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1974

Publicação Mensal d ’A
Igreja de Jesus C risto NESTE NUMERO
dos Santos dos
Últimos Dias

3 A Igreja Verdadeira — Uma Igreja M issionária . . . . Élder LeGrand Richards


A PRIMEIRA PRESIDÊNCIA
6 Conselho a um Jovem: ............... Pres. Spencer W. Kimball
Spencer W. Kimball 9 Julie Wang ................... Malan R. Jackson
N. Eldon Tanner 10 Uma Conversa com o Élder Gordon B. H in c k le y ........... Brian Kelly
Marion G. Romney 14 M uitas Almas Estavam Esperando ............... W ilford W oodruff
16 M issionários da H istória da Igreja ........... Leonard J. A rrington
20 Partilhar as Riquezas Incom preensíveis de C risto . . . . Pres. Rex D. Pinegar
23 Um Apóstolo Fala às Crianças ............... Élder Boyd K. Packer
CONSELHO DOS DOZE 25 Levanta-te e Anda
Ezra Taft Benson 26 O Cavalo Marinho
Mark E. Petersen 27 Só por Brincadeira
Delbert L. Stapley
LeGrand Richards 28 O Vendedor de Flores de Manila .............. Agnes M. Pharo
Hugh B. Brown 31 Missões da Igreja de Jesus C risto dos Santos dos Últim os Dias
Howard W. Hunter 32 Um Chamado do Profeta .................. Linda Shelly
Gordon B. Hinckley 34 Minha Conversão .................... Pres. Hartman Rector Jr.
Thomas S. Monson
Boyd K. Packer
37 Sobre as Planícies da Judéia .................... Élder Bruce R. McConkie
Marvin J. Ashton 41 Que Classe de Homem? “ Como Eu Sou” ............... Élder Marion D. Hanks
Bruce R. McConkie 44 O Livre A rb ítrio do Homem ................... Élder John H. Vandenberg
48 A H istória da Igreja no Brasil

COMITE DE SUPERVISÃO
J. Thomas Fyans, Diretor-Gerente de Comuni­
cações Internas; John E. Carr, Diretor de
Distribuição e Tradução; Doyle L. Green, Di­
retor de Revistas da igreja; Daniel H. Ludlow,
Diretor de M ateriais de Instrução. A LIAHONA — Edição brasileira do "The fied Magazine’ . Colaborações espontâneas e
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dos Santos dos Últimos Dias, acha-se regis­ a adaptações editoriais.
trada sob o número 93 do livro B, n.° 1, de
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Wilson Taveira dação e da equipe internacional do “ The Uni­ e o novo endereço.
A Igreja Verdadeira-Uma Igreja Missionária
pelo Élder LeGrand Richards
Do Conselho dos Doze

s afirmações da Igreja de Jesus Cristo dos Senhor não virá novamente, até que haja uma

A Santos dos Últimos Dias são de que as

coisas que o próprio Senhor revelou dos


restauração de todas as coisas. E nós tem os
esta restauração.
Quando os apóstolos pediram a Jesus os
céus e através dos profetas antigos que v is i­ sinais da sua segunda vinda, o Salvador falou
taram esta terra e confiaram as chaves de suas dos julgam entos que viriam sobre a terra, tais
dispensações ao Profeta Joseph Sm ith, devem como guerras, pestes, terrem otos e fom es, e
ser proclamadas ao mundo. Como pode o então disse:
mundo, de outra form a, conhecê-las? “ E este Evangelho do reino será pregado
O apóstolo Paulo disse: em todo o mundo, em testem unho a todas as
“ Como pois invocarão aquele em quem não gentes, e então virá o fim ." (M at. 24:14.)
creram? E como crerão naquele de quem não A única pergunta em nossa época é: Onde
ouviram? E como ouvirão, se não há quem está esse Evangelho do reino entre as cente­
pregue? nas das assim chamadas igrejas cristãs exis­
“ E como pregarão, se não forem enviados? tentes atualmente sobre a terra? Uma pessoa
como está escrito: Quão form osos os pés dos racional te ria que procurar uma restauração do
que anunciam a paz, dos que anunciam coisas Evangelho, em vez de uma continuação ou uma
boas!" (Rom. 10.14-15.) reform a do Evangelho, se aceita os ensinos
Todos os cristãos aguardam o dia em que das Santas Escrituras.
C risto reaparecerá e reinará por m il anos sobre Há m uitas Escrituras que se referem à res­
esta terra, mas há certos preparativos que de­ tauração.
vem preceder a sua vinda. Prim eiram ente, quando João, o Amado, foi
O apóstolo Pedro, falando àqueles que ha­ banido para a Ilha de Patmos, o anjo do Senhor
viam m orto a C risto, disse, depois do dia de disse: “ Sobe aqui, e m ostrar-te-ei as coisas
Pentecostes: que depois destas devem a con tece r.” (Ap.
“ Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, 4:1.) E isto foi trin ta anos depois da m orte do
para que sejam apagados os vossos pecados, Salvador. Ele viu o poder que seria dado a Sa­
e venham assim os tem pos de re frig é rio pela tanás, para fazer guerra aos santos e sobrepu­
presença do Senhor. já-los, e a te r poder sobre toda a nação, tribo,
“ E envie ele a Jesus C risto, que já dantes língua e povo. (Vide Ap. 13:7.) Ora, isto não
vos foi pregado. deixa ninguém de fora. Isto declara uma apos­
“ O qual convém que o céu contenha até os tasia com pleta da igreja original. Ele viu então
tem pos da restauração de tudo, dos quais um outro anjo voar no meio do céu, “ e tinha o
Deus falou pela boca de todos os seus santos Evangelho eterno, para o proclam ar aos que
profetas, desde o princípio." (A tos 3:19-21.) habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo,
Nenhuma outra igreja clama a restauração e língua e povo." (Ap. 14:6.) Ora, isto não
de todas as coisas ditas pela boca de todos os deixa ninguém de fora, e não haveria necessi­
santos profetas desde que se fez o mundo. A dade de um anjo trazer o Evangelho eterno, se
igreja dom inante diz que houve uma continua­ este ainda estivesse sobre a terra. Esta é uma
ção desde os dias do Salvador. As igrejas pro­ declaração definida da restauração e não de
testantes clamam uma reform a, isto é, com a uma reform a.
sabedoria dos homens, eles se esforçaram Isto é também verdade, quando Daniel foi
para c o rrig ir os erros da igreja dom inante. Mas chamado para in te rp re ta r o sonho de Nabuco-
nenhuma cumpre a palavra de Pedro de que o
Janelro de 1974 3
Um homem estranhamente alto e
outro baixo.. . Finalmente, viu-os à distância
como os havia visto em sonho.

donosor. Vocês devem lembrar-se de que Na- mais, sem receber q u a lq ü é i® 'c o m p e riW ç á ^ "” '
bucodonosor já se havia esquecido de seu so­ mantendo-se financeiram ente ou sendo susten­
nho, e chamara os adivinhos e os sábios, mas tados por seus parentes ou amigos.
nenhum pôde dizer-lhe qual fora seu sonho. Jesus disse: "A minha doutrina não é m i­
Chamou então a Daniel, e este disse: nha, mas daquele que me enviou. Se alguém
“M a * h á um .Deus nos céus, o qual revela quiser fazer a vontade dele, pela mesma dou­
os sdgrotôs; ele pois fez saber ao rei Nabu- trina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo
codonosôr o que há de ser no fim dos dias; o de mim m esm o." (João 7:16-17.)
teu sonno V {as visões da tua cabeça na tua Esta é a promessa que fazemos a todos os
cama sao estas.” (Dan. 2:28.) que ouvem nossa mensagem, a mensagem de
Eptão, depois de falar-lhe sobre a ascen­ nossos m issionários, pois este Evangelho deve
são e queda dos reinos deste mundo até os ser oferecido a todos os homens, como Jesus
últimos dias, disse ele; disse, “ em testem unho. .. e então virá o fim ."
“ Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu (M at. 24:14.)
levantará um reino que não será jam ais des­ Estima-se que, no ano de 1972, o número
truído; e este reino não passará a outro povo: de batism os de conversos totalizou aproxim a­
esm iuçará e consum irá todos estes reinos, e dam ente 100.000.
será estabelecido para sem pre." (Dan. 2:44.) Este Evangelho tornará homens maus em
Bem, isto é restauração e não reform a, e bons, e os homens bons, m elhores. Um de
somos a única igreja no mundo que afirm a uma nossos recentes conversos fez esta declara­
restauração. Convidamos a todos os homens, ção: “ O Evangelho m odificou-m e in te rio r e ex­
em toda parte, para ouvir nossa história. Ela te rio rm e n te ." E fará o mesmo por todo inves­
deve ser proclamada a toda a gente como um tigador honesto que procura a verdade neste
testem unho a todas as nações. É por isso que mundo.
tem os, atualm ente, perto de 17.000 m issioná­ M uitos podem prestar testem unho de
rios de tem po integral, trabalhando em vários como o Senhor os levou à verdade através de
países, durante um período de dois anos ou sonho ou de outra form a m iraculosa. O avô de
minha m ulher, lá no sul, sonhou, certa noite, Igreja, contribuindo para o sustento de m issio­
que um homem estranham ente alto e outro nários no campo, quando não têm seus pró­
baixo subiram o rio Catawba e o visita ram . Ti­ prios filh o s e filh as para enviar. M uitos tam ­
nham algo de precioso para dar-lhe. Durante bém têm contribuído para o fundo m issionário
todo o dia seguinte, ele observou a estrada que na sede da Igreja, a fim de ajudar os jovens que
passava por sua casa. Finalm ente, viu-os à dis­ estão financeiram ente incapacitados, para que
tância como os havia visto em sonho, e sáiu possam cum prir uma m issão.
para encontrá-los. Eles se apresentaram como Tenho m uitos amigos que sei estarem fa­
m issionários mórm ons, e o homem aceitou ale­ zendo isto consistentem ente. Uma boa irmã,
grem ente o batism o pelas suas mãos. uma viúva, tem sustentado m uitos m issionários
Na Holanda, onde cum pri duas m issões, no campo. Um parente meu alm eja m anter dez
nossos m issionários haviam convertido m uitos de cada vez no campo m issionário, mas não
dos seguidores de uma certa igreja. E eles gos­ ousa contar isso à sua esposa. Sempre me
tavam de seu m inistro, com preendendo, entre­ senti tris te por esse fato, pois ela deveria po­
tanto, que ele não possuia toda a verdade; der p artilh ar com ele dessa grande alegria.
assim, solicitaram -lhe que assistisse a uma Falei, tem pos atrás, sobre este assunto em
reunião mórmon. Ao térm in o da reunião, os uma conferência. Ao term iná-la, recebi uma
m issionários encontraram -no à porta, e ele carta de uma professora incluindo dinheiro su­
disse-lhes que Joseph Sm ith era um falso pro­ fic ie n te para m anter um m issionário durante
feta, enganador e tudo de ruim em que podia um mês, e indicando que ela enviaria quantia
pensar, indo então para casa deitar-se. igual m ensalm ente durante dois anos para o
Contou que se recolheu, mas não conse­ mesmo fim .
guia dorm ir. Rolou e agitou-se até as prim eiras Fiquei m uito feliz, recentem ente, entrevis­
horas da manhã e então, levantou-se e andou tando um rapaz para a m issão, ao saber que,
pelas ruas até a hora em que pensou que os embora sendo ambos católicos, seus pais esta-
élderes mórm ons estariam acordados. Foi a vam arranjando dinheiro para a m issão do filho.
eles e pediu-lhes um exem plar do Livro de M ór­ Escrevi, em 1971, um artigo sobre a obra
mon; leu-o e filiou-se à Igreja. Cum pri pessoal­ m issionária e recebi uma carta de uma menina
mente m uitas designações m issionárias com de quatorze anos, em que dizia: “ Irmão Ri­
ele e preguei em m uitas reuniões, e o u vir aque­ chards, quero fazer uma m issão.” Escrevi-lhe,
le ex-m inistro levantar-se e te s tific a r com todo dizendo que não poderia ir para uma missão de
seu coração que sabe ser Joseph Sm ith um pro­ tem po integral com quartoze anos, mas que ha­
feta de Deus e que o Evangelho foi restaurado via bastante trabalho m issionário para fazer ali
inunda de alegria a nossa alma. mesmo, em casa, pois existiam tantos não-
Quando estava servindo como bispo pre­ m embros ali, que, se ela convidasse um de seus
sidente, uma boa irmã trouxe-m e seu filh o ao amigos não-mórmons e seus pais para irem à
e scritório, para ser entrevistado para sua m is­ Igreja com ela, eles poderiam encontrar os m is­
são. Naquela época, ela estava com um filh o sionários e então ser-lhes ensinado o Evan­
no campo m issionário na Europa e uma filh a gelho.
em outra missão. Parecia pobrem ente vestida Algum as semanas depois, recebi uma
e eu disse: Por que a senhora não espera até carta da mãe dessa menina, que é presidente
que seu outro filh o volte para casa, antes de da A M M M do Sacerdócio Aarônico de sua ala,
enviar este rapaz? Sua resposta fo i: Bispo, se agradecendo-me pela carta que escrevera à
o senhor providenciar que meu filh o seja cha­ sua filh a e dizendo que a m ocinha havia se­
mado, eu providenciarei que ele obtenha o d i­ guido meu conselho. Conseguiu que uma das
nheiro para manter-se no campo m issionário. fam ílias fosse com ela à Igreja e, mais tarde,
Quando era bispo, eu costum ava adm irar haviam marcado a data de seu batism o.
uma boa mãe que trabalhava numa padaria, no Experiências como esta podem ser relata­
seu uniform e branco e lim po, ano após ano, das em todo o mundo, pois esta é a verdade de
enquanto sustentava trê s de seus filh o s no Deus restaurada à terra, a fim de nunca mais
campo m issionário. Um deles, mais tarde, tor- ser destruída nem dada a outro povo, mas,
nou-se presidente de m issão, e os outros dois sim , para preparar o cam inho à segunda vinda
são ativos na Igreja. de Jesus, quando ele reinará sobre a terra du­
Temos m uitos membros m aravilhosos na rante m il anos, como declaram as Escrituras.

Janeiro de 1974 5
Conselho A Um Jovem:
O Tempo De Preparação
É Agora

pelo Presidente Spencer W. Kimball

M
eu filho, você vai ser um missionário
porque o deseja.
Mas, surge a pergunta: Será um m is­
sionário valente e eficaz ou m eramente um
m issionário designado? Isto dependerá de sua
preparação.
O Senhor deu-nos uma revelação sobre a
im portância da obra m issionária:
“ E, se acontecer que, se trabalhardes
todos os vossos dias, proclamando arrependi­
mento a este povo, e trouxerdes a mim, mes­
mo que seja uma só alma, quão grande será a
vossa alegria com ela no reino de meu Pai!"
(D&C 18:15.)
Eu os saúdo como uma pessoa que gosta
dos jovens e neles acredita, desejando ajudá-
los a crescer até seu destino últim o e glorioso.
Vejo-os como indivíduos em um grande
grupo com posto de jovens que fornecerão lide­
rança à Igreja nas décadas vindouras.
Estou inform ado de que há 165.231 jo ­
vens,, entre as idades de 12 a 18 anos atual­
mente na Igreja, e um número sem elhante de
moças.
Se a m aioria desses rapazes estivessem
capacitados e fossem dignos, isto sig nifica ria
que poderíamos te r de 30.000 a 40.000 pessoas
no campo m issionário durante todo o tempo,
incluindo rapazes, moças e casais.
A m issão não é apenas um p rivilé g io e
uma oportunidade, mas um dever e uma obri­
gação solenes. Meu filh o , você está grande­
mente obrigado devido às bênçãos que usufrui,
sendo que nenhuma delas foi provida por você
mesmo, como o cérebro e as faculdades, a
vista e a audição. Você é o recipiente das

A LIAHONA
“ bênçãos das épocas” acumuladas e, mais par­ 3. Estar apto para finan ciar sua missão,
ticularm ente, das bênçãos do século. Durante a fim de que ela possa ser uma contribuição
mais de 140 anos, nosso povo tem sofrido e pessoal, tanto quanto possível.
se sacrificado para elevar à presente altura o 1. Quanto à vida m oral, espera-se que to ­
nosso conhecim ento. Sua fé e entendim ento dos aprendam, desde o berço até sua missão,
da verdade são o resultado da obra m issionária as coisas fundam entais do Evangelho e a ne­
de dias passados, os quais só podem ser com ­ cessidade da vida pura. Embora não se exija
pensados, dando aos outros as mesmas opor­ um m odelo perfeito, espera-se que, através da
tunidades. A ssim , é bom que todo rapaz digno educação fa m ilia r, reuniões fam iliares, rela­
e preparado, ao crescer, deseje ardentem ente ções entre pai e filh o e outros aprendizados e
cum prir uma m issão. É claro que não há o bri­ treinam entos, ele possa te r resistido a toda
gatoriedade. Cada pessoa tom a sua própria tentação de fazer o mal e atravessado estes
decisão quanto a este assunto, como o faz para anos mais jovens tota lm ente livre dos vícios
receber o Sacerdócio, pagar seus dízimos, do mundo — que todo tipo de vício m ortal tenha
casar-se no tem plo, se rvir à Igreja. Deve fazer sido sobrepujado e que ele tenha permanecido
todas estas coisas, mas tem seu livre arbítrio. lim po e puro é seja capaz de encarar seu bispo
O Senhor tornou claro, através de nossos m uitas vezes durante seus anos de crescim en­
profetas, que precisam os levar o Evangelho às to, e possa dizer-lhe sem m entir que tem sido
nações do mundo — que todos devem ser ensi­ realm ente o senhor de seus desejos, im pulsos
nados em sua própria língua, até os confins da e paixões, sendo digno de levar a mensagem
terra. Não há ninguém mais, a não serm os nós,
sagrada do Senhor.
no mundo para ensiná-lo às nações. E, visto
que há um número lim itado de rapazes, é pró­ Caso tenha havido incidentes que o fizes­
prio que todo membro seja um m issionário, e sem indigno, deve haver arrependim ento total
para esse fim , a Igreja lançou um grande pro­ e pleno durante um período su ficiente para
grama novo para cobrir a terra, de acordo com satisfazer o bispo, o presidente da estaca e a
a afirm ação do Senhor: autoridade geral, dem onstrando que é como
“ Eis que vos enviei para te s tific a r e pre­ Saulo, “ um homem novo" com “ um coração
venir o povo, e todo o que fo r prevenido deverá novo" e que está pronto para cum prir seus de-
prevenir o seu pró xim o .” (D&C 88:81.) veres. Com respeito ao perdão, toda pessoa
A ssim , é dever de toda pessoa preparar- que transgrediu seriam ente deve procurar, com
se para essa obrigação e p rivilé g io solenes. Ao honestidade, aprender o significado real do
aprender o alfabeto, a tabuada e as coisas que arrependim ento — aprender que sig nifica m ui­
são pré-requisitos para seus estudos u n iversi­ to mais do que o m ero desejo de fazer melhor.
tários, ela está-se preparando para o trabalho Sabemos que ninguém poderá obter jam ais o
de sua vida. Da mesma form a, deve estar-se perdão, a não ser que haja arrependim ento
preparando durante todos os dias de sua in­ adequado, e Alm a nos explicou que “ o arrepen­
fância e juventude, para a grande m issão da dim ento não poderia sobrevir aos homens, se
mocidade e do crescim ento espiritu al de sua não houvesse uma punição que, como a vida da
vida. alma, também fosse e te r n a ... ” (A l. 42:16.)
Essa preparação consiste, grandemente, Deve haver uma profunda consciência da
em esforços fe ito s em trê s áreas: culpa, antes que o processo do arrependim ento
1. M anter sua vida limpa e digna, conser­ se inicie, e essa consciência real de culpa pode
vando-se livre de todos os pecados do mundo. trazer o so frim e nto da mente, do espírito e às
2. Preparar a mente e o espírito — para vezes até do corpo. Os ensinam entos cons­
conhecer a verdade. tantes desde a infância devem levar toda pes­

