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Módulo: Automatismos Industriais - Pneumática

Código da UFCD: 1023

Manual do Formando

Data: Maio / 2016

Elaborado por: Rui Castro

Co-Financiado por: 1 65
Índice
ÍNDICE ................................................................................................................................... 2

1 NOÇÕES IMPORTANTES .................................................................................................. 4

1.1 Pressão ........................................................................................................ 4


1.1.1 Definição de pressão ............................................................................... 4
1.1.2 Pressão em gases ................................................................................... 4
1.1.3 O princípio de Pascal ............................................................................... 5
1.1.4 Pressão em líquidos, e princípios hidrostáticos ............................................ 5
1.1.5 Pressão atmosférica ................................................................................ 8
1.1.6 A pressão em diferentes contextos ............................................................ 9
1.1.7 Unidades de pressão.............................................................................. 10
1.2 Temperatura ............................................................................................... 11
1.2.1 Conceito de temperatura ........................................................................ 11
1.2.2 Unidades de temperatura ....................................................................... 12
1.3 Caudal ....................................................................................................... 12
1.3.1 Definição de caudal ............................................................................... 12
1.3.2 Unidades de caudal ............................................................................... 14
2 O AR ATMOSFÉRICO E AS PROPRIEDADES DO AR ................................................ 15

2.1 O ar atmosférico ......................................................................................... 15


2.2 Propriedades do ar ...................................................................................... 16
3 O AR COMPRIMIDO E AS SUAS APLICAÇÕES ......................................................... 19

4 PRODUÇÃO PREPARAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DO AR COMPRIMIDO ..................... 21

4.1 Compressores e tipos de compressores .......................................................... 21


4.1.1 Compressores volumétricos ou de deslocamento positivo ........................... 22
4.1.2 Compressores volumétricos – Alternativos de êmbolo ................................ 22
4.1.3 Compressores volumétricos – Alternativos de membrana ........................... 24
4.1.4 Compressores volumétricos – Rotativos de palhetas .................................. 24
4.1.5 Compressores volumétricos – Rotativos de parafuso .................................. 25
4.1.6 Compressores volumétricos – Rotativos de lóbulos .................................... 26
4.1.7 Compressores dinâmicos ........................................................................ 26
4.1.8 Compressores dinâmicos – Centrífugos .................................................... 27
4.1.9 Compressores dinâmicos – Axiais ............................................................ 27
4.1.10 Problemas durante a compressão ............................................................ 28
4.1.11 Sistema de refrigeração dos compressores ............................................... 28
4.2 Arrefecedores ............................................................................................. 30
4.3 Reservatório de ar comprimido ..................................................................... 31
4.4 Filtros de ar comprimido .............................................................................. 32
4.5 Secagem do ar comprimido .......................................................................... 33
4.5.1 Secagem do ar por refrigeração .............................................................. 33
4.5.2 Secagem do ar por absorção .................................................................. 34
4.6 Unidades de manutenção ............................................................................. 35
4.6.1 Filtro de ar comprimido .......................................................................... 36
4.6.2 Regulador de pressão ............................................................................ 36
4.6.3 Lubrificador .......................................................................................... 37

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5 REDES DE DISTRIBUIÇÃO .......................................................................................... 39

5.1 Cálculo de redes, perdas de carga e comprimentos equivalentes ....................... 39


5.1.1 Cálculo das redes .................................................................................. 41
5.1.2 Perda de carga...................................................................................... 42
5.1.3 Comprimentos equivalentes .................................................................... 42
5.1.4 Raios de curvatura ................................................................................ 43
5.1.5 Inclinação ............................................................................................ 43
5.2 Forma das redes de distribuição de ar comprimido .......................................... 44
5.2.1 Rede de distribuição em circuito aberto .................................................... 44
5.2.2 Rede de distribuição em circuito fechado .................................................. 44
5.3 Seccionamento das linhas de distribuição ....................................................... 45
5.4 Pontos de utilização ..................................................................................... 45
5.5 Ligações entre tubagens .............................................................................. 46
5.6 Materiais utilizados nas redes ar comprimido .................................................. 46
6 VÁLVULAS CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS ............................................... 47

6.1 Válvulas direcionais ..................................................................................... 47


6.2 Válvulas de bloqueio .................................................................................... 52
6.2.1 Válvula de retenção ............................................................................... 52
6.2.2 Válvula função lógica “OU” ..................................................................... 52
6.2.3 Válvula função lógica “E” ........................................................................ 53
6.2.4 Válvula de escape rápido ........................................................................ 53
6.3 Válvulas de pressão ..................................................................................... 54
6.3.1 Válvula reguladora de pressão ................................................................ 54
6.3.2 Válvula limitadora de pressão ................................................................. 54
6.4 Válvulas de caudal ....................................................................................... 54
6.4.1 Válvula reguladora de fluxo unidirecional ................................................. 55
6.4.2 Válvula reguladora de fluxo bidirecional ................................................... 55
6.5 Válvulas de fecho ........................................................................................ 55
7 CILINDROS PNEUMÁTICOS ........................................................................................ 56

7.1 Componentes de um cilindro pneumático ....................................................... 56


7.2 Cilindro de simples efeito ............................................................................. 57
7.3 Cilindro de duplo efeito ................................................................................ 57
7.4 Cilindro com amortecimento nos fins de curso ................................................ 58
7.5 Cilindro com haste dupla passante................................................................. 58
7.6 Cilindro tipo tandem .................................................................................... 59
7.7 Cilindro de posição múltipla .......................................................................... 59
7.8 Comando de cilindros................................................................................... 60
8 MOTORES PNEUMÁTICOS ......................................................................................... 61

9 ESQUEMAS DE CIRCUITOS PNEUMÁTICOS ............................................................. 63

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 65

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1 Noções importantes

1.1 Pressão

1.1.1 Definição de pressão


O termo pressão é utilizado em diversas áreas da ciência como uma grandeza escalar que mede
a ação de uma ou mais forças sobre um determinado espaço, podendo este ser líquido, gasoso ou
mesmo sólido.
A pressão é uma propriedade intrínseca a qualquer sistema, que pode ser definida como sendo
a relação entre uma força aplicada perpendicularmente (90º) à uma área, e o valor dessa referida área,
conforme se mostra na figura abaixo. Ela pode assim ser expressa pela seguinte equação.
P=F/A
Onde:
- P representa a pressão,
- F representa a força aplicada,
- A representa a área onde é aplicada a pressão.

A figura representa uma pressão de 10Kgf/Cm2

1.1.2 Pressão em gases


Os gases são compostos por inúmeras moléculas em constante movimento, que
inevitavelmente causam choques permanentes com as paredes do recipiente que contém o gás.
No exato momento em que se dá o choque entre as moléculas do gás e a parede do recipiente,
elas transmitem para a parede uma força que lhe é perpendicular, e que é função da velocidade com
que as moléculas se movimentam.
Assim, a pressão exercida por um gás num determinado recipiente é o somatório de todas essas
forças provenientes dos choques com a superfície, dividida pela sua área.
A pressão que o vapor da água exerce sobre determinada superfície quando fechado num
determinado recipiente, é um bom exemplo prático da pressão de um gás.

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1.1.3 O princípio de Pascal
Um aspeto importante para a análise da pressão em fluidos é demonstrado pelos estudos de
Pascal, que nos diz que a pressão estática exercida em qualquer ponto de um líquido transmite-se de
uma forma integral em todas as direções e produz a mesma força em áreas iguais.
Por outras palavras, pode-se dizer que um fluido, ao ser comprimido num recipiente fechado vai
exercer uma pressão que será igual em todos os sentidos. Isto pode ser facilmente observado através do
uso de uma bola de futebol, pois, quando a pressionamos observamos que surge uma pressão
uniformemente distribuída por toda a sua superfície.

1.1.4 Pressão em líquidos, e princípios hidrostáticos


Como sabemos a matéria no seu estado líquido apresenta uma estrutura molecular que lhe
permite uma fácil adequação ao espaço a que está confinada.
Tal característica ajuda a compreender o modo como a pressão se faz sentir nos líquidos. Assim,
a pressão nos líquidos também se exerce em todas as direções e em todos os corpos que nele sejam
imersos.
No entanto existem algumas diferenças entre a pressão nos líquidos e a pressão nos gases.
Desde logo sabemos que no caso dos gases quanto maior a altitude menor a pressão, porém nos
líquidos sabemos que quanto maior a profundidade maior a pressão.

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Relações de pressão
Pelo facto de os fluidos serem praticamente incompressíveis, a força mecânica desenvolvida
num fluido sob pressão pode ser transmitida a todos os pontos desse fluido.
A figura a seguir representada, ajuda-nos a compreender os conceitos apresentados nos
parágrafos anteriores, assim como a obter algumas relações importantes da mecânica dos fluidos.

Se aplicarmos uma força F1 = 10 kgf sobre o pistão 1, o pistão 2 levantará um peso de 50 kgf,
devido ao facto de este ter uma área 5 vezes maior que a área do pistão 1. Generalizando esta análise
podemos obter as seguintes relações matemáticas:
P1 = F1 / A1 e P2 = F2 / A2
Sendo a pressão a mesma, P1 = P2:

F1 / A1 = F2 / A2

Por outro lado:


V1 = A1 x h1 e V2 = A2 x h2
Sendo o volume deslocado o mesmo, V1 = V2

A1 x h1 = A2 x h2

Exemplo:
Sabendo-se que F1 = 20 kgf, A1 = 100 cm2 e A2 = 10cm2, calcular F2.
Resolução: F1 / A1 = F2 / A2
F2 = F1 x A2 / A2
Substituindo valores: F2 = 20 x 10 / 100 =2 Kgf

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Pressão hidrostática
A pressão exercida por uma coluna de líquido em equilíbrio pode ser compreendida através da
análise da figura e das relações matemáticas a seguir apresentadas.
Assim, consideremos um recipiente que possui uma área com uma base “A”, e que contém um
líquido homogéneo com uma altura “h”. Admitamos também que o líquido tem uma densidade
representada por “ρ”.

P – Pressão da coluna de líquido


F – Força
A – Área base líquido/recipiente
m – Massa líquido
g – Aceleração da gravidade
ρ – Massa específica do líquido
Por definição de pressão e considerando a força exercida pelo líquido na base do recipiente,
V – Volume líquido
temos: P = F / A
Sendo: F = m x g
ρ=m/V;m=ρxV
Substituindo, temos: P = ρ x V x g / A
Por outro lado: V = A x h
Fazendo nova substituição: P = ρ x A x h x g / A

P=ρxgxh

Relação de pressões hidrostáticas

Peso específico
δ=ρ xg

Pela análise da figura, sabemos que:


P1 + (h1 x δ) = P2 + (h2 x δ)
P1 + (h1 x ρ x g) = P2 + (h2 x ρ x g)
P1 – P2 = ρ x g x (h2 – h1)

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1.1.5 Pressão atmosférica
A pressão atmosférica é a pressão exercida pela atmosfera por ação das camadas de moléculas
de ar, que exercem sobre nós uma força equivalente ao seu peso. Contudo, não sentimos essa força
porque ela atua em todos os sentidos e direções com a mesma intensidade.
Assim, e por consequência, se a força exercida pelo ar num determinado ponto, aumentar a
pressão nesse ponto também aumentará.
A pressão atmosférica varia com a temperatura e com a altitude. Pelo fato do ar ter peso, as
camadas de ar inferiores são comprimidas pelas camadas superiores. Assim, as camadas inferiores são
mais densas que as superiores. Concluímos, portanto, que um volume de ar comprimido é mais pesado
que o ar à pressão normal ou à pressão atmosférica. Quando dizemos que um litro de ar pesa ao nível
do mar 1,293 X 10-3 Kgf, isto significa que, em altitudes diferentes, o peso tem um valor diferente.
O valor da pressão atmosférica ao nível do mar, a uma temperatura de 20°C e a uma umidade
relativa de 36% é de 1 atm ou 760 mm (coluna de mercúrio) ou 1 bar ou 14,5 lbf/pol2.

