Você está na página 1de 12

Assistência de Formação Shalom

“Enraizados na oração e na esponsalidade”

Formação Específica – 15.05.23

Formação dos setoriais (formação dos estados de vida)


- Namorados-
A jornada no amor

Eric Buarque
Mantido o tom coloquial

Antes de começar, queria dar minha acolhida a todos que estão participando nessas
conexões, nas diversas missões! Essa é a primeira formação que estamos tendo nesse novo
caminho interativo da Aliança, e tem uma formação inclusive para os namorados, dentro do nosso
percurso formativo. Eu, quando namorava, que era da Comunidade, não tinha isso não, não tinha
formação na segunda-feira não. Nós não tínhamos, mas que bom que vocês têm! Nós ficamos
alegres por isso, e sei que vocês estão felizes e animados!

Antes de vir para cá precisei ligar para o João Edson, o assistente geral, para conversar uma
coisa com ele, aí no final da ligação, eu disse: “Reze por mim, que vou pregar para os namorados”,
e ele: “É a coisa mais fácil do mundo pregar para os namorados! Eles são super animados. Tudo
que você diz, eles gostam. Tudo que você propõe, eles aceitam”. Será que é assim mesmo? Mas
com certeza é um tempo muito feliz, é um tempo muito alegre, de muitas graças. De desafios
também, mas de muitas graças e alegrias!

É bom que eu preparando essa formação de hoje ia com certeza trazendo à memória o
meu tempo de namoro, eu que ainda hoje sou apaixonado pela minha esposa, mas fui recordando
desse tempo muito bom do namoro também e do percurso que nós trilhamos.

Eu acredito que boa parte de vocês são jovens namorados, que estão aqui assistindo, então
pode ser que tenha muita gente que não me conheça. Com certeza tem muita gente que não me
conhece. Eu preciso me apresentar. Mas antes de qualquer apresentação eu queria que a gente
começasse esse momento formativo com a Palavra de Deus. Depois eu me apresento, mas vamos
começar pelo mais importante.

Vamos começar pela Palavra de Deus. Queria que você abrisse no início do Cântico dos
Cânticos. Eu vou ler junto com vocês as primeiras palavras que no Cântico dos Cânticos a amada
diz para o amado e também o amado diz para a amada, porque eu acho que esse livro, e eu acho
não, esse livro com certeza fala muito sobre o amor divino, fala muito também sobre o amor
humano, fala muito também sobre a experiência que nós vivemos nesse tempo de namoro.

Logo no início do cap.1, nós lemos, a amada dizendo para o amado: “Que me beije com
beijos de sua boca! Teus amores são melhores do que o vinho, o odor dos teus perfumes é suave,
teu nome é como óleo escorrendo, e as donzelas se enamoram de ti...”. Então, a amada que
apaixonadamente tece esses muitos elogios para o amado. Talvez as irmãs que estão ouvindo não
gostaram muito desse último verso: “E as donzelas se enamoram de ti”, mas quando nós estamos
apaixonados, encantados, nós sabemos o valor que tem ali o nosso namorado, a nossa namorada,

1
e que outros podem se encantar também, mas aqui o objetivo, o que trata esse livro é esse
encantamento, é esse amor apaixonado: “Que me beije com beijos de sua boca! Teus amores são
melhores do que o vinho, o odor dos teus perfumes é suave, teu nome é como óleo escorrendo”,
olha aí que lindo! O teu nome, o nome do seu namorado é como óleo escorrendo, o óleo
perfumado, “e as donzelas se enamoram de ti” como eu me enamorei, como eu estou enamorada.

Mais para frente, no quinto poema, que é o poema que vai iniciar com as palavras do
amado, no cap.4, nós lemos: “Como és bela, minha amada, como és bela!... São pombas teus
olhos escondidos sob o véu. Teu cabelo... um rebanho de cabras ondulando pelas faldas do
Gaalad. Teus dentes... um rebanho tosquiado subindo após o banho, cada ovelha com seus
gêmeos, nenhuma delas sem cria. Teus lábios são fita vermelha, tua fala melodiosa; metades de
romã são tuas faces escondidas sob o véu”. Claro que aqui o amado está usando as analogias, as
comparações daquele tempo.

Eu acho que hoje, se fossemos elogiar a nossa amada, não usaríamos tanto as ovelhas, as
gazelas, mas se a gente perceber a poesia daqui nós entendemos a paixão também do amado:
“Como és bela, minha amada, como és bela!... Teus lábios são fita vermelha, tua fala melodiosa”,
eu gosto de te ouvir. “Metades de romã são tuas faces escondidas sob o véu”.

Por que estou trazendo, irmãos, no início dessa formação, esse trecho dos Cânticos dos
Cânticos? Eu não quero deixar para depois, não quero deixar nem para o meio e nem para o fim o
mais importante dessa formação. Quero já desde o início lançar sobre vocês algo de muito rico,
algo de muito importante, o tesouro que a Palavra de Deus nos traz. A partir desse trecho, é
importante nós compreendermos e entendermos cada vez mais que o amor humano é um dom
divino.

