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AQUECIMENTO SOLAR
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Unidade 1- Panorama do Mercado Mundial
O MANUAL
O conteúdo programático deste manual pode ser resumido no diagrama de blocos a seguir:
A primeira parte do manual trata dos conceitos teóricos da radiação e geometria solares, visando
aperfeiçoar a captação da energia solar incidente. Em termos práticos, estes conceitos serão muito
importantes na decisão sobre a melhor inclinação e orientação dos coletores solares em cada obra
as quais variam com a localização da cidade em questão. A planilha de simulação oferece
condições para o aluno simular e compreender os assuntos abordados.
No bloco Dimensionamento, será dada ênfase às peculiaridades regionais do uso de água quente
em residências para diferentes classes econômicas. Sabe-se que em aplicações comerciais e
industriais o volume diário de água quente requerido é, normalmente, pré-definido pelo processo
ou cliente e orientado pelo bom senso haja vista a grande importância de se projetar sistemas
com consumos racionais de água.
O último bloco Distribuição será dedicado às peculiaridades das instalações solares de pequeno,
médio e grande porte, sendo incluídos aspectos técnicos inerentes à hidráulica de água quente,
além da apresentação do QUALISOL- Programa de Qualificação de Fornecedores de Sistemas de
Aquecimento Solar do INMETRO.
A otimização de cada bloco e de sua inter-relação com os demais serão fundamentais para
garantir a qualidade de uma instalação de aquecimento solar de água. Este manual trata também
de aspectos de dimensionamento, projeto, instalação e manutenção de sistemas de aquecimento
solar sob a ótica da NBR 15569, norma brasileira que aborda o tema.
Como referência para estudos aprofundados recomendamos a consulta ao livro Solar Engineering
of Thermal Processes de Duffie e Beckman e cuja nomenclatura será adotada nas unidades
desenvolvidas neste manual.
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IMPORTANTE: Este manual é uma versao preliminar e ainda será revisado e construido em rede
com todos vocês leitores e estudiosos da energia solar. Sua contribuição é muito importante.
INTRODUÇÃO
Os recursos energéticos são utilizados pelo homem para satisfazer algumas de suas necessidades
básicas na forma de calor e trabalho. A disponibilidade destes recursos é um dos principais fatores
para o desenvolvimento das nações e não menos importantes devem ser suas formas de
conversão e utilização. O extraordinário crescimento da população mundial determina a maciça
utilização de energia elétrica e de combustíveis fósseis, entre eles, o carvão, petróleo e o gás
natural. Muitas alternativas energéticas estão disponíveis e vem sendo desenvolvidas e aplicadas
em diversos países: energia eólica, biomassa, MCHS (mini e micro centrais hidrelétricas) e PCHS
(pequenas centrais hidrelétricas), energia solar térmica e energia solar fotovoltaica. Dentre estas,
a energia solar térmica para o aquecimento de água tem despertado interesse mundial
principalmente devido à sua importância social, econômica, ambiental e tecnológica e à
abundância do recurso solar em todas as regiões do planeta. Hoje o aquecimento solar é uma das
principais políticas públicas do planeta no combate às mudanças climáticas.
Em Dezembro de 2007, a International Union for Conservation of Nature, realizou uma pesquisa
que procurou avaliar quais tecnologias disponíveis que inspiravam mais confiança em sua
capacidade de combater o aquecimento global. A pesquisa foi aplicada durante a reunião da
Convenção do Clima da ONU (UNFCCC), realizada em Bali e o resultado apresentou que a solução
com maior índice de aprovação na pesquisa, foi o uso de energia solar para aquecimento de água
(74%). Nesta pesquisa, a IUCN ouviu mil integrantes de governos, de organizações não
governamentais e do setor industrial de 105 países.
O atual estágio de crescimento e desenvolvimento das nações exigindo uma crescente e muitas
vezes insustentável exploração dos recursos naturais permite-nos criar e antever cenários nos
quais o aquecimento solar venha a ser aproveitado em grande escala, principalmente no Brasil,
que tem condições de se tornar uma referência mundial no aproveitamento do recurso solar.O
Brasil tem um enorme potencial de aproveitamento da energia solar: praticamente todas suas
regiões recebem mais de 2200 horas de insolação com um potencial equivalente a 15 trilhões de
MWh, correspondente a 50 mil vezes o consumo nacional de eletricidade.
Neste manual as aplicações práticas da Energia Solar são tratadas em sentido mais restrito,
incluindo-se apenas aquelas que decorrem da incidência da radiação solar sobre coletores solares
para geração de calor.
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O AQUECIMENTO SOLAR NO CONTEXTO INTERNACIONAL
O mercado mundial de aquecedores solares começou a crescer a partir da década de 70, mas
expandiu significativamente durante a década 90 e como resultado deste crescimento houve um
aumento substancial de aplicações da tecnologia, da qualidade e confiabilidade e modelos de
produtos disponíveis. Segundo relatório publicado em 2007 pela IEA - Agencia Internacional de
Energia, os principais países utilizadores da tecnologia de aquecimento solar são destacados no
mapa da figura 1.2 São 45 países ao todo que representam aproximadamente 59% da população
global e cerca de 90 % do mercado de aquecimento solar mundial.
São eles:
1 - Área coletora instalada acumulada dada em metros quadrados – m2;
2 - Área coletora instalada acumulada per capita dada em metros quadrados por mil habitantes –
m2/ 1.000 habitantes
3 - Potência instalada acumulada de coletores solares dada em MWth
4 - Potência instalada acumulada per capita dada em MWth por cem mil habitantes.
Os dois primeiros indicadores foram muito utilizados até o ano de 2004, mas diante da
necessidade crescente de comparar o aquecimento solar com outras fontes de energia em termos
de potência, especialistas da IEA definiram uma fator de conversão entre metros quadrados de
coletores solares e potência nominal em MWth (potência térmica):
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Ao final de 2005, havia 159 milhões de metros quadrados de coletores solares instalados nestes 45
países, o que representava:
As figuras 1.3 e 1.4 mostram a participação de alguns dos principais atores da tecnologia solar em
todo o mundo.
Paises Área Coletora Paises Área Coletora
China 75.000.000 Canada 723.124
Estados Unidos 29.141.546 Holanda 620.400
Turquia 9.000.000 Italia 533.000
Alemanha 7.401.000 Dinamarca 350.240
Japao 6.999.449 Portugal 285.800
Australia 5.150.000 Suecia 278.825
Israel 4.800.000 Reino Unido 201.160
Grecia 3.047.200 Tunisia 143.000
Austria 3.008.612 Polonia 122.740
Brasil 2.700.468 Belgica 101.783
Taiwan 1.425.700 Nova Zelandia 93.950
India 1.250.000 Barbados 77.232
França 913.868 Rep Thceca 65.550
Espanha 796.951 Hungria 37.700
Chipre 784.000 Albania 32.680
Africa do Sul 781.500 Noruega 13.500
Mexico 728.644 Finlandia 10.380
Figura 1.3 – Área coletora instalada nos principais países utilizadores do aquecimento solar
Fonte: IEA- Solar Heat Worldwide – Markets and Contribution to the Energy Supply 2007 ( dados de 2005)
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Os números de tabela 1.4 mostram a real penetração dos aquecedores solares nos diferentes
países, pois considera a área coletora instalada per capita. Conclui-se que no Brasil existe ainda
uma baixa penetração dos aquecedores solares.
No cenário mundial, os lideres da maioria dos países elaboram programas de governo que criam
diferentes políticas publicas para incentivar e obrigar o uso dos aquecedores solares e o impacto
destas iniciativas nos diferentes mercados poderá ser analisado anualmente nos relatórios da IEA
e nas publicações e relatórios emitidos pela ABRAVA (www.dasolabrava.org.br), entidade que
congrega e representa a cadeia produtiva de aquecedores solares no Brasil.
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Unidade 2- Os Benefícios do Aquecimento Solar
O AQUECIMENTO SOLAR NO BRASIL
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Esse fato ficou bastante evidenciado no ano de 2001, quando a demanda por energia elétrica
superou a oferta e houve os “apagões” de energia. Ressalta-se que, nesse período, o aquecimento
solar de água experimentou um crescimento de 80% em relação ao verificado nos anos anteriores.
A figura 2.2 a seguir apresenta a quantidade média de chuveiros por residência instalados em cada
região do Brasil. O número médio de chuveiros por residência no Brasil é de 0,91, ou seja, quase
um chuveiro por residência, com concentração maior nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
1,4
Número de chuveiros por residência
1,17
1,2 1,10
1,04
1,0 0,91
0,8
0,6 0,55
0,4
0,2
0,02
0,0
N NE CO SE S Brasil
A figura 2.3 a seguir representa uma curva típica da demanda de energia diária da Companhia de
Força e Luz da cidade de São Paulo (CPFL). Percebe-se claramente que há uma demanda
acentuada nos horários entre 17 e 22 horas, com uma participação considerável do setor
residencial.
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Nos horários de pico de consumo de energia, a demanda total cresce bastante no setor residencial
em decorrência principalmente da realização dos banhos. Este fato é representado na figura 2.4, a
seguir, curva de carga típica da Concessionária de Energia do Estado de Minas Gerais (CEMIG), em
que se mostra a separação das principais cargas típicas (chuveiro, TV e VCR dentre outras) de uma
residência em Belo Horizonte.
O PROCEL estima que existam mais de 30 milhões de chuveiros elétricos instalados no Brasil. Esses
equipamentos, além de consumirem cerca de 8% de toda a eletricidade produzida no país, são
responsáveis por aproximadamente de 18% do pico de demanda do sistema elétrico nacional. Este
último fato evidencia a importância estratégica dos aquecedores solares devido ao fato de
reduzirem a demanda de energia nos horários críticos do dia. Falando mais claramente, 18% do
pico de demanda, significa dizer que 18% de todas as usinas construídas no Brasil estão
construídas somente para ligar o chuveiro elétrico no horário de ponta. Isto significa que se
investiram muitos recursos financeiros para construir usinas com potência total de 18.000 MW, o
que quer dizer que em 2008, Itaipu (14.000MW) e mais um conjunto de termelétricas de mais
4000 MW estão construídas somente para ligar o chuveiro elétrico e perpetuar um modelo
complexo de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica para aquecer água a 40 oC.
A substituição dos chuveiros elétricos por sistemas de aquecimento solar de água proporciona a
redução significativa da demanda energética no horário de ponta e do consumo de energia
elétrica. Somente no ano de 2007, foram economizados no Brasil com o aquecimento solar cerca
de 620 GWh, energia suficiente para abastecer 350.000 residências brasileiras consumindo cerca
de 145 kWh por mês.
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Os quase 730.000 domicílios brasileiros que já usavam os aquecedores solares ao final de 2007
representam, entretanto, apenas 1,48% de todos os domicílios do país, uma penetração muito
baixa se comparada com Israel, por exemplo, onde mais de 90% das casas usam o Sol para
aquecer água. Cada vez mais o aquecimento solar faz sentido econômico para seus usuários, pois
com os preços cada vez mais altos de eletricidade e do próprio gás, as economias de 60 a 80% que
a tecnologia proporciona, reduzem o tempo de retorno do investimento para menos de 2 anos. Se
todo o dinheiro economizado pelos usuários dos aquecedores solares, fosse depositado em uma
única conta de banco, somente com as economias de 2007, a poupança atingiria valores da ordem
de 295 milhões de reais.
Além das economias diretas obtidas pelos consumidores, os impactos econômicos podem ser
extrapolados para todo o país. O aquecimento solar já economizou para o Brasil e seus cidadãos
1,94 bilhão de reais, recursos equivalentes e bem conservadores, necessários à construção de uma
usina hidrelétrica de 645 MW.
Para se entender claramente o potencial do aquecimento solar no Brasil basta dizer que somente
1,48 % de todas as casas possuíam a tecnologia ao final de 2007. Em Israel, onde o aquecimento
solar é item obrigatório em todas as edificações do país, fez com que em 20 anos, 90% das
residências se convertessem para o aquecedor solar. Se tomarmos este número como referência,
certamente um número ambicioso (mas necessário), até 2030 o Brasil teria uma quantidade de
coletores solares para aquecimento de água equivalente a um parque de usinas de 40.000 MW, ou
seja, o equivalente a 30 usinas nucleares como Angra, 300 três Marias ou ainda 3 Itaipus.
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Figura 2.5-Migrando do sistema complexo para o simples
Apesar de sua matriz energética relativamente limpa, o Brasil sofre com impactos ambientais e
sociais da geração de energia e tem como contribuir nesta área para o esforço global de mitigação
das mudanças climáticas.
O fato das hidroelétricas serem relativamente baixas emissoras de gases-estufa não as torna
totalmente limpas e sustentáveis. Um documento assinado por centenas de Organizações Não
Governamentais brasileiras e internacionais encaminhado em junho de 2004 à Conferência
Internacional Pelas Energias Renováveis, realizada em Bonn, Alemanha, sintetiza os impactos
sociais das grandes hidrelétricas na visão da sociedade civil organizada: citando a Comissão
Mundial de Barragens, o documento afirma que “as grandes barragens são responsáveis pelo
desalojamento de 40 a 80 milhões de pessoas (no mundo), com muitos dos deslocados recebendo
nenhuma ou inadequada compensação. Milhões de pessoas têm também perdido suas terras e
modos de vida e têm sofrido por causa dos efeitos à jusante e de outros impactos indiretos das
grandes barragens”. O documento também alerta para os impactos ambientais das grandes
hidrelétricas, por estas serem emissoras de gases estufa, já que “a decomposição da matéria
orgânica nos reservatórios das hidrelétricas causa a emissão de metano e gás carbônico”, e por
serem “um importante fator no rápido declínio da biodiversidade fluvial no mundo todo”. O
mesmo documento alerta para a possível alteração hidrológica motivada pelas mudanças
climáticas globais causadas pelo aquecimento global, que ao alterar o regime de chuvas pode
implicar redução notável da geração hidrelétrica (“Doze Razões para Excluir as Grandes Barragens
das Iniciativas para Energias Renováveis”, documento disponível em www.irn.org)
Por conta dos problemas acima descritos, a expansão da hidroeletricidade no Brasil hoje encontra
diversos problemas que vão das dificuldades de licenciamento a uma enxurrada de processos
judiciais que têm dificultado grandemente a implantação de novas usinas.
Numa escala menor, mas ainda importante, eletricidade e calor têm sido gerados por meio de
queima de combustíveis fósseis no país tanto em termelétricas conectadas à rede quanto em
geradores isolados, caldeiras e fornos localizados em áreas urbanas. Estes usos também
contribuem com a poluição local e são matéria de preocupação ambiental por conta de, por um
lado, apresentarem tendência de crescimento e, por outro, serem de difícil controle, dada sua
dispersão geográfica.
