Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DANSARINA MEXICANA ( D e F. A c q u a r o n e )
ANTSTO i
NUMERO ESPECIAL
DEZEMBRO
isr." 4 PREÇO P A R A TODO O BRASIL :
1 9 S 3
XÇO O O
A garantia de uma machina
está na lubrificação
j » os óleosfleclasse
Hélio A
Hélio B
Hélio C
C-1 IÍI
Rua da Harmonia, 5, 7 e 9
! T e l e p h o n e Norle 2351
Especialistas em trabalhos de
machinas e caldeiras,
vapores e electricidade, tan-
ques e pontes.
ESCKIPTORIO :
RUA DA HARMONIA, 7
Telephone Norte 1261
RIO DE JANEIRO
L
Âs cidades já não podem prescindir dos campos de aviação
\ política de vistas estreitas que leva as
M\ revista norte-americana publica uma
MARIA VICTORIA
^=.= , c = ^
è i
C \J ^
v
da sua filha. Sentada majestosamen-
te no leito, e julgando ter benefi-
ciado a humanidade, dando mais uma parochia
Maria Victoria completou vinte c oito annos
solteira; o juiz já tinha morrido, talvez. de
aborrecimento, pois toda a sua vida tinha sido
na ao senhor vigário, ella respondeu seriamente um longo bocejo. Viviam mãe e filha, uma ao
— Não sei. lado da outra, no casarão cujo telhado arrui-
nado cobria metade do becco que passava ao
Tia Rita e nh'.\nna. a ama e a curiosa,
lado.
depois de terem affirmado, como de c ostume,
sacudindo as velhas cabeças, que nunca se tinha Era calçado com grandes pedras como tú-
visto creança assim, cochicharam durante algum mulos • por sobre ellas corria um filetc de
lempo. agua, rolando preguiçoso, muito cansado, pare-
Disto resultou, depois de um;i consulta ao cendo evitar passar por baixo da janella onde
jui/. que a recém-nascida passou a chamar-se o visinlio pharmaceutico se debruçava todos os
Maria Víctoria. dias.
Parecia não poder viver sob o peso do Elle babava uni pouco, e, na sua sala de
nome de sua mãe. Cresceu pallida e magra, jantar havia uma esteira enrolada, para quando
tendo os olhos sempre tapados por uma mc- tivesse os a t a q u e s . . . Victoria sentia o seu olhar
< ha de cabellos. cheia de manchas ruivas como momo seguil-a pela casa, atravez das paredes]
queimaduras. todas as tardes.
Quando sahia. a mulher do juiz repuxa- A viuva do juiz, concertando os óculos e
va-os brutalmente para traz. prendendo-os com cotia uma ruga má ao canto da bocea, disse
uma fita azul. Ella abaixava a cabeça, e não um dia á filha: — O pharmaceitico Andrade
a levantava nunca, sempre calada c agarrada pediu a tua m ã o ; o casamento será daqui a
1.1// R/CA —
FIGURINHAS
DA MODA
O O O
Um majestoso
c h a p é u e dois
veslidos l y p l c o s
da moda actual.
um mez Victoria não respondeu, e continuou disseram que o fora a mandado do medico;
i costura, pensando, p e n s a n d o . . . Aos poucos, a quando o negro que o matara foi encontrado
foi lhe subindo ao rosto um rubor que quasi a agonizante na prisão, todos disseram que Maria
tornou b o n i t a . . . Victoria. a viuva, o envenenara.
O pharmaceutico, um mez depois, já não A cadeia era muito grande e na calíça
chegava á janella do becco. nem Victoria mo- branca a humidade traçara signaes mysteriosos,
rava mai> com sua mãe. Os notáveis da pe- esverdeados. Avançava sobre uma l i d i r a fron
quena cidade não se reuniram mais na botica teira á pharmacia. Parecia o craneo apodrecido
para não perturbarem os recem-casados. e a de uma caveira enterrada alli havia muitos an-
pharmacia parecia deserta, com a sua lampa Ia nos. olhando para Maria Victoria com as suas
sempre accesa, ao lado do boccal vermelho. janellas gradeadas. como olhos negros • raia-
Mas foram voltando, e, dentro eiaa breve, dos. E, quando chovia, sahia da porta da cadeia
já se falava alto e ria de novo na pequena uma baba escura e lenta, que vinha passar sob
loja. O promotor, o tabellião e o irmão do o alpendre, tle; onde- Maria Vic toria, chamada
advogado contavam, á meia voz. o que se pas- pelos gritos, pudera distinguir o preto, agar-
sava na casa do novo juiz e na do medico, rado ás grades, delirando com as dores do ve-
i | pharmaceutico era inimigo antigo do medico, neno.
e a? receitas deste eram sempre mal feitas por Aquelles olhos vasios seguiram Maria Vi-
aquelle. ctoria pela casa. atravéz das paredes, e aquella
i I doutor passou um dia pela rua prin- baba lenta, quando chovia, corria até á sua porta
cipal do lugar. Nesse mesmo momento explo- e isso por muitos annos, muitos a n n o s . . .
dio uma ruidosa gargalhada na p h a r m a d a . e.
quando o pharmaceutico foi assassinado, todos (Desenho de JEFFEBSOS) Cornelio de Oliveira PENNA.
AMERICA —
O MELHOE PBESEfelTE
CONTO DE NATA Lo
De
ANTÔNIO
LArAcGO
ff =>j% OÃOSINHO era um bom menino. Obè- --Lcvanta-tc c anda ver o presente do Me-
\^
J ^ft
diente, socegado. excessivamente
fectuoso e muito applicado ao estu-
do das primeiras letras, era
af-
apon-
nino Jesus.
Joãosinho saltou da cama encaminhou-se
para a sala. Uma bella arvore de Natal "lá
tado) como o modelo das crianças ajuizadas, por eslava carregada cie brinquedos. Viam-se, pen-
sua Índole invejável. O pae satisfeito com os dentes de cada galho, em profusão, meias de
seus progressos, com a sua condueta irrepre- file'), de diversos tamanhos, contendo grande va-
hensivel e pelos bons sentimentos que já des- riedade de surprezas, carrinhos de madeira e
pertavam em su'alma, cumulava-o de carinhos de folha, mysteriosas caixinhas envoltas cm pa-
e de brinquedos, orgulhoso de gai ir a qu :11a in- pel cie seda, cartuchos com bonbons, polichi-
telligencia precoce que já se manifestava tão nelos, pequenas espheras colori Ias. minúsculos
promittente de bons fruetos. Xão era commum lampeêes venezianos e muitos objéctos mais. foão-
numa criança de oito annos tanto discernimento sinho, radiante de contentamento, permaneceu por
e cordura. Nessa noite o par- perguntou-lhe: muito tempo contemplar o regio presente do
— Já fiz
Quero uma arvore com brinquedos.
o meu pedido ao Menino Jesus.
Menino
[' bom
]csiis.
Vês,
para
' E abraçando
meu filho,
os meninos que são
a
como
criança
Menino
bons?
beijou-lhe as
Jesus
fa-
ces com ternura.
--Onde vaes pôr os sapatos?
-Debaixo da cama.. Obrigado, paesinho!
- - N ã o seria melhor pólos na sala de vi- Não ('• a mim que deves agradecer.
sitas ? Eu sei que o Menino (esus ê você...
Porque, paesinho ? Ficou resolvido, conforme o desejo cie João-
— E' que ; Menino Jesus não gosta de sinho, que todos aquelles brinquedos fossem dis-
tribuídos pelas creanc.as pobres da visinhança.
•r visto. Podias estar a c o r d a d o . . .
I'. assim se fez. ProcedeÚ-se ao sorteio cias
Ah !
prendas que foram entregues com i maior sa-
No dia seguinte o pae foi despertar o
ho.
O E C L E C T I S M O 3STO M O B I L I Á R I O
Num dormitório moderno, o leito loscano do século XVI combina perfeitamente com a rica tapeçaria
hespanhola. A arle das duas peninsulas fornece ainda cs oulros objecfos accessorios
formando um conjunclo harmônico e elegante.
^..«^<*..»"*W>I.I,I*»W«»»»M1M •
tisfação por Joãosinho, que demonstrava o seu Joãosinho entrou com o menino e a creada
júbilo quando as melhores prêmios eram adju- que chamara o fechou a porta.
dicados .is creanças mais pobres. Tamanho des- Passado algum tempo o pobresinho app.a
prendimento caracterizava a sua bondade. Quan- receu. Vestia um terno de fustão branco, á ma-
do já não restava na arvore una único brin- rinheira, trazia á cabeça um bonet novo de pala
quedo, viu-se encostado ao portal da sala um envernizada e calçava uns elegantes sapatos d
pobresinho descalço e esfarrapado que olhava camurça. Joãosinho tinha dado ao pobre "ieniin
desconsolada e humilde para a arvore despo- o presente que o pae lhe fizera nesse dia
jada. A sua attitude. a tristeza que se lhe re- Diante da nobreza daquelle gesto, de uma acçá
velava no semblante inspiraram grande compaixão tão magnânima, o pae, tomando Joãosinho nos
a Joãosinho. que se approximou J o retardatario. braços, beijou-o demoradamente e disse lhe- com
Não ganhaste um brinquedo' movido;
Não...
- M u i t o bem, meu filho'
Porque não entraste ?
— Foi o Menino Jesus . . .
Estou de pé no chão. disse a creança
— Foi elle, replicou o garoiiuho. desmet]
sensibilizada até ás lagrimas pelo modo cari-
tindo-o a sorrir.
nhoso com que era interrogado.
Como te chamas ?
Vem cá. O teu presente está lá em cima.
— Luizinho.
E dando a mão á criança, levou-o atravez
das salas até ao seu quarto. O pae que obser- — Pois agradece-lhe. Luizinho. que elle
TERPSYCHORE NO SÉCULO XX
•0
Mae Murray, a excellenle bailarina cujas poses harmoniosas e perfeitas sáo realçadas pelo luxo delirante de suas
. loilelles e dos scenarios inauditos que lhe servem de fundo.
-O
< ; •
- AMERICA •
3K CARTAS DE AMOB
-sSÕ== *^a£g?
í.^" M dos meus confrades en.leiei ou m • annos vem experimentando em vão outros amo
0|<>sí|0
res, a evocação de um amor pelo qual conhe
I I a mim • a outros escriptores) um
ceu tantas alegrias (ou soffrimentos) não dei-
l-;^,^^ questionário a respeito das cartas
xará de- commovel-o melancolicamente, talvez de
<X><X>CG de amor. Devemos desiruil-as. per-
liciosamente. E as cartas relidas nessas condi-
gunta-se, ou. ao contrario, guardal-as ? E pode-
caies recobrarão todo b seu sabor. Repito-o: as
mos esperar dei Ias um reconforto ou uma de-
soluções do problema são variáveis ao infinito.
cepção? Porque ha duas escolas: .. de Danle.
E não sc~ pode responder ,í questão definitiva
que esc revia :
e categoricamente.
A maior desventura
No emtanto, reflectindo bem, creio que ha
!•".' a lembrança f. liz num dia de infortúnio!
interesse em destruir as cartas de amor, porque,
e i de Alfre.l de MuSSet, a quem devemos em três ve/es sobre quatro, edlas se evaporam
c stc -, \ e: s celebres : quando as relemos depois ele alguns me/es ou
annos e provocam no leitor um sentimento de
l'n souvênir heureux est peut-être sur terre magoa e de humilhação. Humilhação de na,Ia
Plus vrai que le honlieur. mais acharmos em in'>s do que sentíamos
outr'ora com tanta febre e violência e, o que
Não é fácil, em verdade, .solucionai- esse é mais doloroso, de nada mais acharmos nessas
pequeno problem i sentimental. E aposto em que phrases ela graça, do encanto, da elegância, ela
as respostas nos surprchenderáo pela sua di- originalidade, do ardor que lhes altribuiamos cm-
versidade. Tudo depende do estado de espiri- tr'ora de boa fé, quando estávamos apaixonados
to ou. como diriam os psychologos. do estado por aquella que as escrevia.
de alma do homem que relê as cariai, no mo- Sim, queimemos as cartas á medida que as
mento em que as relê. Si depois da ruptura, formos recebendo. Assim, primeiramente, evita
da separação, elle Saboreou outras venturas . remos mais catastrophes e depois conservaremos
mais ardentes, mais completas do que aquella no futuro a illusão de que (dias eram únicas,
cujo perfume sente de novo em paginas ama- que nunca ninguém havia escripto nem recebi Io
relladas, elle as percorrerá com o olhar urra iguaes e que é uma pena não as haver con-
tanto secco. um tanto indifferente e ligeiramente servado. Ao passo que, conservando-as, sabemos
desilludido (sobretudo si uma nova paixão o o que nos espera. E mais vale una remorso ou
domina actualmente). Ao contrario, si elle se uma saudade lisongeira do que uma illusão hu-
sente isolado, viuvo de coração, e si ha muitos milhante. Edmond SÉE.
À U X E A I L E A \ A :ZV*. O DD L E » Bf A .
Os modernos artista allemães trabalham com esforço e talento para a producção de obras que não desmintam a
tradições artísticas da Germania. Aqui eslão duas amostras das suggesttvas applicações da arte
decorativa na cerâmica, trabalhos de A. Flad, e uma esculptura, "O mono" concepção "ultraisla" de A. Pukcoger
MAGAZINE MENSAL ILLVSTRADO
A R T E ~ LETTRAS ~ MODA - CINEMA ~ S P O R T
D i r e c t o r - p r o p r i e t á r i o : SYLVIO FIGUEIREDO ^-.^ G e r e n t e : M. E S P Í N D O L A
z
ANNO I RIO DE JANEIRO, D E Z E M B R O DE 1923 N.
O PRÊMIO DA VIRTUDE
l i ) I m.t
I nesses 565 dias de \^:\ não se con- Companhia do Theatro Apollo de Madriel, C0H1
^ ^ solidou, e de uma vev para sempre, o concurso de 4 estrellas de real valor no
^Sr 0 theatro nacional, apregoado desde gênero: Rosa Rodrigo, ex-soprano elo Scala, de
tempos áureos da arte olonial Milão, que aepii já esteve, ha dois annos
de ]oão Caetano no Theatro S. Januário, pode- na temporada Lyrica official: Eugenia Gallindo,
se-, entretanto, affirmar que anno prestes a Clara Milani e Maria Caballe'-, preenchendo toda
findar foi, como os j.i passados, um anno ver- a sua temporada com duas revistas ele grande
dadeiramente promissor para o problema que espectaculo «Arco-íris» e «La tierra de Carmen»,
tantos cabellos brancos creou na cabelleira negra A prata da casa teve um movimento rela-
e espessa do incansável batalhador que foi Arthur tiv amente compensador.