O amor que você sente pelo seu namorado, pela sua namorada, este amor é divino. O
corpo humano é obra divina. Nós somos habitados pelo Espírito de Deus, e tudo isso, o nosso
amor, o nosso corpo, o sermos templo do Espírito, é a nossa semelhança com Deus, é semelhança
divina. A atração que nós sentimos, a complementariedade de alma e de corpo, masculino e
feminino, tudo isso é obra divina. A paixão, o amor, a família que no futuro vocês gerarão talvez, a
família que nós geramos, eu com a minha esposa, o Kléber com a Cassandra, são imagem do
divino, são imagem de Deus, da Trindade, Deus que é uma família, Deus que é uma comunidade.
Então, tudo isso, esse amor, corpo, alma, atração, a complementariedade, é dom de Deus, é
imagem de Deus.

E o grande sentido do namoro, e já estou no início, nem em apresentei direito e já estou


dizendo, partilhando com vocês. O grande sentido do namoro é fazer crescer o amor, é deixar
crescer o amor em meio à paixão que vocês sentem, em meio à paixão que nós sentimos, ou mais
poeticamente, e aí vou pedir para colocar uma imagem na tela de vocês, no jardim da paixão,
nesse campo florido da paixão, crescer a árvore do amor:

2
Vocês estão vendo aí uma belíssima imagem de flores do campo. Essa imagem representa
a paixão, e o objetivo desse tempo de namoro, o sentido desse tempo de namoro é nesse campo
florido que nós podemos fazer alusão à paixão, que você faça crescer, que você deixe crescer a
árvore do amor. Fazer aí nesse campo que você está vendo crescer uma árvore, porque é a árvore,
não o campo florido, é a árvore que dá sombra, é a árvore que dá fruto, é a árvore que dá
alimento, é a árvore que dá suporte, é a árvore que dá proteção.

Para quem vem do deserto da solidão, você antes de encontrar a sua namorada, o seu
namorado, para quem vem desse deserto da solidão, quando encontra esse campo florido da
paixão acha que isso é o paraíso. Para quem vem do deserto um campo desses é o paraíso. Mas o
tempo mostra que esse campo não é suficiente, de modo algum é suficiente. Com o tempo, o
tempo vai passando e você precisa de alimento, você precisa de sombra, de proteção, de suporte,
e esse campo florido da paixão não é suficiente de modo algum.

Então, eu queria pedir para vocês responderem a 2 perguntas no início dessa formação,
responderem internamente, interiormente, pode conversar com a pessoa que está ao seu lado, se
tiver o seu namorado, a sua namorada, ou outra pessoa, você pode tentar responder as seguintes
perguntas:

- Qual a diferença entre a paixão e o amor?

- O que é necessário para crescer o amor, para fazer crescer o amor?

Então, irmãos, me apresentando também. Eu me chamo Eric, sou casado há 14 anos, pai de
2 filhos, tenho promessas definitivas há 11 anos na Comunidade. Minha esposa fez promessas em
outro carisma. Nós nos conhecemos no Projeto Juventude, mas quando começamos a namorar ela
já fazia parte do Movimento dos Focolares, ela é Focolarina. Eu fiz o meu SVES em 1997, e eu já sei
que você nasceu depois disso, provavelmente, mas é preciso dizer, aos 19 anos. Eu e minha esposa
começamos a caminhar depois que eu voltei do meu primeiro tempo de missão, que foi uma
missão dupla. Começou por Curitiba e acabou em Toronto, no Canadá. E nós namoramos por 4
anos, e eu fui enviado novamente em missão noivo, já noivo, e o nosso primeiro ano de casados
depois de um ano de noivado, foi em missão. A minha esposa me acompanhou, também se
deslocou, saiu de onde estava para me acompanhar nesse tempo de missão, e passamos um ano,
o primeiro ano de casados, em Quixadá, eu em missão lá como Aliança numa faculdade que a
Comunidade servia.

Eu sou administrador, ela é médica, se chama Neide. Muita gente na obra, na Comunidade,
a conhecem como Neidinha. Nossos filhos têm 10 anos o Douglas, e 6, quase 7 anos, o Filipe. Só
partilhando aí um pouco para vocês saberem quem está falando, porque, como eu disse, talvez a
maioria não me conheça.

Vocês responderam à pergunta de qual a diferença da paixão e o amor? Eu vou dar aqui
uma resposta, a minha resposta, e o que fazer para crescer o amor, o que é necessário para fazer
crescer o amor. Eu diria que a paixão é a primeira componente do amor de um casal, é o primeiro
elemento do amor de um casal. É maravilhoso de se experimentar, especialmente se ele é
correspondido. Por um lado, ele é encantamento, vontade de estar junto, é vontade de fazer
muitas coisas juntos. Por outro lado, ele é incompleto, às vezes nem evolui para o amor.