Os aquecedores solares são uma alternativa excelente para prover a água quente desejada nas
habitações, no comércio e nos serviços, e têm muito a contribuir para a mitigação dos impactos
socioambientais do setor elétrico brasileiro. A tecnologia apresenta amplas vantagens ambientais,
econômicas e sociais: por substituir hidroeletricidade e combustíveis fósseis, cada instalação de
aquecedores solares reduz de uma vez e para sempre o dano ambiental regional e local associado
às fontes de energia convencionais: não produz gases e materiais particulados que contribuem
para a poluição urbana, não requer área alagada adicional para geração de eletricidade e não
deixa lixo radiativo como uma herança perigosa para as gerações futuras. Quando substituem
combustíveis fósseis, os aquecedores solares reduzem a poluição ambiental por óxidos de
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nitrogênio, monóxido de carbono, dióxido de enxofre, compostos orgânicos voláteis e material
particulado, trazendo grandes benefícios ao ar urbano.
O quadro abaixo apresenta o número de postos de trabalho criados por unidade de energia
gerada em diversas fontes de energia. Nitidamente pode-se observar que fontes que dependem
de grandes concentrações de capital e manejo de fontes fósseis geram quantidades de postos de
trabalho bastante inferiores àquelas descentralizadas e renováveis. Enquanto a hidroeletricidade
pode gerar cerca de 250 postos de trabalho por TWh, a tecnologia solar fotovoltaica pode gerar de
entre 30 mil a 100 mil postos de trabalho para a mesma quantidade de energia. Apesar do caso
solar exemplificado no quadro 6 ser o fotovoltaico, estima-se que os aquecedores solares, pelas
suas características, gerem um número de postos de trabalho de magnitude assemelhada.
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Adicionalmente, e ainda no âmbito local e regional, efeitos econômicos benéficos também são
induzidos por meio de economias significativas de combustível ou energia elétrica, de maneira que
o investimento em aquecedores solares de água se paga em períodos de 3 anos, ou até menos em
certos casos. Para famílias de baixa renda, a experiência de instalação de aquecedores solares em
habitações de interesse social tem mostrado que a economia na conta de luz pode ser entendida
como um fator de distribuição de renda, redução da inadimplência e regularização dos serviços
elétricos.
No âmbito global os aquecedores solares podem contribuir para a redução de conflitos por
controle das fontes fósseis de energia, principalmente do petróleo. A redução da demanda
internacional por petróleo propiciada por tecnologias de conservação de energia e pelo emprego
de fontes alternativas ao petróleo e renováveis está na agenda do dia dos governos dos países
grandes consumidores.
Neste ponto, devemos ressaltar que o aquecimento solar de água em substituição ao chuveiro
elétrico não tem sido entendido por técnicos e legisladores brasileiros como uma forma de
geração de energia, mas apenas como uma medida eficiente de conservação e uso racional de
energia e há muitos anos vários programas de governo são escritos mas nenhum deles é
oficialmente lançado no Brasil.
Com base na experiência já acumulada no Brasil, com a instalação de mais de 3,7 milhões de
metros quadrados de área coletora ao final de 2007, pode-se afirmar que a substituição dos
chuveiros elétricos e aquecedores a gás por aquecedores solares só tem apresentado vantagens,
para todos os setores envolvidos, cujos benefícios e impactos positivos pode ser assim resumidos:
Para o consumidor residencial: verifica-se uma acentuada redução na conta mensal de energia,
entre 30 e 50%, mantendo-se o mesmo nível de conforto, destacando-se inclusive a garantia de
atendimento a eventuais metas de consumo que possam ser novamente estabelecidas para o
setor residencial.
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Para o país: investimentos podem ser postergados ou utilizados em outros setores vitais, o meio
ambiente é protegido, além da geração de empregos locais, inerentes à fabricação e instalação de
aquecedores solares.
Para o meio ambiente: evita-se o alagamento de áreas verdes e férteis necessários a construção
de usinas hidrelétricas e reduz-se a emissão de CO2 na atmosfera protegendo o clima do planeta.
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Unidade 3- Captação da Energia Solar
O objetivo dessa unidade é estudar a radiação solar e sua geometria, visando maximizar a radiação
incidente no plano do coletor solar função de:
- Localidade em estudo (latitude geográfica);
- Época do ano;
- Hora do dia;
- Inclinação e orientação dos coletores
Inicialmente, vamos conhecer um pouco mais sobre esta fonte de energia limpa, renovável e
inesgotável.
O SOL
O Sol, nossa fonte de luz e de vida, é a estrela mais próxima de nós e a que melhor conhecemos.
Basicamente, é uma enorme esfera de gás incandescente, em cujo núcleo acontece a geração de
energia através de reações termo-nucleares.O Sol é uma esfera de 695 000 km de raio e massa de
1,989 x 1030 kg, cuja distância média da Terra é de 1,5x1011 metros. Sua composição química é
basicamente de hidrogênio e hélio, nas proporções de 92,1 e 7,8%, respectivamente.
O modelo representado na figura 3.1 mostra as principais regiões do Sol. A fotosfera, com cerca
de 330 km de espessura e temperatura de 5785 K, é a camada visível do Sol. A palavra vem do
grego: photo = luz. Logo abaixo da fotosfera se localiza a zona convectiva, se estendendo por cerca
de 15% do raio solar. Abaixo dessa camada está a zona radiativa, onde a energia flui por radiação.
O núcleo, com temperatura de cerca de 15 milhões de graus Kelvin, é a região onde a energia é
produzida, por reações termo-nucleares. A cromosfera é a camada da atmosfera solar logo acima
da fotosfera. A palavra vem do grego: cromo = cor. Ela tem cor avermelhada e é visível durante os
eclipses solares, logo antes e após a totalidade. Estende-se por 10 mil km acima da fotosfera e a
temperatura cresce da base para o topo, tendo um valor médio de 15 mil K. Ainda acima da
cromosfera se encontra a coroa, também visível durante os eclipses totais. A coroa se estende por
cerca de dois raios solares.
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Figura 3.1 – O Sol
Fonte : http://astro.if.ufrgs.br/esol/esol.htm
A radiação solar percorre a distância Terra-Sol sem alterar sua direção, de acordo com os
princípios da propagação de ondas eletromagnéticas, até atingir a atmosfera da Terra.
Tão logo foi conhecida a distância do Sol, em 1673, por Jean Richer (1630-1696) e Giovanni
Domenico Cassini (1625-1712) que determinaram a distância (paralaxe) de Marte e com esta
estimaram a unidade astronômica como 140 milhões de km (150 milhões de km é o valor atual),
foi possível determinar a sua luminosidade e sua potência.
Denomina-se Constante Solar – Gsc – o fluxo de energia radiante, expresso em W/m2, que incide
normalmente ao plano de uma superfície colocada fora da atmosfera terrestre ( extraterrestre),
conforme apresentado na figura 3.2. Segundo Duffie e Beckman, seu valor mais atual da constante
solar é de 1367 W/m2. Esse valor da constante solar é medido por satélites logo acima da
atmosfera terrestre.
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Figura 3.2 – A constante solar
Fonte : ADEME, 2002
Essa constante corresponde a um valor máximo da irradiação solar, pois é medida antes que
ocorra qualquer tipo de atenuação por nuvens, aerossóis, poluição ou absorção pelos próprios
elementos constituintes da atmosfera terrestre.
Assim, a irradiação solar incidente sobre os coletores solares é decomposta em duas componentes
como mostra a figura 3.3:
• Radiação solar direta: definida como a fração da irradiação solar que atravessa a
atmosfera terrestre sem sofrer qualquer alteração em sua direção original.
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Figura 3.3 – Componentes da Radiação Solar
Fonte : ADEME, 2002
Longitude geográfica (L) é o ângulo medido ao longo do Equador da Terra, tendo origem
no meridiano de Greenwich (referência) e extremidade no meridiano local. Na Conferência
Internacional Meridiana foi definida sua variação de 0o a 180o (oeste de Greenwich) e de 0o a –
180o (leste de Greenwich). A Longitude é muito importante da determinação dos fusos horários e
da hora solar.
Altitude (Z) equivale à distância vertical medida entre o ponto de interesse e o nível médio
do mar.
Como será visto adiante, coordenadas geográficas influenciam significativamente a radiação solar
incidente em cada localidade.
Informações mais completas estão disponíveis nas Normais Climatológicas publicadas pelo
Instituto Nacional de Meteorologia [INMET, 2000].
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OS MOVIMENTOS DA TERRA E AS ESTAÇÕES DO ANO
A Terra descreve uma órbita em torno do Sol, encontrando-se este num dos focos. O plano que
contém esta trajetória e a de todos os planetas denomina-se plano de eclíptica.
Os movimentos da Terra, mostrados na figuras 3.4, podem ser sucintamente descritos como
movimento de rotação: a terra roda sobre si mesma e completa uma rotação num
dia, percorrendo a sua trajetória num ano e 6 horas. De 4 em 4 anos acerta-se o calendário com
um ano bissexto.
Como o eixo polar possui uma inclinação de 23,45º em relação à normal do plano da órbita
terrestre, à medida que a Terra orbita em torno do Sol, os raios solares incidem mais diretamente
em um hemisfério do que no outro. Assim, há verão com dias mais longos e inverno com dias de
menor duração.
O ângulo formado entre a vertical ao plano da órbita e o eixo Norte –Sul, mostrado na figura 3.6, é
de 23º 27´, ou seja, 23,45º, definindo, assim, regiões e épocas do ano com maior nível de
incidência da radiação solar.
Uma observação simples que permite "ver" o movimento do Sol durante o ano é através do
gnômon. Como mostrado na figura 3.5. Um gnômon nada mais é do que uma haste vertical
fincada ao solo. Durante o dia, a haste, ao ser iluminada pelo Sol, forma uma sombra cujo
tamanho depende da hora do dia e da época do ano. A direção da sombra ao meio-dia real local
nos dá a direção Norte-Sul. Ao longo de um dia, a sombra é máxima no nascer e no ocaso do Sol, e
é mínima ao meio-dia. Ao longo de um ano (à mesma hora do dia), a sombra é máxima no solstício
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de inverno, e mínima no solstício de verão. A bissetriz marca o tamanho da sombra nos
equinócios, quando o Sol está sobre o equador. Foi observando a variação do tamanho da sombra
do gnômom ao longo do ano que os antigos determinaram o comprimento do ano das estações,
ou ano tropical.
No solstício de inverno, que corresponde ao dia 21 de junho no Hemisfério Sul, temos a maior
noite do ano. Para descrever a trajetória do Sol no céu, é conveniente adotar um sistema de
coordenadas fixo na Terra e assumir que o Sol se move em uma órbita circular em torno da Terra.
Neste caso, em ambos os equinócios, o Sol encontra-se sobre o plano do Equador,
correspondendo, assim, a dias e noites iguais, com 12 horas de duração.
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Figura 3.6 –A órbita da Terra
Fonte : http://members.tripod.com/meteorologia/estacao.html
Neste caso, o movimento é feito em torno de eixos paralelos ao eixo de rotação e ao Equador,
sendo uma de suas coordenadas a declinação solar (δ).
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A declinação solar é análoga à latitude e, portanto, δ = 0° corresponde a qualquer ponto sobre o
equador celeste. Veja a figura 3.8. Valores negativos correspondem a pontos do hemisfério Sul e
positivos ao hemisfério Norte.
284 + d
δ = 23,45 o sen 2π (3.1)
365
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GEOMETRIA SOLAR
O estudo da geometria solar será desenvolvido de forma bastante aplicada e objetiva, sendo
dividido em duas partes. A primeira trata das condições físicas de instalação na obra e a segunda
parte refere-se aos ângulos solares propriamente ditos.
Como será discutido a seguir, o correto posicionamento dos coletores solares visa promover:
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Normalmente a declividade é indicada em percentual, mas pode também aparecer na forma
decimal.
1,2 m
17°
4,0 m
Figura 3.11 – Medidas e inclinação do telhado
Altura = 1,2 m;
Distância = 4 m;
Dividindo a altura pela distância, nós encontramos a inclinação do telhado em porcentagem,
sendo:
Existe um artefato chamado inclinômetro que pode ser utilizado na prática da instalação e para
utilizá-lo basta apoiá-lo sobre o telhado e fazer a leitura direta em graus no visor.
A tabela 3.1 indica uma série de ângulos e suas respectivas tangentes ou declividades:
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65o 2,14 214%
70o 2,75 275%
γ = 0: para o Sul γ < 0: passando pelo leste γ > 0: passando pelo oeste
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Este ângulo permite avaliar o período efetivo de insolação sobre a bateria de coletores solares e é
mais comumente referenciado como ângulo de desvio de norte geográfico ou de orientação
geográfica dos coletores solares. Na planilha solar tanto o conceito de desvio do norte geográfico
como do ângulo azimutal podem ser trabalhados simultaneamente para consolidar o
conhecimento.
Em todo o estudo da geometria solar, quando mencionamos o Norte, estamos sempre fazendo
referência ao norte verdadeiro ou geográfico. Assim sendo, o instalador deverá fazer a correção
(sempre no sentido horário) da declinação magnética a partir da indicação do Norte Magnético
pela bússola, como mostra a figura 3.13. Essa correção varia localmente e a cada ano e é dada na
tabela 3.2 para as capitais brasileiras.
NORTE NORTE
MAGNÉTICO MAGNÉTICO
NORTE
GEOGRÁFICO
N
N W
W
N
W
S
E
S E
S
Declinação magnética
Capital
(em graus)
Porto Alegre -14,74
Florianópolis -17,46
Curitiba -17,3
São Paulo -19,6
Belo Horizonte -21,5
Rio de Janeiro -21,4
Vitória -22,8
Salvador -23,1
Aracaju -23,1
Maceió -22,9
Recife -22,6
João Pessoa -22,4
Natal -22,1
Fortaleza -21,6
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Teresina -21,4
São Luis -20,7
Belém -19,5
Macapá -18,5
Palmas -19,9
Manaus -13,9
Boa Vista -14,0
Porto Velho -10,6
Rio Branco -7,34
Goiânia -19,2
Cuiabá -15,1
Campo Grande -15,2
Brasília -20,0
Parece intuitivo que a melhor inclinação para uma bateria de coletores solares seria aquela que
permitisse “levar” esses mesmos coletores para onde o Sol está em cada dia do ano. Dessa forma,
seriam compensadas a latitude local e a declinação solar. Como os coletores solares são instalados
fixos devemos nos guiar com por alguns critérios:
Critério 1 – Média anual: Neste caso, a média aritmética calculada a partir das inclinações ótimas
nos respectivos solstícios de verão e inverno, coincide com a própria latitude da localidade de
interesse, ou seja :
Critério 2 – Favorecimento do Inverno: Este critério é muitas vezes aplicado devido à maior
demanda de água quente no período de inverno. Neste caso, recomenda-se:
Critério 3 – Períodos de pico de demanda de água quente: Como, por exemplo, o aquecimento
solar de água para hotéis na região nordeste do Brasil. Na maioria dos casos, a alta temporada
coincide com os meses de verão, portanto o projeto solar deverá contemplar essa especificidade.
