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São Luís - MA
2017
JOSÉ WILSON DE MARIA NETO
Orientador:
São Luís - MA
2017
JOSÉ WILSON DE MARIA NETO
Ninguém me disse que seria fácil, pelo contrário, me disseram que o caminho seria
longo, muitas vezes, cansativo, mas, que eu teria forças para prosseguir. Me disseram que o
cansaço era comum, que eu deveria esquecer finais de semanas, esquecer amores e até mesmo
lazer. Cinco anos se passaram e cá estou eu: Vivo, feliz, animado com o futuro que a Deus
pertence.
A Deus, que me resgatou quando eu mais precisava e me deu a sabedoria necessária
para continuar lutando.
Aos meus pais, que foram os fomentadores de um sonho. Que disseram pra eu
sempre lutar e nunca desistir. Que corrigiram os seus filhos de forma perfeita, ensinando-os o
caminho da retidão. A família é a base de tudo, são aqueles que vão me apoiar
incondicionalmente, vão me repreender quando precisar e me aconselhar quando virem que
existe um caminho melhor. Dou graças a Deus por ter uma família e pais tão bons. Que, com
o suor do seu trabalho, me mostraram o valor do dinheiro suado, o valor da vida, da família.
Aos amigos que fiz nesta jornada. Vocês foram o melhor presente que a faculdade
poderia ter me dado.
Aos meus professores, que direta ou indiretamente ajudaram na minha formação
profissional e acadêmica. Quer seja com conselhos, quer seja com cobranças.
Este trabalho realizou um estudo sobre a utilização de alguns resíduos na construção civil
(RCC) e a importância de reutilizar e reciclar esses materiais. Nossa sociedade esta passando
por muitas alterações, o consumismo, fruto do capitalismo, gera mais resíduos de forma geral
e as ansiedades do mercado faz com que se produzam mais e mais imóveis e outros tipos de
construção. Dessa forma, há de se quantificar, qualificar e destinar os resíduos sólidos
produzidos na construção civil para que não se tenha uma degradação ambiental em função
dos despejos em locais indevidos como vias públicas, terrenos baldios, rios e mares. A mazela
social também é algo que deve ser levada em consideração, pois, quando entulhos são
despejados em calçadas, por exemplo, impede o direito de ir e vir dos cidadãos, como ocorre
na cidade de São Luís. Desde 1991, foi sugerido um projeto que visava administrar os
resíduos sólidos, porém, somente em 2010 a Lei 12.305 foi aprovada e o Plano Nacional de
Resíduos Sólidos foi instituído. Assim, pode-se responsabilizar aqueles que descumprem as
leis ao deixar de destinar de forma correta e reciclar, quando possível. Na construção civil,
houve avanços, pois, geraram-se economias com o uso de materiais reciclados. Alguns
materiais chegam até fornecer melhores resultados em comparação com alguns outros
convencionais. Porto Alegre, Belo Horizonte, Guarulhos e Canoas são exemplos de cidades
que já tem vários incentivos de reciclagem de materiais da construção civil. O papel do estado
é essencial em intermediar parcerias entre o setor público e privado para criação de um centro
de reciclagem de materiais. Por isso, é sugerido que São Luís faça este centro, que já existe
em Porto Alegre, para o melhor manejo dos resíduos sólidos produzidos pela construção civil.
This present work conducted a study about the uses of some construction waste and the
significance of reusing and recycling those materials. Our society is going through a lot of
changes, the consumerism, fruit of the capitalism, generate more wastes in a general way and
the yearnings of the market makes it produces more and more properties and other kind of
buildings. So, there is a need to quantify, qualify e allocate the wastes produced in
construction that does not have environmental degradation due to sewage in improper sites
such as public roads, unowed land, rivers and seas. The social illness is something that should
be taken into account, because when wastes are dumped in sidewalks, for example, preventing
the right to come and go of the citizens, as it happens in the city of São Luís. Since 1991, it
was suggested a project which aimed to manage the solid waste, however, only in 2010 the
law 12.305 was approved e o National Plan for Solid Waste was set. So, we can punish those
who violate the laws for not allocate in right way and recycle, when possible. In construction,
there has been progress because savings were generated by the use of recycled materials.
Some materials can even provide better results comparing to the formal ones. Porto Alegre,
Belo Horizonte, Guarulhos e Canoas are examples of cities that already have several
incentives of recycling waste in construction. The State’s role is essential in brokering
partnerships between the public and private to create a recycling center of solid waste.
Therefore, it is suggested that São Luís builds this center, which already exists in Porto
Alegre, for better management of waste produced in construction.
Keywords: Construction. Recycling. Waste. Cities. National Plan for Solid Wate.
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO 11
2 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E DEMOLIÇÃO.......... 14
2.1 Definição............................................................................................ 15
2.2 Classificação dos resíduos sólidos da construção civil e
demolição
(RCD................................................................................................... 16
2.2.1 Segundo Norma NBR 10004 de 2004................................................. 16
2.2.2 Segundo Resolução 307 do CONAMA............................................... 17
2.2.3 Segundo a origem................................................................................ 17
2.3 Legislação e normas brasileiras de resíduos sólidos de
construção e
demolição........................................................................................ 18
2.3.1 Linha do tempo................................................................................... 19
2.3.2 O que muda com a Lei 12.305/2010................................................... 20
2.3.3 Normas brasileiras de resíduos sólidos................................................ 21
2.4 O processo de gerenciamento e gestão de resíduos sólidos............ 22
2.4.1 Entes ligados ao gerenciamento........................................................... 23
2.4.2 Diretrizes do gerenciamento................................................................ 25
2.4.2.1 Diretriz segundo a resolução 307 do CONAMA................................. 25
2.4.2.2 Escolha dos processos construtivos..................................................... 26
2.4.2.3 Adoção de métodos de construção desmontáveis............................... 27
2.4.2.4 Utilização de materiais recicláveis..................................................... 27
2.4.2.5 Uso de pré-fabricados......................................................................... 27
2.4.2.6 Parcerias com cooperativas de reciclagem......................................... 28
2.4.2.7 Recolhimento de embalagens pelos fabricantes2.4.2.8 Layout do 28
canteiro de obras otimizado e prevendo o gerenciamento dos
resíduos...............................................................................................
