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Agora eu vou cantar pros miseráveis

Que vagam pelo mundo derrotados


Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas
Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

Pra quem vê a luz


Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia

Pra quem não sabe amar


Fica esperando alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada

Vamos pedir piedade


Senhor, piedade!
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade!
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

Quero cantar só para as pessoas fracas


Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça
Vamos pedir piedade
Pois há…
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?

A gente não quer só comida


A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte

A gente não quer só comida


A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer

Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?

A gente não quer só comer


A gente quer comer
E quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Pra aliviar a dor

A gente não quer


Só dinheiro
A gente quer dinheiro
E felicidade
A gente não quer
Só dinheiro
A gente quer inteiro
E não pela metade

Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?

A gente não quer só comida


A gente…
Bm C Bm C
Quantos aqui ouvem os olhos eram de fé
Am Am/G Em
Quantos elementos amam aquela mulher
G D Em
Quantos homens eram inverno outros verão
F Em
Outonos caindo secos no solo da minha mão
Bm C Bm C
Gemeram entre cabeças a ponta do esporão
Am Am/G Em
A folha do não-me-toque e o medo da solidão
G D Em
Veneno meu companheiro desata no cantador
F Em
E desemboca no primeiro açude do meu amor
D
É quando o tempo sacode a cabeleira
Em
A trança toda vermelha

D D#º Em
Um olho cego vagueia procurando por um

( Bm C )

Bm C Bm C
Quantos aqui ouvem os olhos eram de fé
Am Am/G Em
Quantos elementos amam aquela mulher
G D Em
Quantos homens eram inverno outros verão
F Em
Outonos caindo secos no solo da minha mão
Bm C Bm C
Gemeram entre cabeças a ponta do esporão
Am Am/G Em
A folha do não-me-toque e o medo da solidão
G D Em
Veneno meu companheiro desata no cantador
F Em
E desemboca no primeiro açude do meu amor
D
É quando o tempo sacode a cabeleira
Em
A trança toda vermelha
D D#º Em
Um olho cego vagueia procurando por um
D
É quando o tempo sacode a cabeleira
Em
A trança toda vermelha
D D#º Em
Um olho cego vagueia procurando por um
Por que vocês não sabem
Do lixo ocidental?
Não precisam mais temer
Não precisam da solidão
Todo dia é dia de viver

Por que você não verá


Meu lado ocidental?
Não precisa medo não
Não precisa da timidez
Todo dia é dia de viver

Eu sou da América do Sul


Eu sei, vocês não vão saber
Mas agora sou cowboy
Sou do ouro, eu sou vocês
Sou do mundo, sou Minas Gerais

Por que vocês não sabem


Do lixo ocidental?
Não precisam mais temer
Não precisam da solidão
Todo dia é dia de viver

Eu sou da América do Sul


Eu sei,…
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais
Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais

Será que nunca faremos senão confirmar


A incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?

Será, será que será que será que será


Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos?

Enquanto os homens exercem seus podres poderes


Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval

Queria querer cantar afinado com Ellis


Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau

Ou então…
De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato

É a rainha dos detentos


Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato

E também vai amiúde


Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir

Ela é um poço de bondade


E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni!
Joga pedra na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!

Um dia surgiu, brilhante


Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim

Pairou sobre os edifícios


Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim

A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geleia

Mas do zepelim gigante


Desceu o seu comandante
Dizendo: "Mudei de ideia!"

Quando vi nesta cidade


Tanto horror e iniquidade
Resolvi tudo explodir

Mas posso evitar o drama


Se aquela formosa dama
Esta noite me servir
Essa dama era Geni!
Mas não pode ser Geni!
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni!

Mas de fato, logo ela


Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro

O guerreiro tão vistoso


Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro

Acontece que a donzela


(E isso era segredo dela)
Também tinha seus caprichos

E ao deitar com homem tão nobre


Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia

A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão

Vai com ele, vai, Geni!


Vai com ele, vai, Geni!
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni!

Foram tantos os pedidos


Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco

Nessa noite lancinante


Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco

Ele fez tanta sujeira


Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado

E nem bem amanhecia


Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir

Mas logo raiou o dia


E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir

Joga pedra na Geni!


Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!

Joga pedra na Geni!


Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!
Eis aqui este sambinha feito numa nota só
Outras notas vão entrar mas a base é uma só

Esta outra é conseqüência do que acabo de dizer


Como eu sou a conseqüência inevitável de você
Quanta gente existe por aí que fala tanto e não diz nada
Ou quase nada

Já me utilizei de toda a escala e no final não sobrou nada, não deu em


nada

E voltei pra minha nota como eu volto pra você


Vou contar com a minha nota como eu gosto de você

E quem quer todas as notas: Ré, mi, fá, sol, lá, si, dó
Fica sempre sem nenhuma
Fique numa nota só

E quem quer todas as notas: Ré, mi, fá, sol, lá, si, dó
Fica sempre sem nenhuma
Fique numa nota só
Tô bem de baixo prá poder subir
Tô bem de cima prá poder cair

Tô dividindo prá poder sobrar


Desperdiçando prá poder faltar

Devagarinho prá poder caber


Bem de leve prá não perdoar

Tô estudando prá saber ignorar


Eu tô aqui comendo para vomitar
Eu tô te explicando
Prá te confundir
Eu tô te confundindo
Prá te esclarecer

Tô iluminado
Prá poder cegar
Tô ficando cego
Prá poder guiar

Suavemente prá poder rasgar


Olho fechado prá te ver melhor

Com alegria prá poder chorar


Desesperado prá ter paciência

Carinhoso prá poder ferir


Lentamente prá não atrasar

Atrás da vida prá poder morrer


Eu tô me despedindo prá poder voltar

Eu tô te explicando
Prá te confundir
Eu tô te confundindo
Prá te esclarecer

Tô iluminado
Prá poder cegar
Tô ficando cego
Prá poder guiar

Te pego na escola
E encho a tua bola
Com todo o meu amor
Te levo pra festa
E testo o teu sexo
Com are de professor
Faço promessas malucas
Tão curtas quanto um sonho bom
Se eu te escondo a verdade, baby
É pra te proteger da solidão

Faz parte do meu show


Faz parte do meu show, meu amor

Confundo as tuas coxas


Com as de outras moças
Te mostro toda a dor
Te faço um filho
Te dou outra vida
Pra te mostrar quem sou

Vago na lua deserta


Das pedras do Arpoador
Digo "alô" ao inimigo
Encontro um abrigo
No peito do meu traidor

Faz parte…

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