3
Então, assim, uma primeira resposta que eu dou para vocês, para irmos também
diferenciando, porque no namoro sentimos paixão, sentimos amor, mas é muito importante
diferenciarmos, saber acolher cada um desses sentimentos, entender o que é o amor, que é muito
mais do que a paixão, e dar o devido lugar na nossa vida à paixão.

Eu perguntei para vocês também o que é necessário para que esse amor cresça, e eu vou
dizer duas coisas nesse início: conhecimento, conhecer o outro sobretudo, e nesse tempo de
namoro construir uma história, conhecimento e história. Para a gente fazer essa árvore do amor
crescer nesse campo florido da paixão, é necessário trilhar esse caminho de conhecimento, de
conhecer a outra pessoa, e viver uma história, construir uma história com ela.

Quando eu digo conhecer, eu estou falando de conhecer tanto o interior do seu namorado,
da sua namorada, como também o que é exterior nele ou nela. Conhecer o interior, conhecer a fé
do seu namorado, e aqui vocês vão me permitir não ficar o tempo todo dizendo namorado e
namorada. Quando falar namorado já serve para os dois, certo? Então, conhecer a fé do seu
namorado, conhecer os projetos de vida que ele tem, conhecer os sonhos que ele traz, os valores
comprovados que ele traz dentro de si.

Quando eu digo valores comprovados, porque uma coisa são os valores que a gente
declara que tem, outra coisa são aqueles valores que nas situações da vida são de fato
comprovados, porque uma pessoa pode dizer assim: “Não, para mim a justiça é um grande valor”,
mas quando aparece uma situação na vida onde eu preciso ser justo é que eu vou comprovar se
realmente existe dentro de mim esse valor ou se é só um desejo, um ideal, que na prática não
acontece. Então, é necessário a gente conhecer o interior da pessoa que namoramos, os sonhos, a
fé, valores comprovados, projetos, as sensibilidades.

O que nós fazemos na CV e na CAl nos grupos de partilha, nos momentos de partilha de
vida, onde ali com os meus irmãos mais próximos eu abro o meu coração, da mesmíssima forma
ou até mais nós precisamos fazer com o nosso namorado, a nossa namorada. Nós precisamos
deixar que ele conheça o nosso interior e conhecer essas cores do interior, da vida interior, da vida
espiritual, partilhar. Partilhar sobre as nossas orações, sobre as suas orações, sua experiência na
célula, sua experiência de oração pessoal, suas experiências na formação pessoal, aquilo que é
devido, partilhar! O que surge do seu interior, a graça, a obra nova que Deus realiza na sua vida,
partilhar e ouvir essa partilha do outro.

Então, conhecer o interior e também aquilo que existe de mais externo. Nessa jornada do
namoro nós precisamos, não podemos prescindir também de conhecer a família da pessoa com
quem estou namorando, os amigos, os hábitos, a história dele ou dela, a sua rotina, e sim, a sua
rotina sim de vida, as suas realizações, os seus fracassos, as suas virtudes, as suas imperfeições.
Tudo isso é necessário para que no campo florido da paixão cresça essa árvore de amor
verdadeiro, conhecer o exterior e o interior da pessoa com quem eu namoro.

Conhecimento, e também construir uma história, viver uma história. O que é permitido, o
que convém, não é nem o que é permitido, mas o que convém no período do namoro, viver uma
história com essa pessoa, construir algo juntos, no período do namoro. Viver experiências que não
sejam só experiências de passeios, de lazeres, de ôba-ôba, mas viver experiências com essa
pessoa, porque no namoro nós estamos escrevendo talvez os primeiros capítulos de uma história
para a vida inteira.

4
Porque que não é só necessário o conhecimento, o conhecer o outro? Porque o namoro
não é um estudo. O namoro é vida! Então, assim, viver essa experiência de vida. Servir juntos. A
família da minha namorada, servir juntos, eu e ela, as necessidades da família do meu namorado,
servir quando os nossos amigos estiverem precisando do nosso apoio como casal de namorados.
Servir. Evangelizar juntos. Servir aos pobres juntos.

É muito importante nós estarmos abertos a isso, a não só conhecermos um ao outro, que é
muito necessário, mas também ir construindo esses primeiros passos, essas primeiras experiências
de vida, de vida!

Depois de ter falado tudo isso, lanço mais uma pergunta. Nos elementos que fui dizendo,
desse necessário conhecimento do outro, interior e exterior, também essa necessária etapa de
viver experiências juntos, com as nossas famílias, com os nossos amigos, na evangelização, no
serviço aos pobres, nessa evangelização não só nos nossos ministérios na Comunidade, mas
naquelas oportunidades também que a nossa vida social nos concede, e evangelizar, servir aos
necessitados, eu lanço outra pergunta: O que você namorado, namorada, ainda acha importante,
sobretudo se você estiver nos primeiros tempos você vai ter muita coisa a dizer, mas o que você
ainda precisa conhecer do outro? O que vocês ainda precisam viver juntos para dizer assim: “É, já
temos uma história”? Qual esse conhecimento que ainda falta, ou essas histórias que ainda
precisam ser construídas?