Azevedo. No Trianon a Companhia sob a direcção
Hasta dizer-se que n ) : ; começou com a de- Viriato Corrêa representou as seguintes pi-
noticia sensacional de que o auctor actor Leopoldo cas, todas nacionaes: «E o Amor Venceu», e-
Króe-s iria á Europa comprar peças e descobrir «O Filho de- Papae», de Paulo Magalhães; «O
a u c t o r e s , como Noviço» de Mar
qualquer persi na- tins Penna: «Tra-
gem di- Pirandello, vessuras eh- Bcr
para uma tempora- tha», ile Antônio
da de puro resur Guimarães; «Eva
giniento da Arte no Ministério», ele
Nacional, promessa Mario Dominguese
realizada em Agos- Mario Magalhã s;
to 1 om uma série, «() mime so ("oii •
no S. |ose'\ de 4 bri», c() 'Fio Sal
P e ç a s franceza ^: vador», «Discípulo
Sign d de- Al ir- Amado» e «Graças
iu \s Vinhas a Deus», ele Ar
do Senhor . «O m a n d o (ionzaga;
Rei etc s ( .lande.. «Zúzú» de Viriato
Hotéis Mllc Corrêa: «O Outro
I alharim». André» e -Casado
[sso, apóz a coni- sem ter mulher»,
m m r cão do cen- eh- Corrêa Varella;
tenário, a n i na o u «Fogo de Vista,.
um pouco o naer- de Coelho Netto:
c a d ,. extrangeiro «Dr. Sem Sort-..
que nos forneceu, de Zé Antônio <
a 1 é m do trivial- «Escola da Mentir-
Chaby. Satanellae ra», de Cláudio de-
Henrique Alves, Sejuza. No Recreio,
Ba-ta-clan. (esta apóz o suecesso ela
com unaa única no- peça de estrea
vidade em 4 pe- "Meu bem. não
ças : as pernas es- chora*, ti v e m o s
pirituaes de Mis- p 11 c imp inh a O t
tinguette que só A a c t r í z S r » . A m a d a Fi"onafi*e«lo tilia Amorim. que
fez as 2 primeiras ainda hoje oecupa
C e s t Ia Miss> e o theatro. as revis-
La Marche à 1'Etoile a Lyrica e a Fran- tas e burleta s «A Escripta é outra», de Al
ceza do Municipal, com Mlle. Gabrielíe Dor- fredo Brêda: Rio Alegre,, de Gastão d'ojeiro:
ziat ,i frente as companhias italianas das (Olha á Direita», de Fritz Frotz: «Cabocl
sr.is. Vera Vergani e Maria Melato. servida esta Bonita», de Marques Porto e Ary Pavão, V
á ultima hora como doce sobremeza aos assi- ella que me deixou», de Bittencourt Menezes]
gnantes. «A Botica do Anacleto-, de Marques Porto;
Do mercado europeu nos veio ainda a Maçã» dos Irmãos Quintíliano; "Vida Apert.
- AMERICA -
da», de Freire Júnior; «Minha Terra tem pai sivel má vontade do emprezario Pinfild.
taaeiras» e «Pennas de Pavão», de Marques Porto Finalmente, tivemos, além do projecto Nina
6 Affonso de Carvalho. Sanzi, que pretende cona os dois mil contos
No S. José a companhia de revistas re- que possue construir um theatro de comedia,
presentou as revistas «Tatu subiu no páu», do: uaaa êxito formidável do theatro italiano da sra.
Irmãos Quintiliano, «Você Vae», de Jo.sé Pau- Vera Vergani: a famosa peça de Pirandello «Seis
lista e Renato Alvim e «Meia noite e trinta». personagens á procura de um autor», e mais
de Luiz Peixoto. as temporadas de opereta, no Lyrico e no Re-
Deixando o theatro em Julho voltou em publica, das Companhias Clara Weiss, que nos
Novembro, estreando com a revista «Sonho de trouxe as ultimas novidades como «Danse delle
üpio». de Oscar Lopes e Duque. Libellule», «La Bayadera» e «Noite de Dansa»
A Companhia de comédias dirigida pelo actor e, já aao apagar das luzes, essa «blague» que
Francisco Marzullo, attentíe pelo pomposo
occupando o Carlos nome de Companh ; a
Gomes, de Janeiro a Ba ta-clan Antônio de
Março, representou os Souza.
seguintes orig'na<s:
«A Menina do Café»,
de Victor Pujol e o
«Micróbio do Carna- Felizmente um fa-
val», de Gastão To- cto auspicioso, q u e r ã o
jeiro. foi positivamente as
«reprises» suecessivas
Encerrou a sua de Bataille c Bernstan
ociysséa pelo mar, sem ile Mllc. Dorziat, jus-
enchentes, do velho tifica o titulo hono-
theatro. com i ma peça rifico ile p t o m s s o r
de Paulo Magalhães dado ao anno theatral
— «O Homina que de 1923: a tímporada
morreu», sendo sub- da Companhia Brasi-
stituída pela Compa- leira Abigail Maiaeni
nhia Garrido, que sob Buenos-Ayres e Mon-
a direcção de Alda tevidéo, cona artistas
Oarrido tem repre- e reperte rio exclusiva-
sentado até hoje a, mente nacionaes, gra-
seguiu t-s burletas ças a esse espirito de
«Quem paga é o Co- trabalho formidável
ronel», «Luar de Ra- que é Oduvaldo Vian-
queta», «Rainha de na. E para fechar este
Bflleza» e «A Peque- rápido retrospecto do
i- i da Marmita./, de- nosso movimento sic-
Freire Júnior; -Ma-
nico, emquanto a si a.
ria Sabida», de Vi-
Nina Sanzi não cons-
ctor Pujol; «A Fran-
tróe. com os seus 2
cezinha do Bata
mil contos, o theatro
clan», de Gastão To
naci n d definitivo 1 fa-
jeiro; «O Embaixa
e to esse que já ga-
dor», de Armando
rante o titulo de pro-
Gonazga c «Morena
missor ao anno de
Salomé». de Corrêa O acato» /VT-iarisin<lo <ictnr.íig;}\ 1924J vai- transcrever
da Silva.
o que da nossa Arte
Em Maio a Sra. .UCÍlíí P e r e S t e n t o u , d e affirmou, apóz a estréa ela Companhia Abigail
mãos dadas ao sr. Antônio Ramos, reeditar o Maia no Urquiza, e> chronista theatral de «El
velho repertório das glorias de Dias Braga, mal Dia» de Montevidéo, a propósito da comedia
de que foi acomm°ttida, ha dias, a sra. Maria de Armando Gonzaga «O Ministro do Supremo».
(astro e no mesmo theatro João Caetano.
«Es esta de Gonzaga Ia primera
Tivemos ainda em 1923 a tentativa do obra cômica que se nos dá a conocer,
actor Christiano de Souza no Cinema Central, y nos resulta interessante ei apreciar ei
tentativa essa fracassada graças a uma formi- sentido que se tiene en ei teatro bra-
dável desorganização tcchnica ai liada a uma sen sileião de los motivos hilariantes. No hay
mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm
- AMERICA -
chistes. Esa pirueta antipática a que se )islancia em avião sem moto) 8.kioo,
obliga una palabra para que aparezca di- por ilioret. n'um apparelho Bardin, em Vau
e i e n d o Otra COSa q u e Io d e SU re d Si- ville, no dia _•(> d e Agosto.
g n i f i c a d o , tio existe hasta ahora y
por Io q u e llevanios visto cia ei tea- Duração em balões de /.« categoria
tro b r a s i l e ã o . N o utilizan t a m p o c o los i 9 h s . 4.Í111. p o r M. F l e u r y , n'um balão i
r e c u r s o s s i e m p r e eficaces dei m i e d o i r r e - 400 m 3 de hydrogcnio.
m e d i a b l e y pue-
ril, ni ai fameli-
i o. ni ai m a t o n
aparatos!) y co-
CA E LÁ
b a r d e , ni ai ma-
I In muito quem r!a
rido enganado
daa m i ^ i i s inlindm ris e Iti
ni a n i n g u n o d e
ÜVMIIICS ( e [atvei mulas )
1 s USU lies ti] os
t onb oversias grammatii aei
qu • en ei tea-
? quem exfranlie a falia de
tro riopl t n s e
IKH IIUIS | > O s i | i \ , i s , •-(••illi.is c
si- utilizan en
definitivas p o r a „ artedifficl
pi c c u r a de co-
de Falar tle es( i evci, N'fio
n r c i d a d h reda-
temos regras rirmes pm-.,i D
dos de Ia esce-
corocação de pronomes.
na h spaiiola y
emprego do infinito pessoal
fi an< c-/a .
impessoal é a CQÍPO menos
inconcussa que r x i s l r na
nossa língua. A única rc<j,ni
:;- ria
O movimento de vehirulos no sentido ela primir, inteiramente, os pontos ele pirada para
largura da cidade é grande, mas bem pequena automóveis, c•omprehendere-mos porque não é con-
6 a sua importância se o compararmos com ei tínua a circulação nas grandes ruas. A única
que se realiza no sentido do comprimento (o solução para estas eliflie iildades consistiria na
'<up-dovvn» dos norte-americanos). Para o mo- separação das varias classes de vehiculos por
vimento este-oeste ha cerca de duzentas ruas, vias differentes. 0 «Sub-way» (> o «Elcvated»,
ao passo que para o enorme transite) norte- sul exactamente porque têm um caminho que lhes
ha apenas onze grandes artérias prine ipaes, com e'- próprio, são muito m iis rápidos.
uma extensão apreciável e sem interrupção A segunda causa da lentidão no trafego
do ('entrai Park. sãc) os cruzamentos ele ruas.
Estudadas as causas da lentidão do ira O transito lcslc-ocste não '• grande, mas
concentra-se em certas ruas. com especialidade,
fego nas ruas congestionadas, e-ncontraram-se duas
e cerca de 90 0/0 de, trafe-go transversal são absor-
rausas principaes. vidos por umas elo/e ruas, talvez: aquellas que
A primeira d'ellas residia no facto ,.de tra- servem as pontes • os Kerry-boats.
fegarem, em uma mesma rua, carros, caminhões, A solução ideal para esta elif I ieuldade Se-lia
carros tirados por animaes, omnibus etc. Além a eliminação dos cruzamentos d'- ruas, n'estes
d'isso, salvo uma ou duas excepções, rua al- pontos em que o movimento c muito intenso.
O REGRESSO DO VENCIDO
Firpo ao chegar a Buenos -Vires, agradece, ela janella do trem. as saudações da
multidão apinhada na estação
Ha sempre espíritos investigadores que- pro- Segundo a idéa de Clark, o trafego trans-
curam resolver estes problemas interessantes c, /ersal cortaria esta grande artéria por meio de
quando apparecem soluções intelligentes. ha toda pontes (como nos mostra a figura) e com isto
u. vantagem em que d'ellas se dê publicidade, augmentar-se-ia, de muito, a velocidade do tra-
para que sejam aproveitadas como merecem. fego.
Está n'este caso a solução ideada por Ca- O accesso para o boulevard, ou a sabida
meron Clark para uma melhor circulação de
d'elle seriam feitos por meio de simples cami-
vehiculos na cidade de Xova York. Este norte-
nhos em rampa, partindo de cada cruzamento
americano imaginou um grande boulevard, com
de ruas. E o modo porque foram traçados estes
100 pés de largura (tanto como a nossa Ave-
caminhos sempre aos pares, um descendo e
nida Rio Branco -de edifício a edificio), pas-
outro subindo, evita habilmente a manobra para
sando pelo centro de Manhattan e em um nivel
a mudança de direcção, dentro do boulevard.
mais baixo que o nivel normal das ruas. Este
boulevard deveria dar espaço para quatro linhas De accordo com esta idéa, o carro que
de trafego de carros em cada sentido, cona uma quizer mudar de direcção será o único caceteado
linha extra de cada lado para os carros pa- com a manobra a fazer, em vez de obrigar
rados. os demais carros, de ambas as dirécções, a mo-
Para fazermos uma idéa da importância da dificarem as suas marchas por causa d'elle.
solução imaginada, basta que comparemos a ca- Clark imaginou traçar este boulevard na
pacidade da s\a Avenida, que é de 3.000 carros 2.a Avenida, fazendo-o seguir atravéz da Cana)
por hora. com a que teria este boulevard com Street e da Canal Avenue até ligar-se com o
os seus 18.000 por hora. Riverside drive.
sX;O0<X> \ 0 têm coração, nem romantismo, nem Pela sua historia e por esse mesmo es-
N
3 .M
o |Mo
ancias infinitas de amar e de ser
amadas ? . . .
