Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Rio de Janeiro
Setembro, 2016
i
Rodrigo Lemos Pinto
Aprovado por:
_____________________________________________
____________________________________________
___________________________________________
SETEMBRO DE 2016
ii
Pinto, Rodrigo Lemos
iii
AGRADECIMENTOS
Expresso minha gratidão à professora Laura Motta, por toda sua paciência, dedicação e
prontidão, que muito me ajudou na conclusão deste trabalho. Agradeço todos os
ensinamentos que me passou durante a execução deste trabalho, tenho certeza que
minha formação como engenheiro ficou muito mais completa.
Ao Eng.º Filipe Franco pela ajuda com o programa SisPavBR e BackSisPav e pela
participação na banca avaliadora.
Ao Pesquisador Marcos Antonio Fritzen, que muito me ajudou com seus conhecimentos
sobre o método mecanístico-empírico de dimensionamento de pavimentos.
Por fim, aos meus pais e meu irmão que sempre estiveram ao meu lado, e me deram as
condições necessárias para que eu concluísse o curso de Engenharia Civil.
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Setembro/2016
v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Civil Engineer.
September/2016
vi
Sumário
1. Introdução.................................................................................................................. 1
2. Revisão Bibliográfica ................................................................................................ 6
2.1. Métodos de dimensionamento de pavimentos asfálticos ....................................... 6
2.1.1. Método empírico do DNIT .............................................................................. 6
2.1.2. O dimensionamento mecanístico-empírico ................................................... 15
2.2 Modelos de desempenho de pavimentos asfálticos .............................................. 24
2.2.1. Deformação limite no topo do subleito ......................................................... 24
2.2.2. Deformação permanente ............................................................................... 25
2.2.3. Deflexão admissível na superfície do pavimento .......................................... 29
2.2.4. Fadiga dos materiais asfálticos e cimentados ................................................ 30
2.3. Dimensionamento de reforço para pavimentos asfálticos ................................... 34
2.3.1. Introdução...................................................................................................... 34
2.3.2. DNER PRO-11/79 ......................................................................................... 35
2.3.3. DNER PRO-269/94 ....................................................................................... 39
2.3.4. Método mecanístico-empírico ....................................................................... 44
3. Planejamento do experimento .................................................................................... 53
3.1. Descrição do experimento ................................................................................... 55
4. Caracterização dos trechos homogêneos da BR-222/CE ........................................... 58
4.1. Dados históricos do pavimento ............................................................................ 58
4.2. Estudo de tráfego ................................................................................................. 58
4.2.1. Levantamento de dados ................................................................................. 59
4.2.2. Processamento de dados e determinação dos fluxogramas de tráfego .......... 61
4.2.3. Determinação dos parâmetros de tráfego ...................................................... 62
4.3. Avaliação estrutural do pavimento ...................................................................... 68
4.4. Avaliação funcional do pavimento ...................................................................... 71
4.5. Dimensionamento do reforço do pavimento ........................................................ 73
4.5.1. Método DNER PRO-11/79 ........................................................................... 73
4.5.2. Método DNER PRO-269/94 TECNAPAV ................................................... 74
4.5.3. Soluções de pavimentação do catálogo CREMA 2° ETAPA ....................... 75
4.5.4. Seleção do trecho homogêneo a ser analisado .............................................. 76
5. Apresentação dos resultados....................................................................................... 77
vii
5.1. Dimensionamento de reforço de pavimentos por método mecanístico-empírico 77
5.1.1. Retroanálise das bacias deflectométricas ...................................................... 77
5.1.2. Dimensionamento da espessura camada de reforço ...................................... 87
5.2. Análise de sensibilidade do programa SisPavBR ................................................ 93
6. Conclusões ................................................................................................................ 107
7. Referências Bibliográficas .................................................................................................. 109
viii
Índice de Figuras
Figura 4.1: Localização dos postos de contagem da BR 222/CE (Fonseca, 2013) ....58
Figura 5.1: Retroanálise de bacia deflectométrica considerando as camadas não
aderidas no BackSisPav ..........................................................................75
Figura 5.2: Retroanálise de bacia deflectométrica considerando as camadas aderidas
no BackSisPav .........................................................................................75
Figura 5.3: Arquivo .CSV para entrada de bacias deflectométricas ..........................76
ix
Figura 5.4: Perfil longitudinal da estrutura do pavimento do segmento homogêneo
106 (FONSECA, 2013) ............................................................................77
Figura 5.5: Análise da vida útil em relação a área trincada admissível para uma
confiabilidade de 50% ..............................................................................91
Figura 5.6: Análise da vida útil em relação a área trincada admissível para uma
confiabilidade de 85% ..............................................................................91
Figura 5.7: Análise da vida útil em relação a área trincada admissível para uma
confiabilidade de 90% ..............................................................................92
Figura 5.8: Análise da vida útil em relação a área trincada admissível para uma
confiabilidade de 95% ..............................................................................92
Figura 5.9: Análise da vida útil em relação ao nível de confiabilidade para um
revestimento com módulo de resiliência igual a 5000 MPa ...................94
Figura 5.10: Análise da vida útil em relação ao nível de confiabilidade para um
revestimento com módulo de resiliência igual a 7500 MPa ....................95
Figura 5.11: Análise da vida útil em relação ao nível de confiabilidade para um
revestimento com módulo de resiliência igual a 10000 MPa .................96
Figura 5.12: Análise da vida útil em relação ao nível de confiabilidade para um
revestimento com módulo de resiliência igual a 12500 MPa .................97
x
Índice de Tabelas
Tabela 2.1: CBRIG a partir do Índice de Grupo (IG) (SOUZA, 1981) ..........................9
xi
Tabela 4.10: Cálculo do Fator de Veículos para o Posto P4 (FONSECA, 2013) ........63
Tabela 4.11: Cálculo do Fator de Veículos para o Posto P5 (FONSECA, 2013) ........64
Tabela 4.12: Cálculo do Fator de Veículos para o Posto P6 (FONSECA, 2013) ........64
Tabela 4.13: Cálculo do Fator de Veículos para o Posto P7 (FONSECA, 2013) ........65
Tabela 4.14: VMDA acumulado e o valor de N para o ano 2022 horizonte de projeto
da BR-222/CE (FONSECA,2013) ...........................................................66
Tabela 4.15: Análise estatística das características dos materiais de base BR-222/CE
(FONSECA, 2013) ...................................................................................67
Tabela 4.16: Análise estatística das características dos materiais de sub-base BR-
222/CE (FONSECA, 2013) .....................................................................67
Tabela 4.17: Análise estatística das características dos materiais de subleito BR-
222/CE (FONSECA, 2013)......................................................................68
Tabela 4.18: Resumo das medidas de deflexão característica dos segmentos analisados
(FONSECA, 2013) ..................................................................................68
Tabela 4.19: Resumo das medidas de IGG dos segmentos selecionados da BR-222/CE
(FONSECA, 2013) ..................................................................................69
Tabela 4.20: Resumo das medidas de irregularidades longitudinais dos segmentos
selecionados da BR-222/CE (FONSECA, 2013) .....................................70
Tabela 4.21: Dimensionamento do reforço dos segmentos homogêneos selecionados
da BR-222/CE pelo método DNER PRO-11/79 (FONSECA, 2013) ......71
Tabela 4.22: Dimensionamento do reforço dos segmentos homogêneos selecionados
da BR-222/CE pelo método DNER PRO-269/94 (FONSECA, 2013) ....72
Tabela 4.23: Quadro de soluções de catálogo CREMA 2° ETAPA para os segmentos
selecionados da Rodovia BR-222/CE (FONSECA, 2013) .....................73
Tabela 5.1: Valores usuais de coeficiente de Poisson para materiais de pavimentação
(DER-SP, 2006) .......................................................................................78
Tabela 5.2: Valores usuais de módulo de resiliência ou elasticidade para materiais de
pavimentação (DER-SP, 2006) ................................................................79
Tabela 5.3: Módulos de resiliência obtidos com o programa BackSisPav para as
bacias do segmento homogêneo 106, considerando a aderência entre as
camadas ...................................................................................................81
Tabela 5.4: Módulos de resiliência médios e desvio padrão obtidos por Fonseca
(2013) e Pinto (2016) para o segmento homogêneo 106 .........................82
xii
Tabela 5.5: Módulos de resiliência obtidos através do programa BackSisPav para as
bacias do segmento homogêneo 106, considerando as camadas não
aderidas ...................................................................................................83
Tabela 5.6: Módulos de resiliência médios e desvio padrão obtidos por Fonseca
(2013) e Pinto (2016), considerando as camadas aderidas e não aderidas,
para o segmento homogêneo 106 ............................................................84
Tabela 5.7: Relação entre os módulos de resiliência das camadas do pavimento
obtidos por PINTO (2016) e FONSECA (2013) .....................................85
Tabela 5.8: Módulos de resiliência e coeficiente de Poisson adotados para cada
camada do segmento homogêneo 106 para cálculo do reforço ..............86
Tabela 5.9: Características do CBUQ utilizado na camada de revestimento novo ....87
Tabela 5.10: Coeficientes da curva de fadiga do CBUQ utilizado na camada de
revestimento ............................................................................................87
Tabela 5.11: Material selecionado para representar a capa asfáltica existente ............88
Tabela 5.12: Material selecionado para representar a camada de base existente ........88
Tabela 5.13: Material selecionado para representar a camada de sub-base existente ..89
Tabela 5.14: Material selecionado para representar o subleito ....................................89
Tabela 5.15: Espessura da camada de reforço dimensionada pelo programa SisPavBR
nas condições deste trabalho ...................................................................89
Tabela 5.16: Resultados obtidos por FONSECA (2013) e PINTO (2016) para a
espessura da camada de reforço ..............................................................90
Tabela 5.17: Vida útil obtida para diferentes requisitos de projeto .............................92
Tabela 5.18: Coeficiente angular para as retas de vida útil x área trincada para as
confiabilidades de 50%, 85%, 90% e 95%. .............................................95
Tabela 5.19: Análise da vida útil em relação a confiabilidade para um módulo de
resiliência igual a 5000 MPa ...................................................................96
Tabela 5.20: Análise da vida útil em relação a confiabilidade para um módulo de
resiliência igual a 7500 MPa ...................................................................97
Tabela 5.21: Análise da vida útil em relação a confiabilidade para um módulo de
resiliência igual a 10000 MPa .................................................................98
Tabela 5.22: Análise da vida útil em relação a confiabilidade para um módulo de
resiliência igual a 12500 MPa .................................................................99
Tabela 5.23: Coeficientes angular das retas de vida útil x nível de confiabilidade ...101
xiii
Tabela 5.24: Coeficientes da curva de fadiga da mistura adotada para análise de
sensibilidade do SisPAvBR ..................................................................102
Tabela 5.25: Coeficientes da curva de fadiga do asfalto borracha RJ CAPFLEX B .102
Tabela 5.26: Coeficientes da curva de fadiga do concreto asfáltico RJ CAP 30/45
#19,1 mm ..............................................................................................102
Tabela 5.27: Análise da vida útil do pavimento utilizando as curvas de fadiga RJ CAP
30/45 #19,1mm e RJ CAPFLEX B .......................................................103
xiv
1. Introdução
1
relacionam-se as tensões de tração na base da camada asfáltica com a formação de trincas no
revestimento do pavimento ou as deformações verticais com o desenvolvimento do
afundamento de trilha de roda. No entanto teorias não modelam diversos fatores que deveriam
ser observados no dimensionamento de um sistema em camadas, cujas propriedades variam
com o tempo e com as condições ambientais, e que tem a deterioração acumulada com a
passagem das cargas variáveis em intensidade, distribuição e velocidade. Assim, o último
passo no processo de dimensionamento acaba por ter uma parcela empírica, com a aplicação
dos fatores de calibração campo-laboratório sobre os modelos desenvolvidos em laboratório
(MOTTA, 1991).
