comentários e descrição das possíveis falhas com avaliação da possível causa

raiz;

• Registro do tempo improdutivo;

O preenchimento de uma ordem de serviço deve ser realizado por quem executou a

atividade demandada, porém deve ser revisado pelo seu supervisor direto para que seja

feita uma verificação e aprovação das atividades desenvolvidas.

Caso, durante a realização da atividade, seja criado outros documentos, tais como

certificados ou relatórios, estes deverão ser anexados a ordem de serviço e deverão ser

mencionados em campo apropriado.

29
4 MANUTENÇÃO EM CABOS DE AÇO

Cabo de aço é um equipamento complexo e muito sensível a danos e desgastes, a falta de

manutenção adequada pode levar a sérios incidentes e acidentes ao equipamento, à

operação, aos colaboradores e ao meio-ambiente.

A correta manutenção em intervalos ideais pode aumentar a expectativa de vida do ativo,

além de gerar maior segurança a atividade a qual este equipamento é utilizado. Porém,

apesar de uma boa manutenção no cabo deva ser preconizada, seus acessórios e

equipamentos auxiliares, como: tambor, polia, soquetes, etc., também devem ter uma

manutenção para a preservação do sistema como um todo.

As principais tarefas de manutenção em cabos de aço serão abordadas neste capítulo.

Onde, em cada seção, haverá uma descrição da tarefa e da sua importância para a

preservação do ativo.

Qualquer atividade de manutenção deve ser realizada por pessoal qualificado e com a

utilização dos materiais adequados para a correta execução da tarefa e, principalmente,

de maneira segura com mínimos riscos de danos ao equipamento, ao ambiente e à saúde

do colaborador.

4.1 Limpeza

Durante o uso do cabo de aço, impurezas e sujeiras do ambiente podem facilmente entrar

na estrutura do cabo, por isso, segundo manuais de fornecedores de cabo de aço, como o

da Huisman, referência [17], é recomendado realizar limpezas regulares no cabo de aço.

Essa tarefa é altamente recomendada antes de uma inspeção visual, pois irá possibilitar a

execução da inspeção do cabo com maior facilidade. Outros pontos importantes para a

limpeza são:

• Remover o excesso de graxa e outras impurezas;

• Após operação, o cabo deve ser limpado com água limpa;

30
• Equipamentos de limpeza automáticos, como o da figura 4.1, com escovas

rotativas ou sistema de limpeza por jato de ar também podem ser utilizados.

Figura 4.1 – Limpeza de um cabo de aço [17]

Para diminuir riscos durante essa atividade de manutenção, atentar aos seguintes pontos:

• Sempre usar óculos de segurança;

• Não utilizar detergentes ou outros produtos de limpeza agressivos;

• Solventes só poderão ser usados em baixa quantidade e, quando utilizados,

somente para limpeza da superfície do cabo em áreas localizadas;

• Evitar o danificar o cabo ao utilizar escovas;

• Certificar que não há geração de calor excessivo devido ao atrito entre a superfície

do cabo e o sistema de limpeza;

• Não utilizar escovas de cobre, pois no caso de as cerdas das escovas ficarem no

cabo, pode aumentar a taxa de corrosão superficial.

31
4.2 Inspeção Visual

A inspeção em cabos de aço é de vital importância para uma vida útil adequada e segura

do equipamento.

A inspeção de recebimento é a primeira inspeção a ser feita em um cabo de aço, ela deve

assegurar que o material seja entregue conforme requisitado e possua certificado de

qualidade emitido pelo fabricante, assim como outros certificados de fabricação

necessários. Além desta inspeção de recebimento, após o início de uso do cabo, as

inspeções visuais diária e periódica deverão ser realizadas.

4.2.1 Inspeção Visual Diária

Figura 4.2 – Seções críticas para inspeção - 1) Tambor; 2 & 3) Polias [19]

Como uma boa prática de preservação do cabo de aço e para garantir a segurança do

operador e da operação recomendada por guias como o IMCA SEL 022, referência [18],

preconiza que toda vez que o cabo de aço for utilizado, o operador deve executar uma

inspeção visual ao longo do comprimento de trabalho no intuito de procurar anomalias

localizadas, ou seja, algum dano mecânico ou algum ponto de deterioração que possa

32
causar risco durante o uso do cabo. Também deve ser checado o posicionamento do cabo

no tambor e a passagem do mesmo pelas polias.

A figura 4.2 mostra alguns pontos chaves para inspeção. Em caso de anomalia, o

problema deve ser relatado ao supervisor para que se planeje uma inspeção periódica,

mais completa, no ativo. Embora seja uma análise rotineira do estado do cabo, o operador

deve ser treinado por uma pessoa capacitada para realizar esta inspeção visual diária.

4.2.2 Inspeção Periódica

A inspeção periódica tem o objetivo de avaliar o bom estado do cabo de aço e se o mesmo

pode continuar em serviço. Esta avaliação é realizada a partir de métodos específicos para

cada tipo de deterioração, como mostra a tabela 4.1, resultando em critérios de descarte

pré-estabelecidos, os níveis de severidade: leve, médio, alto, muito alto ou descarte. Esses

modos de deterioração serão abordados na seção 4.2.3.

Somente pessoas capacitadas podem realizar esta inspeção, que terá impacto direto em

várias outras atividades de manutenção em cabos de aço, como lubrificação, ensaio não

destrutivo, etc.

Modo de Deterioração Método de Avaliação


Redução do diâmetro Dimensional
Corrosão Visual
Deformação Visual
Fios rompidos Contagem

Tabela 4.1 – Método de avaliação versus tipo de deterioração [19]

4.2.2.1 Frequência da Inspeção Periódica

A frequência da inspeção periódica pode ser definida por fatores como:

• Normas regulamentadoras;

• Tipo do equipamento;

• Condições ambientais;

33
• Condições de operação;

• Resultados de inspeções anteriores;

• Tempo de serviço do cabo de aço.

Mas, como uma boa prática da indústria, adota-se o período de 1 ano entre inspeções.

4.2.2.2 Extensão da Inspeção Periódica

Segundo norma ISO 4309, referência [19], o cabo deve ser inspecionado em todo seu

comprimento, incluindo as últimas voltas no tambor, porém no caso de cabos de aço de

grande metragem, o cabo pode ser inspecionado em todo seu comprimento de trabalho

acrescentando, pelo menos, o comprimento relativo as cinco primeiras voltas no tambor,

sendo que esta decisão deve ser tomada por uma pessoa capacitada. Porém, em ambos os

casos, algumas regiões devem ser inspecionadas com maior cautela, como visto na figura

4.2:

• Proximidade da extremidade do cabo;

• Regiões que transitam em polias;

• Regiões submetidas a processos abrasivos;

Após algum incidente onde haja danos ao próprio cabo e/ou a sua terminação (e.g.

sobrecarga), o cabo e/ou a terminação devem ser inspecionados antes do equipamento

voltar a operar. A mesma medida deve ser adotada quando o cabo não é utilizado por

períodos longos, superiores a três meses.

4.2.2.3 Registros da Inspeção Periódica

Um relatório da inspeção periódica deve ser realizado para se ter o controle do estado do

cabo de aço. Este relatório deve conter, pelo menos, os seguintes pontos:

• Descrição do cabo de aço inspecionado e suas terminações;

• Data da inspeção e nome dos inspetores;

• Identificação da norma adotada;

34
• Registros fotográficos;

4.2.3 Critérios de Descarte

Apesar de executada toda manutenção preventiva, em algum momento o cabo de aço

deverá ser descartado e substituído. No caso de a substituição ser não programada,

existem diversas normas que determinam os critérios para a retirada de serviço, a norma

internacional ISO 4309, referência [19], é uma das mais empregadas para critérios de

descarte de um cabo, devendo ser empregada em caso de não haver outros critérios de

descarte recomendados pelo fabricante do cabo.

Esta norma internacional apresenta as falhas típicas nos cabos de aço que deverão ser

levadas em conta durante a inspeção visual nos cabos e esta subseção foi adaptada de tal

norma onde é apresentado alguns tipos de danos comuns nos cabos com seus respectivos

critérios de avaliação e descarte para conhecimento.

4.2.3.1 Arames Rompidos

A existência de arames rompidos é o principal indicador de degradação do cabo, porém,

este rompimento de fios não é tão evidente em alguns cabos, como por exemplo nos

resistentes à rotação ou de múltiplas camadas, porque ocorrem internamente,

evidenciando a necessidade de um acompanhamento com uso de técnicas de inspeção

interna, como o MRT (ver seção 4.4).

Figura 4.3 – Cabo de aço com arames rompidos [19]

O rompimento dos arames ocorrem normalmente por abrasão ou por fadiga de flexão. A

quantidade de fios rompidos aumentará com a intensidade do uso e, também, com a idade

35
do cabo. Arames externos se rompem mais facilmente em regiões como o topo das pernas,

como mostrado na figura 4.3, ou na região de contato entre as pernas, os vales, sendo esta,

junto com as rupturas de arames da alma, as mais críticas.