Quem imaginou e levou a efeito essa experiência foi o físico italiano Torricelli, de onde vem o
nome de barômetro de Torricelli. A experiência é muito simples e baseia-se num tubo de vidro, com
cerca de 1m de comprimento, cheio de mercúrio e com um dos seus extremos fechado. Assim, depois
de encher o tubo com mercúrio Torricelli tapou o outro extremo com o dedo, para de seguida o inverter
e o mergulhar num recipiente também com mercúrio. Quando retirou o dedo, verificou que o líquido
desceu até atingir uma certa altura, formando uma coluna. A coluna de mercúrio manteve-se em
equilíbrio pela pressão atmosférica exercida sobre a superfície do mercúrio no recipiente. Medindo essa
coluna, ao nível do mar, Torricelli constatou que ela media 760mm, a partir do nível de mercúrio do
reservatório.

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1.1.6 A pressão em diferentes contextos
É usual no mundo da ciência falar-se em pressão sob diferentes pontos de vista. Pelo que, sem
que se perca a noção da definição de pressão já apresentada neste texto, é possível fazermos referência
à pressão em diferentes enquadramentos.
Vejamos de seguida algumas interpretações e alguns “conceitos” aplicados a esta grandeza.

Pressão relativa ou manométrica


A pressão relativa ou manométrica é a pressão medida em relação à pressão atmosférica
existente no local, podendo ser positiva ou negativa.
Quando se fala numa pressão negativa em relação a pressão atmosférica, está-se a fazer
referência à pressão de vácuo.
De uma forma geral os manômetros de ponteiros medem a diferença de pressão existente entre
um meio e a pressão atmosférica do local, isto é, a pressão relativa.

Pressão absoluta
A pressão Absoluta é a pressão positiva a partir do vácuo perfeito, ou seja, a soma da pressão
atmosférica do local e a pressão manométrica ou relativa.
Esta pressão é medida em relação ao zero absoluto, que representa a pressão mais baixa que é
possível existir, e que corresponderia ao vácuo perfeito.
Contudo, a pressão absoluta com valores abaixo da pressão atmosférica é denominada por grau
de vácuo.

Pressão diferencial
A pressão Diferencial é o resultado da diferença de duas pressões medidas.
A pressão medida pode ser representada pela pressão absoluta, manométrica ou diferencial. A
escolha de uma destas três depende do objetivo da medição.

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Apresenta-se de seguida um esquema simples mas que pode ajudar a interpretar os parágrafos
anteriores.

Exemplo:

1.1.7 Unidades de pressão


Sendo a pressão definida como uma força por unidade de área, será fácil de compreender que a
unidade de pressão seja o Newton por metro quadrado (N/m2).
Em homenagem a Blaise Pascal, justificada pelos seus muitos estudos e diversas contribuições
relativas a pressão, pressão mecânica e hidrostática, a unidade no Sistema Internacional para medir
pressão é o Pascal (Pa).
Assim um Pascal é equivalente a um Newton por metro Quadrado (1 Pa = 1 N/m2). Em geral, a
unidade é encontrada na forma de milhar (kPa), uma vez que as medidas de pressão geralmente
apresentam valores altos dessa unidade.

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Como curiosidade refira-se que a pressão exercida pela atmosfera ao nível do mar, corresponde
a aproximadamente 101.325 Pa (pressão normal), e esse valor é normalmente associado a uma unidade
chamada atmosfera padrão (atm).
Apresenta-se a seguir um quadro que nos permite com facilidade fazer uma conversão rápida
entre as diferentes unidades de pressão mais usadas.

Para cálculos aproximados, pode-se considerar as seguintes relações:


1atm = 760mmHg = 1bar = 1kgf/cm2 = 100kPa = 10mca = 14,7 PSI(lbf/pol2)

1.2 Temperatura

1.2.1 Conceito de temperatura


Apesar de todos nós estarmos bastante familiarizados com a temperatura, a verdade é que não
é fácil encontrarmos uma definição clara para ela. No entanto, relacionamos a temperatura com a
sensação de calor ou frio, associando-a a um estado térmico.
Ao nível macroscópico, a temperatura está associada ao movimento aleatório dos átomos da
substância que compõem o sistema. Assim, quanto mais quente estiver o sistema, maior é a frequência
de vibração dos átomos.
Deste modo alguns autores definem temperatura como sendo a propriedade da matéria que
reflete a média de energia cinética de um corpo.
A temperatura é um parâmetro físico, uma variável termodinâmica, característica de um
sistema, e que está associada à transferência de calor (energia térmica) entre os sistemas. Assim, ela
relaciona-se diretamente à lei zero da termodinâmica e com o conceito de equilíbrio termodinâmico de
um sistema.

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Neste enquadramento dois sistemas estão em equilíbrio térmico quando as suas temperaturas
são iguais, não existindo troca de calor entre eles. Por outro lado, se existir uma diferença de
temperatura existirá um fluxo de calor no sentido do corpo mais quente para o corpo mais frio.
Pelo exposto percebe-se que a temperatura está relacionada com a quantidade de energia térmica de
um sistema. Quanto mais se adiciona calor a um sistema, mais sobe a sua temperatura, e de uma forma
similar, a diminuição da temperatura de um sistema implica uma perda de energia térmica.

1.2.2 Unidades de temperatura


A unidade de temperatura no Sistema Internacional de unidades (SI) é o Kelvin, de símbolo K. No
entanto existem outras unidades, a que se recorre com frequência para expressar esta grandeza.
Na termometria atual são três as principais unidades de temperatura, relativamente às quias se
expressam os valores desta grandeza. As escalas referidas são as seguintes:
- Escala de Fahrenheit,
- Escala de Celcius,
- Escala de Kelvin.
Como seria de esperar pode estabelecer-se uma relação entre elas, de tal forma que se torna
possível fazer uma conversão de umas nas outras.
As expressões matemáticas que permitem fazer a referida conversão entre as unidades de
temperatura são apresentadas no quadro que se segue:

KELVIN (ºK) CELSIUS (ºC) FAHRENHEIT (ºF)


KELVIN (ºK) K=K K=C+273.15 K=(F+459.67)x5/9
CELSIUS (ºC) C=K-273.15 C=C C=(F-32)x5/9
FAHRENHEIT (ºF) F=Kx9/5-459.67 F=Cx9/5+32 F=F

1.3 Caudal

1.3.1 Definição de caudal


O caudal pode ser definido como sendo a quantidade volumétrica ou mássica de um fluido que
passa numa determinada secção de uma tubagem ou canal por unidade de tempo.
Nesta análise tanto podem ser considerados caudais em condutas fechadas, como em canais
abertos.
Sob o ponto de vista matemático existe uma expressão que relaciona o caudal com a velocidade
do fluido, e com a área da secção de passagem do fluxo. Essa expressão é a seguinte:
Q=VxA
Onde:

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- Q representa o caudal [m3/s],
- V representa a velocidade do escoamento [m/s],
- A representa a área da secção de passagem [m2].

Caudal volumétrico
O caudal volumétrico é definido como sendo a quantidade de volume que passa numa
determinada secção por unidade de tempo.
Esta definição está traduzida matematicamente pela expressão que se segue:
QV = V / t
Onde:
- Q representa o caudal volumétrico [m3/s],
- V representa o volume [m3],
- t representa o tempo [s].

Caudal mássico
O caudal mássico pode ser definido como sendo a quantidade em massa de um fluido que
atravessa uma determinada secção por unidade de tempo.
Esta definição está traduzida matematicamente pela expressão que se segue:
Qm = m / t
Onde:
- Q representa o caudal mássico [Kg/s],
- V representa o volume [Kg],
- t representa o tempo [s].

Relação entre os dois caudais referidos


A relação entre os dois caudais referidos, e respetivas unidades, pode ser feita recorrendo ao
conceito de massa específica.
Assim, e uma vez que a massa específica de uma substância é por definição a relação da massa
por unidade de volume, traduzida pela expressão matemática ρ=m/V [Kg/m3], podemos relacionar os
caudais pela seguinte relação:
Qm = ρ x Q V

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1.3.2 Unidades de caudal
Conforme já foi referido neste texto a unidade de caudal volumétrico no Sistema Internacional
de unidades é o metro cúbico por segundo [m3/s], enquanto a unidade de volume mássico no referido
sistema é o quilograma por segundo [kg/s].
Deve referir-se que também que é muito frequente o uso de múltiplos e submúltiplos das
referidas unidades para expressar o valor do caudal. A título de exemplo pode referir-se o metro cúbico
por hora [m3/h], ou o quilograma por hora [kg/h].
Uma outra unidade muito frequente para expressar o caudal volumétrico, é o litro por segundo
[l/s]. Também neste caso podem ser utilizados os seus múltiplos e submúltiplos, como sejam, por
exemplo, o centilitro por segundo [cl/s] ou o litro por hora [l/h].
Nestes casos, em que é usada esta unidade, é importante sabermos qual a relação entre as
medidas de capacidade e as unidades de volume no Sistema Internacional de Unidades. Assim, temos:
1 l = 1 dm3
Ou
1000 l = 1 m3

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2 O ar atmosférico e as propriedades do ar
Antes de nos debruçarmos sobre o ar comprimido, tal como o conhecemos enquanto fluido de
trabalho utilizado na transmissão de energia no domínio da pneumática, é importante tomar
consciência de algumas características do ar atmosférico, assim como conhecer algumas das suas
propriedades, enquanto “matéria-prima” do ar comprimido industrial.

2.1 O ar atmosférico
O ar atmosférico é uma mistura de gases, composto por 78% de Nitrogénio, 21% de oxigénio e
1% de mistura de vários outros gases.

O compressor, ao admitir ar, aspira também os seus compostos. Pelo que, em termos de
utilização do ar comprimido, interessa referir que este ar atmosférico contém poeiras e vapor de água,
em percentagem variadas que dependem das condições atmosféricas de cada local.
No que respeita à água, a quantidade de água absorvida pelo ar está relacionada com a sua
temperatura e volume. Assim, a maior quantidade de vapor d'água contida num determinado volume
de ar sem que ocorra condensação dependerá da temperatura de saturação, ou ponto de orvalho, a que
está submetido esse volume. E, se a capacidade máxima de absorção for ultrapassada, o vapor de água
condensa e precipita na forma de água condensada.
No ar comprimido temos ar saturado.
A tabela que se segue indica a quantidade máxima de água no ar saturado para cada
temperatura.