Após sua construção, o pavimento passa a acumular defeitos, no entanto, não é comum
sua ruptura súbita, mas sim perda da serventia e da capacidade de suporte ao longo do tempo
e da passagem do tráfego. Num sistema de gestão de pavimentos, nas várias etapas de vida de
serviço de um trecho, é preciso fazer avaliações periódicas e, a partir de julgamentos das
características dos vários aspectos do comportamento do pavimento avaliado, tomam-se
decisões de intervenção. Estas vão desde a manutenção preventiva até a reconstrução total
quando o fim da vida útil se torna evidente pela gravidade dos defeitos encontrados na
superfície do pavimento (FONSECA, 2013).
2
O programa CREMA 2ª ETAPA estipula, em seu catálogo de soluções, uma vida útil
de 10 anos para as soluções estruturais, considerando métodos de projetos de reforço
tradicionais, especialmente o DNER-PRO 11/79. Todavia solicita ao projetista que realize a
comparação com o dimensionamento feito com o método DNER-PRO 269/94, conhecido
como TECNAPAV. Os principais parâmetros de dimensionamento são o índice de suporte
Califórnia e a deflexão máxima do pavimento (FONSECA, 2013).
Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise
comparativa entre o método de dimensionamento de reforço mecanístico-empírico e as
3
soluções estruturais estipuladas pelo catálogo de soluções do CREMA 2°ETAPA, que foram
obtidas utilizando-se métodos empíricos de dimensionamento. O presente autor utilizará os
dados da rodovia BR-222/CE, obtidos por FONSECA (2013), que foram levantados com a
finalidade de elaboração de projeto de engenharia corrente e, portanto, representam a prática
cotidiana para análise de pavimentos no âmbito das rodovias federias.
FONSECA (2013), também em sua tese, realizou uma análise da vida útil das soluções
propostas por esse catálogo, segundo a ótica mecanística-empírica, e retroanalisou as bacias
deflectométricas da rodovia BR-222/CE, utilizando o programa SisPavBR e seu módulo de
retroanálise, porém em versões anteriores a adotada neste trabalho. Deste modo, a escolha dos
programas utilizados nesta monografia se justifica, pois, por ser a mesma plataforma utilizada
por FONSECA (2013), garante uma comparação mais precisa dos resultados.
4
No Capítulo 4 são apresentados os dados obtidos por FONSECA (2013) sobre a
rodovia BR-222/CE, bem como a divisão do trecho em segmentos homogêneos, e a
caracterização de cada segmento, em relação ao volume de tráfego, avaliação funcional e
avaliação estrutural. Ao final, será apresentado o segmento homogêneo escolhido, bem como
os critérios de decisão, para ser estudado neste trabalho.
5
2. Revisão Bibliográfica
2.1.1.1. Histórico
6
De posse destes resultados, ficou evidente para a Divisão de Rodovias da Califórnia a
necessidade de um método de dimensionamento que levasse em conta as características que
influenciam no desempenho estrutural, criando assim o método CBR (California bearing
ratio). Este método, além de suprir as dificuldades encontradas em campo, submetia os
materiais a condições extremas, podendo ser utilizado também em materiais argilosos e
arenosos (COUTINHO, 2011)
O ensaio de CBR foi introduzido no Brasil no fim da década de 1940, tendo tido o
laboratório central do DNER, atual DNIT, papel importante na sua divulgação (MEDINA e
MOTTA, 2015)
O método de dimensionamento de pavimentos do DNIT tem como base o trabalho
"Design of Flexible Pavements Considering Mixed Loads and Traffic Volume", de autoria de
W.J. Turnbull, C.R. Foster e R.G. Ahlvin, do Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA e
nas conclusões obtidas na Pista Experimental da AASHTO (DNIT, 2006). Do primeiro
trabalho, retiraram-se principalmente os gráficos para dimensionamento do pavimento e a
determinação das equivalências de operação entre diferentes cargas por eixo e a carga por
eixo padrão. Das conclusões das pistas da AASHTO foram retiradas as ideias de se atribuir
aos materiais utilizados no pavimento, coeficientes de equivalência estrutural e também
fatores climáticos regionais (COUTINHO, 2011).
Portanto, o método de dimensionamento de pavimentos asfálticos do DNIT, antigo
DNER, tem sua base no método desenvolvido pelo USCE, que utiliza o ensaio CBR, e no
coeficiente de equivalência estrutural estabelecido na pista experimental da AASHO,
acrescido das modificações feitas pelo Eng. Murilo Lopes de Souza (COUTINHO, 2011).
7
grupo (IG) conforme considerado na Tabela 2.1. O CBRIG nunca poderá ser maior do que o
valor do CBR.
O Índice de Grupo (IG) visa retratar o duplo aspecto de plasticidade e graduação das
partículas do solo, seu valor varia entre 0 e 20. O IG é calculado pela expressão 2.1 (DNIT,
2006), sendo parte da classificação HRB ou TRB de solos, normalmente usada em
pavimentação:
Onde:
a = % de material que passa na peneira nº 200, menos 35. Se a % obtida nesta diferença for
maior que 75, adota-se 75; se for menor que 35, adota-se 35. (a varia de 0 a 40);
b = % de material que passa na peneira nº 200, menos 15. Se a % obtida nesta diferença for
maior que 55, adota-se 55; se for menor que 15, adota-se 15. (b varia de 0 a 40);
c = Valor do Limite de Liquidez menos 40. Se o Limite de Liquidez for maior que 60, adota-
se 60; se for menor que 40, adota-se 40 (c varia de 0 a 20);
d = Valor de Índice de Plasticidade menos 10. Se o índice de Plasticidade for maior que 30,
adota-se 30; se for menor que 10, adota-se 10 (d varia de 0 a 20).
Embora esse (IS) apareça no gráfico de dimensionamento, nas últimas décadas tem-se
utilizado nos dimensionamentos o valor do CBR diretamente, e não ponderado pelo CBRIG já
que, com o passar do tempo, não é mais necessário este cuidado de restrição da capacidade de
suporte dos materiais, considerada excessiva.
O ensaio de CBR indicado para qualificar os materiais de pavimentação deve ser
realizado adotando-se o método de ensaio preconizado pela Norma DNER-ME 049/94.
Consiste em ensaiar cada material compactado na sua umidade ótima e densidade máxima,
porém embebidos em água durante quatro dias, representando já uma condição muito crítica
do pavimento.
8
Tabela 2.1: CBRIG a partir do Índice de Grupo (IG) (SOUZA, 1981)
𝐶𝐵𝑅+CBR(IG)
𝐼𝑆 = (2.2)
2
Onde:
CBR é o valor do CBR do material
CBR (IG) é o valor do CBR dado pelo índice de grupo
IS é o índice de suporte
Os materiais empregados na pavimentação devem atender aos seguintes critérios (DNIT,
2006):
a) Subleito: os materiais do subleito devem apresentar uma expansão, medida no ensaio
CBR, menor ou igual a 2% e um CBR ≥ 2%.
b) Materiais para reforço do subleito: devem apresentar CBR maior que o do subleito e
expansão ≤ 1% (medida com sobrecarga de 10 lb)
c) Materiais para base: devem apresentar CBR ≥ 80% e expansão ≤ 0,5% (medida com
sobrecarga de 10 lb), Limite de liquidez (LL) ≤ 25% e Índice de plasticidade (IP)
≤6%, sendo que se o equivalente de areia for superior a 30, LL e IP não precisam ser
atendidos.
d) Caso a base seja composta por material granular, este deve se enquadrar em uma das
faixas granulométricas apresentadas na Tabela 2.2.
9
Tabela 2.2: Granulometria para base granular (DNIT, 2006)
Além de atender a estes requisitos, a fração graúda deve apresentar um desgaste Los
Angeles igual ou inferior a 50, e a fração que passa na peneira nº 200 deve ser inferior a 2/3
da fração que passa na peneira nº 40 (DNIT, 2006)
O tráfego tem influência predominante no dimensionamento do pavimento, pois este é
dimensionado em função do número equivalente de operações de eixo padrão (N) durante a
vida útil do projeto (COUTINHO, 2011). Fatores de equivalência de operação entre eixos
simples e em “tandem”, com diferentes cargas e o eixo simples padrão com carga de 8,2t
podem ser encontrados na Figura 2.1 (DNIT, 2006).
10
Figura 2.1: Fatores de equivalência de operação (DNIT, 2006)
Onde:
V1 é o volume médio diário de tráfego no ano de abertura, em um sentido;
t é a taxa de crescimento anual (%) em progressão aritmética;
P é o período de projeto em anos.
Onde:
FE é o fator de eixos, número que multiplicado pelo número de veículos dá o número de eixos
correspondentes;
11
FC é o fator de carga, número que multiplicado pelo número de eixos que operam dá o
número de eixos equivalentes ao eixo padrão;
FV é o fator de veículo, número que multiplicado pelo número de veículos que operam, dá
diretamente o número de eixos equivalentes ao eixo padrão.
Normalmente, o valor de N é calculado através do fator FV, expressão 2.5, que por sua
vez é calculado levando-se em conta os FV individuais (FVi) para as diferentes categorias de
veículos, determinadas em uma estação de pesagem representativa da região e das
percentagens com que cada categoria de veículos ocorre na estrada (Pi) (DNIT, 2006).
∑(𝑃𝑖) 𝑥 (𝐹𝑉𝑖)
𝐹𝑉 = (2.5)
100
Os FVi para automóveis e caminhões leves, embora sejam calculáveis, são desprezíveis,
interessando os FVi dos demais (DNIT, 2006).
Para a etapa final de dimensionamento das camadas do pavimento, é necessário adotar
coeficientes de equivalência estrutural para os diferentes materiais, dados na Tabela 2.3.
Como explicado no item 2.1.1.2, estes coeficientes foram obtidos das conclusões das pistas da
AASHTO, adaptados pelo Eng. Murillo Lopez de Souza.
A espessura da camada de revestimento é obtida considerando espessuras mínimas
recomendadas pelo DNIT em função do volume de tráfego (N), apresentados na Tabela 2.4.
As espessuras recomendadas pela Tabela 2.4 visam, especialmente, as bases de
comportamento puramente granular (DNIT, 2006).
