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1.

Introdução
Por definição, coberta significa “o que serve para cobrir ou
envolver”, e é essa a função que esse elemento construtivo vem
desenvolvendo desde o seu surgimento. Antigamente, era
considerado como coberta qualquer elemento que protegesse o
interior da edificação pela sobreposição de qualquer material que
simplesmente fechasse o ambiente em sentido vertical. Hoje em dia,
a coberta, mais usualmente denominada telhado, se compõe de três
elementos:

• A estrutura, elemento que apoio da cobertura.

• Cobertura, elemento de proteção.

• Condutores, que são necessários para o escoamento


conveniente das águas da chuva.

Sendo assim, é objetivo desde relatório abordar este assunto,


realizando uma

explanação geral, e ramificando-se em duas partes principais. A


primeira trata da estrutura do telhado, de como este pode se compor
por diversas peças com função estrutural, abordando também a
funcionalidade dos condutores. Nesta parte, serão comentados os
materiais utilizados, as dimensões que geralmente são empregadas
nas peças, abrangendo o conteúdo de um telhado comum. Uma
segunda parte trata da cobertura como elemento de cobrimento e
proteção, sobre a utilização dos mais diversos materiais, da cobertura
mais comum de telhas cerâmicas comuns, até as coberturas vegetais
mais rústicas, dando uma abordagem mais estética.

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2. Estrutura
O telhado é composto geralmente por elementos metálicos e de
madeira, em sua maioria, normatizados.

A madeira usada geralmente é a peroba, e o material tem que


atender certas características físicas e mecânicas, tais como
resistência à compressão adequadas, à um grau de umidade, e
módulo de ruptura à tração superior à valores normatizados. Algumas
espécies de madeira indicadas para a estrutura de telhado são
divididas em três categorias, classificadas de acordo com as suas
características mecânicas, e alguns exemplos são: Pau cepilho, Pau
marfim, Sucupira Amarela, Anjico preto, Guaratá e Taiuva. As
madeiras geralmente são padronizadas em bitolas comerciais, e para
bitolas diferentes ou comprimentos maiores, o preço da peça
aumenta. Vigas de madeira geralmente têm dimensões 6x12cm ou
6x16cm, com comprimento variável, de 2,5m a 5m, por exemplo. Os
elementos metálicos utilizados, geralmente são pregos, parafusos, e
chapas de aço para os estribos e presilhas.

A estrutura consiste em duas principais partes, que são a


armação e a trama. A armação é a parte estrutural, constituída pelas
tesouras, cantoneiras, escoras, etc. Já a trama é o quadriculado
constituído de terças, caibros e ripas, que se apóiam sobre a
armação, e servem de apoio às telhas.

Figura 1 – Estrutura de um telhado

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A armação é guiada por um elemento principal, chamado de
tesoura, como representado na figura 1. Trata-se de uma estrutura
plana vertical que recebe cargas paralelamente ao seu plano,
transmitindo-a aos seus apoios, que é altamente eficiente para
vencer vãos sem apoios intermediários

Figura 2 – Seção longitudinal de uma tesoura

Como se vê na figura 2, a tesoura é composta por várias


estruturas, que garantem que o peso do telhado seja distribuído e
que este tenha a maior estabilidade possível. Esses elementos são:

o Frechal: peça colocada sobre a parede e sob a tesoura, pra


distribuir a carga do telhado;

o Perna: Peças de sustentação da terça, indo do ponto de apoio


da tesoura do telhado ao cume;

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o Linha: Peça que corre ao longo da parte inferior da tesoura e vai
de apoio a apoio;

o Estribo: São ferragens que garantem a união entre as peças das


tesouras;

o Pendural e tirante: Peças que ligam a linha à perna e se


encontram em posição perpendicular ao plano da linha.
Denomina-se pendural quando a sua posição é no cume, e nos
demais, chama-se tirante;

o Asnas e escoras: São peças de ligação entre a linha e a perna.


Denomina-se asna a que sai do pé do pendural, e às demais,
denomina-se escora.

No caso de grandes vãos, onde haja a necessidade de mais de


uma tesoura, estas devem ser contraventadas com mãos francesas e
diagonais na linha da cumeeira, como na figura 3.

Figura 3 – Contraventamento das tesouras simples

Depois da estrutura base – a tesoura – vem a trama, onde os


elementos são postos geralmente em direção transversal ao anterior
que lhe fornece apoio. A primeira peça a ser posicionada depois da
tesoura são as terças, servindo de apoio para os caibros, e este,
sucessivamente, para as ripas, que servirão de apoio final para a
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cobertura, onde o material mais utilizado é a telha cerâmica comum.
Cada um dos elementos tem funções e especificações técnicas
próprias, como será abordado a seguir.