Enquanto tivermos a presença de água no ar em forma de vapor, nenhum problema ocorrerá.


Vejamos no entanto o seguinte:

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Um determinado volume de ar está saturado com vapor d'água, isto é, a sua humidade relativa
é 100%; De seguida comprimimos este volume até ao dobro da pressão absoluta, fazendo com que o
seu volume se reduza a metade.
Logicamente, isto significa que a capacidade de o ar reter vapor d'água também foi reduzida à
metade devido ao aumento da pressão e redução do seu volume. Logo, o excesso de vapor será
precipitado como água. Isto ocorre se a temperatura for mantida constante durante a compressão, ou
seja, se o processo de compressão for isotérmico.
Entretanto, isso não acontece durante o processo de compressão, porque, durante a
compressão verifica-se um aumento considerável da temperatura do ar. Ora tal como foi referido
anteriormente, a capacidade de retenção da água pelo ar está relacionada com a temperatura, sendo
assim, não haverá precipitação no interior das câmaras de compressão.
A precipitação da água irá então ocorrer quando o ar sofrer um arrefecimento, quer seja no
arrefecedor, quer seja na rede de distribuição do ar comprimido.
Isto explica porque é que no ar comprimido existe sempre ar saturado com vapor d'água em
suspensão.
Ora conforme sabemos, a presença de água nas redes de ar comprimido revela-se nefasta para a
instalação, assim como para os respetivos equipamentos pneumáticos ligados à rede de distribuição.
A presença desta água condensada nas linhas de ar comprimido, causada pela diminuição da
temperatura, pode originar os seguintes efeitos:
- Oxidação das tubagens e componentes pneumáticos;
- Dissolução da película lubrificante existente entre as duas superfícies que estão em contato,
acarretando desgaste prematuro e reduzindo a vida útil das peças, válvulas, cilindros, etc.;
- Baixo rendimento da produção de peças;
- Provocar o arrastamento das partículas sólidas que irão prejudicar o funcionamento dos
componentes pneumáticos;
- Aumento da necessidade de manutenção e respetivos custos;
Compreende-se assim o quão é importante remover do ar, quer a água, quer os resíduos de
óleo, a fim de evitar desgaste e avarias nos dispositivos e máquinas pneumáticas.

2.2 Propriedades do ar
Uma vez que o ar comprimido tem a sua origem na aspiração e compressão do ar atmosférico, é
importante conhecermos algumas propriedades do ar que nos rodeia para melhor compreendermos as
características do ar comprimido enquanto fonte de energia.
Vejamos de seguida, nos capítulos que se seguem, algumas das propriedades do ar.

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Compressibilidade
Como sabemos o ar não tem forma própria, tendo por isso a capacidade de ocupar todo o
volume de um qualquer recipiente, assim como de adquirir a sua forma.
É assim possível fechar uma certa porção de ar num recipiente com um certo volume e,
posteriormente, pela ação de uma força exterior, provocar-lhe uma redução de volume.
A compressibilidade é então uma propriedade que o ar tem de poder ser comprimido, pela ação
de uma força exterior, provocando-lhe desta forma, uma redução de volume.

Elasticidade
A elasticidade é uma propriedade do ar que se caracteriza pelo facto de possibilitar ao ar voltar
ao seu volume inicial logo que a força responsável sua compressão seja extinta.

Difusibilidade
Esta propriedade permite que o ar se misture de uma forma homogénea com qualquer meio
gasoso que não esteja saturado.

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Expansibilidade
Esta é uma propriedade que pode ser associada ao ar, e que, e que se traduz na capacidade que
o ar tem de ocupar a totalidade do volume de um qualquer recipiente, adotando a sua forma.

Peso
O ar, assim como qualquer matéria, tem peso. A 0ºC e ao nível do mar, o ar pesa 1.293 x 10-3
Kgf. As figuras a seguir representadas mostram esta propriedade. Inicialmente dois balões iguais contêm
ar à mesma pressão e temperatura, e verifica-se que a balança está equilibrada. No entanto, se a seguir
se retirar ar de um dos balões com uma bomba de vácuo, a balança passa a estar desequilibrada.

Outra questão importante, que se relaciona com a temperatura, é que o ar quente é mais leve
que o ar frio. Conforme se pode constatar pelas figuras seguintes, se o ar de um dos balões for aquecido
a balança sofre um desequilíbrio, precisamente porque o ar que foi aquecido ficou menos denso.

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3 O ar comprimido e as suas aplicações
O ar comprimido é o ar atmosférico condensado, que possui energia sob a forma de pressão
armazenada, estando, por isso, em condições de realizar trabalho.
O ar comprimido é, provavelmente, uma das mais antigas formas de transmissão de energia que
o homem conhece, e que utiliza para ampliar a sua capacidade física. De facto a aplicação e
aproveitamento da pneumática já se notava desde há muito tempo em muitos domínios industriais,
como por exemplo, na indústria ferroviária no uso de freios a ar comprimido. No entanto, só muito
recentemente se introduziu a pneumática no meio industrial de uma forma mais generalizada, muito
devido à necessidade crescente de automatização e racionalização dos processos produtivos no
trabalho.
Apesar de sua rejeição inicial, quase sempre proveniente da falta de conhecimento e instrução
acerca das características e potencialidades do ar comprimido e respetivos equipamentos, a verdade é
que a pneumática foi sendo aceite de uma forma gradual e crescente no meio industrial, e com campos
de aplicação cada vez mais vastos e abrangentes.
Atualmente o uso do ar comprimido tornou-se numa fonte de energia indispensável para a
indústria moderna, na medida em que existem equipamentos industriais instalados nos mais variados
ramos de atividade económica. Assim, o ar comprimido é utilizado na automação, em equipamentos e
ferramentas pneumáticas portáteis, em motores pneumáticos, em componentes de máquinas, na
indústria automóvel, na indústria da construção civil, na indústria da metalomecânica, entre outras.

Vejamos de seguida algumas vantagens e desvantagens deste tipo de tecnologia.


Vantagens:
- Volume disponível: O fluido de trabalho é inesgotável. O ar atmosférico existe em quantidades
ilimitadas;
- Transporte. O fluido de trabalho, o ar, é facilmente transportado e distribuído em tubagens;
- Armazenamento. O fluido de trabalho pode ser armazenado em reservatórios;
- Temperatura: O ar é insensível às oscilações de temperatura.
- Segurança. Com o ar não existe o perigo de explosão ou incêndio;
- Construção. Os elementos de trabalho são de construção simples;
- Velocidade. O ar comprimido permite alcançar altas velocidades de trabalho;
- Regulação. O ar comprimido permite regular as velocidades e as forças;
- Segurança contra sobrecargas. Proteção simples contra sobrecargas
- Não poluente. O escape é feito para a atmosfera sem poluição ambiental.
- Tecnologia fiável. Componentes robustos

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Desvantagens:
- Preparação. A existência de impurezas e humidades devem ser evitadas, pois provocam desgastes nos
elementos pneumáticos;
- Compressibilidade. Não é possível manter constante as velocidades dos elementos de trabalho;
- Escape. As fugas de ar (Através de orifícios ou devido às más vedações) causam ruido e traduzem-se
em perdas de energia.
- Custos: a produção e preparação do ar comprido são onerosas, pois dependem de outra forma de
energia.

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4 Produção preparação e distribuição do ar comprimido
A produção, preparação e distribuição do ar comprimido é feita com recurso a vários elementos,
dos quais podemos destacar o compressor, o arrefecedor, o reservatório, o secador, a tubagem e a
unidade de conservação. Estes elementos encontram-se representados na figura representada a seguir.

4.1 Compressores e tipos de compressores


Os compressores de ar comprimido são máquinas que usadas para elevar a pressão de um certo
volume de ar, aspirado nas condições atmosféricas, até um determinado valor adequado para a
execução dos trabalhos realizados pelo ar comprimido.
As principais funções dos compressores são então a de captar o ar, e a de lhe elevar a pressão
até aos valores pretendidos.
Por outro lado, os parâmetros básicos que definem o desempenho de um compressor são os
seguintes:
- A pressão a que este é capaz de fornecer o ar,
- O fluxo nominal de ar fornecido,
- Consumo de potência.

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Existem vários tipos de compressores de ar comprimido. No que respeita à sua conceção, os
tipos principais podem ser divididos conforme o indicado no esquema seguinte:

Êmbolo
Alternativos
Membrana
Compressores volumétricos
ou de deslocamento positivo Palhetas
Rotativos Parafuso
Lóbulos

Centrífugos
Compressores dinâmicos
Axiais

4.1.1 Compressores volumétricos ou de deslocamento positivo


Neste tipo de compressores o princípio de funcionamento baseia-se fundamentalmente na
redução de volume da câmara que contém o ar aspirado. Deste modo, a elevação da pressão é
conseguida através da redução do volume ocupado pelo ar.
Na operação destas máquinas podem-se identificar diversas fases, que constituem o seu ciclo de
funcionamento. Assim, numa fase inicial é admitida uma certa quantidade de ar para o interior de uma
câmara de compressão, que então é fechada e sofre uma redução de volume. Finalmente, quando a
pressão pretendida é atingida, provoca a abertura das válvulas de descarga, ou simplesmente o ar é
empurrado para o tubo de descarga pela redução contínua do volume da câmara de compressão.
Trata-se de um processo, no qual a compressão é efetuada em sistema fechado, isto é, sem
qualquer contato anto com a aspiração como com a descarga.

4.1.2 Compressores volumétricos – Alternativos de êmbolo


Este tipo de máquinas usa um sistema biela-manivela para converter o movimento rotativo de
um eixo num movimento de translação de um pistão ou de um êmbolo.
O funcionamento de um compressor alternativo está relacionado com o comportamento das
válvulas. Elas possuem um elemento móvel, denominado obturador, que compara as pressões internas
e externas ao cilindro. O obturador da válvula de sucção abre-se para dentro do cilindro quando a

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pressão na tubagem de aspiração é superior à pressão no interior do cilindro, mantendo-se fechado no
caso contrário.
Na etapa de admissão do ar há uma tendência de depressão no interior do cilindro que propicia
a abertura da válvula de admissão, sendo o ar então aspirado. Ao inverter-se o sentido do movimento
do pistão, a válvula de aspiração fecha-se e o ar é comprimido até que a pressão interna do cilindro seja
suficiente para promover a abertura da válvula de descarga. Isto caracteriza a etapa de compressão.
Quando a válvula de descarga se abre, a movimentação do pistão faz com que o gás seja expulso
do interior do cilindro. Esta situação corresponde à etapa de descarga e dura até que o pistão termine o
seu movimento no sentido do cabeçote. Neste momento, a válvula de descarga fecha-se, mas a de
admissão só se abrirá quando a pressão interna cair o suficiente para permitir a nova abertura da
válvula. Essa etapa, em que as válvulas estão bloqueadas e o pistão tem um movimento no sentido
inverso ao do cabeçote, é denominado etapa de expansão, e precede a etapa de admissão de um novo
ciclo.
Podemos concluir que o compressor alternativo aspira e descarrega o ar respetivamente nas
pressões instantaneamente reinantes na tubagem de sucção e na tubagem de descarga.

