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UE 3 – Parte I

Imperfeições em Sólidos

Disciplina: Ciência dos Materiais


Docente: Cleyla Calheiros
Conteúdo UE 3:
• Defeitos Pontuais:
• Lacunas e Auto-intersticiais;

• Impurezas em Sólidos; Parte II

• Imperfeições Diversas: Difusão Atômica


• Discordância e Defeitos Interfaciais;

• Defeitos Volumétricos;

• Vibrações Atômicas.
As Propriedades → influenciadas
pela presença de imperfeições.

Importante o conhecimento das


imperfeições e os papéis que elas
desempenham → afetar o
comportamento dos materiais.

Figura1: Silício, a seta aponta para um átomo


de Silício que foi removido. Esse sítio onde
está faltando um átomo corresponde a um
defeito do tipo lacuna. (ampliação de
20.000.000x)
Defeitos Pontuais: Lacuna e Auto-intersticial
LACUNA (Ou um sítio vago na rede
cristalina)

• Todos os sólidos cristalinos contém Auto-intersticial

lacunas. vazio

• A necessidade da existência de lacunas é


explicada pela termodinâmica:
• A presença de Lacunas aumenta a
Entropia do Cristal (i.e., aleatoriedade).
• O número de lacunas em equilíbrio Nl para uma dada quantidade de
material depende:
• Da Temperatura.
Energia necessária
Número total de sítios atômicos para formação de uma
lacuna
𝑁𝐴 𝜌
𝑁= 𝑄𝑙
𝐴𝐸𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑁𝑙 = Nexp − Temperatura Absoluta
𝑘𝑇 (Kelvin - K)
Onde:
NA – Número de Avogadro =
Constante dos Gases (Constante
6,023*1023 átomos /mol Dependente das
de Boltzmann):
ρ – Massa específica. unidade de Ql.
1,38*10-23 J/átomo-K
A – peso atômico do elemento
8,62*10-5eV/átomo-K
• O número de lacunas em equilíbrio Nl para uma dada quantidade de
material depende:
• Da Temperatura.

𝑄𝑙
𝑁𝑙 = Nexp −
𝑘𝑇
• Para a maioria dos Metais:

A relação de lacunas Nl/N


vazio

Condições:
• Ocasionado por processo de
cristalização imperfeito durante a
solidificação de um cristal.

• Temperatura abaixo da sua


temperatura de fusão é da ordem de
10-4
Significa:
• Um sítio em cada 10.000 sítios da
rede estará vazio.
• Exemplo 1- Cálculo do número de lacunas a uma temperatura específica.

• Calcule o número de lacunas em equilíbrio, por metro cúbico de cobre, a


1.000°C. A energia para a formação de uma lacuna é de 0,9 eV/átomo; o peso
atômico e a massa específica (a 1.000°C) para o cobre são de 63,5 g/mol e 8,4
g/cm³, respectivamente. R: N = 2,2*1025 lacunas/m³
l
𝑄𝑙
Dados: 𝑁𝑙 = Nexp −
𝑘𝑇
Nl = ? (lacunas/m³)
T = 1000°C
Ql = 0,9 eV/átomo 𝑁𝐴 𝜌
𝑁=
ACu = 63,5 g/mol 𝐴𝐶𝑢
ρ = 8,4 g/cm³

NA – Número de Avogadro = 6,023*1023 átomos /mol


AUTO-INTERSTICIAL
• Consiste em um átomo do cristal que se encontra comprimido em um
sítio intersticial.

• Nos Metais, um auto-intersticial introduz distorções relativamente


grandes na sua vizinhança na rede.

• O átomo é substancialmente maior que o


espaço em que ele ocupa.

• A formação desses defeitos não é muito


provável e ele existe em concentrações
muito reduzidas.

AUTO-INTERSTICIAL
Impurezas nos Sólidos
• Impurezas ou átomos diferentes estarão sempre presentes nos metais
e alguns irão existir como defeitos pontuais no cristal.

• A obtenção de um metal puro requer maior refino elevando o custo de


obtenção do metal.