4.2.3.2 Redução do Diâmetro

Um outro fator importantíssimo para o descarte do cabo é a redução do diâmetro do

mesmo. A redução de diâmetro pode ocorrer pontualmente, nesse caso deve-se avaliar se

houve algum dano na alma do cabo levando ao descarte do mesmo, ou, pode acontecer

de maneira uniforme. Assim, devemos avaliar a redução segundo critérios de severidade

apresentados anteriormente, para isso, primeiramente, realizamos um cálculo para

obtermos o valor de redução de diâmetro, conforme mostrado na equação abaixo:

𝐷𝑟𝑒𝑓 − 𝐷𝑚
× 100 %
𝐷

onde:

• Dref é o diâmetro de referência;

• Dm é o diâmetro medido;

• D é o diâmetro nominal.

O resultado obtido através da equação acima, deve ser correlacionado a uma tabela que

correlaciona a diminuição do diâmetro ao nível de severidade, porém, deve cada tipo de

cabo de aço possui níveis diferentes.

Diminuição do Nível de severidade


Tipo de Cabo
diâmetro Descrição %
Menor que 1% - 0
Entre 1 e 2% Leve 20
Cabo de aço Entre 2 e 3% Médio 40
resistente à rotação Entre 3 e 4% Alta 60
Entre 4 e 5 % Muito Alta 80
Maior que 5% Descarte 100

Tabela 4.2 – Critérios de descarte para redução de diâmetro [19]

36
4.2.3.3 Corrosão

A corrosão diminui a capacidade de carga através da redução da área metálica do cabo de

aço, além de acelerar a fadiga.

A corrosão pode ser detectada visualmente (importante limpar o cabo antes de procurar

por este defeito), quando se apresenta na parte externa do cabo de aço. Porém, a detecção

da corrosão interna é mais difícil, podendo ser utilizado meios como Ensaios Não

Destrutivos, como o MRT apresentado na seção 4.4. Alguns outros indícios também

podem indicar sua existência:

• Variação no diâmetro do cabo: nos pontos de dobra do cabo de aço, como polias,

geralmente ocorre a redução do diâmetro. Em cabos de aço ou cordoalhas para

uso estático é comum o aumento de diâmetro devido ao aumento da oxidação.

• Aproximação entre pernas: frequentemente combinada com arames rompidos nos

vales.

Figura 4.4 – Seção transversal de um cabo de aço mostrando corrosão interna [19]

Cabos de aço cujo uso se dá submerso são mais propícios à corrosão. E, para aqueles

cabos de construção mais complexa, o risco de corrosão interna aumenta, pois, a graxa

aplicada durante lubrificação pode não penetrar por dentro das camadas. A norma

internacional ISO 4309 apresenta os critérios de descarte para a corrosão.

37
4.2.3.4 Deformação

Mau uso ou irregularidades no equipamento podem resultar em deformações nos cabos

de aço, métodos inadequados de manuseio e fixação também são possíveis causas de

deformação.

Caso haja uma deformação acentuada, a geometria do cabo pode ser alterada devido ao

desequilíbrio de forças nas pernas, levando, em último caso, a ruptura do cabo.

As deformações mais comuns serão apresentadas a seguir.

4.2.3.4.1 Ondulação

Ondulação é um tipo de deformação que resulta num padrão de formação de ondas ao

longo do cabo de aço quando em condição de carregamento e descarregamento. Apesar

de não necessariamente resultar em perda de resistência axial, tal deformação resultará

em um desbalanceamento em giro que levará a abrasão e rompimento de arames.

Figura 4.5 – Cabo de aço com ondulação [19]

Figura 4.6 – Detalhe da deformação por ondulação [19]

O cabo deve ser descartado se uma dessas condições aparecer:

• em uma parte reta do cabo que não passe por polias ou que fique armazenado no

tambor, o espaço (g) entre o apoio e a base do cabo é de, no mínimo, um terço do

diâmetro (d);

38
• em uma parte do cabo que passe por uma polia ou pelo tambor, o espaço (g) entre

o apoio e a base do cabo é de, no mínimo, um décimo do diâmetro (d).

4.2.3.4.2 Gaiola de Passarinho

Esta deformação é típica em cabo de aço com alma de aço nas situações onde ocorre um

alívio repentino de tensão. Esta irregularidade é crítica e impede a continuidade do uso

do cabo de aço. Outro caso comum de gaiola de passarinho é o uso de cabos rotativos

onde há torção.

Figura 4.7 – Cabo de aço com gaiola de passarinho [5]

4.2.3.4.3 Alma Saltada

O alívio repentino nas tensões do cabo leva a protrusão do núcleo, provocando um

desequilíbrio de tensão entre as pernas. Cabos com este tipo de deformação devem ser

imediatamente descartados ou, quando possível, descartar apenas o comprimento

danificado.

Figura 4.8 – Cabo de aço com alma saltada [19]

39
4.2.3.4.4 Perna de Cachorro

É caracterizada por uma descontinuidade no sentido longitudinal do cabo de aço que em

casos extremos diminui a capacidade de carga do mesmo. Normalmente é causada por

manuseio ou instalação inadequada.

Figura 4.9 – Cabo de Aço com perna de cachorro [5]

4.3 Lubrificação

A lubrificação de um cabo de aço é uma atividade extremamente fundamental para a boa

conservação deste equipamento:

• Evita que o mesmo não sofra antecipadamente processos como corrosão, desgaste

devido ao atrito interno, entre os arames, e externo, entre o cabo e equipamentos

auxiliares, como: polias, tambores, olhais, etc.

• Permite que movimentos entre as pernas sejam realizados com maior facilidade.

• Impede que água, impurezas ou outros elementos corrosivos e/ou abrasivos

ingressem na estrutura do cabo.

A atividade de lubrificação visa engraxar o cabo externamente, assim como as primeiras

camadas entre as pernas. O interior do cabo, devido à maior dificuldade de penetração, é

menos atingido. Esta seção apresenta alguns pontos interessantes adaptados do manual

de utilização de cabos de aço feito pela Huisman, referência [18], sobre lubrificação em

cabos de aço que devem ser levados em consideração na hora de desenvolver um plano

de manutenção.

40
4.3.1 Intervalos de Lubrificação

A atividade de lubrificação pode ser definida a partir da inspeção visual ou ser realizada

em intervalos regulares.

Embora o cabo de aço, durante um bom processo de fabricação, seja lubrificado, esta

lubrificação é feita com o intuito de manter o cabo em bom estado até o início das

atividades. Por esse motivo, outras lubrificações devem ser executadas.

4.3.1.1 Lubrificação Baseada na Inspeção Visual

Como mencionado anteriormente, os cabos de aço são entregues lubrificados, mas essa

lubrificação tem o intuito de proteger da corrosão até a instalação do mesmo, antes do

início das atividades. Por isso, o inspetor do cabo, durante a primeira atividade de

inspeção visual, deve analisar com maior atenção se o cabo possui áreas onde não há

graxa aplicada. Estas áreas podem aparecer devido ao desgaste do cabo causado pelo

ambiente, pelo atrito com outros equipamentos e/ou a tensão aplicada no cabo.

Quando estes casos de áreas sem lubrificação acontecerem, o engraxamento do cabo deve

ser realizado, pois somente assim o cabo terá uma melhor conservação. As outras

inspeções visuais após o primeiro engraxamento, também devem analisar a ausência de

graxa no cabo pelos mesmos motivos citados anteriormente.

4.3.1.2 Lubrificação em Intervalos Regulares

A definição dos intervalos para as atividades de lubrificação para cada cabo de aço pode

ser definida a partir das condições do ambiente e de operação nas quais o cabo é

submetido. A inspeção visual também tem um importante papel para determinar e ajustar

esta frequência, pois o inspetor precisa averiguar se o cabo ainda está bem engraxado.

Uma boa prática é adotada na área de Óleo & Gás é determinar os intervalos de acordo

com tipo e frequência de utilização do cabo de aço. Alguns exemplos estão determinados

na tabela 4.3 abaixo.

41
Tipo de Equipamento Frequência de Utilização Intervalos
Guincho de Mesa Operação Contínua 1x por mês
Operação Intermitente 1x por trimestre
Operação Ocasional 1x por semestre
Guindaste Subsea Operação Normal 1x por semestre
Guindaste A&R
Cabos Submersos
Outros Se o cabo de aço não for utilizado por um longo período,
ele deve ser inspecionado e engraxado.

Tabela 4.3 – Critérios para adoção de intervalos de lubrificação [18]

4.3.2 Escolhendo o Tipo de Lubrificante

Vários tipos de graxas podem ser utilizados para a lubrificação de cabos, porém as

características adequadas a um bom lubrificante são:

• Ser quimicamente neutro;

• Possuir boa aderência;

• Possuir uma viscosidade capaz de penetrar entre as pernas e os arames;

• Ser estável sob condições operacionais;

• Proteger contra a corrosão;

• Ser compatível com o lubrificante original.

O ideal é que o lubrificante utilizado seja um dos recomendados pelo fabricante do cabo.

Nunca se deve utilizar óleo queimado para tal operação, pois é um material ácido, que em

vez de proteger acelera o processo de corrosão e normalmente apresenta partículas que

acabam aumentando o desgaste do cabo por abrasão.

4.3.3 Efetuando a Lubrificação

Quando os cabos são usados em operações submersas, o ideal é que a lubrificação seja

executada quando o cabo é pago para o mar. E em lugares onde há uma maior abertura

da estrutura do cabo, geralmente onde o cabo passa por curvas (e.g. polias). No primeiro

caso o cabo estará seco e diminuirá a quantidade de água no mar que entrará no cabo

42
durante o tempo que o mesmo estará submerso; já no segundo caso, em lugares de curva,

a estrutura do cabo irá se abrir com maior facilidade proporcionando a maior facilidade

de penetração do lubrificante.