Para as demais camadas do pavimento, a espessura é obtida em função do volume de
tráfego (N) e da capacidade de suporte (CBR). A espessura total do pavimento é fornecida
12
pelo gráfico da Figura 2.2, e são referentes a materiais com K = 1,00, isto é, em termos de
base granular.
13
Figura 2.2: Determinação de espessuras do pavimento (DNIT, 2006)
14
Figura 2.3: Esquema das variáveis para o dimensionamento do pavimento
(DNIT, 2006)
Onde:
Hm é a espessura total de pavimento necessária para proteger um material com CBR igual a
m;
Hn é a espessura total de pavimento necessária para proteger um material com CBR igual a n;
H20 é a espessura total de revestimento necessária para proteger a camada de base;
R é a espessura da camada de revestimento
Após a obtenção dos valores de Hm, Hn, H20 pelo gráfico da Figura 2.2 e R pela
Tabela 2.4, as espessuras das demais camadas serão obtidas pela resolução sucessiva das
seguintes inequações:
Onde:
R, B, h20 e hn são as espessuras do revestimento, base, sub-base e da camada n,
respectivamente;
KR, KB, KS e KRef são os coeficientes estruturais do revestimento, base, sub-base e da camada
de reforço de subleito, respectivamente.
Na situação em que a espessura da camada, obtida na resolução das inequações, for
inferior a 15 cm, deve-se adotar 15 cm como espessura final (DNIT, 2006).
16
Figura 2.4: Esquema de um dimensionamento mecanístico de pavimentos (MOTTA,
1991).
17
2.1.2.1. Fatores Ambientais
18
2.1.2.3. O tráfego
Na década de 1990, quando MOTTA (1991) desenvolveu sua tese sobre o método
mecanístico-empírico de dimensionamento de pavimentos, a caracterização conveniente dos
materiais era difícil devido ao pequeno número de laboratórios que dispunham de ensaio de
carga repetida, e os programas de cálculo disponíveis na época necessitavam de grandes
computadores, que não eram tão difundidos.
19
A forma encontrada para divulgar a metodologia foi a divulgação de ábacos que
permitissem aos usuários entender a influência dos vários fatores nas tensões e deformações
geradas (MEDINA e MOTTA, 2015)
Nos primeiros estudos sobre resiliência realizados na COPPE/UFRJ observou-se que a
deformabilidade dos solos lateríticos era menor do que indicavam o ensaio de CBR e os
sistemas de classificação tradicionais. Também, notou-se que a camada de base granular
contribuía mais para a deflexão do pavimento do que o subleito (MEDINA e MOTTA, 2015).
Alguns exemplos das informações inferidas dos ábacos produzidos por MOTTA
(1991):
a) Base granular de brita e subleito também granular: resultam em deflexões,
deformações específicas de tração e diferença de tensões no revestimento elevadas
e demandam espessuras grandes de revestimento para reduzir estas condições de
dano;
b) Em alguns casos o aumento da espessura do revestimento tem efeito significativo
na diminuição das tensões e deformações, em outros pouco influi dependendo da
relação modular entre as camadas;
c) A influência da espessura da base é marcante para as tensões verticais no subleito
em praticamente todos os casos.
Atualmente, os programas de cálculo de tensões e deformações em pavimentos estão
bastante difundidos, e a previsão da deflexão atuante no pavimento tornou-se um processo
mais simples. No item 2.2.3 são apresentados alguns modelos utilizados na previsão da
deflexão.
20
foram relatadas as seguintes parcelas de contribuição de cada camada (MEDINA e MOTTA,
2015):
a) Revestimento de concreto asfáltico: 32%
b) Base de brita: 4%
c) Sub-base: 45%
d) Subleito: 9%
22
do revestimento, frequência do carregamento, módulos de resiliência da camada de base e do
subleito, coeficiente de Poisson da camada de base, volume de tráfego e pressão dos pneus.
23
8) Se os critérios previstos em 6 e 7 forem atendidos, considera-se o pavimento
dimensionado. Caso algum dos critérios não for atendido, deve-se alterar as
espessuras e refazer os cálculos de tensões e deformações e a comparação com os
limites exigidos para o nível de tráfego de projeto”.
0,006.𝑀𝑅
𝜎𝑎𝑑𝑚 = (2.7)
1+0,7.𝑙𝑜𝑔𝑁
Onde:
𝜎𝑎𝑑𝑚 é a tensão vertical admissível no topo do subleito, em kgf/cm²
MR é o módulo de resiliência do subleito, em kgf/cm²
N é o número de aplicações de carga.
No entanto, sabe-se que este modelo não representa bem a situação de solos tropicais e
outros critérios estão em desenvolvimento.
24
2.2.2. Deformação permanente
26
Tabela 2.6: Parâmetros do modelo de Monismith para duas granulometrias de uma
brita gnáissica (ESPINOSA, 1987).
𝜀𝑝 = 𝐴. 𝑁 𝐵 se N ≤ NSD (2.9)
𝜀𝑝 = 𝐶. 𝑁 + 𝐷 se N ≥ NSD (2.10)
𝜀𝑝 (𝑁)
= 𝜇𝑁 −𝛼 (2.11)
𝜀𝑟
27
número de aplicações N da carga, mas o µ é bastante sensível às tensões confinantes e, ainda,
à umidade de moldagem acima da ótima.
CARDOSO (1987) mostra os intervalos prováveis de variação dos valores de α e µ
para materiais típicos pesquisados em várias referências, representados resumidamente na
Tabela 2.7 em MEDINA e MOTTA (2015).
Com o avanço da pesquisa dos fatores que influenciam o comportamento dos materiais
à deformação permanente, modelos de previsão cada vez mais complexos estão sendo
desenvolvidos pelos pesquisadores na tentativa de simular, a partir de ensaios de laboratório,
o comportamento no campo do afundamento de trilha de roda (FRANCO, 2007).
GUIMARÃES (2009) desenvolveu um método para a previsão de deformação
permanente em solos tropicais e outros materiais constituintes de pavimentos. Uma mesma
amostra foi submetida a distintos estados de tensões, compatível com o universo de tensões de
trabalho no campo, para todas as estruturas do pavimento. A modelagem da deformação
permanente é feita pela equação 2:
𝜎 𝜎
𝜀𝑝(%) = 𝜔1 (𝜌3 )𝜔2 ( 𝜌𝑑 )𝜔3 𝑁 𝜔4 (2.12)
0 0
Onde:
Na Tabela 2.8 são apresentados resultados deste modelo para diversos materiais
ensaiados por GUIMARÃES (2009). Este modelo de previsão de deformação permanente
28
apresenta-se mais adequado ao dimensionamento mecanístico-empírico do que o modelo de
Monismith, por levar em consideração o estado de tensões.
% = ( ) ( )
Item Material Classificação R²
29
um carregamento conhecido e que faz parte do método de projeto de reforço de pavimentos
do DNER – PRO 269/94.
O autor citado dividiu o modelo em duas expressões, 2.13 e 2.14, a fim de tornar o
tratamento estatístico mais apurado: uma expressão para revestimentos com espessura inferior
a 10 cm, e outra para pavimentos com espessura superior a 10 cm (FRANCO, 2007).
Onde:
30
Figura 2.7: Ensaio de fadiga em misturas asfálticas (a) à compressão diametral (b) à flexão
31
Figura 2.8: Representação esquemática dos modos de comportamento dos revestimentos
asfálticos ao carregamento repetido (PINTO, 1991)
𝑛
𝑁𝑓 = 𝑘1 . 𝜀 𝑛1 . 𝑆𝑚𝑖𝑥
2
(2.15)
Onde:
𝑁𝑓 é o número de aplicações de carga até a ruptura
𝜀 é a deformação máxima inicial de tração
Smix é o módulo de resiliência ou rigidez da mistura; e
K1, n1 e n2 são constantes de regressão.
32
FRANCO (2007) utilizou em seu programa SisPav um modelo de previsão de fadiga
para misturas asfálticas obtido por meio de um banco de dados de ensaios de fadiga realizados
à compressão diametral, com carga repetida, à tensão controlada, no laboratório de
pavimentação da COPPE/UFRJ. Com base neste banco de dados foram obtidos modelos para
misturas asfálticas com ligantes tradicionais, ligantes com polímeros e asfalto borracha,
entretanto, para o programa SisPav, considerou-se apenas o modelo para ligante tradicional. O
modelo está expresso na equação 2.16.
1 2,821 1 0,74
𝑁𝑙𝑎𝑏 = 1,904. 10−6 . (𝜀 ) . (𝑀𝑅) (2.16)
𝑡
Onde:
Nlab é a vida de fadiga em laboratório
𝜀𝑡 é a deformação específica de tração
MR é o módulo de resiliência da mistura asfáltica, em MPa.
Onde:
%RF é a relação entre a tensão aplicada no ensaio e a resistência à tração na flexão do
material
𝜀𝑡 é a deformação inicial de tração imposta ao material
a e b são parâmetros experimentais
Para misturas de concreto compactado a rolo (CCR) e brita graduada tratada com
cimento (BGTC) são utilizados os modelos de fadiga obtidos por TRICHÊS (1994), que
apresentou um método de dimensionamento de pavimentos semirrígidos para estruturas que
contemplam camadas em CCR, conforme descritos nas expressões apresentadas a seguir
(FONSECA, 2013; FRANCO, 2007):
33
a) Em casos de aparecimento de fissuras de 2,5 mm de profundidade na face tracionada:
𝑁𝑓 = 10(15,082−15,753𝑆𝑅) para probabilidade de 50% para ruptura (2.19)
𝑁𝑓 = 10(14,306−15,753𝑆𝑅) para probabilidade de 95% para ruptura (2.20)
b) Em casos de ruptura total da camada:
𝑁𝑓 = 10(14,911−15,074𝑆𝑅) para probabilidade de 50% para ruptura (2.21)
𝑁𝑓 = 10(14,222−15,074𝑆𝑅) para probabilidade de 95% para ruptura (2.22)
Onde:
SR é a relação entre a tensão aplicada no ensaio e a resistência à tração na flexão do material
aos 28 dias;
Nf é o número de repetições de carga que levam à ruptura por fadiga
2.3.1. Introdução
34
Serão abordados neste projeto os métodos PRO 11/79 e PRO 269/94, por serem os mais
utilizados no Brasil, e o método mecanístico empírico de reforço.
35
Inventário do estado da superfície do pavimento existente – É destinado à
complementação do levantamento deflectométrico, e deve ser feito segundo a
metodologia descrita na norma de “Avaliação objetiva da superfície de pavimentos
flexíveis e semirrígidos”.
Definição dos limites dos segmentos homogêneos – A extensão total estudada deve ser
subdivida em segmentos que possam ser considerados razoavelmente homogêneos,
levando-se em conta, principalmente, elementos como valores do raio de curvatura,
constituição do pavimento existente e a natureza e frequência dos defeitos verificados
na pista de rolamento.