Janelro de 1974 7
soa a com preender que não pode com eter o lembrassem à criança, todas as vezes que lhe
pecado sem fic a r impura e maculada. viesse dinheiro às mãos, que parte dele, ou
2. Deve-se estudar, ponderar, aprender as todo, deveria ir para o fundo da m issão. Isto
Escrituras e e d ifica r seu testem unho, a fim de não som ente constrói o fundo m issionário, mas
estar preparado para ensinar e treinar. O Se­ é um esteio psicológico. O rapaz é lembrado
nhor disse: “ Se estiverdes preparados, não te- constantem ente de sua futura m issão, incenti­
m e re is ” , e nossa esperança é de que, desde a vando-o a trabalhar. Trabalhos extras e nume­
infância e durante todos os anos de adolescên­ rosos serviços servem para finan ciar sua m is­
cia, as lições ensinadas nas auxiliares, nos se­ são. Isto pode desencorajar o crescim ento
m inários e in stitu to s, nas reuniões fam iliares, egoísta de m uitos que têm em mente apenas
nas reuniões sacram entais e outros lugares, seus desejos im ediatos. Se fo r perm itido à
possam dar a todo jovem a preparação que criança gastar o que é seu apenas para si mes­
elim inará o medo. Toda pessoa, ao aproxim ar- ma, este espírito de egoísmo pode continuar
se de uma m issão, deve ser instruída, treinada com ela até o túm ulo.
e doutrinada para participação im ediata e apro­ Como seria m aravilhoso se todo rapaz
priada no proselitism o. O desconhecim ento do pudesse finan ciar totalm ente ou em grande
Evangelho, da doutrina ou da organização nunca parte sua própria m issão, recebendo assim, a
deve ser encontrado entre nossa juventude. As m aior parte das bênçãos que advêm de seus
Escrituras apropriadas podem ser aprendidas trabalhos m issionários.
de maneira agradável e perm anente pelas crian­ É claro que se o rapaz fo r alguém que te ­
ças; as doutrinas podem ser ensinadas à ju ­ nha sido convertido na juventude, seus anos de
ventude e por ela absorvidas. economia serão lim itados. Se ele vive r em um
Por que alguns jovens são quase dem asia­ país em que os padrões econôm icos são baixos
damente escrupulosos com relação a seus de- e as oportunidades bastante lim itadas, ainda
veres escolares, a ponto de negligenciar suas assim poderá ater-se a esta norma e fazer o
responsabilidades na Igreja, quando o e s p iri­ m elhor possível.
tual deve te r prioridade nos estudos de toda Após a contribuição do m issionário, vem
pessoa? Se fo r preciso dar preferência, entre­ a de sua fam ília mais im ediata, e nenhum m is­
tanto, há tempo para preencher todas as ne­ sionário será chamado, se ele e os fam iliares
cessidades. não puderem co n trib u ir em nada para o seu
Chegar à idade de m issão e ser iletrado sustento.
quanto ao Evangelho ou as outras coisas, é um Em países onde a remuneração do traba­
desperdício inim aginável. C ertam ente, ao tem ­ lho é m uito baixa ou onde a fam ília tenha outros
po em que um rapaz chega ao seu décimo-nono sérios problem as financeiros, que tornam mais
aniversário, deve estar preparado para sair de d ifíc il sua participação, tem os então os quo-
seu papel convencional no lar para o im por­ runs do Sacerdócio nos d is trito s , alas, ramos,
tante papel de m issionário sem uma reorgani­ estacas e m issões, uma de cujas funções p rin­
zação total de sua vida, seus padrões ou tre i­ cipais é levantar fundos para propósitos m is­
namento. sionários. A Igreja tem dois fundos que podem
3. O financiam ento de uma m issão deve ser usados em casos de em ergência.
ser iniciado sob a orientação dos pais, quando Todo rapaz e m uitas moças e casais de­
o menino nasce. Como seria m aravilhoso se veriam fazer uma m issão. Todo m issionário em
cada fu tu ro m issionário pudesse te r econom iza­ perspectiva deve-se preparar m oral, espiritual,
do desde o nascim ento para sua m issão. Seria mental e financeiram ente durante toda sua
ideal que os pais estabelecessem para ele uma vida para se rv ir fie l, eficientem ente e bem no
conta bancária ou outros investim entos e então grande programa da obra m issionária.

8 A LIAHONA
uepois, cotidrrara- uma casa 62|OUtPOS
atráff d a ^ g re ja . áulje nasceu de .. K e Li
-------- >«sa, sendo a ult
a n u r H hos. ficou CQBBL Is
ao
Em maio de 1972, Julie vinha
o.
andando por uma rua da cidade
Trand f c j f f i u ao ver
de Kaohsiung, Formosa, quan­
mais^^pesí m havia
do viu dois jo vens’ estrangei­ S a vida, en-
a m tf^ ^ ra r
ros estendendo folhe tos de
trárem tamb nm nas águas do
papel a todos os^que passa­
Èdtlsmo.
vam. P egcJfo^easáí^^apéis e
logo descobriu qu era uma
Julie vive a sua religião.
breve mensagem da restajjrà-(
Quando seu pai não pôde en­
do---EVangenio^de Jesus*
tender por que ela se havia afi­
por Malan R. Jackson C ris tb .v A secjund# ^efigina do^
da Missão de Formosa liado a outra igreja, teve a co­
fo lh e to era um cartãó de re fe
ragem de dizer-lhe o porquê e
ulie ama a seu Pai Celes­ rência do Ramo de Kaohsiung.

J
de prestar-lhe testem unho.
tial. Vive sua religião. Tem Julie havia sido cuidadosam en­
A través da força, coragem e
apenas quinze anos, mas te educada com ensinantehtos
testem unho de uma garota de
do Evangelho, e fo i .m ovida
foi o instrum ento nas mãos do quinze anos, toda uma congre­
Senhor para trazer uma con­ pelo Espírito a aprender a res­
gação fo i trazida para a Igreja
peito dessa restauração. De­
gregação inteira para a Igreja. de Jesus C risto dos Santos dos
volveu o cartão e fo i visitada
Cinqüenta dessas pessoas fo ­ Ú ltim os Dias. Julie estava na
quase im ediatam ente pelos él-
ram batizadas no dia 1.° de Igreja havia apenas alguns
deres. Sabia que o Evangelho
abril de 1973, e aproxim ada­ meses. A m aioria de nós
era verdadeiro desde o momen­
mente duzentos mais podem crescem os na Igreja e go­
to em que o ouvira, e desejou
ser batizados naquela congre­ zamos as bênçãos do Evan­
ser batizada.
gação logo mais. gelho durante toda a vida.
O pai de Julie, Wang T'ien-te O pai de Julie não podia Podemos seguir o exem plo de
(rei da virtude celeste) vendeu com preender seu pedido. Ele Julie? Podemos ser m issioná­
seu negócio quase dezoito a havia batizado pessoalm ente rios? Precisamos! A través de
anos atrás, determ inado a des­ por im ersão. No entretanto, à nós, também grandes coisas
pender o resto de sua vida pre­ medida que Julie lhe falou mais podem acontecer; também por
gando os ensinam entos de Je­ sobre a Igreja de Jesus C risto nosso interm édio, m uitos dos
sus C risto. Com o produto dos Santos dos Ú ltim os Dias, filh o s de Deus podem ser tra ­
dessa venda, ele comprou uma ele também aceitou a m ensa­ zidos ao batism o e à filia çã o na
propriedade e construiu uma gem da restauração. Igreja. Seja fie l; tenha cora­
igrejinha no povoado de K’e No dia 1.° de abril de 1973, gem; (viva os mandamentos;
Liao, no sul de Formosa. Logo Julie foi com seu pai e mãe, e preste testem unho.

Janeiro de 1974 9
Ima Conversa Com
O Élder Gordon B. Hinckley
A Respeito Da Obra
Missionária
por Brian Kelly
Editor Administrativo

Ouvimos, com frequência, falar nos desí


V 1 —^ • obra missionária na história da Igreja. Escut;
• mos a respeito de grandes m issionários e de
como sobrepujaram privações para trazer números espe­
taculares de novos conversos à Igreja. Os desafios com
que se defrontam os m issionários atualmente são diver­
sos dos enfrentados no passado?
Élder Hinckley: A obra m issionária sempre envolve
desafios, e sempre o fará. As circunstâncias e atitudes
mudaram; entretanto, basicamente o trabalho vem sendo
de certa forma o mesmo, através de todos os anos em
que nos temos empenhado na obra missionária. E, devo
adicionar que esta obra precedeu até à organização da
Igreja. Logo que o Livro de Mórmon foi publicado, alguns
daqueles que criam nele ensinaram-no e te stifica
ram dele.

10
M uitas pessoas, hoje em dia, estão propensas a fera m uito m elhor em que trabalhar. É diferente do
considerar os dias antigos como os da ceifa e os atuais que era há apenas quarenta anos. Parece haver menos
como os do respigar. Na realidade quando se observa fanatism o no mundo. Há mais tolerância. E algumas
mais detalhadamente a história da Igreja, vê-se que das igrejas m aiores têm experimentado dificuldades em
muitos dos antigos m issionários que tiveram trem endos preencher as necessidades espirituais de seus mem­
sucessos experimentaram também trem endos desapon­ bros. Há insatisfação entre um grande número de cris­
tamentos. tãos. Não estão felizes com o que têm e, portanto,
— É da tendência humana g lo rifica r o passado, mas respondem prontamente à mensagem do Evangelho res­
devemos também notar que naquela época, houve muitos taurado.
que não ouviram aqueles grandes e capazes expoentes P: E quanto à noção preconcebida que as pessoas
do Evangelho, da mesma form a como há m uitos que têm da Igreja hoje em dia?
não ouvem aqueles que o ensinam atualmente.
Élder Hinckley: Falando-se de maneira geral, a Igreja
P: Como se comparam os resultados de hoje com
goza, na atualidade, de uma ótim a reputação, particular­
os do passado?
mente na Am érica do Norte. O antigo rancor nascido
Élder Hinckley: Falando-se de form a geral, pode­
principalm ente da ignorância, está-se dissipando. É claro
mos dizer que a obra missionária é mais produtiva
que existem exceções geográficas específicas. Entre­
hoje em dia do que durante a m aior parte dos perío­
tanto, a m aioria das pessoas conhecem-nos como povo
dos do passado. É claro que os resultados variam de
de integridade, fé e devoção aos princípios de Cristo.
acordo com as áreas. Alguns lugares que no passado
M uitos observam também a importância da fam ília na
produziram m uitos conversos, hoje fazem relativam ente
sociedade atual, e tais pessoas ficam favoravelmente
poucos. E áreas que, há m uitos anos não estavam abertas
impressionadas com a ênfase que damos à família.
ou eram pouco frutíferas, tornaram-se maravilhosamente
P: Qual foi a chave para esta nova compreensão?
produtivas em nossos dias.
P: Quais são, pois, algumas constantes que os m is­ Élder Hinckley: Há uma “ abertura” m aior hoje em
dia do que jamais houve antes. As pessoas viajam mais,
sionários sempre experimenfaram e continuarão a expe­
rim entar no futuro? iêem mais e isto leva a uma compreensão m elhor. A
Élder Hinckley: A mensagem tem sido sempre a Igreja cresceu e, quanto mais cresce, mais pessoas se
fam iliarizam conosco. Por estarmos em maior número,
mesma. O adversário tem sempre procurado agir sobre
aqueles que receberam o Evangelho e também sobre os aparecemos mais. O programa de construção no mundo

que o ensinam. O trabalho m issionário nunca fo i fácil, tem ajudado de maneira maravilhosa. Quando eu estava

e no entanto, as alegres recompensas não podem ser na missão, tínhamos bem poucos edifícios. Creio que
igualadas por qualquer outra experiência. Qualquer coisa tínhamos somente uma capela em todas as Ilhas Britâ­
que seja preciosa como o Evangelho de Jesus C risto é nicas. Nossas bonitas capelas m uito têm fe ito para

digna de todos os esforços e sacrifício de tempo e de m elhorar a opinião do mundo sobre nós. Agora, a maioria
meios empregados para ensiná-la. dos membros e m issionários têm um lugar para onde
P: Acha que o m issionário comum está tão instruído levar amigos e investigadores, e isto é uma grande van­

e espiritualm ente preparado para uma missão quanto os tagem. Além disso, a imprensa, o rádio e a televisão têm
do passado? dado atenção ao noãso trabalho e têm noticiado com
Élder Hinckley: É claro que minha experiência pes­ mais detalhes sobre nós e, portanto, mais favoravel­
mente.
soal não atinge tão longe para que possa falar, de pri­
meira mão, a respeito dos prim eiros m issionários da P: Tem havido m uita mudança nas normas atuais de
igreja. Fiz missão há quarenta anos e, além desse tempo, fazer-se a obra missionária?
sei apenas o que tem sido escrito. Tenho observado, ao Élder Hinckley: Elas não mudaram m uito, mas deu-se
trabalhar com jovens rapazes e moças na m aioria das nova ênfase à responsabilidade de os membros partici­
missões do mundo, que, de um modo geral, aqueles que parem da divulgação do Evangelho. A correlação do Sa­
saem, hoje em dia, para uma missão, são tão devotados cerdócio fornece o incentivo e os meios para coordenar
e talvez melhor preparados do que os do meu tempo, o interesse e a obrigação dos membros de encontrarem
há quarenta anos atrás. investigadores, com a responsabilidade e capacidade dos
P: As oportunidades são, atualmente, tão grandes m issionários para ensinarem esses investigadores.
quanto há quarenta anos? Compreendemos, há m ulto tempo, que o instrumento
Élder Hinckley: Acho que hoje as oportunidades são m issionário mais poderoso é um bom membro da Igreja.
maiores. Temos, na m aioria das missões, uma atmos­ Somos hoje em dia representados por pessoas de

Janeiro de 1974 11
todos os níveis de vida — homens e mulheres de preemi- cado para ensinar o Evangelho, quando se apresentar a
nência, homens e mulheres de realização, homens e mu­ oportunidade em seu viver diário normal.
lheres que são amplamente reconhecidos por sua capa­ P: O senhor acha que as moças devem planejar
cidade e que são, também, homens e mulheres de fé na fazer missão?
Igreja e orgulho por ela. E, é claro, tudo isto ajuda tre ­ Élder Hinckley: As moças que o fazem, prestam um
mendamente na criação da boa imagem que a Igreja serviço inestim ável. São missionárias eficientes. Mas,
merece. É uma grande pedra de toque na disseminação ouvi o Presidente David O. McKay dizer em muitas
do Evangelho. ocasiões: "A obra missionária, é, principalm ente, uma
P: Qual é o m aior desafio com que se defrontam responsabilidade do Sacerdócio, e, como tal, toca prin­
os m issionários hoje em dia? cipalm ente aos seus portadores." A melhor missão que
uma moça pode realizar é casar-se com um bom rapaz
Élder Hinckley: O maior desafio com que se defronta
na casa do Senhor e constituir-se mãe de uma boa fam í­
o m issionário hoje em dia é o de esquecer-se de si
lia .” Mas repito, precisamos de algumas missionárias.
mesmo e entregar-se ao trabalho. Todos temos a ten­
Elas realizam um grande trabalho.
dência de ser um pouco egoístas, um pouco preguiçosos.
P: Parece haver mais a ser dito sobre uma missão
Todos gostamos de conforto; entretanto, a diligência é o
âmago da obra missionária. Isto não mudou desde a
época do Salvador. Ele disse: “ . . . qualquer que perder a
sua vida por amor de mim e do Evangelho, esse a sal­
vará." (Marcos 8:35.) Isto é particularm ente verdadeiro
no que se refere ao trabalho m issionário. O maior desafio
sempre foi postar-se diante do Senhor em oração e pedir
força, capacidade e diretrizes, e depois sair para fazer
o trabalho. O Senhor declarou: ‘ De sorte que, se os teus
olhos forem bons (voltados para a minha g ló ria ], todo o
teu corpo terá luz." (Mat. 6:22.) Se um m issionário tra­
balhar com os olhos fito s na glória de Deus, então se
afastam as trevas, a escuridão da preguiça, as trevas do
pecado, a escuridão da procrastinação, as trevas do
medo, e todos esses são fatores que influenciam a obra
m issionária.
P: A missão é para todos?
Élder Hinckley: Eu não diria que uma missão de
tempo integral é para todos. O trabalho m issionário é
rigoroso. É exigente. É d ifíc il. Nunca foi fá cil, nem nunca
o será. Exige força corporal, força mental e força e spiri­
tual. Precisamos encarar o fato de que há alguns poucos
que não devem tentar fazer uma missão de tempo
integral. Aqueles que não podem, não se devem se ntir
desanimados, porque alguma incapacidade não lhes per­
m ite ir. Devemo-nos lem brar de que há m ultas maneiras
de se rvir ao Senhor de forma aceitável.
Sinto, entretanto, de maneira acentuada, que todo
membro da Igreja deve vive r de modo que seja digno
de fazer uma missão e pregar o Evangelho aos outros.
Então, é claro, precisamos aceitar o Julgamento de nos­
sos líderes da Igreja com relação às nossas qualifica­
ções. Se o bispo achar que seria melhor não sair em
missão, devemos aceitar esse julgam ento e prosseguir,
fazendo as coisas que podemos. Há m uitos meios de
ajudar na edificação do reino. Se todo jovem tentar equi­
par-se para o trabalho m issionário, estará mais q u a lifi­

12 A LIAHONA
do que “ foram os dois melhores anos de minha vida". faz maravilhas por uma fam ília que está em casa.
Não é verdade que uma coisa tão profunda não acontece P^ Ouvimos freqüentem ente que a missão é uma
simplesm ente com facilidade ou por si mesma? boa influência na vida de uma pessoa. Há ocasiões em
Élder Hinckley: Acho que posso dizer com segurança que o senhor se lembra de algo que aprendeu em sua
que, para muitos jovens, a missão representa o maior missão?
desafio que poderão enfrentar. Receberam a designação Élder Hinckley; Qualquer m issionário que capta o
de sair por um mundo que, em sua maior parte, é indife­ espírito do trabalho aprende várias coisas e desenvolve
rente à mensagem deles. Estão na rua trabalhando em m uitas qualidades que, se cultivadas, serão de valor
qualquer tipo de tempo. Têm que ajustar-se a novas cçn- inestim ável durante toda sua vida.
dições de vida, estão a grande distância de casa, tendo Ele desenvolve autodisciplina. Haverá qualidade
sido tirados de uma vida social normal. Todas estas mais desejável do que esta na vida de um jovem? Ele
coisas são difíceis. A situação toda exige enorme ajusta­ aprende a importância do trabalho, de levantar-se pela
mento e autodisciplina, além de fé e humildade. Sentem manhã e pôr mãos à obra. Aprende a colocar as prim eiras
a necessidade de ajoelhar-se e de pedir ajuda ao Senhor. coisas em prim eiro lugar. Ele desenvolve equilíbrio e
Proveniente de tudo isto advém uma qualidade que lhes capacidade para encontrar e falar com as pessoas. So­
é inestimável, não apenas durante sua missão, mas tam ­ brepuja m uitos tem ores que afligem a m aioria das pes­
bém durante toda a vida. Todos nós precisamos c u lti­ soas. Desenvolve a iniciativa e o desembaraço.
var a autodisciplina e a integridade, e não existe nenhum Vem a saber que, de form a m uito real, as orações
lugar na terra que seja como uma missão para edificar são ouvidas e respondidas. Desenvolve uma afeição
estas qualidades. maior por seu pai e mãe. Cresce em seu coração um
P: E os que ficam em casa? Como um irmão, irmã senso de agradecimento. Um espírito de dedicação e
ou amigo podem ajudar m elhor um m issionário? despreendimento torna-se parte de sua natureza.
Élder Hinckley — Em prim eiro lugar deve haver cor­ Mais im portante do que tudo, ele aprende a conhecer
respondência de casa. e amar seu Pai Celestial e o Senhor Jesus C risto, e com
Algumas fam ílias têm dificuldades em escrever car­ essa convicção presta testemunho de sua realidade viva.
tas, e meu coração se entristece com o m issionário que Essas disciplinas e este conhecimento abençoarão toda
não recebe regularmente correspondência de casa. Em sua vida e a daqueles que o cercarem, se continuar a
geral, uma carta por semana é uma boa regra. Mas, por cultivá-los.
outro lado, correspondência demais pode não ser favo­ P: Com toda sua experiência, trabalhando com mis­
rável ao moral de um m issionário. Para ser um m issio­ sionários, o senhor acha que desenvolveremos meios
nário eficaz, ele deve afastar-se de casa; assim, o tipo novos e tecnologicam ente mais eficientes para converter
de carta que recebe ocasionará uma grande diferença pessoas?
naquilo que faz e em como se sente. As cartas que Élder Hinckley: Temos sempre empregado uma tec­
trazem problemas dom ésticos, que só falam em d ific u l­ nologia moderna. O mundo não o reconhece, mas ele
dades, abatem seu ânimo. Os m issivistas conscientes está presente — o poder do Espírito Santo. Decerto,
certificar-se-ão de declarar seus sentim entos positivos temos necessidade de auxílios e os estamos desenvol­
— como estão orgulhosos de terem um m issionário no vendo constantemente, para ajudar melhor os missioná­
campo, como o Senhor os está abençoando por causa de rios em seu trabalho, mas, em últim a análise, o trabalho
seu trabalho no m inistério. Tais cartas abençoam a vida m issionário é uma questão de olhar bem dentro dos
de um missionário. olhos da pessoa e prestar testemunho com alma. Esse
P; Como os amigos podem ajudar? testemunho pode ser transm itido pelo Espírito direta­
Élder Hinckley; É uma coisa natural que os m issio­ mente de um coração para o outro. Este é o verdadeiro
nários devam te r amigos. Aqueles que escrevem cartas processo de conversão. Haverá novos meios de ensinar,
de encorajamento, ajudam imensamente aos m issio­ haverá novos meios de encontrar pessoas, mas a con­
nários. versão virá através do poder do Espírito por parte da­
P: O senhor foi um m issionário e também pai de quele que te s tific a , e no âmago daquele que ouve. Uma
missionários. Como é que a pessoa se sente tendo um pessoa sabe, através do testemunho do Espírito, que o
filho no campo m issionário? Evangelho é verdadeiro, é o único meio pelo qual ela
Élder Hinckley: Não há nada como te r um filh o no sabe. Esse foi sempre o caso. Sempre será assim: é a
campo missionário. Você espera com ansiedade pela soma e a substância de todo o processo missionário.
carta semanal. Alegra-se ao partilhar das experiências “ As coisas de Deus são compreendidas pelo Espírito
que ele está tendo no campo. Ter um filh o na missão de Deus."