Figura 4.10 – Métodos de aplicação manual de graxa em cabos de aço [1]

A lubrificação pode ser feita manualmente, como mostrado na figura 4.10 – da esquerda

para a direita: lubrificação com pincel, com estopa, gotejamento ou pulverização – ou

utilizando um sistema de lubrificação automático, com inserto, bomba de graxa, etc.,

figura 4.11. Os melhores resultados são obtidos quando é utilizado um sistema de

lubrificação automático que opera sob alta pressão, pois o lubrificante irá penetrar

internamente, entre as penas do cabo, com maior facilidade. Porém, é necessário reafirmar

que a alma do cabo, muito dificilmente, será alcançada por qualquer tipo de lubrificação

externa, mesmo aqueles de alta pressão.

Figura 4.11 – Sistema de lubrificação automático [19]

Toda atividade de lubrificação, a quantidade de graxa aplicada deve ser a ideal, excesso

ou escassez devem ser evitados.

43
4.3.4 Registros de Lubrificação

Um relatório da lubrificação deve ser realizado após cada atividade do tipo, nele deve

constar, no mínimo:

• Data e hora de início e fim da tarefa;

• Nome do(s) operador(es);

• Equipamento Lubrificado (descrição, nome, código, etc.);

• Lubrificante e Quantidade Utilizado;

• Método de Aplicação;

• Ponto inicial e final do engraxamento;

• Anomalias encontradas;

• Fotos.

Um bom relatório auxiliará no gerenciamento dos cabos de aço e no planejamento das

manutenções futuras.

4.4 Ensaio Não Destrutivo – Teste Eletromagnético

O teste eletromagnético (MRT, do inglês Magnetic Rope Test) é um teste não destrutivo

comumente utilizado em cabos de aço de grande comprimento, grande diâmetro e/ou que

possui várias camadas, pois para estes tipos de cabo é alta a probabilidade de que a

degradação do cabo ocorra a partir do interior [20]. O MRT serve somente como apoio a

inspeção visual, não podendo substitui-la. Este teste ajuda a localizar os pontos de

deterioração no cabo de aço, servindo como uma referência e guia a pontos críticos

durante a inspeção visual. Os relatórios oriundos deste ensaio não destrutivo devem ser

mantidos no sistema de manutenção para que haja uma comparação em inspeções futuras,

porém para garantir esta comparabilidade, os instrumentos devem estar calibrados e o

procedimento de teste deve ser o mesmo.

44
Figura 4.12 – Inspeção Eletromagnética [20]

A norma brasileira NBR 16073: - Ensaios Não Destrutivos — Inspeção Eletromagnética

— Cabos de Aço Ferromagnéticos é um documento básico que descreve termos técnicos,

princípios de operação, aplicação e equipamentos para o emprego deste tipo de ensaio,

devendo ser considerado durante este tipo de inspeção.

4.4.1 Técnica Empregada

Os equipamentos de MRT possuem imãs permanentes que fornecem um fluxo magnético

constante que satura a parte do cabo que passa pelo aparelho. Por isso, quanto maior o

cabo a ser inspecionado, mais potente o imã deverá ser.

O fluxo magnético axial total é medido através de sensores, cujo valor de saída é

proporcional a quantidade de cabo de aço no espaço de medição, indicando variação a

seção metálica. Este valor se traduz como um indicador de perda de área metálica (LMA,

do inglês Loss of Metallic Area) que pode ser usado como referência para apontar

corrosão e desgaste.

45
Figura 4.13 – Fluxo magnético durante MRT [21]

Qualquer descontinuidade do cabo, como um fio rompido, corrosão por pites ou corrosão

interna por atrito, criará um vazamento do fluxo magnético que poderá ser medido

utilizando-se sensores diferenciais, como mostrado na figura 4.13(b). Esta medição é

comumente conhecida como falhas locais (LF, do inglês Local Faults).

Os equipamentos para inspeção eletromagnética são construídos para detectar LMA e/ou

LF. Porém, o ideal é que o MRT, quando executado, deve operar com os dois tipos de

detecção.

4.5 Ensaio Destrutivo – Teste de Ruptura

O ensaio destrutivo de um cabo de aço é uma tarefa importante para a avaliação do estado

interno de um cabo de aço, assim como a verificação da carga atual de ruptura.

O teste destrutivo deve ser realizado por uma empresa com reconhecida experiência na

execução desta atividade, o equipamento usado na realização do exame deve estar

calibrado, com sua certificação em dia e de acordo com as normas vigentes. Para cabos

46
críticos, pode se requerer que uma entidade terceira, como DNV, BV ou Lloyds,

acompanhe a realização do teste.

Figura 4.14 – Momento do teste destrutivo [6]

Para executarmos este ensaio, o primeiro passo é a preparação da amostra do cabo de aço,

é uma boa prática que sejam retiradas duas amostras caso haja necessidade de repetir o

ensaio. As amostras devem possuir um comprimento razoável, de acordo com a máquina

de teste que será utilizada, e o corte deve ser feito de maneira em que suas extremidades

sejam preservadas. Após retirar a amostra, os soquetes que servirão de conexão com a

máquina de testes deverão ser instalados no cabo segundo procedimento e normas

apontados na seção 4.6. Durante o teste, a carga deve ser aplicada gradualmente, sem

choques ou variações bruscas, até o rompimento da amostra. Recomenda-se que o durante

e após o ensaio sejam avaliados os seguintes pontos:

• Percentual de redução da carga atual de ruptura comparada com a carga de ruptura

de um cabo novo;

• Local da ruptura no cabo, caso a ruptura ocorra perto da terminação a amostra

deve ser rejeitada;

• A condição interna do cabo quanto a:

o Abrasão;

o Corrosão;

o Arames rompidos;

47
o Lubrificação interna.

4.6 Reterminação

A reterminação consiste na retirada de terminais, soquetes, de um cabo de aço e instalação

de um novo, também chamada de soquetagem é uma tarefa importante na preservação do

cabo de aço, pois sua extremidade é uma região crítica, onde o aparecimento de vários

defeitos é frequente. O corte da extremidade deve ser realizado de tal maneira em que a

extremidade do cabo de aço não seja afetada, não abra. Para isso, envolver o cabo

temporariamente com arames, como mostrado na figura 4.15, é uma etapa fundamental

para um corte bem feito. Obrigatório que essa operação seja realizada por pessoal

capacitado e que siga procedimento conforme a norma ISO 17558:2006.

Figura 4.15 – Esquemático de um cabo de aço servido por arames [19]

A resina Wirelock é uma das resinas mais utilizadas mundialmente para este tipo de

atividade, porém é necessário que a mesma esteja dentro da validade e tenha um

armazenamento adequado para que a mesma possa ser usada. A quantidade de resina

depende do diâmetro do cabo a ser reterminado, para saber a quantidade exata verificar

recomendações do fabricante.

Obrigatório que um relatório da reterminação seja emitido ao final dessa atividade e que

o mesmo seja anexado a ordem de serviço correspondente, esse relatório deve ter detalhes

da pessoa que executou o serviço, do cabo reterminado e do soquete instalado. Um

48
exemplo de relatório de resoquetagem desenvolvido pelo autor se encontra no Anexo B

deste trabalho.

Figura 4.16 – Reterminação antes da aplicação da resina [22]

A carga máxima de ruptura do cabo de aço não será afetada quando a reterminação é feita

de acordo com o procedimento segundo norma ISO 17558:2006. Também deve-se utilizar

meios adequados, respeitando o tempo de cura da resina e, principalmente, ser executada

por pessoal capacitado.

Além de ser um importante aliado na conservação da extremidade do cabo e da sua

terminação, a soquetagem ou reterminação ajuda na preservação do restante do cabo, pois

dependendo do comprimento do cabo retirado, o posicionamento do cabo nas polias é

alterado. Para tal, pode se optar pelo corte de um comprimento equivalente a um quarto

do diâmetro do tambor no qual o cabo está instalado. Esse comprimento retirado

proporcionará uma mudança de posicionamento que fará com que partes anteriormente

submetidas a esforços repetitivos não sofrer mais essa demanda. Tais esforços poderiam

levar o cabo a um desgaste por fadiga.

Um outro ponto interessante nessa atividade é executar a mesma no mesmo momento em

que se colhe a amostra para realizar o teste destrutivo, realizando apenas um corte no

cabo.

49
4.7 Ferramentas para a Garantia de Integridade de Cabos de Aço

As manutenções descritas nas seções anteriores são elementos chave na elaboração de um

plano de manutenção de cabos de aço e a adoção destas tarefas promoverá, quando

adequado a estrutura da organização, um bom gerenciamento de seus ativos. Porém, para

garantir essa boa adequação à estrutura da empresa, devemos analisar os prós e contras

de cada ferramenta para podermos montar um plano de manutenção estruturado e

adequado, onde iremos integrar os aspectos positivos de cada elemento, garantindo a boa

integridade do ativo e eliminando custos desnecessários. A tabela abaixo, adaptada de

IMCA SEL 022 faz o balanço de cada tipo de atividade:

Ferramenta Vantagens Desvantagens


Período Comparado a outras Descartar cabo que ainda possa
Automático de ferramentas, a substituição estar apto para serviço
Descarte automática tem um bom custo-
benefício para cabos de baixo
valor

Facilidade de programação
Inspeção Visual Principal meio de localizar Difícil para o inspetor manter o
danos e degradações no cabo foco em todo o comprimento do
cabo

Inspeção visual é restrita a parte


externa, visível, do cabo

Acesso e visão de todas as


partes do cabo não é sempre
possível
Teste Apoio à inspeção visual Necessidade de pessoal
Eletromagnético qualificado
Melhor avaliação de áreas mais
críticas do cabo as quais Confiabilidade depende da:
requerem uma inspeção mais - Competência e experiencia do
detalhada operador
- Limitações de performance do
Indicação das condições equipamento
internas - Acesso a todo comprimento
do cabo

50
Ferramenta Vantagens Desvantagens
Ensaio Indicação da atual carga de Acurácia dos resultados.
Destrutivo ruptura e do fator de segurança
do cabo Local de corte do cabo não
necessariamente é o mais
representativo.