Análise estatística das deflexões recuperáveis – Em princípio devem ser consideradas
como pertencentes a um único universo todas as deflexões colhidas em um segmento
homogêneo. Em seguida, calcula-se a média aritmética, D, e o desvio padrão, 𝜎, destas
medidas. O intervalo de aceitação dos valores individuais é definido através da relação
𝐷 ± 𝑧𝜎 , onde z será estimado em função do número de deflexões medidas (n),
apresentado na Tabela 2.9.
𝜎
𝑐𝑣 = (2.23)
𝐷
36
𝐷𝑐 = 𝐷 + 𝜎 (2.24)
Deflexão de projeto – A deflexão é diretamente proporcional à umidade das camadas do
pavimento. Desse modo, o ideal seria realizar a medida das deflexões na época chuvosa.
Entretanto, como nem sempre isso é possível, costuma-se utilizar fatores de correção sazonal.
Os valores sugeridos pelo manual do DNER são apresentados na Tabela 2.10
Onde:
Dp é a deflexão de projeto, em 0,01mm
Dc é a deflexão característica obtida do levantamento deflectométrico, em 0,01mm
Fs é o fator de correção sazonal
Onde:
H é a espessura de reforço do pavimento, em centímetros
Dp é a deflexão de projeto, em 0,01mm
Dadm é a deflexão admissível após a execução do reforço do pavimento, em 0,01
K é o fator de redução de deflexão, próprio do material usado no reforço.
Para reforço executado em concreto betuminoso, deve ser adotado o valor 40 para K.
Em situações em que a espessura de reforço em concreto betuminoso for superior a 5
cm, devem ser estudadas outras soluções para a constituição das camadas inferiores do
reforço do pavimento. Para o cálculo da espessura das camadas não constituídas por concreto
betuminoso, devem ser adotados os coeficientes de equivalência estrutural recomendados pelo
DNER, mostrados na Tabela 2.11.
Nestes casos, a espessura das camadas inferiores do pavimento será obtida pela
expressão 2.28.
2,00
ℎ𝑐 = (2.28)
𝑘𝑐
Onde:
Hc é a espessura da camada inferior de reforço;
38
Kc é o coeficiente de equivalência estrutural do material a ser utilizado, Tabela 2.11.
𝑇𝑅𝐼
𝑇𝑅 = . 100 (2.29)
𝑆
Onde:
TR é o trincamento, em %;
TRI é o total das áreas com trincamento de classe 2 e 3, bem como eventuais buracos e
remendos contidos na superfície de avaliação, em m².
39
S é a área da superfície de avaliação, em m²
Sondagem a pá e picareta – Recomenda-se a abertura de poços de sondagem,
posicionados alternadamente nas bordas da pista de rolamento, espaçadas de, no
máximo, 2000m, ou de forma que cada segmento homogêneo contenha ao menos um
poço de sondagem. O poço de sondagem deve ser aprofundado até atingir 60 cm do
subleito.
Caracterização do tráfego - Deve ser feita através de contagem volumétrica
classificatória e pesagem de todos os veículos comerciais durante, no mínimo, três
dias consecutivos, em um período de 24 horas diárias para contagem e 8 horas diárias
para pesagem.
A porcentagem de silte contida nos solos deve ser calculada pela expressão 2.30.
𝑃
𝑆 = 100 − (𝑃1 . 100) (2.30)
2
Onde:
S é o percentual de silte;
P1 é o percentual, em peso, de material cujas partículas tenham diâmetro inferior a 0,005 mm,
determinada na curva de distribuição granulométrica;
P2 é o percentual, em peso, de material cujas partículas tenham diâmetro inferior a 0,075 mm,
determinada na curva de distribuição granulométrica.
40
Tabela 2.12: Energia de compactação por camada do pavimento
Energia de
Camada
compactação
Base Proctor Modificado
Sub-base Proctor Intermediário
Reforço do subleito Proctor Intermediário
Subleito Proctor Normal
CBR S%
(%) ≤ 35 35 a 65 > 65
≥ 10 I II III
6a9 II II III
2a5 III III III
𝐷𝑐 = 𝐷 + 𝜎 (2.31)
Onde:
2) Para o trecho homogêneo analisado, deve-se definir uma estrutura de referência constituída
por três camadas, conforme ilustrado na Figura 2.9, onde a primeira camada representa o
material betuminoso, a segunda camada o material granular, e a terceira camada representa o
solo.
3) O solo da terceira camada deve ser classificado de acordo com a Tabela 2.13, em Tipo I,
II ou III.
4) O valor da espessura efetiva é obtido através da expressão 2.32
807,961
ℎ𝑒𝑓 = −5,737 + + 0,972. 𝐼1 + 4,101. 𝐼2 (2.32)
𝐷𝑐
Onde:
hef é a espessura efetiva em centímetros;
42
I1, I2 são constantes relacionadas às características resilientes da terceira camada da estrutura
de referência.
5) A deflexão máxima admissível para a camada de reforço deverá ser obtida com base no
critério de fadiga, por meio da expressão 2.33.
Onde:
̅ é a deflexão máxima admissível, em 0,01 mm
𝐷
Np é o número cumulativo de solicitações de eixos equivalentes ao eixo padrão para o período
de projeto
6) O cálculo da espessura de reforço em concreto asfáltico (HR) será obtido pela expressão 2.34.
238,14
𝐻𝑅 = −19,015 + ̅
− 1,357. ℎ𝑒𝑓 + 1,016. 𝐼1 + 3,893. 𝐼2 (2.34)
√𝐷
43
2.3.4. Método mecanístico-empírico
Durante muito tempo, desde a década de 1950, o principal parâmetro para a avaliação
estrutural e dimensionamento de reforço do pavimento é a deflexão máxima sob a carga das
rodas. Na década de 1970, houve o reconhecimento de que somente as deflexões máximas
não eram suficientes para avaliar a estrutura do pavimento (FONSECA, 2013; MEDINA e
MOTTA, 2015).
Neste contexto, este método apresenta-se como uma boa proposta de substituição dos
quatro métodos normalizados pelo DNIT, descritos anteriormente. Neste método, o
dimensionamento de reforço de pavimentos leva em consideração as características elásticas
dos materiais que compõem as camadas do pavimento, com o auxílio de softwares que
aplicam a teoria da elasticidade a sistemas multicamadas (FONSECA, 2013).
Como dado de entrada para os softwares de dimensionamento, é necessário obter o
módulo de resiliência de cada camada do pavimento, que governa a característica elástica dos
materiais. O módulo pode ser obtido por ensaios ou por programas de retroanálise de bacias
deflectométricas (FONSECA, 2013).
A retroanálise de bacias deflectométricas é um procedimento que permite a obtenção
do módulo de resiliência das camadas do pavimento e do subleito. Segundo (NÓBREGA,
2013), os objetivos principais da retroanálise são: a) fornecer as propriedades das camadas do
pavimento in situ, dados usados na manutenção e/ou restauração das características aceitáveis
do pavimento; b) minimizar o número de sondagens para determinação das espessuras e
coletas de amostras para determinação dos parâmetros desejados, que são de difícil
reprodução em laboratório, além de serem onerosas, perigosas e demoradas.
De acordo com ALBERNAZ ( 1997) a retroanálise é importante porque:
1) Permite a avaliação estrutural comparativa entre trechos de uma mesma
rodovia ou de rodovias diferentes;
2) Fornece dados para projetos de drenagem, indicando a presença de possíveis
camadas rígidas no subleito;
3) Proporciona a elaboração de projetos mais racionais, que se convertem em
pavimentos mais duráveis e de custo mais baixo;
4) Projetos mais confiáveis evitam restaurações prematuras e altos custos de
manutenção e/ou restauração, se for o caso.
44
Os benefícios proporcionados pela retroanálise são: minoração da necessidade de
ensaios destrutivos para coleta de amostras; representação do estado real da estrutura; rapidez
e acurácia na obtenção das propriedades elásticas das camadas do pavimento; redução de
gastos (NÓBREGA, 2013).
O significado da bacia de deflexão é de longa data conhecido, mas foi a facilidade
operacional de sua obtenção aliada aos métodos de retroanálise que viabilizaram a utilização
do método mecanístico-empírico no dimensionamento de reforço de pavimentos. O
deflectômetro móvel da Califórnia, o FWD e a viga Benkelman automatizada proporcionaram
uma maior velocidade na obtenção da bacia do que utilizando a viga Benkelman tradicional
(MEDINA e MOTTA, 2015).
Segundo MOTTA (2015), um método mecanístico completo de dimensionamento de
reforço de pavimentos segue os seguintes passos:
“- determinar no trecho a ser restaurado, as bacias de deflexão, com frequência
adequada para representar convenientemente a situação estrutural do segmento homogêneo,
usando medidas com precisão adequada, por FWD ou viga Benkelman automatizada;
- utilizar um programa confiável de retroanálise das bacias, do qual se conheçam os
princípios e métodos de cálculo, para inferir os módulos de trabalho das camadas e do
subleito;
- utilizar um programa de cálculo de tensões e deformações no qual serão usados os
módulos retroanalisados e as espessuras das camadas para calcular as tensões e deformações
críticas na camada de reforço;
- comparar estas tensões ou deformações calculadas com valores admissíveis em
função do tráfego de projeto, e assim estabelecer a espessura de reforço necessária;
- pode-se simular também processos de reciclagem, com ou sem adição de novos
materiais e espessura adicional”.
2.3.4.1. SisPav
45
nos dados informados ao programa que realiza a análise por meio de algoritmos, calculando a
espessura da camada necessária para atendimento aos requisitos de projeto (FONSECA,
2013).
A base do programa SisPav é a teoria da elasticidade por meio do programa Análise
Elástica de Múltiplas Camadas - AEMC, do mesmo autor, desenvolvido também durante sua
tese de doutorado, tendo como base o programa JULEA (UZAN, 1978).
O programa realiza análises de tensões, deformações e deslocamentos das camadas do
pavimento considerando as características informadas pelo usuário, em especial seu
comportamento resiliente (FONSECA, 2013).
A Figura 2.10 apresenta o fluxograma do método de dimensionamento desenvolvido
por FRANCO (2007), que resultou no software SisPav.
47
Para o dimensionamento de uma estrutura de pavimento pelo SisPav são considerados
critérios de ruptura relativos à fadiga do revestimento asfáltico, deformação limite no topo do
subleito, deflexão máxima na superfície do pavimento e deformação permanente, ou
afundamento de trilha de roda. Sendo o principal critério o comportamento do pavimento em
relação à fadiga. Os modelos matemáticos utilizados para a previsão de cada um desses
critérios esta exposta no item 2.7.
O SisPavBR é dividido em cinco abas, <Estrutura>, <Modelagem>, <Carregamento>,
<Clima>, <Resultados>. Nestas abas os dados podem ser inseridos, alterados ou removidos
de forma simples e prática, e os valores da tabela podem ser transportados para planilhas
eletrônicas como o Excel, ou o contrário, bastando utilizar os comandos “copiar” e “colar”.