Utilize sua planilha de simulação para verificar a variação da radiação solar média anual e mensal e
verifique como os valores variam com a alteração da inclinação.
Da mesma forma, parece intuitivo que a orientação ideal do coletor solar seria aquela que
possibilitasse os coletores enxergar o Sol durante a maior parte do dia e do ano. Como regra
prática atende-se às orientações apresentadas na figura 3.14.
28
Figura 3.14 – Desvios do Norte Geográfico ( ângulos azimutais de superfície)
Observe que os coletores solares podem ser instalados tanto para leste quanto para Oeste, mas
para obterem o mesmo desempenho que teriam se orientados para o norte, devem ter sua área
acrescida. Falaremos mais disto quando estudarmos os temas dimensionamento e fração solar.
Com um desvio para o Leste, o período diário de captação adiantar-se-á em uma hora a cada 15º
de desvio. Se o desvio for para o Oeste, a captação retardar-se-á na mesma proporção, mas com
um ligeiro acréscimo de rendimento, já que no período da tarde a temperatura ambiente
geralmente é mais elevada.
Utilize a planilha solar para simular os níveis de incidência solar em planos de diferentes
inclinações e orientações. Anote os valores das médias mensais de radiação e mais importante do
que isto, observe criticamente o comportamento mensal da curva de radiação nestes planos.
Neste item vamos estudar apenas os ângulos horário, zenital e o ângulo de incidência da radiação
direta imprescindíveis ao cálculo da radiação solar incidente para inclinação e orientação
arbitrárias.
29
ω): corresponde ao deslocamento angular do Sol em relação ao meridiano
Ângulo horário (ω
local devido ao movimento de rotação da Terra. Como a Terra completa 360o em 24 horas, tem-se
um deslocamento de 150 por hora para a seguinte convenção:
ω = 0: 12 horas
ω > 0: período da tarde
ω < 0: período da manhã
Assim, às 06:00h o ângulo horário é igual a -90º; enquanto que às 16:00h, seu valor é de +60º.
θz
Para determinar a hora do nascer e do pôr-do-sol, correspondente aos ângulos horários (-ωs ) e
(+ωs), o ângulo zenital é igual a 90º. Assim, a equação 3.2 se reduz a:
30
Conclui-se que o período teórico de horas de insolação (N) pode ser calculado pela seguinte
equação:
2 (3.4)
N= arcos (- tanφ tanδ )
15
cos θ = senδ
δ senφφ cos β - sen δ cos φ sen β cosγγ +
+ cos δ cos φ cos β cos ω + cos δ sen φ sen β cos γ cos ω (3.5)
+ cos δ senβ β sen γ sen ω
31
Verifique que, neste caso, o ângulo de incidência coincide com o ângulo zenital.
cos θ = senδ senφ cos β + sen δ cos φ sen β + cos δ cos φ cos β cos ω - cos δ sen φ sen β cos ω
cos θ = sen δ (sen φ cos β + cos φ sen β) + cos δ cos ω (cos φ cos β - sen φ sen β )
cos θ = sem δ sem φ cos β + senδ cos φ sen β + cos δ cos φ cos β - cos δ sen φ sen β
cos θ = cos β (senδ senφ + cos δ cos φ) - sen β (cos δ sen φ - sen δ cos φ)
θ = (φ - δ + β ) ou θ = (-φ + δ - β )
Duffie e Beckman [1991] apresentam, em detalhes, toda a teoria sobre modelos de estimativa da
radiação solar em suas componentes e para médias horárias, diárias e mensais.
Neste manual, vamos discutir apenas a metodologia de cálculo da radiação global em média
mensal, visto que este cálculo permitirá escolher a face do telhado mais favorável à instalação dos
coletores solares e possibilitara estimar o desempenho destes durante o ano.
HD 1 + cosβ 1 − cosβ
HT = H 1 - RB + HD + H ρg (3.6)
2 2
H
32
onde :
HD : radiação solar difusa incidente no plano inclinado; (em todos os casos, a barra superior
corresponde às médias mensais das radiações)
ρg: reflectância da vizinhança nas proximidades do coletor solar, cujos valores são fornecidos na
tabela 3.2, a seguir.
(π ω ) (senδ senφcosβ − sen δ cos φ sen β cos γ ) + sen ω cos δ(cos φ cos β + sen φ sen β cos γ )
= 180
´
s
´
s
onde ω´s corresponde ao pôr-do-sol aparente para a superfície inclinada, dado pela equação:
Material ρg
Terra 0,04
Tijolo Vermelho 0,27
Concreto 0,22
Grama 0,20
Barro / Argila 0,14
Superfície Construção Clara 0,60
Fonte : Siscos [1998]
=
24 x 3600 G sc 2 πd
1 + 0,033 cos (cos φ cos δ sen ω s + ωs sen φ sen δ ) (3.8)
H0 π 365
33
Etapa 2 - Cálculo da radiação solar global incidente no plano horizontal - H
Caso essa informação não esteja disponível, recomenda-se sua estimativa pelo Modelo de Bennett
[1965]. Sua equação é expressa por:
H n
= a+b + ch (3.9)
Ho N
Modelos mais comuns para decompor a radiação solar em suas componentes direta e difusa
baseiam-se no índice de claridade em média mensal K T, definido pela equação:
H
KT =
Ho
Collares-Pereira e Rabl propuseram para cálculo da componente difusa em média mensal, com
base no índice de claridade em média mensal.
Hd
= 0,775 + 0,00606 ( ω s - 90) - [0,505 + 0,00455 * ( ω s - 90) ] * cos( 115 K T − 103 )
H
34
Etapa 4 – Cálculo da razão RB
Utilize sua planilha solar para consolidar os conceitos apresentados neste capitulo.
35
Unidade 4- O Coletor Solar Plano
No Brasil os coletores solares mais usados são os planos sem cobertura, na sua maioria usados
para o aquecimento de piscinas e os coletores solares planos com cobertura para fins sanitários e
para água quente de processos.
36
durem 20 anos. Recentemente tem-se falado de coletores feitos de PVC e garrafas pet e cabe
lembrar que estes materiais NÃO são aplicáveis na sua forma final para fabricação de coletores
solares destinados ao aquecimento de água nos padrões de durabilidade e saúde exigidos.
Os coletores solares fechados são utilizados para fins sanitários, atingindo temperaturas da ordem
de 70 a 80 oC e são os mais utilizados no Brasil.
Entender alguns tópicos de transferência de calor torna mais clara nossa compreensão sobre os
parâmetros construtivos dos coletores solares. Tente identificar os principais mecanismos de
transferência de calor que acontecem em um coletor solar e fique atento aos seguintes pontos:
• A energia solar é absorvida pela placa coletora que se aquece e, devido à diferença de
temperatura entre a placa e o ambiente, passa a trocar calor com o meio externo;
• A fim de reduzir estas trocas de calor com o meio, a escolha de materiais adequados é de
extrema importância no projeto do coletor;
• Para reduzir as perdas de calor pela base e laterais do coletor a placa é colocada no
interior de uma caixa, material isolante. Os materiais mais utilizados, juntamente com suas
condutividades térmicas estão listados no quadro abaixo;
• A caixa externa, que suporta todo o conjunto e recebe o revestimento isolante deverá
ser resistente ao transporte e intempéries. É geralmente construída em perfil de alumínio, chapa
dobrada ou material plástico;
• O isolamento térmico do topo do coletor, onde são elevadas as perdas de calor por
radiação e convecção, deve ser feito através de um material que, colocado entre a placa
absorvedora e o ar ambiente, seja transparente à radiação solar e, simultaneamente, opaco à
radiação emitida pela placa coletora. O vidro e alguns materiais sintéticos se prestam a esta
37
função, servindo de cobertura aos coletores e, ainda, protegendo-os das intempéries aos quais
estão permanentemente expostos;
• Tendo em vista que o topo do coletor é o local por onde toda a energia solar é captada e,
ao mesmo tempo, por onde ocorrem as maiores perdas térmicas para o meio externo, atenção
especial será dada, a seguir, às características espectrais tanto da cobertura como da placa
absorvedora.
Todos os corpos emitem radiação térmica dependente de sua temperatura, sendo que quanto
maior a temperatura, menor o comprimento de onda da radiação emitida. A temperatura do Sol é
estimada em milhões de graus, mas a radiação por ele emitida é equivalente àquela de um corpo a
5800K, com comprimentos de onda de 0 até 3µm, compreendendo a faixa da radiação ultra
violeta, visível e parte do infravermelho. Esta é a chamada Banda Solar.
A figura 4.2 representa a variação, com o comprimento de onda, da potência emissiva espectral da
radiação solar (Ebl), que é a energia emitida por unidade de tempo e área por um corpo negro à
temperatura T. Este valor é calculado pela Lei de Planck e o gráfico evidencia, para um corpo a
5900K, a faixa de comprimentos de onda da radiação emitida.
O valor do comprimento de onda para o qual a potência emissiva espectral da radiação emitida
por um corpo é máxima, é função da sua temperatura e pode ser calculado através da Lei de
deslocamento de Wien:
38
Para o Sol, considerando a temperatura de 5800K, µmax = 0,5µm. Ou seja, o Sol emite radiação
numa faixa de 0 a 3µm, sendo que a potência emissiva máxima ocorre para a radiação de 0,5µm.
Admitindo, agora, que a placa coletora atinja uma temperatura média de 100oC (373K), pela Lei de
deslocamento de Wien µmax = 7,8µm. Assim, como esperado, a potência máxima da radiação
emitida pela placa tem um comprimento de onda maior que a radiação solar estando a banda de
emissão da placa absorvedora além da Banda Solar.
Na figura 4.3 mostra-se as curvas típicas de transmissividade espectral para vidros lisos com
diferentes espessuras. Observe que o vidro é transparente no comprimento de onda da emissão
do Sol ( banda solar) mas é opaco nos comprimentos de onda emitidos pela placa absorvedora, o
que comumente chamamos de efeito estufa.
Estas características espectrais são fundamentais na escolha dos materiais mais adequados aos
coletores solares, como a tinta de revestimento da placa absorvedora e o vidro utilizado como
cobertura dos coletores. Como nosso objetivo é aumentar o máximo possível a temperatura de
equilíbrio da placa do coletor, busca-se maximizar a energia absorvida por ela na banda solar e,
portanto, empregar tintas com alta absortividade nessa região do espectro. Como pretendemos
também minimizar a energia emitida pela mesma placa, agora na chamada banda de emissão,
devemos buscar tintas que emitam menos energia nessa faixa de comprimentos de onda. É o que
chamamos de pinturas seletivas.
A Figura 4.4 mostra o comportamento uma superfície seletiva real de óxido de cromo sobre níquel
39
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
µ m)
Comprimento de onda (µ
O conjunto final do coletor solar plano com cobertura, como pode ser visto na figura abaixo, fica
assim constituído:
Cobertura
Aleta
Flauta
Isolamento
Caixa
Basicamente, um coletor solar plano fechado é constituído por como mostra a figura 4.5:
• Caixa externa: geralmente fabricada em perfil de alumínio, chapa dobrada, aço inox,
ou material plástico e que suporta todo o conjunto. A missão da caixa é proteger do vento, da
chuva, da poeira, suportar os diversos componentes do coletor e atuar como união com a
estrutura através dos elementos de fixação necessários. Não é aceitável ter de trocar um coletor,
40
ou a caixa, antes do tempo de vida normal desta, que deve ser pelo menos de 15 anos.A caixa
deve ser estanque às entradas de ar e água e resistente à corrosão. Deverão selar-se todas as
possíveis juntas, mas terá de haver um sistema de compensação depressão interior que não
permita a entrada de água.
• Isolamento térmico: minimiza as perdas de calor para o meio. Fica em contato direto
com a caixa externa, revestindo-a. Os materiais isolantes mais utilizados na indústria nacional são:
lã de vidro ou de rocha e espuma de poliuretano. A precaução mais importante é o seu
comportamento com a temperatura, já que no verão e com a instalação parada, pode ultrapassar
os 100º C. O envelhecimento e a umidade são dois fatores a se levar em conta, pois desta maneira
perdem-se grande parte das características isolantes.
• Tubos (flauta / calhas superior e inferior): tubos interconectados através dos quais o
fluido escoa no interior do coletor. Normalmente, a tubulação é feita de cobre devido à sua alta
condutividade térmica e resistência à corrosão.
Tratamentos especiais que podem ser aplicados à cobertura transparente são de dois tipos:
o Um tratamento anti-reflexo sobre a superfície exterior para diminuir as
perdas por reflexão dos raios solares incidentes.
o Um tratamento na superfície interior, para que reflita as radiações de elevado
comprimento de onda, e não impeça a passagem da radiação de curto comprimento, para
diminuir as perdas por radiação.
A eficiência térmica dos coletores solares é definida como a razão entre a taxa de calor
efetivamente transferido para a água e a energia radiante incidente na superfície do coletor.
41
Qutil Q
η= = util (4.2)
Qincidente G. Aext
onde:
Qútil: taxa de calor transferido para a água, W
Qincidente: taxa de calor radiante incidente na superfície do coletor, W
G : Radiação global incidente no plano do coletor, W/m2
Aext: área externa total do coletor, m2
Na prática, o calor útil transferido à água dos coletores pode ser calculado através das medidas da
vazão de água nos coletores e das temperaturas de entrada e saída do fluido uma vez que, da
Primeira Lei da Termodinâmica, tem-se que:
Medindo-se, ainda, a radiação global no plano do coletor (G), a eficiência térmica pode ser
calculada de acordo com a equação 4.2:
Qutil
η= (4.2)
G. Aext
42
Figura 4.6 - Diagrama esquemático dos fluxos de energia no coletor solar
Fonte : adaptado de ADEME, 2002
Em Regime Permanente:
Calor absorvido
Qabsorvido = τ cα p G A (4.5)
Calor perdido
O calor é perdido pela base, laterais e, principalmente, pelo topo do coletor. Assim,
43
Qtopo: convecção e radiação
Qlaterais e Qbase: predominantemente por condução através do isolamento
Admitindo que a força motriz responsável pelas perdas de calor é a diferença de temperatura
entre a placa (Tp) e o meio ambiente (Tamb), pode-se escrever:
Sendo UL o coeficiente global de perdas de calor, igual à soma dos coeficientes individuais do topo,
base e laterais:
Qutil Q
η= = util (4.2)
Qincidente G. Aext
No entanto, esta forma de equacionamento do calor útil não é vantajosa, uma vez que tem como
parâmetro a temperatura média da placa absorvedora, de difícil cálculo e medição posto que é
dependente de parâmetros de projeto e condições operacionais. Define-se então o Fator de
Remoção de Calor do Coletor Solar, como a razão entre o calor útil real e o calor útil máximo que
seria transferido para a água. Esta seria uma situação hipotética quando toda a placa estivesse à
temperatura de entrada do fluido no coletor (as perdas de calor da placa para o meio seriam
mínimas):
Q útil
FR = (4.10)
Q útil (máximo )
Então,
Qutil ( máximo) = A [τ cα p G − U L (T fi − Tamb )] e (4.11)
44
A Eficiência do Coletor Solar pode, finalmente, ser dada por:
A FRU L (T fi − Tamb )
η= FR τ c α p − (4.13)
Aext G
Os gráficos de n versus (Tfi-Tamb)/G como mostrado na figura 4.7, serão ricos em informações uma
vez que a equação acima tem a forma da equação de uma reta cujo termo independente e
inclinação são dados por:
A
inclinação = − . FRU L (4.14)
Aext
A
termo independente = . FRτ cα p (4.15)
Aext
Conhecendo-se o significado da inclinação e do ponto onde as retas tocam o eixo das ordenadas, é
possível, então, avaliar aspectos importantes relativos ao coletor como as perdas térmicas e,
principalmente, o Fator de Remoção de Calor, pontos de partida para a identificação e otimização
de parâmetros críticos ao desempenho de todo sistema de aquecimento solar.