E ainda sem sair totalmente do tema da paixão, que é muito próprio desse tempo de
namoro, eu queria trazer para vocês, rezando por essa formação, alguns episódios que nós vemos,
ouvimos, lemos, narradas nas Sagradas Escrituras que vão trazer na minha opinião, na minha
concepção, são momentos de paixão, momentos variados de paixão. Não sou teólogo, então não
critiquem a minha teologia, mas, assim, só para entendermos melhor, na minha perspectiva, que
fui eu que selecionei esses trechos, o que as Sagradas Escrituras têm a nos ensinar também sobre
a paixão, para depois evoluirmos mais para o amor.

Logo no início das Sagradas Escrituras, quando vemos naquela narração do Gênesis, a
criação do homem e da mulher, quando Deus cria do lado do homem a mulher e a apresenta, e o
homem acorda daquele sono, daquele sono maravilhoso, e diante de si vê Eva, Adão vê Eva, e o
que ele diz: “Esta sim é osso dos meus ossos e carne da minha carne”. É uma expressão assim de
encantamento: “Essa é minha semelhante, essa é como eu, ela acaba com a minha solidão. É ela
que me complementa. É esta sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne”. São palavras
apaixonadas de Adão para Eva.

Também encontramos em 2 Samuel 11 um outro tipo de paixão, quando Davi, no terraço


do seu palácio, começa a observar a mulher de Urias e vai acendendo nele uma paixão também
concupiscente, e não sei se existe esse adjetivo, uma paixão concupiscente, uma cobiça pela
mulher de um outro, e sabemos o fim dessa história. Sabemos que Urias acaba sendo morto na
evolução dessa paixão que Davi vai deixando crescer dentro dele.

Trago aqui para vocês também São Pedro, esse homem apaixonado. Se vamos lendo os
episódios nos Evangelhos, no Novo Testamento, nos Atos dos Apóstolos, vemos que Pedro era um
homem assim que tinha essa característica de apaixonado, apaixonado também por Jesus, pelo
seu Senhor, pelo seu amigo, pelo seu Mestre. E em Mateus 16, 21, Jesus anuncia ali para os
apóstolos a sua Paixão, que Ele iria sofrer muito, enfim, toda a Sua Paixão, e o que Pedro,
apaixonado ali por Jesus, diz, quando Jesus anuncia que iria sofrer, pré anuncia aí a Sua Paixão,
Pedro diz: “Isto jamais irá acontecer. Nós não vamos deixar que isso aconteça”. Pedro ali,

5
apaixonado por Jesus, e Jesus, o que diz para Pedro? “Afasta-te de mim, satanás. Afasta-te de
mim, mal, este mal que você está falando, este mal que você está proferindo, porque vai contra a
vontade de Deus. Assim, uma atitude apaixonada de Pedro, mas que não iria levar para essa
árvore verdadeira do amor, porque não era vontade de Deus.

Mais 2 episódios que trago para vocês, de São José, que acolhe Maria e Jesus na sua vida,
na sua casa. José, sem sombra de dúvidas, apaixonado por Nossa Senhora, porque não teve
ninguém que viu Nossa Senhora que não se apaixonou por Ela, e que nos digam todos os santos e
aqueles que tiveram a graça de ver Nossa Senhora numa aparição. Todos diziam: “É uma linda
senhora!”. Então, José, também apaixonado por Maria e por Jesus, os acolhe na sua vida, naquela
situação totalmente inesperada na sua casa, e esse amor apaixonado vai cada vez mais se
comprovando na sua vida. Ele que, por amor a Maria, por amor a Jesus, foge com eles para o
Egito, para que não sofram o perigo que o anjo anunciou. E depois disso, até os 30 anos de Jesus,
30 anos José servindo no silêncio e na humildade aquela família pela qual ele era e é apaixonado.

Em Lucas 22, Jesus, na última ceia, o que Ele diz no início daquela última ceia? “Desejei
ardentemente comer essa Páscoa convosco, desejei ardentemente estar convosco”. Jesus também
apaixonado por aqueles que Deus confiou a Ele, e mais uma vez uma paixão comprovada no
calvário, uma paixão comprovada, um amor apaixonado comprovado na cruz.

O que quero dizer trazendo essas passagens aqui de Adão e Eva, Davi, Pedro, José, a
Sagrada Família, Jesus? Que a paixão precisa de tempo, e a paixão precisa de provas para que se
comprove na sua vida, na nossa vida, o que verdadeiramente é trigo, ou que é joio. Então, a
paixão precisa disso. Esse encantamento, esse ardor, esse fervor, podemos até dizer essa louca
paixão. Sinta, viva essa experiência, acolha esse dom de Deus, mas dê tempo, e deixe com o
tempo essa paixão ser provada e comprovada, para que vocês possam ir discernindo o que de fato
é o trigo de Deus, ou o que é joio diante desse sentimento que nós sentimos.