As Figuras 2.11 a 2.14 ilustram as abas do programa. Na versão utilizada para este trabalho,
que permite apenas projetos do nível A, a aba <Clima>, não está disponível, por esse motivo
esta aba não é apresentada nas Figuras abaixo.
48
Figura 2.12: Detalhes da aba <Modelagem> do programa SisPavBR
49
Figura 2.14: Detalhes da aba <Resultados> do programa SisPavBR
2.3.4.2. Retroanálise
50
b) O arquivo modelo pode ser exportado do programa através da aba “Projeto”, a
exportação será em planilha Excel com extensão CSV (separado por virgula)
c) A planilha deve ser preenchida sem deixar espaços, e as seguintes informações devem
ser inseridas:
a. Linha 1: sinaliza ao programa que o arquivo é do SisPavBR, não deve ser
alterada
b. Linha 2: identificação do segmento homogêneo analisado
c. Linha 3: Raio do carregamento aplicado pelo equipamento FWD
d. Linha 4 em diante: inserção das bacias deflectométricas, no máximo 100
bacias
e. Coluna 1: data do ensaio
f. Coluna 2: temperatura do ar no instante do ensaio
g. Coluna 3: temperatura do pavimento no instante do ensaio
h. Coluna 4: carga aplicada pelo equipamento FWD
i. Coluna 5: estaca correspondente ao ponto de ensaio
j. Coluna 6: complemento da estaca, em metros
k. Coluna 7: faixa do pavimento
l. Coluna 8: trilha do pavimento
m. Coluna 9 a 17: valores de deflexão obtidos para cada sensor do equipamento
FWD. O número de sensores padrão é nove e o posicionamento inicial é 0, 20,
30, 45, 60, 90, 120, 150 e 180, porém, esta quantidade pode ser alterada,
bastando apagar as colunas dos sensores não utilizados. O posicionamento
deles também pode ser alterado, bastando modificar o número que sucede a
letra “d”.
d) Com as bacias carregadas, o controle de lista apresentará todas as bacias do trecho
homogêneo. Para definir a estrutura, basta clicar na bacia desejada e depois no botão
de comando “estrutura”, para inserir ou excluir uma camada. Depois de ajustado o
número de camadas, insira os parâmetros de espessura, coeficiente de Poisson e se a
camada encontra-se aderida ou não aderida à camada inferior. Em seguida, indique os
extremos possíveis para os módulos de resiliência das camadas.
e) O próximo passo consiste na retroanálise da bacia. Para isto, basta clicar no botão de
comando “Retroanálise”. O programa exibirá graficamente a bacia obtida em campo e
a obtida pelo programa, acompanhada por um valor de erro. Se este erro for menor que
51
5 µm, a bacia será marcada com a cor verde no controle de lista, para um erro entre 5
µm e 10 µm o sinalizador será amarelo, e para erros maiores que 10 µm, o sinalizador
será vermelho. Cabe ao usuário modificar o intervalo de módulo de resiliência das
camadas de forma a obter o menor erro possível.
f) O procedimento descrito no item anterior deve ser repetido para as demais bacias.
g) A qualquer momento o usuário poderá exportar os dados para o Excel, O programa
exporta no formato CSV (separado por vírgulas) e os dados são organizados por bacias,
A Figura 2.15 apresenta a interface do programa com uma bacia já retroanalisada, como
exemplo da apresentação final de uma retroanálise.
52
3. Planejamento do experimento
O catálogo de soluções do programa estipula uma vida útil de projeto igual a 10 anos
para intervenções estruturais, considerando os métodos de reforço tradicionais, especialmente
o DNER PRO-11/79 e o DNER PRO-269/94, conhecido como TECNAPAV.
53
o volume médio diário (VMD) do tráfego e o número “N”, número de
repetições da carga do eixo padrão de 8,2 t por ano considerado equivalente
aos eixos dos veículos comerciais da frota circulante.
Por fim, após algumas análises, FONSECA (2013) selecionou a Rodovia BR-222 no
estado do Ceará, ligando a cidade de Fortaleza à divisa do estado do Ceará com o Piauí. O
54
trecho foi dividido em 131 segmentos homogêneos (SH), totalizando 197 km de rodovia, ao
longo de oito grupos de segmentos:
FONSECA (2013) verificou que muitas estruturas indicadas pelo catálogo CREMA 2°
ETAPA, para reforço de pavimentos, não atingiam a vida útil de projeto recomendada, 10
anos, quando eram analisadas por um método mecanístico-empírico de dimensionamento. O
mesmo autor também concluiu que com a mesma coleta de dados necessária para a utilização
do catálogo é possível melhorar o diagnóstico, e com isso propor uma solução de reforço mais
assertiva, utilizando o método mecanístico-empírico.
Na segunda etapa deste presente trabalho, o autor avalia como o programa SisPavBR
responde, em termos de vida útil de projeto, quando são alterados: o módulo de resiliência da
camada asfáltica, a confiabilidade de projeto e o percentual de área trincada admissível. O
pavimento adotado como referência para esta análise será a estrutura dimensionada na
primeira etapa deste TCC. As combinações a serem analisadas são apresentadas na Tabela
3.1.
56
Tabela 3.1. Combinações de parâmetros para análise no SisPavBR 2.1.5.0
Módulo de Resiliência do
Confiabilidade (%) Área trincada admissível (%)
revestimento (MPa)
5000
7500
20
10000
12500
5000
7500
50 30
10000
12500
5000
7500
40
10000
12500
5000
7500
20
10000
12500
5000
7500
85 30
10000
12500
5000
7500
40
10000
12500
5000
7500
20
10000
12500
5000
7500
90 30
10000
12500
5000
7500
40
10000
12500
5000
7500
20
10000
12500
5000
7500
95 30
10000
12500
5000
7500
40
10000
12500
57
4. Caracterização dos trechos homogêneos da BR-222/CE
O trecho estudado por FONSECA (2013) pertence a BR-222/CE que liga Fortaleza a
Belém. Buscou antigos engenheiros do Departamento de Estradas de Rodagem do Ceará e
com os profissionais mais antigos da superintendência regional do DNIT no Ceará, para obter
informações sobre o histórico do pavimento dos trechos analisados.
58
As atividades executadas foram: levantamento de dados por pesquisa de campo e
contagens de tráfego, processamento de dados para determinação dos fluxogramas de tráfego,
concluindo com o cálculo dos parâmetros VMD e o número N.
59
Figura 4.1. Localização dos postos de contagem da BR 222/CE (FONSECA, 2013)
O volume médio diário anual foi obtido pela média aritmética simples dos volumes de
cada tipo de veículos totalizados a cada dia ao longo da semana. Entretanto, estes valores são
representativos somente para o mês em que foi realizada a contagem, sendo necessário
proceder a correção sazonal. Para tanto, procedeu-se a análise dos dados históricos de VMDs
distribuídos mês a mês ao longo de um ano, disponibilizados pelo Plano Nacional de
Contagem de Tráfego, na rodovia BR-222, PNV=222BCE0015, e apresentados na Tabela 4.4.
A série histórica escolhida para análise foi a do ano de 2001 por ser a mais recente
disponibilizada pelo Plano Nacional de Contagem de Tráfego.
61
Tabela 4.4. Série PNCT – Ano 2001 (PNV=222BCE0015)
64
Tabela 4.9. Cálculo do Fator de Veículos para o Posto P3 (FONSECA, 2013)
65
Tabela 4.11. Cálculo do Fator de Veículos para o Posto P5 (FONSECA, 2013)
66
Tabela 4.13. Cálculo do Fator de Veículos para o Posto P7 (FONSECA, 2013)
Onde:
O número N foi calculado considerando-se uma vida útil de projeto igual a 10 anos, a
partir do ano de abertura do tráfego (2013 a 2022). O valor de N calculado para cada posto de
observação e o VMDA acumulado estão apresentados na Tabela 4.14.
67
Tabela 4.14. VMDA acumulado e o valor de N para o ano 2022 horizonte de projeto da BR-
222/CE (FONSECA,2013)
Com estes resultados, foi possível observar que na camada de base, a média do ISC
dos 131 segmentos homogêneos, da ordem de 75%, ficou abaixo do mínimo estabelecido nas
especificações para base granular do DNIT que é de 80%. Entretanto, o ISC da sub-base é, em
média, maior do que o mínimo exigido que é de 20%. O subleito também apresenta em média
valor adequado de CBR.
68
O levantamento deflectométrico foi realizado com equipamento do tipo FWD,
conforme orienta a norma DNER – PRO 273/96, obtendo-se as bacias deflectométricas do
pavimento. Na Tabela 4.18 são apresentados os valores das médias da deflexão máxima para
cada segmento homogêneo, o desvio padrão (𝜎) e a deflexão características, onde 𝐷𝑐 = 𝐷 +
𝜎, a título ilustrativo da ordem de grandeza destas características de deformabilidade.
Tabela 4.15. Análise estatística das características dos materiais de base BR-222/CE
(FONSECA, 2013)
69
Tabela 4.16. Análise estatística das características dos materiais de sub-base BR-222/CE
(FONSECA, 2013)
Tabela 4.17. Análise estatística das características dos materiais de subleito BR-222/CE
(FONSECA, 2013)
70
Tabela 4.18. Resumo das medidas de deflexão característica dos segmentos analisados
(FONSECA, 2013)
71
Tabela 4.19. Resumo das medidas de IGG dos segmentos selecionados da BR-222/CE (FONSECA,
2013)
72
Tabela 4.20. Resumo das medidas de irregularidades longitudinais dos segmentos
selecionados da BR-222/CE (FONSECA, 2013)
73
Tabela 4.21. Dimensionamento do reforço dos segmentos homogêneos selecionados da BR-
222/CE pelo método DNER PRO-11/79 (FONSECA, 2013)
74
Tabela 4.22. Dimensionamento do reforço dos segmentos homogêneos selecionados da BR-222/CE
pelo método DNER PRO-269/94 (FONSECA, 2013)
Note que para os segmentos 87 e 88 não foi adotada uma espessura de reforço, visto
que, pelos métodos de dimensionamento de reforço mencionados, estes se enquadraram em
soluções de reconstrução.
75
Tabela 4.23. Quadro de soluções de catálogo CREMA 2° ETAPA para os segmentos selecionados da
Rodovia BR-222/CE (FONSECA, 2013)
76
Conforme apresentado na Tabela 4.23, observa-se que somente os segmentos 105, 106
e 108 não apresentaram indicação de fresagem como uma solução de reforço. Dentre estes
segmentos, o que apresenta a maior diferença entre as espessuras de reforço calculadas pelos
dois métodos supracitados é o segmento 106.
Deste modo, o segmento homogêneo escolhido para ser analisado neste presente
trabalho é o trecho compreendido entre o km 0 e o km 1,492 da rodovia BR-222/CE, que é o
segmento número 106.