Preparação da amostra (corte,


transporte, etc.).
Avaliação do Evidência da condição do cabo Despesas atribuídas a um ativo
cabo após e da carga de ruptura no retirado de uso.
descarte momento de descarte.

Possibilidade de realizar
diversos testes em condições
controladas e repetidas vezes.

Pode revelar informações para


uma melhor especificação de
cabo de aço.

Tabela 4.4 – Ferramentas para a integridade de cabo de aço: prós e contras [18]

51
5 ELABORAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE CABOS DE AÇO

Este capítulo visa construir um plano de gerenciamento dos cabos de aço a partir do que

foi apresentado nas seções anteriores. Tendo como cenário a indústria de petróleo e gás

offshore, em especial embarcações de lançamento de linha, PLSV (Pipe Lay Support

Vessel), será realizado uma análise dos custos de manutenção dos cabos de aço relativos

a cada equipamento apresentado, no intuito de se chegar a uma proposta de categorias de

manutenção nas quais cada ativo será atribuído. Por fim, será apresentado como foi feito

o cadastro desses equipamentos, seus planos de manutenção e algumas ordens de serviço

já executadas.

5.1 Desafio da Indústria Offshore e das Embarcações PLSV

A indústria offshore é uma indústria complexa que possui suas plantas industriais em

formas de embarcações dos mais diversos tipos que, na maior parte do tempo, se

localizam em lugares remotos afastados centenas de milhas náuticas da costa e de um

porto. Isso impõe um desafio logístico tanto para o armazenamento de consumíveis e

sobressalentes, quanto para o acesso de pessoal capacitado para execução de certas

atividades.

A proposta desse trabalho contempla os navios da categoria PLSV, como mostrado na

figura 5.1, eles são embarcações complexas e altamente especializada, dotadas de

sistemas sofisticados e de elevado valor que são utilizados para a construção e lançamento

de linhas rígidas e flexíveis.

Figura 5.1 – Embarcação PLSV Skandi Açu [23]

52
Vários equipamentos pertencentes aos principais sistemas de um navio PLSV são dotados

de cabos de aço, pode-se citar como exemplo os guinchos de mesa, os guindastes de

serviço, o guincho de abandono e recolhimento, entre outros. Logo, se faz necessário a

criação de um procedimento de gerenciamento de cabos de aço adaptado para o cenário

offshore que, antes, a empresa não possuía.

No passado, as manutenções eram feitas, em sua maior parte, à demanda, sem presença

significativa de atividades preventivas para corrigir possíveis falhas latentes, nem

preditivas para o acompanhamento do estado do cabo. A quantidade de ordens de serviço

categorizada como imprevista que visava corrigir falhas concretas, como danos no

comprimento do cabo, falta de engraxamento era alta. A tabela abaixo, com informações

retiradas do sistema de gerenciamento de manutenção da empresa, sintetiza as

informações de OS emitidas em 2015 e 2016 para uma das embarcações da frota em

relação aos ativos da categoria cabo de aço.

Tipo de OS OS Previstas OS Realizadas


Preventiva 1 1
Preditiva - 2
À Demanda - 22

Tabela 5.1 – OS emitidas no período 2015-2016

O objetivo de realizar um procedimento de manutenção especifico para cabos de aço é de

modificar a cultura da empresa, visando um acompanhamento da vida do cabo e,

principalmente, alterar o cenário de grande quantidade de manutenções à demanda, dando

maior importância às manutenções preventivas e preditivas.

Sabendo que cada equipamento possui cabos com características técnicas e comerciais

diferentes, esse novo procedimento de manutenção deve ser feito de tal maneira que

respeite esta pluralidade. Assim, se evitará custos desnecessários para a manutenibilidade

de certos equipamentos.

53
5.1.1 Sistemas e Equipamentos de um PLSV

Conforme mencionado anteriormente, um navio PLSV possui diversos sistemas e

equipamentos que tem como um dos principais componentes o cabo de aço, logo, esta

seção busca introduzir, a partir da embarcação que será estudada em maiores detalhes,

alguns destes sistemas e equipamentos na problemática de definição de gerenciamento de

cabos, assim será explicado quais características do ativo são diferentes em cada caso.

Tudo isso com o objetivo de que, no decorrer do capítulo, seja estabelecido um plano de

gerenciamento que leve em conta tais diferenças.

5.1.1.1 Guincho de Mesa

O guincho de mesa que será utilizado neste caso é um guincho auxiliar para apoio nas

operações de convés, participando, principalmente, de movimentações (translação) de

carga. O guincho possui uma carga máxima de trabalho, CMT, de 10mT e o

armazenamento do cabo no tambor é em múltiplas camadas, podendo ser armazenado até

300 metros de cabo. Há três guinchos de mesa nesta embarcação: guinchos de bombordo,

boreste e proa, porém, apesar da baixa carga, todos são classificados como críticos

segundo avaliação interna. A sigla mT faz referência a tonelada métrica, ou seja, 1.000kg,

essa unidade é utilizada para não gerar dúvidas quanto ao sistem utilizado, pois também

encontra-se tonelada no sistema de unidades imperiais.

Figura 5.2 – Guincho de Mesa

54
O cabo de aço pertencente ao guincho deve ter um fator de segurança, segundo critério

mencionado na seção 2.5.1, de 5 vezes a CMT do guincho, logo sua carga de ruptura

mínima deverá ser de 50mT. Seu roteamento ao longo do convés varia conforme a

operação, podendo passar por inúmeras polias, sendo defletido em cada passagem em

polias e patescas num ângulo de 0 até 180 graus. Logo, exige uma boa flexibilidade e uma

boa resistência à fadiga. Como o cabo não trabalha com içamento de carga, o mesmo não

precisará ter resistência à rotação, porém como está num ambiente marinho o ideal é que

seja galvanizado.

O cabo selecionado dentre as opções do mercado será um com pernas compactadas, tipo

de construção Warrington Seale, alma de aço de cabo independente (AACI), pré-formado,

preenchimento com termoplástico, resistência do arame EIPS. A seção transversal do

cabo está representada na figura 5.3. De torcedura regular à direita, este cabo 6x36 –

AACI possui todas as características adequadas ao tipo de uso especificado para este tipo

de guincho.

Figura 5.3 – Seção transversal e construção do cabo do guincho de mesa [24]

5.1.1.2 Guindaste de Serviço

Guindaste utilizado para apoio nas operações de lançamento de flexíveis nos navios

PLSV, como auxilio na passagem de extremidades. Também é utilizado em atividades de

içamento de carga, do convés para os vários níveis da torre e no apoio das atividades de

55
manutenção da torre de lançamento, como parte do sistema de içamento de cestos

suspensos. Por ser um elemento crucial do sistema de suspensão de cestos, o guindaste

deve está adequado a NR-12 e as normas DNV aplicáveis, e, segundo critérios de

criticidade de equipamentos o guindaste será classificado como equipamento crítico para

o sistema de lançamento. Este guindaste possui uma capacidade de 20mT e de 200 metros

de cabo.

O cabo de aço pertencente ao guindaste deverá ter um fator de segurança, segundo norma

DNVGL-ST-0378, de 4,8 vezes a CMT do guindaste, logo sua carga de ruptura mínima

deverá ser de 96mT. O guindaste possui configuração “double fall”, logo o cabo escolhido

não precisará ter elevada resistência à rotação, porém será exigida uma boa flexibilidade.

A galvanização deve ser especificada pois o uso é em ambiente marinho.

O cabo selecionado dentre as opções do mercado será um com pernas compactadas, tipo

de construção Warrington Seale, alma de aço de cabo independente (AACI), pré-formado,

preenchimento com termoplástico, resistência do arame EIPS. A seção transversal do

cabo está representada na figura 5.4. De torcedura regular à direita, este cabo 8x26 –

AACI possui todas as características adequadas ao tipo de uso especificado no começo

desta seção.

Figura 5.4 – Seção transversal e construção do cabo do guindaste de serviço [24]

56
5.1.1.3 Guincho de Iniciação

No sistema de lançamento de flexíveis, o guincho de iniciação é utilizado no começo das

operações de lançamento de flexível. Responsável por trazer a linha do seu local de

armazenamento (bobinas ou carrosséis), içando a mesma até o alto da torre e guiando o

flexível pelo interior da torre até a base, chamado de mesa de trabalho, da mesma. Como

esse cabo trabalha com içamento de cargas, ele deve ter resistência à rotação. O

equipamento possui uma capacidade de 50mT e seu tambor, com canaletas, foi

desenvolvido para um cabo de 50mm e capacidade de armazenamento de 300 metros.