Dentro do tipo de compressores de êmbolo devem considerar-se os compressores com dois


estágios de compressão. Estes compressores têm um funcionamento em tudo idêntico aos descritos
anteriormente. Contudo, diferenciam-se pelo facto de terem duas câmaras de admissão a pressões
diferentes, fazendo com que a pressão que se pretende obter seja conseguida em duas fases.
Assim, numa primeira câmara de admissão a pressão do ar é elevada até um valor intermédio,
pressão essa que corresponde à pressão com que o ar é admitido no segundo cilindro, o qual deve
elevar, numa fase seguinte, a pressão do ar até ao valor esperado.
A figura seguinte mostra um compressor de dois estágios com refrigeração intermédia.

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4.1.3 Compressores volumétricos – Alternativos de membrana
Neste tipo de compressores o êmbolo fica separado da câmara de aspiração por uma
membrana, pelo que, o ar não entra em contato com as partes deslizantes. Esta particularidade permite
que o ar fique isento de resíduos de óleo.
Poe este motivo estes compressores são muito usados nas indústrias alimentares, químicas e
farmacêuticas.

4.1.4 Compressores volumétricos – Rotativos de palhetas


Este tipo de compressores possui um rotor ou tambor central que gira excentricamente em
relação à carcaça. Este tambor possui rasgos radiais que se prolongam por todo o seu comprimento e
nos quais são inseridas palhetas retangulares.

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Quando o tambor gira, as palhetas deslocam-se radialmente sob a ação da força centrífuga,
mantendo-se no entanto em contato com a carcaça. O ar penetra pela abertura de sucção e ocupa os
espaços definidos entre as palhetas.
Devido à excentricidade do rotor, e às posições das aberturas de sucção e descarga, os espaços
existentes entre as palhetas vão-se reduzindo de modo a provocar a compressão progressiva do ar.

4.1.5 Compressores volumétricos – Rotativos de parafuso


Este tipo de compressores contém dois rotores helicoidais, em forma de parafusos, que giram
em sentido contrário. Um dos rotores possui lóbulos convexos, enquanto o outro tem uma depressão
côncava. Estes rotores são designados, respetivamente, rotor macho e rotor fêmea.
A conexão do compressor com o sistema faz-se através das aberturas de sucção e descarga, que
estão diametralmente opostas. Assim, o ar penetra pela abertura de sucção, ocupa os intervalos entre
os filetes dos rotores, sendo conduzido axialmente.
Os rotores são sincronizados por meio de engrenagens. No entanto, existem fabricantes que
fazem com que um rotor acione o outro por contato direto. O processo mais comum de acionamento é
o de acionar o rotor macho, obtendo-se uma velocidade menor do rotor fêmea.
Os rotores revolvem-se numa carcaça cuja superfície interna consiste de dois cilindros ligados.
Nas extremidades da câmara existem aberturas para admissão e descarga do ar.
O ar à pressão atmosférica ocupa o espaço que existe entre os rotores e, conforme eles giram, o
volume compreendido entre os mesmos é isolado da admissão. Em seguida, o volume começa a
decrescer, dando início à compressão. Esta prossegue até uma posição tal que a descarga é descoberta
e o ar é descarregado continuamente e sem pulsações.
O ciclo de compressão é explicado nas figuras seguintes.

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1 2 3 4
1 - O ar entra pela abertura de admissão preenchendo o espaço entre os parafusos.
A linha tracejada representa a abertura da descarga.
2 - À medida que os rotores giram, o ar é isolado, tendo início a compressão.
3 - O movimento de rotação produz uma compressão suave, que continua até ser atingido
o começo da abertura de descarga.
4 - O ar comprimido é suavemente descarregado do compressor, ficando a abertura de descarga
selada, até a passagem do volume comprimido no ciclo seguinte.

4.1.6 Compressores volumétricos – Rotativos de lóbulos


Os compressores de lóbulos possuem dois rotores que giram em sentido contrário, mantendo
uma folga muito pequena no ponto de tangência entre si e com relação à carcaça. O ar penetra pela
abertura de sucção e ocupa a câmara de compressão, sendo conduzido até a abertura de descarga pelos
rotores.
O compressor de lóbulos, embora seja classificado como volumétrico, não possuem compressão
interna. Os rotores apenas deslocam o ar de uma região de baixa pressão para uma região de alta
pressão. A pressão é exercida apenas pela resistência oferecida ao fluxo
Esta máquina, conhecida originalmente como soprador "Roots", é um exemplo típico do que se
pode caracterizar como um soprador, uma vez que é usada para elevações muito pequenas de pressão.
Sendo pouco utilizado com fins industriais é, no entanto, um equipamento de baixo custo e que pode
suportar longa duração de funcionamento sem cuidados de manutenção.

4.1.7 Compressores dinâmicos


Nos compressores dinâmicos o aumento da pressão é conseguido pela rotação, existindo assim
uma conversão de energia cinética em energia de pressão, durante a passagem do ar através do
compressor.

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O ar admitido é colocado em contacto com impulsores (rotor laminado) dotados de alta
velocidade, que transmitem energia cinética ao ar, acelerando-o e fazendo com que atinja elevadas
velocidades. Posteriormente, o escoamento do ar é retardado por meio de difusores, que são uma
espécie de dutos que provocam um aumento da pressão à custa da diminuição da velocidade de
escoamento do fluido.

4.1.8 Compressores dinâmicos – Centrífugos


Nestes compressores o ar é aspirado de uma forma contínua pela abertura central do
“impelidor” e descarregado pela periferia do mesmo, num movimento provocado pela força centrífuga
originada pelo movimento de rotação do rotor.
O fluido depois de descarregado passa então a descrever uma trajetória em forma de espiral
através do espaço anular que envolve o impelidor e que recebe o nome de difusor radial ou difusor em
anel. Este movimento leva à desaceleração do fluido e consequente aumento da pressão.
Prosseguindo no seu deslocamento, o ar é recolhido numa caixa espiral denominada voluta e
conduzido à descarga do compressor. Antes de ser descarregado, o escoamento passa por um bocal
divergente, o difusor de voluta, onde ocorre um suplementar processo de difusão.
Esta máquina é incapaz de proporcionar grandes elevações de pressão, de modo que os
compressores deste tipo utilizados em processos industriais são normalmente de múltiplos estágios.

4.1.9 Compressores dinâmicos – Axiais


Os compressores axiais representam um tipo de turbocompressor dos mais sofisticados em
termos de projeto, construção e operação. Os compressores axiais são dotados de um tambor rotativo
em cuja periferia são dispostas séries de palhetas em arranjos circulares igualmente espaçados,
conforme mostra a figura abaixo representada.
Quando o rotor é posicionado na máquina, essas rodas de palhetas ficam intercaladas por
arranjos semelhantes e fixados circunferencialmente ao longo da carcaça.

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Cada par formado por um conjunto de palhetas móveis e outro de palhetas fixas constitui num
estágio de compressão. As palhetas móveis possuem uma conformação capaz de transmitir ao ar a
energia proveniente do acionador, acarretando ganhos de velocidade. As palhetas fixas, por sua vez, são
projetadas de modo a produzir uma deflexão no escoamento que forçará a ocorrência de um processo
de difusão.
Como o aumento da pressão obtida num estágio axial é bastante pequena, os compressores
deste tipo são sempre dotados de vários estágios. O escoamento desenvolve-se através dos estágios
segundo uma trajetória hélico-axial envolvendo o tambor.

4.1.10 Problemas durante a compressão


Conforme sabemos, pelo que já foi escrito ao longo deste texto, durante a compressão do ar
este sofre um processo de aquecimento. É assim normal que se verifique também um aquecimento do
compressor. Porém, pode acontecer que este aquecimento seja exagerado, o que não é de todo
desejável.
As causas de um aquecimento anormal podem ser as seguintes:
- Falta de óleo no cárter,
- Válvulas presas,
- Ventilação insuficiente,
- Válvulas sujas,
- Óleo do cárter demasiado viscoso,
- Filtro de ar entupido.

4.1.11 Sistema de refrigeração dos compressores


Conforme sabemos o processo de compressão do ar é acompanhado com um aumento da sua
temperatura. Verifica-se ainda que, paro além do ar, também o próprio compressor sofre um

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aquecimento durante o processo. É pois necessário estabelecerem-se sistemas de refrigeração que
garantam o arrefecimento, tanto do ar comprimido, quanto do compressor.
Este arrefecimento intermédio remove o calor gerado nos diferentes estágios de compressão,
permitindo vantagens tanto sob o ponto de vista do ar comprimido, quanto no que respeita ao
compressor. Assim:
- No que respeita ao ar comprimido, o seu arrefecimento provoca o fenómeno da condensação,
o que permite a remoção de alguma da água que foi aspirada pelo compressor.
- Quanto ao compressor, o se arrefecimento permite manter baixa a temperatura das válvulas e
do óleo lubrificante, assim como evita a deformação do bloco e cabeçote pelas elevadas temperaturas.
Podemos ainda referir que manter as temperaturas relativamente baixas durante a compressão do ar
aumenta a eficiência do compressor.

Os sistemas de refrigeração dos compressores compreendem sobretudo o arrefecimento de


dois pontos muito importantes distintos:
- Arrefecimento dos cilindros de compressão.
- Arrefecimento no arrefecedor intermédio.

Por outro lado, os sistemas de refrigeração dos compressores podem ser realizados por meio de
ar em circulação, ventilação forçada; Ou por meio de água. O arrefecimento a água é o preferível,
porque permite uma maior troca de calor, provocando a condensação da humidade do ar.

Arrefecimento a água
No arrefecimento a água, os blocos dos cilindros são constituídos por paredes duplas, entre as
quais circula a água de refrigeração. A superfície que exige um maior cuidado é a do cabeçote, uma vez
que ele permanece em contacto com o ar na parte final da compressão.
No arrefecedor intermédio geralmente são usados tubos com alhetas. Assim, o ar ao ser
arrefecido passa em torno dos tubos, provocando uma transferência de calor para a água em circulação.
Os compressores arrefecidos a água necessitam de uma atenção constante, para garantir que o
fluxo refrigerante não sofra qualquer interrupção, o que acarretaria um aumento sensível na
temperatura de trabalho. Determinados tipos de compressores possuem, no sistema de arrefecimento
intermediário, válvulas termostáticas, para assim assegurar o seu funcionamento e proteção contra
temperaturas excessivas, provocadas pela falta de água ou por outro motivo qualquer.

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Arrefecimento a ar
Os compressores mais pequenos e médios podem ser arrefecidos a ar. Este é um sistema muito
prático, particularmente em instalações ao ar livre, ou onde o calor gerado possa ser facilmente
removido. Para estes casos o arrefecimento a ar pode ser uma alternativa ao arrefecimento a água.
Existem dois modos básicos de arrefecimento a ar, que são os seguintes:
- Arrefecimento por circulação. Nestes casos, de uma forma geral, os cilindros e os cabeçotes
têm alhetas para que seja intensificada a troca de calor. Esta troca de calor é conseguida por meio da
circulação do ar ambiente e com auxílio de hélices nas polias de transmissão.
- Arrefecimento por ventilação forçada. A refrigeração interna dos cabeçotes e do arrefecedor
intermédio é conseguida através de ventilação forçada por uma ventoinha, obrigando o ar a circular no
interior do compressor.