Conforme explicado no item 3.2, a primeira etapa deste presente trabalho consistiu no
dimensionamento de reforço do pavimento asfáltico para o trecho compreendido entre o km 0
e o km 1,492 da rodovia BR-222/CE, segmento número 106, utilizando os dados de
retroanálise obtidos por FONSECA (2013) e utilizando o programa SisPav v 2.1.5.0,
desenvolvido por FRANCO (2007) e atualizações do mesmo autor. Em seguida, será feita
uma nova retroanálise e recalculada a espessura de reforço para comparação com os valores
de FONSECA (2013).
Na Figura 5.1 e 5.2 está mostrada a tela da plataforma BackSisPav como exemplo de
saída após o processamento. A entrada de dados das bacias é feita através de uma planilha de
77
Excel no formato .CSV (separado por vírgulas), e a Figura 5.3 apresenta o modelo de planilha
que deve ser importado para o sistema.
78
Figura 5.3. Arquivo .CSV para entrada de bacias deflectométricas
Pela avaliação estrutural do pavimento, descrita no item 4.3, foi possível determinar
características do pavimento como número de camadas e respectivas espessuras e o material
que compõe cada camada. Isto é muito importante para que a retroanálise fique mais próxima
de estimar o real comportamento da estrutura já que, como comentado, várias combinações de
módulo podem reproduzir uma bacia. A Figura 5.4 apresenta o perfil da estrutura do
pavimento no segmento de número 106.
79
Figura 5.4. Perfil longitudinal da estrutura do pavimento do segmento homogêneo 106
(FONSECA, 2013)
Tabela 5.1. Valores usuais de coeficiente de Poisson para materiais de pavimentação (DER-
SP, 2006)
80
Tabela 5.2. Valores usuais de módulo de resiliência ou elasticidade para materiais de
pavimentação (DER-SP, 2006)
Intervalo de valores
Material de módulo de
resiliência (MPa)
Concretos Asfálticos:
- revestimento (CAP 50 - 70) 2000 - 5000
- revestimento (CAP 30 - 45) 2500 - 4500
- binder (CAP 50 - 70) 2000 - 3000
- binder (CAP 30 - 45) 2500 - 4000
Materiais Granulares:
- brita graduada 150 - 300
- macadame hidráulico 250 - 450
Materiais estabilizados quimicamente
- solo cimento 5000 - 10000
- brita graduada tratada com cimento 7000 - 18000
- concreto compactado a rolo 7000 - 22000
Concreto de cimento Portland 30000 - 35000
Solos finos em base e sub-base 150 - 300
Solos finos em subleito e reforço de subleito
- solos de comportamento laterítico LA, LA', LG' 100 - 200
- solos de comportamento não laterítico 25 - 75
Solos finos melhorados com cimento para reforço de
200 - 400
subleito
Concreto de cimento Portland 28000 - 45000
Para permitir uma comparação coerente com os módulos encontrados por FONSECA
(2013), foram feitas duas análises no programa BackSisPav. A primeira consistiu em
retroanalisar todas as bacias do segmento homogêneo 106 considerando todas as camadas do
pavimento aderidas umas às outras. Optou-se por fazer esta análise visto que a versão do
SisPav utilizada por FONSECA (2013) não apresentava a opção de retroanálise considerando
as camadas não aderidas. Com esta nova versão do programa, é possível escolher quais
camadas são aderidas e quais não são, e assim, a segunda análise consistiu em retroanalisar
todas as bacias considerando todas as camadas não aderidas umas às outras.
81
limite superior e inferior de módulo de resiliência por camada, a cada iteração, o intervalo é
refinado de forma a obter o menor erro possível.
Na primeira análise foram retroanalisadas estruturas com quatro camadas (capa, base,
sub-base e subleito), e utilizou-se intervalo para os módulos de resiliência próximos daqueles
encontrados por FONSECA (2013), obtendo erros pequenos, em torno de 5%. Em seguida,
foi realizada uma série de tentativas para obter um ajuste fino do intervalo, descartando os
módulos que apresentavam erro elevado até que fosse definido um intervalo de módulos que
apresentasse um percentual de erro menor que 2%, que é o mesmo critério adotado por
FONSECA (2013).
Na Tabela 5.3 são apresentados os módulos de resiliência obtidos para cada bacia,
considerando que as camadas estão aderidas umas às outras. Para verificação mecanístico-
empírica, foi adotado como resultado a média dos módulos obtidos para cada bacia de cada
estaca retroanalisada. Na Tabela 5.4 estão apresentados os valores de módulo de resiliência e
desvio padrão obtidos por FONSECA (2013) e pelo presente autor para as camadas do
pavimento do segmento homogêneo 106.
As maiores diferenças entre os módulos obtidos por esses dois autores foram
observadas nas camadas de base, em torno de 10%, e na camada de subleito, em torno de
24%. Entretanto, considerando o intervalo representado por 𝑋̅ ± 𝜕, onde 𝑋̅ é a média dos
módulos para cada camada, e 𝜕 é o desvio padrão, é válido considerar que os valores de
módulo de resiliência encontrados pelos dois autores são compatíveis.
82
Tabela 5.3: Módulos de resiliência obtidos com o programa BackSisPav para as bacias do
segmento homogêneo 106, considerando a aderência entre as camadas.
SEGMENTO 106
BACIAS 37
83
Tabela 5.4: Módulos de resiliência médios e desvio padrão obtidos por FONSECA (2013) e
PINTO (2016) para o segmento homogêneo 106.
Na Tabela 5.5 são apresentados os módulos de resiliência obtidos para cada bacia,
considerando que as camadas não estão aderidas umas às outras. Para verificação
mecanístico-empírica, foi adotado como resultado a média dos módulos obtidos para cada
bacia de cada estaca retroanalisada. Na Tabela 5.6 estão apresentados os valores de módulo de
resiliência médios e desvio padrão obtidos por FONSECA (2013) e pelo presente autor,
considerando as camadas aderidas e não aderidas, para as camadas do pavimento do segmento
homogêneo 106.
84
Tabela 5.5: Módulos de resiliência obtidos através do programa BackSisPav para as bacias
do segmento homogêneo 106, considerando as camadas não aderidas.
SEGMENTO 106
BACIAS 37
85
Tabela 5.6: Módulos de resiliência médios e desvio padrão obtidos por FONSECA (2013) e
PINTO (2016), considerando as camadas aderidas e não aderidas, para o segmento
homogêneo 106.
Pinto (2016) Fonseca (2013)
Camadas não aderidas Camadas aderidas Camadas aderidas
CAMADA MÓDULO DE MÓDULO DE MÓDULO DE
RESILIÊNCIA DESVIO PAD. RESILIÊNCIA DESVIO PAD. RESILIÊNCIA DESVIO PAD.
(MPa) (MPa) (MPa)
CAPA 2125,95 736,41 2458,11 837,97 2422,30 622,46
BASE 394,30 203,08 227,68 95,06 254,73 104,06
SUBBASE 708,59 245,10 251,76 87,30 251,69 65,76
SUBLEITO 252,35 26,42 221,11 18,17 177,70 34,75
Tabela 5.8: Módulos de resiliência e coeficiente de Poisson adotados para cada camada do
segmento homogêneo 106 para cálculo do reforço
MÓDULO DE RESILIÊNCIA (MPa) COEFICIENTE ESPESSURA
CAMADA
NÃO ADERIDAS ADERIDAS DE POISSON (cm)
CAPA 2125,95 2458,11 0,30 6
BASE 394,30 227,68 0,35 15
SUBBASE 708,59 251,76 0,35 20
SUBLEITO 252,35 221,11 0,40 -
88
Para a nova camada de revestimento, que será dimensionada, o módulo de resiliência e
o coeficiente de Poisson adotados foram os sugeridos pelo programa de acordo com o
material escolhido para compor esta camada. Para a camada de revestimento, o programa
conta com uma biblioteca com alguns tipos de ligantes e suas características. O material
escolhido para esta camada foi o CBUQ com CAP 30/45, que é o que apresenta menor
viscosidade, o que representa uma vantagem em regiões de temperaturas altas como é a região
nordeste. A Tabela 5.9 apresenta as características deste material adotado para compor o
reforço. A Tabela 5.10 apresenta os coeficientes adotados para a curva de fadiga da camada
de revestimento, estes coeficientes foram obtidos pela equipe da COPPE/UFRJ através da
análise de diversos trechos experimentais localizado na Ilha do Fundão, Rio de Janeiro,
conforme apresentado por FRITZEN (2016).
A vida útil adotada para o dimensionamento foi de 10 anos, a mesma adotada por
FONSECA (2013) em sua dissertação, que segue a recomendação do catálogo de soluções
CREMA 2° ETAPA. Para o valor da confiabilidade, a AASHTO (1993) recomenda para
rodovias interestaduais urbanas o nível de confiabilidade que pode variar de 85 a 99,9%.
Neste trabalho o autor realizou o dimensionamento da camada de reforço considerando três
níveis de confiabilidade, 85, 90 e 95%, o máximo permitido pelo programa. O critério de
89
ruptura estabelecido considerou que o pavimento atingiria sua vida útil quando acumulasse
uma área trincada igual a 20%.
Em relação ao tráfego, o programa permite a inserção deste parâmetro de duas formas:
composição de toda a frota do tráfego, ou considerando apenas o eixo padrão. Para este estudo
empregou-se somente o volume de tráfego considerando o eixo padrão.
O volume de tráfego e o número N foram obtidos conforme descrito no item 4.2. O
segmento homogêneo em análise, se situa entre o km 0 e o km 1,492 da BR-222/CE, acesso
leste Caucaia. De acordo com a Tabela 4.2, o posto de contagem volumétrica que se situa
neste trecho é o P4, o número N calculado para este posto está exibido na Tabela 4.15, sendo
N = 5,04. 107. A taxa de crescimento adotada para a vida útil de projeto foi de 3%, conforme
explicado no item 4.2.3.
A escolha do material em cada camada levou em consideração os materiais descritos
por FONSECA (2013), os quais foram obtidos de poços de sondagem (Figura 5.3), e a
biblioteca de materiais disponível no programa SisPavBR. As tabelas 5.11 a 5.14 apresentam
os materiais adotados para cada camada com suas respectivas características. Apesar de
FONSECA (2013) ter descrito em sua dissertação que o CAP utilizado na camada de
revestimento do pavimento existente foi do tipo 85/100, o CAP selecionado no programa
SisPavBR foi do tipo 50/70 por este ser o que mais se assemelha ao CAP existente dentre os
modelos disponíveis na biblioteca do programa. A inserção de novos materiais é permitida
pelo SisPavBR, no entanto, são necessários ensaios para poder calibrar os modelos de
previsão de fadiga para melhorar a acurácia do programa.