2.4.2.9 Capacitação e treinamento de funcionários....................................... 29
2.4.2.10 A metodologia “5R............................................................................. 30
2.5 Conceito de perdas............................................................................ 31
2.5.1 Tipos de perdas.................................................................................... 32
2.5.2 Medidas para evitar a perda de matérias na obra................................ 33
2.6 Impactos ambientais associados aos RCDs..................................... 33
2.7 Uso teórico dos RCDs....................................................................... 35
2.7.1 Cinzas pesadas.................................................................................... 36
2.7.2. Areia reciclada.................................................................................... 36
2.7.3 Pedrisco reciclado............................................................................... 37
2.7.4 Brita reciclada..................................................................................... 37
2.7.5 Bica corrida.......................................................................................... 37
2.7.6 Rachão................................................................................................. 37
3 REALIDADE DA RECICLAGEM NOS ESTADOS E 38
CIDADES BRASILEIRAS...............................................................
3.1 Minas Gerais...................................................................................... 38
3.2. São Paulo............................................................................................ 41
3.3 Rio Grande do Sul............................................................................. 44
3.4 Rio de Janeiro.................................................................................... 45
3.5 Paraná................................................................................................. 46
3.6 Mato Grosso....................................................................................... 47
3.7 Maranhão.......................................................................................... 48
4 CONCLUSÃO.................................................................................... 50
REFERÊNCIAS.................................................................................. 53
11
1 INTRODUÇÃO
O ser humano sempre se valeu de recursos naturais para atender a suas necessidades.
Inicialmente pelo uso de peles de animais para vestimentas e, na sequência, pelo
emprego de instrumentos para confecção de objetos, ferramentas e armas. Em
seguida, o domínio do processo de geração e controle do fogo o possibilitou
aprimorar seu sistema de proteção, e ele pôde entrar e permanecer nas cavernas.
Então, com as novas formas de organização social e familiar e o advento da
agricultura, o homem pôde deixar de ser nômade e se estabelecer em um único local.
(NAGALLI, 2014, p. 7).
De acordo com Nagalli (2014), com o passar do tempo, o homem aumentou sua
apropriação dos recursos naturais. Logo, as poucas necessidades humanas tornaram-se uma
grande apropriação de diversos materiais presentes na natureza. A imposição da necessidade
de consumo pela sociedade fez com que a produção e uso dos recursos passassem a ser uma
problemática e consequente objetivo de estudo deste trabalho.
Com o processo de industrialização do Brasil, houve mudanças na saúde, economia,
educação e no mundo do trabalho. Assim, veio também, o consumo dos recursos naturais para
grandes e pequenas construções. Maiores vias, maiores edifícios, maiores instalações públicas
e maior o “lixo” produzido por essas construções. Rocha, considera o ‘lixo” como resíduo e
menciona:
Tudo que nos cerca um dia será resíduo: casas, automóveis, móveis, pontes, aviões.
A este total, devemos somar todos os resíduos no processo de extração de matérias
primas e de produção dos bens. Assim, em qualquer sociedade, a quantidade de
resíduos gerados supera a quantidade de bens consumidos. A sociedade industrial,
ao multiplicar a produção de bens agravou esse processo. (ROCHA, 2003. p.5).
Já faz um longo tempo que o lixo urbano representa um grande problema para as
gestões municipais, gerando gastos elevados aos cofres públicos e trazendo degradação ao
meio ambiente. Grande parte do lixo das grandes cidades vem da construção civil e tem sido
um enorme desafio se livrar desses resíduos. De acordo com a Associação Brasileira para
Reciclagem de Resíduos de Construção Civil e Demolição (ABRECON), o Brasil joga fora
oito bilhões de reais ao ano porque não recicla seus produtos. Os números indicam que 60%
do lixo sólido das cidades é oriundo da construção civil e 70% desse total poderia ser
12
reutilizado. Os custos desse desperdício são repassados para a sociedade como um todo, não
apenas pelo aumento do preço final das construções como, também, pelos custos de remoção
e tratamento do entulho.
Na cidade de São Luís do Maranhão, essa realidade é alarmante. Vias públicas são
obstruídas por entulhos, terrenos baldios e margens de rios recebem entulhos todos os dias,
calçadas são preenchidas por resíduos de diferentes tamanhos prejudicando o ir e vir dos
cidadãos. É uma realidade que precisa ser melhorada. Quer seja partindo da iniciativa privada
ou da esfera pública. A Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002, do Conselho Nacional do
Meio Ambiente – CONAMA, trouxe uma nova perspectiva quanto à destinação dos resíduos
sólidos na construção civil, considerando uma política urbana de desenvolvimento da função
social da cidade, a disposição de resíduos da construção civil em locais inadequados,
viabilidade econômica e técnica para o uso de materiais reciclados. Proporcionando um bem
estar para a sociedade no sentido de que o espaço urbano será melhor aproveitado, os recursos
naturais não serão utilizados de forma desenfreada responsabilizando aqueles que não
cumprirem as ordenanças da resolução disposta.
É necessário garantir a sustentabilidade ambiental – algo já instalado em vários países
desenvolvidos. O Brasil ainda engatinha no sentido de reciclar materiais nas obras privadas e
públicas, pois ainda não tem rigor nas políticas públicas que regulamente esta ação. Nesse
sentido, há de se perceber que existem várias vantagens em reciclar: na pavimentação é a
forma que menos exige tecnologia implicando em menor custo; no concreto, podem ser
usados todos os componentes minerais do entulho; para argamassas, usa-se apenas o resíduo
no local gerador, eliminando custos e diminuindo o uso de cimento e cal.
