Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 Postulados
Pensando em probabilidade, a idéia básica da álgebra booleana é de utilizar
conceitos de álgebra para expressar questões de probabilidade ou de lógica.
Neste sentido o número 1 expressa o conceito lógico de verdadeiro ou o conceito
probabilı́stico (ou melhor, de teoria de conjuntos) de todo o espaço amostral,
o 0 é o equivalente lógico de falso ou de conjunto nulo, a soma + equivale
ao ou lógico e a união (∪) de conjuntos e a multiplicação equivale a operação
lógica e e a intersecção (∩) de conjuntos. Os potulados são feitos de modo a
garantir esta equivalência.
Postulado 1 – Operações:
A álgebra de Boole tem um conjunto K de 2 ou mais valores e duas operações:
· e +, de modo que para todo a, b pertencentes a K:
(a) a·b ∈ K
(P1)
(b) a+b∈K
(a) a+0=a
(P2)
(b) a·1 = 1
Postulado 3 – comutatividade:
(a) a+b=b+a
(P3)
(b) a·b = b·a
1
Postulado 4 – associatividade:
(a) a + (b + c) = (a + b) + c
(P4)
(b) a · (b · c) = (a · b) · c
Postulado 5 – distributividade:
(a) a + (b · c) = (a + b) · (a + c)
(P5)
(b) a · (b + c) = (a · b) + (a · c)
2 Teoremas
Várias caracterı́sticas da álgebra de Boole não aparecem diretamente nos pos-
tulados, mas podem ser inferidas a partir deles. Muitas destas caracterı́sticas
serão úteis para nós, e abaixo descrevemos 10 teoremas, provados a partir dos
postulados (ou de teoremas já provados, o que dá no mesmo).
Dentre os 10 teoremas mostrados, 9 deles tem 2 formas, aqui chamadas de (a)
e (b), que são as formas duais dos teoremas. A dualidade será melhor discutida
usando o teorema 1 como exemplo.
Teorema 1:
A soma ou o produto de um valor por ele mesmo é igual a ele mesmo.
(a) a+a=a
(T1)
(b) a·a = a
a=a+0 a = a·1
Prova: = a + a·a = a · (a + a)
= (a + a) · (a + a) = (a · a) + (a · a)
= (a + a) · 1 = (a · a) + 0
a=a+a a = a·a
2
Teorema 2:
(a) a+1=1
(T2)
(b) a·0 = 0
Prova:
a + 1 = a + (a + a)
= (a + a) + a
=a+a
a+1=1
Teorema 3:
a=a (T3)
Prova:
Seja a = b:
b·a = a·b = a·a , 0
b+a=a+b=a+a,1
logo:
a,b=a
Teorema 4:
(a) a + a·b = a
(T4)
(b) a · (a + b) = a
Prova:
(a) a + a·b = a + b
(T5)
(b) a · (a + b) = a · b
3
a a·b b
a a·b
Prova:
a + a · b = (a + a · b) + a · b
= a + b(a + a)
= a + b·1
a + a·b = a + b
Teorema 6:
Prova:
a · b + a · b = a(b + b)
= a·1
a·b + a·b = a
1 na verdade, este é um diagrama de Johnston. Um diagrama de Venn mostraria todas as
possibilidades: a · b, a · b, a · b e a · b.
4
a·b a·b
a·b·c
a·b
a b
Teorema 7:
(a) a + b = a·b
(T8)
(b) a·b = a + b
5
a+b a·b
a·b a+b
Prova: (a + b)a · b = a · a · b + b · a · b
Prova-se mostrando que a · b é o complemento de a+b:
=0+0
(a + b)a · b = 0
(a + b) + a · b = (a + b + a)(a + b + b)
= (1 + b)(1 + a) Logo:
= 1·1
(a + b) + a · b = 1
a + b , a·b
f (x1 , x2 , . . . , xn ) = fd (x1 , x2 , . . . , xn )
Prova:
a · b + a · c + b · c = (a · b · c + a · b · c) + (a · b · c + a · b · c) + (a · b · c + a · b · c)
= (a · b · c + a · b · c) + a · b · c + (a · b · c + a · b · c) + a · b · c
= a·b·c + a·b·c + a·b·c + a·b·c
= (a · b · c + a · b · c) + (a · b · c + a · b · c)
a·b + a·c + b·c = a·b + a·c
6
a·c
a·b
Prova:
Considerando que x1 · x1 = x1 · 1 e que x1 · x1 = x1 · x1 · x1 = x1 · 0, podemos
afirmar que:
x1 · f (x1 , x2 , . . . , xn ) = x1 · f (1, x2 , . . . , xn )
E pelo mesmo raciocı́nio chegamos a:
x1 · f (x1 , x2 , . . . , xn ) = x1 · f (0, x2 , . . . , xn )
f (. . .) = 1 · f (. . .)