Figura 4 – Estrutura e trama

o Terças: São peças horizontais colocadas em direção


perpendicular às tesouras e recebem o nome de cumeeira
quando colocadas na parte mais alta do telhado (cume), e
contra frechal na parte baixa. Apóiam-se sobre as tesouras
consecutivas e pontaletes, e suas bitolas dependem do espaço
entre elas (vão livre entre tesouras), do tipo de madeira e da
telha empregada.

Figura 5 – Classificação das terças segundo a sua posição

o Caibros: São paralelos às tesouras, e inclinados, sendo seu


declive determinante do caimento do telhado. Sua bitola varia
em função do espaçamento das terças, do tipo de madeira e de
telha. São colocados com uma distância máxima de 0,50m de
eixo a eixo, para que se possa posicionar as ripas.

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o Ripas: São empregadas perpendicularmente aos caibros, e
geralmente são encontradas com seções de 1,0x5,0 cm. O
espaçamento entre ripas depende da telha utilizada, e estas
são colocadas na direção do beiral para a cumeeira.

Um telhado também pode ser construído sem o uso de tesouras,


utilizando-se para isso, o apoio das terças em estrutura de concreto
ou pontaletes.

Além dessa classificação funcional, os telhados também são


classificados de acordo com o número de águas que o compõem,
podendo ter de uma até múltiplas águas. Essas águas são divididas
por linhas (vincos) que conferem ao telhado as diversas formas. As
principais linhas são a cumeeira, parte mais alta do telhado onde se
encontram as águas, os espigões, interseções inclinadas de águas, e
os rincões, canal inclinado formado por duas águas.

Figura 6 – Linhas do telhado

O telhado com uma só água se caracteriza pela definição de


somente uma superfície plana com declividade, para cobrir uma
pequena área edificada ou para proteger entradas ou varandas. Já o
telhado com duas águas carateriza-se pela definição de duas
superfícies planas, com declividades iguais ou distintas, unidas por
uma linha central denominada cumeeira ou distanciadas por uma

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elevação. O fechamento da frente e fundo é feita com elementos
chamados “oitões”. O com três águas é geralmente utilizado como
solução de cobertura de edificações de áreas triangulares, e o telhado
com quatro águas, caracteriza-se por coberturas de edificações
quadriláteras, de formas regulares ou irregulares.

Figura 7 – Tipos de traçado de telhados

Os telhados podem contar, ainda, com complementos com funções


próprias, como beirais, platibandas e sistemas de captação de água.
Este primeiro consiste na parte do telhado que avança além dos
alinhamentos das paredes externas, com extensão mais comum de
0,60 à 0,80 m, tendo serventia quando se deseja criar uma área
coberta não cercada por alvenaria, como se fosse um alpendre, e
também para barrar a luz do sol, que em algumas horas do dia é
considerada inconveniente. Já a platibanda é um recurso que se
utiliza quando se quer esconder o telhado de uma edificação.
Consiste em peças executadas em alvenaria que ultrapassam
verticalmente a altura do telhado.

Os sistemas de captação de água são formados por condutores e


coletores. Os condutores são as canalizações verticais que
transportam as águas coletadas pelas calhas e pelas águas furtadas
aos coletores, podendo ser de chapas galvanizadas ou de PVC, e ter
diâmetro mínimo de 75mm. Os rincões do próprio telhado, servem de
encaminhamento para o escoamento da água. Devem ser usados

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calhas, rufos – nas situações onde se tem platibanda – a fim de
realizar o escoamento das águas pluviais com maior eficácia.

3.Cobertura
Existem diversas opções de materiais para coberturas. A
especificação depende do projeto, do custo, do clima.
As telhas cerâmicas são geralmente as mais utilizadas em obras
residenciais, tendo seu início com a preparação da argila. Consiste na
mistura de várias argilas, passando depois por uma moagem e por
uma refinação, onde o pó se transforma em massa homogênea e sem
impurezas. Então, a massa passa por prensas de moldagem, e é
levada para a secagem, indo para a queima logo após. Geralmente, o
cobrimento é feito do beiral para a cumeeira.
Cada tipo de telha exige, de acordo com o respectivo
fabricante, uma inclinação determinada. Na maioria das vezes, fica à
vontade do projetista determinar essa inclinação do telhado, porém,
muitas vezes não se respeita a normatização, seja na execução ou no
projeto em si.
Além da inclinação, geralmente se tem um propósito ao
escolher um tipo de telha. A Termoplan, por exemplo, tem dupla
camada para alcançar um isolamento térmico e de umidade.