Eficiência Térmica (%)
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
-0,020 0,000 0,020 0,040 0,060
(Tfi - Tamb)/G
Duffie e Beckmann (1991) obtiveram uma expressão analítica para o Fator de Remoção, cuja
forma final evidencia sua dependência tanto com fatores de projeto como operacionais:
m& c p AU L F '
FR = 1 − exp − (4.16)
A .U L m& c p
45
onde
m& : vazão mássica do fluido, kg/s
cp : calor específico à pressão constante do fluido em J/kg oC
F’: Fator de Eficiência do Coletor, calculado por:
1
UL
F' = (4.17)
1 1
W + R ' cont +
U L [D + (W − D ) F ] πD i h f , i
onde
W: espaçamento entre os tubos;
D: diâmetro externo dos tubos;
Di: diâmetro interno dos tubos;
F: eficiência das aletas;
R'cont: resistência de contato entre a placa absorvedora (aletas) e os tubos, por unidade de
comprimento, na direção do escoamento do fluido;
hf,i: coeficiente convectivo de transferência de calor entre a superfície interna dos tubos e o fluido,
calculado a partir de equações clássicas de transferência de calor;
Destaca-se, aqui, a importância de uma alta eficiência das aletas para que se obtenha uma alta
eficiência dos coletores e, conseqüentemente, um elevado fator de remoção de calor, haja vista
que teremos sempre:
F > F’ > FR
Nos gráficos abaixo, é analisada a variação da eficiência das aletas com o tipo do material e a
espessura da placa utilizada.
46
1
0,9
0,8
0,7
0,6
F 0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 1 2 3 4 5
1/2
[UL/(kplaca δ placa )] Laleta
Figura 4.8 - Eficiência das aletas
0,70
Espessura Mínima da Placa (mm)
Alumínio
0,60
0,50
UL = 6,5W/m 2 ºC
0,40
0,30
0,20 Cobre
0,10
0,00
5 6 7 8 9 10 11 12
Nº de tubos/metro linear
47
Otimização da Aleta de Coletores Solares
2,50
UL = 6,5W/m2 ºC
1,50
(mm)
1,00
Cobre
0,50
0,00
5 6 7 8 9 10 11 12
A planilha solar tem como dados de entrada o FR(ττcαp) e o FR(UL). Estas grandezas são avaliadas
nos ensaios dos coletores solares realizados no contexto do PBE- Programa Brasileiro de
Etiquetagem. Daí a grande importância do programa no contexto de se fazer um projeto de
engenharia correto. Estas grandezas são especificas para cada coletor solar no Brasil e no mundo e
devem ser requisitadas pelos projetistas aos fabricantes de equipamentos ou ainda retiradas da
tabela do INMETRO.
http://www.inmetro.gov.br/consumidor/tabelas.asp
48
Unidade 5 - O Reservatório Térmico
O reservatório térmico tem como função armazenar a água aquecida nos coletores evitando ao
máximo a perda de calor do fluido para o meio externo. Os reservatórios térmicos de acumulação
da água quente em instalações de aquecimento solar são dimensionados para garantirem a
demanda diária de água quente do consumidor final na temperatura requerida pela aplicação
1. O volume armazenado de água quente e fria deve ser reduzido ao mínimo necessário.
Reservatórios devem ser fechados para prevenir a entrada de material orgânico.
2. Isolamento dos componentes para que as temperaturas permaneçam fora da faixa crítica de
crescimento das bactérias, entre 20 e 50oC.
Para a Legionella, a faixa ótima de crescimento está entre 35 e 46oC, sendo instantaneamente
destruída em temperaturas superiores a 70oC. Para valores acima de 50oC, essa bactéria sobrevive
no máximo entre 5 e 6 horas, segundo Jaye et al [2001] em um estudo nacional realizado para os
bombeiros hidráulicos da Nova Zelândia.
Os reservatórios podem ser abertos (não pressurizados) ou fechados (pressurizados) sendo estes
últimos os mais comuns, uma vez que são adequados à instalações de pequeno, médio e grande
porte; são constituídos, basicamente, por um corpo interno revestido externamente por um
material isolante e recobertos por uma proteção externa como mostra a figura 5.1.
49
Figura 5.1 - O reservatório térmico
De acordo com a NBR 15569, os reservatórios térmicos devem ser conforme ABNT NBR 10185 e
devem ser capazes de operar nas faixas de pressão, temperatura e demais condições especificadas
em projeto, incluindo resistência de exposição direta à radiação solar (se aplicável).
Corpo interno:
• Por ficar em contato direto com a água é geralmente fabricado com materiais resistentes
à corrosão, como cobre e aço inoxidável. No entanto, podem ser encontrados no mercado
reservatórios feitos com fibra de vidro e polipropileno; ressalta-se, aqui, a importância dos testes
normalizadores em todos os tipos de produtos;
• Alguns materiais metálicos necessitam de proteção interior contra corrosão, seja
mediante pintura tipo epóxi ou esmaltagem. Em regiões de água muito agressiva haverá
necessariamente a necessidade de um anodo de sacrifício (geralmente de magnésio) para
proteger o reservatório.
• Deve suportar as variações de pressão que porventura ocorram devido ao aumento da
temperatura da água (expansão) e flutuações na rede de abastecimento. Quanto maiores as
pressões de trabalho previstas, maiores deverão ser as espessuras da parede do corpo interno. Por
exemplo, no mercado brasileiro, essa espessura varia entre 0, 4 e 0,8mm para o aço inoxidável, em
valores aproximados;
• Deve ser resistente termicamente às oscilações de temperaturas;
Isolamento térmico:
• O isolamento deve impedir ou minimizar a transferência de calor da água contida no
interior do reservatório para o meio externo. Desta forma, similarmente ao que acontece nas
placas coletoras, o isolamento deve oferecer grande resistência à passagem do calor, dificultando
ao máximo sua transferência de um meio para outro.
• O calor perdido mensalmente no reservatório pode ser calculado pela seguinte equação:
50
-Us ∆t
ρ c p Vef
QRT = ρ c pVef (Ti − Tamb ) 1 - e Ni (5.1)
onde
Ni : número de dias do mês de referência
ρ: densidade da água, na temperatura média de armazenamento, igual a 1000kg/m3;
cp: calor específico da água para a temperatura média de armazenamento, igual a 4180 J/kg°C;
Vef: capacidade volumétrica efetiva do tanque, em m3;
∆t: período de tempo de armazenamento, em segundos;
Ti e Tf: temperatura da água no início e final do período de armazenamento, respectivamente;
Tamb: temperatura ambiente média durante o armazenamento.
Us: coeficiente de perda de calor, expresso em W/ºC, calculado segundo a Norma ISO 9459 por:
ρ c pVef T − Tamb
Us = ln i (5.2)
∆t T f − Tamb
Proteção externa
• Normalmente feita em alumínio, aço galvanizado ou aço carbono pintado, a importância
da proteção externa está em preservar o conjunto das intempéries, danos relativos a transporte,
instalação, etc
A correta seleção dos reservatórios térmicos é fundamental para o bom desempenho de uma
instalação de aquecimento solar.
51
A Estratificação nos Reservatórios Térmicos
Uma vez que o reservatório recebe fluxos tanto de água quente como de água fria provenientes
do coletor e da caixa de alimentação, respectivamente, as diferenças de temperatura e,
conseqüentemente, de densidade da água, farão com que a água mais quente fique na parte
superior e a água mais fria na parte inferior do reservatório. É o efeito da estratificação.
Além do efeito isolante, função primeira do reservatório térmico, deve-se ressaltar que o
desempenho do sistema termossolar como um todo é fortemente dependente da temperatura de
entrada da água no coletor, água esta proveniente da base do reservatório térmico. Será visto
adiante que, quanto mais baixa for esta temperatura, maior o desempenho resultante do sistema.
Assim, pode-se dizer que a estratificação da água no interior dos reservatórios é, também, fator de
importância fundamental.
Para potencializar este efeito, recomenda-se a instalação dos reservatórios na posição vertical.
Com isto, reduz-se a área de troca de calor entre as próprias camadas de água, favorecendo a
estratificação. No entanto, muitas vezes o projeto arquitetônico não comporta tal configuração
adotando-se, então, a posição horizontal. Os reservatórios fabricados com materiais maus
condutores (como é o caso dos reservatórios plásticos) também favorecem a estratificação.
Ainda que a energia contida nos 2 reservatórios térmicos seja a mesma, o dono da instalação 1 fica
mais satisfeito pois tomará mais banhos quentes que o dono da 2ª instalação que terá de usar o
apoio convencional.
Mais adiante veremos que uma correta associação de reservatórios térmicos em instalações de
médio e grande porte, permite obter uma melhor estratificação da temperatura.
52
Unidade 6- Dimensionamento de Instalações de Aquecimento Solar e a
Economia Anual de Energia
O dimensionamento adequado de um sistema de aquecimento solar (SAS) não é uma tarefa
simples, exigindo o conhecimento prévio dos hábitos de consumo de água quente pelos usuários
finais, com base em uma análise criteriosa do tipo da construção que receberá os coletores
solares, disponibilidade de radiação solar nas condições específicas da obra, fatores climáticos
locais e desempenho térmico dos produtos, dentre outros. O organograma da figura 6.1
evidencia as principais etapas a serem cumpridas para um correto dimensionamento de uma
instalação de aquecimento solar.
53
DEMANDA DE ÁGUA QUENTE
Para dimensionar a necessidade de água quente dos usuários, caracterizada pelo volume diário de
água quente e temperatura de operação requerida, é importante ter-se conhecimento prévio de
padrões de consumo para diferentes edificações brasileiras, em função das classes sociais e das
aplicações finais para o setor residencial, industrial e de serviços
O levantamento da demanda de água quente é feito com base em informações gerais obtidas a
partir de:
• Normas de Instalações Prediais de Água Quente, como NB128 e NBR7198;
• Pesquisa de hábitos dos usuários potenciais;
• Observação, sensibilidade e bom senso;
• Experiência.
Entretanto, uma análise simples dos valores apresentados nessa tabela nos leva a buscar
explicações:
- Por que o hóspede de um hotel consumiria água quente de modo similar ao morador de um
casa popular?
- Por que o morador de um apartamento gastaria mais água quente do que o de uma
residência?
No Brasil, tem-se, ainda, grande carência de informações sistematizadas sobre o perfil de consumo
de água quente no setor residencial. Por causa de tais paradoxos, é que bom senso, observação
54
crítica e conhecimento prévio da aplicação e tipologia construtiva se tornam tão importantes no
dimensionamento da demanda diária de água quente.
A forma de dimensionamento mais adequada pode ser desenvolvida com base na vazão e
capacidade dos equipamentos de uso final, além do tempo e freqüência de sua utilização. A tabela
6.2, apresenta valores típicos para uso residencial.
Em boa parte das residências onde são instalados chuveiros de potência até 5200W, a vazão do
banho é limitada pelo próprio equipamento entre 4 e 6 litros/minuto. Uma vazão racional de
banho ficaria entre 7 e 10 litros por minuto mas existem usuários que optam por vazões irracionais
de água com duchas de 20, 30, 50 litros por minuto. Este tipo de uso de água quente não condiz
com a realidade de desenvolvimento sustentável e deve ser evitada por todos projetistas que
podem lançar mão de redutores de vazão por exemplo, até que exista uma necessária
regulamentação nacional que limite as vazões das duchas fabricadas no país, a números mais
racionais.
Debater tecnologias usando o tema sustentabilidade como premissa básica e necessária, exige
uma análise criteriosa de vários pontos de vista e que traduzam o real impacto destas tecnologias
no desenvolvimento da sociedade em harmonia com o meio ambiente. Um dos principais temas
da atualidade no Brasil e no mundo passa pelo uso dos aquecedores solares. Alguns setores menos
informados insistem em dizer que o uso dos aquecedores solares aumenta o consumo de água e
esta afirmação não é verdadeira.
Vamos analisar duas tecnologias distintas sob o ponto de vista de consumo de água e energia,
analisando o chuveiro elétrico e o aquecedor solar.
55
Um primeiro fato a constatar é que a decisão de usar mais ou menos água é decidida pelo
consumidor e exclusivamente por ele. O aquecedor solar também pode ser utilizado com vazão
de 3 litros por minuto, a exemplo do que é feito nas mais de 20 mil habitações de interesse social
que hoje já usam os aquecedores solares. Portanto as vazões de consumo de água são exatamente
as mesmas, ou seja, uma casa com padrão de banho de 3 litros por minuto, 8 minutos de banho e
4 moradores pode usar o chuveiro e o aquecedor solar consumindo para os banhos exatamente a
mesma quantidade de água. O aquecimento solar é moderno porque pode ser acoplado a
sistemas existentes, pode ser projetado em novas edificações por diferentes métodos, mas quem
decide quanto tempo de banho e quais as vazões de água desejadas são os usuários. Hoje o
consumidor pode comprar chuveiros e duchas com vazões que vão de 3 a 60 litros por minuto,
este último valor demonstra que as mesmas empresas que disponibilizam chuveiros elétricos com
vazões racionais entre 4 e 6 litros por minuto, também disponibilizam no mercado duchas e
chuveiros com vazões muitíssimo superiores.
Mas esta não pode ser o único ponto a ser analisado. Como já comentado no capítulo 1 e
revisando aqui, o PROCEL - Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica da
Eletrobrás, estima que existam entre 27 e 30 milhões de chuveiros elétricos instalados no Brasil.
Esses equipamentos, além de consumirem cerca de 5% de toda a eletricidade produzida no país,
são responsáveis por aproximadamente 18% do pico de demanda do sistema elétrico nacional. Por
outro lado, para gerar a energia elétrica necessária para ligar o chuveiro elétrico somente no
horário de ponta, ou seja, das 18 às 21 horas, se gasta muita água. Como citado, o chuveiro
elétrico responde pela construção e operação de 18% de todas as usinas de energia elétrica
construídas no Brasil, ou seja, cerca de 18.000 MW de potência no horário de ponta. Neste horário
de pico de demanda, várias termelétricas são acionadas para gerar energia para o banho habitual
e pouco sustentável do brasileiro.