O cabo de aço especificado para o guincho de iniciação deverá ter um fator de segurança,

especificado pela norma DNVGL-ST-0378, de 4,26 vezes a CMT do guincho, logo sua

carga de ruptura mínima deverá ser de 213mT. Conforme mencionado, o cabo deverá ser

não-rotativo, porém será exigida uma boa flexibilidade e resistência à fadiga por conta de

passagens em polias e defletores. Como todos os outros cabos, a galvanização deve ser

especificada pois o uso é em ambiente marinho.

Figura 5.5 - Seção transversal e construção do cabo do guincho de iniciação [24]

O cabo selecionado dentre as opções do mercado será um com pernas compactadas, tipo

de construção Warrington Seale, alma de aço (AA), pré-formado, preenchimento com

termoplástico, resistência do arame EIPS. A seção transversal do cabo está representada

57
na figura 5.5. De torcedura lang à direita, este cabo 35x7 – AA possui todas as

características adequadas ao tipo de uso especificado no começo desta seção.

5.1.1.4 Guincho de Abandono e Recolhimento (A&R)

Em navios PLSV, o guincho A&R é utilizado para o abandono e recolhimento da linha

flexível no leito submarino, e com o aumento das profundidades dos novos campos de

petróleo, maiores cargas e comprimento serão necessários para atingir esses novos poços

exploratórios. Nesse cenário, o tambor deste guincho, representado pela figura 5.7, pode

armazenar até 3.500 metros de cabo de aço. O sistema tem uma carga máxima de trabalho

de 325mT dinâmica, porém para atingir este valor é necessário que o cabo passe por

inúmeros guinchos de tração como, por exemplo, o mostrado na figura 5.6.

Figura 5.6 – Guincho de tração [25]

Para este caso, o cabo de aço deve possuir um fator de segurança de 3 vezes a carga

máxima de trabalho do guincho, seguindo orientação da seção 2.5.1, logo 975mT.

Necessita ser resistente à rotação, dado que durante as operações de abandono e

recolhimento de linha, o flexível pode provocar torção no cabo. O armazenamento no

tambor, como mostrado na figura 5.7, é em múltiplas camadas. Em alguns PLSV há dois

guinchos A&R, como é o caso da embarcação estudada, logo a direção da torcedura de

58
cada cabo deverá ser contrária: um à direita, outro à esquerda, para que o torque gerado

no sistema seja anulado em operações utilizando ambos os cabos.

Figura 5.7 – Guincho de armazenamento [26]

A passagem por diversas polias, guincho de tração e armazenamento em múltiplas

camadas exige do cabo uma boa flexibilidade, uma boa resistência à fadiga e à abrasão.

O fato de ser um cabo que é submerso durante as operações necessita de um tratamento

de galvanização e uma boa lubrificação durante todo processo de fabricação.

Figura 5.8 – Seção transversal e construção do cabo do guincho A&R [24]

O cabo selecionado dentre as opções do mercado será um com pernas compactadas, alma

de aço (AA), pré-formado, preenchimento com termoplástico, resistência do arame EIPS.

A seção transversal do cabo está representada na figura. Caso haja apenas um guincho

59
A&R, o cabo escolhido será de torcedura regular à direita. Este cabo de construção 39 x

7 – AA possui todas as características adequadas ao tipo de uso especificado no começo

desta seção.

5.1.1.5 Outros Equipamentos

Além dos equipamentos citados anteriormente, a embarcação estudada também possui os

seguintes equipamentos sob responsabilidade do departamento:

• 2 monovias de capacidade 25mT

• 2 guinchos de carregamento com capacidade de 30mT;

• 6 guinchos multiuso de capacidade de 15mT.

Todos os 10 equipamentos acima são classificados como de baixa criticidade após

avaliação interna. Em resumo, a subseção 5.1.1 apresentou todos os equipamentos

existentes na embarcação estudada sob responsabilidade do departamento de manutenção.

Capacidade Criticidade Frequência de


Equipamento Quantidade
(mT) Equipamento Utilização
Guincho de Mesa 3 10 Alta Criticidade Intermitente
Guincho Multiuso 6 15 Baixa Criticidade Ocasional
Monovia 2 25 Baixa Criticidade Frequente
Guindaste de Serviço 1 20 Alta Criticidade Intermitente
Guincho de
2 30 Baixa Criticidade Ocasional
Carregamento
Guincho de Iniciação 1 50 Alta Criticidade Intermitente
Guincho A&R 2 325 Alta Criticidade Intermitente

Tabela 5.2 – Lista dos equipamentos: guinchos e guindastes

E algumas características dos cabos de aço para cada equipamento são apresentadas na

tabela abaixo:

60
Cabo de Aço
Equipamento Diâmetro Comprimento CRM
Valor (R$)
(mm) (m) (mT)
Guincho de
24 300 50 15 mil
Mesa
Monovia 28 50 117,5 10 mil
Guincho
30 300 138 50 mil
Multiuso
Guindaste de
30 200 96 40 mil
Serviço
Guincho de
40 300 177 100 mil
Carregamento
Guincho de
50 300 213 200 mil
Iniciação
Guincho A&R 109 3.500 975 2 milhões

Tabela 5.3 – Principais características de cabos por equipamento

5.2 Proposta de Criação de Categorias de Manutenção de Cabos de Aço

Nesta seção, serão elaborados dois planos de manutenção para os cabos de aço utilizados

em um PLSV levando em consideração os desafios deste setor e da empresa que foram

apontados anteriormente. A partir dos conceitos abordados nos últimos capítulos e pela

experiência adquirida, descreveremos quais tarefas deverão ser realizadas nos dois

possíveis modelos que serão criados para o planejamento de manutenção de cabos de aço.

O primeiro modelo é uma categoria onde todas as ferramentas para a integridade do cabo

de aço, ver seção 4.7, são adotadas. A frequência de cada atividade, assim como o

responsável pela execução da mesma está assinalada na tabela abaixo. A princípio, esta

categoria, chamada de “Categoria I”, deve ser utilizada para cabos pertencentes a sistemas

de alta criticidade.

61
Tarefa Frequência Responsável
Teste Destrutivo Antes da instalação Terceirizada
Teste
Antes da instalação Terceirizada
Eletromagnético
Inspeção Visual Antes de cada
Operador
Diária operação
Engraxamento A cada 6 meses Técnicos
Inspeção Visual
A cada 1 ano Terceirizada
Periódica
Técnicos ou
Reterminação A cada 1 ano
Terceirizada
Teste
A cada 2 anos Terceirizada
Eletromagnético
Teste Destrutivo A cada 2 anos Terceirizada
Descarte Após 6 anos Técnicos
Avaliação Após descarte Terceirizada

Tabela 5.4 – Atividades de manutenção para cabos da categoria I

O teste destrutivo e o teste eletromagnético antes da instalação servem para garantir que

o cabo esteja em boas condições no momento da instalação, comprovando que a carga de

ruptura no momento do teste (ABL) é maior do que a carga de ruptura mínima calculada.

É sugerido que essas tarefas sejam feitas pela fornecedora do cabo e que tais certificados

e relatórios de testes sejam entregues junto ao livreto com os dados do cabo de aço

(materiais, características construtivas, normas, etc.). Devendo assim, estar incluído na

especificação técnica de compra dos cabos de aço, fazendo parte dos custos de aquisição

do mesmo.

Após a instalação do cabo também recomenda-se realizar inspeções eletromagnéticas e

testes destrutivos, ambas as atividades deverão ser realizadas a cada 2 anos. Porém, para

obter um acompanhamento contínuo do cabo de aço, preconiza a execução do ensaio

destrutivo em anos pares e do MRT em anos impares.

62
Uma outra proposta de categoria, chamada de “Categoria II”, contempla atividades

mínimas para garantir a confiabilidade de um cabo de aço. Na tabela encontra-se a

listagem das tarefas especificadas para este tipo de classificação.

Tarefa Frequência Responsável


Inspeção Visual Antes de cada
Operador
Diária operação
Engraxamento Ver seção 4.3.1.2 Técnicos
Inspeção Visual
A cada 1 ano Terceirizada
Periódica
Técnicos ou
Reterminação A cada 1 ano
Terceirizada
Descarte Após 3 anos Técnicos

Tabela 5.5 – Atividades de manutenção para cabos da categoria II

Porém, é necessário que a escolha do conjunto de manutenção a ser realizado para cada

tipo de cabo seja feita minuciosamente para que o impacto na operação do sistema seja

mitigado em caso de pane de um desses elementos. Isto será feito levando em conta a

criticidade do sistema ou equipamento em que o cabo atua e, também, a partir das análises

que determinarão critérios de classificação dos cabos nas categorias mencionadas. Para

informação, equipamentos como cordoalhas e eslingas não serão tratados nesse plano de

manutenção.

5.2.1 Avaliação da Vida Útil Econômica

A partir dos dois modelos de manutenção para cabo de aço apresentados acima, o objetivo

desta subseção é realizar uma análise gerencial comparando os custos acumulados de

manutenção durante a vida útil do cabo contra o custo de troca e aquisição de um novo

cabo. Estabelecendo qual é o valor mínimo ou máximo do cabo de aço para cada

categoria.

Alguns conceitos e termos remetem ao capítulo 2 deste trabalho onde verifica-se a

adaptação de definições baseadas em Alvares [13] ao histórico da empresa.