— Pff!
pirito de sacrifício que vocês negavam que se
pudesse aninhar nessas almas tão propensas aos
formosos c redemptores sonhos do coração. Du-
— Falta lhes espirito ele sacrifício . . . vidam ? Riem burlescamente ? Sou ca que os la-
— Quem disse isso ? mento, porque vocês, tendo olhos, não vêm, e
Esta conversação era travada nuna café-can- tendo ouvidos, não ouvem.
tante entre vários amigos, o primeiro dos quaes, Sim. Marina. Marina Guerra, epie foi noiva
um pintor famoso e ao mesmo tempo inspira - do pobre Guilherme Alvarez.
dissimo poeti. era o que falava com tanta ve- Do que morreu no accidente de avia-
hemencia das raparigas que em outras mesas ção ele- Citruénigo ?
distrahiam os seus ocios ingerindo absurdas e Isso! Do que se suicidou.
diabólicas bebidas. - Ha de tudo no mundo, affirmou o ar-
Douradas mariposas attrahidas pela luz dos tista. Guilherme Alvarez suicidou-se quando, ar-
jalanteios, nella queimavam as azas dos seus ruinado, se viu perdido e não quiz manchar
sonhos, passando a vida na doce interinidade a o seu nome com nenhuma acção indigna. Co-
que as condenanava o seu sexo nheci-o. Fui testemunha das suas
e também a sua própria significa- primeiras loucuras, quando, ape-
ção social. nas sahido da Academia, se fez
Pobres bonecas! Pobres peque- aviador pelo seu amor ao extraor-
nas inspiradoras de tantas nov el- dinário e ao perigoso. Foi então
las futeis e transitórias! que conheceu Marina Guerra e
se entregaram ao seu trágico idyl-
Ahi está a Marina Guerra,
lio. Guilherme, filho de uma fa-
aerrescentou o pintor indicando
mília rica de Cadiz, vivia com
uma mulher de lueto e elegantís-
tal independência que não que-
sima, porém muda e espectral
ria receber dos seus pais a me-
como uma sombra, que, oceulta
nor ajuda.
aum dos ângulos do salão, pare-
cia perdida num mundi) ele lem- Desertor de todas as Uni-
branças, evocaçetes e presentimen- versidades e Escolas, entrou para
te.s. —Ahi está ella! uma. Academia onde se fez avia-
— Ah! A M a r i n a . . . disse outro. dor, como ficou dito, pela anciã
— Parece louca, commentou um de novidades e pelo desejo ele
terceiro. aventuras. Occultando a sua mo-
Mas louca como a nobre desta posição, vivia junto de Ma-
Ophelia immortal e eterna, insis- rina, z quem pintava o seu des-
tiu o pintor. Ahi está como ele tino e a sua situação com co-
costume, absorta e petrificada res lisongeiras, empenhando-se e
empobrecendo, sem que edla sus-
como uma esphinge dolorosa e
peitasse a verdade. Dessa falsa
incomprehensivel.
m unira ele viver sobrev. i -ram não
I
- Você a conhece ?
poucas d sv (-aturas, elas quaes a
— E a admiro.
menor não foi ter a família de
— Porque ?
- s AMERICA —
EL -O
TRAIDOR
(CONTO IITSTOKTCO) O
I
ras de granito, e luz, e neve. As terras perua- Um dia, um homem deu o grito de re-
nas, nesse tempo, convulsionavana-se numa es- bcllião. E r a pequeno de corpo, de olhos de
pantosa tragédia que até em nossos dias re- tigre, e feições duras. Coxeava de uma perna,
percute, sob o nome de «conquista do Peru», mas tinha una braço temível quando fazia brilhar
em estrondos de batalhas e tempestades de pai- a espada; ou a lança. Uma fama sangrenta cer-
xões. Entre os milhares de aventureiros, que cava-o de terror, pois, numa noite de tormenta,
se mudavam em feras ao jogo das ambições á frente de uiaa bando de aventureiros, des-
enormes, a uns attrahia a gloria immorredoura garrados na matta, havia erguido o punho
alcançada em prelios pela bandeira do Rey; cerrado contra o céu livido, insultando e amea-
mas a todos seduzia e arrebatava a perspectiva çando Deus. Ao erguer a voz de revolta, to-
dos thesouros que a terra trazia nas entranhas. dos os seguiram atrahidos por esse sentimento
E foi esse sentimento, que afogueava todos os de pavor e- admiração cruel com que os lo-
ânimos, que arrastara um dia, em Lima, essa bos humanos olham o mais feroz da alcateia.
multidão quasi bravia, á conquista de fortuna O nome de Lope de Aguirre foi acclamado.
como nunca fora ainda descoberta, nessa era ciai meio das arvores tirânicas^ c o bandido,
de maravilhas scheherazadicas. Falaram-lhes de após embeber o punhal no coração de Pedro
uma terra, onde as montanhas eram de sol de Urzua, fez-se proclamar mestre de a m t w
transformado em pedra rutilante. E havia ca- da expedição, e una fidalgo sevilhano, d. Fer-
choeiras verdes petrificadas, as jazidas de es- nando de Guzmàn, teve o titulo de general.
meraldas; e rubins sangrando no fundo dos val-
O assassino, numa assembléa na clareira da flo-
les; diamantes estrellando as grutas de ame-
resta virgem, empunhando o ferro ensangüen-
thista. Prasios, chrysoprasios, granadas c saphi-
tado, agitara as almas desses homens terríveis
ras. todo um pandemônio de radiações e co-
I
com as suas palavras roucas:
res, mergulhado no silencio sinistro das flo-
restas, onde o pello listrado dos tigres punha Eldorado ? Para cjue o queremos ? Eldo-
rado mais fascinante que ha é o
tonalidades flammeas. O sonho de El-
Peru. O céu foi feito para quem o
dorado allucinára os homens rudes
merece- o mundo, para quem o con-
na província ameríco-espanhola. Quan-
quista. Si quizerdes, o Peru será nos-
do Pedro de Urzua, fidalgo navar- so !»
rez, obteve permissão de partir á
E ante esse vulto impressionante,
descoberta das minas desvairadoras,
de cabellos ao vento rugidor da noi-
os aventureiros se agglomeraram em
te, as physionomids do- ex/pediçiona
volta de sua espada que apontaria, rios, avermelhadas pelo clarão de uma
como um cometa, entre as selvas fogueira vai illantc, contralairam-sc vio-
assombrosas, o caminho das rique- lentamente. Os olhos falsearam; e,
zas. E assim era que muitos dias mais rubros que a chamnaa da fo-
e muitas noites, em marcha in- gueira, arderam os corações.
cessante, atravessaram o mysterio *
dos sertões, travando lueta contra • *
as feras, transpondo os rios e
A multidão que partira em busca
- AMERICA -
A C H R O N O P H O T O G I Í A P H I À DA E S G R I M A
U m a série de curiosos documentos obtidos com o apparelho chronophotographico de Marey e
que mostram a decomposição de um golpe de esgrima.
de Eldorado rareara, tempo, depois. Eram cha- pois do banditismo, era o homem mais frio de
mados os «maranones». e oitenta delles exis- todos, nunca .se presentiu em sua fronte
tiam sob a bandeira de Aguirre: um pedaço sombra do remorso. Ha dias, no entretanto, vive
de tafettá negro, cortado por duas espadas ver- afastado e sombrio. Murmura e gesticula sosinho
melhas, em cruz. E m noite de luar muito bran- como um louco. Parece que o persegue uma
co e haacio, próximo a um «pueblo» de Venezue- turba de espectros. Embalde se desmandou era
la, um dos aventureiros que obedeciam ás or- novas atrocidades: o sangue já o não alegra í
dens do bandido, chegava a uma grota, onde incita. Pela manhã de hoje, ao despertarmos,
um homem o aguardava. Desceu do animal res- houve assombro em todo o acampamento. Aguirre
folegante e tirando o largo sombrero, saudou mandara buscar ao «pueblo» um dos frades mis-
aquelle que o esperava. sionários, para ouvil-o em confissão. E como
— Galindo, falou este, ha muito que te es- esse não o quizesse absolver, ordenou que o
pero, bem duas h o r a s . . . Ha suecesso g/ave no enforcássemos . . .
acampamento do traidor? — Por Deus! — clamou o que fora cha-
O que chegara, enxugando o suor que lhe mado de Melendez E quando será enforcado
banhava a fronte, sentou-se a um jaedrouço. e o santo missionário ?
disse: E como se erguesse para saltar sobre a
— Sina. Melendez. Aguirre. que como sa- sella do s e u ginete, Galindo prendeu-lhe o braço:
bes é hoje o único chefe dos anaranones», — Ha tempo, Melendez. Amanhã somente
anda transtornado nos últimos dias. OutCora, esse o frade será assassinado. O que preciso é di-
miserável tinha uma frieza incrível, fora de com- zer-te porque tenho trahido Aguirre
bate: uma serenidade pasmosa, na intimidade. — Sim, não atino com a razão. Nem pedes
Na invasão dos «pueblos» da Venezuela, ma- ouro, nem outro galardão, atraiçoando o Traidor...
tando, saqueando, incendiando, elle não se trans- — E ' o que te contarei agora, Melendez.
figurava senão pelo ódio que lhe cerrava os E sentando-se novamente, falou pausada-
dentes rangentes, e inflammava-lhe os olhos. De- mente:
AMERICA -
I
nenhuma atrocidade em Potosi. Foi numa noite, — Segui-o. Nas suas traições teve-mo elle
como esta, lavada de luar, que o bandido, en- sempre por testemunha. Perdi-o de vista quan-
cabeçando a rebellião que tanto sangue derra- do partiu em companhia de Urzua. E, pas-
mou na região do ouro, deu largas ao seu ins- sado muito tempo, ao saber de seu paradeiro
tineto de fera. A primeira idéa que me veio pila noticia de suas crueldades nesta região,
nessa noite trágica foi o ódio que Aguirre para aqui me fiz de viagena, e alistei-me entre
nutria surdamente contra Hinojosa. Eu morava os «maranones». Mas os soldados do Rei che-
então além das minas, ao pope da montanha, garam próximo ao acampamento. Soube que tu
quando um dos creados do corregedor, escor- os commandavas, c decidi entregar-te Aguirre.
rendo sangue, veio morrer a meus pés dando Tu o terás amanhã, ao romper do sol.
1.W/ RH 1
Sinistro, Aguirre. em sua choupana, mais J.i então os soldados de Melendez, guia
hediondo que nunca, pois em seu semblante dos por Cristobal Galindo, tinham oecupado o
h a \ i i como que a sombra de um í aza satânica acampamento, prendendo os rem inescentes do
murmurava palavras que aterro bando que trouxe em agonia as
rizavam a sua filha, e a amante. opulações andinas, nesses tempos
a celebre Torralba, que 0 havia se- revoltos. Contam os chronistas
guido cm todas as jornadas. A qúe o Traidor recebeu rindo
lu/ do sol que illuminára, i bei- s soldados, apontando para o ca-
ra do carreiro, o oscillante cada iver cia filha, que apunhala
\cr do frade, alumeau as feições ra. Cristobal Galindo, que cr,,
desse homem mil vezes assas um dos primeiros a cercal-o, er-
sino. < i miserável, a quem os li gueu ao hinibro o arcabuz c des-
menhos tinham qualificado, pelas pediu o tiro.
suas atrocidades. 11 loco Aguir- Aprende a atirar, perro!
re scismava negros pensamentos -gritou-lhe Aguirre, ferido no bra-
que lhe davam aos olhos reflexos ço.
infernaes. Ao segundo projectil, que o
Matei muito disse elle. attingiu em cheio no peito, ba
em dado momento. á amante que queou pesadamente. Mas não an-
se achava abraçada á filha a um tes <1<- chalacear ainda:
canto Matei, trucidei. Agora Ah ! este foi cm regra!
sinto que vou morrer: espalhei
tanto sangue que VOU morrer afo-
gado em suas ondas. Todos me 1J •, \
E assim morreu aquelle cuja
amaldiçoam, própria natureza tradição perdura ainda na memó-
me odeia. As montanhas têm uma ria de algumas povoações de Ve-
expressão de raiva, em seus perfis, quando as
nezuela : Colômbia. A cabeça de Aguirre: con-
olho. Odeia-me a luz, c a t r e v a . . .
servou-sc muitos annos. encerrada numa jaula
E mirando a filha que se abraçava á de ferro, num «pueblo» á sombra dos Andes.
Torralba, assustada desses contínuos divagares de E ' o que nos contam os chronistas, entre os
seu abominável pae. Aguirre teve uma idéa hor- quaes Ricardo Palma, fazendo que esse lypo
rorosa. de legenda infame nos surja aos olhos, cercado
Tu \aes ficar no mundo, após a mi- de uma nuvem vermelha e de uma revoaJa
nha morte! - exclamou — Nunca! Nunca per- de abutres . . .
dure sobre a terra o sangue de Aguirre. Fi-
lho ou filha que ficasse depois de eu ser pros- l l u a c j r «le \MIKII>A
trado. perpetuaria uma raça de malvados, e de
naaldictos. O maior malvado e naaldicto, sou eu.
em minha raça: e eu quero que essa desap-
pareça.
As pessoas fracas são as tropas ligeiras
Neste momento, na entrada do valle. es-
do exercito dos maus; são mais maléficas do
tendendo-se na manhã radiosa. rebentou uma
que o próprio exercito: infestam e devastam.
íanfarra de cometas.
— Ah! os realistas! — bradou o bandi- CUAMIORI
— AMERICA
OS JARDINS PE
LUXO
Ao la-lo da resi-
dência confortável, ex-
lende-se o jardim cui-
dado, em Ioda a sua
elegância moderna, os-
tentando a sua ter-
rasse, o seu cara-
manchel e a profusão
das suas flores varia-
das.
E os raios alegres
do sol projeclam som-
bras avelludadjs que
lambem as columnas
com uma indolência de
caricia . . .
o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o ooooo ooo
A VELHICE DE LAMARTINE A joven olhou ainda uma vez o ancião
que se afastava, comprehcndeu a crueldade de
uma tal miséria num tão grande coração c bai-
f~\ G R A N D E poeta francez teve uma ve-
xou a fronte, sentindo que os seus lindos olhos
lhice lamentável. A propósito. Mon-
se humedeciam . . .
selet cita esta passagem pungente:
E r a uma tarde de musica, nas Tulherias.
Uma moça muito elegante, acompanhada duna
rapaz não menos correcto, voltou-se para um
ancião apertado na sua sobrecasaca de golla alta í ENCERAOOR e LUSTRAOOR \
e que tinha «uma cara de águia c de .avalio •Y-
<r
inglez». Ella mostrou o velho ao seu compa- de Moveis, Pianos, Armações, etc. <r
Y <f
nheiro e poz-sc a rir.
Então um escriptor em voga approximou-
se da moça e perguntou-lhe: X EDUARDO MENEZES
— Conhece o nome desse velho que a faz
rir ? t Rua S. Pedro, 142 Tel. N. 1488 t
.Absolutamente.
L ' Lamartine!
LIPTON
'^saMísa?
*"«c-2
« > » * • ' - »--r-víO"-' • -'""-
" * s * ~ -r-->->.-.
Os chapéus simples e graciosos Os simples chapéus que ahi se
Depois de haver recorrido a vêm possuem essa alta qualidade:
todas as extravagâncias, o futu- a de fazerem realçar, graças ás
suas linhas elegantes, a belleza
rismo inclusive, a Moda parece
e ,, graça dos rostos femininos.
ter reconhecido que em chapéus,
como em tudo o mais, a simpli-
cidade é a suprema lei da ele-
gância.
