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Fisiologia do Envelhecimento (Alterações Fisiológicas do Envelhecimento)

Prof. Dante (22/02)

Envelhecimento Saudável (Senescência) x Envelhecimento Patológico (Senilidade)


Infância: somos considerados incapazes. Ao longo do tempo, adquirimos habilidades sensoriais e motoras.
Nos dois tipos de envelhecimento as linhas da infância partem juntas.
No envelhecimento patológico, a curva de capacidade se desvia para baixo ao longo do tempo, chegando ao
nível da incapacidade novamente (na velhice), ao contrário do envelhecimento fisiológico.
Envelhecimento: alterações involutivas

Envelhecimento Fisiológico (Senescência): refere-se aos processos biológicos inerentes aos organismos e
são inevitavelmente involutivos (depende das características genéticas do indivíduo e do meio ambiente).
Provavelmente, essas transformações sofrem influência do ambiente físico e social. Entretanto, ainda não se
sabe a extensão do impacto ambiental, principalmente devido à dificuldade de desenvolvimento de um
método que separasse a fração do declínio fisiológico inerente ao organismo daquelas advindas dos estresses
ambientais anteriores ao envelhecimento.
Motivos que explicam o mau envelhecimento de um indivíduo: características próprias que favorecem isso
(fatores genéticos) e características do meio de vivência (comportamento, hábitos de vida), que também
favorecem isso.
Bom envelhecimento: variáveis fisiológicas e comportamentais boas

Envelhecimento Patológico (Senilidade): refere-se ao envelhecimento na presença de traumas e doenças


que "desviam" a curva de capacidade para baixo.
- Diabetes mellitus por Obesidade
- Osteoartrose por esforço repetitivo
- DPOC por tabagismo
Hábito + genética = patologia
Patologia + Envelhecimento Usual = Envelhecimento Patológico

Envelhecimento Fisiológico é dividido em:


Envelhecimento Usual: apresenta prejuízos significativos, mas não são qualificados como doentes; (não cai
no nível de incapaz, mas precisa de um apoio - medicamentos para hipertensão, por exemplo)
Envelhecimento Bem Sucedido: perda fisiológica mínima, com preservação da função robusta em uma idade
avançada. O processo de envelhecimento é "puro", isento de danos causados por hábitos de vida
inadequados, ambientes inapropriados e doenças.

(agora vamos descrever o envelhecimento nas dimensões celulares, teciduais, órgãos e sistemas)