63
As seguintes premissas serão adotadas:

• Qualquer cabo de aço possui vida útil física de 10 anos.

• O cabo de aço não será revendido, o mesmo será descartado;

• Os custos anuais serão ajustados pela inflação (IPCA);

Primeiramente, será aplicado o “pacote” de manutenção chamado de “Categoria I”. E a

seguinte comparação deverá ser feita:

𝐶𝑇𝑟𝑜(𝑛) ≪ 𝐶𝑂(𝑛), 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑛 = 6

Onde:

CO: Custo Operativo;

CTro: Custo de Troca;

i: tempo em anos após instalação.

Verificará em quais condições o custo de troca no sexto ano de utilização do cabo é muito

menor do que o custo operativo até esse ano. Caso o cabo analisado se encontre nesta

condição, recomenda-se optar pela classificação do cabo na categoria II.

Porém, quando o custo de troca no sexto ano se aproximar do custo operativo acumulado

até essa época, recomenda-se a inclusão na “Categoria I”.

𝐶𝑂(𝑛) ~ 𝐶𝑇𝑟𝑜(𝑛), 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑛 = 6

No texto a seguir, será descrito quais são os custos que devem ser considerados no custo

operativo e custo de troca.

Apesar da análise gerencial considerar apenas os custos, deve se levar em conta

características técnicas do cabo e em quais equipamentos o mesmo atua para entender sua

criticidade em relação ao sistema. Essa última análise será fundamental para poder

classificar cabos que possuem custo operativo da mesma ordem de grandeza ao custo de

troca no terceiro ano de utilização.

64
5.2.1.1 Estimativa de Custos Operativo

O custo operativo anual (CO’) de um cabo de aço é dado pela seguinte equação:

𝐶𝑂′ = 𝐶𝑀𝑃 + 𝐶𝑃

Onde:

CMP: Custo de Manutenção Planejada;

CP: Custo de Peças de Reposição.

Já o custo operativo acumulado em um período de tempo superior a um ano é a soma dos

custos operativo anual ajustado pela inflação.

Primeiramente, será avaliado o custo de manutenção planejada levando em consideração

as atividades listadas na tabela. O custo de cada manutenção será identificado por:

• CRet – Reterminação;

• CRec – Recertificação;

• CInsp - Inspeção Visual;

• CLub – Lubrificação;

• CDest - Ensaio Destrutivo;

• CNDest - Ensaio Não Destrutivo – Teste Eletromagnético;

Algumas tarefas devem ser executadas obrigatoriamente a bordo por empresas

terceirizadas (recomendado), devido à alta complexidade e a necessidade de

equipamentos específicos, são elas:

• Inspeção Visual;

• Ensaio Não Destrutivo – Inspeção Eletromagnética (MRT).

Essas atividades devem ser executadas por pessoal competente e, usualmente, dois

técnicos participam na execução do serviço, sendo um inspetor e um supervisor e, para o

caso do MRT, também é necessário o aluguel do equipamento para a execução da

inspeção. Segue abaixo uma estimativa dos valores cobrados pelo mercado:

65
Serviço Valor
Inspeção Visual R$ 10.000,00
Inspeção Eletromagnética R$ 15.000,00

Tabela 5.6 – Tabela de preços – Inspeção

Outra atividade a qual é recomendada a execução por empresa terceirizada, porém em

local apropriado, laboratório, onde existe maquinário é o teste de ruptura. O valor de um

teste de ruptura varia de acordo com o diâmetro do cabo a ser testado, segue abaixo uma

planilha de preços em relação à dimensão do cabo.

Faixa de Diâmetro (mm) Valor


D < 25 R$ 10.000,00
25 ≤ D < 50 R$ 12.500,00
50 ≤ D < 75 R$ 15.000,00
75 ≤ D < 100 R$ 20.000,00
100 ≤ D < 125 R$ 25.000,00
125 ≤ D R$ 30.000,00

Tabela 5.7 – Tabela de preços – Teste de ruptura

Conforme mencionado na seção 4.6, a reterminação deve ser realizada por pessoal

capacitado podendo ser feito através de terceirizada ou algum colaborador treinado.

Quando efetuado por uma contratada, a cobrança de cada reterminação também é feita

em função do diâmetro do cabo de aço, pois essa medida definirá a quantidade de resina

a ser utilizada e possíveis equipamentos adicionais (máquina de corte, torre de

soquetagem, etc.). Esta análise de custos irá supor uma reterminação efetuada por

empresa terceirizada, segue abaixo relação entre valor cobrado por reterminação e a faixa

de diâmetro do cabo.

66
Faixa de Diâmetro (mm) Valor
D < 25 R$ 500,00
25 ≤ D < 50 R$ 1.000,00
50 ≤ D < 75 R$ 2.000,00
75 ≤ D < 100 R$ 5.000,00
100 ≤ D < 125 R$ 8.000,00
125 ≤ D R$ 10.000,00

Tabela 5.8 – Tabela de preços - Reterminação

Após reterminação, o soquete que foi retirado do cabo deve ser submetido a uma

recertificação. Esta atividade se baseia em um teste de carga e um END por partículas

magnéticas, tal como preconizado por procedimento interno da empresa. Essa

recertificação, feita por terceirizada, também é cobrada em relação ao diâmetro do

soquete, segue abaixo tabela que relaciona o valor ao diâmetro:

Faixa de Diâmetro (mm) Valor (R$)


D < 25 R$ 1.000,00
25 ≤ D < 50 R$ 2.000,00
50 ≤ D < 75 R$ 4.000,00
75 ≤ D < 100 R$ 6.000,00
100 ≤ D < 125 R$ 10.000,00
125 ≤ D R$ 15.000,00

Tabela 5.9 – Tabela de Preços – Recertificação

Como última atividade de manutenção para o ativo, a lubrificação pode ser realizada com

recursos interno, porém os colaboradores que realizarão esta atividade devem seguir

alguns conceitos abordados na seção 4.3. Na embarcação analisada há um sistema de

aplicação automático de graxa em cabos de aço para todas as faixas de diâmetro de cabos

presentes. Logo, esta análise abordará apenas o custo relativo a compra da graxa. A graxa

Nevamelt é vendida em baldes de 16 kg com o valor de R$ 1.500,00 por unidade, onde,

aproximadamente, utiliza-se 1 kg de graxa para 50 metros de um cabo de 25 mm.

67
O custo relativo a peças de reposição (CP) é um gasto anual com equipamentos e

componentes necessários para a execução das tarefas descritas anteriormente, como

paquímetro, arame, mangueiras, bomba de graxa, etc. Este valor varia entre cada ativo,

neste estudo considera-se valores variando entre R$ 1 mil e R$ 10 mil.

5.2.1.2 Estimativa de Custo de Troca

A troca de um cabo de aço requer a aquisição de um novo cabo, a contratação de pessoal

capacitado para tal atividade e, também, o aluguel de equipamentos e acessórios para que

se possa efetuar a mobilização do novo ativo em seu sistema. Logo, entenderemos como

custo de troca, a seguinte soma:

𝐶𝑇𝑟𝑜 = 𝑃 + 𝐶𝑀𝑜𝑏

Onde:

P: Valor Inicial do Bem

CMob: Custo de Mobilização

O valor inicial do bem é o valor de mercado do cabo de aço, o mesmo pode variar segundo

características técnicas, como construção, diâmetro, comprimento, entre outros pontos.

Os cabos utilizados nos equipamentos de um PLSV variam de R$ 15 mil até R$ 2 milhões.

Já o custo de mobilização que inclui, por exemplo o aluguel de equipamentos e as diárias

de pessoal capacitado, varia de R$ 5 mil a R$ 200 mil.

5.2.2 Análise de Valores Mínimos e Máximo por Categoria

Esta subseção irá realizar comparações entre os custos operativo e de troca para alguns

cabos de aço citados na seção 5.1.

A primeira análise foi feita para o caso do cabo do guincho de mesa. Foi adquirido por

R$ 15.000,00 com um custo de mobilização de R$ 5.000,00, como se pode perceber

abaixo.

68
Informações Cabo de Aço
D Diâmetro 24 mm
L Comprimento 300 m
CRM Carga de Ruptura Mínima 50 mT
CTro Custo de Troca (R$ '000):
P Valor Inicial do Bem 15
Vu Vida Útil Física (anos) 10
CMob Custo de Mob/Desmob 5
A primeira comparação, com a “Categoria I”, pacote de manutenção “completa”, percebe-

se que os gastos chamados Custo Operativo (CO) já superam o valor de troca o que torna

inviável esse tipo de categoria para este cabo. A partir dos valores da tabela abaixo fica

evidente que o custo associado a esta categoria, apenas no primeiro ano ultrapassa o custo

de troca do cabo, logo no sexto ano o custo operativo será muito maior do que o custo de

troca.

CO' Custos Operativo (fixos - R$ '000): Período Anual


CRet Reterminação 0,5 Anual
CRec Recertificação 1 Anual
CInsp Inspeção Visual 10 Anual
CLub Lubrificação 0,5 Trimestral
CDest Ensaio Destrutivo 10 Bienal - Somente em Anos Pares
CNDest Ensaio Não Destrutivo 15 Bienal - Somente em Anos Impares
CMP Manutenção Planejada 26,2
CP Peças de Reposição 1
Portanto, será sugerido que o cabo do guincho de mesa seja classificado na “Categoria

II”.