UMA ANECDOTA
rigia-se um pobre diabo de advogado omeii-
cano ao Far-Wesf para ahi tentar fortuna.
A u d a c i o s o em exlrcn.o,
(ornou logar no Irem sem se
munir do bilhefe de virgem.
O seu bilhefe, faz lavotr
— N ã o o tenho, respon-
de o viajante de contrabando,
mas faço parle da redacção
do D a i l y N e w s de Naslivil-
le...
— À sua carfeira de re-
dactor ?
— Também a não tra-
go...
— Então o s:nhor hade
pagar a viagem, a não ser
que o director do D a i l y News,
OS CHAPÉUS ELEGANTES que viaja neite frem o reco-
nheça,..
D o i s lindos modelos de c h a p é u : o primei- Seguindo o corredor que
ro, cloche de feltro malva com plumas, creação atravessa Iodos os trens ame-
Alphonsine : o outro, de seda preta e rajada de ricanos, chegam os dois á
branco c azul. modelo Suzanne Castelli. \ presença do todo - poderoso
director do D a i l y News, a
quem o cobrador explica o
O í>
situação i r r e g u l a r do seu redactor. O dircefor lança um
olhar sobre este e hesita um insfenfe.
AS CAPITÃES DO NORTE
Vista parcial da cidade de S. Salvador, Bahia, tomada de um avião. Vêm-se a praia de Nazareth,
o pharol de Santo Antônio da Barra e o forte de S. Marcello.
CD CD CD
A S y l vio rigueiredo
V.
i OS DIVÓRCIOS IMPREVISTOS
"1
.1
S I se fizesse um catalogo dos motivos de divorcio admil-
lidos nos Estados Unidos, fer-se-ia um documento
bem curioso. Não se passa um dia sem que se apre-
Mas com os preços acfuaes, nem se deve p;nsar nisso, sob
pena de ruina. O s dois esposos pedem autorização de
procurar, cada um do seu lado, um cônjuge mais con-
sentem casaes ao tribunal, a reclamar a sua separação por veniente.
um motivo novo. Tal oufro, ainda, havia prohibido, desde o dia do seu
Tal marido quer abandonar a esposa porque tem a casamento, que a sua sogra viesse vel-o. Elle lhe fixara
idéa particular de que um lar não deve durar mais de mesmo um secfor de circulação. Fizéra-lhe a prohibição
sete anr.os. E aliena que os cônjuges, nesse lapso de tem- absoluta de morar a menos de dez milhas da sua casa. E
po, já se deram o melhor e o p;ior de si próprios. Conhe- como a infeliz mulher houvesse desobedecido á ordem, o
cem a fundo os seu 5 defeitos e qualidades. Com o prolon- marido julga que a sua felicidade conjugai está ameaçada.
gamento da co-habifação. elles somente poderão obter uma E a se empenhar em disputas inúteis, elle prefere a renuncia
repetição fastidiosa. Mais vale romper uma união do que e abandona a mulher.
conserval-a gasta e monótona ! Esses exemplos poderiam ser multiplicados ao infinífo.
Tal outro reclama o divorcio por incompat.bilidade de Mas o ponto mais curioso é esfe : nunca, nos Estados
legumes. A mulher, que é joven. bella e intelligente. seria Unidos, se viu tanto divorcio pronunciado por embriaguez
perfeita sem este pequeno detalhe . ella só gosta dos legu- do marido como depois do advento da chamada 'lei secca».
mes verdes. O marido os detesta 5i a vida fosse menos
cara. um e outro poderiam ter o seu alimento particular. Alberf A C R E M A N T
AMERICA —
©
v«
0] 0. à
mÊM 0© o
© 0
0
/ ^
e> Q
N
©
MARTINS FONTES
- AMERICA —
PARNASO AMERICANO ^
Et JflRQÍM ENCANTADO
(El clavel; Ia rosa; Ia margarita; ei lirio.)
CASTANEDA ARAGON
(COLUMBIA)
• mtHHIHHHHHHHtHtHHMmm
•if
— AMERICA —
lwvwvv y^>^A***W*'t 1 jJ
sal
fán
II
UM ESTABELECIMENTO MODELAR DE ÓPTICA
^
um profissional capaz, é um estudioso infa- torio clinico, de moléstias dos olhos.a cargo
tigavel dos problemas do oculismo. do illustre medico oculista Dr. R o d r i g u e s C a ó .
E m 16 de J u n h o do anno p. findo, deixou Os artigos de venda da casa. taes como
elle. espontaneamente, o cargo de chefe da óculos e pince-nez. "face-à-mains'". binóculos
secção de Óptica da Casa Vieitas, onde adqui- de campo e de theatro. e t c , são de urna impec-
r i u um graiade cabedal de conhecimentos, cahilidade a toda prova: e para justificar o
sendo cerca de H>U * * I o numero de pessoas que asseguramos basta-nos invocar o teste-
por elle exaiaainadas e, logo em seguida, acom- m u n h o sincero do immenso publico que hoje
panhado de todo o pessoal technico. seus em dia dispensa a sua preferencia a esse esta-
antigos auxiliares. installou o modelar esta- belecimento modelar.
OOJVtO SE CRÊA A. 3VT03DA.
:ulíé a grande desenhista das ir.aia apuradas elegâncias parisienses, srea neate seu desenho, que tem a íra?a
'sumptuosa e aristocrática 3119 caracteriza sempre as suas lllustraçôes, "um admirável modele de traje
de noits 39vero e gracica ' ", 9839 gênero de tcilette.
AMERICA —
O MOBILIÁRIO ELEGANTE
l*iii salão de bibliotheca em que o menor detalhe tráe um apurado gosto artístico.
POESIA^l
-ato -Z -ní?n-
Noite de iNatal LUIZ LAMEGO
SILVERIO ROSAS
0 G GD G D D ü 0 D
CHOPIN, O POETA DA MUSICA í
tí "% R E D E R I C O chopin nasceu a 22 de cobertos ele pétalas ele rosas; Frederico Cho-
tf' fevereiro de 1 810, em Zelazowa-Wol 1, pin amou com uma paixão desgraçada a uma
i v£> p ' r t o de Varsovia. (> seu pae, de mulher que nunca epiiz ser sua. Maria Wod/.ins-
^Bd^ origem lorena. era preceptor elo fi- ka. a polaca dominada pelo atavismo bárbaro
lho único da condessa Skarbcek. de um espirito de casta, desdenhou sempre o
A sua mãe, Justina Krzyzanovska, era polaca. artista quem só via quando este tocava. E
sobre essa funesta influencia exercida á distan-
Menino prodigio, Chopin dava concertos aos
cia, pela Mãe Pátria; sobre essa recordação
oito anno-,. aos dezescte realizou a sua primeira
inesquecível — una maço de cartas de Maria
excursão pela Europa ? em novembro de [831
deixou Varsovia para nunca mais voltar. YVodzinska achado entre os papeis ele Chopin
depois da sua morte - escreveu o «poeta da
Chegou a Paris e soffreu a desillusão que musica» o seguinte epitaplaio que o era da sua
a todo artista causa a vulgaridade cosmopolita vida sentimental: Moia breda! Minha desdita!
do boulevard. Mas não tardou em conhecer e
amar .10 Paris verdadeiro e um tanto hermé- Buscando esquecimento para esse mal de
tico ela- aristocracias: aristocracia do talento, aris amor. Chopin teve amores breves, entre os quaes
sobresahiram as suas relações com a condessa
tocracia do sangue e aristocracia do elin'ieiro.
de Agoult e cona Joanna Stirling. Mais tarde
Chopin havia ganhado uma peejuena for-
ahi por 1838, começou a sua lamentável liga-
tuna durante as suas viagens, entre 1827 e
ção cona George Sand: uma convivência sem
1831: isso permittiu que elle se installasse em
ternuras e sem comprehensão mutuas, que durou
Paris com um certo ruielo. Vestia com gosto
dez annos pela força do habito e que acabou
e cuidado apurados. Ornava os dedos com .ni-
em 1847, quando o maravilhoso pianista, ven-
neis .uni-o-, e preciosos e calçava, sempre que
cido pela tisica da larynge, já não era mais
sahia á rua. luvas brancas impeccaveis. As suas
do que uma ruina.
capa-, a- suas bengalas, as suas gravatas er,,m
copiada- pelos devotos daquella romântica ele- Os dois últimos annos de sua vida foram
gancia do tempo, que tão bem c|uadrava com de infinita amargura. A 17 de outubro de 1849,
o typo delicado e cona o caracter sonhador ao cahir da tarde, Chopin sentiu-se morrer. Com-
de Chopin. prehendendo que não veria luzir o sol do dia
seguinte, quiz expirar entre as suas devoções
1 ic-M- modo aquelle artista, eme ao ta-
de arte e os seus affectos humanos. Fez cha-
lento reunia a juventude dos seus vinte e una
mar a s suas amigas e as suas amantes. As ami-
annos. uma grande belleza physica e uma in-
gas vieram. As amantes, não.
superável distincçâo. viu abrirem-S2 para o re-
ceber com toda a honra as portas do., salões Acompanharam o moribundo, naquella noite,
menos .acessíveis dos jaubourgs Saint-Germain a princeza Potoka, a princeza Marceline de Vir-n-
e Saint-Honoré. Pouco depois de chegar era ne, a princeza Czartoriska, madame Solange Cle-
já Chopin o homem da moda em Paris: e singer e Gutman, o seu discípulo predilecto.
assim começou para o grande musico aquelle Antes do alvorecer Chopin pediu á prince-
caminho triumphal que za Potoka que lhe can-
devia ser de perfeita tasse o «Psalmo» de
ventura e que. por obra Stradella. A. princeza,
da fatalidade, foi de im- diante do pianno, cantou,
placável soffrimento até
a reprimir os soluços. As
á morte . . .
outras s-nhoras choravam
Frederico Chopin. que também, de joelhos, re-
inspirava paixões avassal- clinadas sobre o leito.
ladoras ás mulheres mais Quando a vóz da prin-
bellas e- queridas do Pa- ceza Potoka se extinguiu
ris de então: Frederico cona a ultima nota do
Chopin. a quem as suas - Psalmo», Chopin havia
admirad-.«ras recebiam em morrido . . .
sal">es cujos tapetes ha-
viam sido previam ?nte
Anlonio G. di LINARES
AMERICA -
E l l e c o m e ç o u .dni x„ e. n
« cdloo-- m
m ee <* li «» e«,, s e n d o e u u m a « g e m m a ' % nfto
d e v i a e h a m a r - m e ''Clara"»
AMI RICA —
J
O <p O O V Z~ O <? <? Q V -? Q O O & O O O » Q Q O O Q O O < > 0 0 0 0 < > 0
) V - < r—v
@ âifISf4
Tu, artista revél, na tortura inaudita
Desse tédio immortal, sonhador delirante,
Vives; e em torno a ti, em espasmos, se a&ita
A humanidade, — tôrva e barbara bacchante!
Para a tua alma, a Vida inclemente e maldita
É um inferno maior do que o inferno de Dante!
E o Mundo não comprehende essa angustia infinita;
E ha Alguém que não sente esse amor crepitante!
Soffres. Choras. Por fim. ás alturas elevas
Os braços, na afflicção das titanicas luctas,
E tombas, no amargor de um sudario de trevas!
As tuas ânsias, quem chegará a entendel-as?
— 0' grande soffredor, ó poeta, as pedras brutas
Não podem comprehender o sonho das estrellas...
1923 R O B E R T O GI1.
- AMERICA -
!
*
T H E A T R O E < \ S l \ O P A R Q U E !í A I A I C A I Í I O
Construrcão da Companhia Constructora de Santos
Capital — 3.000:000$000 S E D E :
Ik-,
Q X J JE3 J B JR. . A . 3XT - II
\() tem talvez, sentenciou & Seu menino não andava por ahi escapri-
dona, depois de olhar o Üando? perguntou a d°ua, que era já velhota,
doentinho; o que esta crea- mâscadeira de fumo, e muito sabida e.w «coisas
tura de Deus tem é que feitas».
branto. Neste mundo não Andava, «nhora» sim, respondeu a mãe
^^c falta nunca um capeta para do doente.
\\\ atténtar a vida de uma Pois está alai! elle apanheu q u e b r a n t o . . .
(// gente. Algum maligno olhou para elle, e o pobresinho
A cabocla, que j;i esta- está agora p e n a n d o . . . Tem máo olhado, ora
va toda se derretendo no si tem !
pranto d> choro, vendo que -E a dona sabe tirar? perguntou a ca-
o seu «quero bena« perrengava sem geito. con- bocla.
cordou com a donu e contou entre lagrimas
- Saber eu sei, mas aqui naesmn no ar-
que. para o pequeno ficar daquella moda, só
raial tem uma mestra disso.
mesmo coisa feita.
Quem é, inda que mal pergunte ?
Ia crescendo, com a graça de Deus, bona-
zinho deveras e puxando bem o seu angu. Es- A iiá Quiteria do Benedicto, aquella que
tava creando corpo, rodava a casa toda, em- mora no caminho do inunho, assim um tico mais
fina. para encurtar palavra, o pequeno era mes- p'ra riba.
mo «caboclo sarado». E a dena offereceu-se para ir chamar a ben-
Quando no arraial andou a tosse comjorida zedeira, cmquanto a cabocla ficava sentada ao
que foi um disparate, o damnado do menino pé do catre, onde o filho, caboclinho de seus
não teve nada. Brincava no brejo, quando o quatro annos, gemia baixinho de barriga para
sol estava de queimar como labarela, e nunca o ar, devorado pelo febrão.
apanhou uma febre, e até parecia que nem i O pae andava pelejando na roça para ga-
sezão brava da beirada do rio, na baixada das
nhar seus cobres.
águas, podia com elle.
Cona pouca duvida chegaram a dona e siá
De um par de dias para cá, pegou a fi-
Quiteria. atabafada num chalé, porque também
car assim só no canto, tremendo com uns ar-
não estava boa nem nada, cona umas saffocações
repios como no tempo de geada, em que o
que não a deixavam dormir.
frio urra numa toada: perdeu o «appetite de
comer» e achava tudo enjoado. 'Tou mesmo una caco, observou rindo,
mostrando as gengivas murchas.
C
Catarrhão não era.