Embora seja possível e prioritário reduzir a quantidade de resíduos durante a produção
e até o pós-consumo, eles sempre serão gerados. O desenvolvimento sustentável requer uma
redução do consumo de matérias-primas naturais não renováveis. O fechamento do ciclo
produtivo, gerando novos produtos a partir da reciclagem de resíduos, é uma alternativa
insubstituível. Assim, o desenvolvimento de tecnologias para reciclagem de resíduos
ambientalmente eficientes e seguros, que resultem em produtos com desempenho técnico
adequado e que sejam economicamente competitivas nos diferentes mercados é um desafio
técnico importante, inclusive, do ponto de vista metodológico. (ROCHA, 2003).
Reciclar resíduos sólidos e destiná-los de forma correta são de suma importância uma
vez que, devemos valorizar os recursos naturais do local em que vivemos. Ao retirarmos
matéria prima do meio ambiente, faz-se necessário o uso desse recurso ao máximo e que fique
útil de forma cíclica, sendo usado de diversas formas e voltando para o meio ambiente.
13
Este trabalho visa comparar o que está sendo feito em algumas cidades do Brasil,
como São Luís do Maranhão. Também observar os custos, técnicas de reciclagem,
manutenção dos resíduos e o retorno dos materiais em forma de um uso específico. Bem
como, evitar o uso descontrolado de recursos naturais e o prejuízo social e econômico da
ausência de políticas de reciclagem nas obras. Citar, ainda, práticas sustentáveis de gestão
urbana, minimizar o desperdício de recursos naturais e discorrer sobre como estão ocorrendo
mudanças na valorização dos resíduos sólidos e o compromisso no seu manejo. Bem como,
evitar o despejo de entulho em vias públicas, margem de rios e terrenos baldios.
O foco final é sugerir uma parceria público-privada para a implementação de um
sistema que aproveite todo resíduo sólido produzido nas obras privadas, com a consequência
de retornar esses materiais de forma proveitosa e produtiva.
14
Nos moldes como é hoje, a construção civil é uma grande geradora de resíduos
sólidos. No Brasil, grande parte dos processos construtivos é essencialmente manual e
ocorrem nos canteiros de obras. Os Resíduos da Construção e Demolição (RCD) além de
ocasionarem problemas de logísticas e prejuízos financeiros, degradam o meio ambiente.
(NAGALLI, 2014).
A construção civil é uma grande geradora de resíduos e necessita de uma atenção
especial para os dejetos gerados nessa atividade. Geri-los é garantir a correta gestão dos
resíduos durante as atividades construtivas e após a entrega de uma obra. Deve-se observar a
não geração, minimização, reutilização, descarte adequado e eventual reciclagem. Resíduos
estão intrinsecamente ligados à sociedade de consumo em vivemos, são sempre criados a
partir de algo que é utilizado e não se faz mais necessário o seu uso. Isso se faz presente na
engenharia civil, no nosso cotidiano de uso dos materiais para consumo básico como
alimentos, cosméticos, asseio pessoal, higiene, nos hospitais com resíduos tóxicos, nas
fábricas etc.
Classificar, definir, quantificar os RCD uma vez que é necessário ter controle para
realizar a reciclagem dos materiais. Saber qual é o tipo de resíduo, em que classe de
periculosidade ele se encaixa para o correto manejo do mesmo, de que forma ele pode ser
utilizado, quais os benefícios que ele traz ao ser reciclado. Essas são as questões levantadas ao
estudar os RCD.
É interessante verificar que, ao longo da história, algumas iniciativas pontuais se
tratavam de resíduos foram desenvolvidas. Na Europa, no início do século XIX, já
registros de processamento de entulho de construções em escória de alto-forno. Na
Holanda, por exemplo, em 1920, alguns rejeitos foram utilizados e aproveitados em
construções. Após a Segunda Guerra Mundial, os escombros das construções
europeias destruídas durante a guerra foram utilizados como agregados para
produzir concreto e asfalto. Já na Alemanha, foram utilizados, no fabrico de
concreto, 12 milhões de metros cúbicos de agregados oriundos da alvenaria. Em
função da escassez de petróleo nas décadas de 1950 a 1970, utilizou-se asfalto velho
para produção de novas camadas de pavimento. Em 1989, com a derrubada do muro
de Berlim, os restos do muro foram, e ainda são vendidos como souvenir.
(NAGALLI, 2014, p. 8).
Observa-se que um país dizimado pela guerra conseguiu se reerguer e usar materiais
que já estavam supostamente fadados a serem inutilizados. Porém, a lucidez de um povo fez
com que fossem utilizados os recursos já existentes para a reconstrução de algumas
edificações, principalmente em concreto. Nagalli (2014, p. 8) afirma que “[..] naquela época,
o aproveitamento de resíduos não possuía viés ambiental [...]”. Foi algo intuitivo daquele
15
povo e sem pensar no bem ambiental ou socioeconômico que estavam fazendo. Eles apenas
usaram dos recursos que tinham naquele momento.
Segundo Nagalli (2014), atualmente, temos uma sociedade mais consciente com
relação ao consumo, mas que continua a estimular o indivíduo a consumir de forma assídua
continuam a persuadir os consumidores para dar continuidade a suas atividades lucrativas. Por
outro lado, iniciativas que propõem diminuir a geração de resíduos, otimizar a sua utilização e
transporte, fornecer tratamento adequado, reciclar etc. Há um aumento na demanda por
construções “verdes” não só como de consumidores mas também legisladores e auditores de
processos de certificação ambiental, que começam a impor um processo adequado para as
construtoras e empreendedoras nesse sentido.
2.1 Definição
Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, artigo 3º, inciso XVI define-se por resíduos
sólidos: “material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em
sociedade, cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a
proceder, nos estados sólidos ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e
líquidos cujas particularidades tornem inviáveis o seu lançamento na rede pública de esgotos
ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em
face da melhor tecnologia disponível.” (BRASIL, Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010,
2010).
No tocante à definição conceitual, a literatura técnica se serve dos termos
resíduos sólidos para designar o produto de descarte gerado pela atividade
industrial, comercial e de serviços da sociedade em geral, seja urbana, rural,
privada ou pública (KRELING, 2006, p. 20).
Segundo a norma, define-se por resíduos sólidos, os resíduos nos estados sólido e
semissólido que resultam de atividade da comunidade de origem: Industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, serviços e varrição.
