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20/09/2019 Pomada desenvolvida por pesquisadores da Ufal cura pacientes com HPV — Universidade Federal de Alagoas

Pomada desenvolvida por pesquisadores da Ufal


cura pacientes com HPV
O produto, cuja patente foi solicitada no Brasil e nos EUA, curou as verrugas
genitais dos pacientes com papiloma vírus humano sem efeitos colaterais nem
recidiva

19/03/2013 às 14h20 - Atualizado em 14/08/2014 às 10h30

Professores Manoel Álvaro e Luiz Carlos Caetano

Manuella Soares - jornalista

Sem dor e sem procedimentos invasivos! É o fim de um dos sintomas mais terríveis do HPV: as verrugas
genitais! A constatação não é mais utopia, é comprovada cientificamente com o resultado de uma pesquisa
realizada por quatro professores da Universidade Federal de Alagoas. Após 12 anos de estudos, os
pesquisadores tiveram indicação favorável à patente de uma pomada que curou 100% dos pacientes submetidos
ao tratamento do papiloma vírus humano, no Hospital Universitário.

Tendo como princípio ativo os taninos, a pomada foi desenvolvida utilizando o extrato de um vegetal comum
na flora do litoral brasileiro, o barbatimão. Mas segundo o professor Luiz Carlos Caetano, do Instituto de
Química e Biotecnologia da Ufal, foi na Zona da Mata de Alagoas onde os pesquisadores encontraram a
solução para o tratamento do HPV. “A pomada feita com o extrato das cascas do caule da espécie Abarema
cochliocarpos, o barbatimão mais comum na nossa região, deu o resultado mais eficaz no tratamento dos
pacientes. A suas cascas tem coloração mais avermelhada do que as cascas da planta encontrada na região do
Sudeste do país, por exemplo, e foi por ela que seguimos nossos estudos”, explicou Caetano. “Vale lembrar que
as cascas do barbatimão são uma das mais comercializadas em feiras do mercado fitoterápico de Maceió, sendo
utilizada pela população mais simples como agente cicatrizante e anti-inflamatório”, acrescentou.

Tratamento com pomada

Durante cinco anos, 46 pacientes diagnosticados com alguns dos mais de 200 tipos do papiloma vírus foram
acompanhados no Hospital Universitário. Todos eles passaram por um tratamento de dois meses, utilizando a
pomada duas vezes por dia. O produto foi cedido aos voluntários pela equipe da pesquisa, financiada pelo
Núcleo de Inovação Tecnológica da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (NIT/Propep) da Ufal.

https://ufal.br/ufal/noticias/2013/03/pomada-desenvolvida-por-pesquisadores-da-ufal-cura-pacientes-com-hpv 1/3
20/09/2019 Pomada desenvolvida por pesquisadores da Ufal cura pacientes com HPV — Universidade Federal de Alagoas

Os efeitos positivos do tratamento foram percebidos logo nas primeiras aplicações com a diminuição das
lesões. Já os resultados que demoraram mais a aparecer foram observados nos pacientes que tinham algum tipo
de limitação na imunidade. “Indicamos a pomada em crianças, jovens, idosos, gestantes e até para as pessoas
com imunodeficiência, como é o caso dos portadores de HIV. Todos constataram a cura do papiloma vírus e, o
melhor, sem recorrência da doença”, comentou o professor Manoel Álvaro.

Há cerca de 15 anos desenvolvendo pesquisas químicas e biotecnológicas relacionadas ao barbatimão, o


professor Luiz Carlos Caetano trabalhou em conjunto com o agrônomo Pedro Accioly, professor do Centro de
Ciências Agrárias, e o biólogo Zenaldo Porfírio, docente do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde. Ele
revela que não imaginava alcançar o desenvolvimento de um produto de aplicação direta na área da saúde.

Mas a parceria com um médico, o professor Manoel Álvaro, foi a medida certa para a descoberta da pomada
que utiliza os taninos do barbatimão, para curar uma doença que causa efeitos físicos e psicológicos. A
substância de origem vegetal age na desidratação das células infectadas, que secam, descamam e desaparecem.
“O grande mérito disso é mesmo o ganho social de um estudo que era meramente científico, e, aí, muda o
caminho das nossas vidas”, enfatizou Caetano.