Entrou no quartinho do doente. Siá Quiteria
Levou o pequeno a seu Chico boticário,
olhou fixe para o pequeno, palpou-lhe a barriga
que mandou dar azeitinho. que «estava que nem um tambor», e concordou
Foi uma campanha! O menino berrou como que era quebranto e dos brados».
um marruá, que não queria beber essa «por- -Mas olhe, disse dirigindo-se para a ca-
queira», mas, afinal, tanto engambellou, que bocla, não pegue a se arreliar dessa moda;
elle virou uma golada. com a graça de Deus, o pequeno não escan-
Qual! ficou assim mesmo, todo encorajado goteia ainda desta v e z . . . Eu tiro o que o
na cama e com uma canseira nos peitos como maligno botou no corpo delle e fica fechado
a dona estava vendo. p'ra sempre.
Voltou na botica, e szti A cabocla sorriu triste-
Chico disse que não era mente, esperançada da pro-
nada e achou que o gumi- messa da dona, que se
lorio cortava o mal de mostrava tão serviçal.
uma vez. Xão vê! Siá Quiteria desamarrou
— E o coitadinho de o lenço grande de rama-
Deus está ahi desse modo, gens e tirou de dentro
que é de cortar o roira- três raminhos de arruda;
ção, terminou a cabocla - enfiou um delles num vi-
muito agoniada, limpando drinho de a/cite doce, fa-
os olhos na ponta do pa- zendo três cruzes sobre
letó. o d n e n e , borrifando-o e
rezando & meia \o/. rosou fora os ramuihos lia de vêr que aquella c.mseiia passa num
e. depois, muito grave, pe.liu um fogareiro. átimo... Mas. foi um quebranto dos diabos p ra
A cabocla, muito espantada, disse que não riba!
tinha isso, mas .1 dona deu logo um pulo i E u b e m talei, a t a l h o u a dona, que nunca
casa e trouxe um com umas brazas muito vivas. falta capeta n e s t e m u n d o p a r a altentar uma gente.
Sobre ellas, siá Quiteria jogou benjoim, incenso Até amanhã1 Ponha seu coiiaçào» no
e .dl.i/em.i. saindo a defumar os quatro c ali
quieto. .' q u e , com a vontade de Deus, não li i
tos do quarto para botar para fora quebranto»
de üssuceder nada de mil ao pequeno.
veiu depois defumar o doentinho, que g-m-u
mais alto, >ng rizido com a fumaça. Saíram as duas velhas da casa de sapé
Vos estalidos das brazas, siâ Quiteria re- do caboclo.
zando, s irriu contente explicou que era a «por- () a r r a i a l i n o d o r r a v a ao sol d e d u a s h o r a s ;
queira que. e s t a v a sain Io n a s m a s .. c r i a ç ã o ciscava, c n a s a r v o r e s can-
A dona, mãos juntas, s -ntad.i num tambo- t a v a m os p a s s a r i n h o s , f u g i n d o ao r i g o r da c a l m a .
rete, rezava também, acreditando que ,. coisa Então, o pequeno como vae? perguntou
feita ha\ i i ile acabar. o Nico, lá de dentro da tenda tio sapateiro.
Inda tenho de voltar dois dias, aceres- á s'â Quiteria.
centou a benzedeira. Veja li: não carece Ass!m... E' quebranto brub >! respondeu
você estar nessa paixão tola, o pequena inda i v,lha.
ha de p e s c a r m u i t a piaba lá n o corgo q u a n d o m a i s
(i Nico sorriu descrente, achando uma bo-
g r a n d i n h o . Bote isso n o p e s c o ç o d e l l e : é figa
bagem; para elle não tinha que vêr o
d e G u i n é e q u e r o vêr qual é o i n i m i g o q u e
p o d e COm ella.
in nino estava carecendo de tom ir «lombrigueiro»,
No quartinho, o enfermo agonizava lenta-
Fez m e n ç ã o d e se r e t i r a r ; m a s cabocla,
muito a g r a d e c i d a , q u i / p o r força q u e ella to-
mente: presa numa fitasinha encarnada, sobre o
inass - um cafésinho coado d<- cagorinha mesmo». peito descarnado, já se ostentava a figa que
Eu fico obrigada, disse a benzedeira, ->, /. siá Quiteria havia dado.
para outra vez. Vá para perto do pequeno... Azevedo J I X I O R
OS IPAJFtGiTJES Xs^COIDEEtlSrOS
Una lindo recanto de parque silencioso e tranquillo onde uma plantação de peonias,
surgindo no mysterio das moitas, parece um cortejo alacre
em saudação á Primavera
A S P E C T O S DO P A I Z
Uma vista da praia José Menino, em Santos, tomada de um avião
Q ç o O d> O Q ~ Õ ~ Q o o o o o o o o~7>~õ~<> o o o o o o o o o o o o o o
^•••••••»
O h l J >eslVa!da o p e n d ã o , s e n h o f d o s v e n t o s !
J{l'ílllCl«' O S IVaillíislíCS I W u U l OS itíitlllI)01'OSl
E , mergulhado entre bulcões e açores,
d e r r i b a o s g r o s s o s m u r o s cios c o n v o n t o s !
iRacha a l b a r r a n s ! N o s feudos e v e r s o r e s
dos* m a i s r u d o s C a u d i l h o s t r u c u l e n t o s ,
d e s a b a si v o z t i o s q u a t r o f i r m a m e n t ô s ,
dlerrúe I o d a s sis c r a s t a s e | ) o n d o r o s !
L e v a as aldeias e os carvalhos, tudo
que puderes, no arranco, levantar
s o b r e si eoátieha t e r r í v e l dess*e e s c u d o !
L e v a ! E , ao sumir das trompas, ao calar
d o s t e u s g u e r r e i r o s n o Infinito m u d o ,
p l a n t a o l>alsão d o a r c o - i r i s s o b r e o m a r !
PADUA DE ALMEIDA
n// RICA -
E S T U D O S D E R Y T H M O
" A. d a n s a " , pose das dansarinas Marion Morgan.
A T1SSÂS1ISA VIDA
•J&
ÃO sabemos comprehender que em toda existência sibilidade de amar e de querer esquecem-se demasiado das
ha alegria e dor e que ambas são necessárias á dores materiaes da existência. Ha sem duvida pezares vagos
harmonia universal e á formação de almas. À fe- e complicados cuja elegância e distincção arrebentam os
licidade — que imaginamos em nosso sonho de vida supe- jovens que andam em busca de sensações reras e as lindas
rior — nunca é completa, e mesmo que a possuíssemos, senhoras ávidas de emoções refinadas; mas que são elles
breve nos fatigariamos delia, porque, segundo um profundo em face das tremendas misérias da inquieta humanidade a
pensamento de Maurice barres, ha uma cousa superior á procurar a luz entre as trevas invasoras e a lutar, pela sua
belleza : é a variedade. No dia em que ninguém mais accei- incerta durabilidade, contra a pobreza, o abfndono e a en-
lar o seu destino, o mundo saltará. Mesmo pobre e aban- fermidade ? A verdadeira vida não é a vida artificial e vã
donado, ninguém deve desesperar, porque não ha desgreça dos fantoches psychologicos que limitam o universo ao es-
completa e definitiva, como não felicidade absoluta. Tudo tudos dos seus pequeninos tédios iníimos e derramam, s o -
se entrelaça, tudo se attenúa, e a vida não é nem tão bôa bre a multidão de desgreçados que elles desdenham a sua
nem tão má como julgamos. piedade de dilettantes.
Todos os livros modernos cuja psychologia pretende
denunciar o mal do pensamento e a nossa dolorosa impos- Honrj B O R D E VI \
AMERICA -
L
O N T R A a crença geral Reniero Dozy, veio decalaindo desde o Califado de CorJova,
em Histor.a d:s Musulinanos da fastigio da sua perfeição e espiritualidade. Da-
Hcspanha, r.ega a imaginação dos quella maravilhosa civilização só conserva o or-
arabes->. O seu sangue, diz elle, gulho da procedência. Muitos mouros de Tetuan
é mais impetuoso e férvido do que o nosso, são conservam com amor, secretamente, as chaves da
mais fogosas as suas paixões, mas elles for- casa de Cordova ou de Granada.
mam o povo menos imaginativo do mundo.» O viajante a principio é deslumbrado e
E accrescenta que em religião não tive- confundido pela côr do ambiente, pela sensua-
ram mythologia. nem epopéia em litteratura. lidade do costume, pelo fanatismo de uma re-
A sua religião é «a mais -,simples e a ligião exterior.
mais isenta de mysterios». Os poetas «descre- Pareceria que o arabe desenvolveu as suas
vem o que vêm e sentem, porém nada in- demais qualidades para oceultar a sua falta de
ventam.» essência imaginativa.
Os contos fantásticos das Mil c uma noi- Si essa raça tivesse imaginação seria a mais
tes são de origem persa e india. Só têm de perfeita c a mais poderosa do mundo.
árabe o real. o costume e a anecdota.
A anciã g u e r r e r a , o seu maior atavismo,
O primeiro olhar do \iajan'.e encheu-se de
desapparece cona a civilização. A guerra se con-
luz e de côr. E pensou erroneamente que se
verte em uma imposição de cultura c de com-
achava diante do povo mais imaginativo do
mercio. Na retaguarda do imperialismo inglez
mundo.
ou allemão vão os navios mercantes e os oro-
Depois, no emtanto. meditou sobre essas fessores.
palavras de Dozy e achou-as verdadeiras. O sol
Essa raça tem, como nenhuma outra, em
provoca a sensualidade, o «colorismo», a reli-
alto grau, o senti io da arte, -o epieurismo
gião apaixonada. O homem dos paizes brunao-
para a vida, unaa simples e ardente fé.
sos é mais imaginativo e a sua religião t t m
um mysticismo d?licado. E m qualquer outra o artista, o sybarit.i,
o religioso, são casos isolados, homens predi-
Dahi o ter o gelado paiz escandinavo crea-
lectos.
do a potente mythologia dos Eddas c o não
Os mais toscos artífices bordam primoro-
possuir a Arábia de sol causticante nem ru-
samente com fios de ouro e de prata; pintam
dimentos de mythologia.
com muito bom gosto um ttifor, estampam de-
Talvez haja cases particulares que consti-
licadamente unaa carteira de
tuam excepção, apezar de não ser possível a
couro, a eiacadcrnação de um
existência de uma palmeira nos gelos do Norte,
livro; tecem luxuosos tapetes,
ou de una iceberg sob o sol do Sahara.
luminosas s?das de cores.
A raça árabe é antes contemplativa. Os Mas reproduzem continuida-
mouros fumam durante horas inteiras os seus mente um archetypo', um mo-
enormes cachimbos de kif, em que ha arabes- delo.
cos lavrados, e ficam-se a contemplar as vo-
Talvez 0 Proph li II.es hou-
lutas aromatícas. Admiram silenciosamente uma
vesse- prohibido a reproducção
bella paizagem. falham a rua vistosa acocora-
da figura, humana, não tanto
dos, arrímados a uma parede.
para e v i a r a idolatria, mas por
Ao vel-OS assim, imaginar-se-ía que elles es- haver notado ausência de ima-
tão a meditar ou a imaginar; no emtanto elles ginação na sua raça.
estão apenas em Icthargo. A visão e a idéa não Por esse motivo o artífice
lhes passa dos olhos adormecidos. mouro carpinteiro, ferreiro,
O kif, o hachish, o ópio, excitam a ima- tecelão, reduziu o ornato
ginarão do europeu, enchem-lhe o cérebro de das suas obras a motivos geo-
imagens de fantasia. A um árabe só causam métricos.
sornno. o próprio architecto nada
Imaginação parece o synonimo de evolu- imaginou. Dahi a uniformidade
ção. A raça arabe não evolue. tAo contrario, da cidade. 0 construetor faz
AMERICA -
os p.iMincntos com mármores nrancos e negros sua religião, diz muito tem Dozy, t
axadrezados ou com miúdos mosaicos de cores; o mais simples e isenta de nu sterioa
põe ladrilhos ,is escadinhas que vão de uma E por isso o Korão menos um livro
,i mura habitação, nos \ãos das janellas e das de regras espirita,ics do que um livro de IIOI
portas, nas columnas; estuca os te:tos cona ver- mas ile proceder na vida.
sículos do Korào; 0 carpinteiro, por sua vez, Assim, por exemplo, exige o Koiào iO'
construirá os seus lavores pintados, as portas crentes, quando tiverdes de (azei a oração, li
em fôrma de ferradura, e sempre 'do mesmo vae o rosto, e as mãos ali- aos COtOvelloS; Btl
modo. xugae a cabe,a, e os pés até aos tornozelos,»
Os themas da arte mourisca S3 reduzem, No enorme território islâmico ha dilatadas
portanto, a complicadas geometrias de cores. A regices sem rio, nem poço, nem manancial. O
geometria artística alcança entre os árabes um Propheta previu es'.e facto, ordenando que si
intenso desenvolvimento. Seria interessante, dado os beduinos não tivessem água, poderiam c ,
o seu instineto congênito, imaginar até onde che- fregar o rosto e as mãos «com areia fina e
garia a arte do arabe sem i coacção religiosa. pura.»
Seria uma apotheose de côr. embora reprodu- A única promessa que se faz aos que
zisse a vida tal qual é. cumprem esses mandamentos ê o Paraíso, um
<> arabe. dizíamos, é também um sybarita. jardim «irrigado por muitos córregos» e em
Gosta de (,avalies csbcltos, de mulheres for- que ha «virgens de olhos honestos».
mosas, de jardins, de cores, de musicas de simi- Para o christão c o buddhista ha um
ptuosidades, mas exclue cio prazer to Ia tdeali- Além illimitado e innumcravel que não se chega
dade. a descrever.
( 1 europeu intensifica o prazer <) beduino devia ser o homem
pela imaginação. O arabe busca a mais religioso dessa raça, por-
imaginação pelos grandes e nu- que para elle. symbolo da sole-
merosos prazeres, isto é. exlráe dade, um regato ou uma virgem
uma gotla de e s.-ncia de uma seriam a felicidade completa.
braçada de rosas. E no emtanto! é o mais soept co.