Envelhecimento Fisiológico Celular


Alterações micromoleculares resultam nas alterações macroscópicas
Células lábeis: hemácias, células da pele (células que se renovam periodicamente e rapidamente) - não são
células passíveis de serem estudadas para observação de suas alterações ao longo do tempo. São os outros
tipos de células, que geralmente permanecem até o fim da vida com o indivíduo, que são estudadas.
- Núcleo: forma, fragmentação e encurtamento
Fatores que podem causar alterações na célula/núcleo: fatores externos (medicamentos, radiação, radicais
livres, por exemplo) e outros fatores. As células sofrem alterações independentemente de fatores externos - o
próprio envelhecimento da célula provoca suas alterações - desgastes por reações químicas; alterações que
dependem da própria função da célula/da atividade do núcleo.
- Citoplasma: lipofuscina (proteína - marcador de célula velha - produzida pelas células e não sabe qual o
papel dela no envelhecimento - causa uma coloração acinzentada no citoplasma, presente em células neurais
principalmente. Quanto maior o teor, a quantidade, a concentração da lipofuscina, a gente consegue estimar
a idade celular)
- Membrana: peroxidação lipídica e sistemas de transporte.
Lipídeos que compõem a membrana (tanto em termos qualitativos - tipo de lipídeos - quanto quantitativos -
quantidade) influencia diretamente na permeabilidade da membrana - seleciona as moléculas que
atravessarão a membrana por difusão. Perda da bicamada - perda na eficiência dos mecanismo de transporte.
Fatores que provocam alterações na membrana: radicais livres são capazes de causar alteração na membrana
chamada de peroxidação lipídica - formação de peróxidos (causado por drogas - uso de substâncias
químicas, por estresse, por radicais livres)
[Exercício físico: produção de radicais livres - maior síntese de enzimas antioxidantes. O excesso de
exercícios, atividade física intensa e prolongada, faz com que o acúmulo desses radicais seja prejudicial a
saúde. Nos idosos, condições saudáveis de vida servem para minimizar isso - excluindo carências
nutricionais e doenças].
- Organelas:
Redução significativa de mitocôndrias (nas células musculares, por exemplo - responsável pela sarcopenia -
faz com que taxa metabólica de repouso diminua) a partir dos 30 anos isso já se inicia.
[Em pessoas com mais massa magra, a taxa metabólica é maior (precisa comer menos) - pessoa com mais
músculo. Nos idosos, ocorre redução da massa magra e aumento da gordura corporal, o que reduz a taxa
metabólica e promove aumento da necessidade nutricional]
Número de ribossomos nas células também pode diminuir - torna menos eficiente a síntese proteica normal.
Células hepáticas são ricas em retículo endoplasmático liso - cheio de enzimas que auxiliam na
metabolização - metabolismo de fármacos, por exemplo). Envelhecimento: diminui o número de retículo
endoplasmático - reduz a capacidade de metabolizar as moléculas ingeridas.
(sistema microssomal hepático: sistema de enzimas produzidas pelo REL que tem a função de
metabolização, principalmente de fármacos)
Insuficiência hepática: dificuldade de metabolização de fármacos - pode provocar intoxicação.
Envelhecimento Fisiológico Tecidual
- SISTEMA COLÁGENO: formação, surgimento de ligações cruzadas e maior resistência à ação de
colagenases, maior rigidez dos tecidos e dificuldade de difusão de substâncias
Envelhecimento: flacidez da pele, perda de adesão dermatoepiderme (desmossomos perdem sua função)
indivíduo jovem acamado a muito tempo - desenvolver feridas na pele - escarpas (para idoso isso é fatal)
Sistema colágeno: proteínas que tem o nome de colágeno - compõe a matriz extracelular de diversas
estruturas - pele, túnica adventícia vascular, locais com tecido conjuntivo
Para que o colágeno funcione direito - local precisa ter fluidez. Colagenases são enzimas que permitem a
fluidez ideal da matriz de colágeno (não deixar que um colágeno se ligue a outro mais do que deveria).
Reação química de molécula grudada uma na outra é mais fácil de acontecer- ligações cruzadas -> resulta
em enrijecimento da pele, enrijecimento muscular.
- SISTEMA ELÁSTICO: aumento da quantidade de fibras, alteração na composição de aminoácidos,
fragmentação, irregularidade de forma e depósitos de cálcio.
Aumento de fibras pode ser um processo adaptativo, aumentando a elasticidade do órgão. Porém, quando
começa a ter uma alteração na quantidade de fibras de maneira extrema, trata-se de um processo patológico,
principalmente quando relaciona-se com um aumento de fibras alteradas (alteração da composição das fibras
-> fibras patológicas -> prejuízo na função da fibra, que é ser elástica).
- PELE, AORTA, PULMÃO, MIOCÁRDIO
Alterações na pele: maior fiabilidade, aparecimento de rugas
Rigidez da aorta causada pelo envelhecimento: aumento da pressão arterial
Pulmão é revestido por pleuras - membranas, compostas de fibras. Parênquima pulmonar é repleto de
alvéolos que também possuem fibras. Enrijecimento das fibras (disfunção elástica): dificuldade de
respiração
Miocárdio: tem o endocárdio (tecido epitelial de revestimento) que, com o envelhecimento, passa a recrutar
células que produzem fibras no local (fibroblasto) - levam a um processo de fibrose cardíaca (coração
normal não pode ter nenhum tipo de fibrose). Fibrose é causada geralmente por hipertensão arterial. (isso vai
levando à falência cardíaca)
Lesão de cardiomiócitos: coração vai perdendo a capacidade.