Janeiro de 1974 13
Muitas Almas
Estavam Esperando

por Wilford Woodruff

de março de 1840 era meu

I aniversário, quando fiz trinta


e três anos. Sendo domingo,
preguei duas vezes a uma grande
assembléia, durante o dia, na prefei­
tura da cidade de Hanley (Inglaterra)
e adm inistrei o sacramento aos
santos. A resposta que recebi dizia-me que tros acres de terra, e era dono de
A noite, reuni-me novamente com eu deveria ir para o sul, pois o Se­ uma mansão e possuía muitos re­
uma grande assembléia de santos e nhor tinha um grande trabalho para cursos. Sua esposa, Jane, não tinha
estranhos, e, enquanto cantávamos o eu realizar ali, pois m uitas almas es­ filhos.
prim eiro hino, o Espírito do Senhor tavam esperando pela palavra do
Apresentei-me a ele como um m is­
pousou sobre mim. E a voz do Senhor Senhor.
sionário da Am érica, um élder da
me disse: “ Esta é a últim a reunião No dia 3 de março de 1840, em
Igreja de Jesus C risto dos Santos dos
que você realizará com estas pessoas cumprim ento à palavra recebida do
Últim os Dias que lhe havia sido en­
durante m uitos dias." Senhor, embarquei para Wolverhamp-
viado por mandamento de Deus, como
Fiquei maravilhado com isto, pois ton, a cerca de quarenta quilôm etros,
mensageiro da salvação, para pregar
tinha m uitos compromissos nesse dis­ e ali passei a noite.
o Evangelho da vida a ele e sua casa,
trito . Na manhã do dia quatro, embarquei
assim como aos habitantes daquela
Quando me levantei para falar à novamente e passei por Dudley,
terra.
congregação, disse-lhes que era a úl­ Stourbridge, Stourpot e W orcester;
tim a reunião que deveria realizar com andando então alguns quilôm etros O Sr. BenboVv e sua esposa recebe­
eles durante m uitos dias. Ficaram tão até a casa do Sr. John Benbow, Fa­ ram-me com coração alegre e ações
espantados como eu. zenda H ill, Castle Frome, Ledbury e de graça. Eu chegara durante a noite,
Ao térm ino da reunião, quatro pes­ H erefordshire. Esta era uma região após te r viajado 77 quilôm etros de
soas apresentaram-se para o batismo agrícola ao sul da Inglaterra, que nun­ carruagem e a pé durante o dia; mas,
e entramos na água, batizando-as. ca havia sido visitada por um élder depois de comer e beber alguma coi­
Pela manhã, fui secretamente à SUD. sa, sentamo-nos, reunidos, e conver­
presença do Senhor e perguntei-lhe Descobri que o Sr. Benbow era um samos até às duas horas da madru­
qual era sua vontade a meu respeito. rico fazendeiro, que cultivava trezen- gada.

14 A LIAHONA
0 Sr. Benbow e sua esposa reju- Ao aproximar-se a hora, m uitos dos Sr. W oodruff, eu gostaria de ser bati­
bilaram-se grandemente com as boas vizinhos chegaram, e fiz meu p rim ei­ zado.
novas que eu lhes trazia da plenitude ro sermão sobre o Evangelho naquela Disse-lhe que gostaria de batizá-lo.
do Evangelho eterno, que Deus havia casa. Também preguei na noite se­ Entrei no tanque de água e batizei os
revelado através da boca de seu pro­ guinte, no mesmo lugar, e batizei sete. Reunimo-nos, então, e confirm ei
feta, Joseph Smith, nestes últim os seis pessoas, incluindo o Sr. John treze, partindo o pão para os santos.
dias. Benbow e sua esposa, e seis prega­ E todos juntos nos regozijamos.
Rejubilei-me sobremaneira com as dores dos Irmãos Unidos. O policial foi ao pároco e disse-lhe
notícias que o Sr. Benbow me deu, Despendi a m aior parte do dia se­ que se queria que o Sr. W oodruff
de que havia um grupo de homens e guinte limpando uma fonte, preparan­ fosse preso por pregar o Evangelho,
mulheres — chegando a mais de seis- do-a para fazer batismos, pois vi teria que cum prir o mandado ele mes­
centos — que se havia afastado dos m uitos que seriam ali batizados. De­ mo, pois o havia ouvido pregar o úni­
m etodistas wesleianos e tomado o pois, batizei seiscentas pessoas na­ co sermão verdadeiro sobre o Evan­
nome de Irmãos Unidos. Tinham, en­ quele tanque. gelho que já ouvira em sua vida.
tre eles, quarenta e cinco pregadores, Domingo, dia oito, preguei pela ma­ O pároco não sabia o que fazer.
e possuíam também capelas e muitas nhã em Frome H ill, à tarde em Stan­ Assim , enviou dois sacristãos da
casas que eram legalmente licencia­ ley H ill e à noite, na Fazenda H ill, de Igreja da Inglaterra como espiões,
das para que nelas houvesse pre­ John Benbow. para a ssistir à nossa reunião e des­
gação. A igreja da paróquia existente na co brir o que pregávamos.
vizinhança da casa de Irmão Benbow, Mas ambos foram tocados no cora­
Este grupo dos Irmãos Unidos es­
presidida pelo pároco, teve uma fre ­ ção e receberam alegremente a pa­
tava procurando luz e verdade, mas
qüência de apenas quinze pessoas, lavra do Senhor, sendo batizados e
tinham ido até onde podiam e esta-
ao passo que eu tive uma grande con­ confirmados membros da Igreja de
vam freqüentem ente pedindo ao Se­
gregação, estimando-se o número em Jesus C risto dos Santos dos Últimos
nhor que lhes apontasse o caminho
m il, assistindo à reunião de dia e à Dias.
e enviasse luz e conhecimento, para
noite. O pároco ficou alarmado e não
que pudessem saber o meio correto
ousou enviar ninguém mais.
de serem salvos. Quando, à noite, me levantei para
Os m inistros e párocos do sul da
falar na casa do Irmão Benbow, en­
Quando ouvi estas coisas, pude ver Inglaterra convocaram uma conven­
trou um homem e informou-me que
claramente por que o Senhor me orde­ ção e enviaram uma petição ao arce­
era um policial e que havia sido en­
nara, quando estava na cidade de bispo de Canterbury para so liicta r ao
viado pelo pároco da igreja com uni
Hanley, a sair daquele lugar de tra ­ Parlamento que passasse uma lei
mandado de prisão contra mim.
balho e ir para o sul, pois em Here- proibindo os mórmons de pregarem
Perguntei-he: Por que crime?
fordshire havia um grande campo no domínio britânico.
Disse ele: Por pregar às pessoas.
pronto para a ceifa, pronto para levar O pároco declarava, nessa petição,
Eu lhe expliquei que, assim como
muitos santos ao reino de Deus. que um m issionário mórmon havia ba­
o pároco, tínhamos licença para pre­
Recolhi-me à cama com alegria, de­ tizado m il e quinhentas pessoas, a
gar o Evangelho ao povo, e que se
pois de oferecer minhas orações e m aioria membros da igreja inglesa,
ele se sentasse, eu o atenderia de­
ações de graça a Deus, e dormi do­ durante os últim os sete meses.
pois da reunião.
cemente até o levantar do sol. Mas, o arcebispo e o conselho, bem
Ele pegou uma cadeira e sentou-se sabendo que as leis da Inglaterra da­
Levantel-me, na manhã do dia 5, atrás de mim. Ensinei os prim eiros vam livre tolerância a todas as re li­
tomei o desjejum e disse ao Sr. Ben­ princípios do Evangelho durante uma giões sob a bandeira inglesa, respon­
bow que gostaria de iniciar os negó­ hora e um quarto. O poder de Deus deram aos solicitantes que, se tives­
cios do meu M estre, pregando o repousou sobre mim, o Espírito en­ sem tanto interesse pelo valor das
Evangelho ao povo. cheu a casa e o povo se convenceu. almas quanto tinham pelo solo onde
Ele tinha, em sua casa, uma grande Ao térm ino da reunião, abri a porta corriam lebres, raposas e cães de
sala que era licenciada para pregação para o batismo e sete pessoas se caça, não perderiam tantos de seu
e enviou recados à vizinhança, dizen­ ofereceram. Entre elas, estavam qua­ rebanho.
do que um m issionário americano tro pregadores e o policial. Continuei a pregar e batizar diaria­
pregaria, naquela noite, em sua casa. Este últim o se levantou e disse: mente.

Janeiro de 1974 15
Missionários Da História Da Igreja

Joseph aprendeu a língua e pregou


aos havaianos e, ao fazê-lo, recebeu
Brigham Young uma renovação espiritual. Depois de
poucos meses de sua chegada ao Ha­
vaí, escreveu a um parente na Cida­
de do Lago Salgado:
s antigos missionários da ‘ Sei que o trabalho em que estou

O Igreja deram exemplos de fé


e diligência que ainda são
modelos para os atuais m issionários
engajado é a obra do Deus vivente
e verdadeiro, e estou pronto para
prestar meu testemunho disso a qual­
e missionários em perspectiva. quer tempo, ou em qualquer lugar, ou
Brigham Young escreveu em seu em qualquer circunstância em que
diário: possa ser colocado.’ 3
“ Saí de Montrose em minha missão para cuidar de sua irmã, Joseph F.
para a Inglaterra. A saúde estava tão apresentou-se para uma missão. Foi
debilitada, que não consegui andar chamado para ir ao Havaí, ou Ilhas
os cento e cinqüenta metros até o Sandwich, como então eram chama­
rio sem ajuda. Depois de cruzar o das. Quando ali chegou, soube que
rio, consegui que Israel Barlow me os m issionários anteriores quase ha­
levasse na garupa de seu cavalo até viam desistido completamente da ten­
a casa de Heber C. Kim ball, onde f i­ tativa de pregar o Evangelho. Não
quei acamado até o dia 18. Deixei tinham sucesso com os haole, os
minha esposa enferma, com um bebê brancos, e, quanto aos kanakas, os
de apenas dez dias, e todos os filhos nativos, nem ao menos conseguiam
tão doentes, que não podiam cuidar aprender sua d ifíc il língua, nem
uns dos o u tro s ... 1,1 vê-los como bons membros da Igreja.
Joseph F. Smith era o pal de nosso Entretanto, Joseph era jovem bastan­
Joseph F. Smith
últim o profeta, Joseph Fielding Smith, te para aprender a língua dos nativos
e presidente da Igreja durante os p ri­ e para ver, por baixo dos costumes Quando escreveu isto, não podia
meiros anos deste século. O pai de diferentes dos havaianos, doce o es­ saber a estranha “ circunstância" em
Joseph F. era Hyrum Sm ith, que fora p írito que possuíam. Ele escreve a que se encontraria. O armazém em
assassinado na Cadeia de Carthage respeito de como “ senti-me resolvido que ele e outros dos m issionários
juntamente com o Profeta Joseph. a permanecer ali, dominar a língua e guardavam suas roupas, pegou fogo.
Embora algumas pessoas possam ter admoestar o povo dessas ilhas, ainda Todas as suas vestim entas foram des­
achado que ele deveria permanecer que tivesse de fazê-lo sozinho.”2 truídas, excetuando-se a que estava

16 A LIAHONA
deixarem que suas mentes se expan­ Depois do descanso noturno e do des-
dam como aconteceu com a minha, jejum , ele foi levado à praça pública
também não terão cabelos na ca­ pelo o ficial escoltante, Sr. Peabody,
beça.” 5 pronto para ser levado para a prisão.
Outro dos grandes m issionários da Aqui está o episódio da maneira como
Igreja, que mais tarde se tornou um Parley o narrou:
apóstolo, fo i Parley P. Pratt. Em 1830, “ Eu disse: — Sr. Peabody, o se­
no corpo. Durante algum tempo, Jo­ Parley estava com 23 anos e servia nhor é bom na corrida? — Não, disse
seph e seu companheiro tiveram ape­ como m issionário em Ohio. No trans­ ele, mas meu grande buldogue o é,
nas um terno respeitável para os dois, correr de uma de suas viagens, foi e foi treinado para ajudar-me em meu
de forma que um tinha que fica r na cargo durante estes vários anos; ele
cama, enquanto o outro vestia o terno derrubará qualquer homem a uma or­
e ia para a reunião!4 dem minha. Bem, Sr. Peabody, o se­
A velha piada m issionária de que nhor me obrigou a andar uma milha.
um élder tem que perder sua namo­ Eu andei duas com o senhor. Deu-me
rada ou seu cabelo como um dos oportunidade de pregar, cantar e tam­
“ preços” de sua missão, pode te r al­ bém me entreteve com alojamento e
guma base na calorosa e divertida desjejum. Agora eu preciso continuar
história contada por outro dos gran minha viagem; se é bom na corrida,
des e valorosos servos da Igreja an­ pode acompanhar-me. Agradeço-lhe
tiga, Heber C. Kimball. O Irmão Kim­ por toda sua bondade — até logo,
ball era calvo, mesmo quando ainda senhor.”
jovem. O pessoal costumava amolá-lo Parley, então, disparou numa cor­
por causa de sua calvície e, uma vez,
ele explicou como perdera seu cabelo.
Parece que logo depois de se unir à
Igreja, enquanto ainda era m uito jo­
vem, foi chamado para uma missão
na Nova Escócia. Viajou todos os
2 400 Km desde sua casa em Nova
Iorque a pé, com a valise nas costas. Heber C. Kimball
“ Logo depois que comecei, desco­
bri que era bem ignorante, embora preso sob falsa acusação e levado a
eu já o soubesse antes, mas reco­ julgam ento. Condenado a pagar pesa­
nheci-o m elhor depois de haver ini­ da m ulta, não tinha dinheiro; assim,
ciado. Comecei a estudar as Escritu­ o juiz condenou-o à prisão. Era tarde
r a s ... e tinha tão pouco conhecimen­ da noite e não havia tempo suficiente
to, que o exercício do estudo para viajar para a prisão, que ficava
começou a dilatar minha cabeça e a vários quilôm etros de distância, e
abrir meus poros de tal maneira, que assim, Parley foi levado por um oficial
meus cabelos caíram; e se vocês a um hotel, a fim de passar a noite. Parley P. Pratt

Janeiro de 1974 17
rida desabalada. Quando o Sr. Peabo­ suas blasfêmias não atrapalharam
dy se refez do seu assombro e pôde nossa refeição, pois, quanto mais ele
agir, Parley havia corrido uns 200 me­ blasfemava, mais comíamos, até que
tros, saltado uma cerca e atravessava enchemos o estômago; então, levan-
em disparada um campo em direção tamo-nos da mesa, pegamos nossos
à floresta. O oficial foi gritando atrás chapéus e lhe agradecemos pelo des­
dele e incitou seu grande cachorro jejum . A últim a vez que o ouvimos,
a agarrá-lo. O cão alcançou Parley ele ainda estava blasfemando. Con­
em pouco tempo, e estava prestes fio em que o Senhor o recompensará
a agarrá-lo quando Parley, num mo­ por nosso d esjejum ."7
mento de inspiração, esticou o braço Um exemplo final da dedicação que
e apontou para a floresta, imitando, age sob o fundamento da fé é encon­
durante todo o tempo o oficia l, g ri­ trado na vida de M atthew Cowley.
tando: “ Stu-Boy.” Ele estivera freqüentando a U niversi­
“ O cachorro passou apressadamen­ dade dos Santos dos ú ltim os Dias,
te por mim com velocidade redobra­ Wilford Woodruff na Cidade do Lago Salgado, mas, ao
da rumo à floresta, sendo instigado term inar os prim eiros anos, decidiu
pelo o ficial e por mim, e ambos de que não desejava vo ltar à escola no
nós correndo na mesma direção. Ao para comer, embora lhes perm itissem ano seguinte; em vez disso, deseja­
chegar à floresta, logo perdi de vista dorm ir no chão. Este, escreve Élder va p artir para uma missão. Tinha
o oficial e o cachorro, e, desde aí, W oodruff, fo i “ o dia de trabalho mais apenas dezessete anos, mas foi cha­
não os vi m ais."6 duro de minha vida." Na manhã se­ mado e logo estava a caminho da
Ninguém poderia tê-lo avisado guinte, eles andaram dezenove qui­ Nova Zelândia para trabalhar com os
quanto ao perigo em que sua missão lôm etros na chuva, até a casa de um maoris.
o colocaria, mas, uma vez ali, ele homem que, descobriram, tinha esta­ Em seu diário, o Élder Cowley
não deixou de reconhecer o humor do com a turba que expulsara os conta como seus melhores compa­
de sua situação, transform ando o santos de seus lares no Condado de nheiros eram as pulgas, visto que
que poderia te r sido um “ prejuízo” Jackson, M issouri, um ano atrás. Ao sempre permaneciam fielm ente perto
em “ lucro", em uma experiência que chegarem à cabana a fam ília do ho­ dele. Aqui está uma das coisas que
seria lembrada alegremente. mem estava sentada para fazer o escreveu:
W ilford W oodruff também podia desjejum. Lê-se no relato do Élder “ Depois da Karakia (oração) feita
ver humor através das asperezas de W oodruff: à noite, fui para meu quarto, e antes
sua missão. Fala de sua experiência “ Naqueles dias, era costume dos de ir para a cama, fortifiquei-m e con­
em janeiro de 1830, quando tinha m issourianos convidá-lo para comer, tra as pulgas. Esfreguei inseticida
vinte e sete anos de idade. Ele e seu ainda que lhe fossem hostis. Por em pó por todo o çorpo e coloquei
companheiro caminharam noventa e isso, ele nos convidou para tom ar o uma camada dele sobre a cama.
seis quilôm etros em dois dias, sem d e s je ju m ... O homem sabia que éra­ Cria que isto as e s tu p e fa ria ... Ao
alim ento. No prim eiro dia, defronta­ mos mórmons; e assim que começa­ levantar-me e olhar para a cama (na
ram-se com um urso, perderam-se, mos a comer, iniciou as blasfêmias manhã seguinte), encontrei as car­
foram seguidos por lobos e, fin al­ com relação aos mórmons. Havia caças de uma m ultidão de pulgas e
mente, tarde da noite, chegaram a uma grande travessa de ovos com isto me fez se n tir como Napoleão
uma cabana onde nada lhes foi dado “bacon" e bastante pão na mesa, e por ser o vencedor de tal batalha."8

ie A UAH O N A
0 Élder Cowley teve que aprender Parece m uito óbvio, com base em “ Destranquei meu cofre e de lá t i­
a língua desde o início, é claro, e, suas experiências, que esses m issio­ rei um grande livro de anotações,
durante os três prim eiros meses, f i­ nários não tomaram suas decisões cheio de notas prom issórias como a
cou sem companheiro. Ia ao bosque fundamentando-se nas mesmas coi­ segúinte: “ E todo aquele que tive r
todas as manhãs às seis horas, a sas em que um economista se ba­ deixado pai ou mãe, irmãos ou irmãs,
fim de estudar o Evangelho e a lín­ seia para tom ar decisões. Um eco­ casas ou terras, m ulher ou fiRios,
gua e para jejuar e orar. A li ele per­ nomista aprende a fundamentá-las por amor a mim ou ao Evangelho,
manecia durante onze horas por dia. num sistema de valores nos quais os receberá cem vezes tanto, nesta vida
Dentro de três meses, estava pronto custos são pesados contra os bene­ e, no mundo vindouro, a vida eterna."
para levantar-se diante de um grupo fícios. A calvície, as pulgas e a fo ­ “ Se habitardes em mim, e minhas
de nativos e pregar o Evangelho na me não seriam incentivos para um palavras habitarem em vós, pedireis
língua deles, e, como diz ele: “ Havia, economista deixar sua casa e sua fa­ 0 que quiserdes em meu nome, e eu
em meu peito, um ardor como eu m ília. No entanto, decidir-se a uma vos darei." “ Todas as coisas são
nunca senti antes ou depois daquela missão repousa em uma base sadia possíveis àquele que c rê .”9
época em minha vida." de custo-benefício, se a pessoa se­ Parley perguntou então a ele se
guir o método descrito por Parley P. essas notas eram genuínas, se o seu
Pratt. “ sign atário ” , o Senhor Jesus Cristo,
Um ano antes do acontecimento era capaz de cum prir suas promessas
relatado, antes mesmo que ele tive s­ e desejava fazê-lo. Sim, foi a única
se ouvido falar nos santos dos ú lti­ resposta que W illiam pôde dar.
mos dias, Parley era recém-casado, Assim , em agosto de 1830, Parley
tinha uma fazenda de cinqüenta acres, acertou seus negócios e, com dez dó­
uma casa confortável, um pomar em lares no bolso, levou sua esposa e
produção e um belo jardim . Mas, saiu a procura do reino de Deus.
sentia que algo estava faltando. Es­ Ele descobriu, como podem fazê-lo
tudou a Bíblia e desejou saber mais; todos os m issionários, que o Senhor
deveria haver uma restauração do paga suas notas.
Evangelho, cria ele. Ele não sabia
1 “Brigham Young's History", Millenial Star,
que a restauração já havia ocorrido, XXV (3 de outubro de 1863), 646.
mas decidiu deixar sua fazenda e seu 2 Joseph Fieiding Smith, Life of Joseph F.
Smith (Salt Lake City, 1938). p. 170.
lar, a fim procurar a verdadeira 3 Ibid. p. 176.
Igreja. Seu irmão mais velho, W il- 4 ibid. pp. 183-4.
5 Sermão de 28 de setembro de 1856, Jour­
liam, advertiu-o. Como você viverá? nal of Discourses (26 vol., Liverpool,
perguntou ele. Parley disse-lhe que 1854-1886), IV, 107.
6 Parley P. Pratt. Autobiography of Parley
tinha uma suficiente conta bancária Parker Pratt (Salt Lake City, 1966), pp.
para sustentar a ele e à fam ília. Esse 50-51.
7 Matthias F. Cowley, ed. Wilford Woodruff:
fundo, disse ele, era “ fundamentado History of His Life and Labors (Salt Lake
em um capital que nunca fracassará, City, 1909), p. 50; “History of Wilford
Woodruff", Deseret News, 7 de Julho de
ainda que passem o céu e a te rra ". 1858, p. 82.
Seu irmão quis cientificar-se. Parley 8 Henry A. Smith, Matthew Cowley: Man of
Faith (Salt Lake City, 1954), p. 48.
Mattheu Cowley registra: 9 Autobiography, pp. 50-51.