Ama i vida com epicurism O arabe sedcn'ario, mesmo que
como si nada esperi-s • do Além poss t conseguir na vila o prazer
depois ila m ute. < > jardim '• " prometlido, refugia-se no mysticis
Paraíso que lhe- prometle um mo para augmentar a mollicia.
c intinuado prazer exaltado e inel Tive oceasião de ver es:a cida le
favel. no Ramadan, o mez do jejum
E não é somente o homem da e da abstinência.
cidade que se rodeia de magni- E observei a rigor com que se
ficencias, mas até o mais rude guardavam os preceitos prophe-
montanhez. ticos.
E ' na niinuc a. no detalhe, que Durante o mez ile Ramadan,
que se vê a fina sensualidade o arabe jejúa todo o dia e so-
dessa raça.
Í Mesmo no café mais immundo
ha sobre as sujas mesas de
mente pôde comer entre o ocea-
so- e a aurora.
O homem um pouco descrente
madeira um grande ramo de flores. De vez admira essa constância na fé.
em quando acerca-se delle, para aspirar-lhe o
perfume, algum mouro miserável. E pensa em si ;. civilização não enfra-
Nesses cafés os mouros montanhezes pas- queceria essa fanática e ardente fé. Porque os
sam horas a combinar simples harmonias cona mouros que estiveram em Paris ou em Madrid
as duas cordas do guembri. Si 'elles tivessem já não guardam com tanto rigor o Ramadan.
imaginação, não lhes bastariam duas cordas para Si o arabe tivesse sobre essas qualidades
desenvolver a sua fantasia musical. a imaginação e perdesse o seu instineto cie
A' excepção do mendigo que extende a feroz individualidade, seria a raça mais poderosa
mão ou o prato de cobre, vestido com an-
e perfeita.
drajos, que é igual em todos os paizes, o
mouro mais humilde da cidade veste com cui- Corrêa - C^X^ÜEKO> T
o
Três « r a p a r i g a s ídeaes» p r e m i a d a s
p o r u m g r a n d e d i á r i o de P a r i s , s e m
m a i s oondieões q u e s e r e m bellas
e i o a s . . . P o r q u e e s t a e «raparigas
ideaes» n ã o o o n h e c e m Historia
nem oornprehendem Shakeapeare.
-o
?
GRUPOS KOHLER
FABRICADOS PELA Co. U. S. A.
Para .Iluminação electrica de:
FAZENDAS — ESTAÇÕES — ESTRADAS DE FERRO NAVIOS
DE GUERRA — MERCANTES — ETC.
.1-
AG-EUNTTES E DEPOSITÁRIOS:
1
- AMERICA —
CATECISMO
(EJrt-A-Ca-JVIEISrXO) |
TLIRBA juvenil dos alumnos marche desencontrado, cona paradas bruscas para se
do catecismo era recruta- resolver unaa questão entre dois meninos que se
da, de rasa em casa, por disputavam o lado de fora da calçada ou para
devotas diligentes que, á esperar o fedelho tresmalhado que lá ficara,
frente do batalhão de fu- á esquina, a amarrar os cordões do s a p a t o . . .
turos soldados do Senhor E a caminhada proseguia. Adiante, razia-
(e quantos desertores!) se de novo alto ena frente ide outra casa de
se dirigiam á igreja com aspecto rebarbativo. Batiam-se palmas. Uma cria-
um aprumo de caudilhos, a balouçarem sobre da negra assomava ao flanco do prédio, lim-
o peito murcho a sua insígnia pendente de pando as mãos ao avental, espiava estupida-
uma fita roxa enlaçada ao pescoço. nacnte, interdicta; depois eclipsava-se. Decorriam
Á hora do termo das aulas dos collegios minutos. E de súbito, abrindo uma porta com
leigos, ellas sahiana a arrebanhar os pequenos estrondo, sahia da casa feia e carrancuda, como
legionarios. num trabalho farigante, serviçaes para una lepidoptero da crysalida, uma menina gra-
com Deus, com os sacerdotes e cona os pães ciosa, cona os cabellos cacheados, um laço pe-
dos catechumenos. E r a a hora em que as crian- tulante pousadoj sobre a cabeça como uma gran-
ças, pela prolongada reclusão numa sala de es- de borboleta rubra. E vinha, sorridente, no
cola, ás voltas com estudos complicados e mui- curioso e bamboleante passo infantil, que choca
tas vezes fastidiosos, fizeram jus a uma liber- um contra o outro os jojlhos; descia como una
dade plena, ao ar livre, nas tardes lindas da passarinho, saltitante, os degraus da varanda,
nossa terra, onde pudessem dar expansão á sua empunhando o seu catecismo encardido; e mis-
turava-se no grupo, acolhida entre murmúrios e
alegria natural, como os pássaros a que basta
afagos.
espaço e um raio de sol -para que desfiem
das minúsculas gargantas o rosário dos seus gor- O bando engrossava sempre. Faziam-se vol-
geios dionysiacos. tas estafantes pelo centro da cida-
É conhecida a alacridade com que de, contornavam-se os longos quar-
as crian;as deixam a escola, dissemi- teirões, em marchas e contra-mar-
nando-se ruidosamente pelas rua?, de- chas intermináveis. De caminho, as
pois das horas de circumspecçâo im- crianças contendiam por um objecto
postas pelo estudo. Cantam, com o achado nas calçadas, uma figura de
seu riso franco, o epinicio da liber- carteira de cigarros, unaa ponta de
dade reconquistada, o hymno espon- lápis ou qualquer fragmento de me-
tâneo que rompe de mil peitos inc;n- tal. Á porta dos armazéns apanha-
didos por um sangue novo. e que vam-se mancheias de grãos de milho
rola por mil boceas soffregas de vida, que eram roidos por desfastio. Me-
a marselheza que os impelle ao assal- xia-se com os cachorros nos portões,
to das arvores, na conquista dos fru- para provocar alarido. Subitamente,
ctos tão amados . . . nova parada, novo companheiro para
as fileiras. Até que se chegava ao
Mas vinha a senhora do catecismo poial do templo. Entrava-se. O con-
e consumava-se o esbulho. Largava-se traste da penumbra com a luz de
ás pressas sobre a mesa o livro de fora desgostava una pouco. Mas os
leitura, engulia-se rapidamente uma aspirantes á gloria celeste eram dis-
merenda; e, tomando do Catecismo tribuídos promiscuamente pelos ban-
da Doutrina Chnstã, <> recruta con- cos, no meio de uma confusão bas-
fundia-se no grupo que, impaciente, o tante ruidosa para ser uma irreverên-
esperava á porta. Adeus, jardins e ar- cia . . .
vores, e areias das praias I O bando
Para quem olhasse de longe
rompia, a d ó s de fundo, num marche-
- AMERICA -
ESTABELECIDA EM 1736
•c^»
BARRACA F E R R O CARRIL
LOISTA. IDE L I N H O ,
L O N A IDE A L G O D Ã O ,
L 0 3 X T A IDE J U T A ,
BE-EVE IDE A L G O D Ã O ,
B E L V H D E LiaSTECO.
Correntes de F e r r o , Moitões e Cadernaes Galvanizados
Sapatilhos, Gatos Singelos e Dobrados, Âncoras, etc.
O c i n e m a n í l o nisiiss s e r á mudo
audições phonographicas e sufficientemente for- O apparelho lem tal sensibilidade que pôde
te para -er ouvida em todos os pontos d is ma- ser collocado a uma distancia sufficientemente
iores salas de espectaculo. larga dos a d o r e s ou dos iust nimentos para qui-
6.0 Registrar os sons ., una canto do nada appareça na pellicula exposta simultânea
film bastante estreito para não reduzir sensi mente.
t/elmente ., dimensão das imagens. Isto signi- As correntes telephonicas geradas pelo mi
fica que o registro photographico dos sons deve crúphono são evidentemente de muito fraca in
ser tal que a largura ou a amplitude dos tra- tensidade; mas consegue-se amplificai as vários
ços seja constante. Para isto milhares de vezes por meio
é preciso que as variações ile uma série de amplifica
sonoras sejam interpretadas dores de lâmpadas (esta
photographicamcnie. não por Lâmpada é o audkm e vere-
linhas de differentes dimen- mos, a seu tempo, que só
sões, mas de igual com graças a t l l e ponde ser n a
prinaento e mais ou menos lizado o film falante). K'
cerradas. Ena outn s termos, preciso, com effeito, que el-
o registro luminoso deve to- les possam chegar a mo-
mar a forma de braços pa- dular uma corrente alterna-
rallelos que risquem toda a da de alta freqüência for-
largura da faixa a elle re- necida também por una au-
servada, traços e-ses extre- dion, mas, neste caso, por
m imente finos e sempre per- um audion gerador de on-
pendiculares á direcção em das. Essa corrente de alia
que corre o film.
freqüência atravessa um pe-
E ' claro que estabele- queno tubo cheio de uni
cer princípios é uma coisa gaz judiciosamente escolhi-
c outra achar o meio de do, chamado photion, se-
applical-os. De gundo uma sug-
Forest e os seus gestão do pro-
collaboradores Lt fessor Wood.
gastaram, com
effeito, mais de Essa lampi-
quatro annos de pada photion ê
esforços ininter- collc cada no in-
ruptos para terior do appa-
preparar o pro- relho de projec-
cesso que vamos ção, num pon-
descrever e que to em que o
emergiu de nu- film se desenro-
merosas pesqui- la com movi
zas e tentativas mento continuo
em cujos deta- a cerca de vin-
lhes não entra- te e cinco cen
remos. timetros da ob-
jecliva ( s a b e
Vejamos pri- s" que, junto
meiramente o re- desta, o film é,
gistro. De Fo- ao contrario,
rest r e p e 11 i u animado de um
(AKICATÜRAS DE EÜTUEM,AS...
como impróprio movimento sacu-
o naicrophono de tUarp Pickford, Hila Haldi e Horma Talmadge, segundo o lápis maldoso de Kliz dido, para per-
diaphragma e mittir a photo-
substituiu-o por um microphono thermico. Este graphia das imagens uma por u m a ) ; sob o ef-
instrumento contém, um certo numero de fios de feito da corrente de alta freqüência, a lâm-
platina muito finos e curtos que são aquecidos pada irradia ccns'antemente uma luz violeta-rosa,
ao rubro por uma fonte local de corrente electrica á qual a emulsão photographica é muito sen-
Quando se emittem sons diante desse apparelho, a sível; o tubo é collocado num apparelho cine-
resistência dos fios á electicidade varia continua- matographico de tomada de vistas, de mode-
mente, mas de perfeito accordo com as variações; lo commum.
de extensão das ondas de sons. A luz irradiada pela lâmpada photion c
concentrada por unaa lente sobre uma fenda ex-
cessivamente fina, aberta a prumo sobre uma
AMERICA
orifício pass.i lu/ de uma pequena lampa tCran por Uma musica ou uni poema apropi ia los,
di de grande brilho que, atravessando a parte
referida, incide sobre uma pilha photo-electrica Notemos, para terminar, que, si supprimii
de sulphito de thalio. Convém lembrai- que o nios as imagens ao film falante, restai nos ,i um
sulphito de thalio. como o selenio e o potássio, t il in talado ou de musica. I>ra, nenhum disco
tem i propriedade curiosa de mudar de capa- phonographico poderia apresentar uni registro t&o
cidade de resistência ele. tri. a segundo o grau fiel. e nenhuma agulha seria capaz de o re-
de illuminação a que é submettido. Mais ou produzir sem o menor attrito. Além disso os
menos illuminada, segundo a densidade das li- discos são pesados, frágeis, CUStOSOS e Se es
nhas que [lassam diante do orifício, essa pilha. i r.inam rapidamente.
que foi consideravelmente aperfeiçoada por Theo- A invenção de de Forest constituo por
dore \Y. ( a s e . collaborador de de Forest. re- tanto uma dupla revolução, pois que ao mesmo
transforma ena correntes de intensidade variável tempo transforma o cinema c prometle sulisii
os sons photographados sobre o film. Como no tuir o actual apparelho phonographico por um
a d o do registro, inteiramente novo,
uma bateria de três isento de todos os
lâmpadas audion inconvenientes d o
amplia cerca de mil seu predecessor c
vezes o valor' des- tão próximo da
sas correntes, afim perfeição quanto
de que estas pos- humanamente s e
sam accionar os po- pôde pretender,
r n t e s alto falantes flené BROCARD
dissimulados por
K
traz do ecran.
Isso não quer
dizer que os sons
&$
O REI
r produzidi s sejam
mil vezes mais for- N/1 t n i : dó, nas IJU-
tes do que os sons ' ' radas, o papel
originaes. pais ha do boi, animal bionco
entre o reg stro e — mas cheio da no-
breza respeitável de
a reproducção uma
toda bronquidão hon-
enorme perda de rada e séria—posto a
intensidade. luclar com uns maca-
cos enfeitados, que
ora fogem para aqui,
I alvez ao leitor ora Se escondem alli.
*L ora se esgueirani aos
ocorra a pergun- botes, bobeando o po-
ta: bre ani nal com umn
capa vermelho. Não
— Deve-se desf-
iar que os actores >M ha lucla. O boi, toma-
do de cólera, investe
de cinema falem contra o inimigo, para
e cantem ? se bater á n oda he-
róica, de habito entre
Não, responde- os seus. Mas só en-
remos. Esses acto- contra vultos fugidios,
O IRRESISTÍVEL HAROLDO miragens de homens
res não têm com
O jovial arlis'a. cansado de fazer rir o publico, vae para jurafo da esposa que se somem ante
certeza vozes agra-
que o olha desconfiada, temendo uma nova farça... sues marradas. Por
dáveis : alguns pos- fim o (ouro, compre-
suem uma linguagem incorrecta, outros não co- hendendo o papel grotesco a que o obrigam, embezérre,
nhecem quasi a lingua do paiz. Aliás, não se baixa a cabtça, com lagrimas de vergonha e dor nos olhos
deve procurar transformar o cinema em theatro. bondosos, e não se presta méis ás sortes.
E ' verdade que ha numerosos casos ena que a O papel do boi será idiota, mas o do toureiro é
vil.
introducção conveniente de textos falados ou de No emtanto, o homem é que é o rei dos animaes...
selecções musicaes augmentará consideravelmen-
te o interesse de um film, quer sob o ponto Monteiro LOBATO
de vista artístico, quer sob o ponto de vista
recreativo ou educativo. Quem é feliz não pode morrer sereno. Fe-
Assim, algumas emoções, certos sentimen- licidade e morte tranquilla são termos antagô-
tos, só poderão ser expressos com justteza no nicos. Bertha von SUTTNER.