Envelhecimento dos Sistemas Fisiológicos Principais


- Composição corporal / Nutrição / Antropometria
- Metabolismo hidroeletrolítico
- Imunossenescência
- Termorregulação
- Órgão dos Sentidos

Antropometria:
Estatura: diminuição 1 a 1,5 cm/década
Peso: aumento até 70 anos
IMC (kg/m²): 22 a 27 (índice de massa corporal normal no idoso é um pouco maior) no adulto: 20 a 25
Encurvamento do corpo - diminuição da estatura: não são as vértebras que diminuem de tamanho. O que
ocorre é a degeneração das fibras elásticas e colágenas dos discos intervertebrais (faz com que o espaço
diminua).
IMC: relação entre a massa e a altura do indivíduo: estabelece se o indivíduo está mau nutrido ou se está
com sobrepeso, aumentando a tendência para obesidade e doenças cardiovasculares. Como a massa aumenta
até os 70 anos e altura tem uma tendência de diminuir, o índice acaba subindo um pouco do valor normal do
indivíduo adulto.

Nutrição:
As alterações fisiológicas do envelhecimento que comprometem as necessidades nutricionais ou ingestão
alimentar são:
- Redução do olfato e paladar
A desnutrição no idoso é muito relacionada a baixa ingestão.
Envelhecimento: perda de funções sensoriais, desde a transdução periférica de sinais até o processamento
desses sinais no córtex. Aos poucos, os receptores sensoriais na boca e no nariz são degenerados
(quimiorreceptores). redução fisiológica das capacidades sensoriais
Principal fator que leva o indivíduo idoso à desnutrição: indisposição ou incapacidade de preparar, buscar,
comprar, ingerir o seu próprio alimento. Não tem o mesmo prazer de alimentar, não sente fome da mesma
forma. A desnutrição também pode ocorrer pela diminuição de biodisponibilidade de uma série de
moléculas (vitaminas, minerais não são bem absorvidos).

- Redução do metabolismo basal: redução de 100 kcal por década (diminuição de massa magra e da
atividade física)
A partir de certa idade, o indivíduo vai tendo uma diminuição da massa magra. Nos homens, isso está
associado diretamente à diminuição do hormônio testosterona ao longo dos anos.
Diminuição da massa magra e diminuição da atividade física: são causa e consequência uma da outra. Não
prática de exercício físico -> diminuição de força do músculo -> indisposição -> pouco uso -> mais
diminuição de força. Indivíduo fica muito fraco.

- Aumento da necessidade proteica: diminuição da síntese e ingestão


O fígado é o órgão que produz as proteínas do sangue (transporte de substâncias do plasma e outras
funções). Como existe uma diminuição progressiva da função do fígado -> diminuição da síntese proteica. O
indivíduo tem uma necessidade maior de ingesta de proteína.

- Redução da biodisponibilidade da vitamina D: redução da absorção intestinal de cálcio


Fatores que prejudicam a absorção de vitamina D resultam em redução da absorção de cálcio. Vitamina D
aumenta o metabolismo do cálcio (a absorção intestinal de cálcio). O nosso organismo não consegue
sintetizar tanto a vitamina D, por isso existe uma necessidade de ingesta dessa vitamina (o nosso
comportamento atual não é de permanecer no sol). Vitamina D é produzida no nosso organismo, sendo que
as primeiras etapas ocorrem na pele e existe uma necessidade de radiação ultravioleta. O colesterol é
convertido em calciferol - sofre oxidações sucessivas no fígado e nos rins
Coração é um órgão que precisa de cálcio (não tem muito retículo). É um órgão que sente variações na
calcemia muito mais do que o músculo esquelético (músculo esquelético tem retículo sarcoplasmático em
quantidades mais altas - tem reserva de cálcio maior).
Paratormônio (paratireoide) e calcitonina (célula C da tireoide - célula parafolicular). São hormônios com
efeitos contrários. Aumento de paratormônio e diminuição de calcitonina ocorre devido a diminuição da
concentração de cálcio no organismo. Com isso, o objetivo dos efeitos de aumento de paratormônio e
diminuição de calcitonina é aumentar a absorção de cálcio no intestino.
Vitamina D é um cofator para o transportador de cálcio na membrana da borda em escova do intestino
delgado; o cálcio também é absorvido nas porções finais do intestino grosso
Com a deficiência de cálcio, o processo de reabsorção óssea de cálcio começa a acontecer - aumenta a
atividade osteoclástica (degradação da matriz óssea e liberação de cálcio de sangue). Resulta em fraqueza
óssea, osteoporose.