Nós vamos concluir então esse assunto da paixão e ir falar mais sobre essa jornada do
namoro que vocês estão vivendo. No início, quando foi me pedido para dar essa formação, até foi
dito assim: “Eric, fale sobre as fases do namoro”, mas quando eu fui rezando, estudando, peguei
também o livro da Laura Martins sobre o namoro cristão, eu fui percebendo, pelo menos assim foi
a minha experiência, eu não consegui identificar nessa caminhada que eu tive de namoro com
minha atual esposa, nesses 4 anos de namoro, 1 ano de noivado, eu não consegui identificar,
assim, fases que não se repetiam mais. É claro que o conhecimento vai crescendo, o
conhecimento mútuo, o amor vai crescendo, ou não, se não é para ser, se não é para continuar, e
no nosso caso foi crescendo, mas o que vai acontecendo.

Por exemplo, um desses elementos importantíssimos no namoro, que é a amizade. Não


existe a fase da amizade no namoro. É uma amizade que deve ir crescendo. O conhecimento do
outro, não existe uma fase do primeiro ano até dois anos e meio é a fase do conhecimento mútuo.
Não existe isso. É um conhecimento do outro que vai crescendo. Por isso que preferi chamar nessa
formação como essa imagem de uma jornada, de uma escada, ou às vezes nos momentos mais
difíceis de uma verdadeira escalada desse namoro.

E assim como um casal tem 4 pés, nessa escada que devemos subir, nessa jornada do que
devemos trilhar nesse namoro, eu trago também para vocês 4 elementos dessa jornada, para que
vocês possam juntos partilhar, rezar e aprofundar como elementos importantes desse caminho,
que é, e o primeiro deles um pouco já falamos, que é:

6
1. O conhecimento do outro

2. O autoconhecimento

O conhecimento próprio. O meu conhecimento próprio, o meu autoconhecimento que vai


crescendo no caminho do namoro.

3. A amizade

4. A vida espiritual

São esses os 4 pés que vocês juntos vão ter de deixar essas marcas, esses passos nessa
jornada do namoro, que trago nessa formação como proposta para vocês refletirem e
aprofundarem.

O conhecimento do outro nós já falamos. O que eu queria acrescentar ainda? É que esse
conhecimento do outro, que vamos crescendo nisso durante a jornada do namoro, o caminho do
namoro, ele traz consequências. Eu vou abordar aqui só os extremos. Que na medida que eu vou
conhecendo o outro eu vou tendo encantamentos, mas eu também vou tendo decepções.

Não existe esse relacionamento, talvez você esteja no início, e bem no iniciozinho se você
está pensando assim: “Não terei decepções com essa minha belíssima namorada, como esse meu
maravilhoso namorado”. Não existe isso. Você vai ter decepções, e você também vai ter
encantamentos. E quando você tiver encantamentos, conhecê-lo mais, conhecê-la mais, e se
encantar, deixe esse encantamento aumentar a sua amizade, deixe esse encantamento aumentar
o seu amor por ele ou por ela, como também você deve deixar a decepção que vai acontecer, que
já aconteceu algumas vezes, a decepção purificá-lo, purificar essa sua paixão, purificar esse seu
amor.

Recentemente eu ouvi uma irmã usar uma expressão, assim, que me tocou muito: “Se
deixe abalar também por essas coisas que acontecem”. Se deixe abalar por uma decepção. Diante
de uma decepção que você tem com a outra pessoa, não tome a atitude assim fantasiosa de dizer
assim: “Isso é besteira. Eu não vou nem ligar para isso”, porque vai chegar um momento na
relação de vocês dois que essa decepção vai acontecer de novo e não vai ser mais besteira. Então,
se deixe abalar, se deixe purificar. Não significa que porque você se decepcionou com a pessoa
você precisa taxar a pessoa, a pessoa é assim, a pessoa é desorganizada, a pessoa não é pontual,
ela é muito cri-cri, ele é muito chato. Não precisa taxar a pessoa, mas se deixe abalar e se deixe
purificar por essas decepções, inclusive, se for o caso, diante de uma decepção, você discernir que
esse namoro deve chegar ao fim, porque o tempo do namoro temos essa total liberdade de
discernimento para continuar trilhando em vista de um possível matrimônio, ou terminar a
relação. O namoro é o tempo para isso, para vivermos essas experiências de decepção e
encantamento e ir discernindo o que elas trazem para o nosso discernimento, para essa nossa vida
como casal de namorados.

Então, o conhecimento do outro, esse primeiro pé dos 4 pés nessa jornada, mas também o
conhecimento próprio, o autoconhecimento, que é um pouco mais reativo. O conhecimento do
outro, você namorado e namorada, você precisa se empenhar. É necessário conhecer essa pessoa
com o qual você está namorando, com todos aqueles elementos e outros que eu tenha esquecido,
que eu disse no início: família, amigos, sonhos, projetos, realizações, fracassos, virtudes,
imperfeições, enfim, partilha de vida, tudo. É necessário conhecer o outro. Você precisa se
empenhar nisso. Faz parte desse tempo.