Janeiro de 1974 19
Ensinar o Evangelho: nosso dever mais importante

Partilhar As Riquezas
Incompreensíveis De Cristo
Presidente Rex D. Pinegar
Do Primeiro Conselho dos Doze

eus queridos Irmãos e Irmãs: este mandamento. No dia 23 de se­

M É um grande p rivilégio estar


aqui, com vocês, nesta oca­
sião. Trago-lhes saudações do maior
tembro de 1832, tendo dado manda­
mento aos Doze relativo a pregar o
Evangelho, o Senhor então declarou:
grupo de m issionários do mundo. É “ E esta revelação e mandamento a
algo maravilhoso trabalhar entre eles vós, entra em vigor desta hora em
e se ntir a força do Senhor à medida diante para o mundo todo, e o Evan­
que ele obra através deles e dos gelho é para todos os que não o te­
santos, para levar o Evangelho de nham recebido.
Jesus C risto a seu filhos. “ Mas, na verdade eu digo a todos
A bênção de partilhar da mensagem aqueles a quem foi dado o reino —
do Evangelho é assoberbante. Sou por vós deverá ser pregado a e le s . . . "
freqüentem ente engolfado pelos sen­ (D&C 84:75-76.)
tim entos que imagino te r Paulo expe­ Jesus C risto." (Ef. 3:7-8, 11-12, 14.) Joseph Smith disse que o maior e
rimentado, quando escreveu aos san­ Este mesmo sentim ento de hum il­ mais importante dever que temos é
tos de Éfeso a respeito de seu cha­ de agradecimento parece preencher o de ensinar o Evangelho aos outros.
mado para servir ao Senhor: o coração de todo membro e m issio­ Declarou a mesma coisa a respeito
“ Do qual fui fe ito m inistro, pelo nário que participa da divulgação do de fazer o trabalho pelos mortos.
dom da graça de Deus, que me foi Evangelho. Quando vemos a paz e Cada uma dessas atividades possibi­
d a d o ... certeza que advêm àqueles que rece­ lita a outras pessoas as bênçãos de
“ A mim, o mínimo de todos os san­ bem o Evangelho, conscientizamo-nos participarem como membros no reino
tos, me foi dada esta graça de anun­ mais do grande dever e oportunidade de Deus.
ciar entre os gentios, por meio do que temos de partilhar o Evangelho C um prir esta designação sagrada
Evangelho, as riquezas incompreensí­ restaurado de Jesus C risto com nos­ de “ prevenir o seu próxim o" traz ale­
veis de C risto. sos amigos e vizinhos, nossos irmãos grias inexprim íveis tanto para o re-
“ Segundo o eterno propósito que e irmãs. cebedor como para o doador. Muitas
fez em C risto Jesus nosso Senhor, O Senhor tem falado claramente a fam ílias em toda a Igreja estão expe­
‘ No qual temos ousadia e acesso respeito desta responsabilidade sa­ rimentando as alegrias de fazer este
com confiança, pela nossa fé nele. grada e da condenação que repousa trabalho dos mais importantes. Elas
“ Por causa disto me ponho de joe­ sobre os membros de sua Igreja em não estão apenas “ armazenando para
lhos perante o Pai de nosso Senhor caso de fracassarmos em cum prir que não pereçam ", mas também aju-

20 A LIAHONA
dando nossos irmãos e irmãs não- contatos de porta em porta; mas não Seguiu-se uma experiência maravi­
membros a se tornarem elegíveis se preocupe, faremos m elhor na pró­ lhosa. Um dia, dois m issionários es-
para receber essas mesmas bênçãos. xima semana!" tavam batendo de porta em porta, em
Estão descobrindo que o trabalho m is­ Esses m issionários haviam despen­ Richmond. Um havia estado doente;
sionário não é uma tarefa, mas uma dido 65 horas naquela semana, ensi­ o outro sentia-se pouco à vontade, en­
oportunidade gloriosa de ajudar o nando a mensagem do Evangelho de quanto andavam pelas ruas, sabendo
Senhor em seu maior trabalho — o Jesus C risto aos amigos que os mem­ que seu companheiro não estava com­
de salvar as almas dos homens. bros haviam encontrado. Esse peque­ pletamente bom. Entretanto, ambos
Há muitos modos pelos quais uma no ramo progrediu imensamente em desejavam perseverar.
pessoa pode ajudar os outros a en­ freqüência e no ensino fam iliar. Vá­ Depois de duas horas de pouco su­
contrarem o Senhor. A fam ília Jun­ rias pessoas que haviam estado cesso, bateram em uma porta e se
queira ajudou o Senhor, preparando ausentes das reuniões da Igreja du­ apresentaram como m issionários da
um exemplar do Livro de Mórmon rante algum tempo, estão agora a ti­ Igreja de Jesus C risto dos Santos dos
com a foto de sua fam ília e seu tes­ vas. Através da participação dos Ú ltim os Dias. Oh, sim, replicou a mu­
temunho na parte de dentro da capa membros, o trabalho m issionário to r­ lher, foi Ana da Silva quem os man­
da frente. Convidou, então, os m is­ nou-se a resposta para vários de seus dou. Os élderes entreolharam-se, ba­
sionários a irem ao seu lar para co­ problemas. lançaram a cabeça, e então lhe disse­
nhecer seus amigos íntimos, os Bra­ Há um dentista que com partilha o ram que estavam apenas batendo nas
gas. No dia seguinte, os missionários Evangelho em toda oportunidade — portas da vizinhança e que ninguém
apresentaram-lhes esse exemplar do com o “ auditório ca tiv o ” em sua ca­ em particular os havia mandado visi
Livro de Mórmon como um presente deira, no posto de gasolina onde leva tá-la. Ela convidou-os a entrar; o ma­
da fam ília Junqueira. Os Bragas fica ­ seu carro, no correio, até mesmo na rido e outros membros da fam ília es­
ram tão gratos pelo presente, que casa de seu vizinho, quando este tavam presentes na sala.
concordaram em ler, ponderar e orar pede conselho quanto à maneira de Disse então algo aos m issionários
a respeito deste maravilhoso livro de adm inistrar sua fazenda — em todo que fez com que eles se maravilhas­
Escritura. Eles o fizeram. Os élderes lugar. Ele diz que leu o Livro de Mór- sem. Falou ela: Há apenas uma ou
continuaram ensinando-os. A fam ília mon até compreender o amor e paz duas horas, acabei de ler uma carta
Junqueira continuou a integrá-los. que os filho s de Mosiah sentiram que recebi hoje de minha melhor ami­
Hoje, toda a fam ília Braga é membro quando foram pregar aos lamanitas. ga. Um ano atrás, ela e seu marido
da Igreja. E, creio, ele tem o mesmo zelo deles. foram convertidos à Igreja de Jesus
Os membros de um pequeno ramo Através de seus esforços durante C risto dos Santos dos Últim os Dias
pediram recentemente que fossem o ano passado, os m issionários foram e casaram-se, recentemente, no tem ­
enviados missionários para trabalhar apresentados a centenas de pessoas, plo. Quando recebemos notícias a úl­
com eles na propagação do Evangelho e trouxeram quatro fam ílias para a tim a vez, seu lar estava-se desmoro­
naquela área. Achavam que podiam Igreja. Este ótim o membro e seu com­ nando e ela me confiara a tris te situa­
conseguir pelo menos cinco reuniões panheiro no ensino fam iliar, prece­ ção. Mas hoje, recebi esta carta de
por semana para os missionários, dem diligentem ente os élderes e or­ dez páginas, explicando-me tudo so­
com amigos e vizinhos interessados. ganizam reuniões. Ele acha q ue .as bre a sua Igreja, e da mudança mara­
Os membros têm encontrado muitos pessoas o aceitam mais facilm ente, vilhosa que ocorreu em sua vida.
mais do que supunham, esperando porque é um habitante permanente Permitiu aos missionários ler a car­
ouvir sua mensagem. Durante os úl­ da área. Novamente, a unidade entre ta, que falava, em seu conteúdo, da
tim os três meses, os élderes realiza­ membros e m issionários tem trazido Sociedade de Socorro, Primária, Es­
ram de quatro a o ito reuniões por a luz e paz do Evangelho de Jesus cola Dominical, AM M e m uito mais.
dia. Tem havido tantas reuniões, que C risto à vida daqueles que procuram Leram, então, uma pequena nota ao
um dos m issionários escreveu na a verdade. pé da página, dizendo: “ Enviarei dois
parte de baixo de seu relatório sema­ Outro membro, a m uitos quilôm e­ m issionários à sua casa, para ensi­
nal: “ Prezado Presidente: Sinto muito. tros de distância, partilhou do Evan­ nar-lhes mais a respeito da Igreja."
Temos estado tão ocupados ensinan­ gelho correspondendo-se com um Depois de ouvir a mensagem dos
do, que não tivem os tempo de fazer amigo em Richmond, Virgínia, E.U.A élderes, ela disse, com lágrimas cor-

Janelro de 1974 21
“ . . .ela disse com lágrimas
rendo pela face: — Creio que o Se­ correndo pela face: — Creio que
nhor os mandou para nós. o Senhor os mandou para nós.”
Quando os membros e missionários
trabalham fervorosamente juntos, to r­
nam-se como um e o Senhor pode
usá-los para realizar seu propósito en­
tre seus filhos. O Senhor havia unido
os esforços deste membro devoto e
desses m issionários diligentes, para
levar a esta fam ília, instruções que,
caso seguidas, lhes trarão alegria e
paz acima da medida e a levará de
volta à presença de nosso Pai Celes­
tia l.
Vivemos hoje em uma época de
problemas e tum ultos. M uitas pes­
soas encontram-se aturdidas, desen
corajadas, confusas e procurando algo
melhor. O Senhor forneceu aquele “ Mas temos o plano de salvação Convidamos a todos os homens, em
“ algo m elhor” no Evangelho de Jesus adm inistram os o Evangelho: e o Evan­ todas as partes, a que se juntem
C risto. Ele demonstrou seu amor e gelho é a única esperança do mundo, a nós, a fim de que possamos receber
preocupação por nós em nossa época, o único caminho que trará paz à terra a bênção descrita por Paulo, quando
aparecendo a um profeta, revelando e corrigirá os erros que existem em escreveu que o Senhor, “ segundo as
o Livro de Mórmon e restaurando sua todas as nações." (“ To the Saints in riquezas da sua glória, vos conceda
Igreja com sua autoridade e poder. Great B rita in ", Ensign, setem bro de que sejais corroborados com poder
Nós temos a verdade, a autoridade e 1971, pp. 3-4.) pelo seu Espírito no homem interior:
o poder. É agora nossa responsabili­ “ Para que C risto habite pela fé nos
Irmãos e irmãs, temos o encargo
dade individual e fam iliar, assim vossos corações; a fim de, estando
de partilhar as “ riquezas incompreen­
como nossa alegria, com partilhar es­ arraigados e fundados em amor,
síveis" de C risto com todos os filho s
tas bênçãos com os outros. “ Poderdes perfeitam ente compre­
do Pai C elestial. Somos abençoados
O Presidente Joseph Fielding Smith, ender, com todos os santos, qual
por term os a promessa de Efraim de
ao dirigir-se à conferência da Igreja seja a largura, e o comprimento, e a
levar as bênçãos do Evangelho a eles.
da área britânica, disse: altura, e a profundidade,
Que possamos guardar o mandamento
“ Há apenas um plano de salvação. “ E conhecer o amor de C risto, que
de “ pregar o Evangelho a todos e le s ”
Há somente um meio de os homens excede todo o entendimento, para que
que ainda não receberam o reino, tra ­
obterem uma herança celestial de sejais cheios de toda a plenitude de
balhando unidos no grande esforço
glória eterna, e este meio é abando­ Deus.
m issionário do Senhor.
nar o mundo, te r fé no Senhor Jesus “ Ora, àquele que é poderoso para
C risto, entrar em seu reino pela por­ Cada um de nós pode dar um Livro fazer tudo m uito mais abundantemen­
ta do batismo, receber o dom do Es­ de Mórmon a um amigo ou colega de te além daquilo que pedimos ou pén-
p írito Santo, e depois guardar seus trabalho, cada um pode convidar al­ samos, segundo o poder que em nós
mandamentos. guém para v ir à sua casa e ser apre­ opera,
“ Respeitamos os filho s de nosso sentado ao nosso Pai C elestial, cada “ A esse glória na igreja, por Jesus
Pai pertencentes a todas as seitas, um pode escrever uma carta a al­ C risto, em todas as gerações, para
partidos e denominações, e não te ­ guém, compartilhando o testemunho todo o s e m p re .. . " (Efé. 3:16-21.)
mos outro desejo senão o de vê-los destas verdades reveladas e fazen­ Declaro solenemente a vocês meu
receber a luz e conhecimento adicio­ do-lhes um convite para que recebam testemunho de que Jesus é o Cristo,
nais que nos vieram através de reve­ o plano do Senhor. Sim, quando vocês que esta é a sua Igreja, e que o Pre­
lação, e de se tornarem, conosco, her­ cultivarem o desejo de ser um m is­ sidente Harold B. Lee é seu profeta e
deiros das grandes bênçãos da res­ sionário para o Senhor, ele abrirá o vidente ungido em nossos dias, em
tauração do Evangelho. caminho. nome de Jesus C risto. Amém.

22 A LIAHONA
Um Apóstolo Fala Às Crianças
ele providenciou que houvesse alguém para v ir
ao mundo e ajudar-nos para que possamos,
algum dia, vo lta r a ele.
Este alguém foi Jesus C risto, o Filho de
Deus. Ele é um filh o e spiritu al, como todos nós
somos, mas Jesus é também o Filho Unigênito
do Pai C elestial sobre a terra. E foi Jesus que
nos tornou possível sobrepujar a m orte. Tornou
possível ao nosso espírito e corpo serem um
novamente. Por causa dele, nós ressuscitare­
mos. Isto sig n ifica que nosso espírito e corpo
Élder Boyd K. Packer se reunirão novamente. Este é um dom rece­
bido dele. É por isso que ele é chamado de
rianças, há algo muito importante que nosso Salvador, nosso Redentor.

C quero dizer-lhes — algo de que, espero,


vocês se lembrem sempre.
Vocês sabiam que viveram antes de nas­
Mesmo sendo m uito jovens, vocês devem
saber a respeito de outro tip o de separação —
uma separação que é como uma segunda morte.
cer na terra? A ntes de nascerem para seu pai Esta é uma separação espiritu al de nosso Pai
e mãe, vocês viviam no mundo e spiritu al. C elestial.
Vamos fazer de conta, meus am iguinhos, Precisamos aprender a mantermo-nos es­
que minha mão representa o seu espírito. Está p iritua lm ente lim pos, para que não sejamos
vivo. Pode mover-se por si mesmo. separados de nosso Pai C elestial e possamos
Uma luva é como seu corpo. Não pode v o lta r a estar com ele, quando deixarm os esta
mover-se. Mas, quando seu espírito entrou no vida terrena. Quando Jesus vivia na terra, en­
corpo de vocês, então puderam m ovim entar-se, sinou que, se viverm os o Evangelho, permane-
agir e viver. Agora, são uma pessoa — um es­ cedemos e sp iritu alm ente lim pos. Mesmo quan­
pírito com um corpo — que vive sobre a terra. do com etem os erros, há um meio de nos to r­
Enquanto está vivo, o espírito que se en­ narmos lim pos novamente. Isto é o arrependi­
contra dentro de seu corpo, faz com que ele mento.
funcione, aja e viva. Mas não se intencionava Haverá ocasiões em que vocês com eterão
que ficássem os aqui na terra para sempre. erros. Haverá tem pos em que vocês im agina­
Algum dia, devido à idade, a alguma doença ou rão se podem vive r da m aneira que Jesus ensi­
um acidente, o espírito e o corpo serão sepa­ nou que deveríam os viver. Quando vocês fo ­
rados. Quando isto acontece, dizemos que a rem provados, quando estiverem desapontados
pessoa morreu. A m orte é uma separação — ou envergonhados, ou quando estiverem tris ­
uma separação do corpo e do espírito. tes, lembrem -se dele e orem ao Pai Celestial
Quando a luva, que é como o seu corpo, é em seu nome.
tirada do seu espírito, não se pode m over mais. Lembrem-se de que vocês são filh o s de
Sim plesm ente cai. Está m orta. Mas, a parte de nosso Pai C elestia l. Vocês viveram com ele
vocês que olha através de seus olhos e lhes antes de v ir para esta terra. Vieram à terra
perm ite pensar e s o rrir, a agir e saber, e a ser, para receber um corpo m ortal e para serem
esta é seu espírito e esta é eterna. Não pode provados. Nosso Pai C elestial nos ama, e te ­
m orrer. mos um Senhor e Salvador. Podemos vo lta r a
Quando nosso Pai C elestial nos tornou pos­ v ive r com ele novamente.
sível v ir a este mundo, tornou-nos também Agradeço a Deus por uma igreja onde vo­
possível vo lta r para ele, pois é nosso Pai e nos cês, nossas criancinhas, são mais preciosas do
ama. Não pensem que, por estarm os vivendo que todas as coisas. Agradeço a Deus por
nesta terra longe dele, e por não podermos nosso Salvador, que deixou que as criancinhas
vê-lo, ele nos tenha esquecido. viessem a ele. Ele é o C risto! Ele nos ama!
Criancinhas, nosso Pai C elestial sabia que Oro por vocês, nossos pequeninos, e peço a
precisaríam os de ajuda. A ssim , no seu plano, ele que os abençoe.