90
Tabela 5.12: Material selecionado para representar a camada de base existente
Base
Tipo Material granular
Material Estabilizado granulometricamente
Abrasão Los Angeles 40%
Modelo Constituinte Resiliente Linear
91
Tabela 5.15: Espessura da camada de reforço dimensionada pelo programa SisPavBR nas
condições deste trabalho
HIPÓTESE CONFIABILIDADE ESPESSURA (cm) ÁREA TRINCADA
85% 10,10 19,71%
CAMADAS NÃO
90% 10,20 17,24%
ADERIDAS
95% 10,20 17,81%
85% 11,70 19,58%
CAMADAS ADERIDAS 90% 11,90 18,38%
95% 11,80 19,85%
Na Tabela 5.15 podemos observar que nas duas hipóteses, a espessura da camada de
reforço variou, cerca de 1%, com o aumento do nível de confiabilidade. Outro fato importante
é que as espessuras calculadas utilizando os módulos de resiliência obtidos considerando as
camadas aderidas (hipótese de camadas aderidas) foram cerca de 16% superiores às
calculadas utilizando a outra hipótese. A diferença obtida na espessura da camada foi
relativamente pequena ao se levar em conta as diferenças obtidas nos módulos de resiliência
retroanalisados considerando estas duas hipóteses, item 5.1.1.
O estudo de FONSECA (2013), como foi visto, foi o de comparar o dimensionamento
de reforço de pavimento utilizando os métodos DNER PRO – 269/94 e DNER PRO - 11/79
para um trecho da rodovia BR-222/CE. A intenção aqui foi, então, considerar os mesmos
parâmetros e dados usados por FONSECA (2013) e usar esses valores, primeiramente no
BackSisPav, e depois no SisPavBR para comparar os resultados. A Tabela 5.16 apresenta os
resultados obtidos por estes dois trabalhos: FONSECA (2013) e este presente, PINTO (2016).
Para o método mecanístico-empírico o resultado adotado foi o obtido com o nível de
confiabilidade igual a 95%, por representar uma confiabilidade maior.
Tabela 5.16: Resultados obtidos por FONSECA (2013) e PINTO (2016) para a espessura da
camada de reforço
MÉTODO REFERÊNCIA ESPESSURA (cm)
DNER PRO 269/94 FONSECA (2013) 7,00
DNER PRO 11/79 FONSECA (2013) 9,00
MECANÍSTICO EMPÍRICO (camadas não aderidas) PINTO (2016) 10,20
MECANÍSTICO EMPÍRICO (camadas aderidas) PINTO (2016) 11,80
Como dito no item 3.2, a segunda parte deste trabalho consistiu em uma análise de
sensibilidade do programa SisPavBR, em termos de vida útil de projeto, quando algumas
características de projeto eram alteradas, como confiabilidade, área trincada admissível e
módulo de resiliência da camada asfáltica.
A estrutura de referência utilizada foi a do segmento homogêneo 106 (Figura 5.3)
composta por quatro camadas (revestimento, base, sub-base e subleito) com os módulos de
resiliência obtidos com o programa BackSisPav, procedimento descrito no item 5.1.1,
considerando as camadas não aderidas, com exceção do módulo da camada de revestimento
que é um dos parâmetros que será alterado para a análise de sensibilidade. Os materiais
adotados para as camadas de base, sub-base e subleito foram os mesmos selecionados para o
dimensionamento da camada de reforço, descritos nas tabelas 5.10 a 5.12. Para a camada de
revestimento o material adotado foi o CBUQ com CAP 30/45, e suas propriedades são
apresentadas na Tabela 5.8.
O volume de tráfego inserido no programa para a análise de sensibilidade também foi
o mesmo obtido para o dimensionamento da camada de reforço. O volume de tráfego e o
número N foram obtidos conforme descrito no item 4.2, sendo N = 5,04. 107. A taxa de
crescimento adotada para a vida útil de projeto foi de 3%, conforme explicado no item 4.2.3.
A Tabela 5.17 apresenta os resultados obtidos, em termos de vida útil, para as diversas
análises feitas no programa SisPavBR quando os parâmetros confiabilidade, área trincada
admissível e módulo de resiliência foram alterados.
Com os resultados obtidos foram feitas dois tipos de análises, na primeira, buscou-se
verificar qual seria o comportamento da estrutura, em termos de vida útil, quando o nível de
93
confiabilidade era mantido constante, variando-se apenas o percentual de área trincada
admissível. Os resultados obtidos são apresentados nas Figuras 5.5 a 5.8.
A segunda análise consistiu em verificar a variação na vida útil da estrutura,
mantendo-se fixo o módulo de resiliência da camada de revestimento e o percentual de área
trincada admissível, variando-se apenas o nível de confiabilidade. Os resultados são
apresentados nas Tabelas 5.19 a 5.22 e nas Figuras 5.9 a 5.12.
94
Tabela 5.17: Vida útil obtida para diferentes requisitos de projeto
MÓDULO DE VIDA ÚTIL
CONFIABILIDADE ÁREA TRINCADA
RESILIÊNCIA (MPa) (meses)
20% 5000 64
20% 7500 61
20% 10000 71
20% 12500 81
30% 5000 77
30% 7500 78
50%
30% 10000 87
30% 12500 92
40% 5000 86
40% 7500 93
40% 10000 100
40% 12500 102
20% 5000 56
20% 7500 55
20% 10000 64
20% 12500 74
30% 5000 69
30% 7500 66
85%
30% 10000 75
30% 12500 84
40% 5000 78
40% 7500 79
40% 10000 88
40% 12500 92
20% 5000 54
20% 7500 53
20% 10000 62
20% 12500 73
30% 5000 67
30% 7500 64
90%
30% 10000 73
30% 12500 83
40% 5000 76
40% 7500 76
40% 10000 85
40% 12500 91
20% 5000 52
20% 7500 52
20% 10000 61
20% 12500 71
30% 5000 65
30% 7500 61
95%
30% 10000 71
30% 12500 81
40% 5000 74
40% 7500 73
40% 10000 82
40% 12500 88
95
Confiabilidade: 50%
102
105
100 92 100
95 93
Vida útil (meses)
90 87 86
85 81
80 78 5000 MPa
75 71
7500 MPa
70 77
64
65 10000 MPa
60
61 12500 MPa
55
50
15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
Área trincada admissível
Figura 5.5: Análise da vida útil em relação a área trincada admissível para uma
confiabilidade de 50%
Confiabilidade: 85%
105
100 92
95
Vida útil (meses)
90 84 88
85
75 79 5000 MPa
80 74
75 78 7500 MPa
69
70 64
65 10000 MPa
56 66
60
12500 MPa
55
50 55
15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
Área trincada admissível
Figura 5.6: Análise da vida útil em relação a área trincada admissível para uma
confiabilidade de 85%
96
Confiabilidade: 90%
105
100
95 91
85
Vida útil (meses)
90 83
85
80 76 5000 MPa
73 73
75 7500 MPa
70 67
62
65 10000 MPa
60 54 64
12500 MPa
55
50 53
15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
Área trincada admissível
Figura 5.7: Análise da vida útil em relação a área trincada admissível para uma
confiabilidade de 90%
Confiabiliade: 95%
105
100
95 88
Vida útil (meses)
90 82
85 81
80 74 5000 MPa
75 71 71
7500 MPa
70 65 73
65 61 10000 MPa
60 52 61 12500 MPa
55
50
15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
Área trincada admissível
Figura 5.8: Análise da vida útil em relação a área trincada admissível para uma
confiabilidade de 95%
Pela primeira análise, como pode ser observado nos gráficos das Figuras 5.5 a 5.8,
para todos os níveis de confiabilidade, a estrutura com o módulo de resiliência do
revestimento igual a 12500 MPa apresentou a maior vida útil para todos os valores de área
trincada admissível, seguida pela estrutura com o módulo de resiliência do revestimento igual
10000 MPa. Esse comportamento era esperado, uma vez que um maior módulo de resiliência
dificulta a formação de trincas no pavimento, e consequentemente, resulta em uma maior vida
97
útil. Entretanto, observa-se também que as retas que descrevem o comportamento dessa
estrutura para os valores de módulos supracitados possuem a tendência de se cruzarem para
valores de área trincada maiores do que os testados neste trabalho, e quanto menor a
confiabilidade mais acentuada é esta tendência.
Já o revestimento que possui módulo de resiliência igual a 5000 MPa apresentou uma
vida útil maior do que o revestimento que possui o módulo de resiliência igual a 7500 MPa
para todos os valores admissíveis de área trincada nos níveis de confiabilidade de 90% e 95%,
para os valores de área trincada igual a 10% e 20% para a confiabilidade de 85% e para o
valor de área trincada igual a 10% para o nível de confiabilidade de 50%, ou seja, a medida
que se aumenta a confiabilidade a estrutura que possui módulo de resiliência igual a 5000
MPa tende a apresentar uma vida útil maior do a estrutura com módulo igual a 7500 MPa,
para todos os valores de área trincada admissível.
Na Tabela 5.18 são apresentados os valores de coeficiente angular para as retas
apresentadas nas Figuras 5.5 a 5.8.
Tabela 5.18: Coeficiente angular para as retas de vida útil x área trincada para as
confiabilidades de 50%, 85%, 90% e 95%.
MÓDULO DE COEFICIENTE
CONFIABILIDADE
RESILIÊNCIA (MPa) ANGULAR
5000 110,00
7500 160,00
50%
10000 145,00
12500 105,00
5000 110,00
7500 120,00
85%
10000 120,00
12500 90,00
5000 110,00
7500 115,00
90%
10000 115,00
12500 90,00
5000 110,00
7500 105,00
95%
10000 105,00
12500 85,00
98
Através da Tabela 5.18 é possível observar que para os revestimentos com módulos de
resiliência igual a 7500 MPa e 10000 MPa, as retas que descrevem a relação entre vida útil x
área trincada apresentaram os maiores coeficientes angulares para os níveis de confiabilidade
de 50%, 85% e 90%. Isso quer dizer que o programa apresenta uma maior sensibilidade nessa
faixa de módulo de resiliência, ou seja, uma pequena variação deste parâmetro acarreta em
uma maior variação da vida útil do pavimento.