4.2 Arrefecedores
Conforme sabemos, no ato da descarga de ar de um compressor o ar comprimido apresenta
uma elevada temperatura, e por consequência uma grande capacidade de retenção de água no estado
de vapor. Contudo, à medida a temperatura diminui, a água precipita-se no sistema de distribuição,
causando sérios problemas nos equipamentos pneumáticos.
Para resolver de maneira eficaz este problema inicial da água nas instalações de ar comprimido,
utiliza-se um arrefecedor posterior, localizado entre a saída do compressor e a entrada no reservatório,
conforme se ilustra na figura a seguir representada.
O arrefecedor posterior não é mais do que um simples permutador de calor utilizado para
arrefecer o ar comprimido, e deste modo retirar entre 75% e 90% do vapor de água contido no ar. Para
além deste objetivo, o arrefecimento do ar permite reter os vapores de óleo, e evitar, que a linha de

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distribuição sofra fortes dilatações provocadas pelas elevadas temperaturas que o ar apresenta na fase
de descarga do compressor.

Um arrefecedor de ar comprimido é basicamente constituído por duas partes distintas, que são
as seguintes:
- Um corpo, geralmente cilíndrico, onde se alojam feixes de tubos confecionados com materiais
de boa condução de térmica, formando no seu interior uma espécie de colmeia.
- Uma segunda parte, que é um separador de condensados, no qual é colocado um dreno para
transportar para o exterior a água condensada.
Assim, o ar proveniente do compressor é obrigado a passar através dos tubos, sempre em
sentido oposto ao fluxo da água de arrefecimento, ao mesmo tempo que muda constantemente de
direção, devido à ação das placas defletoras, garantindo, desta forma, uma maior dissipação de calor.
A temperatura do ar na saída do arrefecedor dependerá da temperatura com que o ar é
descarregado pelo compressor, da temperatura da água de refrigeração e do volume de água necessário
para essa mesma refrigeração.
Deve também referir-se que a capacidade do compressor influencia diretamente na dimensão
do arrefecedor.

4.3 Reservatório de ar comprimido


Um sistema de ar comprimido pode contemplar um ou dois reservatórios, que têm um papel
fundamental em todo o processo. De um modo geral as principais funções de um reservatório de ar
comprimido são as seguintes:
- Armazenar o ar comprimido,
- Arrefecer o ar auxiliando a eliminação do vapor de água contido no ar.
- Compensar as flutuações de pressão em todo o sistema de distribuição.
- Estabilizar o fluxo de ar.
- Controlar as marchas dos compressores.

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Nenhum reservatório deve operar com uma pressão superior à pressão máxima de trabalho
permitida.

Quanto à sua localização, os reservatórios devem ser instalados de modo a que todos os drenos,
conexões e aberturas de inspeção sejam facilmente acessíveis.
Em caso algum os reservatórios devem ser enterrados ou instalados em locais de difícil acesso.
De preferência eles devem ser instalados fora da casa dos compressores e à sombra, de modo a facilitar
a condensação da humidade e do óleo contidos no ar comprimido. A remoção destes condensados é
normalmente feita de 8 em 8 horas, por meio de drenos, preferencialmente automáticos, colocados no
ponto mais baixo, do reservatório.

4.4 Filtros de ar comprimido


Os filtros de ar comprimido de uma maneira geral são colocados nas seguintes três posições
distintas:
- Antes do secador de ar comprimido (pré-filtro). A função do filtro instalado antes do secador é
a de separar o restante da contaminação sólida e líquida não totalmente eliminada pelo separador de
condensados do arrefecedor posterior. Desta forma protege-se os permutadores de calor do secador e
evita-se uma diminuição da eficiência do arrefecedor, uma vez que não se gasta energia a arrefecer um
condensado que já deveria ter sido eliminado do sistema.
- Depois do secador do ar comprimido (pós-filtro). Na verdade, em qualquer secador por
refrigeração, o ar comprimido sofre um reaquecimento antes de voltar à tubagem, pelo que, o filtro
instalado após o secador deve ter a capacidade de efetuar a eliminação da humidade residual afetada
pelo aumento da temperatura do ar no secador, e que não tenha sido removida pelo separador

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mecânico de condensados do secador. Para além disso este filtro deve reter as partículas sólidas
produzidas na secagem do ar.
- Junto ao ponto de utilização.

4.5 Secagem do ar comprimido


Conforme já foi escrito neste texto a presença de humidade no ar comprimido é sempre
prejudicial para as automatizações pneumáticas, pois pode causar sérios danos nos equipamentos. É
pois necessário eliminar ou reduzir ao máximo esta humidade. O ideal seria mesmo eliminá-la do ar
comprimido por completo. Porém, tal é praticamente impossível, pelo que , o ar seco industrial não é
aquele que está totalmente isento de água, mas antes é o ar que, após um processo de desidratação,
flui com um conteúdo de humidade residual de tal ordem que possa ser utilizado sem qualquer
inconveniente.
A aquisição de um secador de ar comprimido pode ter um peso económico significativo no
orçamento de uma unidade de preparação. Nalguns casos um secador de ar comprimido pode chegar a
custar 25% do valor total da instalação.
No entanto este investimento pode ser justificado e compensado pela poupança conseguida na
manutenção e substituição dos diversos componentes pneumáticos, que vão desde a rede de
distribuição do ar, até às válvulas, cilindros e motores. Para além deste fator deve considerar-se ainda os
custos associados à paragem da produção provocados pelas anomalias dos equipamentos pneumáticos.
Nesta perspetiva pode dizer-se que o uso de um secador de ar, apesar de oneroso, pode tornar-
se altamente lucrativo, sendo pago em pouco tempo de trabalho.
Os meios e as tecnologias utilizados na secagem do ar são vários. Vamos no entanto referir
apenas os dois principais, tanto pelos resultados finais obtidos, quanto pela sua maior difusão.

4.5.1 Secagem do ar por refrigeração


O método de desumidificação do ar comprimido por refrigeração assenta no conhecimento da
capacidade que o ar tem em reter água no estado de vapor ser função da sua temperatura. Assim, este
método consiste em submeter o ar a uma temperatura suficientemente baixa, para que deste modo, se
consiga retirar uma parte significativa da água que ele contém.
Além de retirar parte da água do ar, o secador provoca, no compartimento de arrefecimento,
uma emulsão com o óleo lubrificante do compressor, removendo também parte do óleo lubrificante.

O método de secagem por refrigeração é bastante simples. O ar comprimido passa numa


primeira fase por um por um permutador de calor (A) que lhe provoca um pré-arrefecimento, causado
pelo ar que sai do resfriador principal (B).

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No arrefecedor principal o ar é novamente arrefecido, com consequente nova diminuição de
temperatura, pois está em contato com um circuito de refrigeração.
Durante esta fase, a humidade presente no ar comprimido forma pequenas gotas de água
corrente chamadas condensados, e que são eliminadas pelo separador (C), onde a água depositada é
evacuada para a atmosfera através de um dreno (D).
A temperatura do ar comprimido é mantida a uma temperatura um pouco inferior a 3°C no
arrefecedor principal, por ação do circuito de refrigeração (E).
O ar comprimido seco volta novamente ao permutador de calor inicial (A), causando o pré-
arrefecimento do ar húmido que está a entrar repetindo o ciclo descrito acima.

4.5.2 Secagem do ar por absorção


É a fixação de um produto absorvente, geralmente líquido ou gasoso, no interior da massa de
outro absorto sólido. Dito de outro modo, A secagem do ar comprimido por absorção é o método que
utiliza num circuito uma substância sólida ou líquida, com capacidade de absorver outra substância
líquida ou gasosa.
Trata-se de um processo químico que consiste no contato do ar comprimido com o elemento
secador (cloreto de cálcio, cloreto de lítio).
A água ou vapor, em contato com esse elemento, mistura-se quimicamente com ele, formando
um resíduo que deverá ser removido periodicamente do absorvedor.

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4.6 Unidades de manutenção
Para se manter o ar comprimido em boas condições de utilização, são usadas as unidades de
manutenção ou conservação. A utilização destas unidades de serviço é indispensável em qualquer tipo
de sistema pneumático, desde o mais simples ao mais complexo.
A unidade de manutenção tem a finalidade de purificar o ar comprimido, ajustar uma pressão
constante do ar e acrescentar uma fina neblina de óleo ao ar comprimido, para fins de lubrificação.
Deste modo, a unidade de conservação aumenta consideravelmente a segurança de
funcionamento dos equipamentos pneumáticos, permitindo que os componentes pneumáticos
trabalharem nas condições mais favoráveis, para além de prolongarem a sua vida útil.
Estas unidades são compostas por um filtro, um regulador de pressão e por um lubrificador.

Símbolo Símbolo simplificado

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4.6.1 Filtro de ar comprimido
A função do filtro de ar é reter as partículas de impurezas, bem como a água condensada,
presente no ar que passa por ele.
Quanto ao seu funcionamento, pode-se dizer que o ar comprimido, ao entrar no copo do filtro,
é forçado a um movimento de rotação por meio de rasgos direcionais. Desse modo, e pela ação da força
centrífuga, separam-se as impurezas maiores e as gotículas de água, que se depositam então no fundo
do copo.
O condensado acumulado no fundo do copo deve ser eliminado, o mais tardar, ao atingir a
marca do nível máximo, já que, se isto não ocorrer, será arrastado novamente pelo ar que está a passar
pelo filtro.
Entretanto, as partículas sólidas maiores que a porosidade do filtro são retidas por este. Com o
tempo estas partículas acabam por obstruir o filtro, pelo que o filtro deve ser limpo ou trocado com
regularidade.
Se houver uma acentuada deposição de condensado, convém substituir a válvula de descarga
manual por uma automática.

4.6.2 Regulador de pressão


O regulador de pressão tem por finalidade manter constante a pressão de trabalho no
equipamento (secundária), independentemente da pressão da rede (primária) e do consumo de ar. Ela
somente funciona quando a pressão a ser regulada (pressão secundária) for inferior que a pressão de
alimentação da rede (pressão primária). Assim essa válvula pode reduzir a pressão, mas jamais
aumentá-la.

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O seu funcionamento pode ser explicado da seguinte forma:
Se a pressão secundária diminuir em relação a um valor especificado a mola 2 empurra o
êmbolo 6 que abre a comunicação com a pressão primária.
Se a pressão secundária aumenta, em relação a um valor especificado (por exemplo, devido à
um excesso de carga no atuador) então a membrana 1 é atuada pressionando a mola 2 e o êmbolo 6
fecha a comunicação até que a pressão secundária diminua.
Se a pressão secundária aumentar demais, então além de ocorrer a situação anterior, a
membrana 1 se separa do êmbolo 6, abrindo a comunicação com os furos de exaustão, ocorrendo o
escape de ar, o que reduz a pressão secundária.
O parafuso 3 permite regular a rigidez da mola 2 e portanto a pressão secundária.