= x1 · f (. . .) + x1 · f (. . .)
f (. . .) = x1 · f (1, x2 , . . . , xn ) + x1 · f (0, x2 , . . . , xn )
7
P1 ∀a, b ∈ K : a · b ∈ K ∀a, b ∈ K : a + b ∈ K
P2 a+0=a a·1 = 1
P3 a+b=b+a a·b = b·a
P4 a + (b + c) = (a + b) + c a · (b · c) = (a · b) · c
P5 a + (b · c) = (a + b) · (a + c) a · (b + c) = (a · b) + (a · c)
P6 a+a=1 a·a = 0
T1 a+a=a a·a = a
T2 a+1=1 a·0 = 0
T3 a=a
T4 a + a·b = a a · (a + b) = a
T5 a + a·b = a + b a · (a + b) = a · b
T6 a·b + a·b = a (a + b) · (a + b) = a
T7 a·b + a·b·c = a·b + a·c (a + b) · (a + b + c) = (a + b) · (a + c)
T8 a + b = a·b a·b = a + b
T9 a·b + a·c + b·c = a·b + a·c (a + b) · (a + c) · (b + c) = (a + b) · (a + c)
T10 f (x1 , . . .) = x1 · f (1, . . .) + x1 · f (0, . . .) f (x1 , . . .) = [x1 + f (0, . . .)] · [x1 + f (1, . . .)]
b
z
Resolução:
Pela análise do circuito obtemos z = abc+ac · ab. Aplicamos agora os postulados
8
e teoremas cabı́veis:
= abc + ac · (a + b)
| {z }
T3
= abc + ac(a + b)
| {z }
P5
= abc + |{z}
aca + |{z}
acb
P3 P3
aa · c + abc
= abc + |{z}
T1
= abc + ac + abc
| {z }
P3
= abc + abc +ac
| {z }
T6
= ab + ac
| {z }
P5
z(a, b, c) = a(b + c)
b z
4 Formas canônicas
Há casos em que é necessário obter uma equação booleana a partir de uma ta-
bela verdade. Nestas situações são bastante úteis as formas canônicas (também
conhecidas de formas padrões) de soma de mintermos ou produto de maxtermos.
Obviamente para entendê-las precisamos primeiro saber o que são mintermos e
maxtermos. Vamos começar pela definição de mintermos e analisar a forma de
soma de mintermos.
9
Não são mintermos abc (pois não tem todas as variáveis), ab + cd (pois não é
um produto das 4 variáveis), ab(cd) (pois as variáveis tem que ser barradas uma
a uma) e nem abcdd (pois a variável d está repetida).
Um exemplo de função descrita na forma soma de mintermos (por sim-
plicidade referido por sdm- soma de mintermos) é a função de 3 variáveis
g = abc + abc + abc. Para entender a utilidade desta forma, observe a ta-
bela 2, que é uma tabela verdade da função g e de cada um dos mintermos
presentes nela.
10
não é um produto das 4 variáveis), a + b + (c + d) (pois as variáveis tem que ser
barradas uma a uma) e nem a + b + c + d + d (pois a variável d está repetida).
Da mesma forma que fizemos com mintermos, vamos analisar a função exem-
plo g ′ = (a + b + c) · (a + b + c) · (a + b + c) para entender a utilidade da forma
pdm, observe a tabela 3, que é uma tabela verdade da função g e de cada um
dos maxtermos presentes nela.
Exemplo 3:
Deseja-se implementar um circuito que acione uma saı́da f caso 2 ou mais de
suas 3 entradas A, B e C forem 1.
Resolução (Usando Mintermos):
O primeiro passo é montar a tabela verdade da função f , vide tabela 5
Analisando a tabela 5, podemos obter a equação de f na forma sdm.
11
a b c d mintermo maxtermo
0 0 0 0 abcd a+b+c+d
0 0 0 1 abcd a+b+c+d
0 0 1 0 abcd a+b+c+d
0 0 1 1 abcd a+b+c+d
0 1 0 0 abcd a+b+c+d
0 1 0 1 abcd a+b+c+d
0 1 1 0 abcd a+b+c+d
0 1 1 1 abcd a+b+c+d
1 0 0 0 abcd a+b+c+d
1 0 0 1 abcd a+b+c+d
1 0 1 0 abcd a+b+c+d
1 0 1 1 abcd a+b+c+d
1 1 0 0 abcd a+b+c+d
1 1 0 1 abcd a+b+c+d
1 1 1 0 abcd a+b+c+d
1 1 1 1 abcd a+b+c+d
A B C f
0 0 0 0
0 0 1 0
0 1 0 0
0 1 1 1
1 0 0 0
1 0 1 1
1 1 0 1
1 1 1 1
12
minimizar a função.
= ABC + ABC + AB
| {z }
AC+AB (T 7)
= ABC + AC +AB
| {z }
BC+AC (T 7)
f (A, B, C) = BC + AC + AB (4)
= (A + B) (A + B + C)(A + B + C)
| {z }
A+C (T 7)
= (A + B)(A + C) (A + B + C)
| {z }
B+C (T 7)
13