Tabela 5.19: Análise da vida útil em relação a confiabilidade para um módulo de resiliência
igual a 5000 MPa
MÓDULO DE RESILIÊNCIA: 5000 MPa
VIDA ÚTIL
ÁREA TRINCADA CONFIABILIDADE VARIAÇÃO
(meses)
20% 50% 64 -
20% 85% 56 -12,5%
20% 90% 54 -3,6%
20% 95% 52 -3,7%
30% 50% 77 -
30% 85% 69 -10,4%
30% 90% 67 -2,9%
30% 95% 65 -3,0%
40% 50% 86 -
40% 85% 78 -9,3%
40% 90% 76 -2,6%
40% 95% 74 -2,6%
99
Modulo de resiliência: 5000MPa
105
100
95
86
Vida útil (meses)
90
85 77 78
80 76 74
20%
75 69 67
70 64 65 30%
65
60 56 54 40%
52
55
50
45% 55% 65% 75% 85% 95%
Nível de confiabilidade
Figura 5.9: Análise da vida útil em relação ao nível de confiabilidade para um revestimento
com módulo de resiliência igual a 5000 MPa
Tabela 5.20: Análise da vida útil em relação a confiabilidade para um módulo de resiliência
igual a 7500 MPa
MÓDULO DE RESILIÊNCIA: 7500 MPa
VIDA ÚTIL
ÁREA TRINCADA CONFIABILIDADE VARIAÇÃO
(meses)
20% 50% 61 -
20% 85% 55 -9,8%
20% 90% 53 -3,6%
20% 95% 52 -1,9%
30% 50% 78 -
30% 85% 66 -15,4%
30% 90% 64 -3,0%
30% 95% 61 -4,7%
40% 50% 93 -
40% 85% 79 -15,1%
40% 90% 76 -3,8%
40% 95% 73 -3,9%
100
Modulo de resiliência: 7500MPa
105
100 93
95
Vida útil (meses)
90
85 78 79
80 76
73 20%
75
70 66 64 30%
65 61 61
60 55 40%
53 52
55
50
45% 55% 65% 75% 85% 95%
Nível de confiabilidade
Figura 5.10: Análise da vida útil em relação ao nível de confiabilidade para um revestimento
com módulo de resiliência igual a 7500 MPa
Tabela 5.21: Análise da vida útil em relação a confiabilidade para um módulo de resiliência
igual a 10000 MPa
MÓDULO DE RESILIÊNCIA: 10000 MPa
VIDA ÚTIL
ÁREA TRINCADA CONFIABILIDADE VARIAÇÃO
(meses)
20% 50% 71 -
20% 85% 64 -9,9%
20% 90% 62 -3,1%
20% 95% 61 -1,6%
30% 50% 87 -
30% 85% 75 -13,8%
30% 90% 73 -2,7%
30% 95% 71 -2,7%
40% 50% 100 -
40% 85% 88 -12,0%
40% 90% 85 -3,4%
40% 95% 82 -3,5%
101
Modulo de resiliência: 10000MPa
105 100
100
95 87 88
85
Vida útil (meses)
90 82
85
80 75 73
71 71 20%
75
70 64 62 30%
65 61
60 40%
55
50
45% 55% 65% 75% 85% 95%
Nível de confiabilidade
Figura 5.11: Análise da vida útil em relação ao nível de confiabilidade para um revestimento
com módulo de resiliência igual a 10000 MPa
Tabela 5.22: Análise da vida útil em relação a confiabilidade para um módulo de resiliência
igual a 12500 MPa
MÓDULO DE RESILIÊNCIA: 12500 MPa
VIDA ÚTIL
ÁREA TRINCADA CONFIABILIDADE VARIAÇÃO
(meses)
20% 50% 81 -
20% 85% 74 -8,6%
20% 90% 73 -1,4%
20% 95% 71 -2,7%
30% 50% 92 -
30% 85% 84 -8,7%
30% 90% 83 -1,2%
30% 95% 81 -2,4%
40% 50% 102 -
40% 85% 92 -9,8%
40% 90% 91 -1,1%
40% 95% 88 -3,3%
102
Modulo de resiliência: 12500MPa
102
105
100 92 92
95 91
88
Vida útil (meses)
90 84 83
85 81 81
80 74 73 71 20%
75
70 30%
65
60 40%
55
50
45% 55% 65% 75% 85% 95%
Nível de confiabilidade
Figura 5.12: Análise da vida útil em relação ao nível de confiabilidade para um revestimento
com módulo de resiliência igual a 12500 MPa
Pela segunda análise, apresentada nas Tabelas 5.14 a 5.17 e nas Figuras 5.9 a 5.12, foi
possível verificar que, em todos os casos, a estrutura do pavimento apresentava uma vida útil
maior à medida que aumentava a área trincada admissível. Observou-se também que o
programa apresentou uma sensibilidade maior quando o critério de ruptura alterou de 20%
para 30% de área trincada admissível, do que quando o critério de ruptura alterou de 30% para
40%.
No primeiro caso, a vida útil do pavimento aumentou 23% para o revestimento com
módulo de resiliência igual a 5000 MPa, 21,5% para o revestimento com módulo de
resiliência igual a 7500 MPa, 18,5% para o revestimento com módulo de resiliência igual a
10000 MPa e 13,7% para o revestimento com módulo de resiliência igual a 12500 MPa. Isso
indica que quanto maior o módulo de resiliência do pavimento, menor é o aumento na vida
útil quando o critério de ruptura passa de 20% para 30% de área trincada admissível.
No segundo caso, apesar de o programa ter apresentado uma sensibilidade menor em
relação ao primeiro caso, não foi observado uma relação entre o aumento da vida útil com o
módulo de resiliência da mistura. Houve um aumentou 13% para o revestimento com módulo
de resiliência igual a 5000 MPa, 19,3% para o revestimento com módulo de resiliência igual a
7500 MPa, 16% para o revestimento com módulo de resiliência igual a 10000 MPa e 9,6%
para o revestimento com módulo de resiliência igual a 12500 MPa
Também, foi possível verificar que para um mesmo percentual de área trincada
admissível, a vida útil da estrutura diminuiu à medida que o nível de confiabilidade aumentou.
103
Nota-se que as curvas que descrevem a relação entre o nível de confiabilidade e a vida útil do
pavimento, em todos os casos, podem ser dividas em duas retas com coeficientes angulares
diferentes, a reta 1 compreende o trecho entre o nível de confiabilidade de 50% a 85%, sendo
a reta 2 o trecho entre o nível de confiabilidade de 85% a 95%. A Tabela 5.23 apresenta o
coeficiente angular das duas retas mencionadas anteriormente para cada percentual de área
trincada admissível para cada valor de módulo de resiliência do revestimento.
Tabela 5.23: Coeficientes angular das retas de vida útil x nível de confiabilidade
MÓDULO DE COEFICIENTE COEFICIENTE
ÁREA
RESILIÊNCIA ANGULAR DA RETA 1 ANGULAR DA RETA 2
TRINCADA
(MPa) (50% - 85%) (85% - 95%)
20% -22,85 -40,00
5000 30% -22,85 -40,00
40% -22,85 -40,00
20% -40,00 -60,00
7500 30% -34,28 -50,00
40% -17,14 -30,00
20% -34,28 -60,00
10000 30% -34,28 -40,00
40% -20,00 -30,00
20% -28,57 -40,00
12500 30% -22,85 -30,00
40% -20,00 -30,00
104
intervalo de confiabilidade, uma pequena variação deste parâmetro acarreta em uma maior
variação da vida útil do pavimento.
Vale ressaltar que toda está análise de sensibilidade foi realizada utilizando-se a
mesma curva de fadiga para todos os valores de módulo de resiliência, e segundo MEDINA e
MOTTA (2015), a curva de fadiga de uma mistura sofre influência do seu módulo de
resiliência. Os coeficientes desta curva são apresentados na Tabela 5.24. Desta forma, com o
intuito de avaliar o efeito da utilização de curvas de fadiga improprias, devido à ausência de
caracterização da mistura asfáltica, na vida útil de projeto, o autor do presente trabalho
realizou uma segunda análise de sensibilidade do SisPavBR v.2.1.5.0, porém, desta vez
utilizou-se apenas os valores de módulo de resiliência iguais a 5000 MPa e 12500 MPa.
Optou-se por utilizar estes dois valores de módulo, pois o programa contem em sua biblioteca
curvas de fadiga, obtidas em trechos experimentais localizados na Ilha do Fundão, para
misturas asfálticas com módulos muito próximos aos supracitados.
Tabela 5.24: Coeficientes da curva de fadiga da mistura adotada para análise de sensibilidade
do SisPAvBR
Curva de fadiga
Coeficiente de regressão (k1) 2,205.10-6
Coeficiente de regressão (k2) -3,212
Coeficiente de regressão (k3) -0,181
Para a mistura com o módulo igual a 5000 MPa foi adotada a curva de fadiga de
asfalto borracha RJ CAPFLEX B, seus coeficientes são apresentados na Tabela 5.25. Para a
mistura com módulo igual a 12500 MPa foi adotada a curva de fadiga concreto asfáltico RJ
CAP 30/45 #19,1 mm, seus coeficientes são apresentados na Tabela 5.26.
Curva de fadiga
Coeficiente de regressão (k1) 4.10-12
Coeficiente de regressão (k2) -3,654
105
Tabela 5.26: Coeficientes da curva de fadiga do concreto asfáltico RJ CAP 30/45 #19,1 mm
Curva de fadiga
Coeficiente de regressão (k1) 9.10-14
Coeficiente de regressão (k2) -3,785
Tabela 5.27: Análise da vida útil do pavimento utilizando as curvas de fadiga RJ CAP 30/45
#19,1mm e RJ CAPFLEX B
Nota-se que utilizando as curvas de fadigas apropriadas para cada valor de módulo, a
estrutura inserida no programa atende a vida útil de projeto igual a 10 anos em todos os casos
analisados. Este resultado apresenta uma coerência maior com a realidade uma vez que, de
106
acordo com a Tabela 4.19, o segmento homogêneo 106 foi classificado como ótimo através
do IGG. Dessa forma, se nas condições de campo, onde o revestimento asfáltico encontra-se
envelhecido, o segmento encontrava-se em ótimo estado, alterando-se o módulo de resiliência
da camada de revestimento para um valor compatível com o de uma camada nova, era
esperado que o pavimento atendesse a vida útil de projeto.
6. Conclusões
107
na deformabilidade da estrutura: quanto maior a razão entre os módulos de duas
camadas, menor será a deflexão nesta estrutura.
3) Apesar de serem programas distintos, os valores de módulo de resiliência
encontrados utilizando o BackSisPav e o Retroanálise foram muito próximos
quando a aderência total entre as camadas era considerada. Não foi possível
comparar os resultados obtidos considerando as camadas não aderidas, pois o
software Retroanálise não permitia que o usuário optasse por esta condição.
4) O dimensionamento da camada de reforço pelo método mecanístico-empírico
resultou em espessuras significativamente maiores do que as obtidas utilizando os
métodos empíricos homologados pelo DNIT, para todos os níveis de
confiabilidade.
5) Apesar da grande influência exercida pela condição de aderência no valor dos
módulos de resiliência retroanalisados, foi observado que a espessura
dimensionada de reforço teve influência significativamente menor da condição de
aderência. E a condição não aderida levou a espessura ligeiramente maior neste
caso, podendo ser considerada a favor da segurança.
6) A análise de sensibilidade do SisPavBR mostrou que um aumento no nível de
confiabilidade do projeto acarreta decréscimo da vida útil, sendo este decréscimo
mais acentuado no intervalo de 85% a 95% de confiabilidade.
7) O aumento no valor da área trincada admissível acarreta em um aumento na vida
útil de projeto. O SisPavBR apresentou sensibilidade maior quando o critério de
ruptura alterou de 20% para 30% de área trincada admissível, do que quando o
critério de ruptura alterou de 30% para 40%.
8) A análise de sensibilidade do SisPavBR permitiu concluir que a caracterização da
mistura asfáltica é extremamente importante para um dimensionamento mais
preciso da estrutura do pavimento, visto que a utilização de curvas de fadiga
genéricas pode levar a erros na estimativa da vida útil de projeto.
108
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MEDINA, J.; MOTTA, L. Mecânica dos Pavimentos. 3a edição ed. Rio de Janeiro:
Editora Interciência, 2015.
111