- Deficiência da utilização da vitamina B6 (piridoxina - metabolizada e transformada em piridoxal fosfato)


A deficiência nessa vitamina prejudica o idoso a ficar longos períodos em jejum. Idoso precisa de se
alimentar de 2 em 2 horas para não desenvolver hipoglicemia. Essa vitamina é responsável pela
transaminação - essencial para que os aminoácidos façam gliconeogênese (origina glicose a partir de
aminoácidos). Como a vitamina está deficiente, esse processo fica prejudicado (não consegue ficar muito
tempo de jejum). Para evitar que isso ocorra: manter a alimentação regular (não ficar muito tempo em jejum)
e fazer reposição oral de vitamina B6. A deficiência de vitamina B6 é causada por uma deficiência absortiva
da mesma.

- Redução da acidez gástrica: diminuição de B12, Ferro, cálcio, ácido fólico e zinco.

- Insuficiência dos mecanismos reguladores da sede, fome e saciedade.


Perda de regulação dos mecanismos da fome e saciedade - causas: doenças como demência; dificuldade de
processamento das informações no córtex. Atrofia do córtex (doença de Alzheimer) também pode explicar
isso.

- Aumento da toxicidade de vitaminas lipossolúveis: vitamina A, D, E, K


Vitaminas que se acumulam nos tecidos gordurosos do organismo (tecido adiposo, bainha de mielina).
Podem causar deficiência nas sinapses neurais; podem provocar problemas de visão. Excesso dessas
vitaminas pode provocar hipervitaminose.

- Maior dificuldade na obtenção, preparo e ingestão de alimentos.


- Xerostomia
Boca seca. Não tem variações osmóticas adequadas - fica com boca seca o tempo todo.
Essa xerostomia é associada a diminuição da atividade glandular (glândulas que produzem saliva - parótida,
submandibular e sublinguais). Essas glândulas sofrem degeneração com o tempo. São inervadas pelo SNA a
partir de nervos craniano, e com sua degeneração, tem uma deficiência na transmissão que comanda a
produção de saliva. Isso pode ser muito acentuado pela desidratação e pelo uso de medicamentos.
Xerostomia prejudica a ingestão alimentar e dificulta a deglutição.

DESIDRATAÇÃO
Conceito de desidratação: redução de 20% da água corporal total e 10% do volume plasmático.
Fatores que explicam a desidratação do idoso:
1. Hormônio Antidiurético (vasopressina):
Síntese de ADH ocorre nos núcleos supraórtico e paraventricular do hipotálamo. É armazenado na
neuroipófise. Neurônios que liberam ADH são controlados pelos osmorreceptores (percebem variações na
pressão osmótica do plasma). O aumento dessa pressão aumenta a liberação de ADH e a diminuição dessa
pressão leva a diminuição da liberação de ADH.
Receptores de ADH: V1 (no músculo liso) e V2 (acoplados a proteína G). ADH no músculo liso provoca
vasoconstrição. Vasoconstrição aumenta a resistência vascular que aumenta a pressão arterial.
(ler na aula de Controle da Volemia do segundo período).
ADH impede a diurese e aumenta a reabsorção de água. (objetivo de manutenção da osmolaridade do
sangue)
No idoso:
- níveis séricos basais de ADH aumentam;
- liberação do ADH após estimulação dos osmorreceptores aumenta;
- liberação do ADH após estimulação dos barorreceptores diminui;
- responsividade renal ao ADH diminui.
Idoso fica mais sensível aos mecanismos osmóticos
(como o rim não responde adequadamente ao ADH, a osmolaridade aumenta, o que aumenta ainda mais a
liberação de ADH pela neuroipófise - por isso que o nível de liberação desse hormônio está aumentado no
idoso)

Desidratação dificulta a ingestão de alimentos, por conta da xerostomia. Além disso, a desidratação leva a
hiperosmolaridade -> aumenta a liberação de ADH -> efeitos vasoconstritivos do ADH podem provocar
problemas vasculares.
A desidratação também pode levar à Hipotensão Ortostática: mudança de posição (está deitado e levanta
rapidamente) provoca tontura (queda na pressão arterial - a diminuição do fluxo sanguíneo provoca a tontura
no cérebro). Barorreceptor percebe e sinaliza para elevação da pressão arterial novamente (inativação do
parassimpático e ativação do simpático no bulbo)
Idoso já tem degeneração neural, tem desidratação, o que faz com que a oscilação mecânica do vaso não
aconteça mais com a mesma intensidade. Isso dificulta cada vez mais a correção da queda de pressão
provocada pela mudança de posição (hipotensão ortostática), favorecendo quedas.

