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DIREITO CONSTITUCIONAL

Direitos e Deveres Individuais e Coletivos III


Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS III

QUEBRA DE SIGILOS – MINISTÉRIO PÚBLICO

• Prevalece a orientação que o Ministério Público (MP) não pode quebrar


sigilos, devendo requerer a providência ao Poder Judiciário.

 Obs.: Sigilo é para preservar a intimidade, a privacidade das pessoas. Teve um


caso em que o Ministério Público pediu e teve acesso direto às contas ban-
cárias da Prefeitura, do ente público (e não do prefeito). Prefeito alegou
que as provas eram ilícitas.

Atenção!
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou as provas, pois o MP poderia ter
acesso às contas pertencentes à Prefeitura (ente público), independentemente
de autorização judicial, até porque, nesse caso, o poder público seria o titular
da conta.

 Obs.: E contra o ente não tem violação da intimidade, privacidade. Se fosse


do prefeito, o MP teria que requisitar ao poder judiciário e este deferindo,
poderia ter acesso.

Obs.:
 Geralmente, as provas pegam o julgamento como se fosse situação hipoté-
tica e pedem para o candidato se posicionar, mas não é situação hipotética.

QUEBRA DE SIGILOS – TRIBUNAL DE CONTAS

O Superior Tribunal Federal (STF) menciona que o Tribunal de Contas possui


os chamados poderes implícitos (Teoria dos Poderes Implícitos), originado do
Direito norte-americano, denominado implied powers, ou seja, “quem pode mais,
pode menos”.
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 Obs.: Essa teoria é aplicada ao Ministério Público, pois quem pode acusar
(mais) pode coletar provas para acusar (menos). No Tribunal de Contas,
também tem, pois ele precisa fiscalizar o dinheiro público e, para isso, é
necessário ter “ferramentas”. Estas não precisam estar previstas (todas)
na Constituição, porque quem pode mais (fiscalizar) pode menos (fisca-
lizar). Mas o Supremo entende que o Tribunal de Contas não pode que-
brar sigilo.

• Embora possua os chamados poderes implícitos, os TCs não podem que-


brar sigilos, devendo requerer a providência ao Poder Judiciário.

Atenção!
Caso envolvendo empréstimo do BNDES ao grupo JBS/Friboi: possibilidade
de requisição de informações pelo TCU.

• JBS/Friboi pediu empréstimo ao BNDES e, como tinha muito dinheiro


envolvido, o Tribunal de Contas da União (TCU) foi fiscalizar, mas não teve
acesso pelo BNDES, que alegou sigilo bancário. TCU foi ao STF querendo
acesso ao contrato para fiscalizar o dinheiro público envolvido. STF abor-
dou ser indevido o procedimento do BNDES. Apesar de o TCU não poder
quebrar o sigilo, STF determinou que se pode acessar, requisitar informa-
ções constantes no contrato.

 Obs.: Na prática, dá quase no mesmo, pois TCU requisitou e teve acesso às


informações para fiscalizar.

 Obs.: Na prova, não pode tratar de quebra de sigilo pelo TCU.

QUEBRA DE SIGILOS – RECEITA FEDERAL

• Transferência de sigilos e a Lei Complementar n. 105/2001.


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Exemplo: Compra de um apartamento – transferência financeira de muito


dinheiro, o gerente do banco liga para informar ao COF a respeito da movimen-
tação suspeita na conta. Contudo, se sempre tem, pode ser lavagem de dinheiro
ou sonegação.

 Obs.: Segundo a LC n. 105/2001, pode haver o compartilhamento de dados


diretamente entre a instituição financeira e a receita federal sem passar
pelo judiciário.

• Segundo o STF, pode e não é quebra de sigilo. Receita não pode quebrar
sigilo.

 Obs.: Isso não é quebra de sigilo, pois os dados continuam em sigilo. Trata-se
de transferência de sigilo.

SIGILO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS

• Interceptação.
–– Prazo: Lei x Jurisprudência – renovações sucessivas?
• Segundo a Lei n. 9296/1996, o prazo da quebra é de 15 dias, prorrogáveis
por uma vez, por igual período, ou seja, 15 + 15 = 30.
• No entanto, a jurisprudência admite renovações sucessivas, ou seja, pode
ter 15 + 15 + 15 + 15 … desde que haja fundamentação e necessidade
para prorrogar o prazo.

 Obs.: O STFe o STJ entendem que não há ilicitude na prova se o juiz fizer 30 +
30 + 30 + … em vez de 15 em 15.