4.6.3 Lubrificador
Nos elementos pneumáticos existem peças móveis que devem ser submetidas à lubrificação,
para por um lado garantir um desgaste mínimo mantendo tão baixa quanto possível as forças de atrito,
por outro para proteger os aparelhos contra corrosão.
Por ação do lubrificador, espalha-se no ar comprimido uma névoa adequada de óleo.
Os lubrificadores operam, geralmente, segundo o princípio venturi, onde a diferença de pressão
(queda de pressão) entre a pressão existente antes do bocal nebulizador e a pressão no ponto
estrangulado do bocal serão aproveitadas para sugar óleo de um reservatório e misturá-lo com o ar em
movimento na forma de neblina.
Essencialmente quando o fluxo de ar passa por uma seção de menor área, a sua velocidade
aumenta e a sua pressão diminui, e portanto o óleo contido no tubo é pulverizado no ar.

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O lubrificador de ar somente começa a funcionar quando existe um fluxo suficientemente
grande. Quando houver pequena demanda de ar, a velocidade no bocal é insuficiente para gerar uma
depressão (baixa pressão) que possa sugar o óleo do reservatório. Deve-se, portanto, prestar atenção
aos valores do caudal (fluxo) indicados pelo fabricante.

A corrente de ar no lubrificador vai de A para B. A válvula de regulação H obriga o ar a entrar no


depósito E, pelo canal F. Pelo efeito de sucção no canal C, o óleo é transportado pelo tubo ascendente L
até a câmara D. Nesta câmara, o óleo é gotejado na corrente de ar e é arrastado.
Mediante o parafuso K, ajusta-se à quantidade de óleo adequada.
O desvio do ar comprimido até o depósito realiza-se através da câmara F, onde se efetua o
fenômeno da aspiração. As gotas grandes demais caem no ambiente E. Somente a neblina ar-óleo chega
à saída B, através do canal G.

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5 Redes de distribuição
Aplicar, para cada máquina ou dispositivo automatizado, um compressor próprio, só é possível
em casos esporádicos e isolados. O mais corrente e usual são as situações onde existem vários pontos
de aplicação. Ora é assim fácil de perceber que o processo mais conveniente e racional é efetuar a
distribuição do ar comprimido de modo a colocar os pontos de ligação nas proximidades dos
utilizadores.
Surge assim o conceito de rede de distribuição de ar comprimido, que compreende todas as
tubagens que saem do reservatório, passam pelo secador e que, unidas, orientam o ar comprimido até
os pontos individuais de utilização.
As redes de ar comprimido tem fundamentalmente duas funções básicas:
- Comunicar a fonte produtora com os equipamentos consumidores de ar comprimido,
- Funcionar como um reservatório para atender às exigências locais.

Um sistema de distribuição corretamente executado deve apresentar uma baixa queda de


pressão entre o compressor e as partes de consumo, para que assim se possa manter os valores da
pressão o mias estáveis possível e dentro de limites aceitáveis em conformidade com as exigências das
aplicações.
Por outro lado as redes de distribuição não devem apresentar fugas de ar, pois se tal acontecer
haverá perda de potência com grandes desperdícios de energia.
É ainda importante projetar as redes por forma a que elas contemplem a possibilidade de se
fazer a separação dos condensados.

Assim, ao serem efetuados o projeto e a instalação de uma rede de distribuição, é necessário


levar em consideração certos preceitos. Pois o não cumprimento de certas regras é contraproducente e
aumenta sensivelmente a necessidade de manutenção.

5.1 Cálculo de redes, perdas de carga e comprimentos


equivalentes
O dimensionamento de uma rede de ar comprimido é uma questão de grande importância, pois
um sistema bem dimensionado proporciona um melhor rendimento da instalação, um menor custo de
produção para a empresa, em virtude do menor consumo de energia, e uma vida útil dos equipamentos
pneumáticos mais longa.
De uma forma simplificada podemos dizer que para o dimensionamento das redes, se deve
começar por fazer o levantamento das máquinas que farão uso de ar comprimido. Nesta etapa deverá

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ser identificado o volume total de ar que será consumido pelos equipamentos pneumáticos, bem como
a pressão necessária que deve chegar a cada máquina para seu correto funcionamento.
Seguidamente deve-se determinar a localização das linhas de alimentação e distribuição de ar
comprimido, para que fosse possível estimar os comprimentos retilíneos das linhas pneumáticas. Nesta
fase deve-se também fazer um levantamento dos acessórios e válvulas necessários para a construção da
rede.
Por fim deve-se identificar a queda de pressão admitida para o sistema, assim como determinar
a pressão de regime.

Segundo a “Atlas Copco”, para dimensionar uma rede de ar comprimido devem ser seguidos os
seguintes sete passos:
“Passo 1
Calcule a capacidade de ar que será consumida. Uma estimativa muito baixa pode resultar numa
pressão desadequada do sistema. Uma estimativa muito alta, por sua vez, resulta num
investimento excessivo e num sistema pouco eficiente. Um cálculo preciso feito em softwares
adequados garantem um dimensionamento correto para o melhor funcionamento do sistema.

Passo 2
Identifique nos equipamentos pneumáticos qual é a pressão de trabalho requerida.

Passo 3
Estabeleça uma tolerância para vazamentos e perdas de carga. Um sistema corretamente
projetado e bem escolhido deve apresentar a menor quantidade de vazamentos possível (a
tender para ZERO), com uma perda de carga na rede principal de, no máximo, 0,1 bar.

Passo 4
Defina a qualidade de ar desejada. Diferentes aplicações possuem diferentes necessidades de ar
comprimido. O ar para pintura, por exemplo, deve ser seco, isento de óleo e limpo. Ferramentas
pneumáticas, como cilindros, válvulas e bombas, possuem demandas de qualidade variadas.

Passo 5
Depois que as necessidades de vazão, pressão e qualidade do ar são definidas, é hora de escolher
o compressor. O tipo de equipamento (lubrificado ou isento de óleo), o seu sistema de controlo, a

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sua capacidade e pressão devem servir como base para a decisão. Também é importante levar
em conta o grau de eficiência energética do compressor

Passo 6
Escolher o tipo de material para a tubagem e estabelecer o traçado da rede de ar. Para isso,
identifique os pontos de consumo e os requisitos de cada um deles. A partir daí vai ser possível
definir o lay-out, que pode ser em circuito fechado ou em linha reta. Deve-se identificar também
os pontos que requerem um ar com qualidade especial e que necessitam da instalação de
acessórios (como secadores e filtros).

Passo 7
Identificar os acessórios necessários para a linha de ar. Filtros, secadores e a tubagem entram
nessa lista.”

5.1.1 Cálculo das redes


Um dos objetivos do cálculo de redes de distribuição de ar comprimido é o de determinar o
diâmetro interno das tubagens. Para o efeito recorre-se a correlações matemáticas, como por exemplo
a que se apresenta a seguir:

O diâmetro interno da tubagem que se pretende conhecer pode assim ser relacionado com os
seguintes parâmetros:
- Caudal de ar que circula na rede (Q). Este caudal deve contemplar o caudal total de todas as
máquinas que operam ligadas à rede que se está a dimensionar somado com o caudal relativa a futuras
ampliações que se possam vir a fazer na rede atual.
- Comprimento total da linha (Lt). Este é o comprimento total da linha obtido pela soma do
comprimento linear da tubagem com o comprimento equivalente originado pelos diferentes acessórios
(tês, curvas, reduções, joelhos, válvulas, etc.),
- Queda de pressão admitida (ΔP). Esta perda de pressão representa a perda de carga em função
do atrito interno nas tubagens, acessórios e incidentes da rede de distribuição.
- Pressão (P). Esta pressão refere-se à pressão de regime que é a pressão do reservatório.

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5.1.2 Perda de carga
A perda de carga, tanto a perda de carga distribuída em linha, quanto a perda de carga
localizada, também pode ser calculada com recurso a relações matemáticas. Contudo, consideremos
esse cálculo fora do âmbito deste texto. Vejamos no entanto de seguida o que se entende por perda de
carga de um escoamento.
Quando um fluido escoa numa conduta sob pressão é submetido a forças resistentes exercidas
pelas paredes da tubagem e por uma região do próprio fluido. Nesta região denominada camada limite
há um elevado gradiente de velocidade e o efeito da velocidade é significativo. A consequência deste
facto é o aparecimento de forças de cisalhamento que reduzem a capacidade de fluidez do fluido.
O fluido ao escoar transforma (dissipa) parte de sua energia em calor. Essa energia não mais é
recuperada na forma de energia cinética e/ou potencial e, por isso, denomina-se perda de carga. É pois
uma perda de energia devido ao atrito contra as paredes e à dissipação devido à viscosidade do fluido
em escoamento.
Assim, a perda de carga pode ser interpretada como sendo a energia perdida pelo fluido quando
este escoa numa conduta ou tubagem. Representa a perda de energia dinâmica do fluido devido à
fricção das partículas do fluido entre si e contra as paredes da tubagem que os contenha.
Em termos práticos as perdas de carga são identificadas com a perda de pressão que o fluido
sofre quando se movimenta numa conduta.
As perdas de carga são contínuas em linha ou distribuídas, quando se reportam ao escoamento
ao longo das tubagens regulares. E são acidentais ou localizadas, quando são devidas a circunstâncias
particulares, como por exemplo, um estreitamento na tubagem, uma alteração de direção do
escoamento, a presença de uma válvula, etc.

5.1.3 Comprimentos equivalentes


O comprimento equivalente (Leq), é um valor de uma perda de carga associado a um incidente
(tê, curva, válvula, etc.) numa rede de transporte de fluidos, que pode ser interpretado como sendo o
comprimento de um tubo que apresentaria uma perda de carga igual ao do acessório em questão.
Por exemplo, a perda de carga de uma válvula globo de 2“ totalmente aberta equivale
aproximadamente à perda de carga em 16 m de uma tubagem reta.
Estes valores dos comprimentos equivalentes podem ser encontrados em tabelas, e devem ser
somados aos comprimentos das redes de transporte de fluidos quando se pretende saber o
comprimento total da rede para efeitos de perda de carga da mesma.

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5.1.4 Raios de curvatura
Os raios de curvatura devem ser o maior possível, originando curvas longas, para evitar perdas
de energia assim como alguma turbulência nas tubagens. Deve também evitar-se sempre sempre que
possível a colocação de cotovelos a 90°.
A curva mínima admissível deve possuir na sua curvatura interior um raio mínimo de duas vezes
o diâmetro externo do tubo.

5.1.5 Inclinação
Apesar dos cuidados vistos anteriormente para eliminação dos condensados, a verdade é que
resta uma humidade remanescente que deve ser removida ou até mesmo eliminada, em caso de
condensação da mesma.
As tubagens de distribuição de ar devem assim ser inclinadas no sentido do fluxo interior, para
permitir que as precipitações de água que ainda possam ocorrer sejam retiradas da rede, levando-as
para o ponto mais baixo, onde são eliminadas para a atmosfera, através do sistema de drenagem da
rede.
Assim, para que seja possível realizar a drenagem devem ser instalados purgadores que
preferencialmente devem ser automáticos, podendo no entanto ser do tipo manual.
Os pontos de drenagem devem situar-se principalmente em todos os locais baixos da rede, e
nos fins de linha.
O valor desta inclinação deve ser de 0,5 a 2% em função do comprimento reto da tubagem. Os
drenos, colocados nos pontos mais baixos da rede, devem ser preferencialmente automáticos.