- AMERICA -
EXPEDIENTE
NUMERO ESPECIAL
l ' r « ' 0 0 : ISOOO p a r a t o d o o B r u s l l
(T""\ O S N O V O S P R O C E S S O S D E I R R I G A Ç Ã O i"£|N
I *O : :O : I
l : o o o o o o D A S CULTURAS o o o o o o : : I
::::::.':::::: f^A das operações mais necessárias á aquelle da trave uma armação metallica, á qual
li I I :: fertilidade das terras, e das mais estão fixadas as torneiras de rega.
•• I M " A água, fornecida por uma bomba especial
:: ^ ^ :: diffáceis, é a réea. E bom oneroso ou pela própria canalização da cidade, acciona
.. .• ° unaa pequena turbina situada na extremidade da
::::::::::::: S erá o trabalho para quem quizer viga. assegura o movimento do carro e vae,
fazer uma irrigação eopiosa c uniformemente dis- atravéz do reservatório longitudinal, regar as
tribuida. plantações.
Procurando solucionar esta difficuldade fo- Una systema de 4 polias, postas cm mo-
ram inventados os apparelhos de rega rotativos, vimento pela turbina,
os quaes apresentam entretanto o inconveniente por meio de una cabo
de exigirem que se sem fim. move o c a n o
regue duas v ezes a n'um ou n outro senti-
mesma porção de ter- do. Um contrapeso im
ra para que se possa mobiliza as duas ro-
cobrir toda a superfí- das de um mesmo
cie do terreno. De fa- lado do carro, o que
cto. a juxtaposição determina o avanço
pelo apparelho rota- d'este. Quando e l l e
tivo deixaria espaços chega ao fina do cur-
sem á g u a ; ist -. en- so, encontra um es-
tretanto, não invalida barro, o qual, pro-
o seu emprego se con- vocando um balanço
sideramos a facilidade no contrapeso, faz com
extrema de sua instal- que entrem em acção
lação. as outras duas polias
Mas ha melhor. e estas, accionaado,
O apparelho repre- por sua vez o carro,
sentado pela photo- fazem-n'o voltar em
graplaia que illustra sentido contr.rio.
estas notas, permitte
Ha una dispositivo
que se obtenha uma
que faz com que cesse
irrigação abundante e a irrigação quando o
regular. sobre qual- carro pára. Coasiste
quer superfície de ter- elle ena que o carro,
reno, seja elle gran- em movimento, accio-
de ou pequeno, e isto na umabombaque t m
sem necessidade de por effeito abrir vál-
pessoal. A cousa é tão vulas situadas abaixo
engenhosa, que ofunc- dos syphões de ali-
cionamento completo mentação das torneiras de rega.
obtém com a manobra
d'este systema de ir- Assim jque o cano pára, pára a bomba e as
rigação automática, se válvulas se fecham automaticamente. Não ha, por
de uma simples torneira. isso, perda de água e os syphões conservam : se
O «Fluviose» (este o nome dado ao appa- sempre escorvados c promptos para quando se
relho ) c constituído por duas partes: uma fixa os queira utilizar.
• outra movei. A parte fixa consiste ena uma Aliás o nivel d'água é mantido constante
trave de ferro mantida a uma certa altura por graças a um flucluador que age sobre a compor-
meio de columnas fixas em bases de concreto. ta de admissão de água.
Ksta viga supporta uma espécie de caixa que A velocidade do carro é de (> metros por mi-
constitue um reservatório longitudinal de água- nuto, o que assegura uma irrigação muito regular.
O comprimento d'csta trave deve ser igual Pode-se diminuir o curso do carro, tanto quan-
to se queira, por meio de esbarros intermediários,
ao do terreno a regar. Sobre ella se desloca
um cano, levando em um plano perpendic -ular
-s,
iíS»-' - -
MOLHADOS E CEREAES
CASA FUNDADA EM 1852
*33èfBÊ*
IA
RIO DE JANEIRO
— AMERICA -
S
por ella, espalhanclo-a por onde passe; inten-
areia que ao mais leve sopro se tando divertir-se e aborrecendo os seus simi-
levanta em torvelinhos, sepultando Ihantes.
tudo o que encontra em seu ca- E não contente com isso, trata de coni-
minho. Respira-se p ó : pó na roupa, no cabello, municar seu tédio aos que elle crê que se
nas sobrancelhas, entre os dentes que rangem... aborrecem debaixo da terra, tanto quanto elle
e nos pulmões. Sede. Sede! alli se sente o sobre ella.
que vale a á g u a ! Só o filho do deserto sabe Para esse fina, acampou em pleno reino
aprecial-a verdadeiramente. Cheiro, cheiro a ca dos reis mortos. Esse novo Barnum que ensur-
mello; alli tudo rescende a camello: o ar, as dece a mundo inteiro, batendo una bombo nunca
pedras, cs i n d í g e n a s . . . e os camellos. ouvido, habita o valle do silencio, goza o de-
Silencio! silencio absoluto; o silencio do- serto, os túmulos e . . . o «spleen».
mina, esmaga. E ' o reino do nautismo. A pala- Os dias suecedem-se ás noites e estas aos
vra destoa. Espera-se a vóz potente de Jehová. dias; uns atráz dos outros, todos iguaes. O
Crê-se . . . mesmo esplendor ao desapparecer do sol como
Depois da terra limitada, o céu sem li- á sua a p p a r i ç ã o . . . e o inglez imperterrito se
mites. <> gigantesco prisma gyra, passam as co- aborrece ena seu sitio.
res da palheta celeste uma atráz das outras: A enorme reclame resoou pela terra e at-
verde, côr da esperança — conaçJi é todo o des- trahiu gente de todas as raças, cores, gostos
pertar depois rosa. amarello. branco, azul. e categorias. Correspondentes, photographos, pin-
violeta, vermelho, ocre e de repente, negro, que tores, reis, millionarios, scientistas, cosinheiros,
se coalha de diamantes. Estas cores intensas, sem- egyptologos, pedreiros. Todos aqui pagam ou
pre as mesmas, ás mesmas horas, suecedem-se são pagos - tudo é negocio, o «business» mais
desde a c reação do repugnante que jamais
mundo, sem descanço. se fez cona um ca-
Nesse clima sente- dáver.
se c|ue sua própria Esse saque ena nada
pcllc íncO nmóda... e se assemelha ao na-
ii ni- e na bocea cm poleonico. Aquelle era
sabor a s a n g u e . . . No pela gloria. este é
meio de tudo isso . . . pelo dinheiro. Pare-
o Valle los r i,< ce que só se trata
<- debaixo de cada pe- de tirar as «pellegas»
dr.i um escorpião. ao publico: por meio
Ahi dormem os dos jornaes, do cine-
ph traós <> somno da ma ou do quer que
morte, rodeados de seja.
irtefacti s ridi ulos, Em compensação,
c sperando a total de- servem-se os despo-
composição do planeta jeis de um infeliz
pare acabarem de ser. que morreu ha três
Perturbando essa mil annos, enfeitados
paz secular... um in- c um as diversas bu-
glez. gigangas de um gos-
* * * to péssimo, que pa-
l i ri homem que se rei em tiradas do
aborrer e. Cançado de guarda-roupa de thea-
sc-us cachimbos, de tro de terceira or-
seus cavallos, de seus dem.
lie ores, de suas idéas Trastes bichados,
e de seu cérebro im- cousas sem arte nem
THEATRO BRASILEIRO razão; objectos que
pregnado de nevoa
britannica, intoxicado A actriz Sra. Abigail Mala só poderiam appetc-
- AMERICA -
O n t i n o NO \OKS<> i m : \ i 1:0
João Martins na revista "Posso desabafa?"
• ei um G u i l h e r m e I I . de nefasta memória.
B e n s q u e si fussem m o s t r a d o s i um be-
cluinci. s e r i a m q u e i m a d o s p a r a s e p a r a r o o u r o
do resto.
Do triângulo que forma o ser do inglez.
o l a d o mais i n n o c u o é, sem d u v i d a , a s u a vai-
d a d e , essa v a i d a d e b r i t a n n i c a que não sorri,
c o m o a latina que parece pedir desculpas
s e n ã o séria e e s t ú p i d a c o m o t u d o o q u e é
s é r i o . N o s s o h o m e m tem a f r a q u e z a d e q u e r e r
q u e (o seu n o m e p a s s e á historia, c o u s a fácil
q u a n d o se t e m d i n h e i r o .
A p e z a r d e t u d o se a b o r r e c e . A b o r r e c e - s e
p o r q u e termiaaou o p e r i g o , a a c ç ã o e o im-
p r e v i s t o : t r ê s c o u s a s q u e f a z e m a vida a g r a -
dável.
*
Uma tarde de modorra. depois de uma
r e f e i ç ã o p e s a d a e d e una vinho o r d i n á r i o , l o n g e ,
muito longe do club londrino • d e seu pri-
moroso bar. o nobre lord acabou por dormir
d e v e r a s e teve u m s o n h o . X ã o u m a visão c o m o
a p ô d e ter um a r t i s t a ou u m s c i e n t i s t a . n ã o .
T e v e u m a visão d e h o m e m rico... u m a v isão
d e film, p r e p a r a d o e c o n f e c c i o n a d o p o r uma
f a b r i c a a m e r i c a n a . . . e riu . . .
Viu bailarinas de «variedades", com pouca O PRETO NO M O S S O THKATItO
roupa e m u i t a p i n t u r a , d a n ç a n d o o ><shimmy». Manoel Ourães io cabo "Mau Nego" da tparita "Fiar tapuya
que me inspirasses um desmedido interesse eça congestionada, não sabia si pelo vinho, a
Agora que te vejo, maltrapilho e sujo, me in- má digestão, o calor ou a posição incommoda.
teressas ainda menos, pois me apercebo de que Estirou-se.
te conservaste muito m a l . . . Dir-te-ei sem inten- Coçou-se . . .
ção de offender-te que melhores que tu, temos - Sonho estúpido! aconteceu-me isso por
no «Iiritish» e em «Mme. Tusand's» . . . ter comido demasiado — Lembrou-se da prophecia
Então?... perguntou Tut um tanto c do extranho beijo. Tão ao vivo foi que pare-
molestado.
cia verdade. Ainda ficara a i m p r e s s ã o . . . uma
-Pois vim v e r t e por duas razoes: um comichão d e s a g r a d á v e l . . . Quanto mais cocava mais
pouco por vaidade e muito porque me abor- doia e até lhe pareceu eme havia, inchado a cara.
recia.
Procurou o espelho; viu qualquer cousa que
- E por essas fiivo'as se movia, que desusava
razões vens perturbir es debaixo de uma pedra.
que em paz esperam, sem Não fez caso. Encontrou
dor. transformar-se em o espelho s certificou-se
nada ? E porque os de de que a cara estava in-
agora não castigam aos chada. No centro havia
violadores de sepulturas? unaa pequetaa mancha ro-
— Já o advinho! E ' xa.
duro! Quando encontra- * * *
mos um desses beduinos Dois dias depois, era
profanando um túmulo, tão cadáver quanto Tut.
não o julgamos . . . vai * *
á forca. Os reis, por muito reis
— - Vamos!... já te que sejam e por muito
ciinipr hendo . . . Tu nos enabalsamados que este-
roubas para p o d e i s co- jam, como os outros se-
mer. Xão é isso ? res da creação, se decom-
— Não sejas tolo! para pêem. A vida, porém,
poder c o m e r - . . . não sa- continua em outra fôrma
bes que sou um illus e a que era rei é outra
tre lord. honra da scien- vez o que foi antes; um
cia. com muito dinheiro pouco de tudo: gaz. lu-
ê protegido pelas au- va, vegetal, mineral.
toridade- ? Talvez, com o tempo,
-Ah! E's um dos contribua para a inte
que mandam ? gração de um novo ho-
Mais ou menos. mem.
Vejo que o mundo O espirito se fôrma de
mudou p o u c o . . . Só o ac côrdo com o ambien-
rrajes e o penteado. te, e com as condições
Assim ,'. amigo do clima.
pharaó. Num clima generoso,
Como dantes; o o verme vil pôde chegar
mais forte faz o que a uma borboleta bella e
q u e r . . . Tem graça ! An- Os c a m p e õ e s europeus iuoffensiva; o mesmo, em
tigamente nós v en lamo-, Paul Marlin, campeão suisso dosflOOe dos 1.500 melros uni meio cruel, difficil,
os judeus, hoje os judeus nos v e n d e m . . . De amolda - se OU perec e Essa lucta cruenta deixa
forma que tu te sent -s m i l . . . Vaidade e aborre- suas pegadas tanto no corpo como na alma.
cimento . .. Também as almas se decompõem. A alma
— Accrtaste. do homem, que é <> Kosmos, não pôde se ajus-
Vou dar-te um remédio para as duas tar ás necessidades de una i flor ou tle um rato.
cousas. Acabará teu aborrecimento e serás cé O pedaço tle alma de una rei tocado pelo
h-bre. escorpião, não pôde estar respirando doçura !
Approximou-se . . . e lhe deu um beijo. Pois as condições m u d a r a m . . . e si o escor-
Caramba! ' c a n o cheiras mal' proles pião faz alguma mordedura, não é para vingar
tou o sabío. Livrou-se do abfaço, abriu <>s olhos este ou o outro. Age segundo sua natureza.
e ... o pharaó havia deaapparecído, Somos •» que c ornemos. Si comemos uma
As banhistas também. i ,à tomamos sua alma, si comemos una peda-
Encontrou se encharcado de suor e «i ca- ço de homem tomamos a alma correspondente
AMERICA
FIGURINHAS DA MODA
aos g l ó b u l o s d e seu s a n g u e ou de su is f i b r a s ,
p o r e m si n o s n u t r i m o s d e l l e . vivente, c o m o o
f a z e m o s n o c o r p o d a m ã e . a d q u i r i n a o s seu es-
pirito e depois o ambiente nos acaba de formar,
i is reis s a t u r a r a m o a m b i e n t e e m r e d o r c o m
i sua p o d r i d ã o . Assina é q u e o a m b i e n t e q u e
respiraes nos túmulos é parte de um pharaó e
d e b a i x o d e c a d a p e d r a ha p a r t e d o seu e s p i r i t o . . .