Esta norma classifica os resíduos quanto a sua periculosidade, podendo apresentar
riscos à saúde pública ou ao meio ambiente; quanto à toxidade e quanto a agentes causadores
de doenças graves como câncer ou alterações genéticas em função de inalação, ingestão ou
absorção cutânea.
Também são classificados como:
Segundo a Resolução 307 do CONAMA, art 2º, inciso I, resíduos da construção civil
são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção
civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos
cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e
compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos,
tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou
metralha.
Conforme a resolução, art 3º, inciso I ao IV, a classificação de resíduos sólidos da
construção civil segue as seguintes classes:
c) Varrição e Feiras Livres: originados nos diversos serviços de limpeza pública urbana
como varrição de vias públicas, limpeza de praias, restos de podas de árvores, corpos
de animais etc; e os de limpeza de áreas de feiras livres. Exemplo: restos vegetais
diversos, embalagens, etc.
d) Serviços de saúde e hospitalares: resíduos produzidos em serviços de saúde tais como:
clínicas, hospitais, farmácias, laboratórios, etc. Exemplo: Resíduos sépticos que
podem conter germes como gazes, seringas, órgãos removidos, cobaias, remédios com
validade vencida, meios de cultura, filmes fotográficos de raios-X; resíduos não-
sépticos como papeis, pós de varrição, restos de comidas etc.
e) Portos, Aeroportos e Terminais Rodoviários: materiais de asseio pessoal que podem
conter doenças provenientes de outras nações.
f) Industriais: originados da atividade laboral das indústrias onde se inclui grande parte
do lixo considerado tóxico. Exemplo: borracha, metal, óleos, resíduos alcalinos ou
ácidos, fibras, madeira, escórias, vidro etc.
g) Agrícolas: resíduos de atividades agrícolas e da pecuária. Exemplo: defensivos
agrícolas, produtos veterinários, estrume, bagaço de cana, frutas e verduras.
h) Entulhos: resíduos originados da construção civil. Exemplo: demolições, restos de
obras, solos de escavações, cerâmicas, concreto etc.
i) Rejeitos de mineração: resultantes do processo de mineração em geral. Exemplo:
expurgo de minério, lavra e pré-processamento.
Diante do aumento da urbanização e êxodo urbano que acontecia nos anos 70 a 90,
houve um consequente aumento nas construções de casas, prédios, vias urbanas e instalações
públicas. Ocorreu um inchaço urbano e muitas pessoas buscavam melhores condições de vida
ao sair do campo para a cidade. Era real a necessidade de regulamentar o que acontecia com
os resíduos produzidos nessas obras uma vez que o entulho proveniente é mal utilizado e
prejudicial no âmbito social e ambiental.
Nagalli (2014, p 17), afirma que “Diversos são os aspectos da Constituição Federal
brasileira que tangenciam o gerenciamento dos resíduos da construção. Pelo fato de o
gerenciamento desses resíduos ter como berço a crescente demanda por soluções técnicas
ambientalmente amigáveis.”
19
Neste item, será abordada uma linha do tempo de como foi criada normas e leis que
regem os resíduos sólidos da construção e demolição. Também será dissertado sobre o que
mudou com a principal lei que deu destino aos resíduos sólidos não só da construção e
demolição, mas, de um modo geral, com os resíduos urbanos e industriais.
Logo abaixo está um resumo sobre como surgiu a Lei nº 12.035 que institui a Política
Nacional de Resíduos Sólidos:
a) 1991: Proposto o projeto de lei 203 que estabelece a gestão de resíduos dos serviços de saúde;
b) 1999: Proposição do CONAMA 259 “Diretrizes Técnicas para a Gestão de Resíduos
Sólidos” que chegou a ser aprovada, mas não foi publicada;
c) 2001: Após dez anos sem aprovar algo sobre a destinação dos resíduos sólidos
urbanos, a Câmara dos Deputados implementam a Comissão Especial da Política
Nacional de Resíduos que visava analisar o Projeto de Lei 203/91 e confeccionar uma
proposta substitutiva global. Porém, a comissão foi subitamente extinta diante do
fechamento da legislatura;
d) 2003: Em Caxias do Sul foi realizado um congresso latino-americano que pretendia
acabar com os lixões e responsabilizar os geradores de resíduos. Nesse mesmo ano, foi
criado o Programa de Resíduos Sólidos Urbanos e realizado a I Conferência de Meio
Ambiente.
e) 2004: Desse ano em diante, a gestão de resíduos passou a ser mais discutida. O
Ministério do Meio Ambiente (MMA) criou grupos e secretarias para elaborar
propostas de regulamentação dos resíduos sólidos. CONAMA (Conselho Nacional do
Meio Ambiente) decide rediscutir e ouvir a sociedade em função da defasagem da
Proposição 259, anteriormente citada;
f) 2005: Com esforços do MMA e contribuições do CONAMA, foi encaminhado o
anteprojeto de lei de “Política Nacional de Resíduos Sólidos”. Realizada a II
Conferência Nacional do Meio Ambiente, com foco nos resíduos sólidos. Foram
realizados, também, debates em várias cidades promovidos pelo MMA, CONAMA e
Ministério das Cidades.
g) 2007: Executivo propõe o PL 1991/2007 que Institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos e dá outras providências. Mas por possuir várias interrelações com outros
instrumentos legais como Políticas Nacionais de Meio Ambiente, de Educação
20
Logo abaixo, segue uma comparação de como era antes sem a lei e, hoje em dia,
depois da aprovação da Lei 12.305/2010:
DEPOIS
ANTES
• Inexistência de lei nacional para nortear os • Marco legal estimulará ações empresariais
investimentos das empresas
• Novos instrumentos financeiros
• Falta de incentivos financeiros impulsionarão a reciclagem
Fonte: (www.cempre.org.br).
Como preleciona Nagalli (2014), partindo do pressuposto que uma política de “zero
resíduo” é irrealizável e é inevitável deixar de produzir resíduos de construção e demolição,
pesquisas e ações são tomadas para reduzir a quantidade de resíduos produzidos em obras e
serviços. Diretrizes são traçadas para atingir o objetivo de reduzir o entulho, reciclá-lo ou
reutilizar o mesmo. Há benefícios da redução de resíduos e de custos relativos ao
gerenciamento, transporte e destinação dos resíduos.
