O presente estudo tem como objetivo avaliar o processo e a qualidade de
aprendizagem da educação de jovens e adultos (EJA) no que diz respeito a sua contribuição filosófica na maneira de pensar do educando. Nesse sentido, devemos estabelecer relações entre questões teórico-filosófico e a prática pedagógica, em uma didática conjunta, com o intuito de ampliar o conhecimento do aluno da (EJA). A proposta é dar a esses educandos um saber útil e uma capacidade crítica apurada diferente desse ensino livresco e repetitivo que tem como resultado a formação de indivíduos alienados que só sabem reproduzir informações, sem qualquer capacidade de um pensar crítico. É por esse motivo que objetivamos uma educação libertadora, que amplie os “horizontes do conhecimento” que transforme o aluno jovem e adulto em um ser dotado do máximo censo crítico. Entretanto, quando falamos em um ser crítico,estamos referindo alguém que entenda com discernimento o mundo a sua volta, e não um cidadão que reproduza discursos falaciosos sem base ou fundamento. Queremos formandos que consigam ser independentes em suas escolhas, e que consiga exercer sua cidadania de forma plena e consciente. Pois, essas pessoas, são colocadas no mercado de trabalho só para reproduzir de maneira mecânica o seu saber e com um mínimo possível de intelecto. Então, quando referimos à filosofia na educação de jovens e adultos, devemos fulgir dos tradicionalismos escolares, em que só há uma simples transmissão de conhecimento, e seguirmos em uma socialização de idéias, transformando o ambiente escolar em um espaço rico de reflexões onde auxiliaremos os formandos no distanciamento do senso comum. Conciliar filosofia para o educando adulto, é criar uma nova oportunidade de questionamento que até então não existia, uma vez que, o mundo esta em constante mudança e nada é totalmente imutável, e para que o aluno da EJA consiga essa percepção devemos mostrar o mundo que o cerca,desperta assim o gosto pelo pensar.Obviamente,pensar é algo inerente ao ser humano,é sua própria essência enquanto homem,ou seja, algo ontológico, mas quando falamos em pensar,refiro de maneira certa,coerente e reflexiva,pensar a própria forma de pensar,o que não é algo fácil, porém de extrema utilidade em tempos cada vez mais complexos e racionais. Logo, colocar o aluno jovem e adulto em conflito com sigo mesmo por meio de questões filosófica dará a ele elementos de questionamentos de verdades até então tidas como absolutas (senso comum). Criando assim, um sujeito emancipado, um cidadão que possa se defender das imposições de um capitalismo selvagem e alienante. Ajudando a formar uma sociedade mais lúcida, que tenha cidadãos e não meros espectadores. A filosofia para os jovens e adultos assume um papel de auxiliar na formação de conceitos e também na formação da cidadania, pois o jovem e o adulto é alguém que possui muita potencialidade e uma capacidade crítica muito grande. Incentivar essa potencialidade é contribuir para a ampliação de horizontes, isto é, dar ao cidadão capacidade de criar sua própria maneira de ver o mundo e perceber as contradições presentes no dia-a-dia fazendo com que ele se posicione e modifique sua maneira de pensar o mundo e conseqüentemente transforme o mundo a sua volta. Ao se falar de filosofia, a primeira coisa que vem em mente são as mais diversas possíveis .Uma vez que ao longo dos tempos a filosofia ficou marcada com algo abstrato,surreal,que beirava a loucura ou que era uma prática apenas de filósofos e seletos estudiosos.Entretanto,esse tipo de pensamento se mostrou ao longo dos séculos como uma representação falsa da filosofia, se não falsas, ao menos carecem de um cuidado especial. A palavra filosofia está, de certa maneira, na certidão de nascimento de nossa própria história; podemos mesmo dizer: ela está na certidão de nascimento da atual época da história universal que se chama era atômica.