A segunda análise será feita para o cabo do guincho de carregamento. O valor inicial do

cabo de aço é de R$ 100 mil e seu custo de instalação foi de R$ 10 mil, conforme indicado

abaixo.

69
Informações Cabo de Aço
D Diâmetro 40 mm
L Comprimento 300 m
CRM Carga de Ruptura Mínima 177 mT
CTro Custo de Troca (R$ '000):
P Valor Inicial do Bem 100
Vu Vida Útil Física (anos) 10
CMob Custo de Mob/Desmob 10
O custo operativo foi definido como se segue:

CO' Custos Operativo (fixos - R$ '000): Período Anual


CRet Reterminação 1 Anual
CRec Recertificação 2 Anual
CInsp Inspeção Visual 10 Anual
CLub Lubrificação 0,9 Trimestral
CDest Ensaio Destrutivo 12,5 Bienal - Somente em Anos Pares
CNDest Ensaio Não Destrutivo 15 Bienal - Somente em Anos Impares
CMP Manutenção Planejada 30,4
CP Peças de Reposição 2
Ao analisar o gráfico, percebe-se que o custo operativo para a manutenção desse cabo de

aço após seis anos de operação é o dobro do custo de troca nesta época.

Análise - Categoria I
450,0
400,0
350,0
300,0
R$ ('000)

250,0
200,0
150,0
100,0
50,0
0,0
2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026
Ano

CO' CTro CO

Logo, a recomendação é de classificar o cabo do guincho de carregamento na “Categoria

II”.

70
A terceira análise será feita para o cabo do guincho de iniciação. Segue abaixo, dados do

cabo e gráfico com a comparação entre custos.

Informações Cabo de Aço


D Diâmetro 50 mm
L Comprimento 300 m
CRM Carga de Ruptura Mínima 213 mT
CTro Custo de Troca (R$ '000):
P Valor Inicial do Bem 200
Vu Vida Útil Física (anos) 10
CMob Custo de Mob/Desmob 20
CO' Custos Operativo (fixos - R$ '000): Período Anual
CRet Reterminação 2 Anual
CRec Recertificação 4 Anual
CInsp Inspeção Visual 10 Anual
CLub Lubrificação 1,1 Trimestral
CDest Ensaio Destrutivo 15 Bienal - Somente em Anos Pares
CNDest Ensaio Não Destrutivo 15 Bienal - Somente em Anos Impares
CMP Manutenção Planejada 35,5
CP Peças de Reposição 2

Análise - Categoria I
500,0
450,0
400,0
350,0
300,0
R$ ('000)

250,0
200,0
150,0
100,0
50,0
0,0
2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026
Ano

CO' CTro CO

Após análise do gráfico, recomenda-se que o cabo do guincho de iniciação seja

classificado na “Categoria I”.

71
A quarta e última análise será feita para o cabo do guincho de abandono e recolhimento.

Também segue, informações relativas a custos e gráfico comparativo.

Informações Cabo de Aço


D Diâmetro 109 mm
L Comprimento 3500 m
CRM Carga de Ruptura Mínima 975 mT
CTro Custo de Troca (R$ '000):
P Valor Inicial do Bem 2.000
Vu Vida Útil Física (anos) 10
CMob Custo de Mob/Desmob 200
Custos Operativo (fixos - R$
CO' '000): Período Anual
CRet Reterminação 8 Anual
CRec Recertificação 10 Anual
CInsp Inspeção Visual 10 Anual
CLub Lubrificação 28,6 Semestral
CDest Ensaio Destrutivo 25 Bienal - Somente em Anos Pares
CNDest Ensaio Não Destrutivo 15 Bienal - Somente em Anos Impares
CMP Manutenção Planejada 105,2
CP Peças de Reposição 10

Análise - Categoria I
3.500,0

3.000,0

2.500,0
R$ ('000)

2.000,0

1.500,0

1.000,0

500,0

0,0
2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026
Ano

CO' CTro CO

Apesar do gráfico mostrar que o custo de troca é muito maior do que o custo operativo

para o cabo do guincho de abandono e recolhimento, recomenda-se que este ativo seja

72
classificado na “Categoria I”. Porém, na seção 5.6 serão feitas recomendações quanto ao

momento do primeiro descarte do cabo.

5.3 Definição de Procedimento de Manutenção de Cabos de Aço

A partir do exposto na seção anterior, será definido um critério de classificação de cabos

de aço para que seja possível a atribuição do ativo nas categorias de manutenção propostas

no início da seção 5.2. Tais critérios de classificação levarão em conta aspectos como: o

valor do cabo, a frequência de utilização do equipamento/sistema, o comprimento total,

diâmetro e outros fatores.

Após as sugestões da análise efetuada da subseção 5.2.2 e a partir do portfólio de

equipamentos do PLSV citados na subseção 5.1.1, o valor inicial do cabo de aço mínimo

recomendado para classificação de um cabo na “Categoria I” e o valor máximo de um

cabo para a “Categoria II”.

Dado que houve uma mudança de classificação entre a segunda e terceira análise, será

considerado como valor limite entre cada categoria, a média aritmética dos valores dos

cabos de aço referentes as tais análise. Logo, será estipulada a soma de R$ 150.000,00

como sugestão de fronteira entre as duas categorias de manutenção.

No navio PLSV estudado, a maioria dos equipamentos possuem capacidade de armazenar

até 300 metros de cabo de aço em seus tambores, logo este comprimento será adotado

como limite entre as categorias. Também será considerado que a partir do diâmetro de 50

mm, será recomendada a classificação na “Categoria I”.

Os cabos de aço pertencente a sistemas considerados críticos também poderão ser

classificados como “Categoria I”. Porém, a maior frequência de utilização será um

indicativo para classifica-lo na “Categoria II”.

A tabela 5.10 resume as características de atribuição de cabo de aço para cada categoria.

73
Categoria Fatores
− Preço maior ou igual a R$ 150 mil
− Comprimento maior que 300 metros
− Diâmetro maior ou igual que 50mm
− Uso intermitente ou ocasional
Categoria I
− Carga de ruptura mínima maior ou igual a
200Te
− Cabos não rotativos
− Sistemas críticos
− Preço menor que R$ 150 mil
− Comprimento menor ou igual a 300 metros
Categoria II − Diâmetro menor que 50mm
− Uso frequente
− Carga de ruptura mínima menor que 200Te

Tabela 5.10 – Definição das características de cada categoria de cabo de aço.

As categorias I e II são complementares e possuem características distintas, porém deve-

se atentar que não é necessário que um cabo de aço contemple todos os fatores de

classificação de uma categoria para ser atribuído a ela.

5.4 Aplicação do Processo de Gerenciamento de Cabos de Aço em Navios PLSV

Após definição das categorias de manutenção e dos seus critérios de classificação

apresentado na seção anterior, será realizada a escolha por equipamento. Apenas tal ação

já representa um ganho para a empresa, pois isso acarretará na execução de atividades de

manutenção segundo um planejamento e adaptado ao tipo do cabo. Após essa

classificação, será analisado o histórico de manutenção já realizado, apontando algumas

possíveis melhorias que poderão ser aprofundadas em futuros projetos.

5.4.1 Planejamento da Manutenção

Serão classificados todos os sistemas mencionados na subseção 5.1.1, levando em conta

e gás offshore que utilizam cabos de aço foram identificados. E, a partir do detalhamento

de suas características será realizado uma classificação conforme critérios adotados na

seção 5.3.2.

74
A tabela 5.11 sintetiza todas as classificações realizadas:

Sistema Quantidade Classificação Final


Guincho de Mesa 3 Categoria II
Monovia 2 Categoria II
Guincho Multiuso 6 Categoria II
Guindaste de Serviço 1 Categoria II
Guincho de Carregamento 2 Categoria II
Guincho de Iniciação 1 Categoria I
Guincho A&R 2 Categoria I

Tabela 5.11 – Categorias por equipamento

5.4.2 Manutenções Executadas

Os equipamentos listados na subseção anterior, 5.4.1, já possuem histórico de

manutenção realizada, a partir dos dados, registros, colhidos no sistema de gerenciamento

de manutenção no primeiro ano de operação, 06/2017 à 06/2018, o que por si só já

caracteriza um ganho para a empresa.

Primeiramente, podemos verificar a presença significativa de manutenções preventivas e

a diminuição de manutenções à demanda, tabela 5.12.

Tipo de OS OS Previstas OS Realizadas


Preventiva 85 58
Preditiva 20 21
À Demanda - 10

Tabela 5.12 – Ordens de serviço previstas no período 06/17-06/18

Também, é possível verificar e analisar algumas manutenções por tipo de atividade:

75
Atividade OS Previstas OS Realizadas
Engraxamento 68 41
Inspeção Visual
17 18
Periódica
Reterminação 17 17
Teste
3 3
Eletromagnético
Teste Destrutivo - -

Tabela 5.13 – Ordens de serviço no período 06/17-06/18 por tipos de atividades

• Teste de ruptura:

o Segundo plano de manutenção adotado, o teste de ruptura será feito em

todos os cabos a partir do segundo ano de utilização. Por isso não há

registro deste tipo de atividade nos dados colhidos.