25
Segundo Nagalli (2014), nesta fase o projetista pode ajudar na escolha de processos
construtivos que acarretam em menor uso de recursos naturais (areia, água, petróleo etc.) ou
menor geração de impactos ambientais (menos emissão de carbono, uso de fontes de energia
mais limpa etc.). Assim, há uma consequente geração de resíduos mais recicláveis (maior
eficiência na reciclagem, aproveitamento do resíduo, menos chances de contaminação, menor
quantidade de energia etc.) e menor desperdício em função das melhores escolhas dos
processos construtivos ou até mesmo industrialização dos mesmos. De acordo com o
projetista, uma solução técnica pode ser melhor em um aspecto e pior em outro devido à
facilidade da execução e o custo da mesma.
27
Para Nagalli (2014), quanto mais reciclável for um material, melhor. Dessa forma,
deve-se levar em conta os gastos energéticos, a possível perda de qualidade do novo produto e
os custos associados ao beneficiamento ou reuso desse produto. Projetistas, consumidores e a
sociedade devem definir qual é o melhor material ou prática diante de uma ótica sustentável.
Pela ótica de Nagalli (2014), elementos para uso na obra que são pré-fabricados
ajudam a minimizar a diversidade e a quantidade de resíduos a ser gerenciada no canteiro de
obras. Com uso de materiais padronizados, há uniformização de resíduos e consequente
redução de diversidade de resíduos. Assim, pode ser facilitado o controle e economia,
facilitando ,também, o gerenciamento e potencializando a entrada de resíduos em mercados
de reciclagem.
As cooperativas de reciclagem, de acordo com Nagalli (2014), são formadas por ex-
catadores (trabalho informal mais conhecido por “carrinheiros” ou “carroceiros”). É uma
opção muito boa para reciclagem de materiais, são esses profissionais que podem firmar
parcerias com obras e, indo de “porta a porta”, pode, financiado por iniciativa particular ou
municipal, estocar os materiais conseguidos em barracões para triagem e seleção de materiais
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para reciclagem. No município de Curitiba, que será abordado posteriormente neste presente
trabalho, foram fornecidos carrinhos elétricos e ergonômicos para circulação destes
profissionais em via públicas. Assim, não há somente um aumento dos volumes de resíduos
reciclados como também um fomento a benefícios sociais.
Nas construções civis, quer seja em pavimentação, edifícios, túneis, obras de drenagem e
esgoto, há perda de materiais. É algo comum no setor e no dia a dia, porém, é algo que precisa
ser evitado e combatido.
Como cita Pinto (1999), antigamente, não era possível quantificar e qualificar as perdas na
construção civil. Só se deu conta do tamanho da perda de materiais com o acúmulo das
“montanhas” de entulho nas ruas e calçadas. Com as informações disponíveis hoje, é possível
estudar alternativas para a geração de resíduos, controle da produção e quantificação, bem
como, os usos para serem reutilizados ou reciclados.
Dessa forma “[...] as perdas geradas ao longo do processo de produção se tornam o centro
das atenções, pois cada vez mais as empresas são obrigadas a produzir apenas o necessário
com a mínima força de trabalho, ou seja, eliminando desperdícios.” (COMPETIR, et al.,
2012, p. 14).
Conceituando as perdas temos que:
Perda é qualquer ineficiência que se reflita no uso de equipamentos, materiais, mão
de obra e capital em quantidades superiores àquelas necessárias a produção da
edificação. Sendo assim, as perdas englobam tanto a ocorrência de desperdícios de
materiais quanto à execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e
não agregam valor. (FORMOSO, et al., 1996 apud COMPETIR, et al., p. 14).
De acordo com Nagalli (2014), uso ou disposição final inadequado podem contaminar
mananciais, águas subterrâneas (lençol freático) ou superficiais (rios e mares), afetando a vida
humana. Isso ocorre diante da má gestão do uso e disposição final inadequada.
Por definição, A Resolução Conama nº 001 (CONAMA, 1986, p. 636), cita impacto
ambiental como:
Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o
bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições
estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais.
Nagalli (2014, p. 58) afirma que “Assim, os resíduos da construção civil seriam
potenciais agentes de degradação da qualidade ambiental na medida em que interagem com
diversos aspectos ambientais [...].”
Claramente, a falta de reciclagem e cuidados adequados aos RCDs podem gerar
grandes estragos não só para o ambiente, mas, como também, para a sociedade. Medidas que
seguem uma linha de sustentabilidade se fazem necessárias uma vez que os recursos que
temos são limitados e devem ser usados de forma prudente. Igualmente, deve ser preservado o
nosso cenário natural e o urbano para o bom convívio do homem na sociedade.
Segundo a Secretaria Nacional de Saneamento do Ministério das Cidades:
34
É fato que houve uma consciência ambiental adquirida ao longo dos anos pela
sociedade, bem como o crescimento da construção civil no Brasil. Isso faz com que se possa
pensar na construção civil como um agente que também contribui para a sustentabilidade.
Como preleciona Nagalli (2014), há alguns impactos que podem ser citados: impactos
na obra (diretos e indiretos) e impactos no entorno (diretos e indiretos).