2. Aldosterona (hipoaldosteronismo hiporreninêmico)


No idoso:
- Níveis basais diminuem.
- Liberação de aldosterona após depleção de sódio diminui.
- Liberação de aldosterona após mudanças posturais diminui.
Idoso tem tendência de desenvolver hiponatremia (deficiência de sódio no sangue) e tendência de
desenvolver hiperpotassemia (aumento de potássio no sangue).
[Aumento de potássio faz com que um potencial de ação se sobreponha sobre outro - pode levar a fibrilação
ventricular]

3. Hormônio Natriurético Atrial


Aumenta a eliminação de sódio e de água, diminuindo a pressão.
No idoso:
- Níveis basais aumentam.
- Liberação após estimulação aumenta.

4. Sensação de Sede diminui

5. Outros: diuréticos, sudorese excessiva, restrição física, confusão mental, demência, diarreia, etc...

Envelhecimento Oral
O envelhecimento, por si só, não causa perda dentária significativa, mas causa alterações com consequências
importantes, e algumas vezes incapacitantes, que comprometem a higiene bucal, e estão listadas abaixo:
- Dentes: gengivite + osteoporose (desmineralização dentária)
- Articulação -> Osteoartrose -> Dor (deficiência nas articulações, principalmente na temporomandibular,
dificulta a mastigação)
- Diminuição da Palatabilidade dos Alimentos -> Desnutrição
- Dificuldade de deglutição -> disfagia -> aspiração
- Xerostomia
- Dificuldade de Fala: presbifonia
- Neoplasia

Continuação da aula de Fisiologia do Envelhecimento do Dante (11/03)

- Idoso tem degeneração neural (prejuízo da sensibilização dos barorreceptores)


- Aldosterona faz a Reabsorção de sódio - falta dela no envelhecimento: hiponatremia
Envelhecimento Cardiovascular
 Pressão Arterial = Débito Cardíaco x Resistência vascular total
 Débito cardíaco: frequência cardíaca x volume sanguíneo (5 L/min.)
 Frequência cardíaca normal: 72 bat/min.
 Volume sanguíneo: 70 ml/bat.
 Resistência vascular: associada ao calibre do vaso. Quanto mais fino, maior a resistência. Quanto
mais largo, menor a resistência.
 Ocorre um processo natural de enrijecimento vascular no envelhecimento. Isso causa aumento da
pressão arterial. Variação fisiológica (aumenta principalmente a pressão arterial sistólica.). Até um
certo valor, o aumento de PA não é classificado como HAS se encontrado em pessoas maiores de 60
anos.
 Enrijecimento vascular pode desenvolver arteriosclerose (alteração patológica e não fisiológica).

Alterações anatômicas:
• Nos vasos:
- insuficiência arterial (aterosclerose) ➡ alterações funcionais: insuficiência coronariana; insuficiência
vascular cerebral; estenose carotídea; insuficiência vascular periférica; insuficiência vascular mesentérica;
estenose da artéria renal; aneurisma de aorta abdominal.
- pressão arterial ➡ alterações funcionais: hipertensão arterial; hipotensão ortostática.
- insuficiência venosa ➡ alterações funcionais: insuficiência venosa profunda.
• No miocárdio:
- hipertrofia ventricular ➡ alterações funcionais: disfunção diastólica - alteração do relaxamento ventricular.
• No endocárdio:
- valvulopatia degenerativa ➡ alterações funcionais: degeneração aórtica; degeneração mitral.
Degeneração das valvas no envelhecimento: pode gerar sopros.

Tratamento da HAS atualmente é fácil: existe um arsenal amplo de fármacos. Porém, temos que levar em
consideração a adesão ao tratamento por parte do paciente: eliminação de fatores de risco, ingestão adequada
do medicamento.