O filósofo
é neste primeiro momento um louco entre a maioria normal. Tais
representações são falsas. Se não falsas, ao menos carecem de um cuidado especial. Heidegger (2006) vê uma banalização do termo filosofia, propõe então discutir o que é a filosofia. O autor utiliza-se do recurso ortográfico para chamar atenção de que a discussão não deve ser levada pelo senso comum. A palavra filosofia está, de certa maneira, na certidão de nascimento de nossa própria história; podemos mesmo dizer: ela está na certidão de nascimento da atual época da história universal que se chama era atômica. Por isso somente podemos colocar a questão: que é isto – a filosofia? Se começamos um diálogo com o pensamento do mundo grego. (HEIDEGGER, 2006, p. 17) O filósofo alemão considera a filosofia como pensamento grego voltado para a discussão no campo da metafísica. Toda discussão voltada à metafísica é uma continuidade da discussão grega. Atribui-se aos gregos o início da atitude de filosofar. O desenvolvimento daquela sociedade permitiu que em determinado momento alguns homens dedicassem seu tempo para investigar questões ligadas à natureza, à origem das coisas. Com o advento da polis, o surgimento do comércio e da democracia um espaço foi aberto para que o pensamento filosófico se desenvolvesse. O povo grego distanciou-se do discurso mito-poético para se aproximar do discurso racional. Passaram a filosofar, e Filosofar é pensar de preferência a conhecer, questionar de preferência a explicar. A filosofia não é um saber a mais; é uma reflexão sobre os saberes disponíveis (e, portanto, também sobre os limites deles; sobre aquilo que ignoramos). Ela visa menos a ciência do que a sabedoria, menos aumentar nosso conhecimento do que a pensá-lo ou ultrapassá-lo[...] (COMTE- SPONVILLE, 2005, p.22) É comum na atualidade associar o filósofo ao sábio. No entanto, a contribuição desse autor não reforça esta crença, ao contrário distancia o douto do filósofo. O que diferencia o sábio do filósofo é o modo como cada um deles se relaciona com o saber. Sem o objetivo de fechar a questão, a conclusão a que chega o autor é digna de ser anotada. Segundo ele, a filosofia. É uma prática teórica (discursiva, razoável, conceitual), mas não científica; ela se submete unicamente a razão e à experiência – com exclusão de toda revelação de origem transcendente ou sobrenatural – e visa menos a conhecer do que a pensar ou questionar, menos a aumentar nosso saber do que a refletir sobre aquilo que sabemos ou ignoramos. Seus objetos de predileção são o Todo e o homem. Seu alvo, que pode variar segundo as épocas e os indivíduos, será com mais freqüência a felicidade, a liberdade ou a verdade, e mesmo a conjunção das três (a sabedoria). (COMTE-SPONVILLE, 2005, p.24.) É evidente que a retomada das discussões de Heidegger, Comte-Sponville entre outros, não trazem a resolução da questão “o que é filosofia?”, mas proporcionam uma discussão que não se restringe ao senso comum. Já o ensino de Filosofia no Brasil apresenta momentos de negação e afirmação. A disciplina foi acompanhada de ideologias políticas. Algumas viam no seu ensino subversão, optaram então pela sua supressão. Outras viam na Filosofia um instrumento de luta, defenderam então sua implementação. A preocupação com a Filosofia surge na história recente do Brasil. Segundo as orientações curriculares para o Ensino Médio (2006d) em 1961 ela deixou de ser obrigatória e é excluída definitivamente do currículo escolar em 1971, com a lei número 5692/71. O tratamento dado a Filosofia no período militar revela uma visão de educação despreocupada com a formação integral do educando. O programa desenvolvimentista da ditadura militar demonstrou uma preocupação com a capacitação técnica. O importante era qualificar mão de obra para um país que pretendia industrializar-se. A sociedade brasileira herdou desta época uma despreocupação com o pensamento humanista. Com o movimento de redemocratização surge a esperança de um novo Brasil e nele uma nova educação. Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Filosofia – do Estado do Paraná (2009) esse momento histórico pode ser exemplificado com a ação dos professores, da Universidade Federal do Paraná ligados à Filosofia, que lutaram contra a educação tecnicista implantada no período do governo militar. As discussões em torno da Filosofia, sem espaço desde 1964, surgem tímida na década de oitenta com a reabertura política. A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDBn, 9394/96, demonstra o fruto das conquistas quando traz em seu texto que ao final do ensino médio o estudante deverá dominar os conteúdos de Filosofia e Sociologia necessários ao exercício da cidadania. A lei reconhece e anuncia a importância do conhecimento filosófico numa sociedade em que os indivíduos foram espoliados de sua cidadania. Note-se, no entanto, que a Filosofia se apresenta como conteúdo, ela ainda não adquire o status de disciplina na unidade curricular. Sem a obrigatoriedade, as Instituições de Ensino Superior não promoveram a formação de professores de Filosofia o que ocasionou a falta de professores dessa disciplina. Essa falta é uma dificuldade presente até hoje. As Escolas de nível médio acostumaram-se com a ausência da disciplina. A Filosofia chega ao final da década de noventa sem reconhecimento legal como disciplina, com um número reduzido de professores, sem uma proposta pedagógica consistente, e ausente das propostas pedagógicas curriculares e de projetos políticos pedagógicos. Em alguns casos a Filosofia se configurou como corpo estranho nas escolas. Não se sabia o que ensinar e alguns professores chegaram a arriscar-se em metodologias alternativas como a auto-ajuda. Com raras experiências bem sucedidas, a disciplina ganhou um estigma de sem importância.Entre as várias frentes de retomada da disciplina de Filosofia um exemplo oportuno foi a sua inclusão em provas de vestibular de algumas universidades. A Universidade Federal do Paraná inseriu a Filosofia na prova específica do curso de medicina. O auge do processo de reconhecimento da Filosofia se deu com a lei 11.684 de dois de junho de 2008, que alterou o artigo 36 da LDBn, tornando obrigatório o ensino de Filosofia e Sociologia em todas as séries do Ensino Médio.