7
O autoconhecimento, nós podemos dizer que é algo mais reativo, a partir das situações
que acontecem por você estar namorando, a partir das coisas que você ouve do seu namorado ou
namorada, da família dela ou dele, dos seus amigos, é algo mais reativo, mas você precisa, como
eu disse, se deixar abalar por isso, deixar que isso mexa com você, para que você se conheça mais.
É um dos pés dessa jornada do namoro o autoconhecimento, e o outro, a outra pessoa, o seu
namorado, é fundamental no autoconhecimento, é um recurso fundamental de
autoconhecimento. Sem o outro é impossível a gente se conhecer, e nós sabemos nesse caminho
que nós trilhamos de santidade que o autoconhecimento é necessário para a santidade.

Você não quer se conhecer? Então não se relacione. Mas se você se relaciona, você vai se
conhecer mais. Eu vou trazer aqui 3 razões pelas quais eu considero assim, 3 razões da
importância do outro, e aqui falamos do namorado e da namorada sobretudo, 3 razões da
importância do outro para o autoconhecimento.

O primeiro é que eu existo para o outro, nós existimos para o outro, não para nós mesmos.
E aí já explicaria tudo, a necessidade do outro no autoconhecimento. Outra coisa: o ponto de vista
do outro é totalmente original. O ponto de vista do outro, do seu namorado sobre você é
totalmente original, porque ele não pensa como eu, ele não teve a educação, o outro não está no
meu interior, o outro está vendo de fora, a partir da sua perspectiva, e essa originalidade do como
o outro me vê é muito importante para o autoconhecimento.

E ainda, a terceira razão, é o outro que recebe o dom que eu sou. Não sou eu mesmo que
recebo o dom que eu sou, mas é o outro que recebe o dom que eu sou. Por isso da importância
mesmo do outro, que é diferente da sua família, diferente dos seus amigos, dos seus colegas de
trabalho, de estudo, e da Comunidade. O namorado, a namorada, tem um papel todo especial
nesse caminho de autoconhecimento, porque além de ser um amigo, ele espera, ela ou ele
esperam encontrar em você alguém para partilhar a vida inteira. Ele espera encontrar em você
alguém para partilhar a vida inteira.

Então, essa pessoa, o sue namorado, vai sempre trazer dentro de si aquela perguntinha,
consciente ou inconsciente. Quando você faz algo que para ele ou para ela é novidade, é
surpreendente, vai surgir dentro dessa pessoa essa pergunta: “Mas quem é mesmo essa pessoa
que estou namorando, porque eu não esperava isso, eu não conhecia isso”. Por esse motivo
também é todo especial a contribuição que essa pessoa tem para o seu autoconhecimento, a
partir de como ela te percebe.

Falei do conhecimento do outro, do conhecimento próprio, quero falar do terceiro pé, que
é o da amizade. Precisamos crescer na amizade. É outro pé que a gente vai caminhando na
jornada do namoro. Claro que é uma amizade diferente. Não é uma amizade igual, super igual à
amizade que tenho com os meus amigos, com as minhas amigas. Essa pessoa é a minha
namorada, é o meu namorado. Então sim é uma amizade apaixonada, é uma amizade que tem
uma certa exclusividade. É uma amizade apaixonada no sentido de fazer por essa pessoa coisas
que normalmente nós não fazemos pelos outros.

Isso me faz lembrar no matrimônio que não é ainda o caso de vocês, no matrimônio uma
das dimensões que a Igreja nos ensina como constitutivas do casal, da família, do matrimônio, é a
dimensão unitiva, além da dimensão procriativa, a dimensão unitiva. Faz parte da vida de um casal
unido em matrimônio a dimensão unitiva, que é crescer no amor.

8
Então você, namorado ou namorada, também não como, não na exigência de um
matrimônio, mas na exigência que já existe de santidade no namoro, nessa jornada você precisa ir
crescendo no amor.

Se você tem 2 anos de namoro, esse amor do segundo ano precisa ser maior do que o
amor do primeiro ano, no sentido do amor de doação, no sentido do amor de Coríntios 12, que
espera, que suporta, que crê, que se alegra. Vocês precisam crescer no amor.

O quarto ponto, o quarto pé: a vida espiritual. Conhecimento do outro, conhecimento


próprio, amizade, e o quarto pé nessa escada, nessa jornada, a vida espiritual, que é necessário a
nossa vida por inteiro e é necessário também crescer na vida espiritual no namoro, o crescimento
no nosso amor a Deus e a todos que se dá por essa vida no Espírito, pela vida de oração, pela vida
de sacramentos, pelo mergulho na Palavra de Deus, na vivência do carisma.

Esse último pé precisa crescer no amor a Deus e aos homens, crescer no amor a Deus e aos
outros. Se a gente precisa dar, elevar uma dessas dimensões, é a da vida espiritual, como de
grande importância, mais do que todos os outros, para o nosso namoro crescer na vida espiritual.