Janeiro de 1974 23
Levanta-te e Anda
odos os dias,as pessoas carregavam para está são diante de vós. Arrependei-vos, pois,

T o templo certo homem que era coxo de


nascença. Colocavam-no na porta, para
que pudesse pedir esm olas aos que ali entra­
e convertei-vos, para que sejam apagados os
vossos peca dos!”
M uitas das cinco m il pessoas que esta-
vam. vam na m ultidão acreditaram em Pedro. Mas
Um dia, Pedro e João, que tinham sido d is­ os sacerdotes e líderes do povo ficaram zan­
cípulos de Jesus enquanto ele vivia na terra, gados, quando o ouviram fa la r a respeito de
foram juntos ao tem plo na hora da oração. Jesus C risto e de sua ressurreição. A tiraram
Quando o coxo os viu, chamou-os. Pedro e João no cárcere.
Pedro e João pararam. Voltaram -se e v i­ No dia seguinte, Pedro, João e o homem
ram como o homem era coxo. Pedro IfTe disse: que havia sido curado foram levados diante
“ Olha para n ó s !” dos mesmos sacerdotes e legisladores que ha­
O homem levantou os olhos para os discí­ viam julgado Jesus. Exigiram saber por meio
pulos de Jesus, esperando receber deles uma de que poder e em nome de quem havia sido
moeda. curado o coxo.
Mas, ao invés disso, Pedro disse: “ Não te ­ Pedro respondeu: “ Seja conhecido de vós
nho prata nem ouro; mas o que tenho, isso te todos, e de todo o povo de Israel, que em nome
dou: Em nome de Jesus C risto, o Nazareno, le­ de Jesus C risto, o Nazareno, aquele a quem vós
vanta-te e anda.” cru cifica ste s e a quem Deus ressuscitou dos
Pedro, então, abaixou-se e tom ou o ho­ m ortos, em nome desse é que este está são
mem pela mão direita, levantando-o. Veio im e­ diante de vós."
diatam ente força para os pés e artelhos do ho­ Os o fic ia is não sabiam o que fazer. Reu­
mem, que haviam sido im prestáveis durante niram-se e decidiram que não devia ser perm i­
quarenta anos de sua vida. Ele levantou-se e tid o a Pedro e João ensinar em nome de Jesus.
andou, entrando no tem plo, saltando e louvando "Julgai vós se é justo, diante de Deus,
a Deus. ouvir-vos antes a vós do que a Deus? Porque
As pessoas que viram o coxo andando fic a ­ não podemos deixar de fa la r do que tem os visto
ram m aravilhadas, porque ele sem pre ficara e ouvido, responderam Pedro e João.
sentado na porta do tem plo, esm olando. Não Os o fic ia is fizeram outra advertência aos
podiam entender o que acontecera, assim , reu­ discípulos e então deixaram -nos ir, pois não
niram-se à volta de Pedro, João e do homem podiam encontrar m otivo para retê-los.
curado, maravilhando-se com o m ilagre. Mais tarde, quando os seguidores de Jesus
Quando Pedro os viu, perguntou: “ Por que se reuniram , ficaram tão cheios do Espírito
vos m aravilhais disto? Ou, por que olhais tanto Santo, que o lugar onde se encontravam mo­
para nós, como se por nossa própria virtu d e ou veu-se.
santidade fizéssem os andar este homem? Em E era um o coração e a alma da m ultidão
nome de Jesus C risto, o Nazareno, aquele a dos que criam , e g lo rificaram a Deus pelo m i­
quem vós cru cifica ste s e a quem Deus ressus­ lagre que tornou possível ao coxo andar. (Atos
citou dos m ortos, em nome desse é que este 3-4:)

Janeiro da 1974 25
O Cavalo Marinho
s cavalos-marinhos podem ter de 2,5 cm
a 25 cm, desde a extrem idade do fo c i­
nho até a ponta do rabo, mas a m aioria
deles têm aproxim adam ente sete a dez centí­
m etros de com prim ento.
O rabo do cavalo-m arinho é usado para
enrolar-se nos objetos. Com ele, o cavalo-ma­
rinho pode agarrar-se aos seus irmãos e irmãs,
aos corais, às raízes da vegetação ou às con­
chas.
Ele não tem dentes. Seu nariz com prido
tem uma pequena saliência na extrem idade,
que se abre e se fecha rapidam ente, apanhando
outros pequenos anim ais ou vegetação m ari­
nhos.
A cor do cavalo-m arinho pode variar de
acordo com as mudanças de tem peratura e
gm biente, de m arrom para preto ou para uma
cor pálida, a fim de confundir-se com as plan­
tas aquáticas e torn ar mais d ifíc il de ser visto.
O cavalo-m arinho tem olhos estranhos.
Não tem pálpebras. Seus olhos podem m ovi­
mentar-se em direções diferen tes ao mesmo
tem po. Ver a com ida à fren te e também um
bom petisco atrás deve torn ar d ifíc il a escolha
sobre o que com er.
Uma outra coisa estranha na vida d<f^ca-
valo-m arinhp^é que a fêmea põe aproximada­
mente duzáuTjès ovos durante^o períoc» deaca-
salam ente na prim avera ou v e ^ o . t^F fl^rfía ch o
c a r r e g ^ j^ s e s ovos em um # bcísa~ durante
cerca de_quarenta-e-cinco diare. Cjjando saem
do ovo, o s p e q u e i^ n o s cavaloívm grinhos são t i­
rados dalTpe
Viagem Qual o caminho mais
curto entre a Terra e
A Marte Marte?


k T A Por
; Brincadeira
Sol

! Terr» 'V

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Quem
Quebra-Cabeças do Grande Casco Está
Preencha todos os espaços que
tenham um ponto e encontre
C cr*' Aqui?
um réptil interessante. »•

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5* 32 S O 26.

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Janeiro de 1974 27
O Vendedor De Flores De Manila
ostumeiramente, Tamayo gostava do dia o vendedor de flo re s hoje? perguntou.

C de compras no mercado em Manila.

Apreciava os sons alegres e os bons aro­


Tamayo sentiu seu rosto enrubescer, quan­
do explicou polidam ente: — Vovó não pôde vir.
— Você precisa arrum ar as flores de
mas do mercado. Gostava da maneira como o modo bonito, — disse a Senora Andino.
sol brilhante reluzia nos cestos de flo re s, nas — Da mesma form a como ela o faria, —
bijuterias de m adrepérola e na linha litorânea concordou Tamayo.
do oceano azul. Mas, hoje não estava feliz. Ele arrum ou as m argaridas verm elhas e
— Nossa vizinha, a Senora O lid, está amarelas, as belas rosas encarnadas e os
doente e preciso cuidar dela, dissera sua avó. grandes lírios brancos. Deu, então, um passo
— Precisamos de dinheiro para os alim entos atrás para contem plar sua obra.
e, portanto, as flo re s precisam ser vendidas. O arranjo não era tão bom quanto havia
Não tenho ninguém, além de você, Tamayo, esperado, mas ele não sabia como melhorá-lo.
para levá-las ao mercado. Estava certo de que a Senora Andino o teria
— Somente m ulheres e meninas vendem
flores, — resmungou Tamayo para si mesmo
quando andava. — Espero que José não me
veja!
Tamayo havia saído cedo, tão cedo que o
sol ainda não despontara acima dos cumes das
montanhas. Passou pelo pequeno lago, meio
escondido entre as densas árvores e então
andou cuidadosam ente pelo cam inho que se
agarrava, como uma plataform a, à encosta da
montanha. Dali, teve o prim eiro relance do
oceano, respingado de barcos pesqueiros de
velas brancas.
Ao chegar à trilh a poeirenta que levava à
vila, viu grupos de m ulheres e m eninas levando
grandes cestas de flo re s na cabeça. Tamayo
observou o modo como o olhavam e escutou
seus com entários galhofeiros quando pas­
savam.
Isto era bastante ruim , mas Tamayo sabia
que seria pior mais tarde quando os homens
e m eninos viessem para o mercado, guiando
seus búfalos das índias carregados de cocos,
bananas e lenha para fogo. Como se ririam —
especialm ente José!
Sacudindo a cabeça, como se quisesse
tira r da mente este pensamento, Tamayo en­
caminhou-se para o lugar em que, costum ei­
ramente vovó ficava, perto da Senora Andino.
A senora olhou-o curiosam ente. — É você
ajudado, se já não estivesse ocupada com seus emproado, na praça. Isto sig n ifica problemas
fregueses. Tudo o que Tamayo podia fazer era para alguém.
apenas esperar e desejar que alguém com ­ O coração de Tamayo parecia fic a r de ca­
prasse dele. beça para baixo. Sabia, pelo modo como José
Quando os prim eiros raios do sol aparece­ estava sorrindo, que já havia visto o novo ven­
ram por sobre os telhados fe ito s de folhas de dedor de flo re s. Tamayo ficou arrasado. So­
palm eiras da vila, Tamayo ouviu o barulho dos mente a lembrança do desapontam ento de
cascos dos burros nos paralelepípedos da rua. vovó, se ele voltasse para casa com as mãos
Os homens e m eninos vinham chegando! Ta­ vazias, evitou que fugisse.
mayo recuou para um canto, desejando poder José parou à sua fre n te . Agarrou um ra­
esconder-se e esquecer tudo o que se referia m alhete de m argaridas, fazendo-as em peda­
à venda de flores. ços e atirando-as ao chão ao zombar:
Repentinamente, a Senora Andino excla­ — Vejam só a menina Tamayo vendendo
mou: — Veja! Lá está José, entrando, todo capim!
A fú ria cresceu dentro de Tamayo, quan­
do se lembrou de quanto vovó havia trabalhado
para fazer com que suas flo re s crescessem
belas e fo rte s. Esquecendo-se de te r medo,
ele andou em direção a José e gritou: Pare!
Saia da minha fren te, pequena senorita, —
ordenou José, dando-lhe um empurrão.
Tamayo estatelou-se de com prido nos pa­
ralelepípedos. Ouviu a risada de mofa de José,
nquanto o valentão prosseguiu atravessando
m ercado. Tamayo levantou-se, esfregando
s machucados.
— Aquele José é um malvado, — resmun­
gou a Senora Andino, com seus olhos escuros
faiscando.
— Você ainda tem sorte. Ele poderia te r
ito m uito pior.
Tamayo olhou triste m e n te para sua camisa
. — É mesmo. Espero que ele não volte.
O dia passou e as som bras foram-se es-
ndo. Finalm etne o sol levou sua luz para
traz do horizonte longínquo. O coração de Ta-
mayo estava alegre: Ele havia vendido todas as
flo re s e m uitas moedas tilin ta va m em seus
bolsos.
Vovó ficará feliz, pensou ele. Mas agora
preciso apressar-me para chegar em casa antes
que escureça. Repentinamente, Tamayo sobres-
saltou-se. Supôs que José estivesse embos­
cado em algum lugar do caminho!
Mas, a despeito de seus receios, Tamayo
iniciou a caminhada poeirenta. A brisa estava
fresca, depois do calor do dia, ele podia sentí-
la atravessando sua camisa rasgada, enquanto
andava pesadamente pelo cam inho de patama­
res na encosta do monte.
Tamayo estava passando pelo pequeno
lago entre as árvores, quando um g rito próxi­
mo fê-lo estacar. Ficou quieto, prestando
atenção. — Talvez tenha sido apenas o vento,
— disse finalm ente. — Ou um pássaro de canto Teve que em pregar toda a sua força, mas,
noturno. vagarosa e deliberadam ente, Tamayo conse­
Então, ouviu novamente o som. guiu perfazer a distância até a margem. Quando
— Socorro! finalm ente a alcançaram, ele e José deixaram-
Como um raio, Tamayo correu para olhar se cair na lama, exaustos e trem endo.
entre ramos baixos dependurados das árvores. Quando José recobrou fôlego bastante,
A vários m etros da margem, pôde ver alguém m urm urou: — M uitos agradecim entos a você,
agarrado a um tronco e lutando selvagem ente Tamayo.
na água. — Por que você estava nadando, José? —
— José! — Espantou-se Tamayo. perguntou Tamayo. — Já está quase totalm ente
Ele hesitou durante um m omento. Mas, escuro.
fosse o que fosse que José tivesse fe ito , era José correu os dedos pelo seu cabelo mo­
necessário te n ta r salvá-lo. lhado. — Meus pés estavam cansados. Eu que­
Enquanto tirava a camisa e as calças, Ta­ ria apenas andar um pouco na água rasa, mas
mayo gritou: — Segure-se, já vou indo. pisei em um buraco profundo. Então, acrescen­
Não foi fá cil para Tamayo ajudar o menino tou encabulado: — Não sei nadar. M inha sorte
m aior. José era forte, e agora se debatia em é que você sabe.
pânico. Uma vez quase puxou Tamayo para — E que passei na hora certa, concordou
baixo da água. Tamayo.
José baixou a cabeça. — Tenho fe ito coi­
sas erradas com m uita freqüência. Há muitas
pessoas que teriam -deixado que eu me afo­
gasse.
— Se' eu tivesse fe ito isso, eu também
estaria fazendo uma coisa errada, respondeu
Tamayo. — Foi isso que vovó me ensinou.
— Estou envergonhado de haver caçoado
de você e de tê-lo agredido, — continuou José.
— Você é valente. Eu gostaria de ser seu
amigo.
Tamayo sorriu e começou a v e s tir suas
roupas. — Então vamos, amigo, disse ele. —
Não estam os longe de nossas casas. Andemos
juntos.

30 A LIAH 0NA
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MISSÃO OA AUSTRÁLIA DO S V L % L o° '

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MISSÕES DA IGREJA DE JESUS CRISTO DOS


SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS
eorge trabalhou multo duran­

G te aquele primeiro inverno


frígido, vendendo suas ú lti­
mas agulhas, poucas e enferrujadas,
de porta em porta, por entre a neve,
Um Chamado mais tarde oferecendo sabão de po­

Do Profeta tássio, cera de abelha, flores de ca-


momila e outras coisas de uso do­
m éstico, até tornar-se, finalmente,
um m ercador preeminente, posição
que havia m uito desejava; e aí veio o
chamado. Um chamado do profeta
para se rvir em missão. Não foi para
a Escócia ou para as Ilhas do Pací­
fico, onde tantos irmãos haviam ser­
vido com distinção; nem era para
pregar o Evangelho eterno aos lama-
nitas, ou trabalhar no Canadá, onde
os conversos eram feitos às cente­
nas. Não, o chamado de George era
para coletar trapos. Ele era a piada
da cidade. Quase todos faziam algum
comentário a respeito de seu chama­
do, e até mesmo as pessoas mais
piedosas falavam sobre ele como “ a
vocação mais baixa que podia ser
seguida". O próprio George Goddard
escreveu:
“ (A missão) foi um golpe rude
para o meu orgulho n a tu ra l... De­
pois de ser conhecido na comunida­
de durante anos como mercador e
le ilo e iro ... ser visto nas ruas indo
de porta em porta com uma cesta

A LIAHONA
num braço e um saco vazio no outro, Embora tivessem o verdadeiro casas. Durante três anos, ele cole­
pedindo trapos em todas as casas. Evangelho, George precisava traba­ tou, indo três vezes a cada casa de
Oh, que mudança no aspecto dos ne­ lhar, pois estavam em setem bro, e Salt Lake e tendo contacto com quase
g ó c io s ... Quando o Presidente o inverno aproximava-se rapidamen­ toda fam ília de Springville, Provo,
Young fez inicialm ente a proposta, a te. E, embora a venda de porta em Am erican Fork, Lehi, W illow Creek,
humilhante perspectiva quase me porta trouxesse bons lucros entre os Big Cottonwood, Ogden City, Kays
atordoou.” gentios na Inglaterra, George achou Ward, Farmington, C enterville, Ses-
que nunca funcionaria com os santos. sions Settlem ent, Sanpete e até mes­
Um chamado assim degradante,
Tentou, assim, procurar outro empre­ mo algumas cidades do Estado de
no entanto, um chamado, e sua
go; de local a local, foi ele em busca Idaho. Uma vez que se tornou co­
resposta ao presidente da Igreja re­
de trabalho, candidatando-se mesmo nhecido, melhorou sua imagem de
fle tiu grandemente em sua formação
a servente de pedreiro nas constru­ coletor de trapos. Conseguiu até
e conversão à Igreja.
ções públicas, mas todas as suas que bispos fizessem “ sermões sobre
Trinta anos antes, George havia tentativas provaram-se inúteis. Em tra p o s” nos púlpitos de suas alas,
sido um próspero comerciante em suas buscas, entretanto, descobriu dizendo aos santos como os trapos
Leicester, Inglaterra. Mas a vida mu­ que as lojas de Salt Lake não tinham eram desesperadamente necessários
dara completamente para ele, Eliza- quantidade suficiente de agulhas, e, para a indústria de papel de Utah,
beth Goddard e seus oito filhos, por sorte, as agulhas eram justam en­ que periclitava. George planejou
quando se uniram à Igreja. O zelo te o maior carregamento de merca­ também dar às senhoras, mercado­
de George por sua nova religião era dorias que ele havia trazido da Ingla­ rias em troca dos trapos, e, quando
tão irrefreável, que todas as quartas- terra. Vendo o mercado assim, pegou chegou ao fim de sua missão, sua
feiras à noite, quando ocupava seu a velha caixa de charutos que havia lista de itens para troca estava bem
lugar no mercado, em vez de vender pedido em St. Louis para expor seus grande, incluindo tudo, desde botões
mercadorias por “ s h illin g s ” e libras aviamentos e começou novamente a de ágata até extrato de pêssego.
como os outros comerciantes, ele bater de porta em porta. Quando Ao trabalhar, tentando trocar tra­
pregava o Evangelho.| Conseqüente­ suas agulhas term inaram , George co­ pos por esses artigos, George tam­
mente, seus fregueses o deixaram meçou a vender os produtos fabrica­ bém coletava uma grande variedade
e, no prazo de oito meses após sua dos pelos próprios santos — tinta, de desculpas das senhoras.
conversão, chegou à bancarrota, sabão e fósforos produzidos em casa. E ele encontrou outros aspectos
tendo que deixar seus negócios nas Gradualmente, através dos anos e hum orísticos na sua missão. Diver­
mãos dos credores. com trabalho duro, ganhou mais e tia-se freqüentem ente, quando mães
mais preeminência na comunidade e, com criancinhas pequenas chorando
Parecia não haver esperança para
por volta de 1861, m uitos o consi­ repreendiam-nas dizendo: Olhe, se
sua vida, mas um dos irmãos de
deravam um dos cinco principais ne­ você não se calar, eu a darei ao ho­
George, tão aborrecido com a des­
gociantes do Vale do Lago Salgado. mem dos trapos. Notou que, embora
graça que a pregação do “ mormonis-
Foi então em 1861, quando havia parecesse um recurso terrível, sem­
m o" estava trazendo sobre a fam ília,
novamente alcançado destaque, que pre causava o efeito desejado.
logo aliviou sua situação, oferecen­
o profeta lhe pediu que deixasse tudo Logo term inaram os três anos de
do-se para enviar George e sua fa­
e coletasse trapos. Logo de início, sua missão. Ele a havia cumprido
mília para a Am érica, lugar que ele
ao ser-lhe apresentada a proposta, com sucesso. Ao aceitar o chamado,
descrevia como “ uma terra onde
pensou na humilhação, mas isto foi George pensara que a tarefa degra­
tolos e fanáticos podiam folgar em
somente a princípio. Mais tarde, dante de coletar trapos rebaixaria
serena tranqüilidade, ou os mórmons
escreveu: sua posição na comunidade. Mas es­
florescer como botões-de-ouro."
“ Apenas alguns momentos de re­ tava errado. Eis que a missão serviu
Assim , em outubro de 1851, Geor­ flexão lembraram-me de que viera apenas para fam iliarizá-lo intimamen­
ge, sua esposa e oito filho s partiram para estes vales das montanhas, te com toda a comunidade mórmon,
para a Am érica, no navio Essex. En­ desde minha terra natal, a Inglaterra, de forma que, quando do seu térm ino,
tretanto, nem tudo foi fá cil, pois a com o propósito de fazer a vontade ele era mais respeitado como mer­
dura viagem para Sião colheu, em de meu Pai C elestial; meu tem po e cador e líder do que antes.
vidas, seu tributo, especialmente posses estavam à sua disposição.” E, atualmente, é raro lermos de
entre as crianças. A fam ília de Geor­ George Goddard aceitou o cha­ George Goddard como secretário da
ge não se constituiu exceção. Uma mado. Escola dos Profetas, ou superinten­
criança faleceu no mar, outra em Possuindo tino com ercial, George dente das Escolas Dominicais de
Memphis, mais uma durante o duro programou o sistem a mais eficiente Salt Lake, ou quaisquer outras posi­
inverno em St. Louis e outras duas possível de coletar trapos. Iniciando ções que tenha ocupado. Não, a his­
morreram de cólera, nas planícies; na extrem idade de uma cidade, indo tória registra simplesm ente que
tudo isto durante a curta jornada de do leste para o oeste, batendo em George Goddard recebeu um chama­
vinte meses, mas, finalm ente, che­ toda casa, ele podia, em média, co­ do do profeta para coletar trapos, e
garam a Sião. letar trapos de uma em cadâ cinco o aceitou.