• Os metais mais familiares não são altamente puros; em vez disso, eles
são ligas, onde átomos de impurezas foram adicionados
intencionalmente para conferir características específicas ao material.
• Resistência mecânica
• Resistência a corrosão
• Aumentar a condutividade elétrica
• Exemplos:

 O Latão (70% Cobre / 30% Zinco) é muito mais duro e resistente que o
cobre puro.

 A Prata pura é resistente a corrosão e


muito macias;

 A Prata de lei (92,5% prata / 7,5% de


cobre) é mais dura sem perder a
resistência a corrosão.

Prata Sterling
• A adição de átomos de impurezas a um metal irá resultar na formação
de uma SOLUÇÃO SÓLIDA (Liga metálica).

• Em relação as ligas os termos SOLUTO e SOLVENTE são comumente


empregados.

• Solvente (Matriz) – representa o elemento ou composto que está


presente em maior quantidade (também chamado de átomos
hospedeiros);
• Soluto (Elemento de liga) – é usado para indicar um elemento ou
composto que está presente em menor quantidade.
• SOLUÇÃO SÓLIDA

• Se forma quando, à medida que os átomos de soluto (↓) são


adicionados ao material hospedeiro (↑), a estrutura cristalina é mantida
e nenhuma nova estrutura é formada.
Analogia
Solução líquida (adição de açúcar ao café)

 Mistura homogênea As soluções sólidas


 Única fase também são
 Soluto (açúcar) homogêneas: os
 Solvente (café) átomos de impurezas
estão distribuídos de
forma aleatória e
uniformemente no
interior do sólido.
SOLUÇÃO SÓLIDA

• Defeitos pontuais de dois tipos:

• SUBSTITUCIONAL
• INTERSTICIAL

Substitucional – os átomos de soluto (ou átomos de impurezas) repõem ou


substituem átomos hospedeiros.
Intersticial – os átomos de soluto preenchem os espaços vazios entre os
átomos de solventes (hospedeiros).
Condições necessárias para a formação de uma solução sólida
substitucional:

 Fator do tamanho atômico: devem ser semelhantes com uma diferença


de no máximo ±15%;

 Estrutura cristalina: devem ser as mesmas para que a solubilidade sólida


seja apreciável;

 Eletronegatividade: semelhantes (átomos próximos);

 Valências: de preferencia um outro metal de maior valência (caso todos


os outros fatores sejam iguais).
EXEMPLO: Soluto – Ni (↓)
LIGA DE COBRE (Cu) E NÍQUEL (Ni) Solvente - Cu (↑)
Condições necessárias para a formação de uma solução sólida
intersticial:

 Diâmetro atômico da impureza: deve ser substancialmente menor do


que o átomo do hospedeiro;

 Concentração: máxima de átomos de impurezas intersticial abaixo de


10%;
EXEMPLO: Soluto – C (↓)
CARBONO (C) adicionado ao FERRO (Fe) Solvente - Fe (↑)

Propriedades C (Carbono) Fe (Ferro)


Raio atômico 0,124 nm 0,071 nm
Concentração máxima de Carbono = 2%
• Exemplo 2- Na tabela a seguir estão tabulados os raios atômicos, a estrutura
cristalina, a eletronegatividade e a valência mais comum para vários
elementos; para os ametais, apenas os raios atômicos estão indicados.

• Com quais desses elementos seria esperada a formação do seguinte tipo de


composto com o níquel:

a) Uma solução sólida com solubilidade completa?


b) Uma solução sólida intersticial?
a) Uma solução sólida com solubilidade completa?
b) Uma solução sólida intersticial?
Imperfeições Diversas: Discordâncias e Defeitos
interfaciais
Vetor de Burgers
DISCORDÂNCIAS – Defeitos Lineares
(ou unidimensional).

• No qual alguns dos átomos estão


desalinhados. Linha da
discordância
aresta
Tipos de Discordâncias:

• Discordância em linha ou discordância aresta: Uma porção extra de um


plano de átomos inserido numa estrutura de cristal.

• Discordância espiral ou discordância em hélice: Consequência da


tensão cisalhante que desloca uma distância atômica em relação à
outra porção do cristal.

• Discordância mista: exibe componentes de ambos os tipos citados


acima.
Tipos de Discordâncias: Discordância em linha ou discordância aresta
Representação da posição da
discordância.

