Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Envelhecimento Fisiológico (Senescência): refere-se aos processos biológicos inerentes aos organismos e
são inevitavelmente involutivos (depende das características genéticas do indivíduo e do meio ambiente).
Provavelmente, essas transformações sofrem influência do ambiente físico e social. Entretanto, ainda não se
sabe a extensão do impacto ambiental, principalmente devido à dificuldade de desenvolvimento de um
método que separasse a fração do declínio fisiológico inerente ao organismo daquelas advindas dos estresses
ambientais anteriores ao envelhecimento.
Motivos que explicam o mau envelhecimento de um indivíduo: características próprias que favorecem isso
(fatores genéticos) e características do meio de vivência (comportamento, hábitos de vida), que também
favorecem isso.
Bom envelhecimento: variáveis fisiológicas e comportamentais boas
(agora vamos descrever o envelhecimento nas dimensões celulares, teciduais, órgãos e sistemas)
Antropometria:
Estatura: diminuição 1 a 1,5 cm/década
Peso: aumento até 70 anos
IMC (kg/m²): 22 a 27 (índice de massa corporal normal no idoso é um pouco maior) no adulto: 20 a 25
Encurvamento do corpo - diminuição da estatura: não são as vértebras que diminuem de tamanho. O que
ocorre é a degeneração das fibras elásticas e colágenas dos discos intervertebrais (faz com que o espaço
diminua).
IMC: relação entre a massa e a altura do indivíduo: estabelece se o indivíduo está mau nutrido ou se está
com sobrepeso, aumentando a tendência para obesidade e doenças cardiovasculares. Como a massa aumenta
até os 70 anos e altura tem uma tendência de diminuir, o índice acaba subindo um pouco do valor normal do
indivíduo adulto.
Nutrição:
As alterações fisiológicas do envelhecimento que comprometem as necessidades nutricionais ou ingestão
alimentar são:
- Redução do olfato e paladar
A desnutrição no idoso é muito relacionada a baixa ingestão.
Envelhecimento: perda de funções sensoriais, desde a transdução periférica de sinais até o processamento
desses sinais no córtex. Aos poucos, os receptores sensoriais na boca e no nariz são degenerados
(quimiorreceptores). redução fisiológica das capacidades sensoriais
Principal fator que leva o indivíduo idoso à desnutrição: indisposição ou incapacidade de preparar, buscar,
comprar, ingerir o seu próprio alimento. Não tem o mesmo prazer de alimentar, não sente fome da mesma
forma. A desnutrição também pode ocorrer pela diminuição de biodisponibilidade de uma série de
moléculas (vitaminas, minerais não são bem absorvidos).
- Redução do metabolismo basal: redução de 100 kcal por década (diminuição de massa magra e da
atividade física)
A partir de certa idade, o indivíduo vai tendo uma diminuição da massa magra. Nos homens, isso está
associado diretamente à diminuição do hormônio testosterona ao longo dos anos.
Diminuição da massa magra e diminuição da atividade física: são causa e consequência uma da outra. Não
prática de exercício físico -> diminuição de força do músculo -> indisposição -> pouco uso -> mais
diminuição de força. Indivíduo fica muito fraco.
- Redução da acidez gástrica: diminuição de B12, Ferro, cálcio, ácido fólico e zinco.
DESIDRATAÇÃO
Conceito de desidratação: redução de 20% da água corporal total e 10% do volume plasmático.
Fatores que explicam a desidratação do idoso:
1. Hormônio Antidiurético (vasopressina):
Síntese de ADH ocorre nos núcleos supraórtico e paraventricular do hipotálamo. É armazenado na
neuroipófise. Neurônios que liberam ADH são controlados pelos osmorreceptores (percebem variações na
pressão osmótica do plasma). O aumento dessa pressão aumenta a liberação de ADH e a diminuição dessa
pressão leva a diminuição da liberação de ADH.
Receptores de ADH: V1 (no músculo liso) e V2 (acoplados a proteína G). ADH no músculo liso provoca
vasoconstrição. Vasoconstrição aumenta a resistência vascular que aumenta a pressão arterial.
(ler na aula de Controle da Volemia do segundo período).
ADH impede a diurese e aumenta a reabsorção de água. (objetivo de manutenção da osmolaridade do
sangue)
No idoso:
- níveis séricos basais de ADH aumentam;
- liberação do ADH após estimulação dos osmorreceptores aumenta;
- liberação do ADH após estimulação dos barorreceptores diminui;
- responsividade renal ao ADH diminui.