No que concerne ao funcionamento das termelétricas, dois pontos que preocupam especialistas
do mundo inteiro, nos parece merecer muita atenção:
• O volume de água necessário à geração do vapor indispensável ao acionamento das
turbinas, e
• A poluição emitida pela queima dos combustíveis utilizados nas termelétricas, como o
carvão mineral, o óleo combustível, o óleo diesel e o gás natural.
Para ilustrar a preocupação com o consumo de água das termelétricas, vamos comparar o
consumo de uma destas com o consumo de uma região metropolitana: a termelétrica de SUAPE,
em Pernambuco, localizada a cerca de 50 km do Recife é projetada para gerar 523 MW queimando
gás natural e consumindo um volume de água aproximado de 36.000 m³/h (equivalente a 10
m³/s), enquanto a Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) fornece aos 3 milhões
de habitantes da região metropolitana do Recife cerca de 12 m³/s. Portanto, uma única usina
térmica de 523 MW consume mais que o volume d’água fornecido aos habitantes de uma
metrópole como o Recife.
Por volta de 90% da água utilizada pelas termelétricas evapora, comprometendo assim a
disponibilidade hídrica para outros usos na bacia hidrográfica. Se alocarmos o consumo de água
das termelétricas aos distintos usos de eletricidade, a quota parte dos chuveiros elétricos é de
aproximadamente 48 litros por domicilio como mostra a tabela 6.3
56
Deste resultado podemos afirmar que o uso de aquecedores solares economiza pouco mais de
17.000 litros de água por ano e por domicilio. Para a cidade de São Paulo, com seus mais de 11
milhões de habitantes, a hipotética substituição dos chuveiros por aquecedores solares
economizaria mais de 48 bilhões de litros de água por ano, e isto ao longo de 20 anos, vida útil dos
aquecedores solares. Não é a toa que Israel, país que sofre de forte escassez hídrica, os
aquecedores solares são obrigatórios desde 1980.
Por seu lado a poluição gerada pelas termelétricas tem aspectos locais e globais, estes últimos
relativos às mudanças climáticas causadas pela queima de combustíveis fósseis. Quanto a este
importante problema global, os aquecedores solares têm muito a contribuir.
DIMENSIONAMENTO DETALHADO
De acordo com sua experiência, estime o por residência nas seguintes classes sociais para a sua
cidade de origem:
Identifique os pontos de consumo típicos por classe social na listagem apresentada a seguir:
Chuveiro / Ducha
Banheira de Hidromassagem
Lavabo
Ducha Higienica
Cozinha
Lavanderia
57
Para preenchimento das planilhas seguintes, identifique uma família e sua classe social. Faca
uma analise critica dos resultados obtidos na planilha solar.
1. Chuveiro - Ducha
Vazão da ducha (litros/minuto) Tempo estimado de uso Frequência diária Consumo diário de
(minutos) de uso água quente
0,00
2. Banheira de hidromassagem
Capacidade da banheira Frequência Consumo diário de
(litros) semanal de uso água quente
0,00
3. Lavabo
Vazão do lavabo (litros/minuto) Tempo estimado de uso Frequência diária Consumo diário de
(minutos) de uso água quente
0,00
4. Ducha higiênica
Vazão da ducha (litros/minuto) Tempo estimado de uso Frequência diária Consumo diário de
(minutos) de uso água quente
0,00
5. Pia da cozinha
Vazão da pia (litros/minuto) Tempo estimado de uso Frequência diária Consumo diário de
(minutos) de uso água quente
0,00
6. Máquina de lavar-louça
Consumo de água quente Frequência diária Consumo diário de
(litros/ciclo) de uso água quente
0,00
7. Lavanderia
Massa de roupa seca por Consumo de água Consumo diário de
semana (kg) quente por kg de roupa água quente
0,00
Faça uma analise crítica sobre o uso de água quente nos diferentes pontos. Reflita sobre o uso
da água quente e sua necessidade em cada ponto analisando o gráfico de porcentagem de
consumo de água quente.
A demanda de água quente para outras tipologias de edificações pode seguir outra
metodologia, mas sempre deve ser baseada em bom senso e experiências de sucesso. Em
muitos casos é possível estimar o consumo de água quente através da analise de contas de
energia elétrica, de gás,etc. Em outros, pode ser necessária a instalação de sistemas de
medição ( hidrômetros de água quente, medidores de energia,etc) para aferir o real consumo
de água quente.
58
O dimensionamento de demanda de água quente feito com a planilha leva em consideração o
consumo de água a 40 oC, ou seja, consumo da água já misturada ( quente + fria). Como vimos
neste capitulo, para que haja eliminação do risco da Legionella devemos armazenar água
aquecida à temperaturas superiores a 50oC. Recomenda-se não passar de 60OC a temperatura
média de armazenamento de modo a não aumentar muito as perdas térmicas bem como
diminuir o risco de queimaduras.
Demanda de Energia
A energia necessária para aquecer este volume de água ao final do mês (Lmes), qualquer que
seja a forma de aquecimento escolhida é dada pela 1ª Lei da Termodinâmica na forma:
A planilha solar calcula automaticamente a demanda de energia para o volume de água quente
especificado a uma temperatura de banho ou temperatura de consumo está ajustada para
40oC. Ao determinar o volume o volume de água quente a ser armazenado a temperatura
média de armazenamento será recalculada.
Área Coletora
Determinada a demanda diária de água quente da tipologia construtiva, passa-se para o passo
seguinte que é determinar a área de coletores necessária para suprir uma determinada parcela
da demanda de energia necessária para atender a esta demanda.
A definição da área coletora a ser utilizada para aquecer determinada quantidade de água
depende de vários fatores e de alguma experiência do projetista. Uma pergunta bastante
freqüente feita pelas pessoas que pretendem substituir o sistema de aquecimento elétrico ou a
gás de água pelo sistema solar é: Afinal, qual será a economia que terei em minha conta mensal
de energia? Vamos trabalhar o conceito de fração solar e retornamos ao dimensionamento da
área coletora ao final deste capitulo.
59
Economia anual de energia elétrica – método da fração solar
A economia a ser atingida depende do padrão de consumo de cada tipologia: hábitos dos
moradores, eletrodomésticos usados, freqüência de sua utilização e tarifas praticadas pela
concessionária de energia elétrica local,etc.
Por exemplo, uma residência da classe A onde se utiliza, de forma intensiva, água quente em
duchas de elevada vazão, em banhos de longa duração, em banheiras de hidromassagem, na
cozinha e lavanderia a conta de energia elétrica ao final do mês é bastante elevada. Entretanto
esse valor também é decorrente do uso do ar condicionado em todos os quartos e salas, de
fornos elétricos e de microondas, de geladeiras e congeladores de diferentes portes, etc. Neste
caso, embora o consumo de água quente seja alto, o impacto na conta mensal de energia
elétrica decorrente do aquecimento solar poderá ser relativamente menor ao obtido em uma
residência da classe D, que dispõe apenas de uma televisão e geladeira pequena e cuja
participação do chuveiro na conta de energia é muito mais significativa do que no primeiro
caso.
Para a avaliação da economia de energia obtida com a utilização do aquecimento solar, nas
condições específicas de cada obra, utiliza-se, internacionalmente, o Método da Carta F. Este
método avalia a contribuição da energia solar na demanda total de energia para aquecimento
de água, conhecida como fração solar.
A fração solar fi para um determinado mês do ano é definida como a razão entre a contribuição
do sistema de aquecimento solar (Qsolar) e a demanda mensal de energia (Lmês), calculada
mediante a equação:
Q solar
fmês = (6.2)
L mês
onde
AC : área total de coletores solares, em m2;
60
FRUL : produto do fator de remoção e coeficiente global de perdas térmicas do coletor solar,
expresso em W/m2 °C, calculado experimentalmente nos ensaios do PBE / INEMTRO;
Lmês: demanda total de energia para aquecimento do volume de água (V), calculada pela
equação 6.1;
A determinação da fração solar f pode ser feita pelo ábaco da figura 6,1, apresentada a seguir,
ou da seguinte equação empírica, proposta por Klein:
FR(ττcαp)
f = 1,029 Y − 0,065 X − 0,245 Y 2 + 0,0018 X 2 + 0,0215 Y 3 (6.5)
Fração Solar
3,50
f=0,9
3,00
f=0,8
2,50
f=0,7
2,00
f=0,6
Y
f=0,5
1,50
f=0,4
f=0,3
1,00
f=0,2
f=0,1
0,50
0,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
61
Para maiores detalhes, inclusive relativas às duas correções sugeridas, recomenda-se consultar
Duffie e Beckmann [1991]
A fração solar anual F é definida como a razão entre a soma das contribuições mensais do
aquecimento solar e a demanda anual de energia que seria necessária para fornecer o mesmo
nível de conforto, sendo calculada pela equação:
12
∑ fL
i =1
i i
F= 12
(6.6)
∑L
i =1
i
Uma análise desse gráfico permite avaliar facilmente que, para uma mesma configuração da
instalação solar, quanto menor for a temperatura desejada maior será a fração solar.
100,0%
90,0%
80,0%
70,0%
40ºC
Fração Solar - F
60,0%
Temperatura de armazenamento
45ºC
50,0%
40,0% 50ºC
30,0% 55ºC
20,0%
60ºC
10,0%
0,0%
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 900 950 1000
Volume do tanque / área coletora (litros/m²)
Depois de avaliado o conceito da fração solar retorne a planilha solar e vamos entender este
processo passo a passo novamente:
62
1- Determinou-se a demanda de água quente e com isto a demanda diária de
energia;
2- Estudou-se a inserção da tecnologia, avaliando-se a área disponível para
implantação dos coletores solares, sua orientação e inclinação e finalmente quantificou-se a
radiação solar disponível na área determinada.
3- Como regra geral, uma instalação de aquecimento solar bem dimensionada
apresenta frações solares entre 60 e 80%.
4- Os coletores solares são ensaiados no Brasil, no contexto do PBE- Programa
Brasileiro de Etiquetagem e destes relatórios extrai-se 3 importantes grandezas necessárias ao
dimensionamento da área coletora e específicos de cada produto disponível no mercado:
a. Área unitária de cada modelo de coletor solar
b. FRUL : produto do fator de remoção e coeficiente global de perdas térmicas
do coletor solar, expresso em W/m2 °C, calculado experimentalmente nos ensaios do PBE /
INMETRO (
c. FRτcαp produto do fator de remoção, transmissividade do vidro e
absortividade da tinta dos coletores, para ângulo médio de incidência da radiação direta,
expresso em W/m2 °C. De modo geral, pode ser considerado igual a 96% do valor medido
experimentalmente nos ensaios do PBE / INMETRO
5- Inserindo todos estes valores na planilha solar resta ao projetista variar o numero
de coletores solares (daquele modelo especifico) proposto para a obra até que a fração solar
desejada seja obtida. Muitas vezes esta fração solar é limitada até mesmo pelo espaço
disponível. Em obras de médio e grande porte, é necessário dimensionar o numero de coletores
que permitam o melhor equilíbrio hidráulico, conceito que vamos estudar na próxima unidade.
6- Varie o numero e tipo de coletores solares ( fechados e abertos, com classificação
de A a E nos ensaios do INMETRO) e veja como a fração solar se altera de acordo com os
produtos selecionados. Varie também a inclinação e orientação dos coletores solares para
ganhar mais intimidade com a planilha e verifique os valores mensais da fração solar.
Pratique o uso da planilha solar e mantenha contato conosco, de suas sugestões, aponte
dificuldades e nos ajude a aprimorar a ferramenta. Envie e-mail para
cidadessolares@cidadessolares.org.br .
63
Unidade 7- A Instalação Solar Térmica de Pequeno Porte
Hoje no Brasil existem diversas instalações solares em funcionamento, onde cerca de 90% das
instalações solares são residenciais. As grandes instalações ainda são pouco difundidas dentro
dos setores comercial e industrial – hotéis, motéis, indústrias, vestiários, grandes edifícios, etc.
No caso de sistemas de pequeno porte, sempre que possível, devemos buscar o funcionamento
do sistema por circulação natural. Já em sistemas de médio e grande porte, a utilização da
circulação forçada é imprescindível para o correto funcionamento do sistema.
Sistemas de médio e grande porte são mais complexos e sempre devem estar acompanhados
de um detalhado projeto de engenharia, garantindo o desempenho das instalações solares uma
vez que seus custos são elevados.
Uma visão geral sobre as instalações de pequeno porte mostra que diversos sistemas de
aquecimento solar não funcionam corretamente, justamente pelo descaso a qualidade de
projeto e instalação.
Esta unidade se dedica ao estudo das características de um sistema de pequeno porte focado
na qualidade de uma instalação solar.
64
7.1 - SISTEMAS DE AQUECIMENTO SOLAR POR CIRCULAÇÃO NATURAL OU TERMOSSIFÃO
D
A
Conhecidos todos os componentes de uma instalação solar por circulação natural vamos
entender o princípio de funcionamento deste sistema.
Pman = ρgh
65
onde:
ρ : densidade da água à determinada temperatura (kg/m3);
g: aceleração da gravidade igual a 9,81 m/s2;
h: altura da coluna (m)
Temos então no ponto B uma diferença de 235,44 Pa. Fazendo-se a conversão de Pascal para
metros de coluna d’água: 1 mca = 9810 Pa. Portanto a diferença de pressão no ponto B é igual
a 0,024 mca.
Como a maior pressão exercida no ponto B é da coluna de água fria, haverá fluxo no sentido do
ponto A para o ponto D.
A vazão em sistemas solares por termossifão é considerada auto-regulável pois quanto maior a
radiação solar, maior a vazão no coletor e se não houver radiação ou a temperatura da água no
coletor for inferior à do reservatório, a circulação cessará.
Observe que a diferença de pressão é muito pequena e, portanto muito sensível às perdas de
carga e obstruções ao longo da tubulação. Vamos discutir adiante quais os pontos primordiais
para um perfeito funcionamento de uma instalação solar por termossifão.
66
TUBOS E CONEXÕES
As interligações entre o reservatório térmico e os coletores solares, que iremos adotar como
circuito primário, são executadas sempre com tubos e conexões de cobre e latão, pois este
circuito está sujeito a temperaturas elevadas, podendo seus componentes serem danificados
ou ainda ocorrer a formação de sifões entre o coletor e o reservatório.
Segundo Mesquita (2002), o circuito primário de uma instalação solar por termossifão não deve
ultrapassar 14 metros de tubulação total, ou seja, a soma dos comprimentos equivalentes das
conexões e da tubulação não deve exceder 14 metros.
A tabela a seguir mostra os comprimentos equivalentes para diâmetros de 22mm e 28mm que
são os mais utilizados.