Janeiro de 1974 33
Histórias das Autoridades Gerais
me uma grande surra, mas teve que
Minha tira r o cachimbo da boca para fazê-lo.
Na realidade, eu não freqüentava a
Conversão igreja regularmente até servir na Ma­
rinha. Marchávamos para os servi­
pelo Presidente Hartmam Rector Jr. ços religiosos toda noite de domingo
do Primeiro Conselho dos Setenta
durante o treinam ento preparatório
para o vôo e, daquela época em dian­
te, assisti com regularidade. Li, tam ­
bém, vários livros sobre religião e
ponderei m uito sobre o assunto.
A mesma contradição ou inconsis­
tência que sentira em casa parecia
Connie. o
fambém percorrer esta experiência ano que eu
— a diferença entre o que é dito e a conheci

o que -é realmente praticado. Notei


isso nas igrejas cujas doutrinas es­
tudei, pois muitas vezes seus prin­
cípios não se enquadravam com as
Escrituras. Para mim, havia muitas
perguntas deixadas sem resposta.
Este
Se você não pode explicá-lo, então sou eu,
simplesm ente creia de qualquer fo r­ no mesmo
ano
ma, disse-me, certa vez, um m inistro.
A fé não exige que você faça coisa
alguma, a fé deixa que Deus faça
A fazenda de Rector. Missourl
tudo. Tenha apenas fé. Isto nunca
me pareceu certo.
eu pai foi-me um excelente Uma vez, passando pela estação
exemplo na infância. ferroviária de St. Louis (M issouri,
Era tão honesto e íntegro E.U.A.), encontrei um m inistro na
quanto qualquer homem que eu já cantina dos m ilitares. Convidou-me sentido para se viver, a opinião deles
tenha conhecido — inteiram ente a entrar em uma pequena sala de não a fazia assim. Disse que uma
justo em seus negócios com o pró­ conferências, para que pudéssemos vida limpa deveria ser altamente pre­
ximo. Estou convencido de que ele conversar. Perguntou-me se eu per­ zada e que, ao me casar — como
teria andado dez milhas para saldar tencia a alguma igreja; respondi-lhe certam ente o faria — deveria ser
um débito de dez centavos. Se desse que não. Disse-me que, em minha tão limpo e virtuoso moralmente
sua palavra, não era necessário ne­ carreira no serviço m ilita r eu me en­ quanto esperava que minha esposa
nhum contrato escrito. Compreendia contraria. sem dúvida, em certos fosse. Viver uma existência pura
que este era o único meio decente grupos que não seriam os melhores pode ser d ifíc il, mas bem valeria os
de viver. para mim, que haveria moças que meus esforços; uma das razões era
Entretanto, devo te r desejado um desejariam minha companhia e que que eu estaria mais capacitado a
sinal aparente quando criança. Esta­ meus amigos poderiam tentar con­ obter as forças e coragem necessá­
va confuso. Se ele era religioso, por vencer-me de que seria estúpido não rias para enfrentar os desafios de s i­
que não íamos à igreja? Se ele ne­ tira r vantagem dessas situações. Mas tuações d ifíceis do m ilitarism o. Dis­
cessitava de Deus, por que eu não ele me disse que conservar-se puro se também que seria melhor que eu
o via orar? Parecia-me. também, que e casto não era estúpido — era tomasse minhas decisões sobre isso
havia uma inconsistência ocasional m uito sábio; e que, embora houvesse naquele momento, enquanto ainda
em suas ações; por exemplo, uma muitos que pensassem que a vida de podia vê-lo por uma perspectiva im ­
vez ele me apanhou fumando e deu- Jesus C risto era inexpressiva e sem parcial.

34 A LIAHONA
Esse encontro fo i bem marcante ficou m uito interessada. e Deus. Eu não podia d iscu tir contra
para mim. Eu sabia que o que ele Em uma de suas cartas para mim, o que ofereciam, nem o desejava.
dizia era verdade, mas não com­ mencionou que dois rapazes haviam- Freqüentei a Igreja durante ape­
preendia naquela ocasião que me na visitado e ela lhes havia fe ito nas alguns domingos, antes que che­
havia decidido a seguir seu conselho. muitas perguntas sobre religião, para gasse o tempo de p artir para a Co­
Depois disso, enfrentei muitas situa­ as quais eles pareciam te r todas as réia. Quando fui para bordo do navio,
ções morais perigosas, mas, de algu­ respostas. Bem, isto me fez fica r no últim o dia de 1951, levei comigo
ma forma atravessei-as ileso, como um bocado zangado. O que estavam uma combinação tríp lic e (N.T. Con­
se alguém me estivesse protegendo. esses jovens fazendo, visitando m i­ junto dos livros: Livro de Mórmon,
O desejo de saber a verdade inten­ nha esposa, mesmo que fosse em Doutrina e Convênios e Pérola de
sificou-se à medida que estudei e nome de uma igreja, enquanto eu Grande Valor em um só volume) e
orei. Freqüentei prim eiro uma igreja estava fora? Não gostei disso, espe­ Regras de Fé, de James E. Talmage.
e depois outra, mas havia algo fa l­ cialm ente porquês eles estavam res­ Li as Regras de Fé durante o prim ei­
tando em todas elas. pondendo às perguntas sobre as ro mês no mar. Uma noite, em 1.°
Fui desobrigado do serviço ativo quais eu estivera ponderando durante de fevereiro, ouvi ser anunciado pelo
da Marinha em 1947 e voltei ao meu toda minha vida. sistema interno de alto-falantes do
lar no M issouri. Lá, casei-me com a Quando vo ltei para casa, prove­ navio que os serviços religiosos dos
bela garotinha de cabelos escuros niente do Havaí, na prim eira noite, SUD se realizariam na biblioteca, às
que havia conhecido e cortejado bre­ Connie, minha m ulher, contou-me a 19h30m. Na hora aprazada lá fui, e
vemente quatro anos antes. Bem me história de Joseph Smith. Quando encontrei quatro jovens m uito pare­
lembro da prim eira vez que a vi. V i­ ela disse que ele tivera visões e cidos com os dois missionários que
nha andando pela rua. Eu tinha de­ recebera revelações, pareceu-me tão haviam batido em minha porta, em
zoito anos e ela quatorze — e eu ridículo, que ri em seu rosto, e isto San Diego. Disse-lhes que não era
soube imediatamente que ela era fez com que ela chorasse. Percebi, membro da Igreja, mas que estava
para mim. Falei-lhe naquele dia e então, o quanto esta história real­ interessado em estudar a seu res­
ficamo-nos conhecendo, e, mais tarde mente significava para ela, e abran­ peito. Deram-me as boas-vindas com
eu lhe disse que teria quatro anos dei-me, dizendo: — Bem, o mínimo m uito entusiasmo.
para crescer, porque eu ia para a que posso fazer é ler algum mate­ Quando chegamos ao Japão, em
Marinha, mas voltaria e me casaria rial deixado por eles para seu estudo. fins de fevereiro de 1952, o grupo
com ela. Mal havia começado a ler o Livro decidiu que eu estava pronto para o
Assim , quatro anos mais tarde, de Mórmon, soube que finalm ente batismo. Assim , acompanharam-me
cumpri minha promessa, voltando a havia descoberto aquilo pelo que até a casa da Missão Japonesa, onde
cortejar minha querida, e nos ca­ estivera procurando. fui entrevistado e recebi uma reco­
samos cinco meses depois. Após o Quando lia Primeiro Néfi, lembro- mendação. No dia 25 de fevereiro de
casamento, liamos e debatíamos jun­ me de haver dito para mim mesmo: 1952, no jardim atrás da casa da
tos a Bíblia. Depois do nascimento — Deus amado, que isto seja ver­ Missão Japonesa, a uma temperatura
de nossos dois filhos, fui reconvo- dade; por favor, faze com que isto de um grau centígrado abaixo de
cado, com outros aviadores navais, seja a verdade — pois se o for, res­ zero, a onze m il quilôm etros de
para participar no co nflito coreano. ponde a todas as perguntas que minha casa no M issouri, fu i batiza­
Fui designado para um esquadrão tenho tentado esclarecer durante do. Mais tarde, fui confirmado um
cuja base era em San Diego, Cali­ toda minha vida. — Eu não havia te r­ membro da Igreja de Jesus C risto
fórnia, e depois mandado ao Havaí, minado Segundo Néfi, quando soube dos Santos dos Ú ltim os Dias. Minha
para treze semanas de treinam ento que era verdadeiro. esposa foi batizada quatro dias mais
especial. Deixei minha pequena fa­ Fizera uma oração sim ples ao Se­ tarde, em San Diego, C alifórnia,
m ília em San Diego. nhor durante m uitos anos: “ Deus E .U .A . Nossa busca havia chegado
Mal eu havia partido e minha es­ amado, por favor, mostra-me a ver­ ao fim .
posa mudado nossos pertences para dade. Por favor, guia-me à verdade". Mais uma vez, o Senhor havia con­
a casa alugada, os m issionários mór­ Havia procurado a herdade em firm ado sua palavra: “ Pedi, e dar-se-
mons vieram e bateram em sua porta. m uitos lugares. Agora, aqui estavam vos-á; buscai, e encontrareis; batei,
Estavam fazendo contatos e, muitas dois rapazes, trazendo-a bem para a e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que
das questões que debateram com ela minha sala de visitas. E, embora eles pede, recebe; e, o que busca, encon­
eram as mesmas sobre as quais ha­ fossem m uito jovens, tinham, com tra: e, ao que bate, se abre.’ (Mat.
víamos ponderado juntos; assim, ela eles, grandes poderes — a verdade 7:7-8.)

36 A LIAHONA
É nossa obrigação prestarmos testemunho ao nosso próximo

Sobre As Planícies
Da Judéia
Élder Bruce R. McConkie
do Conselho dos Doze

edro disse: “Se alguém falar, “ Ele é o Filho de Deus, supremo e

P fale segundo as palavras de


Deus” (1 Pedro 4:11), o que
significa que deve ser guiado pelo
puro;
Veio à terra para milha alma salvar
Do pecado e da m orte e do tú m u lo.”
poder do Espírito Santo; e é isto que, Bem, a salvação está em C risto.
acima de tudo o mais, desejo neste Ele é nosso Salvador e Redentor.
momento. Veio ao mundo para redim ir os ho­
Aconselhei-me com o Senhor quan­ mens da morte temporal e espiritual,
to ao que deveria falar; fiz-lhe algu­ trazidas ao mundo pela queda • de
mas sugestões quanto ao que achava Adão, e deu-nos um plano e sistema
apropriado, sujeito, é claro, à sua de salvação que é chamado de o
cooperação aprovadora; recebi essa Evangelho de Jesus C risto. Este
cooperação; e se eu puder agora re­ Cuidando os pastores das ovelhas à plano é que todos os homens, em
ceber uma língua com a qual me noite, todas as partes devem te r fé em
possa expressar bem e vocês pude­ Viram uma luz brilhante e gloriosa, C risto; devem arrepender-se de seus
rem receber um ouvido atencioso, Enquanto corais sagrados da abóba­ pecados; devem fazer convênio nas
então, todos juntos seremos edifica- da celestial águas do batismo de guardarem os
dos à medida que procuramos, ago­ Viam o próprio Filho de Deus fazer mandamentos e~servirem a Deus com
ra, adorar ao Senhor em espírito e do barro morada. todo seu coração, poder, mente e
em verdade. E doces vozes cantavam este es- força; para que possam então rece­
Escrevi um trecho que denominei trib ilh o : ber o dom e companhia do Santo
de “ Sobre as Planícies da Judéia". “ Glória a Deus nas alturas; Espírito e daí por diante viverem em
A li estava eu sobre as planícies da E paz, boa vontade aos homens na retidão e fidelidade todos os seus
Judéia, terra; dias, com a certeza e promessa de
E ouvi sons e melodias celestiais; É este o dia do nascimento de que, assim fazendo, terão paz nesta
Ouvi um anjo, livre de pecado, Jesus." vida e glória eterna na existência
Anunciar o nascimento do descen­ A mim, veio-me este firm e teste­ vindoura.
dente de Davi. munho: Ora, somos os agentes e repre­

Janelro de 1974 37
sentantes do Senhor. Ele nos deu a aos homens m ortais e, mais uma vação para todos os homens, em
plenitude de seu Evangelho eterno. vez, temos todas as leis e prerroga­ todas as partes.
Os céus foram abertos em nossos tivas, possuindo todos os poderes E ele nos deu a mesma delegação
dias. Ouve-se novamente a voz de que são necessários para salvar e dada às pessoas dos dias antigos
Deus. Anjos têm vindo de sua pre­ exaltar uma alma humana. Temos que possuíam poderes sim ilares; so­
sença. Chaves e poder, autoridade e neste reino, nesta Igreja, as chaves mos designados a levar sua palavra
Sacerdócio foram novamente dados do reino de Deus, as chaves de sal­ a todo o mundo e fazer com que a
salvação seja acessível a todos os
seus filhos, em toda parte. Isto nos
impõe a obrigação de aprender como
“T e m o s .. .as chaves de
farem os isto, esta coisa de tal mag­
salvação para todos nitude, incomparável e transcendente.
os homens, em Como vamos proclamar as verdades
todas as partes.” salvadoras entre nosso próprio povo
e levar a mensagem da restauração
ao mundo?
Isto envolve alguns princípios eter­
nos, e, o que fazemos em nossos
dias não é apenas o mesmo em prin­
cípio, mas é exata e precisamente o
que os profetas e homens justos
têm fe ito em todas as épocas pas­
sadas.
Nos prim eiros dias desta dispen-
sação, o Senhor disse: “ . . . os élde­
res, sacerdotes e m estres desta
igreja deverão ensinar os princípios
do meu Evangelho que estão na Bí­
blia e no Livro de Mórmon, nos quais
se acha a plenitude do Evangelho.''
(D&C 42:12.) De outra vez, disse
que éramos enviados “ para te s tific a r
e prevenir o p o v o ..." (D&C 88:81.)
Suponho que estas duas designa­
ções — por um lado, ensinar as
doutrinas do Evangelho, e por outro
te s tific a r pelo conhecimento pessoal
que sabemos verdadeiras as coisas
que estamos proclamando — são per­
feitam ente ilustradas no m inistério
dos filho s de Mosiah. O registro diz
que “ eram homens de inteligência
sã ” , que ‘ haviam examinado diligen­
tem ente as Escrituras para poder co­
nhecer a palavra de Deus. E não só
isso; tinham-se entregado a muitas
orações e jejuns; por isso tinham o
espírito de profecia e de revelação,

A LIAHONA
e quando ensinavam faziam-no com mente aquilo, fornecendo-lhe expe­ dos mortos. Eles poderiam te r ten­
poder e autoridade de Deus” . (Al. riências espirituais, perm itindo que tado fazer isso citando Isaías ou
17:2-3.) sobre ele pousasse o poder do Santo arrazoando através das revelações, o
Isto nos dá duas premissas. Por Espírito. que, decerto fizeram ; mas, depois de
um lado, somos obrigados e nos é Vocês devem lembrar-se, por exem­ havê-lo fe ito , deviam prestar um tes­
exigido que conheçamos as dou tri­ plo, de que Pedro e alguns outros temunho pessoal; e leio agora um
nas da Igreja. Devemos entesourar dos Doze, juntam ente com um pe­ exemplo de tal testemunho, presta­
as palavras de vida eterna. Devemos queno grupo de santos, estavam reu­ do por Pedro. Disse ele a um grupo
arrazoar tão inteligentem ente quanto nidos em uma sala no andar superior; de gentios reunidos:
pudermos. Devemos usar toda apti­ que o Senhor Jesus apareceu; que “A palavra que ele enviou aos
dão e capacidade com que somos do­ as pessoas que ali estavam reunidas filh o s de Israel, anunciando a paz por
tados para proclamar a mensagem de ficaram terrificadas e amedrontadas; Jesus C risto (este é o Senhor de
salvação e torná-la inteligível para e que o Senhor lhes disse: “ Por que to d o s );
nós mesmos e para os outros filhos estais perturbados, e por que sobem “ Esta palavra, vós bem sabeis,
de nosso Pai. Mas, depois de haver­ tais pensamentos aos vossos cora­ veio por toda a Judéia, começando
mos fe ito isso, e também durante o ções? Vede as minhas mãos e os pela Galiléia, depois do batismo que
processo de fazê-lo, somos obriga­ meus pés, que sou eu mesmo: apal­ João pregou;
dos a prestar testemunho — para pai-me e vede; pois um espírito não “ Como Deus ungiu a Jesus de Na­
fazer com que o mundo, assim como tem carne nem ossos, como vedes zaré com o Espírito Santo e com v ir­
nossos companheiros da Igreja sai­ que eu tenho." (Lucas 24:38-39.) tude; o qual andou fazendo bem, e
bam — que em nossos corações, Eles estenderam então, as mãos, e curando a todos os oprim idos do
através da revelação do Santo Espí­ sentiram as feridas que marcavam diabo, porque Deus era com ele.
rito às nossas almas, sabemos da ve­ seu corpo. Pediu alim ento e comeu-o “ E nós somos testemunhas de to ­
racidade e divindade da obra e das diante deles. das as coisas que fez, tanto na terra
doutrinas que ensinamos. Tomé estava ausente nessa oca­ da Judéia como em Jerusalém: ao
Deixem-me agora, com sua licença, sião e não acreditou no testemunho qual mataram, pendurando-o num ma­
usar uma ilustração clássica dos re­ dos discípulos, seus companheiros; deiro.
gistros antigos de como isto é fe ito. oito dias depois, o Senhor fez uma “ A este ressuscitou Deus ao te r­
Pedro e seus companheiros tinham aparição semelhante a todo o grupo ceiro dia, e fez que se manifestasse,
o mesmo dever, em seus dias, que e lhe disse: “ Põe aqui o teu dedo, “ Não a todo o povo, mas às tes­
temos nos nossos: levar a mensagem e vê as minhas mãos; e chega a tua temunhas que Deus antes ordenara;
da salvação aos extrem os da terra. mão, e mete-a no meu lado; e não a nós, que comemos e bebemos jun­
Suponho que Pedro leu e ensinou as sejas incrédulo, mas cren te.” Tomé tamente com ele, depois que ressus­
revelações que Isaías e os profetas disse: “ Senhor meu, e Deus m e u !” citou dos m ortos.
fizeram a respeito de C risto e seu (Vide João 20:24-28.) “ E nos mandou pregar ao povo, e
Evangelho. Ele arrazoou com o povo Tudo isto foi fe ito para m ostrar te s tific a r que ele é o que por Deus
a respeito delas. Seguiu o conselho que Jesus se havia levantado do tú ­ foi constituído juiz dos vivos e dos
divino: “ Vinde então, a a rgüí-m e,... ” mulo com um corpo tangível. Era a m ortos.” (Atos 10:36-42.)
(Isa. 1:18.) Ele obedeceu ao decre­ form a de o Senhor dar a Pedro e Segue-se, aí, esta declaração com­
to divino: “ ...tra z e i as vossas fir ­ seus companheiros um testemunho preensiva e que inclui tudo: “ A este
mes razões.” (Isa 41:21.) da veracidade e divindade de sua f i­ dão testemunho todos os profetas,
Mas, ele fez algo mais do que isto. liação. Se ele se levantara dos mor­ de que todos os que nele crêem
Depois de haver ensinado as doutri­ tos, era o Filho de Deus; se era o receberão o perdão dos pecados pelo
nas e após haver arrazoado, prestou Filho de Deus, então o Evangelho de seu nom e.” (Atos 10:43.)
seu testemunho pessoal da veraci­ salvação que eles estavam procla­ Deixem-me ler um outro teste­
dade e divindade daquilo que estava mando era verdadeiro; assim, o de­ munho que Pedro prestou:
apresentando a seu próxim o; e o ver deles era estabelecer, na mente “ Porque não vos fizemos saber a
Senhor preparou-o para fazer exata­ dos homens, que Jesus se levantara virtude e a vinda de nosso Senhor