Tabela 1 – Tipos de telhas cerâmicas e suas devidas inclinações


Telha Nome Dimensões Inclinaçã
o

Telha 40 cm comp. 33%


Francesa 24 cm largura

Telha 46 cm x 18 cm 25%
Paulista

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Telha tipo 46 cm x 18 cm De 20 a
Plan 25%

Telha 46 cm x 38 cm
Romana (capa e canal 30%
juntos)

Telha 46 cm x 38 cm 30%
portugues (capa e canal
a juntos)

Telha
Germânica 30 telhas por m² 45%

Termoplan 45 cm x 21,5 cm 30 %

Além das telhas cerâmicas, podem-se usar também outros


materiais, como a chapa de aço zincado. Encontra-se esse material
em perfis ondulados, trapezoidais e especiais, e podem ser obtidas
em cores, com pintura eletrostática, o que foge ao padrão. Permitem
executar cobertura com pequenas inclinações e podem ser fornecidas
com aderência na face inferior de poliestireno expandido para a
redução térmica de calor.

Outra alternativa são as telhas autoportantes, executadas com


chapas metálicas ou concreto protendido, em perfis especiais para
vencer grandes vãos, variando de 10 a 30 metros, em coberturas
planas e arcadas, sem a existência de estrutura de apoio. Geralmente
estas são utilizadas em construções de galpões industriais, agrícolas,
esportivos, hangares, etc.

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As telhas de alumínio, são feitas de material mais leve, porém
de maior custo, fornecidas em perfis ondulados e trapezoidais. São
eficazes na reflexão de irradiações solares, sendo um fator de 60%,
mantendo o conforto térmico sob a cobertura, além de serem
resistentes e duráveis.

As telhas plásticas são fornecidas em chapas onduladas e


trapezoidais, translúcidas e opacas, de PVC ou poliéster e em cores.
Já as telhas de vidro têm formato semelhante ao das telhas
cerâmicas, sendo utilizadas para proporcionar uma maior iluminação
zenital.

As telhas de fibrocimento são fabricadas com cimento Portland


e fibras de amianto, sob pressão, e são incombustíveis, leves,
resistentes e de grande durabilidade. São de fácil instalação,
existindo peças de concordância e acabamento, e exigindo estrutura
de apoio de pouco volume. Fornecidas em perfis variados, são
também autoportantes.

As telhas de chapas compensadas e aluminizadas são feitas


com lâminas de madeira compensada, coladas a alta pressão, são
consideradas incombustíveis. Possuem alta resistência mecânica,
suportando o peso de até cinco pessoas. Refletem os raios solares,
permitindo temperaturas interiores mais baixas.

As telhas de concreto são produzidas com traço especial de


concreto leve, proporcionando um telhado com 10,5 telhas por metro
quadrado e peso de 50kg/m². Vêm em perfis variados com textura em
cores obtidas pela aplicação de camada de verniz especial de base
polímero acrílica, e suas peças possuem alta resistência.

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Existem também chapas de policarbonato, apresentadas em
chapas compactas (tipo vidro) ou alveolares, transparentes ou
translúcidas, em cores, praticamente inquebráveis (resistência
superior ao do vidro em 250 vezes), de baixa densidade, resistentes a
raios ultra-violeta, flexíveis, e de material auto extinguível, não
gerando gases tóxicos quando submetido a ação do fogo. Podem ser
instaladas em qualquer tipo de perfil, desde que tenham uma boa
área de apoio e folga para dilatação térmica.

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Por último, mas não menos importante, têm-se as coberturas
naturais. Com o estilo de vida atual, a sociedade está fazendo uso da
arquitetura para estabelecer um contato mais próximo com a
natureza. Optar por um revestimento natural para o telhado é uma
forma de integrar a construção à natureza. Para obter um bom
resultado, recomenda-se o uso de fibras tradicionais, como o sapé, a
palha de santa fé, a piaçava e a palha de coqueiro. Pode parecer,
porém, que esse tipo de cobertura tão primitiva realmente não seja
capaz de proteger contra a ação da chuva, vento e do sol. Entretanto,
ela mostra excelentes qualidades como isolante térmico e acústico. A
água da chuva também não chega ao ambiente, desde que a
estrutura do telhado tenha declividade mínima em torno de 30º.
Uma das desvantagens da cobertura natural é o seu tempo de
vida, em média de três a quinze anos. Nos centros urbanos, este fator
é agravado pela poluição, obrigando a trocas mais freqüentes da
fibra. Deve-se estar atendo ainda quanto à proliferação de insetos
como baratas, aranhas e cupins, e tratam-se de fibras inflamáveis, ou
seja, com maior risco de incêndio do que as coberturas com telhas
comuns. A solução para este problema já existe, se tratando da
instalação de dispositivos para irrigação que mantém a fibra úmida,
retardando a ação do fogo.
A piaçava, uma das fibras utilizadas, se origina no Nordeste, e é
colhida logo que amadurece. A parte mais grossa é aproveitada para
produzir vassouras e o restante é usado na confecção de coberturas.
É trançada em ripas de madeira, presas em caibros a uma distância
de 17 cm uma das outras. A sobreposição das ripas compõe o visual
interno da casa. Do lado de fora, a piaçava é penteada e fica lisa. A
espessura final é de 8 a 10 cm. Para cada 10 m² de cobertura, são
necessários 100m de piaçava, e o tempo médio de vida é de dez a
doze anos.
Já a palha de Santa Fé, é encontrada nos estados de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, e proporciona a aparência de uma
massa compacta e flexível. A palha é arranjada em feixes de 30 cm