Geralmente os tubos de 22mm são utilizados para instalações que possuem até 8 m2 de área
coletora e os tubos de 28mm, para instalações até 12 m2. Acima disto, torna-se necessário a
divisão em baterias menores de coletores ou a utilização de bomba hidráulica para promover a
circulação de água entre os coletores e o reservatório.
67
Vale lembrar que para uma mesma vazão, a perda de carga de um tubo de 28mm será menor
que no tubo de 22mm ou seja, existe um comprimento equivalente entre os tubos calculado da
seguinte forma:
Portanto a substituição de alguns trechos de tubos de 22mm por tubos de 28mm podem
reduzir as perdas de carga do circuito primário e adequá-lo a um bom funcionamento por
termossifão.
Exemplo 7.1 -
68
Lista de materiais - cobre
Item Desc. Qtde
Tubo 22mm 8,7m
Cotovelo 90º 22mm 2
Curva 45º 22mm 2
Tê 22mm 1
Comprimento real:
Alimentação: 5,2m
Retorno: 3,5m
Comprimento equivalente:
Este valor excede aos 14 metros permitidos. Como solução podemos trocar parte da
tubulação de alimentação para 28mm:
ALTURAS RECOMENDADAS
Outro item muito importante para o correto funcionamento do termossifão são os parâmetros
geométricos da instalação solar que são mostrados na figura 7.4.
69
A caixa d’água deve sempre estar acima do reservatório térmico para que o mesmo esteja
sempre cheio. A altura mínima (Hrr) garante a pressurização do sistema para vencer as perdas
de carga até os pontos de consumo;
A altura entre o topo dos coletores solares e a base do reservatório (Hcr), permite o
funcionamento do sistema por termossifão e diminui o efeito de fluxo reverso que será tratado
mais à frente.
Por último, a distância entre o reservatório e o coletor (Dcr), não deve ser superior ao
especificado para conferir à tubulação uma inclinação superior a 10%, evitando a formação de
sifões e bolhas de ar.
Hs > 0,30m
CAIXA
D`ÁGUA
SUSPIRO
RESERVATÓRIO
COLETOR
A formação de sifões no arranjo da tubulação pode gerar acúmulo de bolhas de ar ou vapor que
interrompem o fluxo de água, prejudicando o funcionamento do sistema. A tubulação deverá
ser disposta sempre ascendente, principalmente do caminho entre a saída do coletor até a
entrada do reservatório térmico.
70
Ponto de formação
de bolhas de ar
71
TERMOSSIFÃO COM DOIS TELHADOS
O sistema de aquecimento solar deve ser instalado o mais próximo dos pontos de consumo
para que o tempo de espera* não seja grande. Por sua vez os coletores solares devem estar
arranjados de forma que a tubulação de retorno dos coletores para o reservatório seja a menor
possível. A figura 7.7 mostra uma instalação correta, onde os coletores foram dispostos de
forma a diminuir a tubulação de retorno e uma instalação não desejável onde a tubulação de
alimentação é a menor.
Tempo de espera: período gasto para que a água saia do reservatório e chegue até o ponto de
consumo, considerando que toda a água da tubulação está fria.
FLUXO REVERSO
O fluxo reverso acorre devido ao mesmo fato que faz com que a água circule nos coletores
solares durante o dia. Nos períodos noturnos, a água que está no interior dos coletores fica a
uma temperatura inferior ao restante da tubulação devido às trocas térmicas que existem entre
o coletor e o meio externo. Desta forma, a coluna de água dentro dos coletores se torna mais
densa que a coluna que liga o reservatório ao coletor e, portanto surge um fluxo no sentido
contrário que retira água quente do reservatório retornando-a até os coletores. Neste caso o
coletor passa a se comportar como um dissipador de calor, o que não é desejável.
72
CORRETO
ERRADO
SISTEMA BOMBEADO
Quando a circulação por termossifão não é possível, ou porque os coletores estão colocados a
um nível superior ao reservatório, ou porque a diferença de densidades não é suficiente para
vencer as perdas de carga nas tubulações, utiliza-se circulação forçada da água por intermédio
de uma bomba, como mostrado na figura 7.8.
73
3
Saída para
consumo
2
4
Sensor frio
Sensor quente
5
1
6
BOMBAS HIDRÁULICAS
74
A bomba deve ser instalada próximo ao reservatório térmico na saída de água para os coletores
solares, sempre com o eixo na horizontal para não danificar seus elementos internos.
A configuração usada geralmente, determina que a bomba deve ser acionada quando a
diferença entre os dois sensores for superior a 5ºC e desarmada quando atingir 2ºC.
A monitoração é feita por meio de sensores que monitoram as temperaturas da água no topo
dos coletores solares e na parte inferior do reservatório.
Para correntes de até 10A em 127V, é possível o acionamento direto pelo CDT, acima disto
torna-se necessário o acionamento da bomba através de contatores elétricos.
fabricante: Fullgauge
Figura 7.11 – Controlador Diferencial de Temperatura
75
Os sensores são instalados de acordo com a figura 7.12 e fixados diretamente ao tubo de cobre
por meio de abraçadeiras ou presilhas.
reservatório
presilha térmico
sensor quente
Existem ainda alguns CDT’s que possuem um temporizador incorporado que pode ser ajustado
para desligar a bomba alguns segundos depois da condição de desligamento, para que toda a
água quente que está na tubulação chegue ao reservatório.
Estes aparelhos dispõem também de sistema de proteção contra eventual congelamento dos
coletores solares (anticongelamento). Na eventualidade da temperatura cair a 6°C (ou menos),
a bomba entrará automaticamente em operação até que tal condição seja revertida.
TERMOSSIFÃO TUBULAR
A alimentação do reservatório térmico deve ser feita por um ramal exclusivo da caixa d’água
com aproximadamente 1 metro de tubo de cobre partindo do reservatório.
Por sua vez, essa alimentação deve possuir um sifão próximo à entrada do reservatório térmico
que tem a função de evitar o fenômeno que chamamos de termossifão tubular. Este fenômeno
origina uma corrente convectiva dentro da tubulação fazendo com que a água quente do
reservatório térmico flua para a caixa de água fria. Recomenda-se um sifão com
aproximadamente 30 cm de altura e 30 cm de largura.
76
VEM DA CAIXA
D'ÁGUA
ÁGUA QUENTE
ÁGUA FRIA
VEM DA CAIXA
D'ÁGUA
SIFÃO
30 cm
A instalação do respiro se faz necessária para que haja proteção do reservatório térmico e para
que eventuais bolhas de ar ou vapor possam ser expelidas para a atmosfera. Caso não exista
respiro, o reservatório poderá ser exposto a pressões de trabalho maiores que a pressão ao
qual ele foi projetado, ou até mesmo pressões negativas (vácuo), causando deformação do
reservatório interno e risco de vazamento.
Segundo a NBR 15569, o tubo do respiro deve subir, do ponto mais alto do reservatório, sem
restrições ou mudança brusca de direção. Não devem ser conectadas torneiras ou válvulas em
sua linha.
77
A altura do respiro deve ser a menor possível respeitando a seguinte condição: o tubo deve
subir a uma altura maior que 8cm acima do nível da caixa d’água para cada metro entre o nível
da caixa d’água e a base do reservatório térmico ou 30cm, o que for maior.
A instalação do respiro deve ser feita na tubulação do reservatório indicada para isso ou então,
caso não exista tubulação própria, na tubulação de saída para consumo deve ser feita uma
derivação para receber o respiro.
ISOLAMENTO TÉRMICO
O isolamento deve sempre estar presente em toda tubulação de água quente. Até mesmo
alguma tubulação de água fria deve ser isolada, pois esta pode estar em contato com o
reservatório térmico e ocasionalmente ter parte da água no seu interior aquecida.
O isolamento deve ser especificado de acordo com diâmetro do tubo a ser isolado e com a
espessura de isolamento necessária. Sua colocação deve ser feita por encaixe, sem deixar
espaços entre o tubo e o isolamento e sua fixação deve permitir manutenção posterior, ou seja,
não devem ser usados elementos de fixação permanentes, como colas, que além de não
permitir a manutenção, podem alterar as propriedades do isolante.
A tubulação que estiver exposta ao tempo deve receber uma camada de algum elemento
refletor, como folha de alumínio corrugado, para que o isolamento seja protegido contra
intempéries.
78
PROBLEMAS HIDRÁULICOS – CIRCUITO SECUNDÁRIO
Adotaremos como circuito secundário toda a hidráulica de água quente que parte do
reservatório até os pontos de consumo. Abaixo estão relacionadas algumas observações
importantes quanto a instalação da tubulação e acessórios que devem ser seguidas.
Como já foi mencionado, a alimentação do reservatório térmico deve ser exclusiva e estar
posicionada acima das tomadas de água fria, como meio de evitar o risco de queimaduras em
casos de falha de abastecimento.
A distribuição hidráulica não deve possuir sifões ao longo de seu trajeto até os pontos de
consumo, pois estes locais estão propícios ao acúmulo de ar impedindo a passagem de água.
Recomenda-se nas tubulações horizontais, uma leve declividade para que também não forme
bolhas de ar no seu interior. Esta declividade deve estar no sentido do fluxo de água para que
as possíveis bolhas de ar saiam pelo respiro que se localiza no ponto mais alto do reservatório
térmico.
As duchas higiênicas merecem atenção redobrada, pois através dela a água quente pode atingir
a tubulação de água fria e chegar até a caixa d’água danificando toda tubulação de PVC ou ser
consumida quando a válvula de descarga é acionada.
Fuga de água quente pela válvula de descarga Retorno de água quente para caixa d’água
Isto ocorre porque a ducha higiênica possui dois registros para mistura e um gatilho; é comum
o usuário deixar os dois registros abertos e utilizar apenas o gatilho que fica na ponta do
79
esguicho. Os dois registros abertos interligam a saída de consumo de água quente à rede
hidráulica de água fria.
Para evitar estes inconvenientes, recomenda-se isolar o gatilho da ducha higiênica para que o
usuário sempre feche os dois registros após o uso.
Outra situação que deve ser evitada é alimentar o chuveiro com o ramal da bacia sanitária.
Caso a válvula de descarga seja acionada enquanto o chuveiro é utilizado, o ramal cria uma
sucção cortando a entrada de água fria e provocando o aumento de temperatura da água do
chuveiro podendo causar queimaduras sérias.
MANUTENÇÃO
Basicamente a única manutenção constante a ser feita pelos usuários é a limpeza dos vidros
dos coletores solares, pois como vimos, quanto mais transparente estiver a cobertura, melhor o
desempenho do coletor solar. Para limpeza, deve-se utilizar água e sabão neutro com auxílio
de um pano ou vassoura e sempre no início da manhã ou final da tarde, para que não ocorram
choques térmicos que possam ocasionar o trincamento dos vidros dos coletores.
QUALIDADE DA ÁGUA
Existem casos que um sistema que deveria durar 15 anos, não passou de um ano devido à
agressividade química da água.
80
Unidade 8- A Instalação Solar Térmica de Médio e Grande Porte
Um sistema de aquecimento solar de médio porte (SAS – MP) e grande porte (SAS – GP) podem
ser caracterizados como instalações com grau significativo de exigência técnica por agregarem
inúmeras variáveis, que não somente se restringem à correta instalação de coletores solares e
reservatórios térmicos.
Um projeto e aquecimento solar é caracterizado como uma obra de engenharia, portanto, deve
ser registrado no CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) e
elaborado por profissional tecnicamente capacitado e habilitado.
81
ORGANOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DE UM SAS-MP/GP
82
PROJETO EXECUTIVO
Projetar um sistema de aquecimento solar, como o próprio nome diz, significa reproduzir o
sistema que será instalado, determinando suas necessidades e particularidades, assim como
ocorre quando se pretende construir um edifício ou uma casa. Um projeto executivo de
aquecimento solar deve respeitar as normas técnicas aplicáveis, conter a especificação de
todos os equipamentos e acessórios hidráulicos necessários, além das informações para
perfeita compreensão do instalador hidráulico.
A elaboração de um projeto executivo de aquecimento solar pode ser subdividida nas seguintes
etapas:
a. Associação em Paralelo
83
Figura 8.2. Associação em paralelo de dois reservatórios térmicos
Fig 8.3.
Associação em paralelo de três
reservatórios térmicos
Por se tratar de uma associação em paralelo, as temperaturas T1 e T2 devem ser iguais. Para
que isso ocorra, os trechos de tubulação para interligação hidráulica entre os reservatórios
térmicos devem obedecer aos seguintes parâmetros: a1 = a2; b1 = b2; c1 = c2 e d1 = d2. Essa
igualdade entre os trechos de tubulação garantirá uma equalização do fluxo de entrada e saída
de água dos reservatórios térmicos e consequentemente o equilíbrio hidráulico entre os
mesmos.
Da mesma forma que no caso anterior, as temperaturas T1, T2 e T3 devem ser equivalentes,
assim como as distâncias entre os trechos de tubulação devem permanecer idênticas para que
se garanta o equilíbrio hidráulico entre os reservatórios.
84
b. Associação em Série
Os diâmetros das tubulações K1, K2 e K3 devem ser iguais, garantindo que o fluxo de
entrada de água no reservatório seja igual ao de saída e vice-versa.
Os diâmetros das tubulações K1, K2 e K3 devem ser dimensionas de forma que atendam o
pico de consumo da instalação.
A saída de água para os coletores deverá ser feita do reservatório 1 (reservatório mais
frio) e o retorno no reservatório 2 (reservatório mais quente).
Tal tipo de associação é mais utilizado em sistemas nos quais as resistências elétricas do
reservatório são substituídas por aquecedores de passagem. Nesse caso, o termostato,
localizado no reservatório térmico, comandará o funcionamento da bomba.
85
Figura 8.5. Circulação forçada - associação entre reservatórios térmicos e aquecedor de passagem
Esse tipo de associação também é possível de ser realizado, todavia, o número de aquecedores
deve ser dimensionado para suprir a vazão máxima de consumo, pois devem fornecer água
quente instantaneamente. Outro ponto importante a ser observado nesse tipo de instalação é
se a pressão da água que circula pelo aquecedor será suficiente para acioná-lo ou se será
necessária a instalação de um sistema pressurizador.
Em instalações onde a vazão da água nos pontos de consumo não é satisfatória, utiliza-se um
sistema para aumentar a pressão de trabalho da rede de distribuição hidráulica. O
86
pressurizador, quando instalado corretamente, funciona sem trazer prejuízos para o sistema de
aquecimento solar, entretanto é importante observar os seguintes aspectos:
Coletores Solares
Os coletores solares utilizados em obras de médio e grande porte, geralmente, são os mesmos
utilizados em obras residenciais. Entretanto, alguns fabricantes produzem coletores com áreas
superiores as comerciais e com características construtivas diferenciadas, para situações
especiais de fornecimento e instalação.