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5.2 Forma das redes de distribuição de ar comprimido
Relativamente ao tipo de linha a ser executado, anel fechado (circuito fechado) ou circuito
aberto, devem-se analisar as condições favoráveis e desfavoráveis de cada uma destas soluções.
Geralmente a rede de distribuição é em circuito fechado, em torno da área onde há necessidade
do ar comprimido, partindo do anel as ramificações para os diferentes pontos de consumo.

5.2.1 Rede de distribuição em circuito aberto


Existem situações, tais como casos onde o transporte de materiais e peças é aéreo, pontos
isolados, pontos distantes em que se deve preferir o circuito aberto. Nestes casos, são estendidas linhas
principais até aos pontos de utilização.
As tubagens das redes em circuito aberto devem ser montadas com um declive de 1% a 2%, na
direção do fluxo.
Por outro lado, devido à formação de água condensada, é fundamental, que nas tubagens
horizontais os ramais de tomadas de ar sejam montados na parte superior do tubo principal. Desta
forma, evita-se que a água condensada, que eventualmente esteja na tubagem principal possa chegar às
tomadas de ar através dos ramais.
Para intercetar e drenar a água condensada, devem ser instaladas derivações com drenos na
parte inferior na tubagem principal.

5.2.2 Rede de distribuição em circuito fechado


A distribuição em sistema de anel fechado apresenta a grande vantagem de permitir manter
uma pressão mais constante no circuito, para além de proporcionar uma distribuição mais uniforme do
ar comprimido para os consumos intermitentes.
Por outro lado, este tipo de distribuição em anel fechado dificulta a separação da humidade,
porque o fluxo de ar não tem uma direção definida. De facto, conforme o local de consumo, o fluxo de
ar pode circular em duas direções diferentes.

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5.3 Seccionamento das linhas de distribuição
Nos casos das redes de distribuição muito grandes, elas devem ser concebidas de molde a que
seja possível seccionar os diferentes circuitos que a compõem, dividindo-a em secções e permitindo
dessa maneira o isolamento dos ramais de distribuição respetivos.
Este isolamento dos ramais de distribuição é importante, porque permite que eles sejam
intervencionados para manutenção, inspeção, modificação ou substituição de equipamentos. Deste
modo é possível que os restantes ramais que não necessitam de ser intervencionados possam continuar
em trabalho. Conforme se ilustra na figura representada a seguir, a forma de ser feita a divisão da rede
em diversos ramais é conseguida com o recurso a válvulas de fecho.

5.4 Pontos de utilização


As tomadas de ar devem ser sempre feitas pela parte superior da tubagem principal, para evitar
os problemas de condensado já expostos.
Recomenda-se ainda que não se realize a utilização direta do ar no ponto terminal do tubo de
tomada. No terminal, deve-se colocar uma pequena válvula de drenagem e a utilização deve ser feita
um pouco mais acima, onde o ar, antes de ir para a máquina, passa através da unidade de
condicionamento.

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5.5 Ligações entre tubagens
As ligações entre as tubagens nas redes de distribuição de ar comprimido podem ser feitas de
formas diversas. Assim, elas podem ser roscadas, soldadas, flangeadas ou com acoplamento rápido.
Sendo a solução mais indicada função do tipo de rede que se pretende. Contudo, o que é mesmo
importante é que as redes apresentem uma perfeita vedação, sem fugas.
As ligações roscadas são as mais usuais, devido ao seu baixo custo e à sua facilidade de
montagem e desmontagem. Porém, dadas as imperfeições das roscas, é conveniente utilizar nas zonas
roscadas uma fita própria de vedação para evitar fugas nas ligações.
As uniões soldadas oferecem uma menor possibilidade de fuga quando comparada com a união
roscada. Tem no entanto um custo maior.
De uma maneira geral, a utilização de ligações roscadas usam-se para redes de tubagens com
diâmetros até 3". Para valores superiores, são normalmente recomendadas as ligações soldadas.
Para instalações que devam apresentar um maior grau de segurança recomenda-se uso de
ligações flangeadas e soldadas.
Para instalações provisórias, o ideal é o acoplamento rápido, também estanque, porque na
desmontagem não existem perdas de tubo e não há necessidade de fazer cortes para a sua remoção.

5.6 Materiais utilizados nas redes ar comprimido


Relativamente aos materiais utilizados nas redes eles devem apresentar forte resistência à
oxidação. Podem por isso ser utilizados o aço inoxidável, o alumínio, o cobre, e alguns materiais
plásticos, como sejam o polietileno e o poliuretano.
Quanto às ligações utilizadas, elas devem possibilitar uma montagem rápida, ter dimensões
compactas e não apresentar quedas de pressão, ou seja, possuir uma área de passagem do ar o maior
possível.
É também muito importante que as ligações sejam perfeitas, estando completamente isentas de fugas.
Devem também ser compatíveis com os diferentes fluidos industriais e apresentar uma durabilidade
elevada. Nos casos de equipamento de manutenção os equipamentos de ligação devem permitir uma
rápida remoção dos tubos sem causar danos.

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6 Válvulas classificação e características
Os comandos pneumáticos podem ser subdivididos em elementos de sinais, elementos de
comando e elementos de trabalho. Todos os elementos de comando e de sinais que tem por finalidade
influenciar o fluxo de informações ou energia, neste caso ar comprimido, são denominados válvulas,
independentemente de sua forma construtiva.
As válvulas são assim componentes dos circuitos pneumáticos que se destinam a controlar a
direção, a pressão e/ou o caudal do ar comprimido.
Assim, consoante a sua função, as válvulas podem ser classificadas do seguinte modo:
- Válvulas direcionais,
- Válvulas de bloqueio,
- Válvulas de pressão,
- Válvulas de fluxo ou de caudal,
- Válvulas de fecho.

6.1 Válvulas direcionais


As válvulas direcionais são elementos pneumáticos que influenciam o percurso do fluxo de ar,
direcionando-o de acordo com os objetivos do circuito em causa.
Em esquemas pneumáticos, usam-se símbolos gráficos para descrições das válvulas. Estes
símbolos não caracterizam os diferentes tipos de construção, mas somente a função das válvulas no
circuito.
As válvulas direcionais são caracterizadas pelos seguintes parâmetros:
- Número de posições,
- Número de vias,
- Posição de repouso,
- Tipo de acionamento,
- Tipo de retorno,
- Caudal.

Número de posições
Assim, sob o ponto de vista gráfico as válvulas são representadas com quadrados, de tal modo
que o número de quadrados indica o número de posições ou manobras distintas que uma válvula pode
assumir.
Para que se possa compreender este conceito, comparemos a situação do ar comprimido a
atravessar uma válvula, com uma torneira de água, conforme representado a seguir. A torneira pode
estar aberta ou fechada, tal e qual a válvula pneumática.

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No primeiro desenho, a torneira está fechada e não permite a passagem da água. Pelo contrário,
no segundo desenho, a torneira está aberta e permite a passagem da água.
As duas situações (posições) em que a torneira/válvula se pode se encontrar são graficamente
representadas por dois quadrados.

Número de vias
As vias de passagem de uma válvula são indicadas por linhas nos quadrados representativos de
posições. Por sua vez a direção do fluxo é representada por setas.
A representação da válvula fechada ou de bloqueio de passagem são indicados dentro dos
quadrados, com traços transversais
Os traços exteriores aos quadrados indicadores das posições indicam as conexões, entrada e
saída do fluxo de ar. Quanto ao número de traços, ele indica o número de vias de uma válvula.
Em geral, as conexões são representadas nos quadrados da direita.

Quando existe um triângulo numa das vias da válvula, esse triângulo representa as vias de
exaustão do ar, isto é, as vias para o escape.

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Quanto às designações dos orifícios/vias das válvulas direcionais, é comum ela seguir a seguinte
indicações:

Posição de repouso
Denomina-se posição de repouso ou posição normal da válvula, a posição em que se encontram
os elementos internos, quando a válvula não está acionada. Geralmente a posição de repouso é
representada do lado direito do símbolo.
Assim temos:
- Válvula normalmente fechada (NF) que não permite passagem do fluido na posição normal ou
de repouso.

- Válvula normalmente aberta (NA) que permite passagem do fluido na posição normal ou de
repouso.

No exemplo da torneira, representado anteriormente, podemos caracterizar uma válvula de


duas vias, duas posições.
Se considerarmos que a torneira, na posição normal, não permita a passagem da água, ela é
normalmente fechada (NF).
Se considerarmos que a torneira, na posição normal, permite a passagem de água, ela é
normalmente aberta (NA).
Na representação gráfica de válvulas com 3 posições de comando, a posição do meio é
considerada como posição de repouso, nesse caso, é nessa posição que se representam as conexões.

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Tipos de acionamento
Conforme a necessidade, podem-se adaptar às válvulas direcionais vários tipos de acionamento.
Estes símbolos de acionamento são desenhados horizontalmente nos quadrados. A figura abaixo mostra
alguns exemplos.

Tipo de retorno
O retorno é o efeito que traduz o facto de a válvula deixar de estar atuada. É através do retorno
que uma válvula direcional de 2 posições retoma a posição de repouso. O retorno pode ser feito por
uma mola, um piloto, etc., sendo normalmente representado do lado direito do símbolo.

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Caudal
O caudal é especificado de acordo com os métodos de medição caudal nominal. Os fabricantes
de componentes pneumáticos especificam nos catálogos dos produtos, os valores do caudal nominal.

Exemplos
Vejamos de seguida, alguns exemplos relativos à simbologia utilizada nas válvulas pneumáticas
direcionais.

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6.2 Válvulas de bloqueio
As Válvulas de bloqueio têm a função de impedir a passagem do fluxo de ar numa direção,
dando passagem ao ar na direção oposta.
No seu funcionamento verifica-se que é a própria pressão que internamente aciona a peça de
vedação, garantindo a vedação da válvula num determinado sentido de fluxo.

6.2.1 Válvula de retenção


Esta válvula pode fechar completamente a passagem do ar num dos sentidos. No entanto em
sentido contrário, o ar passa com a mínima queda de pressão possível.
Este bloqueio do fluxo pola de ser feito por meio de um cone, de uma esfera, de uma placa ou
de uma membrana.

6.2.2 Válvula função lógica “OU”


A válvula “OU” tem duas entradas, P1 e P2, e uma saída, A, conforme mostra a figura abaixo
ilustrada. O seu funcionamento é o seguinte:
Quando entra ar comprimido por P1, a peça de vedação, por ação da pressão do ar, fecha a
entrada P2 e o ar flui de P1 para A.
De modo idêntico, quando o ar entra por P2, a entrada P1 é bloqueada pela peça de vedação, e
o ar flui de P2 para A.
Quando as pressões são iguais, e havendo coincidência de sinais em P1 e P2, prevalecerá o sinal
que chegar primeiro.
Em caso de pressões diferentes, a pressão maior fluirá para A.