Patente

A Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação está apoiando todo o processo do registro do estudo no Instituto
Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que já se posicionou favorável à patenteabilidade da pomada
desenvolvida na Ufal. A Propep também fez o depósito do trabalho nos Estados Unidos, através do apoio de um
projeto financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o que indica que pode ser a primeira
patente internacional da universidade.

“Nós investimos em pesquisa e queremos o retorno para reinvestir em outros estudos científicos que beneficiam
a população. Agora, estamos buscando parcerias com grandes laboratórios para comercializar o produto”, disse
a coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológica da Ufal, Sílvia Uchôa, ressaltando a satisfação do NIT em
acreditar no potencial dos professores da instituição.

“Quando o produto chegar ao mercado será um divisor de águas, porque vamos oferecer um tratamento sem
efeito colateral e que já nos abre os caminhos para as pesquisas em pacientes de risco, no combate ao câncer de
colo do útero. Esse é o próximo passo”, adiantou o professor Álvaro.

O que é o HPV

O HPV, o papiloma vírus humano, é uma doença sexualmente transmissível que atinge milhões de pessoas em
todo o mundo e é um dos responsáveis pelo câncer de colo do útero nas mulheres. De acordo com o professor
Manoel Álvaro, da Faculdade de Medicina da Ufal, estudos comprovam que uma a cada quatro mulheres serão
infectadas pelo vírus em algum momento da vida. A infecção por HPV é a principal enfermidade viral
transmitida pelo sexo. Atualmente, os tratamentos para as verrugas genitais que se manifestam de forma mais
ou menos graves em determinados pacientes são invasivos e dolorosos, além de contraindicados em situações
específicas.

“Os tratamentos mais comuns são feitos por meio de intervenção clínica com ácido tricloroacético, podofilina,
podofilotoxina, laser, crioterapia e cirurgia com cauterização, usando bisturi elétrico. O que desenvolvemos
aqui na Ufal foi uma pomada, de uso tópico, sem efeito colateral e sem contraindicação. Estamos muito felizes
e orgulhosos dessa pesquisa que vai beneficiar a sociedade. O impacto disso é muito grande e valioso”,
ressaltou o médico Manoel Álvaro.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) estão entre as dez
principais causas de procura por serviços de saúde no mundo, e o HPV é a mais comum de todas, atingindo
entre 75% e 80% da população, em algum momento da vida. Estima-se que há em torno de 600 milhões de
pessoas infectadas.

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20/09/2019 Pomada desenvolvida por pesquisadores da Ufal cura pacientes com HPV — Universidade Federal de Alagoas

O papiloma vírus humano é classificado em baixo ou alto risco de câncer. Somente os de alto risco estão
relacionados a tumores malignos e com maior probabilidade de provocar lesões persistentes. A transmissão do
HPV é por contato direto com a pele infectada. Os HPV genitais são transmitidos por meio das relações
sexuais, podendo causar lesões na vagina, colo do útero, pênis e ânus. As infecções clínicas mais comuns na
região genital são as verrugas genitais ou condilomas acuminados, popularmente conhecidas como "crista de
galo".

A doença, predominantemente feminina, também acomete os homens. As pessoas sexualmente ativas devem
usar preservativo para evitar a infecção por HPV. Existem no mercado dois tipos de vacina que previnem dois
tipos do papiloma vírus (a bivalente) e a que previne os vírus dos tipos 6, 11, 16 e 18 (a quadrivalente). O
tratamento de prevenção com vacina ainda é caro, encontrado em clínicas particulares de saúde, mas o
Ministério da Saúde já custeia a vacinação de meninas de 9 a 13 anos de idade, que nunca tiveram contato
sexual. Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aprovou indicação da vacina do
HPV para prevenção também do câncer anal.

registrado em: Pesquisa Unidades Acadêmicas

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