Os impactos na obra podem ser:
a) Desperdício: como diz Nagalli (2014, p. 60) “geralmente associado ao mau
aproveitamento de materiais, ausência de planejamento ou aceleração de cronograma
além do desejável”;
b) Consumo de novos recursos naturais: compra e uso de novos materiais em vez do uso
de materiais reaproveitados ou reciclados;
c) Acidentes de trabalho: falta de organização no canteiro de obras e o não uso de EPIs;
d) Falta de espaço, fluxo de pessoas e materiais: também por falta de aproveitamento de
espaço e organização no canteiro de obras;
e) Obstrução de drenagens: obstruções de sistemas de drenagem podem ocorrer em
função da ausência de mecanismos de controle de carregamento sólidos, podendo
causar consequências operacionais;
f) Contaminação de solo e águas subterrâneas: falta de estudo aprofundado sobre a área e
prática incorreta de resíduos perigosos, geralmente os líquidos;
g) Supressão vegetal: destruição de áreas verdes, principalmente em obras de aterro e
corte na área da pavimentação, afetando, diante da falta de um estudo, fauna e flora de
uma região e bem como a impermeabilização do solo;
Os impactos no entorno, que são aqueles com consequências fora da obra, são estes:
a) Vibrações e ruídos: sons oriundos de demolições, motores a combustão, queda de
materiais durante atividades desconstrutivas, é algo que afeta na qualidade de vida das
pessoas no entorno da obra;
35
De acordo com a Rocha e John (2003, p. 81), as cinzas pesadas são “materiais” que
apresentam heterogeneidade em função do processo de produção cuja composição dependerá
do grau de beneficiamento e moagem do carvão, do projeto e tipo de operação da caldeira
[...]”. Como diz a Rocha e John (2003), com cinzas pesadas podem ser feitos blocos ou escada
pré-moldados, concreto usinado e argamassas.
No caso dos blocos, não há necessidade de beneficiamento prévio, incorporação como
agregado em elementos pré-moldados, aplicação após 48h da moldagem e possibilidade de
incorporação de pigmentos. Também há inconvenientes como a necessidade de assegurar uso
de cimento sem adições ativas, controlar a umidade da cinza pesada no processo de produção
para compensar a água usada e uso de câmara para cura térmica em caso de lugares frios. Nas
questões sociais, há um potencial para geração na fabricação ou na aplicação dos blocos pré-
moldados, bem como a redução de perdas na construção, uma vez que, a diversidade de
elementos permite paginação. Os inconvenientes sociais são que esses processos necessitam
de mão de obra especializada e de formação prévia para assentadores de blocos.
Já com o concreto usinado a partir das cinzas pesadas, não necessita, também, de
beneficiamento, podendo ser usado em estado natural; não necessita de aditivos, reduz o peso
específico do concreto, melhora a coesão e plasticidade do mesmo. O problema é que
necessita de um controle de material de carbono nas cinzas. Nas questões sociais e
ambientais, é um meio efetivo para reduzir déficit habitacional através da redução nos custos
das habitações sociais nas áreas abrangentes aos processos de cinza pesadas. Porém, o
transporte do concreto usinado feito por cinzas pesadas precisa de licença ambiental.
Na produção de argamassa a partir de cinzas pesadas, elas podem ser embaladas e
rapidamente ficarem pronta para o consumo; há certa melhoria nos serviços de revestimento,
tem possibilidade de incorporação de pigmentos. Porém, há necessidade de formação prévia
para mão de obra no serviço de revestimento e também há necessidade de secagem das cinzas
no processo. Fora o fato de que o transporte, assim como o concreto usinado, precisa de
licença ambiental.
2.7.6 Rachão
Livre de impurezas, com diâmetro menor que 150 mm, advindo da reciclagem de
concreto. Usado em obras de pavimentação, terraplenagem e drenagem. (ABRECON, 2015).
Desde a aprovação da Lei 12.305/2010, o cenário brasileiro sobre resíduos sólidos sofreu uma
mudança. A ótica sobre a reciclagem de resíduos não só da construção civil, mas, também industriais,
urbanos e rurais sofreram uma reformulação no sentido de que, nos dias de hoje, há maior fiscalização,
punição, regulamentação e ações obrigatórias para aqueles que produzem ou manuseio de resíduos.
Para que tivesse um planejamento consistente sobre reciclagem de resíduos, foi necessário um estudo
técnico, socioambiental e diferente em cada região do país. A lei citada acima rege o país inteiro,
porém, cada região do país tem suas peculiaridades quanto a, como e com que intensidade se recicla,
fiscaliza, produz os resíduos sólidos, especificamente os RCDs.(FERNANDEZ; MOURA; ROMA,
2011).
Neste tópico serão citadas as leis que regem alguns estados brasileiros, bem como
algumas ações das cidades pioneiras na reciclagem de RDCs.
Foi necessário um certo pioneirismo para ser exemplo para as outras cidades. Foi o caso de
Belo Horizonte, que tomou iniciativa em prol do meio ambiente, da cidade, das pessoas e até mesmo
39
da economia. Afinal, era comum flagrar pessoas transportando e despejando lixo, móveis velhos,
entulho, podas de árvores em áreas públicas, córregos, terrenos baldios etc.
Dessa forma, podemos citar que:
Numa ação pioneira, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da SLU, implementou
este programa. Desde o inicio dos anos 90, o trabalho inclui alternativas para o
recolhimento e disposição adequadas do entulho com a opção de reaproveitamento.
(PROGRAMA...,2015)
E também:
A cidade de Belo Horizonte é uma referência em se tratando de reciclagem de RCD
no Brasil. Implantado desde 1993, o plano de gestão diferenciada, na época
denominado Programa de Correção Ambiental e Reciclagem dos Resíduos de
Construção, definiu ações específicas para captação, reciclagem, informação
ambiental e recuperação de áreas degradadas. (COMPETIR et al , 2012, p. 64).
Segundo o site da prefeitura de BH, são informados alguns dados sobre a reciclagem
de RCDs. Cerca de 50 mil toneladas de entulho, por ano, são destinadas para reciclagem, 5%
41
Uma grande contribuição, ainda segundo o site da prefeitura de BH, foi que essa
experiência pioneira na cidade foi utilizada como referência na confecção da Resolução
CONAMA nº 307, de 05 de julho de 2002. Além de suprir as matérias-primas convencionais,
o programa de reciclagem de entulho da SLU corrige os problemas ambientais gerados pela
deposição clandestina, melhora a qualidade do meio ambiente, amplia a vida útil do aterro
sanitário e preserva as jazidas minerais.
No estado de São Paulo temos a Resolução SMA 056/2010 que revoga a Resolução
SMA 41/2002 e altera procedimentos para o licenciamento das atividades que especifica e dá
outras providências.