̝(Superior) Vetor de Burgers A aresta termina no


interior do cristal!
̞(Inferior) Chamada algumas vezes
de linha de discordância

Linha da Átomos Acima: pressionados.


discordância aresta
Átomos Abaixo: afastados.
Tipos de Discordâncias: Discordância espiral ou discordância em
hélice

Vista de cima
Tipos de Discordâncias: Discordância espiral ou discordância em
hélice

Mista

Puramente aresta
Puramente espiral
Tipos de Discordâncias

• A magnitude e a direção da distorção da rede cristalina são expressas


em termos de um vetor - o vetor de Burgers “b”.

• A natureza de uma discordância (aresta, espiral ou mista) é definida


pelas orientações relativas da linha de discordância e do vetor de
Burgers.

Aresta: O vetor de Burgers (b) é


perpendicular a linha de discordância;
Espiral: O vetor de Burgers (b) é paralelo a
linha de discordância.

Técnicas de microscopia. Liga de


Titânio (linhas escuras –
discordâncias)
DEFEITOS INTERFACIAIS

• São contornos que possuem duas dimensões e que normalmente


separam regiões dos materiais que possuem estruturas cristalinas
diferentes.

Tipos:
• Superfícies externas;
• Contornos de grãos;
• Contornos de macla;
• Falhas de empilhamento;
• Contornos de fase.
DEFEITOS INTERFACIAIS: Superfícies externas

• Átomos da superfície não estão ligados ao número máximo de


vizinhos mais próximos e estão, portanto, num estado de maior
energia do que os átomos nas posições do interior.

Superfície
DEFEITOS INTERFACIAIS: Contorno de Grãos
Ângulo de desalinhamento

• Separa cristais com diferentes


orientações cristalográficas em Contorno
de grão de
materiais policristalinos. Existe alto ângulo
uma certo desajuste atômico Contorno
ao longo do qual existe uma de grão de
baixo
transição a partir da ângulo
orientação cristalina de um
grão para aquela de um grão
adjacente.
Ângulo de desalinhamento
DEFEITOS INTERFACIAIS: Contorno de Grãos

Material
policristalino
DEFEITOS INTERFACIAIS: Contorno de Grãos
• Contorno de grão de baixo ângulo – desalinhamento da orientação é
pequeno;
• Aresta – contorno de inclinação;
• Espiral – contorno de torção.

• Contorno de grão de alto ângulo –


átomos ligados de maneira menos
regular; estado de maior energia →
região quimicamente mais reativa →
segregação preferencial dos átomos
de impurezas.
DEFEITOS INTERFACIAIS: Contorno de Macla
• Um contorno de macla é um tipo especial de contorno de grão
através do qual existe uma simetria espelhada específica da rede
cristalina;

• As Maclas resultam de deslocamentos atômicos que são produzidos a


partir de forças mecânicas de cisalhamento (maclas de deformação) e
durante os tratamentos térmicos de recozimento após deformações
(maclas de recozimento).

Metal Estrutura CCC e HC – maclas de deformação;


Metal Estrutura CFC – maclas de recozimento.
DEFEITOS INTERFACIAIS: Contorno de Macla
• Um contorno de macla é um tipo especial de contorno de grão
através do qual existe uma simetria espelhada específica da rede
cristalina;
Defeitos Volumétricos
• Além dos defeitos citados até o
momento, há defeitos que são muito
maiores:

• OS POROS;
• AS TRINCAS;
• INCLUSÕES EXÓGENAS
• OUTRAS FASES.

Serão discutidas
durante o decorrer Vazios internos (Defeitos
das aulas! volumétricos) em lingote de
aço.
Vibrações Atômicas
• Todos os átomos presentes em um material sólido estão vibrando
muito rapidamente entorno de sua posição na rede dentro do
cristal;

• Muitas propriedades e processos nos sólidos são manifestações


desse movimento de vibração dos átomos.

• Por exemplo: a FUSÃO – ocorre quando as vibrações são


suficientemente vigorosas para romper grande número de ligações
atômicas.
Disciplina:

Ciência dos Materiais

Cleyla Calheiros

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