• Crimes: reclusão x detenção.


–– A lei dispõe que somente é possível para crimes punidos com reclusão.
Para crimes punidos com detenção, não seria possível.
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• Incidência do fenômeno da serendipidade


Cuidado!
–– Também chamado de encontro fortuito.

Exemplo: Havia uma interceptação para analisar o crime X, que é crime


punido com reclusão, mas durante a escuta foi descoberto o crime Y, que é crime
punido com detenção. Na sentença, o crime que gerou a intercepção, crime X,
foi absolvido. Com isso, segundo o Supremo, pode-se usar a interceptação, pois
a autorização parte do crime investigado e não do crime condenado. No crime
investigado (X), tinha crime punido com reclusão, então é possível.

• Degravação dos diálogos: integral x parcial.


–– Supremo entende que não precisa degravar tudo. Tem de entregar a
mídia completar para a defesa.

 Obs.: Degrava-se aquilo que é essencial, e quem degrava é a polícia, assim, é


degravado aquilo que é essencial para a polícia. Se a defesa quiser, pode
apontar outros momentos para serem degravados.

INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem


consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

• Abrangência do conceito de casa.


Segundo o STF, casa é habitação ou local usado para o trabalho – como
casa, apartamento, barraco, habitação de uso coletivo (quarto de hotel, motel,
pensão, pousada, hospedaria etc.); trabalho como oficina, garagem, escritório.

 Obs.: O que não é casa? O carro e repartição pública, por exemplo.


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Segundo o julgamento do STJ, ingressar sem autorização dentro de gabinete


de delegado de Polícia configura crime do artigo 150 do Código Penal, ou seja,
crime de invasão de domicílio. Assim, para o STJ, o gabinete de delegado de
polícia é casa.

HIPÓTESES DIA NOITE


Para prestar socorro Pode Pode
Em caso de desastre Pode Pode
Em flagrante delito Pode Pode
Por determinação da
Pode ***
autoridade judicial*

 Obs.: Com o consentimento do morador, entra-se à casa em qualquer horário.

• Autoridade judicial e a cláusula de reserva de jurisdição*.


–– Quando incide cláusula de reserva de jurisdição, somente o poder judici-
ário pode determinar.

 Obs.: Quem não pode determinar busca e apreensão domiciliar? CPI, Ministé-
rio Público, autoridade fiscal, fazendária, oficial de justiça sem o mandado
judicial, autoridade policial (delegado de polícia).

–– CPI pode determinar busca e apreensão, desde que não seja busca
e apreensão domiciliar. Pode determinar busca dentro de repartição
pública, por exemplo, apreendendo computador.

Obs.:
 *Em regra, durante a noite, não se pode ingressar com autorização judicial.

–– Se não conduzir à exceção, tem de responder à regra.

Exemplo: Um ministro do STJ estava sendo acusado de vender sentença


junto de seu irmão. Quem processa e julga ministro do STJ no crime comum é o
STF, ou seja, o processo começou no Supremo. O STF mandou colocar escuta
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dentro do escritório do irmão do ministro à noite, pois, se fosse de dia, todos


saberiam que seria colocado. A defesa alegou que a prova coletada era ilícita,
pois foi colocada durante a noite por ordem judicial. Contudo, o STF abordou que
nenhum direito é absoluto e que não podia usar este direito como escudo para
praticar crimes.
Segundo a jurisprudência, o escritório de advocacia durante a noite usado
para a prática de crime pode ter escuta ambiental por ordem judicial à noite.

• O ingresso desautorizado em domicílio e a responsabilização por abuso de


autoridade.

 Obs.: Se a polícia ingressar e não encontrar nada, é abuso de autoridade?

–– A polícia pode entrar em caso de flagrante e em caso de suspeita de fla-


grante.

Exemplo: Crime de tráfico de drogas é um crime permanente (têm vários


verbos, como guardar drogas). O STJ entende, em julgado importante, que se o
policial estiver sentindo o cheiro de droga pode entrar.

–– Pode não ter achado por algumas razões, como os bandidos percebe-
rem a movimentação suspeita e jogarem a droga no vaso, por exemplo.
–– Somente ocorre a responsabilização dos policiais se houver comprova-
ção de má-fé. A boa-fé se presume, mas a má-fé tem de ser provada. Ou
seja, o policial pode responder por abuso de autoridade se caracterizado
que ingressou de má-fé.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Aragonê Fernandes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela
leitura exclusiva deste material.
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