Idoso fica mais sensível aos mecanismos osmóticos
(como o rim não responde adequadamente ao ADH, a osmolaridade aumenta, o que aumenta ainda mais a
liberação de ADH pela neuroipófise - por isso que o nível de liberação desse hormônio está aumentado no
idoso)
Desidratação dificulta a ingestão de alimentos, por conta da xerostomia. Além disso, a desidratação leva a
hiperosmolaridade -> aumenta a liberação de ADH -> efeitos vasoconstritivos do ADH podem provocar
problemas vasculares.
A desidratação também pode levar à Hipotensão Ortostática: mudança de posição (está deitado e levanta
rapidamente) provoca tontura (queda na pressão arterial - a diminuição do fluxo sanguíneo provoca a tontura
no cérebro). Barorreceptor percebe e sinaliza para elevação da pressão arterial novamente (inativação do
parassimpático e ativação do simpático no bulbo)
Idoso já tem degeneração neural, tem desidratação, o que faz com que a oscilação mecânica do vaso não
aconteça mais com a mesma intensidade. Isso dificulta cada vez mais a correção da queda de pressão
provocada pela mudança de posição (hipotensão ortostática), favorecendo quedas.
5. Outros: diuréticos, sudorese excessiva, restrição física, confusão mental, demência, diarreia, etc...
Envelhecimento Oral
O envelhecimento, por si só, não causa perda dentária significativa, mas causa alterações com consequências
importantes, e algumas vezes incapacitantes, que comprometem a higiene bucal, e estão listadas abaixo:
- Dentes: gengivite + osteoporose (desmineralização dentária)
- Articulação -> Osteoartrose -> Dor (deficiência nas articulações, principalmente na temporomandibular,
dificulta a mastigação)
- Diminuição da Palatabilidade dos Alimentos -> Desnutrição
- Dificuldade de deglutição -> disfagia -> aspiração
- Xerostomia
- Dificuldade de Fala: presbifonia
- Neoplasia
Alterações anatômicas:
• Nos vasos:
- insuficiência arterial (aterosclerose) ➡ alterações funcionais: insuficiência coronariana; insuficiência
vascular cerebral; estenose carotídea; insuficiência vascular periférica; insuficiência vascular mesentérica;
estenose da artéria renal; aneurisma de aorta abdominal.
- pressão arterial ➡ alterações funcionais: hipertensão arterial; hipotensão ortostática.
- insuficiência venosa ➡ alterações funcionais: insuficiência venosa profunda.
• No miocárdio:
- hipertrofia ventricular ➡ alterações funcionais: disfunção diastólica - alteração do relaxamento ventricular.
• No endocárdio:
- valvulopatia degenerativa ➡ alterações funcionais: degeneração aórtica; degeneração mitral.
Degeneração das valvas no envelhecimento: pode gerar sopros.
Tratamento da HAS atualmente é fácil: existe um arsenal amplo de fármacos. Porém, temos que levar em
consideração a adesão ao tratamento por parte do paciente: eliminação de fatores de risco, ingestão adequada
do medicamento.
Envelhecimento Respiratório
Inspiração forçada (volume de reserva inspiratória): 3 L de ar
Volume de reserva expiratória: 1,1 L de ar.
Após a expiração máxima, fica um volume residual de 1,2 L no pulmão
A ventilação pulmonar varia de 2,3 a 2,8 litros de ar (expiração e inspiração)
CV: 4,6 L de ar.
Capacidade vital se altera com a potência dos músculos respiratórios e com a elasticidade da coluna
torácica.
Diafragma, intercostais externos e internos, esternocleidomastódeo, ... (músculos relacionados com a
capacidade do pulmão de contrair e relaxar)
FEV1: volume de ar expirado no primeiro segundo em uma expiração forçada a partir da capacidade
vital. A partir dos 20 anos, ocorre uma redução do FEV1 de 30 ml/ano nos homens e 23 ml/ano nas
mulheres.
Capacidade Vital Forçada (CVF): volume total de ar expirado. A capacidade vital forçada diminui
em aproximadamente 14 a 30 ml/ano nos homens e 15 a 24 ml/ano nas mulheres.
FEV1/CVF: índice de Tiffeneau (a obstrução das vias aéreas é representada por uma relação baixa. O
valor normal é de 80%).
Avaliar se o indivíduo consegue jogar todo o ar pra fora em um segundo. Isso fica prejudicado no
envelhecimento por conta de alguma obstrução das vias aéreas.
Pico de fluxo expiratório (PFE): é uma estimativa grosseira da função pulmonar onde se mede o
fluxo máximo expiratório. Útil no acompanhamento do paciente com asma.
FEF 25-75%: fluxo expiratório forçado (25-75%). Reflete basicamente a função das pequenas vias
aéreas. Está intensamente diminuído em paciente com DPOC.
