Você está na página 1de 3

Boa noite a todos e a todas

Após a leitura da página 226 do livro Teologia Sistemática do teólogo Louis Berkhof.
Elabore um resumo de no mínimo 10 linhas e no máximo 15 linhas acerca do conceito
pelagiano acerca do pecado.

Para tanto, considere as seguintes questões:

A) Apresente o conceito de pecado para Pelágio, e;

B) Em que consiste o pecado para Pelágio.

1. EXPOSIÇÃO DO CONCEITO PELAGIANO. Pelágio tomou o seu ponto de partida


na capacidade do homem. Sua proposição fundamental é: Deus ordenou ao homem que
praticasse o bem; daí, este deve ter capacidade para fazê-lo. Significa que o homem tem
livre arbítrio no sentido absoluto da expressão, de modo que lhe é possível decidir a favor
ou contra o que é bom, e também praticar tanto o bem como o mal. A decisão não depende
de qualquer caráter moral que haja no homem, pois a vontade é inteiramente
indeterminada. Se o homem vai fazer o bem ou o mal depende simplesmente da sua
vontade livre e independente. Disto se segue, naturalmente, que não existe o que chamam
de desenvolvimento moral do indivíduo. O bem e o mal estão localizados nas ações
isoladas do homem. Desta posição fundamental decorre naturalmente o ensino de Pelágio
a respeito do pecado. O pecado consiste somente nos atos isolados provenientes da
vontade. A coisa chamada natureza pecaminosa não existe, como tampouco as chamadas
disposições pecaminosas. O pecado é sempre uma escolha deliberada do mal, escolha
feita por uma vontade perfeitamente livre e que igualmente pode escolher e seguir o bem.
Mas se fosse assim, inevitavelmente se seguiria que Adão não foi criado num estado de
santidade positiva, mas, sim, num estado de equilíbrio moral, Sua condição seria de
neutralidade moral.
Nesse caso, ele não era nem bom nem mau, e, portanto, não tinha natureza moral; mas
ele escolheu o curso do mal, e assim se tornou pecaminoso. Considerando que o pecado
consiste unicamente em atos isolados decorrentes da vontade, a idéia da sua propagação
pela procriação é absurda. Uma natureza pecaminosa, se existisse tal coisa, poderia passar
de pai a filho, mas os atos pecaminosos não podem ser propagados dessa maneira. Isso é
por natureza uma impossibilidade. Adão foi o primeiro pecador, mas em nenhum sentido
o seu pecado passou aos seus descendentes. O que chamam de pecado original, não existe.
As crianças nascem num estado de neutralidade, começando exatamente como Adão
começou, com a exceção de que levam a desvantagem de terem maus exemplos ao seu
redor. O seu curso futuro terá que ser determinado pela própria livre escolha. A
universidade do pecado é admitida, porquanto toda experiência a testifica. Deve-se à
limitação e ao hábito de pecar, que se forma gradativamente.
Estritamente falando, segundo o ponto de vista pelagiano, não há pecadores, mas tão
somente atos pecaminosos isolados. Isso impossibilita completamente uma concepção
religiosa da história da raça.
AO CONCEITO PELAGIANO. Há várias objeções fortes ao conceito pelagiano do
pecado, das quais as mais importantes são as seguintes:
a . A posição fundamental de que Deus só responsabiliza o homem por aquilo que este é
capaz de fazer, é absolutamente contrária ao testemunho da consciência e à palavra de
Deus. É um fato inegável que, conforme o homem cresce no pecado, decresce a sua
capacidade para o bem. Ele se torna, em proporção cada vez maior, um escravo do pecado.
Segundo a teria em foco, isso também envolveria uma diminuição da sua
responsabilidade. Mas isso equivale a dizer que o próprio pecado redime gradativamente
as suas vitimas, aliviando-as da sua responsabilidade. Quanto mais pecador, menos
responsável o homem é. Contra essa posição a consciência registra um vigoroso protesto.
Paulo não diz que os pecadores endurecidos que ele descreve em Rm 1. 18-32 estavam
virtualmente sem responsabilidade, mas, antes, considera-os dignos de morte. Disse Jesus
que os ímpios judeus que se vangloriavam da sua liberdade, mas manifestaram a sua
extrema iniqüidade procurando mata-lo, eram escravos do pecado, não compreendiam a
Sua linguagem porque eram incapazes de ouvir a Sua palavra, e iam morrer em seus
pecados, Jo 8.21, 22, 34, 43. Embora escravos do pecado, eram, não obstante,
responsáveis.
b . Negar que o homem tem por sua natureza uma estrutura moral é simplesmente
rebaixa-lo ao nível dos animais. Segundo esse conceito, tudo da vida do homem que não
seja uma consciente escolha da vontade, está privado de toda e qualquer qualidade moral.
Mas a consciência dos homens em geral atesta o fato de que o contraste entre o bem e o
mal aplica-se também às tendências, aos desejos, ao temperamento e às emoções do
homem, sendo que esses elementos também possuem um caráter moral. No pelagianismo,
o pecado e a virtude são reduzidos a apêndices superficiais do homem, de maneira
nenhuma vinculados à sua vida interior.
As passagens que damos a seguir mostram que a opinião da Escritura é completamente
diversa: Jr 17.9; Sl 51.6, 10; Mt 15.19; Tg 4.1,2.
c . Uma escolha da vontade que não seja de modo nenhum determinada pelo caráter do
homem, não somente é inimaginável, como também é eticamente destituída de valor. Se
uma boa ação do homem simplesmente acontece porque sim, e não se pode dar nenhuma
razão que explique por que não sucedeu o oposto, noutras palavras, se a ação não é uma
expressão do caráter do homem, falta-lhe por completo valor moral. É só como um
expoente do caráter que uma ação tem o valor moral que se lhe atribui.
d. A teoria pelagiana não pode explicar satisfatoriamente a universalidade do pecado. O
mau exemplo dos pais e avós não oferece uma verdadeira explicação. A simples e abstrata
possibilidade de um homem vir a pecar, mesmo quando fortalecida pelo mau exemplo,
não explica como aconteceu que, de fato, todos os homens pecaram. Como se pode
explicar que a vontade sempre e invariavelmente seguiu na direção do pecado, e nunca
na direção oposta? É muito mais natural pensar numa disposição geral para pecar. P. 226

Você também pode gostar