87
Assim como os reservatórios térmicos, os coletores solares também podem ser verticais ou
horizontais. Cabe ao projetista determinar que geometria de coletores será mais adequada à
instalação.
Orientação e inclinação
Orientação
Assim como em qualquer instalação de aquecimento solar, os coletores devem ficar orientados
para o norte geográfico e permitindo-se desvios de até 30° para leste ou oeste, sem a
necessidade de compensação de área coletora.
Inclinação
Como visto, a inclinação dos coletores é determinada a partir da localidade onde os mesmos
serão instalados. Esse valor é calculado através do valor, em módulo, da latitude + 10°. Vale
lembrar que o ângulo encontrado através dessa equação privilegia os meses de inverno,
cabendo uma análise da demandada de água quente da instalação ao longo do ano, para
definição do ângulo que irá proporcionar o melhor rendimento ao sistema.
Suporte Metálico
88
Seguir as especificações de montagem dos coletores fornecidas pelo fabricante.
Fixados os valores de orientação e inclinação dos coletores solares, é importante verificar qual
a distância mínima entre as baterias de coletores para evitar ou minimizar o sombreamento
que poderá ocorrer entre as mesmas ou em razão de outros obstáculos como construções
vizinhas, árvores e etc. O valor da distância horizontal entre uma fila de coletores ou algum
obstáculo de altura h poderá ser determinado, de forma simplificada através da seguinte
equação:
d=hxk;
Latitude ( ° ) 5 0 -5 - 10 - 15 - 20 - 25 - 30 - 35
89
A distância ideal entre baterias deve considerar, além dos efeitos do sombreamento, um
espaço suficiente para que se realizem manutenções e limpeza dos coletores.
Vale lembrar que esta equação é apenas orientativa, e a análise de distâncias entre baterias
deve ser criteriosamente desenvolvida para cada projeto.
A eficiência de uma série de coletores está diretamente ligada à forma como eles são
associados. A associação entre baterias é um dos passos mais importantes de uma instalação
de aquecimento solar, pois a ela está relacionada a temperatura que se pretende atingir, a
vazão de operação do sistema e conseqüentemente o dimensionamento das tubulações e
demais acessórios.
Associação em Paralelo
Na associação em paralelo, o acréscimo de temperatura proporcionado ao fluído circulante é o
mesmo, motivo pelo qual, a temperatura de saída do fluido da bateria 1 (T1) é igual a
temperatura de saída do fluido da bateria 2 (T2).
T2
T1
Associação em Série
Na interligação em série, a temperatura do fluido de entrada de uma bateria é igual a
temperatura do fluido de saída da bateria anterior.
90
Figura 8.14 - Associação em série de duas baterias de 4 coletores solares
Figura 8.15 - Associação mista: três baterias em paralelo combinada com duas baterias em série
Hidráulica
91
Figura 8.16 - Instalação hidráulica de um sistema de aquecimento solar
a. Fluido de trabalho
O fluido de trabalho no circuito primário é ,na grande maioria dos casos, a água que circula
diretamente pelo interior dos coletores. Deve-se sempre verificar a composição físico-químico e
a temperatura de operação da água para identificar sua compatibilidade com os materiais da
instalação por onde irá circular.
b. Equilíbrio hidráulico
A eficiência de uma bateria de coletores, como visto anteriormente está relacionada à sua
associação e à vazão do fluido de trabalho. Dessa forma, adota-se o principio do retorno
invertido, com o objetivo de equalizar a vazão entre as baterias de coletores. Esse princípio
permite equilibrar hidraulicamente a instalação, de forma que a perda de carga no percurso do
fluido de trabalho seja sempre a mesma, independente da bateria de coletores pela qual ele
circule.
Os diâmetros dos os trechos de tubulações deverão ser dimensionados de acordo com a vazão
que neles circula. O correto dimensionamento do diâmetro das tubulações poderá reduzir
sensivelmente os custos da instalação.
Nas ilustrações a seguir, pode-se observar a forma correta de interligação entre baterias de
coletores utilizando-se o princípio do retorno invertido, onde todos os trechos (em vermelho),
entre os pontos A e B, possuem a mesma distância e a forma incorreta, onde o fluido
percorrerá distâncias diferentes em cada bateria que ele circule.
92
Figura 8.17 – Equilíbrio hidráulico de baterias de coletores
93
determinar a área útil (Au) da(s) bateria(s) de coletores interligados em paralelo que recebe o
fluido de trabalho diretamente da bomba hidráulica;
Au = 4 x 1,63m² x 1 = 6,52 m²
Qo = Au x 72 l/h.m²
Qo = 6,52 m² x 72 l/h.m²
Qo = 469,4 litros/hora
94
Estudo de caso 8.2:
Considerando a interligação hidráulica abaixo e a área útil de cada coletor
igual a 2m². Qual será a vazão de operação (Qo)do sistema ?
Au = 5 x 2m² x 2 = 20 m²
Qo = Au x 72 l/h.m²
Qo = 20 m² x 72 l/h.m²
Qo = 1440 l/h
Au = 4 x 2m² x 3 = 24 m²
95
Qo = Au x 72 l/h.m²
Qo = 24 m² x 72 l/h.m²
Qo = 1728 l/h
d. Tubulações
As tubulações utilizadas em instalações solares podem ser de cobre, aço galvanizado ou outro
material que suporte as pressões e temperaturas de operação do sistema. Atualmente, as
tubulações em cobre são as mais utilizadas por serem de fácil instalação, resistir a intempéries
e altas temperaturas, atenderem bem as necessidades requeridas por uma instalação solar e
ainda apresentarem um custo-benefício razoável. Os tubos em cobre utilizados em instalações
de aquecimento solar são da Classe E, com diâmetros que variam entre 15 e 104 mm.
De acordo com a norma NBR 5626-98, a velocidade máxima da água nas tubulações não deve
ultrapassar 3 m/s. A tabela abaixo apresenta as vazões máximas permitidas para os diâmetros
comerciais de tubulações em cobre.
e. Bomba Hidráulica
96
e.1 Dimensionamento
Para determinação das perdas de carga totais de um sistema de aquecimento solar deve-se
adotar os seguintes passos:
Au = 4 x 2m² x 3 = 24 m²
Qo = Au x 72 l/h.m²
Qo = 24 m² x 72 l/h.m²
Qo = 1728 l/h ou 1,73 m³/h
97
Cálculo da altura de sucção (Ha)
- Altura estática de sucção (ha) (bomba acima da caixa d’água) 0,0 m
Então:
Hr = 82,1 m * 0,15 m/m
98
Hr = 12,32 m
O valor da perda de carga por coletor deve ser informado pelo fabricante. Para este exemplo será
considerado o valor de 0,022 mca por coletor.
Então
Hc = 0,022 mca * 24 coletores
Hc = 0,53 mca
Isolamento térmico
As tubulações, conexões, registros e válvulas de uma instalação por onde circulem fluidos com
temperaturas superiores a 40° C devem ser isoladas termicamente. O isolamento de tubulações
externas, que estejam submetidas aos efeitos dos raios ultravioletas e intempéries, deve ser
99
protegido com material que suporte as condições as quais será submetido, garantindo assim,
uma vida prolongada ao isolamento.
Figura 8.20 - Isolamento térmico interno Figura 8.21 - Isolamento térmico com proteção UV
D ≤ 22 5
22 > D ≥ 66 10
D > 66 20
Tabela 8.3 Espessura de isolamento
Cabe ressaltar que a tabela acima é apenas orientativa, devendo, a espessura do isolamento,
ser determinada de acordo com o local da instalação e características do isolamento.
Por não receber radiação solar durante a noite, o fluído de trabalho permanece estagnado e,
portanto, exposto às condições climáticas do local da instalação. Em regiões com risco de
geadas, são utilizados sistemas de proteção, com o intuito de evitar danos ao sistema.
100
Recirculação da água – esse sistema fará circular, através de uma bomba hidráulica,
a água do reservatório térmico quando a temperatura do sensor, localizado nos coletores
solares, acusar valores próximos a 5° C.
Válvula elétrica de drenagem – através de uma válvula elétrica dotada de um
termostato, a água existente nos coletores é drenada quando a temperatura nos coletores
atinge valores próximos a 5° C.
Fluido anticongelamento – por meio da mistura de água e um liquido
anticongelante, cria-se uma solução que reduz a temperatura de congelamento do fluido de
trabalho. Para que o sistema funcione corretamente, é necessário verificar se a solução
encontra-se nas proporções ideais definidas pelo fabricante do fluido e se não irá comprometer
os acessórios da instalação.
Temperaturas
Uma instalação de aquecimento solar deve ser projetada para suportar uma ampla variação de
temperaturas, que vão desde as que apresentam risco de congelamento até aquelas próximas a
de ebulição da água.
Pressão
Quadro de comando
101
Chaves seletoras: responsáveis pelo acionamento manual ou automático da
bomba de circulação dos coletores e demais equipamentos;
Disjuntores, contatores e relés de sobrecarga: possuem a função de proteção e
acionamento do sistema;
Controles para o sistema de apoio.
O quadro de comando pode ainda conter alguns equipamentos para controle e acompanhamento
do rendimento da instalação, tais como:
Aquecimento Indireto
Nos casos em que não é possível implantar um sistema de aquecimento solar convencional,
como em alguns casos de processos industriais, aquecimento de ambientes, proteção
anticongelamento contendo fluidos especiais, dentre outros, utiliza-se o sistema de
aquecimento indireto através do uso de trocadores de calor.
Figura 8.22. Representação esquemática de um sistema de aquecimento solar com trocador de calor
102
Unidade 9- Instalação e Manutenção
Fluxograma de funcionamento;
Localização de equipamentos;
Arranjos de coletores solares e reservatórios térmicos;
Isométrico de instalação do(s) reservatório(s) térmico(s);
Bases de fixação dos suportes metálicos e dos reservatórios térmicos;
Detalhamento de suportes metálicos
Cortes;
Possíveis interferências com a edificação existente ou em construção;
Traçado da tubulação;
Lista de materiais elétricos e hidráulicos;
Detalhamento do sistema de controle e monitoração;
Acessórios e indicação de montagem;
Demais informações necessárias para perfeita interpretação e instalação do
sistema;
a. Fluxograma de funcionamento
103
O fluxograma da instalação deve apresentar, de forma esquemática, com se dará o
funcionamento da instalação, sem se preocupar com escalas e dimensões reais dos
equipamentos.
Por meio desta representação gráfica determina-se a localização dos reservatórios térmicos, os
coletores solares e demais equipamentos na construção.
c. Isométricos
As representações isométricas são utilizadas para descrever partes da instalação que seriam
difíceis de se representar ou que exijam grau de detalhamento maior, como é o caso dos
reservatórios térmicos e seus acessórios.
104
Figura 9.3. Isométrico – reservatório térmico
d. Cortes
Coletores solares
É importante que os coletores sejam armazenados na vertical, seguindo as determinações do
fabricante quanto ao número máximo de peças possíveis de serem empilhadas, em local
coberto e protegido de intempéries.
Em caso de armazenamento externo deve-se protegê-los contra chuva para que os mesmos
não se danifiquem antes de serem instalados.
Com relação ao transporte dos coletores solares, o mesmo deve ser realizado
preferencialmente por duas pessoas, segurando-se nas extremidades da caixa do coletor, de
modo a evitar torções nos equipamentos.
b. Reservatórios térmicos
105
O transporte dos reservatórios térmicos deve ser executado através de seus olhais ou alças de
transporte seguindo as recomendações do fabricante e nunca pelas tubulações.
Recomenda-se que uma instalação solar seja executada por no mínimo dois instaladores,
capacitados, garantido assim agilidade e segurança na implantação do sistema.
EPI’S E FERRAMENTAS
Para minimizar o risco de acidentes durante a instalação é imprescindível que sejam seguidas
todas as normas pertinentes à atividade que será realizada
A seguir estão relacionados alguns EPIs, ferramentas e acessórios necessários para realização
de uma instalação de aquecimento solar .
106
Ferramentas
a. Bomba hidráulica
Quando o sistema de aquecimento solar não pode operar em termossifão utiliza-se uma bomba
hidráulica cujo objetivo é promover a circulação do fluido de trabalho entre os coletores e o
reservatório térmico.
As bombas hidráulicas utilizadas em sistemas de aquecimento solar devem possuir algumas
características especiais para que operem de forma segura e duradoura.
(fonte:website Schneider)
Figura 9.6 - Bomba hidráulica
Corpo hidráulico: o corpo hidráulico abriga o rotor o qual pode ser fabricado em ferro fundido,
aço inoxidável, bronze, polímero ou outro material, devendo ser especificado conforme as
características físico químicas e temperatura do fluido que será bombeado.
Motor elétrico: acoplado ao corpo hidráulico é responsável pelo acionamento do rotor sendo
dimensionado conforme a potência necessária para vencer as perdas de carga e desníveis da
instalação.
107
b. Controlador diferencial de temperatura
c. Termostato
Termostatos são dispositivos que permitem a abertura
ou fechamento de um circuito elétrico conforme um ajuste
pré-definido de temperatura. Estes dispositivos são muito
utilizados em reservatórios térmicos para acionamento
de resistências e anéis de recirculação para prumadas de água quente.
d. Fluxostato
e. Sensores de temperatura
(fonte: Fullgauge)
108
f. Manômetro
g. Válvulas e registros
Válvulas são dispositivos utilizados para controle, bloqueio, manutenção e desvio de fluxo do
fluido circulante de uma instalação hidráulica. Em um SAS, as válvulas mais utilizadas são:
109
Fig 9.9 -Registro globo
Válvula de retenção
Esse tipo de válvula permite o fluxo do liquido em uma só direção podendo ser instalada na
vertical ou horizontal de acordo com as especificações da válvula.
Fonte:website docol
Figura 9.10 - Válvula de retenção
Fonte:website genovalvulas
Figura 9.11 - Válvula eliminadora de ar
Válvula quebra-vácuo
Tal válvula é responsável por permitir a entrada de ar no sistema.
Fonte:website silgonvalvulas
Figura 9.12 - Válvula quebra-vácuo
Válvula de segurança
Esse modelo de válvula é responsável por proteger o sistema contra pressões superiores às
dimensionadas para sua operação.
Fonte:website drava
Figura 9.13 Válvula de segurança
110
De posse do projeto dos suportes, suas especificações devem ser rigorosamente seguidas, de
forma a garantir sua correta fixação à estrutura do telhado ou às bases construídas
especialmente para sua instalação.
A base dos suportes dos coletores deverá ser confeccionada em concreto ou outro material que
suporte o peso dos coletores, as cargas de vento e as intempéries a que o sistema será
submetido. Deve-se ainda atentar para os seguintes itens na confecção das bases:
A distância entre as bases deve ser calculada de forma que o suporte nela instalado não
submeta o coletor solar a flexões superiores às permitidas pelo fabricante.
Os parafusos de fixação dos suportes nas bases devem ser galvanizados ou protegidos
contra corrosão.