Segundo dados do Sindicado da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo
(SINDUSCON-SP), a maior parcela de resíduos sólidos urbanos são gerados nas cidades
paulistas. No ano de 2003, a cidade de São Paulo teve como média diária 17.240t de resíduos
sólidos urbanos, 55% dessa quantidade é fruto da construção civil. Em Campinas, produz-se
por dia 1.800, 64% desse total vem da construção civil. Piracicaba e São José dos Campos,
620t e 733t respectivamente por dia, com 67% da construção civil. Ribeirão Preto produz por
dia 1.043, sendo 70% são RCDs. (SINDUSCON-SP, 2005).
Ao perceber a problemática dos RCDs, Alves e Quelhas citam:
reciclagem ações para recuperação e informação ambiental foram medidas criadas com o
desenvolvimento do Programa para Correção Ambiental e Reciclagem dos Resíduos de
Construção. Já em 1996, 218.000 m² de pavimentação, que é equivalente a 31km de vias,
foram executados graças ativação da primeira central de reciclagem com 32 meses de
funcionamento. Esta central contribuiu para estudos desenvolvidos na UNICAMP e na Escola
de Engenharia de São Carlos. Isso ajudou a consolidar a tecnologia e disseminação das
potencialidades da reciclagem de RCDs.
Desde 2008, a prefeitura de Ribeirão Preto, tem um “contrato de emergência” com
uma empresa chamada Estre Ambiental, que fica 40km distante de Ribeirão Preto, para
manutenção, recebimento e coleta de resíduos sólidos e o transporte é feito pela empresa
privada chamada Leão & Leão LTDA. Isso expõe uma falha grave nas políticas públicas de
reciclagem de resíduos apesar de ter iniciado bem na década de 90. Assim, a cidade tem uma
geração estimada de 1.500t por dia em RCDs, em que 30% desse total tem destino duvidoso e
provavelmente são despejados de forma inadequada. (GRAVIMETRIA ..., 2014). No
município de Guarulhos, foi implantada uma Usina de Reciclagem de Resíduos da
Construção Civil e é parte da Política de Gestão de Resíduos do município, responsável por
100% de toda parcela entregue nos Pontos de Entrega Voluntária (PEVs). Foi implantada no
ano de 2003 numa área de 10.000 m², operando com licença da CETESB sob nº 150223/03,
processo nº 15/00543/03. A PROGUARU é a prestadora de serviços da Prefeitura de
Guarulhos, especializada em serviços de limpeza urbana, reciclagem, obras de edificações e
infraestrutura viária. A PROGUARU triplicou a capacidade da usina, que recebe RCDs dos
setores privado e público. Em: http://www.proguaru.com.br/site/recicladora. Acesso em 11
de julho de 2015.
consolidados ,ou não, em diversas granulometrias. O RCD misto de concreto, cerâmicas e/ou
argilas. Os agregados reciclados pela usina segue a norma ABNT/NBR 9935/2011 –
Agregados – Terminologia. Essa norma define diâmetros para os materiais frutos da
reciclagem e os compara com os materiais já existentes a nível de conhecimento. (USINA...,
2015).
No estado do Rio Grande do Sul (RS) temos a resolução CONSEMA nº 017/01 que dá
diretrizes para elaboração e apresentação de plano de gerenciamento integrado de resíduos
sólidos.
Na cidade de Canoas-RS, a empresa Sabella investe em reciclagem de gesso. Ela
recebe cerca de 1.000t de gesso por mês e o reutiliza, por exemplo, como fertilizante na
agricultura. Sua disposição inadequada pode torna-lo inflamável através da dissolução de
componentes. Além de contribuir para o meio ambiente, a reciclagem do gesso é menos
onerosa: custa sete vezes menos do que se gastaria com o descarte em aterros privados. Para
ser reciclado, o gesso deve ser armazenado separadamente, o que possibilita recicla-lo até
mesmo 100% do material. Pode ser aplicado no controle e correção de solos na agricultura,
aditivo para compostagem, absorvente de óleos, controle de odores e secagem de lodos em
estações de tratamento de esgoto. (RECICLAGEM..., 2014).
A cidade de Canoas possui 4 ecopontos em pleno funcionamento e planeja construir
mais 4. Essa realidade de um bom número de recebimento de resíduos pela cidade e o
planejamento da construção já ajuda muito na diminuição da disposição irregular e
possibilitando o município evoluir na questão de resíduos sólidos. Também possui uma
Central de Triagem e Seleção de Resíduos Sólido da Construção Civil e Demolição – CTRCD
Niterói.
Em Canoas, a destinação final dos resíduos pode ocorrer em diversos locais, são eles:
ecopontos, CTRCD Niterói, aterros de inertes particulares, áreas de transbordo e triagem,
empresas recicladoras ou áreas irregulares (apesar de não ser uma forma adequada, ocorre
comumente). Os resíduos são gerados por pequenos geradores (municípios) ou grandes
geradores (construtoras ou obras públicas).
45
Fonte: (http://www.canoas.rs.gov.br)
No estado do Rio de Janeiro (RJ) temos a Lei 4.191/2003 que institui a Política
Estadual de Resíduos Sólidos.
A Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Pública), na cidade do Rio de Janeiro,
criada em 1996 pela Prefeitura do Rio de Janeiro, oferece serviços como retirada de entulho
de pequenas obras residenciais. Cada cidadão tem uma quantidade determinada que pode ser
solicitada para a companhia. O entulho de pequenas obras residenciais deve ser organizado
em sacos de 20L e são removidos no máximo 150 sacos por residência. Os pedidos são
46
atendidos pela companhia de 10 em 10 dias e chegam a 20 mil pedidos por mês. Depois de
coletado o entulho, o material é encaminhado para estações de transferência da Comlurb e
para o Aterro Sanitário de Gericinó, município do estado do Rio de Janeiro.
3.5 Paraná
No estado do Paraná temos a Lei 13.557/2005 que dispõe sobre a Política Estadual de
Resíduos Sólidos e adota outras providências.
