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Aspectos Neurológicos

de Aprendizagem
No Brasil, em torno de 40% das crianças na escola apresentam dificuldades no
processo de aprendizagem escolar. A grande maioria desta cifra decorre de
insuficiências do ambiente pedagógico, falta de infraestrutura, baixo nível de
capacidade didática do professor, problemas emocionais ou por questões culturais e
incoerências curriculares. Uma parte destas crianças, porém, podem não conseguir
aprender adequadamente por motivos internos, intrínsecos, oriundos, de uma
disfunção cognitiva específica que nada tem a ver com o ambiente em sua volta, mas
definido por inadequado funcionamento cerebral que afeta sua capacidade de
absorver e memorizar aprendizagens que dependam do acesso fluente à leitura, à
escrita e à habilidade matemática. São os Distúrbios ou Transtornos de
Aprendizagem.
Esta condição não tem forma física e não costuma levar a alterações em exames
médicos, fazendo com que sua identificação seja difícil e subestimada em muitas
crianças portadoras. Afetam aspectos pontuais do desenvolvimento infantil e do seu
comportamento, especialmente em tarefas que exigem percepção e memória e estes
surgem mais contundentes na fase pré-escolar e escolar. Muitas vezes, os
professores consideram estes sinais normais e “no tempo da criança”, pois não
existem em nosso país mecanismos na área educacional que sustentem o conceito
de “etapas normais de aprendizagem escolar” desprezando quaisquer parâmetros.
Este contexto desestimula a sua identificação e o diagnóstico muitas vezes só será
cogitado e, por extensão, confirmado no período final do Fundamental I ou no início
do Fundamental II.
Atualmente, nas classificações de transtornos mentais, os Transtornos de
Aprendizagem são enquadrados como um transtorno de desenvolvimento, isto é,
que aparece na fase de desenvolvimento neuropsicomotor e modifica aquisições de
determinadas habilidades cognitivas de linguagem e de percepções visuais, espaciais
e auditivas levando a problemas significativos de aprendizagem dos símbolos gráficos
sem, no entanto, prejudicar a capacidade intelectual/inteligência. Sempre devemos
suspeitar de sua existência quando uma criança ou adolescente inteligente e
autônomo em seu cotidiano não consegue manter o mesmo nível de aquisição de
aprendizagem na escola ano a ano em comparação com seu potencial e com a turma
que o cerca. Dificuldades na memorização de sequências de números, de dados de
leitura, de figuras espacialmente dispostas e a percepção inadequada da forma e do
som das letras em idade que não se admite e tendo esta criança em estimulação
escolar adequada desde tenra idade, podem ser um valioso sinal de alerta.
Por ser uma criança com potencial intelectual preservado (e até acima do normal),
esta fica ansiosa, estressada, com baixa auto-estima e com a sensação frequente de
frustração e incompreensão com os paradoxais resultados de sua aprendizagem, pois
fora da escola ela tem uma performance normal. As cobranças da família se
avolumam a cada bimestre, tanto direcionadas para o filho quanto para a sua escola,
a qual é colocada em xeque e no centro de constante desconfiança e conflito a cada
reunião de pais com professores. A incompreensão acerca do que está acontecendo
gera discussões, ameaças e uma fratura na relação dos educadores com a família.
Portanto, frente a este panorama, a escola e a família devem prontamente buscar
avaliação interdisciplinar. Esta criança deve ser encaminhada para uma sequência de
avaliações com diversos profissionais de áreas afins (psicólogos, fonoaudiólogos,
psicopedagogos e médicos especializados) com o intuito de analisar profundamente
seu quadro – embasado em manejo clínico e desenvolvimental – com aplicação de
testes específicos para interpretar melhor seus déficits cognitivos, na linguagem e nos
processos perceptivos e de memória em direção a um diagnóstico definitivo.
Fonte :Neurosaber

AMBIENTE. COMPORTAMENTO. CRENÇAS & VALORES. CAPACIDADES.


IDENTIDADE. SISTEMA. Alinhamento. Alinhamento. Organização. Indivíduo.

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