Envelhecimento Respiratório
 Inspiração forçada (volume de reserva inspiratória): 3 L de ar
 Volume de reserva expiratória: 1,1 L de ar.
 Após a expiração máxima, fica um volume residual de 1,2 L no pulmão
 A ventilação pulmonar varia de 2,3 a 2,8 litros de ar (expiração e inspiração)
 CV: 4,6 L de ar.
 Capacidade vital se altera com a potência dos músculos respiratórios e com a elasticidade da coluna
torácica.
 Diafragma, intercostais externos e internos, esternocleidomastódeo, ... (músculos relacionados com a
capacidade do pulmão de contrair e relaxar)
 FEV1: volume de ar expirado no primeiro segundo em uma expiração forçada a partir da capacidade
vital. A partir dos 20 anos, ocorre uma redução do FEV1 de 30 ml/ano nos homens e 23 ml/ano nas
mulheres.
 Capacidade Vital Forçada (CVF): volume total de ar expirado. A capacidade vital forçada diminui
em aproximadamente 14 a 30 ml/ano nos homens e 15 a 24 ml/ano nas mulheres.
 FEV1/CVF: índice de Tiffeneau (a obstrução das vias aéreas é representada por uma relação baixa. O
valor normal é de 80%).
 Avaliar se o indivíduo consegue jogar todo o ar pra fora em um segundo. Isso fica prejudicado no
envelhecimento por conta de alguma obstrução das vias aéreas.
 Pico de fluxo expiratório (PFE): é uma estimativa grosseira da função pulmonar onde se mede o
fluxo máximo expiratório. Útil no acompanhamento do paciente com asma.
 FEF 25-75%: fluxo expiratório forçado (25-75%). Reflete basicamente a função das pequenas vias
aéreas. Está intensamente diminuído em paciente com DPOC.
 Gráfico que mostra a influência do cessar do uso de cigarro com o risco doença pulmonar obstrutiva
crônica: o risco diminui na medida que o indivíduo para de fumar, e quanto mais cedo, menor o
risco.

Envelhecimento Geniturinário
 Fluxo plasmático renal: totalidade de sangue que chega no rim por minuto (FPR)
 Ritmo de filtração glomerular (RFG): indicativo de funcionamento normal do rim. Ideal é que esteja
sempre no níveis normais: 120 ml/min. Para determinar o RFG: dosagem da creatinina na urina
(creatinina é produto do metabolismo da creatina - encontrada nos músculos)
 FF = RFG / FPR = 0,2 (20%)
 No envelhecimento: há redução de 10% do fluxo sanguíneo renal por década a partir dos 30 anos.
 A taxa de filtração glomerular sofre um declínio progressivo.
 Aproximadamente 30% dos idosos não apresentam redução da taxa de filtração glomerular.
 Há uma redução paralela da produção de creatinina devido à sarcopenia. A creatinina plasmática
pode permanecer estável.
 Para evitar erros recomenda-se a utilização da fórmula de Cockcroft-Gault: clerance estimado = (140
- idade x peso)/72*creatinina)
(Mulheres: multiplicar por 0,85)
Alterações no sistema geniturinário no envelhecimento:
Pode provocar noctúria (despertar noturno: insônia - queda).
Mecanismos: ingestão noturna de líquidos, redução da complacência vesical, redução da produção noturna
de ADH (aumento na produção noturna de urina - 35%), ICC, insuficiência venosa, diabetes mellitus e
hiperplasia prostática.
Indicação: ingerir menos líquidos durante a noite.

Envelhecimento do Sistema Nervoso


(referência: 100 bilhões de neurônios)

Idosos apresentam alterações em:


- Cognição
- Função neural
- Estrutura neural
Causas são debatidas:
- Declínio neural é relacionado à idade (não patológico) ou teria contribuição de doenças
neurodegenerativas?
- Envelhecimento “normal” & “patológico”
- Focado nas três principais síndromes degenerativas: Alzheimer
Características do Envelhecimento Neural:
- Peso do encéfalo decai com idade
- Contagem de sinapses decai com idade
- Deterioração do engrama
- Declínio de escores em testes de memória
- Declínio cognitivo pode não ocorrer expressivamente: compensação neural.
- Declínio cognitivo pode não prejudicar performance: reserva neural.
Compensação neural: algumas funções (principalmente sensitivas) passam a ser realizadas por outras áreas
quando a sua está prejudicada.
Algumas áreas são mais afetadas pela diminuição da massa com a idade: (córtex pré-frontal lateral - controla
a tomada de atitudes; áreas relacionadas a memória, como hipocampo)
Outras são mais preservadas ao longo do processo de envelhecimento: córtex parietal inferior (controlam
emoções), córtex visual primário

