DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA
DISCIPLINA: Arqueologia Preventiva
PROFESSORA: Daniela Cisneiros ALUNO: Anderson Luiz S. de Oliveira
Exercício I: Conceito e Discussão sobre Arqueologia Preventiva
Segundo Caldarelli, no texto “ARQUEOLOGIA PREVENTIVA: UMA DISCIPLINA
NA CONFLUÊNCIA DA ARQUEOLOGIA PÚBLICA E DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL” (2015), a Arqueologia Preventiva tem suas origens legais na Arqueologia de Salvamento, internacionalmente conhecida como “Rescue Archaeology” e é amparada pela lei federal brasileira 3.924, de 26 de julho de 1961, que trata dos monumentos arqueológicos e pré-históricos do país. A partir daí a sua importância se deu, no esteio da intenção de preservação dos monumentos arqueológicos duramente ameaçados, onde a UNESCO, com a publicação da Carta para a Proteção e Gestão do Patrimônio Arqueológico (ICOMOS/UNESCO, 1990), buscou trazer a temática da preservação dentro das exigências para financiamento de projetos de infraestrutura. Os países desenvolvidos, como se baseavam na gestão de recursos naturais, estavam mais tencionados a preservação dos bens arqueológicos, sendo que a utilização do termo “Arqueologia Preventiva” é o mais aceito pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), órgão que tem a responsabilidade de gerir o patrimônio arqueológico (e cultural) brasileiro. De acordo com o passar dos anos, a importância dos vestígios arqueológicos para o estudo da sociedade humana foi crescendo e ganhando importância; com isso, a pesquisa arqueológica preventiva se desenvolve, mesmo não sendo a única a tratar do tema da preservação do meio ambiente ocupado pelo homem, passando a enfatizar a memória e procurando por meio da investigação arqueológica, preservar e salvaguardar os bens arqueológicos. No Brasil, os primeiros projetos de salvamento arqueológico se deram nos anos 60 e 70 do século passado, pois graças aos crescentes projetos de infraestrutura (hidrelétricas, estradas, cidades) que estavam degradando o meio ambiente e os sítios arqueológicos nele inseridos, os primeiros arqueológos buscaram atuar na conservação e preservação arqueológica, mesmo sem financiamento dos que estavam a degradar os sítios arqueológicos. O primeiro setor a colocar em suas pautas a necessidade de preservar os locais com potencial arqueológico foi o hidrelétrico, e por meio de convênios entre o setor e instituições regionais, projetos de resgate arqueológico foram empregados. Esta modalidade de Arqueologia, a Preventiva, além de aumentar significamente as pesquisas na área, passou a identificar ainda mais áreas (muitas vezes inexploradas) com presença de material arqueológico, bem como ampliou o leque de informações e ajudou a intensificar e em alguns casos, revisar a pesquisa acadêmica. Também por meio deste desenvolvimento, houve uma grande contribuição, com a inserção de novos métodos e técnicas arqueológicas, acarretando numa maior difusão de conhecimento, especialmente sobre o passado dos países onde a legislação que regula o desenvolvimento tem de ter vínculo com o conhecimento do patrimônio cultural e sua preservação. Em território brasileiro, a Arqueologia Preventiva é muitas vezes empregada com fins de análise de impacto e diagnóstico de empreendimentos sobre o patrimônio arqueológico local, ajudando na tomada de decisões visando a implantação destes ou não, como forma de minimização do impacto nos locais que porventura possuam vestígios. Daí surge a figura do arqueólogo autônomo, sem vínculo com instituições acadêmicas (em alguns casos), que passou a atuar em áreas que não eram cobertas pelas pesquisas arqueológicas tradicionais. Por meio da atuação governamental, uma série de decretos, leis e publicações foram editadas, tanto para a preservação do patrimônio arqueológico, quanto para a fiscalização de projetos de infraestrutura que tivessem algum potencial lesivo a sítios arqueológicos, de modo a salvaguardar todo o material com potencial arqueológico encontrado. A Arqueologia Preventiva atualmente tem vários desafios pela frente, indo da gestão e divulgação científica dos dados originados, como forma de prevenção arqueológica, passando pela avaliação ambiental e a preocupação de como atuar de forma significativa na atuação conjunta com o desenvolvimento econômico, de modo a conservar sítios e estruturas arqueológicas (onde as vezes, reside o dilema “do que salvar e o que perder”) e finalizando no monitoramento dos recursos arqueológicos, que possuem o caráter “não- renovável”, prevenindo os riscos e fomentando pesquisas que visam a sua proteção, com projetos desenvolmentistas, que possibilitem o não esgotamento dos bens e sua preservação para as gerações futuras.