Vou pular toda uma parte que queria partilhar aqui com vocês falando sobre o nosso
carisma, com o nosso carisma é um caminho seguro para um namoro santo e para um namoro
saudável, mas aí fica essa dica para o setorial, para a formação da Comunidade, para numa
próxima formação a gente tratar só sobre isso, o viver o nosso carisma como Comunidade Shalom,
como CAl, como CV, a vivência do nosso carisma, um caminho seguro para um namoro saudável e
para um namoro santo.

Eu concluo aqui trazendo mais um trecho das Sagradas Escrituras, e indico para vocês,
namorados, lerem juntos, rezarem juntos com o livro de Tobias, com a história de Tobias e Sara, e
o anjo, São Rafael, o Arcanjo Rafael. Acho que vocês lembram da história, que o pai de Tobias,
Tobit, precisava que seu filho fosse encontrar com um parente seu. Só que Tobias não sabia como
chegar na cidade, na casa daquele parente, e o pai disse: “Procure alguém que indique para você
esse caminho”, e Deus providenciou que São Rafael, e Tobias não percebeu que era o anjo
obviamente, mas que São Rafael o conduzisse, e São Rafael o conduziu a casa desse parente, que
era o pai de Sara.

Sara, aquela mulher que já tinha sido dada como esposa a 7 homens, mas todos eles, por
conta de um demônio, morriam na noite do casamento, na noite das núpcias, no momento em
que iam ter as suas núpcias. E Tobias, guiado por Rafael, guiado pelo anjo, encontra aquele seu
parente, encontra Sara. O anjo diz para ele que devia tomar aquela sua parente, aquela sua prima
por esposa. Tobias se apaixona por ela, a pede em casamento, pede a mão dela para o seu pai, e o
pai a dá em casamento a ele, mas ambos, todos sabiam da história pregressa, do desafio da
maldição, digamos assim, que Sara enfrentava.

E em Tobias 8, 4, nesse momento das núpcias, antes de se consumar o matrimônio, Tobias


diz para Sara: “Levanta-te minha irmã, oremos e peçamos a Nosso Senhor que tenha compaixão
de nós e nos salve”.

Irmãos, porque que indico que vocês rezem juntos com esse livro, leiam, rezem, partilhem
sobre ele? Porque todo ele, desde os conselhos que o pai de Tobias dá para ele a tudo o que o
anjo diz para Tobias, as respostas de vida que Tobias dá, que Tobias junto com Sara dão, todo ele,
todo esse livro é um testemunho de que eles viveram a sua relação como santos e não como

9
pagãos. Todo este livro traz esta mensagem: viver a nossa relação como santos e não como
pagãos.

Então, é um apelo, um chamado a esse sublime chamado na nossa vida, na vida de vocês,
de no namoro um chamado à santidade, que nenhum encantamento, que nenhuma paixão, que
nada e nem ninguém, nem o seu namorado, nem a sua namorada, te tirem desse sublime
chamado, dessa maior glória da nossa vida, que é a santidade, que é o chamado á santidade. que
vocês possam viver esse namoro, esse tempo de namoro como santos e não como pagãos! Como
santos, não como pagãos!

E é isso, irmãos. Vamos juntos fazer uma pequena oração e depois passamos para se
alguém tiver alguma pergunta. Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, amém. Senhor Jesus,
nós Te pedimos sobre todos esses namorados, esses casais de namorados da Comunidade, estes
jovens que Tu envies sobre todos nós uma graça maior, uma graça nova de santidade, para que a
nossa vida seja transformada pelo Teu Espírito, para que a nossa vida seja transformada pelo Teu
amor. Inspira hoje nos nossos corações altos desejos, desejos de caridade, desejos de pureza,
desejos de santidade, desejos de serviço, desejos de evangelização.

Abençoa, Senhor, estes meus irmãos. Apara as arestas desses relacionamentos, motiva nos
seus corações, por graça do seu Espírito, um amor maior, um amor mais perfeito, um amor puro.
Dá-lhes um amor renovado de oração, um dom renovado de urgência na evangelização. Dá-lhes
uma nova pobreza, uma nova obediência, uma nova castidade. E tudo isso pedimos pela
intercessão da Tua Mãe Santíssima e nossa Mãe. Ave-Maria... São Rafael, rogai por nós. Rainha da
Paz, dai-nos a paz.

kléber: Para tentarmos fazer aqui um resumo, quais são os 4 pés de fato dessa jornada? Quais
são esses 4 pés que compõem esses passos na jornada?

Eric:

Só recapitulando. Nessa jornada do namoro, nesse caminho do namoro, tem 4 elementos


que tem de estar sempre crescendo, sempre crescente: o conhecimento do outro, da forma como
falamos lá no início, conhecer o interior do outro na medida do possível, mas conhecer também
tudo aquilo que é externo ao outro, família, histórias, rotina, enfim, tudo isso, o conhecimento do
outro.