Impacto da Idade na Função Mnemônica (memória de longo e curto prazo - sofrem declínio progressivo
com a idade). Maior parte dessas memórias são consolidadas no hipocampo

Fatores que influenciam a estrutura e função cerebrais no envelhecimento:


- Estilo de vida
- Genética/epigenética
- Hormônios
- Sono (ciclo sono/vigília)
- Utilização de glicose
- Metabolismo sináptico
- Metilação do DNA
- Risco vascular
- Neuroinflamação
- Agregação proteica

Doenças Neurodegenerativas do Idoso:


- Doença de Alzheimer: afeta 1% das pessoas acima de 65 anos e até 30% das pessoas com 80 anos ou mais.
- Doença de Parkinson: até 10% em população de idosos (a partir dos 50 anos de idade)
- Doença cerebrovascular: 20 a 30% dos indivíduos mais idosos apresentam; assintomática.

Doença de Parkinson
- Desordem do sistema motor caracterizada por bradicinesia, tremor, rigidez e instabilidade postural.
- Desordem hipocinética: diminuição do funcionamento da via direta que incentiva o movimento e aumento
do funcionamento da via indireta que inibe o movimento. (Via direta e indireta: via de dopamina nos
receptores D1 e D2 nos núcleos da base, especificamente o estriado)
- Neuropatologia característica: perda de neurônios dopaminérgicos da substância negra compacta e
presença de corpos de Lewy (agregação anormal de alfa-sinucleina)
- Associada com perda cognitiva e prevalência associada à idade
 Demência e declínio cognitivo leve são comuns em pacientes com Parkinson
 Pode ocorrer concomitantemente com Alzheimer.

Doença de Alzheimer
- Diminuição progressiva das habilidades cognitivas incompatíveis com funcionamento independente:
demência
- Lesões generalizadas associadas a traumatismo craniano e a doenças neurodegenerativas como Alzheimer
 demência com início insidioso e progressão constante, compondo 60 a 80% das demências em idosos
 afeta 5 a 10% da população acima de 65 anos e até 45% da população acima de 85 anos
 tem relação com subtipos de precursores proteicos da amiloide

- Definida por associação de sintomas cognitivos com o achado neuropatológico de placas senis (agregados
de amiloide beta) enovelamentos neurofibrilares (proteína TAU fosforilada associada a microtúbulos,
agregada em filamentos pares helicoidais).
- A proteína precursora de amiloide é expressa em neurônios e enriquecida em sinapses.
- Sua função parece estar relacionada à plasticidade sináptica, visto que a potenciação a longo prazo fica
prejudicada na sua ausência.
Doença Cerebrovascular
- Derrame ou infarto cerebral são associados ao avanço da idade e ao declínio cognitivo
- Alterações na substância branca subcortical, redução do volume do córtex cerebral e oclusão de pequenas
veias (infarto silencioso) são encontrados no envelhecimento normal.
- DCV silenciosa pode ser base para declínio cognitivo no envelhecimento
- Implicações: prevenção de hipertensão, obesidade e diabetes pode prevenir envelhecimento cognitivo em
pelo menos parte da população idosa.

Neuroinflamação
- Inflamação é resposta normal à lesão
- Inflamação periférica ocorre correlata a resposta inflamatória central
- Adaptativa quando de curta duração
- Idosos têm resposta inflamatória de longa duração
- Hipocampo envolvido
- Redução da capacidade mnemônica
- Uso crônico de anti-inflamatórios pode prevenir demência

Conclusões
- Há múltiplos fatores que influenciam na estrutura e funções cerebrais, participando do processo de
envelhecimento
- É possível ter controle sobre pelo menos parte desses fatores:
 dieta
 qualidade de sono
 redução de inflamação
 exercícios físicos e cognitivos

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