Na cidade de Curitiba, uma das maiores cidades do Brasil, temos a Lei Nº 11.682/2006
que dispõe sobre as normas do Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil em Curitiba que classifica os materiais em grupos e dá as diretrizes para a
destinação deles. Em Curitiba, há um controle quanto ao transporte de resíduos que deve ser
previamente autorizado pelo órgão ambiental. Esse controle é dado por uma ficha chamada
MTR (Manifesto de transporte de resíduos), ver figura 10.
47
Em Mato Grosso, temos a Lei 7.862/2002 que dispõe sobre a Política Estadual de
Resíduos Sólidos e dá outras providências.
No Município de Cuiabá, temos a Lei Nº 3241/1993 que dispões sobre a colocação de
caixas coletoras de lixos, entulhos e resíduos de construções e dá outras providências. Cuiabá
firmou uma parceria do Poder Executivo com a iniciativa privada. A empresa Eco Ambiental
recebeu uma concessão de 15 anos para executar o programa feito pela prefeitura em 2009,
seguindo a Resolução CONAMA 307/2002. O programa em Cuiabá institui ecopontos, o
Disque Cidade Limpa e associações. Os ecopontos servem para receber os resíduos e a meta
da prefeitura é de instalar 24 deles em toda a cidade. O Disque Cidade Limpa é uma linha
48
telefônica criada pelo Poder Executivo para denunciar ações ilegais de depósitos de resíduos.
As associações são incentivadas pela prefeitura para que a população se organize para gerar
renda, qualidade de vida e emprego advindo da coleta, triagem e transporte de RCDs.
3.7 Maranhão
carroceiros ou com empresas que possuem instalações adequadas para o recebimento, triagem
e reciclagem dos RCDs. Outro fator importante é conscientizar a população para despejar os
RCDs de forma correta, bem como, separar em obras, todos os tipos de materiais recicláveis.
Isso tudo depende do incentivo do poder público para campanhas, fiscalização e normatização
dessas atitudes.
4 CONCLUSÃO
Observando o estudo feito pelo Prof. Dr. Lucio Macedo, percebe-se falhas técnicas na
coleta de RCDs e também uma falta de estruturação por parte do poder público. Neste tópico
serão apresentadas propostas de ações a serem realizadas visando não só a melhoria dos
serviços já existentes, como, também, o atendimento de premissas da Política Nacional de
Resíduos Sólidos e da Resolução CONAMA nº 307/2002.
Há uma proposta de serviço chamada “Cidade Limpa Online”. Consiste num software
para informatização de todos os dados relacionados ao fluxo de RCDs no município, desde
sua geração até sua disposição final, com participação de todos os agentes envolvidos no
fluxo. Ao informatizar, elimina-se os métodos tradicionais e permite facilidades quanto a
gestão e decisão por parte dos usuários do sistema. Um cadastro é feito online por todos os
envolvidos no fluxo dos RCDs e possui informações como atividades desenvolvidas,
topologia dos resíduos e a destinação dos mesmos. Dessa forma, há uma melhor fiscalização
por parte do poder público, conhecimento dos dados dos geradores, transportadores e
receptores; melhoria dos equipamentos públicos a partir de análises da demanda apresentada
pelos dados.
Deve ser feita uma reestruturação quanto ao recebimento do RCDs no Aterro da
Ribeira. Esse tipo de RCD deve ser recebido em usina de reciclagem ou por associações.
Neste caso, deve haver uma implantação de aterro de inertes, destinação adequada dos dejetos
da construção civil, valoração dos resíduos e mecanização e otimização da triagem para o
perfeito funcionamento da Usina que é citada no Plano Estadual de Resíduos Sólidos.
Devem ser instalados ecopontos na cidade, visando a facilitação do descarte dos
RCDs, uma vez que, eles disponibilizam locais adequados para a realização deste
procedimento pela população. Isso evita que os transportadores percorram grandes distâncias
para o local de disposição, facilitando o despejo correto. Claro, esses ecopontos devem ser
posicionados estrategicamente por toda a cidade, tendo conhecimento do mapa da cidade.
Fiscalização constante também é um ponto muito importante para acontecer melhorias
na disposição incorreta de RCDs. Deve haver treinamento de órgãos e representantes da
administração pública, com objetivo de orientar para fiscalizar e controlar os locais onde a
disposição inadequada é recorrente. Deve-se fiscalizar, também, as atividades produtoras de
RCDs e, também, a disciplina dos transportadores. Assim, devem ser feitas algumas práticas
para a perfeita fiscalização: notificação dos depositores, seguido de multa; controle das
empresas de transporte via GPS; instalação de câmeras de seguração nos focos
51
Porém, uma implantação de uma rede de logística reversa para o processamento dos
resíduos da construção civil, atendendo também os pequenos geradores, deve ser criada para
que os resíduos gerados, segregados por classe, possam ser incorporados de volta à cadeira
produtiva. (Figura 14):
52
Essas ações citadas poderão nos colocar num patamar de cidade que recicla, cuida dos
seus recursos naturais, fiscaliza e pune aqueles que prejudicam não só o meio ambiente, mas
também a população. São Luís precisa de um centro de reciclagem como tem em Porto
Alegre, de uma parceria entre o poder público e empresário, com tem em Guarulhos e,
também, de um sistema eficiente de associações de reciclagem e de carroceiros credenciados,
como em Belo Horizonte.
Com a junção de várias atitudes tomadas por estados e cidades diferentes, teremos
uma São Luís mais limpa, que presa pelo direito de ir e vir do cidadão e que cuida do meio
ambiente.
53
REFERÊNCIAS
MACEDO, Lucio Antonio Alves de. Contribuição para gestão dos resíduos da construção
civil: uma abordagem no município de São Luís. Disponível em:
<http://www.sbpcnet.org.br/livro/64ra/resumos/resumos/5746.htm> Acesso em: 11 jul.2015.
MEDICE, Daniel. Canteiro de obra se moderniza com boom imobiliário. São Paulo, 2013.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/10/1362314-canteiro-de-obra-
se-moderniza-com-boom-imobiliario.shtml >. Acesso em: 7 jul. 2105.
NAGALLI, André. Gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil. São Paulo: Oficina
de Textos, 2014.