O autoconhecimento é o segundo pé, o conhecimento próprio, que muitas vezes é reativo,


não é algo que eu trabalhe tão ativamente, mas quando surgem as oportunidades, quando o outro
me revela algo de mim, que eu acolha aquilo, leve para a oração, me deixe abalar por aquilo.

Crescer na amizade, crescer no amor. Na medida que o namoro vai se desenvolvendo, é


necessário a gente ir percebendo ou não se o nosso amor está crescendo, que significa eu ser
capaz de dar mais a minha vida pelo outro.

E o crescimento mais importante de todos, a grande prioridade: crescer na vida espiritual,


que é importante para você e ponto, mas para quem vive um namoro também não deixa de ser
importante. É muito importante crescer na vida espiritual, que é o amor a Deus, e o amor aqueles
que Deus nos dá também.

10
Kléber: Então é possível namorar com quem não reza, mas de fato namorar com alguém que
não tem uma vida espiritual, não tem uma vida enraizada em Deus, que consequências esse tipo
de circunstância pode nos levar?

Eric:

Com certeza é um desafio muito maior quando o seu namorado ou a sua namorada não é
uma pessoa da Comunidade, ou não é uma pessoa da Igreja, ou não reza. Com certeza isso é
muito mais difícil, mas não é impossível. Mas você deve viver esse caminho e trazê-lo para este
caminho também. Só que nesse caminho de conhecer o outro, você tem de estar sempre se
confrontando com isso: ele é assim, ela é assim, não é uma mulher de oração, não é um homem
de oração, mas o que eu conheço do seu interior, a sua fé, os seus projetos, os seus sonhos, eu
quero partilhar uma vida inteira com essa pessoa? E fazer esse discernimento, conhecendo o que
é externo, mas conhecendo o seu interior, e não deixar esse encantamento, depois de uma
solidão, e eu falei no início: quando saímos do deserto da solidão e entramos nesse campo florido,
que é a paixão, que é o encantamento do outro, pensamos que isso é o paraíso, mas não é. É
necessário que cresça essa árvore do amor verdadeiro, onde está tudo isso. A fé do outro que eu
vou partilhar a vida inteira, os sonhos, os projetos do outro que eu vou partilhar se eu chegar ao
matrimônio com essa pessoa a vida inteira.

Cassandra: Você disse uma coisa que fiquei me questionando e achei muito interessante, que
você disse que no namoro trazemos sempre aquela pergunta: “Quem é você?”, e sabemos que
essa pergunta vai fazer parte do processo de discernimento, porque nenhum namoro é infinito.
Na verdade, o namoro está findado a terminar. Ou ele termina para o matrimônio, para evoluir,
ou ele cessa ali no discernimento, quando eu vou encontrando o quem é você, e esse quem é
você talvez não tenha nada a ver com quem eu sou, que vou me conhecendo e conhecendo o
outro, e a minha pergunta é nessa dimensão do discernimento. Até que ponto a gente pode
achar que estamos naquele paraíso e vamos ficar aqui e acabou, e esquecer que estou um
processo de: é isso mesmo? É essa pessoa mesmo? Eu vou a minha vida inteira lidar com essa
realidade, com esse temperamento dessa forma, com essa enfermidade que essa pessoa tem?
Eu estou disposta a isso para a minha vida toda?

Eric:

Todos nós que nos casamos, ou você que está namorando a mais tempo, todos nós
passamos por isso. Coisas, como eu disse, coisas que soa pequenas decepções no início, que às
vezes você torna irrelevantes demais, depois elas retornam. Eu me lembro que na relação com
minha esposa, e eu não vou dizer se a culpa era minha ou era dela, mas a gente sofreu por uma
questão de pontualidade, que no início isso era uma besteira. Um era pontual, o outro não era.
Mas chega num determinado momento, onde às vezes a paixão está numa fase mais baixa, que
aquilo se torna algo que me incomoda de verdade, e aí vai partir de todo um caminho de
aceitação do outro, de aceitação de si.

Mas quando eu falei desse quem é você, não é só no sentido, assim, da pergunta que você
que está me ouvindo faz sobre o outro, mas saber que ele também faz sobre você, e é por isso que
é tão importante o seu namorado, a sua namorada, no seu autoconhecimento, porque já que ele
tem esse interesse a mais, esse positivo interesse por você, ele vai estar sempre trazendo esse
questionamento. Não é uma coisa metódica, rotineira, mas vai sempre surgir de novo essa
pergunta dele sobre você: quem é essa pessoa que estou me relacionando?

11
Então as coisas que ele tem a dizer sobre você, o que ele tem a expressar sobre você, é
fundamental também para o seu caminho de autoconhecimento. Você pode até depois não
namorar mais essa pessoa, mas ela vai estar contribuindo muito para o seu autoconhecimento.
Então, faz parte também desse caminho esse pé do autoconhecimento.

12

Você também pode gostar