As bases devem prever canais para escoamento da água da chuva.
Quando os suportes metálicos forem instalados diretamente na laje, é necessário
impermeabilizar o local onde forem fixados.
Quando os suportes metálicos forem instalados sobre telhados, as telhas perfuradas
deverão ser impermeabilizadas.
Os suportes e suas respectivas bases de fixação deverão ser projetados por profissional
tecnicamente habilitado
* Atenção: conforme a norma NBR 7198, “é vedado o uso de válvulas de retenção no ramal de
alimentação de água fria por gravidade do reservatório térmico, quando o mesmo não possuir
respiro.”
111
A alimentação de água fria do reservatório deve conter no mínimo, 150 cm de tubulação
anterior ao sifão em cobre ou material que suporte temperatura do sistema.
A alimentação de água fria do reservatório, vinda da caixa d’água, deve ser exclusiva não
permitindo derivações para outros pontos;
A saída para o dreno deve ser conectada a uma tubulação de esgoto ou destinada a local
apropriado;
Quando for utilizado conjunto de válvulas para SAS de alta pressão, a área logo abaixo do
conjunto deve ser devidamente impermeabilizada evitando infiltrações na edificação;
As interligações das entradas e saídas de um reservatório térmico horizontal convencional
devem seguir as configurações apresentadas na figura a seguir promovendo a circulação de
toda a água do reservatório.
A interligação hidráulica dos coletores poderá ser executada em série ou paralelo de acordo
com o que for definido no projeto da instalação. Além de seguir as configurações de projeto, no
momento da instalação dos coletores, deve-se atentar para os seguintes itens:
112
a. As conexões entre coletores podem ser executadas com luvas soldadas ou luvas de
união, as quais facilitam futuras manutenções e substituição de coletores;
b. Deve-se instalar um registro gaveta ou esfera na parte inferior da bateria para dreno
dos coletores.
d. A instalação dos coletores deve prever fácil acesso para limpeza e manutenção.
Instalação de sensores
Em sistemas cuja circulação é forçada, a bomba hidráulica é comandada por um controlador
diferencial de temperatura o qual compara as temperaturas entre os sensores 1 e 2 localizados
no topo do ultimo coletor da bateria e na base do reservatório respectivamente.
113
Conforme apresentado no capitulo anterior, geralmente, a bomba hidráulica é acionada
quando o a diferença de temperatura entre o sensor 1 e 2 é igual ou superior a 5°C* e desligada
quando igual ou inferior a 2°C*. Cabe ressaltar que esta temperatura é apenas orientativa
devendo a mesma ser especificada no projeto da instalação.
Quadro de comando
.
Fonte: acervo Green
Figura 9.20 – Quadro de comando – Vista Interna
114
INSTALAÇÃO DO SISTEMA DE AQUECIMENTO AUXILIAR
a. Resistência elétrica
Este manual aborda apenas os aspectos referentes ao circuito primário de uma instalação de
aquecimento solar, entretanto cabe observar alguns detalhes importantes na interligação entre
o reservatório e a tubulação de consumo de água quente.
115
c. A tubulação de distribuição hidráulica para os pontos de consumo deve estar
sempre na descendente, evitando-se a formação de sifões, que podem prejudicar a vazão nos
pontos de consumo.
d. A prumada de água fria da descarga deverá ser exclusiva. Não deve-se instalar
ramais para o registro de água fria do chuveiro e para ducha higiênica.
a. Start-up do sistema
b. Enchimento do sistema
Deve-se encher lentamente o sistema, preferencialmente da parte mais baixa para o topo
evitando a formação de bolsas de ar no circuito hidráulico.
c. Teste de estanqueidade
Os circuitos hidráulicos devem ser testados com pressão 1,5 vez, superior à pressão de
operação da instalação com objetivo de identificar possíveis vazamentos. As válvulas de
segurança, quando existentes, devem ser instaladas após o teste de estanqueidade, pois as
mesmas operam em pressão nominal inferior a de teste.
Nesta etapa é importante acionar manualmente todas as válvulas ventosas para retirada
completa do ar do sistema.
Sensores, bomba hidráulica, válvula de segurança e demais acessórios devem ser testados
simulando-se condições de operação do sistema e verificando seu comportamento.
ACABAMENTO
116
c. Verificar se todos os cabos elétricos estão devidamente encapados e conduzidos
através de eletrodutos;
d. Verificar a existência de alguma obstrução na saída do conjunto de válvulas de
segurança.
Nesta etapa, o instalador deverá ensinar ao responsável pelo recebimento da instalação como
operar o sistema, apresentado a localização de acessórios, quadro de comando e demais
componentes. Cabe também ao instalador fornecer, quando aplicável, o projeto executivo as-
built, a anotação de responsabilidade técnica (ART), os certificados de garantia e demais
documentações pertinentes ao sistema.
MANUTENÇÃO
Manutenção preventiva
Mensal
Semestral
Anual
Manutenção corretiva
117
PROBLEMA CHECAR CAUSA PROVÁVEL SOLUÇÃO
118
Unidade 10
Referências Bibliográficas
ABNT – Norma Brasileira de Execução de Instalações de Sistemas de Energia Solar que utilizam
coletores solares planos para aquecimento de água– NBR 12269
ABNT – Norma Brasileira de Projeto e Execução de Instalações Prediais de Água Quente – NBR 7198.
BECKMAN, W. A., KLEIN S. A. and DUFFIE, J. A., Solar Heating Design by the f-Chart Method, Wiley-
Interscience, New York (1977).
BENNETT, I., Monthly Maps of Mean Daily Insolation for the United States, Solar Energy, 1965.
COLLARES-PEREIRA, M., RABL, A., The average Distribution of Solar Radiation - Correlations between
Diffuse and Hemispherical and between Daily and Hourly Insolation, Solar Energy, V.22, p.155,
1979.
DUFFIE, J. A., BECKMAN W. A., Solar Engineering of Thermal Processes, John Wiley & Sons, INC, 2ª
Edição, 1991.
ISO 9459 Part 2, Solar Heating – Domestic Water Heating Systems; Performance Testing for Solar
Only Systems, CEN (1994).
MEINEL, A. B., MEINEL, M.P., Applied Solar Energy – An Introduction, Addison-Wesley Pub. Co., 1ª
Edição, 1976.
119
MORRISON, G.L., Reverse circulation in thermosyphon solar water heaters, Solar Energy, Vol.36,
Num. 4, pp. 377-379, 1986.
NUNES, G.S. et al., Estudo da Distribuição da Radiação Solar Incidente sobre o Brasil, Revista
Brasileira de Armazenamento, Viçosa, 1979.
PEREIRA, E.M.D. et al. Software SISCOS VERSÃO 3.0 - Dimensionamento de Instalações Solares de
Médio e Grande Portes, FAPEMIG, 1998
120
121
ANEXO I – Perdas de carga localizadas – comprimento equivalente em metros de tubo de PVC
rígido ou cobre
122
123
ANEXO III- O Programa Brasileiro de Etiquetagem
INTRODUÇÃO
124
O coletor solar é exposto ao Sol sem a passagem de água em suas tubulações durante 30 dias,
consecutivos ou não, em que a radiação solar diária exceda 17MJ/m2. O dia que apresenta esta
característica é denominado dia válido. Normalmente, para que este período se complete, o
coletor permanece entre 45 e 60 dias em exposição, dependendo da época do ano. A figura a
seguir, mostra os coletores em exposição.
Choque Térmico
Durante o ensaio de Exposição não-operacional, são promovidos três choques térmicos a cada
período de 10 dias válidos completados. Para que se inicie o teste, é necessário que a radiação
solar instantânea no plano do coletor seja superior a 890 W/m2, durante um período mínimo
de 1 hora. Observada esta condição, três jatos de água fria com vazão controlada são
simultaneamente direcionados para o vidro do coletor, conforme ilustra a figura.
125
Figura Choque Térmico e Estanqueidade
Esse ensaio leva o coletor a condições extremas, sendo um bom indicativo da qualidade dos
materiais usados e, principalmente, de sua vedação. Problemas de vedação, evidenciados na
figura, podem comprometer, de modo significativo, o desempenho térmico do coletor, assim
como seu tempo de vida útil, que, em condições normais de operação, é estimado pelos
fabricantes entre 15 e 20 anos.
. Problemas de Vedação
Pressão Hidrostática
Esse ensaio é feito após a Exposição não-operacional, sem incidência de raios solares sobre o
coletor e com duração fixada em 15 minutos.
Etapa 1 e 2 - Inspeções
126
Diariamente são feitas inspeções visuais no coletor solar para detectar evidências de problemas
de vedação, quebra ou qualquer outra avaria.
Constante de Tempo
Para atender à exigência de regime quase-permanente na operação dos coletores solares nos
ensaios do Grupo 2, devemos determinar a constante de tempo do coletor solar. Essa constante
é definida como o tempo necessário para que a diferença de temperatura entre a água à saída
e entrada do coletor (Tfs - Tfi ) seja reduzida a 36,8% de seu valor inicial, quando a radiação solar
incidente é instantaneamente bloqueada. É o que demonstra a figura 7.4.
40
36
Tfs
32
Tfe
28
24
20
0 30 60 90 120
Tempo(segundos)
Os valores medidos da Constante de Tempo para os coletores ensaiados no PBE são muito
variados, compreendendo uma faixa entre 60 e 250 segundos. Esse valor é altamente
dependente dos materiais utilizados e suas respectivas espessuras, ou seja, da inércia térmica
do coletor solar.
Este conceito foi exaustivamente analisado ao longo dessa unidade. No PBE são adotadas as
equações de eficiência térmica anteriormente discutidas.
.
m c p ( T fs - T fi ) (7.1)
η =
G . A ext
(7.2)
127
A transp F R U L (T fi - T amb )
η= F R τ v α p -
A ext
G
Até o ano de 2004 estes ensaios experimentais não eram realizados sob condições climáticas
controladas, dessa forma, as normas utilizadas fixam as seguintes exigências:
Na figura 7.5, mostramos as curvas de eficiência térmica instantânea para vários coletores
participantes da primeira fase do PBE.
90
80
70
Eficiência Térmica (%)
60 SRCC-1
50
SRCC-2
40
30
20
10
0
0 ,0 0 0 0 , 0 10 0 ,0 2 0 0 ,0 3 0 0 ,0 4 0 0 ,0 50
128
Simulador Solar
Para cálculo da eficiência média dos coletores, constante da Etiqueta do INMETRO, tomou-se o
valor da abscissa desse gráfico igual a 0,02 e 0,005, respectivamente para coletores com
finalidade banho e piscina. Este valor foi adotado com base em medições realizadas em várias
instalações termossolares sob condições reais de operação.
129
a faixa de ângulos de incidência imposta no ensaio para determinação da curva de eficiência
térmica instantânea.
O critério ii tem como objetivo anular o segundo termo da equação 8.35, rescrevendo-a na
forma:
ηθ =
A transp
A ext
{F
Rτvα p
}
θ
onde o subscrito θ indica que os valores de eficiência térmica e do produto (cp) são
determinados para ângulos de incidência entre 0 e 60º.
Para coletores planos com cobertura transparente do tipo vidro liso comercial, o
comportamento físico da curva de eficiência térmica em função do ângulo de incidência da
radiação direta é apresentado na figura
130
100
90
80
70
Eficiência Térmica (%)
60
50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Angulo de Incidência da Radiação Direta
Verificamos, então, uma redução mais acentuada da eficiência térmica dos coletores para
ângulos superiores a 50º. Esses ângulos ocorrem no princípio da manhã e final da tarde, desde
que a inclinação e orientação do coletor solar estejam otimizadas para a cidade em questão.
Definimos, então, o Fator de Correção para o Ângulo de Incidência - Kτα como a razão entre a
eficiência medida para um determinado ângulo θ e o valor máximo, obtido para θ = 0°. Feitas
as simplificações, podemos afirmar que:
(7.4)
τvα p
θ
K τα =
τvα p
n
Para avaliar o comportamento do coletor ao longo do dia, tornamos linear a função Kτα na
forma:
1 (7.5)
K τα = a + b − 1
cos θ
131
Para o consumidor leigo, é muito importante oferecer, na Etiqueta do INMETRO, informações
sobre a produção mensal de energia para cada coletor ensaiado. Assim, o GT–SOL definiu,
como referência, o mês de setembro para a cidade de Belo Horizonte, considerando a
inclinação dos coletores igual a 25º.
Passo 1 – Determinar a radiação solar incidente no plano do coletor, em média horária para o
mês especificado.
∆T ∆T 15 (HS − 14) π
Tamb = Tmax − + cos
2 2 180
Passo 3 – Determinar o ângulo de incidência da radiação direta para a hora média do período
útil de operação dos coletores solares.
Em Belo Horizonte, adotamos o intervalo entre 8 e 17 horas.
Passo 6 – Determinar a produção mensal de energia por coletor solar em média mensal.
Consideramos que a energia produzida pelo coletor solar durante uma hora, é equivalente ao
produto de sua eficiência térmica pela energia incidente no plano do coletor neste mesmo
período. O valor horário é multiplicado por 30 para obtenção da energia gerada durante um
132
mês, em cada intervalo de tempo. A soma dos valores horários para as i horas do dia, com
nível satisfatório de radiação solar, fornece a produção mensal de energia. Em nosso caso, o
índice i varia de 1 a 9, correspondente ao período entre 8 e 17 horas.
Assim, tem-se:
9
1
E mensal = ∑ 30 * η (Idir + Idif) * 1h * * Aext [kWh/mês]
i =1 1000
A constante 1000 é apenas para conversão da unidade em kWh/mês, permitindo, assim, uma
melhor avaliação, por parte dos consumidores finais, da economia de energia a ser obtida com
a utilização do aquecimento solar.
Marcações e instruções
Tensão suportável
133
Volume
Pressão
Coeficientes de perda de calor
Corrente de fuga
Potência absorvida
Resistência ao calor e fogo
Resistência ao enferrujamento
Os reservatórios não são classificados por faixas de desempenho térmico. Dessa forma, apenas
aqueles aprovados em todos os ensaios, recebem a etiqueta de aprovação do INMETRO.
A perda específica de energia diária é multiplicada por 30 para obtenção da perda específica de
energia mensal. O tanque será aprovado se a perda específica de energia mensal estiver de
acordo com os valores apresentados na tabela 7.1.
134
0,15 ≤ 290
0,2 ≤ 280
0,25 ≤ 270
0,3 ≤ 270
0,4 ≤ 250
0,5 ≤ 240
≥ 0,6 ≤ 210
135
ANEXO V – Programa QUALISOL Brasil
Desta forma, o QUALISOL BRASIL, que tem como missão premiar o consumidor final com um
Selo de Qualidade e um Certificado de Garantia, foi denominado de “QUALISOL BRASIL:
Programa de Qualificação de Fornecedores de Sistemas de Aquecimento Solar”, englobando
fabricantes, revendas e instaladoras.
136
137
138