• Engraxamento:

o Segundo o plano de manutenção adotado, o engraxamento do cabo de aço

é uma manutenção preventiva com frequência a ser seguida segundo

critério de utilização do cabo, ver subseção 4.3.1. Porém, vem se notando

que no momento de execução de novo engraxamento alguns cabos ainda

apresentam bom nível de lubrificação não precisando realizar nova

atividade. Tal acontecimento se deu em 27 oportunidades, a maioria em

cabos de aço classificados na Categoria II.

o Sugestão: como o intervalo de lubrificação dos cabos da categoria II em

intervalos regulares, pré-definidos, está ocasionando manutenções

indesejadas, pode-se avaliar à mudança da lubrificação para baseada no

estado do cabo, após necessidade apontada na inspeção visual diária,

conforme mencionado na subseção 4.3.1. O objetivo é reduzir o

desperdício de graxa e diminuir a quantidade do produto armazenada a

bordo.

76
Abaixo segue tabela com OS de lubrificação por categoria:

Classificação OS Previstas OS Realizadas OS Canceladas


Categoria I 60 34 26
Categoria II 8 7 1
Total 68 41 27

Tabela 5.14 – Ordens de serviço de lubrificação por categoria

Também, a partir do histórico de ordens de serviço devido a manutenções à demanda,

percebe-se o seguinte ponto:

• Manutenções devido à sobrecarga:

o Oito ordens de serviço foram abertas após sobrecarga nos guinchos e

guindastes, inspeções visuais no comprimento do cabo e reterminações

foram efetuadas após tais incidentes, todas em caráter emergencial.

o A incidência de duas inspeções visual no guincho de mesa de boreste no

primeiro ano, fez com que o número de OS previstas para esta atividade

fosse inferior as OS realizadas.

o Sugestão: desenvolver um plano de manutenção especifico para casos de

sobrecarga em guinchos, efetuando uma espécie de checklist após

incidente.

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Tempo Tempo
Equipamento Data da OS Atividade
Previsto Realizado
Guincho de Mesa Inspeção
04/08/2017 4h 6h
de Boreste Visual
Guincho de Mesa
04/08/2017 Reterminação 5h 4h
de Boreste
Guincho de
Inspeção
Carregamento 20/10/2017 4h 5h
Visual
Bombordo
Guincho de
Carregamento 20/10/2017 Reterminação 5h 5h
Bombordo
Guincho de Mesa Inspeção
17/01/2018 4h 3h
Boreste Visual
Guincho de Mesa
17/01/2018 Troca de Cabo 6h 10h
Boreste
Guindaste de Inspeção
07/03/2018 7h 10h
Serviço Visual
Guincho de Mesa Inspeção
11/05/2018 4h 5h
Bombordo Visual

Tabela 5.15 – OS à demanda por equipamento

Importante verificar a discrepância entre os tempos previstos e de realização para cada

ordem de serviço, analisando possíveis motivos: falta de ferramentas, sobressalentes,

consumíveis, capacitação, etc. para que se possa realizar planos de contingência evitando

o aumento de possíveis downtime.

5.5 Momento do Descarte

Cabos de ambas as categorias podem ter seu momento de descarte adiado após análise

criteriosa. Porém, no caso de cabos classificados na Categoria I pode-se consultar mais

relatórios e inspeções para embasar tal julgamento, sabendo que cabos nessa categoria

normalmente possuem grandes diâmetros é importante verificar a evolução da condição

interna do cabo através da comparação dos testes eletromagnéticos. Tal atitude deve ser

estudada com mais empenho para o caso do guincho de abandono e recolhimento, pois o

adiamento do descarte resultaria numa grande economia de recursos para a empresa.

78
Já os cabos classificados na Categoria II não possuem tantos documentos que apoiam

uma possível decisão de adiamento do descarte, devendo se basear apenas na inspeção

visual. Por isso, quando chegar o momento de tomada de decisão, para este caso, há duas

recomendações:

• Descarte automático para cabos de baixo valor, menor que R$ 20.000,00;

• Para cabos de alto valor em relação a outros desta categoria, por exemplo os de

acima de R$ 60.000,00, é recomendado que seja feito uma inspeção visual antes

do possível descarte com o intuito de mitigar possíveis riscos.

Porém, sempre que esta decisão sobre a extensão da vida de um cabo de aço for tomada,

uma Análise Preliminar de Riscos (APR) deverá ser realizada, para que todos os riscos

sejam apontados e que ações para mitigar estes perigos sejam definidas.

79
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo servir de exemplo de elaboração de um plano de

manutenção de cabos de aço para a indústria de óleo e gás a qual várias operações são

realizadas através de cabos de aço, logo fazendo obrigatório o desenvolvimento de uma

estratégia de manutenção voltada para este tipo de ativo.

6.1 Comentários

A partir de casos reais, ativos comumente utilizados em diversas aplicações offshore, foi

construído um plano cuja a estratégia de manutenção é a prevenção, adotando técnicas de

manutenção preventiva e preditiva e se baseando em técnicas de manutenção modernas,

como o teste eletromagnético e a aplicação de graxa sob pressão, e em normas

internacionais, como a ISO 4309. Porém, antes de alcançar o objetivo de realização de

um plano de manutenção, a introdução ao ativo se fez necessária, analisando os aspectos

técnicos desta categoria (características, construção, especificação, etc.), assim como uma

apresentação dos tipos de manutenção passíveis de serem aplicados.

Resumidamente, a empresa, que antes não possuía um procedimento de manutenção

voltado para cabos de aço, com critérios bem definidos. Após o que foi mostrado nesse

trabalho, seu objetivo principal de elaboração de um plano de manutenção foi atingido,

conforme mostrado no capítulo 5.

Já os capítulos anteriores serviram como um guia introdutório para cabos de aço. Logo,

este trabalho também é uma espécie de guia de bolso de cabos de aço. O desenvolvimento

de outros planos de manutenção, seja para cabos ou outros tipos de equipamento, pode

ser baseado.

6.2 Sugestões para Trabalhos Futuros

Os próximos trabalhos sobre este tema, como sugestão, devem focar no acompanhamento

da vida útil de um cabo de aço, até seu descarte, pois sabemos que um plano de

80
manutenção pode ser revisado para se adequar a novos cenários, novas necessidades de

uso e surgimento de novas normas ou legislação. Pode-se avaliar a implementação das

sugestões descritas na subseção 5.4.2, ou se houve extensão da vida útil do cabo de aço,

após estudo mencionado na seção 5.6, e quais foram os motivos que apoiaram essa

decisão, com o objetivo de rever o descarte automático definido em 3 anos e em 6 anos

para as Categorias I e II respectivamente.

Outro ponto interessante a ser estudado é o acompanhamento da vida útil do cabo a partir

dos seus dados de operação e a adaptação do plano de manutenção a tais informações, a

partir da coleta de dados reais como comprimento utilizado, carga de trabalho, tempo de

utilização, entre outros parâmetros pode-se desenvolver um plano de manutenção mais

apurado. Além do exposto anteriormente, é interessante estender o plano de manutenção

aos acessórios de um cabo e aço, como tambores, polias, olhais, etc., ou seja, ao conjunto

de içamento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Mecânica, UFRJ, 2009.

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ESTADUAL DE SANTA CATARINA – UDESC. “Apostila Elementos de

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INMETRO. “Anexo da Portaria Nº 181/2013”. Disponível em: <

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[9] ARI CABOS. “Como medir um cabo de aço”. Disponível em: <

http://www.aricabos.com.br/blog/como-medir-um-cabo-de-aco/ >. Acesso em: 02

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operações integradas, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo,

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[14] MINISTÉRIO DO TRABALHO. “Normas Regulamentadoras”. Disponível em:

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regulamentadoras >. Acesso em: 25 ago. 2018, 15:25:00.

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segurança operacional de sistemas submarinos (SGSS)”. Disponível em: <

http://www.anp.gov.br/exploracao-e-producao-de-oleo-e-gas/seguranca-

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orientacoes/gerenciamento-de-seguranca-operacional-de-sistemas-submarinos-sgss

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[16] MBA-ENGEMAN. Notas de aula, 2014.

83
[17] HUISMAN. User Manual Steel Wire Rope. 2014

[18] INTERNATIONAL MARINE CONTRACTORS ASSOCIATION. IMCA SEL

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[19] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO

4309:2010, Guindastes - Cabo de Aço - Critérios de Inspeção e Descarte, 2010.

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mean to provide safety and cost savings. 2016.

[21] L. COLLINIA, F. DEGASPERIB. MRT detection of fretting fatigue cracks in a

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[22] GLOBAL ENERGY GROUP. Wire Rope Socketing, 2016.

[23] TECHNIPFMC. “Our Fleet”. Disponível em: < https://www.technipfmc.com/en

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Disponível em: < https://www.offshore-

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[26] ROYAL IHC. “Abandonment and recovery winches”. Disponível em: <

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and-reels/a_r-winch >. Acesso em: 26 ago. 2018, 16:05:00.

84
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO

2408:2008, Cabos de aço para uso geral - Requisitos mínimos, 2008.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO

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PINTO, Alan Kardec; XAVIER, Júlio Nassif. Manutenção: função estratégica.

Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998

MOUBRAY, John. Reliability-Centered Maintenance. 2ª Edição, Editora

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“Convenção internacional para salvaguarda da vida humana no mar”. Disponível

em : < https://www.ccaimo.mar.mil.br/sites/default/files/solas_indice-

2014_2.pdf >. Acesso em: 24 ago. 2018.

85
ANEXO A – RELATÓRIO DE RETERMINAÇÃO

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