Janeiro de 1974 39
Jesus C risto, seguindo fábulas a rti­ meio. Ele é a pessoa que viveu em grandes hostes da Israel dos ú lti­
ficialm ente compostas: mas nós mes­ minha casa, em Capernaum. Senti mos dias, que tem este conhecimen­
mos vimos a sua majestade. então as marcas dos cravos em suas to. Sei, por mim mesmo, da veraci­
“ Porquanto ele recebeu de Deus mãos e pés. Coloquei a mão em seu dade e divindade desta obra e da
Pai honra e glória, quando da magní­ lado. Estava lá, quando ele comeu e doutrina que agora prego.
fica glória lhe foi dirigida a seguinte bebeu diante de nós. Sei que ele é Começamos com “ Sobre as Planí­
voz: Este é o meu Filho amado, em o Filho de Deus. O Santo Espírito de cies da Judéia." Terminemos com
quem me tenho comprazido. Deus prestou este testemunho à “ Em Um Aposento Superior."
“ E ouvimos esta voz dirigida do minha alm a" — se ele lhes dissesse Sentamo-nos para a ceia, nossas al­
céu, estando nós com ele no monte isso, nada sobraria para debate. Não mas doloridas,
santo.” (2 Pedro 1:16-18.) se pode d iscu tir com esse tipo de Pois os iníquos ao nosso Senhor
Não deprecio de form a alguma o apresentação. Poder-se-á dizer, como haviam morto:
dever que repousa sobre nós de falou Festo a Paulo: “ Estás louco, Nós o víramos sobre a cruz da con­
sermos eruditos do Evangelho, bus­ Paulo: as m uitas letras te fazem de­ denação;
carmos as revelações, aprendermos lira r" (Atos 26:24), mas, em últim a Seu corpo depositado no sepulcro
como raciocinar e analisar, de apre­ análise, tudo o que se pode fazer é de José.
sentar a mensagem de salvação en­ aceitar ou rejeitar o testemunho que Então, ao lado de nossa mesa, lá
tre nós mesmos e ao mundo com é prestado. Ou é verdadeiro ou falso. estavam mais uma vez:
todo o poder e capacidade que pos­ Não há meio-termo. Ele vive, ele vive — agora, como
suímos; mas somente esta posição Agora, como é que se prova e es­ antes!
não é suficiente. Quando tudo isto tabelece que o Pai e o Filho apare­ Ele comeu, depois bebeu; nós vimos,
tiv e r terminado, temos que cum prir ceram a Joseph Sm ith; que anjos depois sentimos,
o mandamento que o Senhor nos deu vieram em nossos dias; que houve Ao nos ajoelharmos a seus pés,
nestes dias: “ .. .vós sois as minhas uma restauração do Evangelho; que reverentem ente.
testemunhas, diz o Senhor, eu sou todas as coisas gloriosas que apre­ A Tomé, veio um manso mandamento:
Deus.” (Isa. 43:12.) Precisamos pôr sentamos ao mundo são verdadeiras? “ Apalpa minhas mãos, elas são as
um selo de aprovação divino sobre Bem, arrazoa-se através das revela­ mesmas
a doutrina que ensinamos, e esse ções. Pode-se fazer um bom caso; e De quando fui pendurado no madeiro,
selo é o do testemunho, o selo de isto não é problema. A verdade está E sofri a morte por mim e por ti."
um conhecimento pessoal prestado conosco. O Senhor é o autor do sis­ A mim, disse ele em tons solenes:
pelo Espírito Santo. tema que recebemos. Mas, depois de “ Apalpa meu corpo; é de carne e
Bem, Pedro poderia te r arrazoado arrazoar e analisar, você tem que se ossos."
muito e, depois disso, o povo pode­ apresentar como uma testemunha Minha alma gritou: “ Inclinai-vos sob
ria te r discutido com ele e dito: pessoal que sabe o que está dizendo. o seu cetro;
“ Você não entende as Escrituras. Tem que fazer como os filh o s de Aclamai-o Salvador, Senhor e D eus!”
Suas interpretações estão erradas. Mosiah — falar e ensinar pelo espí­ E destas coisas eu te s tific o , so­
Isto ou aquilo não é certo." Mas não rito de profecia e pelo espírito de lene e sobriamente, com pleno co­
se pode d iscu tir com um testemunho; revelação; e o resultado é que se nhecimento daquilo sobre o que falo.
assim, depois de haver arrazoado, se falará como alguém que possui auto­ Em nome do Senhor Jesus C risto.
Pedro lhes dissesse, como deve te r ridade. Esta é a grande coisa que Amém.
fe ito em essência e como pensamen­ nos separa do mundo, e sejam da­ 1. “ T e m o s ... as chaves de salva­
to principal em muitas ocasiões, se das graças a Deus por term os este ção para todos os homens, em
lhes houvesse dito: “ Eu estava no conhecimento. Nós recebemos esta todas as partes."
aposento superior. O Senhor Jesus revelação e podemos falar como
veio através da parede. Ele nos apa­ aqueles que possuem autoridade.
2 “Somos obrigados a prestar testemunho...
receu. Eu o reconheci. Era a mesma E tanto, com todo o vigor de mi- que em nosso âmago, através da revelação
pessoa com quem eu havia trabalha­ nh'alma, fazê-lo nesta ocasião, por­ do Santo Espírito à nossa alma, sabemos
da veracidade e divindade da obra e das
do e viajado durante três anos e que sou um, entre m uitos, entre doutrinas que ensinamos."

40 A LIAHONA
Ser como Cristo é nosso marco, nosso objetivo

Que Classe De Homens?


“Como Eu Sou"
Élder Marion D. Hanks
Assistente do Conselho dos Doze

meu propósito hoje prestar pôr em liberdade os oprim idos."

E meu testemunho a alguns que


têm necessidades especiais,
e àqueles que aceitaram do senhor
(Lucas 4:18-19.)
Ensinou as parábolas da ovetha
desgarrada e da moeda perdida,
a comissão, fazendo com ele convê­ assim como do filh o perdido, e ceiou
nio de tentar satisfazer a essas ne­ com Zaqueu; advertiu os homens a
cessidades. im itar o ato compassivo do aviltado
Quando C risto pregou o Evangelho samaritano — “ Vai tu e faze o mes­
ao povo deste hem isfério, pergun­ m o.” Ele exaltou o humilde publi-
tou-lhe: “ . . . q u e classe de homens cano que, em contraste com o pre­
devereis ser?" e respondeu: “ Em sunçoso fariseu, “ nem ainda queria
verdade vos digo que devereis ser levantar os olhos ao céu, mas batia
como eu sou.” (3 Né. 27:27.) no peito, dizendo: ó Deus, tem mi­
Como cristãos, aceitamos reve­ sericórdia de mim, pecador!” (Lucas
rentemente esta instrução como nos­ 18:13) e enfrentou os acusadores da
so marco e nosso objetivo. m ulher arrependida.
Sabemos que C risto ama seu Pai. ficou dele e de sua própria missão Ele se encontra ligado tão intim a­
Ele veio ao mundo para fazer a von­ expiatória, embora m uitos dos que o mente ao seu próximo, que, em uma
tade do seu Pai, sabendo a parte que haviam seguido até ali, não mais de suas parábolas mais poderosas,
deveria cum prir, o preço que deveria andasem com ele. Proclamou o ensinou que o pão dado a um dos
pagar. arrependim ento e foi batizado por menores de seus irmãos é pão dado
Ele nos ama, e por nós cumpriu João no Jordão, ensinando a todos os a ele, assim sendo com qualquer bon­
sua missão mortal com sofrim ento homens que fizessem semelhante­ dade ou ato de generosidade, mise­
tão intenso e profundo, que o fez mente, prometendo aos obedientes ricórdia ou serviço. Negar ajuda a
sangrar por todos os poros. Ele nos e fié is a bênção do Espírito Santo. um dos menores de seus irmãos,
comprou com seu sangue, trouxe-nos C risto sabe o valor das almas. disse ele, era negá-lo.
o dom da imortalidade e nos tornou Ele veio como havia profetizado Sua mensagem é de esperança,
possível todas as coisas boas e amá­ Isaías e como afirm ou na sinagoga promessa e paz àqueles que sofrem
veis agora e eternamente. de Nazaré: “ para evangelizar os po­ a perda de um ente querido: “ Assim
Era bondoso mas não tím ido. Ensi­ b re s ,... curar os quebrantados do também vós agora, na verdade, ten­
nou aos homens a verdade a respeito coração, a apregoar liberdade aoç des tristeza; mas outra vez vos ve-
de seu Pai, o Deus vivente, e te s ti­ cativos, e dar vista aos cegos; a reis, e o vosso coração se alegrará,

Janeiro de 1974 41
e a vossa alegria ninguém vo-la t i­ nina de nove anos de idade que viveu
rará." (João 16:22.) em 17 lares adotivos. Ela necessita
Aos solitários e desanimados e de alguém que chore com ela, e ria
àqueles que temem, chega sua a fir­ com ela, e a ensine e a ame.
mação segura: “ Não te deixarei, nem Há tantos que não são — ou acham
te desampararei.” (Heb. 13:5.) que não são compreendidos. Recen­
C risto compreende. “ Pelo que con­ temente, nossa fam ília visitou uma
vinha que em tudo fosse semelhante amiga íntima, Irmã Louise Lake, que
aos irmãos, para ser m isericordioso passou sua vida bondosa e despren­
e fie l sumo sacerdote naquilo que dida em uma cadeira de rodas, por
é de Deus, para expiar os pecados mais de um quarto de século.
do povo. Porque naquilo que ele mes­ Talvez devido a nosso filho de 12
mo, sendo tentado, padeceu, pode anos estar conosco, Irmã Lake falou-
socorrer aos que são tentados." nos sobre outra pessoa de 12 anos
(Heb. 2:17-18.) “ Porque não temos que havia conhecido em um centro
um sumo-sacerdote que não possa “ Aqueles que querem de reabilitação em Nova Iorque, onde
compadecer-se das nossas fraque­ estivera trabalhando. O rapaz era
seguir Cristo e ser a
zas; porém um que, como nós, em cego e durante a m aioria de seus
classe de pessoa que ele
tudo foi tentado, mas sem pecado." 12 anos, havia vivido uma existência
(Heb. 4:15.)
é, levantarão, como ele o tris te , sendo considerado ineducável,
Ele orou ao Pai por aqueles que fez, o arrependido que incapaz de aprender. Foi-lhe, então,
não eram obedientes, e chorou. sofre e pranteia por dada uma oportunidade, graças a
Chamou para junto de si as crian­ causa do pecado, e o Deus, e descobriu-se um espírito
cinhas e as abençoou, e chorou. abençoarão com amor maravilhoso e uma mente ótima. Ele
Ensinou-nos a orar. dissera a seu amigo que pensara
e perdão.”
Estas e muitas outras coisas ele durante toda sua vida que ser cego
ensinou e fez. Elas representam o era a pior coisa que podia acontecer
tipo de pessoa que era. mos sob convênio de representá-lo a alguém — até que conheceu Cam-
É claro que ele era mais: era o fielm ente e de fazer a vontade do py. Campy era Roy Campanella, um
Redentor Divino, o Salvador de toda Pai. grande atleta, que, no ápice de sua
a humanidade, o Primogênito no es­ Tudo o que nos cerca são oportu­ carreira, ficara fisicam ente incapaci­
p írito e o Unigênito na carne. Era nidades. tado, devido a um acidente automo-
o Príncipe da Paz. Ele “ veio ao mun­ Soubemos, outro dia, do menini- b iliístico . O rapazinho cego disse
do . . . para ser crucificado por ele, nho que havie perdido seu bichinho que, depois de conhecer Campy, de­
para carregar os pecados do mundo, de estimação e que, com lágrimas cidira que a condição do atleta era
e para santificá-lo e purificá-lo de nos olhos, procurou ajuda de sua pior do que não poder ver. Mas há
toda a iniqüidade; Para que por inter­ mãe ansiosa. Ela lembrou-lhe, gen­ algo ainda pior do que isto, disse
médio dele todos pudessem ser sal­ tilm ente, que havia fe ito todo o pos­ ele. Falou sobre se n tir o seu cami­
vos . . . " (D&C 76:41-42.) sível para encontrar o bichinho, sem nho pelo corredor do hospital,
O que ele fez por nós, nunca po­ obter sucesso. O que mais posso fa­ ouvindo o barulho dos pés das pes­
deríamos fazer por nós mesmos, e zer, filho? perguntou ela. A senhora soas ao passar por ele. Há algo pior
seu exemplo de amor e serviço, e pode chorar comigo, respondeu o ga­ do que ser cego ou aleijado, e isto
de procurar prim eiro o reino de Deus roto. é quando as pessoas não na compre­
é nossa estrela-guia e nosso cami­ “ Levai as cargas uns dos outros, endem, disse ele. Acho que eles
nho. e assim cum prireis a lei de C risto." pensam que, por ser cego, também
O que espera ele de nós? (Gál. 6:2.) não posso ouvir ou falar.
Ao seu chamado, comissionados Um bom amigo, que trabalha com Há alguém que sempre compreen­
com seu santo Sacerdócio, sendo criancinhas que têm dificuldades, fa­ de, e aqueles que procuram tornar-
seus agentes, a serviço, dele, esta- lou-me, recentemente, de uma me­ se a classe de pessoa que ele é,

42 A LIAHONA
precisam procurar compreender. Nun­ feta devido à iniqüidade do povo, Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi,
ca estamos realmente sós, quando descritas no registro como sendo mas agora te vêem os meus olhos.
amamos a Deus, e aceitamos a ami­ “ que não têm princípios nem senti­ Por isso me abomino e me arrepen­
zade de seu Filho amoroso. Lembro- m entos." O testemunho final de M ór­ do no pó e na cinza.” (Jó 42:2, 5-6).
me da mãe de 14 filhos que foi in­ mon a seu filh o querido incluiu esta Mas C risto nos levantará e nos
quirida quanto a se havia um favo­ maravilhosa advertência e e x p l ^ ajudará a nos tornarm os como ele é,
rito. Bem, disse ela, se tenho, é ção do efeito que os dons de C risto à medida que fazemos como ele fez;
aquela que está doente, até fica r boa, devem te r em toda nossa vida: Sê ao amarmos a nosso Pai e lhe dar­
ou o que está longe, até que volte fie l a C risto, meu filho , e oxalá não mos nossa vida; ao amarmos uns
para casa. Assim parece ser com o te aflijam as minhas revelações a aos outros e a todos os homens, e
Senhor. ponto de causar-te a m orte; possa aprendermos a viver sua palavra e
Depois de uma reunião com nos­ C risto te animar, e possam os seus a ensiná-la; crermos no valor das
sos soldados em DaNang, no Vietnã sofrim entos e m orte (e sua ressur­ almas e deixarmos que nossa vida
do Sul, falamos com um piloto que r ei çã o ), . . . sua m isericórdia e lon- seja a garantia de nossa sinceridade;
estivera m uito próximo da morte ganimidade, a esperança de sua gló­ prantear com os que pranteiam e
naquele dia, e que ainda se encon­ ria e vida eterna, permanecer em levar-lhes esperança; compreender e
trava abalado. Tle tinha um pedido teu espírito para sem pre." (M oroni, confortar aqueles que choram; cla­
a fazer, e o fez tim idam ente, não 9:25.) mar ao Senhor.
desejando abusar: Será que o senhor Cristo, em nossas vidas, não tem “ Sim, e quando não clameis ao
teria apenas um minuto, quando vol­ o propósito de nos a flig ir ou aca- Senhor, deixai que se encham vos­
tar para casa, Irmão Hanks, a fim de brunhar até a morte, por term os sido sos corações de constantes e fervo­
telefonar ou escrever um recado im perfeitos. Através dele, pode­ rosas orações pelo vosso bem-estar,
para meu filh o de 12 anos, para di­ mos ser elevados ao aceitar seus assim como pelo de todos que vos
zer-lhe que estou bem e que seu pai dons, m isericórdia e longanimidade. rodeiam.
está pensando nele? Ele foi orde­ Precisamos procurar manter essas “ E agora, meus queridos irmãos,
nado diácono no domingo passado bênçãos para sempre em nossa men­ eis que vos digo que isto não é tudo;
sem a presença de seu pai, e eu que­ te. “ Pois como pode um homem co­ porque, depois de haverdes pratica­
ro que saiba o quanto o amo. nhecer o mestre a quem não serviu, do tudo isto, se negardes ao neces­
Aqueles que se encontram mais que lhe é estranho e que está longe sitado e ao despido, e não visitar-
próximos de nós também necessi­ dos pensamentos e intenções de seu des os a flitos e doentes, nem repar-
tam de amor. coração?” (Mosiah 5:13.) tirde s o vosso sustento, se o tendes,
Há tantos que se afligem e estão Aqueles que querem segui-lo e ser com os que necessitam, eu vos digo,
acabrunhados, porque não se porta­ a classe de pessoa que ele é, levan­ se não praticardes nenhuma destas
ram de uma forma que sua própria tarão, como ele fez, o arrependido coisas, eis que vossas orações se­
consciência possa aprovar. Para eles, que sofre e pranteia por causa do rão baldadas e de nada vos valerão,
o Senhor ainda fala através de seus pecado, e o abençoará com amor e e sereis como os hipócritas que ne­
profetas antigos e modernos. Lem­ perdão. gam a fé ." (Al. 34-27-28.)
brem-se das palavras de Jacó a seus É claro que todo homem honesto, Deus vos abençoe para que olheis
irmãos: “ E agora, meus queridos ocasionalmente sente sua fraqueza e para o alto e em vosso redor e para
irmãos, vendo que nosso m isericor­ padece ao encarar suas insuficiên­ que vos ajoelheis, e sejais dignos, e
dioso Deus nos fez saber tanto so­ cias, ignorância e orgulho. Mesmo vos torneis a classe de pessoa que
bre estas coisas, lembremo-nos dele. Jó, aquele homem bom e piedoso, ele é, eu oro em nome de Jesus
Deixemos de lado nossos pecados e possuidor de uma fé que todas as C risto. Amém.
não inclinem os nossas cabeças, pois suas aflições não conseguiram es­ “ Aqueles que querem seguir C risto
que não fomos afastados d e l e . . . . " trem ecer, prestou seu testemunho e ser a classe de pessoa que ele é,
(2 Néfi 10:20.) ao térm ino de sua provação, quando, levantarão coma ele fez, o arrepen­
Na últim a carta registrada do gran­ vendo Deus, ele disse: “ Bem sei eu dido que sofre e pranteia por causa
de Profeta Mórmon a seu filh o Mo­ que tudo podes, e nenhum dos teus do pecado, e o abençoará com amor
roni, estão as lamentações do pro­ pensamentos pode ser impedido. e perdão."

Janeiro de 1974 43
O Evangelho, revelado através das Escrituras, deve ser a base para tomarmos decisões

O Livre Arbítrio
Do Homem
Élder John H. Vandenberg
Assistente do Conselho dos Doze

ra uma manhã hibernai de do­ de controle, relativa àquilo que ele

E mingo, ao sul de Nova Iorque.

A temperatura estava a vários


deseja ser. As forças governadas por
seu próprio raciocínio determinam a
natureza e qualidade da escolha feita.
graus abaixo do ponto de congela­ Assim é formado aquilo que chama­
mento. As calçadas apresentavam-se mos de caráter. Referimo-nos a este
escorregadias devido ao gelo, as es­ p rivilégio de escolha como o livre-ar-
tradas bloqueadas por enormes mon­ b ítrio do homem.
tões de neve. Ninguém veio à igreja Tem-se dito que “ todo dia é dia de
naquela manhã, a não ser o m inistro eleição, pois, durante todas as horas
e uma velhinha de 89 anos que havia de todo dia, cada um de nós exerce
coxeado dez quarteirões desde o lu­ seu d ireito de escolha. Não temos
gar onde morava. pode ser medida pela vontade do co­ que te r uma eleição local ou nacional,
ração. para que possamos eleger ou vo­
Surpreso ao vê-la, o m inistro cha­ Tais persuasões do coração estão ta r. . . . A eleição de um homem pode
mou-a pelo nome e perguntou: Como relacionadas com duas forças opos­ determ inar o voto decisivo a favor
é que a senhora chegou aqui numa tas, constantemente em funcionamen­ ou contra seu próprio s u c e s s o ...
manhã assim tempestuosa? to dentro de cada ser humano. São Você elege obter um conhecimento
Meu coração chega aqui prim eiro, as forças do bem e do mal, às quais com pleto de seus negócios ou não.
fo i sua alegre resposta, e então é fá­ o M estre se referiu como Deus e Você elege ser honesto ou não. Você
c il para o resto de mim. (Quote, 26 Mamom. Unido a estas forças, está elege guardar uma parte do que você
de janeiro de 1973, p. 5.) o poder de raciocinar do indivíduo, ganha ou não. Você elege fazer sem­
Esta sim ples ilustração lembra que o qual só o homem, de todas as cria­ pre o m elhor possível ou não. E, atra­
todas as pessoas se defrontam com ções de Deus, possui. Isto lhe per­ vés de sua própria escolha, você será
decisões a serem tomadas diariamen­ m ite efetuar escolhas. É sua válvula vencido ou obterá sucesso." (Jim
te, e, seja qual fo r a escolha, ela