Gráfico que mostra a influência do cessar do uso de cigarro com o risco doença pulmonar obstrutiva
crônica: o risco diminui na medida que o indivíduo para de fumar, e quanto mais cedo, menor o
risco.
Envelhecimento Geniturinário
Fluxo plasmático renal: totalidade de sangue que chega no rim por minuto (FPR)
Ritmo de filtração glomerular (RFG): indicativo de funcionamento normal do rim. Ideal é que esteja
sempre no níveis normais: 120 ml/min. Para determinar o RFG: dosagem da creatinina na urina
(creatinina é produto do metabolismo da creatina - encontrada nos músculos)
FF = RFG / FPR = 0,2 (20%)
No envelhecimento: há redução de 10% do fluxo sanguíneo renal por década a partir dos 30 anos.
A taxa de filtração glomerular sofre um declínio progressivo.
Aproximadamente 30% dos idosos não apresentam redução da taxa de filtração glomerular.
Há uma redução paralela da produção de creatinina devido à sarcopenia. A creatinina plasmática
pode permanecer estável.
Para evitar erros recomenda-se a utilização da fórmula de Cockcroft-Gault: clerance estimado = (140
- idade x peso)/72*creatinina)
(Mulheres: multiplicar por 0,85)
Alterações no sistema geniturinário no envelhecimento:
Pode provocar noctúria (despertar noturno: insônia - queda).
Mecanismos: ingestão noturna de líquidos, redução da complacência vesical, redução da produção noturna
de ADH (aumento na produção noturna de urina - 35%), ICC, insuficiência venosa, diabetes mellitus e
hiperplasia prostática.
Indicação: ingerir menos líquidos durante a noite.
Impacto da Idade na Função Mnemônica (memória de longo e curto prazo - sofrem declínio progressivo
com a idade). Maior parte dessas memórias são consolidadas no hipocampo
Doença de Parkinson
- Desordem do sistema motor caracterizada por bradicinesia, tremor, rigidez e instabilidade postural.
- Desordem hipocinética: diminuição do funcionamento da via direta que incentiva o movimento e aumento
do funcionamento da via indireta que inibe o movimento. (Via direta e indireta: via de dopamina nos
receptores D1 e D2 nos núcleos da base, especificamente o estriado)
- Neuropatologia característica: perda de neurônios dopaminérgicos da substância negra compacta e
presença de corpos de Lewy (agregação anormal de alfa-sinucleina)
- Associada com perda cognitiva e prevalência associada à idade
Demência e declínio cognitivo leve são comuns em pacientes com Parkinson
Pode ocorrer concomitantemente com Alzheimer.
Doença de Alzheimer
- Diminuição progressiva das habilidades cognitivas incompatíveis com funcionamento independente:
demência
- Lesões generalizadas associadas a traumatismo craniano e a doenças neurodegenerativas como Alzheimer
demência com início insidioso e progressão constante, compondo 60 a 80% das demências em idosos
afeta 5 a 10% da população acima de 65 anos e até 45% da população acima de 85 anos
tem relação com subtipos de precursores proteicos da amiloide
- Definida por associação de sintomas cognitivos com o achado neuropatológico de placas senis (agregados
de amiloide beta) enovelamentos neurofibrilares (proteína TAU fosforilada associada a microtúbulos,
agregada em filamentos pares helicoidais).
- A proteína precursora de amiloide é expressa em neurônios e enriquecida em sinapses.
- Sua função parece estar relacionada à plasticidade sináptica, visto que a potenciação a longo prazo fica
prejudicada na sua ausência.
Doença Cerebrovascular
- Derrame ou infarto cerebral são associados ao avanço da idade e ao declínio cognitivo
- Alterações na substância branca subcortical, redução do volume do córtex cerebral e oclusão de pequenas
veias (infarto silencioso) são encontrados no envelhecimento normal.
- DCV silenciosa pode ser base para declínio cognitivo no envelhecimento
- Implicações: prevenção de hipertensão, obesidade e diabetes pode prevenir envelhecimento cognitivo em
pelo menos parte da população idosa.
Neuroinflamação
- Inflamação é resposta normal à lesão
- Inflamação periférica ocorre correlata a resposta inflamatória central
- Adaptativa quando de curta duração
- Idosos têm resposta inflamatória de longa duração
- Hipocampo envolvido
- Redução da capacidade mnemônica
- Uso crônico de anti-inflamatórios pode prevenir demência
Conclusões
- Há múltiplos fatores que influenciam na estrutura e funções cerebrais, participando do processo de
envelhecimento
- É possível ter controle sobre pelo menos parte desses fatores:
dieta
qualidade de sono
redução de inflamação
exercícios físicos e cognitivos