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6.2.3 Válvula função lógica “E”
Este tipo de válvulas pneumáticas é caracterizado por terem duas entradas, P1 (X) e P2 (Y), e
uma saída A.
Para se conseguir pressão contínua na saída de utilização A, é necessário que haja sinal
(pneumático) simultâneo em P1 e em P2. Ou seja, se entrar apenas sinal em P1 ou em P2, a peça de
vedação impede o fluxo de ar para A.
Se existir uma diferença de tempo entre sinais (simultâneos) de entrada com a mesma pressão,
o sinal atrasado vai para a saída A.
Se existirem pressões diferentes nas entradas, a pressão maior fecha um lado da válvula e a
pressão menor vai para a saída A.

6.2.4 Válvula de escape rápido


A válvula de escape rápido possui uma conexão na entrada (P), uma na saída (R) e uma outra de
alimentação (A).
O seu funcionamento processa-se do seguinte modo: Havendo fluxo de ar comprimido em P, o
elemento de vedação impede a passagem do fluxo para o escape R e o ar flui para A (para o atuador).
Eliminando a pressão em P, o ar, que retorna por A, desloca o elemento de vedação contra a
conexão P, provocando o bloqueio; desta forma, o ar escapa por R, rapidamente, para a atmosfera.
Evita-se, com isso, que o ar de escape seja obrigado a passar por uma canalização longa e de diâmetro
pequeno até a válvula de comando
Estas válvulas permitem uma grande passagem de fluxo, e são utilizadas quando se necessita de
movimentos rápidos do êmbolo dos cilindros, com velocidades superiores às que normalmente se
verificam
Estas válvulas devem ser colocadas diretamente nas saídas dos cilindros onde se pretende
aumentar a velocidade, ou o mais próximo possível.

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6.3 Válvulas de pressão
As válvulas de pressão são aquelas que de algum modo exercem controlo sobre a pressão. As
válvulas de pressão mais usuais são a válvula reguladora de pressão e a válvula limitadora de pressão

6.3.1 Válvula reguladora de pressão

Este tipo de válvula já foi abordado na secção “unidades de manutenção”

6.3.2 Válvula limitadora de pressão


Como o próprio nome indica estas válvulas limitam a pressão a um determinado valor,
garantindo que o circuito trabalha com a pressão abaixo desse valor estabelecido, não permitindo que o
aumento da pressão no sistema seja acima da pressão admissível (pré-determinada).
Quando é alcançada a pressão máxima na entrada da válvula, o êmbolo é deslocado da sua sede
permitindo a exaustão do ar através do orifício de escape.
Quando a pressão excedente é eliminada, atingindo o valor regulado, a mola recoloca o êmbolo
na posição inicial, vedando a passagem ao ar.
Estas válvulas são utilizadas principalmente como válvula de segurança ou de alívio.

6.4 Válvulas de caudal


Estas válvulas têm como finalidade controlar o fluxo do ar comprimido. O fluxo será então
influenciado igualmente em ambas as direções.
Neste tipo de válvulas podemos distinguir as válvulas reguladoras de fluxo unidirecional e as
válvulas de fluxo bidirecional.

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6.4.1 Válvula reguladora de fluxo unidirecional
A regulação do caudal é feita apenas numa direção. Para tal a válvula de retenção fecha a
passagem numa direção obrigando o ar a fluir apenas através da área reguladora de caudal. Porem no
sentido contrário, o ar pode passar livremente através da válvula de retenção aberta.
Estas válvulas são muito utilizadas para regular a velocidade dos cilindros pneumáticos,
aplicando-as diretamente nos cilindros.

6.4.2 Válvula reguladora de fluxo bidirecional


Neste caso o fluxo do ar comprimido será influenciado igualmente nas duas direções.

6.5 Válvulas de fecho


Estas válvulas são essencialmente "torneiras" pneumáticas que bloqueiam o fluxo de ar. A sua
construção é similar a uma torneira hidráulica doméstica. São válvulas que abrem e fecham a passagem
do fluxo de ar comprimido.
Estas válvulas geralmente são do tipo manual.

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7 Cilindros pneumáticos
Os cilindros pneumáticos ou atuadores lineares são elementos pneumáticos que transformam a
energia pneumática associada à pressão do ar comprimido em energia cinética associado ao movimento
linear retilíneo das hastes dos cilindros pneumáticos.

7.1 Componentes de um cilindro pneumático


Dada a importância e grande aplicação industrial deste tipo de componentes pneumáticos,
vejamos, com a ajuda da figura que se segue, quais os principais constituintes dos cilindros

A camisa (1) na maioria dos casos é feita de um tubo de aço trefilado a frio, sem costura, e com
a sua superfície interna polida para aumentar a vida útil dos elementos de vedação.
Nos casos em que exista uma elevada probabilidade de corrosão, os cilindros também podem
ser feitos de alumínio, latão, ou de aço com a superfície interna em crómio duro.
Para as tampas (11) e (12 usa-se normalmente material fundido (alumínio fundido ou ferro
maleável)). Quanto à fixação das tampas, ela pode ser feita com tirantes, com roscas ou com flanges.
A haste (2) geralmente é feita em aço ligado, revestida com uma camada de crómio para uma
maior proteção contra a corrosão.
Para a vedação da haste do êmbolo, existe um anel circular (5) na tampa anterior.

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A haste do êmbolo está guiada na bucha de guia (6). Esta bucha pode ser de bronze sintetizado
ou de material sintético metalizado.
Na frente dessa bucha, encontra-se o anel (7), que evita a entrada de partículas de pó no
cilindro, evitando outra proteção.

7.2 Cilindro de simples efeito


Estes atuadores são acionados por ar comprimido apenas por um dos lados e, portanto,
trabalham numa única direção. O retorno é efetuado por uma força exterior ou por uma mola.
A força da mola é calculada de modo a que ela possa fazer o pistão retroceder à sua posição
inicial, com uma velocidade suficientemente alta.

7.3 Cilindro de duplo efeito


Neste tipo de cilindros os movimentos de avanço e recuo são provocados pelo ar comprimido e,
por isso, podem realizar trabalho nos dois sentidos de seu movimento.
Estes atuadores podem, em princípio, ter o seu curso limitado, porém deve-se ter em
consideração as possibilidades de deformação por flexão da haste. Por esse motivo, normalmente o
curso destes cilindros tem valores que não ultrapassam os 2000mm.
Deve referir-se que os esforços de flexão sobre a haste dos cilindros devem ser evitados ao
máximo para que não haja um desgaste acentuado.
Os atuadores de duplo efeito, são utilizados sempre que é necessária força nos dois sentidos do
movimento.

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7.4 Cilindro com amortecimento nos fins de curso
Quando um cilindro movimenta grandes e pesados volumes, deve utilizar-se um sistema de
amortecimento para evitar impactos secos e danificação das partes.
Assim, antes de alcançar a posição final, um êmbolo de amortecimento interrompe o escape
direto do ar, deixando somente uma passagem pequena, geralmente regulável.
Com o escape de ar restringido, cria-se uma sobrepressão que, para ser vencida, absorve grande
parte da energia, o que origina uma perda de velocidade nos fins de curso.
Invertendo o movimento do êmbolo, o ar entra sem impedimento, pelas válvulas, no cilindro, e
o êmbolo pode retroceder com força e velocidade totais.

7.5 Cilindro com haste dupla passante


Pelo facto de a haste ter dois apoios de guia, consegue-se com estes cilindros, um melhor
guiamento da haste, o que possibilita suportar uma ligeira carga lateral.
Nestes cilindros a força é igual em ambos os lados, pois têm a mesma área de pressão.

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7.6 Cilindro tipo tandem
O cilindro tandem é um conjunto de dois atuadores de duplo efeito que formam uma só
unidade. Desta forma com a carga simultânea nos dois êmbolos, a força é a soma das forças dos dois
cilindros.
Este cilindro usa-se para obter grande desempenho quando a área útil do atuador é pequena.

7.7 Cilindro de posição múltipla


Este atuador é formado por dois ou mais atuadores de dupla ação, nos quais os elementos estão
unidos um ao outro. Os atuadores movimentam-se individualmente, conforme o lado da pressão. Deste
modo, Com dois atuadores de cursos diferentes, obtêm-se quatro posições.

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7.8 Comando de cilindros

Comando direto (esq.) e indireto (dir.) de um cilindro de simples efeito

Comando direto de um cilindro de duplo efeito (esq.) e comando indireto com controlo de velocidade
do cilindro (dir.)

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8 Motores pneumáticos
Os motores pneumáticos, por vezes designados atuadores rotativos são responsáveis por
transformar a energia pneumática do ar comprimido sob pressão em trabalho mecânico. Realizando
deste modo uma operação inversa daquela que é realizada pelos compressores.
Os motores pneumáticos apresentam algumas características importantes enquanto máquinas
industriais de grande importância. Assim, nos motores pneumáticos podemos destacar as seguintes
características:
- Possibilidade de Inversão simples e direta do sentido de rotação,
- Regulação progressiva da rotação,
- Alta relação peso/potência,
- Possibilidade de operação com outros fluidos,
- Eliminam o risco de choques elétricos, faíscas e superaquecimentos, (normais nos motores
similares acionados por energia elétrica),
- Podem trabalhar em más condições ambientais, dispensando qualquer tipo de proteção.

Quanto à sua aplicação, estes motores são versáteis tendo, por isso, a possibilidade de serem
aplicados em funções industriais muito diversas, como sejam: As operações de furar, aparafusar, lixar,
polir, roscar, rebitar, etc.

Existem vários tipos de motores pneumáticos. Contudo, por serem os mias usados, os de
funcionamento mais seguro e os de construção mais simples vamos analisar apenas os motores
rotativos de palhetas.

O diâmetro exterior pequeno dos motores de palhetas permite incorporá-los facilmente em


todas as aplicações.

O motor de palhetas rotativo consiste num rotor com uma determinada quantidade de palhetas
incorporadas num cilindro, com uma conexão de entrada e saída para o ar comprimido.
Para que tenha um início de ciclo seguro, as palhetas são mantidas contra o estator por ação de
molas localizadas atrás das palhetas.
Estes motores têm um princípio de funcionamento que é exatamente o oposto do compressor
de palhetas. O rotor é fixado excentricamente num espaço cilíndrico e é dotado de ranhuras, onde são
colocadas as palhetas, que serão projetadas contra a parede interna do cilindro pela ação da força
centrífuga. Deste modo é garantida a vedação de cada uma das câmaras de trabalho do motor.

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Os motores deste tipo têm, geralmente, entre três a dez palhetas, que formam as câmaras de
trabalho no motor. O ar entra na câmara menor, expandindo-se de seguida na medida do aumento da
câmaras, até ser expelido.

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9 Esquemas de circuitos pneumáticos

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Bibliografia
[1] - José Novais; AR COMPRIMIDO INDUSTRIAL - Produção, Tratamento e Distribuição; Serviço de
Educação: Fundação Calouste Gulbenkian
[2] - AR COMPRIMIDO ÓLEO-HIDRÁULICA; Emanuel Eduardo Pires Vaz e outros; Edições Lopes da Silva,
Porto, 1989
[3] – TECNOLOGIA PNEUMÁTICA INDUSTRIAL; Manual Parker-Training

Websites
https://pt.wikipedia
http://www.infoescola.com
www.portalsaofrancisco.com.br
http://www.bosch.com.br/br/ferramentas_pneumaticas/produtos/downloads/ManualPneumatica_ARC
omprimido.pdf

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