44 A LIAHONA
Love, R&R Magazine, Research and servou seu prim eiro e s ta d o ... ” (Abr.
“O Senhor quer que
Review Service o f Am erica, Inc., vol. 3:27-28.) “ E ele se tornou S a ta ná s,...
10, p. 64.) o pai de todas as m entiras, para en­
nos familiarizemos
Nosso Pai Celestial estava ciente ganar e cegar os homens, e levá-los com seu Evangelho,
da realidade deste princípio de livre cativos à sua vontade, mesmo a to ­ que o testemos, que
arbítrio no início. Lemos, com alguns dos quantos não ouvirem minha voz." o provemos, que dele
detalhes, nas Escrituras: (M oisés 4:4.) participemos e o
“ Ora, o Senhor havia mostrado a Satanás rebelou-se contra Deus e
usemos como um
mim, Abraão, as inteligências que fo ­ “ procurou destruir o livre-arbítrio do
ram organizadas antes de e x is tir o homem, que eu, o Senhor Deus, lhe
alicerce sobre o
m undo;. . . tinha d a d o , . . . ” (M oisés 4:3.) qual baseemos
“ E Deus viu estas almas que eram Infelizm ente, m uitos não compre­ nossas decisões.”
boas. . . endem a qualidade e bênção desse
“ E havia entre eles um que era dom do livre-arbítrio do homem. Se
semelhante a Deus, e disse aos que simplesm ente pensássemos no assun­
se achavam com ele: Desceremos, to, chegaríamos à mesmo conclusão
pois há spaço lá, e tomaremos destes deste pensamento: “ A escolha é um
materiais e faremos uma terra onde elemento da dignidade humana. Sem vós, porque naquele que ele enviou
estes possam morar; o poder da escolha, um homem é não credes vós.
“ E prová-los-emos com isto, para m uito menos do que um homem. Sem “ Examinai as Escrituras, porque vós
ver se eles farão todas as coisas que o seu exercício, o homem nunca des­ cuidais te r nelas a vida eterna, e são
o Senhor seu Deus lhes mandar; cobre o que pode ser ou o que pode elas que de mim testificam .
“ E aos que guardarem seu prim eiro fazer. Ela é a chave para o fu tu ro .” “ E não quereis v ir a mim para ter-
estado lhes será a cre scid o ;. . . e os (George E. Farling, “ Youth Can't, But des vid a .” (João 5:37-40.)
que guardarem seu segundo estado M u st,” Weslyan Methodist.) O guia para a resposta ao problema
terão aumento de glória sobre suas Visto que Deus é o autor do livre- deles deveria ser encontrado nas Es­
cabeças para todo o sempre. arbítrio do homem, não deveríamos crituras. Ele os repreendeu por não
“ E o Senhor disse: A quem envia­ voltar-nos para ele com o fim de aceitarem as Escrituras que pos­
rei? E um respondeu semelhante ao obter o m elhor meio de ajudar-nos a suíam. O guia para a solução de to­
Filho do Homem: Eis-me aqui, envia- controlar nossas escolhas? O meio dos os problemas da vida deve ser
me.'' (Abraão 3:22-27.) E aquele dis­ que ele nos deu são as palavras ditas encontrado ali. O conhecimento onde
se: “ Pai, faça-se a tua vontade e seja pelos seus profetas, conform e estão buscar nosso raciocínio está nelas.
tua a glória para sem pre.” (M oisés registradas nas Escrituras. Jesus con­ Ouçam o conselho de Paulo a Timó­
4:2.) firm a isto ao responder aos judeus teo:
“ . . . E outro respondeu e disse: falsas de sua época, que o acusa­ “ E que desde a tua meninice sabes
Eis-me aqui. envia-me.” (Abr. 3:27.) vam de quebrar o sábado, curando as sagradas letras, que podem fazer-
“ Serei teu filh o e redim irei a hu­ um homem doente naquele dia. Em te sábio para a salvação, pela fé que
manidade toda, de modo que nem sua reprimenda a eles, Jesus incluiu há em C risto Jesus.
uma só alma se perderá, e sem dú­ estas palavras: “ Toda a Escritura divinamente Ins­
vida, o farei; portanto, dá-me a tua “ E o Pai, que me enviou, ele mes­ pirada e proveitosa para inspirar,
honda.” (Moisés 4:1.) mo te stifico u de mim. Vós nunca para redarguir, para co rrigir, para
“ . . . E o Senhor disse: Enviarei ao ouvistes a sua voz, nem vistes o seu in s tru ir em justiça.
prim eiro. parecer; “ Para que o homem de Deus seja
“ E o segundo se irrito u e não con­ “ E a sua palavra não permanece em perfeito, e perfeitam ente Instruído

Janeiro de 1974 45
para toda a boa obra.” (2 Tim. 3:15­
“Josué mudou os corações
17.)
de um povo beligerante através de Como colaboradores da causa da
seu exemplo de escolha.” edificação do reino de Deus, elas são
Parte - I nossa fonte de fé, compromisso, de­
terminação e liderança; doutrina para
o fundamento de nossas decisões. Va­
mos recorrer às Escrituras para exa­
minar alguns exemplos bem conheci­
dos, para ilustrar. Refiro-me ao exem­
plo de fé apresentado por Jó, um ho­
mem m uito rico e temente a Deus,
possuindo m uitos dos bens do mundo
e uma ótim a fam ília. Da noite para o
dia, sofreu a súbita perda de todos
os seus bens terrenos, assim como
de seus filho s, e então, reagiu ao
acontecido com fé e realismo.
Ele “ rasgou o seu manto, e rapou
a sua cabeça, e se lançou em terra,
e adorou,
“ E disse: Nu saí do ventre de m i­
nha mãe, e nu tornarei para lá; o
Senhor o deu e o Senhor o tomou;
bendito seja o nome do Senhor.” (Jó
1:20-21.)
Então, depois de sofrer aflição cor­
poral e doenças, sua própria mulher
censurou-o e disse-lhe: “ Ainda reténs
a tua sinceridade? amaldiçoa a Deus,
e m orre."
Jó respondeu: “ Como fala qualquer
doida, assim falas tu; receberemos o
bem de Deus, e não receberíamos o
m al?” (Jó 2:9-10.)
Então, no meio de todas as suas
aflições, Jó deu este testemunho:
“ Porque eu sei que o meu Redentor
vive, e que por fim se levantará so­
bre a terra. E depois de consumida
a minha pele, ainda em minha carne
verei a Deus.” (Jó 19:25-26.)
Quanto a compromisso, haverá um
exemplo mais tocante de devoção do

46 A LIAHONA
que o de Rute para com sua sogra, “ Então respondeu o povo, e disse: A razão só é compatível com a ver­
Noemi, quando esta insistiu para que Nunca nos aconteça que deixemos ao dade. O erro e o mal, a despeito do
ela voltasse ao seu povo depois da Senhor para servirm os a outros deu­ quanto alguém possa tentar ju s tifi­
morte do marido? Rute, apegando-se ses; cá-lo, continua sendo erro e mal que
a ela, disse: “ E disse o povo a Josué: Servire­ leva ao caos. É d ifíc il compreender
“ Não me instes para que te deixe, mos ao Senhor nosso Deus, e obede­ que alguém, depois de examinar a
e me afaste de ao pé de ti; porque ceremos à sua voz.” (Josué 24:14-16, verdade, pudesse dizer “ a Deus: Re­
aonde quer que tu fores irei eu, e 24.) tira-te de nós; porque não desejamos
onde quer que pousares à noite ali Estes são apenas uns poucos exem­ te r conhecimento dos teus cami­
pousarei eu; o teu povo é o meu povo, plos dos inumeráveis que podem ser nhos." (Jó 21:14.)
o teu Deus é o meu Deus; encontrados nas Escrituras, mas, Uma das tris te s expressões das Es­
— “ Onde quer que morreres mor­ mesmo à medida que examinamos es­ crituras é quando C risto disse: “ Jeru­
rerei eu, e ali serei sepultada: faça- tas poucas evidências de caracteres salém, Jerusalém, que matas os pro­
me assim o Senhor, e outro tanto, se notáveis, nossos espíritos recebem a fetas, e apedrejas os que te são en­
outra coisa que não seja a m orte me inspiração de sua força. O raciocínio viados! quantas vezes quis eu ajuntar
separar de ti." (Rute 1:16-17.) nos diz que o desenvolvim ento da os teus filhos, como a galinha ajunta
E a Rainha Ester, determinada a vida deles deve te r sido edificado so­ os seus pintos debaixo das asas, e
salvar seu próprio povo da destruição, bre o fato de fazerem escolhas apro­ tu não auiseste! Eis que a vossa casa
procurando a ajuda de Deus através priadas. Eles estavam estabelecidos vai ti carvos deserta." (M at. 23:37­
de jejum, instruiu Mardoqueu: “ Vai, na verdade. Seus exemplos nos en­ 38.)
ajunta a todos os judeus que se acha­ sinam lições celestiais. A expressão aplica-se, em nossos
rem em Susã, e jejuai por mim, e não O chamado que o Senhor nos faz dias, àqueles que, deliberadamente,
comais nem bebais por três dias, nem é: “ Vinde então, e arguí-me.. . " (Isa. não querem v ir e arrazoar com o
de dia nem de noite, e eu e as minhas 1:18.) Ele quer que ouçamos sua dou­ Senhor.
moças também assim jejuarem os; e trina e consideremos. As Escrituras Vamos inclinar nosso coração para
assim irei te r com o rei, ainda que dizem-nos o seguinte: " . . . para que Deus, a fim de que possamos receber
não é segundo a lei; e, perecendo, os homens pudessem participar das estas palavras de João:
pereço." (Ester 4:16.) glórias que seriam reveladas, o Se­ “ Amados, se o nosso coração nos
E Josué, o líder, ao mudar os cora­ nhor enviou a plenitude do seu Evan­ não condena, temos confiança para
ções do povo beligerante através de gelho, o seu convênio eterno, arra- com Deus;
seu exemplo de escolha, disse-lhe: zoando com clareza e sim plicidade.” “ E qualquer coisa que lhe pedirmos,
“ Agora pois temei ao Senhor, e ser­ (D&C 133:57.) dele a receberemos; porque guarda­
vi-o com sinceridade e com verdade: Ele quer que nos fam iliarizem os mos os seus mandamentos, e faze­
e deitai fora os deuses aos quais com seu Evangelho, que o testem os, mos o que é agradável à sua vista.
serviram vossos pais dalém do rio e que o provemos, que dele participe­ “ E o seu mandamento é este: que
no Egito, e servi ao Senhor. mos e o usemos como um alicerce creiamos no nome de seu Filho Jesus
“ Porém, se vos parece mal aos vos­ sobre o qual baseamos nossas deci­ C risto, e nos amemos uns aos outros,
sos olhos servir ao Senhor, escolhei sões, isto para que o homem possa segundo o seu mandamento.
hoje a quem sirvais: se os deuses a basear suas escolhas na verdade. “ E aquele que guarda os seus man­
quem serviram vossos pais, que esta­ Quando o raciocínio se alia à verdade, damentos nele está, e ele nele. E
vam dalém do rio, ou os deuses dos há lógica convincente que constrói nisto conhecemos que ele está em
amorreus, em cuja terra habitais: po­ em nosso coração o caminho que ele nós: pelo Espírito que nos tem dado.”
rém eu e a minha casa servirem os va e faz progredir para uma vida mais (I João 3:21-24.)
ao Senhor. nobre. Em nome de Jesus C risto. Amém.

Janeiro de 1974 47
A História Da Igreja No Brasil

Parte-I

m fevereiro de 1851, Parley P. Pratt rapidam ente e então m orre. Mas m ilha­
E dirigiu-se às ilhas do Pacífico, Ca­
lifó rn ia e para a A m érica do Sul, com
fito de abrir m issões. A ssim , chegou
res se juntarão à igreja aqui. A obra
o
será dividida em mais de uma missão
e será uma das mais fo rte s da igreja.
a Valparaiso, no Chile, com esse pro­ É hoje m enor do que jam ais será. Virá
pósito, mas, não sendo bem sucedido, o dia em que aos lam anitas será dada
retornou ao lar, em maio de 1852. uma oportunidade, e a missão sul-ame­
Quase um século depois, em outu­ ricana será uma potência na ig re ja .”
bro de 1925, M elvin J. Ballard, ju n ta ­ Em 1929, os prim eiros m issioná­
mente com Rulon S. H ow ells e Ray L. rios, juntam ente com o presidente da
Pratt, foram escolhidos para dedicar a m issão sul-am ericana, Reinhold Stoof,
A m érica do Sul ao ensino do Evangelho iniciaram o trabalho m issionário em
restaurado. Joinville, entre os alemães que lá se
Procedendo à oração dedicatória, estabeleceram .
oferecida em Buenos A ires, a 25 de no­
Esse foi o exórdio do trabalho m is­
vembro de 1925, o irmão Ballard disse:
sionário no Brasil.
“ E agora, ó Pai, por designação e auto­
ridade da bênção dada pelo presidente Da sede da missão sul-americana,
da igreja e pela autoridade do santo em Buenos A ire s, o presidente Stoof
apostolado que possuo, eu giro a cha­ veio a Jo in ville Dara dedicar a prim eira
ve, destravo e abro a porta para a pre­ capela adquirida pela igreja, na Am é­
gação do Evangelho nestas terras, e rica do Sul. A dedicação foi realizada
nós abençoamos e dedicam os as na­ a 25 de outubro de 1931, com seis m is­
ções desta terra para a pregação do teu sionários e noventa e oito membros e
Evangelho.” investigadores presentes. O edifício
A quatro de julho de 1926, o Élder era constituído de capela, salão de
Ballard pronunciou estas palavras ins­ recreações e quarto para os m issio ­
piradas: “ A obra do Senhor crescerá nários.
aqui, a princípio m orosam ente, assim Em maio de 1935, Rulon S. Ho­
como o carvalho que brota da sua bo- w e lls, acompanhado da fam ília e um
lota. Não crescerá m uito em um dia, à élder chegava a São Paulo, para esta­
semelhança do girassol que cresce belecer uma sede para a recém-forma-

48 A LIAHONA
da M issão B rasileira. O irmão H ow ells eram fe ita s, usualm ente por navio. Ha­
escolhera São Paulo, em virtude da sua via, as vezes, m uita demora na espera
localização central. A data de 25 de do navio ou então im possibilidade de
maio de 1935 é considerada, pois, o se conseguirem passagens. Uma nota
início das atividades da M issão Brasi­ na história, referindo-se a uma transfe­
leira. rência, conta que um novo companhei­
O que deve te r isso significado ro não chegaria senão depois de quase
para os membros e m issionários igual­ três semanas, devido à arrumação dos
mente, foi expressado pelo presidente pertences, transportes, etc.
Howells, no térm ino do prim eiro ano 23 de outubro de 1935 — duas
de trabalho ativo. Ele escreveu: “ No irmãs germ ânicas locais foram chama­
Brasil, os lugares onde a obra já foi in i­ das para ser m issionárias urbanas, em
ciada estão separados por grande d is­ São Paulo. Deviam dedicar pelo menos
tância. Todavia, é possível v is ita r os seis horas de trabalho m issionário por
ramos e m issionários, pelo menos, semana. Talvez tenha sido esta a p ri­
uma vez em cada trê s ou quatro me­ meira ocasião em que foram chamados
ses, o que já tem beneficiado o espíri­ ao trabalho, no Brasil, m issionários
to dos m issionários. M uitos deles nun­ locais.
ca foram visitados pela antiga missão A 6 de fe ve re iro de 1936, foram
Sul-Americana durante dois anos." realizados os prim eiros batism os, des­
Nessa época, todo o trabalho rea­ de a abertura da M issão Brasileira,
lizado no Brasil, havia sido entre pes­ sendo batizados duas crianças e um
soas que falavam a língua germânica, adulto.
das quais existiam 750 m il no país, até 16 de janeiro de 1936 — Os m is­
então. Todos os m issionários e mem­ sionários de Rio Preto (Ipoméia) com­
bros falavam alemão. praram dois cavalos, com os quais po­
Nesse período, contava a M issão deriam via ja r para a Conferência de
Brasileira com os seguintes membros: A b ril em Joinville. Eles esperavam rea­
quatro sacerdotes, quatro m estres, lizar reuniões e encontrar investiga­
sete diáconos e vinte e nove membros dores batendo nas portas durante a
do sexo m asculino; sessenta e quatro viagem.
mulheres, dezoito meninos e dezesse­ Em um dos ramos do sul que fora
te meninas; nove m issionários (cinco recentem ente inaugurado, os m issio­
setentas e quatro é ld e re s ). nários ficaram surpresos ao ver um
M uitas apresentações com dia- estranho puxar um hinário do bolso,
positivos sobre tem as do Evangelho e durante uma das reuniões, e cantar
cenas fascinantes do Oeste, eram rea­ com eles. Soube-se, posteriorm ente,
lizadas, para despertar interesse e dar que o estranho era um membro vindo
ímpeto ao trabalho m issionário. Poste­ da Europa, e que lá havia sido batizado,
riorm ente, aulas de inglês foram in tro ­ em 1912.
duzidas, para ajudar a conseguir am i­ A 3 de julho de 1936, o “ Brasilo-
gos para a igreja e interessar as pes­ n ia n ” , órgão inform ativo dos m issioná­
soas no Evangelho. rios, foi pela prim eira vez publicado.
As viagens para os ramos do sul Parece que, atualm ente, os m is­

Janelro de 1974 49
sionários aprendem a língua com m uita guesa. Posteriorm ente, outros m issio­
rapidez. Uma nota na história afirm a nários foram designados para pregar
que somente seis, de vinte e quatro em português. Em m uitos casos, um
m issionários, sabiam, ao mesmo tem ­ m issionário falava alemão e seu com­
po, a língua alemã, o su ficie n te para panheiro português, a fim de estarem
poderem conduzir as reuniões. aptos para conversar com qualquer
Por essa ocasião, o presidente pessoa que encontrassem . O sistem a
Howels, relatou as condições que pa­ deu bons resultados, até que a II Guer­
reciam e x is tir nos estados do sul, com ra Mundial principiou, e os m issioná­
respeito à língua e as quais, eventual­ rios foram proibidos de realizar reu­
mente, provocaram a ação do governo niões ou oferecer publicações em ale­
brasileiro, no início da guerra, de proi­ mão. Entre 1938 e 1942, a Missão Bra­
bir o uso da língua germ ânica em pú­ sile ira passou gradualm ente a falar
blico. O presidente da missão, Pres. somente português. Algum trabalho,
Howells escreveu: “ Nós estam os tam ­ entretanto, ainda era fe ito em alemão.
bém em situação peculiar aqui, pois Os m issionários encontravam fre ­
somos estrangeiros pregando em lín­ qüentem ente, durante as pesquisas ou
gua estrangeira (alemã.o) que é uma através de amigos, m uitos membros
língua estrangeira tam bém para este da igreja vindos da Europa e que t i ­
país (B ra s il). Contudo, existem cen­ nham im igrado para o Brasil. M uitas
tenas de m ilhares de alemães, cuja dessas pessoas tinham perdido o con­
conversação diária em casa até certo tato com a igreja havia quase vinte
ponto nos negócios, tende a fazê-los anos. Para m uitos desses membros
permanecer inteiram ente alemães, de que haviam perm anecido fié is após
maneira que há trem endas oportunida­ tanto tem po, foi verdadeiram ente um
des para se trabalhar no meio d e le s.” acontecim ento de jú b ilo , poder encon­
Naquele ano, quatro novos ramos, tra r novamente os m issionários da
Blumenau, Jaraguá, Rio Branco e Novo igreja.
Hamburgo, foram abertos para prose­ Nos fins de maio de 1938, foi pu­
litism o. blicado em português, o panfleto “ A
1937. — Um dos marcos mais H istória de Joseph S m ith ” , sendo esse
im portantes na história da missão. Co­ o prim eiro traduzido para essa língua.
meçou a ser traduzido o Livro de M ór­ Em maio de 1939, mais oito pan­
mon para o português. O trabalho es­ fle to s foram im pressos em português,
tava sendo realizado por Daniel G. entre eles, “ A Necessidade da Reli­
Shupe, um ex-m issionário que estivera g iã o ” , “ Um Deus que fa la ” , “ O Livro
na França e que havia morado no Rio de M ó rm o n ” , “ O S ignificado da Vida e
de Janeiro por alguns anos. A Salvação U n ive rsa l” .
A 16 de maio de 1938, Élder Lucius A 15 de março de 1940, as p rim e i­
Levier Gardner foi designado para ras cópias da prim eira edição do “ Li­
aprender português e pregar o Evan­ vro de M ó rm o n ” , em português, eram
gelho nessa língua. Esse foi o p rim e i­ fornecidas à Casa da M issão. Três mil
ro passo que levou a M issão Brasileira livros foram im pressos na prim eira
a ser mudada, de missão de língua ger­ edição.
mânica para missão de língua portu­ (CONTINUARA NO PRÓXIMO NÜMERO)

50 A LIAHONA
O Presidente Harold B. Lee
faleceu inesperadam ente
dia 26 de dezembro de 1973
às 8 horas e 58 m inutos.
Contava o presidente com
74 anos de idade na ocasião
de seu falecim ento.
Foi ele o 11.° presidente e
profeta da Igreja de Jesus
C risto nesta últim a
dispensação.
No dom ingo 30 de dezembro
de 1973 o Élder Spencer
W. Kim ball foi designado
como 12.° Presidente da Igreja
de Jesus C risto dos Santos
dos Ú ltim os Dias tendo
Élder N. Eldon Tanner como
Prim eiro C onselheiro e
Élder M arion G. Romney
como segundo conselheiro.
Na mesma ocasião Élder
Ezra Taft Benson foi
designado Presidente do
Conselho dos Doze.

Cl

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