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de comprimento, posteriormente presos com arame a ripas de 2,5 x
2,5cm. Por sua vez, elas são pregadas aos caibros e separadas 20 cm
uma das outras. A espessura final da cobertura é de 20 cm. Quarenta
feixes de 10 cm de diâmetro cobrem 1m² e proporcionam uma
durabilidade de dez a quinze anos.
É natural de encostas e mais fácil de ser encontrado o Sapé.
Para compor a cobertura, os feixes de sapé são amarrados com
arame ao ripamento já pregado em caibros. O efeito externo é
semelhante ao da piaçava, com espessura de 10 a 15cm. Cada metro
quadrado requer trinta feixes de sapé com 10cm de diâmetro. Sua
vida útil é de aproximadamente três anos.
A palha de coqueiro é nativa dos estados do Norte e Nordeste, e
essa folha deve ser dobrada e presa nos caibros com arames ou
pregos, formando uma estrutura que lembra um pente. Os pentes são
sobrepostos um ao outro por cima da cobertura de madeira, a partir
das bordas. A durabilidade deste material está na faixa de dois a
quatro anos.
Existem ainda os incomuns telhados de grama - esse tipo de
telhado oferece bom isolamento térmico em custa muito pouco, exige
apenas a mão-de-obra de um dia de trabalho. O clima ideal para esse
tipo de cobertura é o clima tropical.
Primeiro construímos a estrutura de madeira e bambu com uma
inclinação mínima de 1:10. Para telhados com inclinação bem maior,
é bom usar bambus de espessuras variáveis formando uma base
ondulada, evitando que a grama deslize. Pode-se ainda utilizar
bambus na direção contrária aos demais ou tela de galinheiro,
adquirindo assim uma inclinação bem maior. Prega-se uma tabua na
vertical e coloca-se um plástico, para evitar infiltrações da água da
chuva, fixado com uma ripa pregada nas tábuas do beiral. Ao longo
da tábua, na parte mais baixa do telhado, coloca-se um tubo, furado a
cada 20 cm, para drenar a água da chuva; cobre-se esse tubo com
brita para que não se entupam os furos da drenagem. Em seguida,
cobre-se toda a cobertura com placas de grama. Pode-se ainda

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plantar flores coloridas para dar um aspecto mais agradável, tomando
o cuidado de escolher gramas e plantas que resistam em pouca terra.
Em regiões aonde existam épocas de seca é recomendado deixarmos
uma mangueira perfurada instalada na parte mais alta do telhado
para regar.

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4.Conclusão

Para se fazer uma coberta, precisa-se seguir as etapas descritas.


Para que se obtenha os melhores resultados, é de fundamental
importância se conhecer cada um dos materiais com que se está
trabalhando, sendo objetivo deste relatório introduzir conceitos
básicos sobre cada uma das partes do telhado: a estrutura, e a
coberta em si.
Foi apresentada uma idéia geral sobre uma estrutura comum de
telhados, dando ênfase nas alternativas existentes de cobertura,
mostrando as formas, as características, tais como vida útil,
dimensões, etc. Tudo isso serve para mostrar que existem muitas
alternativas, quando se fala de cobertura, seja ela natural, para dar
ares rústicos à edificação, seja ela uma cobertura comum de telhas
cerâmicas.

5. Referências Bibliográficas

BAUER, L. A ,Falcão. Materiais de Construção. Editora Pini. São Paulo 1995

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COBERTURAS NATURAIS. Disponível em:
< http://sustentacomuni.blogspot.com/2009/09/coberturas-naturais.html>.
Acesso em 12 jul. 2010.

MILITO, J.A. Técnicas de Construção Civil e Construção de Edifícios. Disponível


em:
<http://www.ecivilnet.com/apostilas/apostilas_construcao_de_edificios.htm>.
Acesso em 11 jul. 2010.

REGO, N.V.A. Tecnologia das construções. Rio de Janeiro: Ao


Livro Técnico, 2005.

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