A e q u i d a d e e x i g e q u e se r e c o n h e ç a u m a a l m a
ena c a d a c o u s a . . . si una i n g l e z a t e m , p o r q u e
n ã o a t e r á una e s c o r p i ã o ?
0 O
OS POETAS BRASILEIROS
visãu c o m p l e t a
en- um grande
Artista pudesse Illlllu.
ser d i t a . cega-
ria o M u n d o . \ bica. ao fundir se na Palav i a , perdi
* sua es-o.icia: o Absoluto; a-tsim, i Palavra
não é uma revelação: ó uma mutilação.
N ã ei h i\ i r.í
*
I Ibra de Arte
T o d o ('.lande P e n s a d o r é um Inacttial, SÓ,
immortal fora
p e r d i d o nu m e i o dos homens.
das da A r t e So
*
ciai.
F o r a da L i b e r d a d e nãó ha Eloqüência; lia
apenas Rhetorica;
< • maior de *
ver da A r t e í
l 111 H o m e m Livre é m a i s d o que um
servir ,í Liber-
e x e m p l o , c- i.ni p e r i g o ' ; s u p p r i m i l - o é um d e v e r
ado.
d e c o n s e r v a ç ã o na T y r n m n i a .
Vargas VILA
A \MC- tem o direito c () dever de im-
miscuir-se nas [ uc tas ardentes dos homens, de
respigar ,, sua colheita de victorias nu campo
fecundo d., Ac,,",,,. ,u- cantar a Marselheza es-
OS INCAS
trondosa dei tudas ai rSbelIiões „ | S grandes ba-
talhas d., Vida, sobr.- u coração <\A Humani
dade vencida e humilhada pela Força.
A brilhanfe civilização alcançada pelo Peru duranlc-
a dominação dos Incas, punha-o, senão em nivel
superior, pelo menos em nivel n t o infeiior ao
dos invasores hespanlióes.
Míinco-Capac, o primeiro Inca, loi um verdadeiro
civilizador. D c l o u inuilas leis humanas e sabias cujes textos
Quem não consegue ser escriptor, faz-se
de lodo se perderam; ensinou ao seu povo as arles a
• ritico; poi nau podei i re ir, conforma-se i orri
ciihura da terra, estabeleceu a familía, ordenou que os seus
destruir.
subdifos conlrahissem malrimonio aos vinle annos e regulou
a mais S'ibia distribuição de terras que se con' ece
Manco-Capcic preocupava-se fanlo com a felicidade
A faculdade critica .'• a negação absoluta
do s u povo que este, em retribuição, considerou-o uni
do Gênio. deus e chamou-lhe Capac, que significa : cheio de viifudes.
F.nlre os descendentes desse grande monarcha encon-
Iram-se reis eminentes como Incn-Koca. que fundou e colas
O a t h l e t i s m o , em toda ordem material, pa-
para os príncipe», onde estes aprendiam a ínlerprela<,ão dos
re, e-me uni spurt de c i r c o . quipos, que eqüivaliam á nossa escripta, e dos quaes se
serviam para conservar ; u a s tradições. Creou
Toda a obra de Arte deve ser unia «g* o cargo de administrador do Império, o qual
era encarregado de conservar os qUipOS no
obra de- combate. C—^~
lemplo do Sol.
Outro Inca famoso foi Pachaculec, que
O vulgo '• o i n i m i g o n a t u r a l do su- fundou cidades,^fez conslruir palácios, aque-
blime.
duclos, estradas, efc.
O joven principe Nez.ahualcoyofl presfou
T e n h o h o r r o r a o s h o m e n s q u e riem lambem grandes serviços e tratou diligente-
e m u i t o d e s p r e z o p e l o s q u e fazem rir. mente do bem-estar do seu povo. Foi elle
* quem mandou construir um grande templo
"ao Deus desconhecido, causa das c a u s a s "
D e t o d o s os g e s t o s a b s u r d o s d e um
E assim desenrola-se uma lista enorme
e s c r i p t o r . o m a i s vil é a q u e l l e e m q u e
de governantes incas cuja única preoecupação
esquece a Santidade da Palavra.
foi a felicidade do seu povo, lista que termina
*
com Sayri-Tupac, chamado Don Diogo Inca
O riso é o relincho dos homens. ultimo imperador do Peru.
MUNDO SIDERAL
O- -o
NÀTHALIE KOVANKO foi uma artisfa que surgiu,- como um aslro, para resplandescer: o seu triumpho é contem-
porâneo da sua estréa. Sobre ser uma das mais hábeis infrepreles de difficies papeis, Nathalie é uma das mais
bellas mulheres que têm apparecido nas telas, O seu ultimo suecesso foi o grande film "Mil e uma noites'
Ò- O
AMERICA -
Q u ã o lonje .-siá o tempo dos pagcns c- des l i t e i r a s ! N a vertigem progressista dos nossos dias duas frágeis e elegantes
senhorilas. quando,-de ejnm passea r , entram sósinhas num aulo e vencem distancias pnsmosas.
I: o monstro de aço obedece documente ás mães femininas, como os dragões das legendas obedeciam ás fadas.
CD=
rur~
o^n 0 estado actual da Aviação
I passarmos unaa revista pelo que tem vôo. Aeroplanos, sem piloto,
£^J feito a Aviação n'estes últimos tena- complicadas.
/s^P pos, ficaremos surprezos diante dos E as maravilhas se suCcedem e
seus recentes progressos, tal a sua tiplicam.
extensão e variedade. Mas, em meio cie toda esta actividade bri-
O record mundial de velocidade já vae lhante para o homem, e que indica o que po-
a perto de 245 milhas por hora. dem o seu esforço e a sua intelligencia, desta-
Os records de duração de vôo não sur- cam-se conquistas que importam muito mais que
prelaendena menos. O Serviço Aéreo norte-ame- isto, porque representam a base solida sobre .1
ricano já tem a gloria de uma travessia trans- qual repousam novas possibilidades para maio
eontinental. sem parar. res triumphos.
As ultimas experiências feitas nos indicam Assim, o que emerge mais claramente .los
a possibilidade de se obter motores que traba- factos acima citados e nos apparecc como que
lhem, a toda a força, durante 250 horas, inin- constituindo importantes linhas geraes é;
terruptamente. t.o)— o enorme augmento na duração de
Aeroplanos sem motor permanecem no ar. trabalho e na confiança que nos inspiram mo-
por muitas horas, sem mais outros elementos tores e apparelhos.
que o ar e a habilidade do piloto: 2,0) — a próxima solução do vôo á noite.
Helicópteros sobem verticalmente, pairam so- 3.0;—o advento do aeroplano sem motor,
bre una dado ponto ou fazem um circuito com- cuja primeira conseqüência será o aeroplano con
pleto, em vôo horizontal. motor de fraca potência, ou. por outras palavras,
Aeroplanos atracam em dirigiveis, em pleno o aeroplano barato.
W ^ wocaç&o àa candeia vr\ca\ca w
—\r-
Um passado de esplendor na visão esthetica de Abraham Valdelomar r
K
-=a
O
PERÚ. com o Império dos Incas, os fantasia abundante c subtil, no rythmo estranho
filhos do Sol,, e o México, cona de sua musica selvagem e suave, coma si fosse
o império dos Aztecas, os gregos i descripção melódica de una so.alao altivolo de
de bronze pelo culto de seu poly- condor.
theismo e prodígio de sua arte, são as duas E ' que Valdelomar não é senão um ani-
grandezas características da America, que, antes mador do passado epico dos filhos do Sol,
da conquista européa resultante da realização do desses apolloneidas bárbaros da America. O seu
sonho de Colombo, tinham uma civilização pró- verbo é uma dansa de véos, uma orchestração
pria, destruída depois pelos invasores brancos, braaaca das neves andinas, um teclado de co-
que foram, assim, os bárbaros do século XVI, res, uma pincelada de s o n s . . . Sc:ate-se-lhe a
no vandalismo de fazer desapparecer o mundo mesma, poesia de Alencar ena Iracznvt e em ou-
romano da Aiaaerindia. que se levantava nos tros poemas em prosa, o n l e cantou a alma pri-
dois extremos deste laemispherio: ena Cuzco c mitiva, a vida, o martyrio c as façanhas dos
ciai Tenochtitlan. nossos aborígenes. O reconstruetor illuminado e
Abraham Valdelomar é um evocador admi- sensível, o restaurador artístico do passado in-
rável da grandeza incaica. Na visão esthetica cáico, tem a mesma doçura, o mesmo brilho do
do magnífico prosador peruano o passado esplen nosso suavíssimo estylista, que inamortalizou as
dido surge ena toda a sua opulencia e belleza. raças rudes, mas heróicas, que foram sacrifica-
Los hijos dei Sol i contos incaicos i revelam os das pelos conquistadores brutaes, violadores da
attributos estheticcs do mallogrado intellectuai, virgindade da terra e da alma da America pre-
morto, prematuramente, em pleno viço da mo- colombiana.
cidade e do talento. O Alencar peruano tem, na opinião de Cle-
A leitura dos chronistas coloniacs, o en- mente Palma, toda a belleza, toda a força des-
thusiasmo pela sua raça heróica, o culto pelo criptiva, toda a suggestão maravilhosa dos gran-
passado glorioso, onde fulge o Império dos In- des poemas.
cas, foram a origeiaa desse pequeno e maravilhoso
livro, serie curta de contos poematicos, perfu-
mados de lenda, rebrilhantes de estylo, repassa- Los hijos dei Sol são um hymno á raça
dos de belleza e simplicidade, rutilos, diaphanos, luminosa, eme fulge, como os thesouros, na his-
que lhe saíram da penna com a graça espon- toria do Peru.
tânea das flores que. pela manhã, orvalhadas O Império dos Incas surgiu no valle do
ainda, parecem, á caricia do sol, a transfiguração Cuzco, sendo fundador dessa dynastia de titans
da luz em perfume . . . .Mane o-Cápac, que alli chegou em companhia da
A prosa de Valdelomar é uma anfora in mulher, Manaa-Odlo, aurcolados pelo prestigio
digena, onde se estvlizou um capricho de or- de uma lenda que os fazia filhos do Sol e
chideas, c- onde se- bebe uma água fresca, co- nascidos no regaço do lago Titicaca, essa pu-
lhida á noite, numa chuva de temporal, á ma pilla dos Andes, aberta a 3.915 metros de al-
neira de um lacrhnario do céa ... titude, onde se refleete o Infinito e os condores
Manuel Beltroy enaltece a se banham . . .
sua imaginação evo< adora, a Os trabalhos do encanta-
sua prosa fulgente e rea- dor indianista são productos
lista, a sua sensibilidade de estudo das origens, das
rara e delicada, gabando- lendas e tradições incaicas,
lhe a excellencía e fínu- e outros sahiram de sua arte
ra do estylo, "estylo ágil. original, louçan e vibrante.
solto. aligero diaphano Nos primeiros contos, sobre-
como péplo de bayadera». sáem El cambio hacia ei
Ha, nesses contos lyricos sol 1 Los Hermanos Ayar
e 'picos ao mesmo tempo, 2 nos últimos El alfarero e
o sabor de uma leitura di- El tiombre Maldito. Laça-
versos sem o eco monótono mos um esboço rápido de
das rimas, no vôo de uma alguns primores dessa obra
AMERICA -
I.UXO. E L E G Â N C I A , CO?fFORTO
Um living-room admirável de hom gosto e de sobriedade, que a tapeçaria, as flores e os livros tomam attrahente e encantador.
suggestiva, verdadeiro florilegio ameríndio. o deixava-se levar pelo seu sonho, numa ânsia
Comecemos pelo que abre o livro; de espaço e de liberdade. Ninguém o via tra-
El alfarero (sanu-camoyok). balhar. Só, em plena selva, colhia flores e
hervas para o preparo de sua pintura, carre-
Apumarcu era um artista da selva, um Phi-
gando barro para o seu labor. E da argila,
dias bárbaro.
sob o sopro dessa alma de artista, sahia uma
Fronte ampla, cabelleira crescida e rebel-
estatua de deusa, uma anfora, uma serpente,
de: olhos fundos: olhar doce c sonhador, simples
uma dança da M o r t e . . .
• silencioso: vivia só. errante, tendo por ha-
bitação uma cabana humilde. Tinham-n "o por Uma tarde, tendo ido ao rio para buscar
louco. água. afina de desfazer o seu barro, ouviu uma
Contemplativo, fugia dos seus semelhantes suave canção na fronde. L depois, approxiniou-sc
O MELHOR DENTIFRICIO
LIMPA E CONSERVA OS DENTES
Encontra-se em todas
as Pharmacias e Perfumarias
— AMERICA —
ARTE MODERNA 1
delle essa caricia audível : um homem, sobre uma E confessou-lhe que. perdendo-a, não po-
rocha, solitário, á margem do rio. locava. La dia ser alegre. Apumarcu, que não a perdera,
Iou-lhe : nem a tivera, por que era triste?
Quem és tu c por que tocas aqui, onde Por que não era o «alfarero» do Inca,
ninguém pude- ouvir-te? que lhe ciaria por esposa a mais bella dama
da corte? Por que vivia solitário? L Apumarcu
E quem és tu, que vens assim a c-ste-s
lha contestou que algo lhe faltava; sentia uma
logares, onde- só ha uma saudade, que : minha?
ânsia inexplicável em sua alma.
respondeu-lhe o Orpheu andino.
«Vo siento que hay algo que yo podria
Sou Apumarcu, ei alfarero» (oleiro).
hacer y sé que podria ser feliz. Tengo un
- A h ! irmão, sou Yacíán Nana) (sem pá-
incêndio en ei alma, veo una serie de cosas
tria), o que toca a «cantara».
pero no puedo expresarlas. Tu sufres y cantas
E desde então se tornaram amigos insepa- eu Ia atilara tu dolor y Itaces llorar a los que
ráveis, se- fizeram irmãos. te escuchan, pero yo siento, veo, imagino gran-
Vactan lhe disse que a sua amada havia des c usas y sou incapaz de realizadas. Sabes?
se perdido e el|e tocava na esperança de encon- Yo quisiera pintar Ia vida tal como Ia vida es.
tral-a. Descrevia-lho a formusura, fazia a Apu- Yo quisiera representar en un pequeno trozo Io
marcu o retrato de sua eleita. O artista fez-lhe que vc-n mis ojos. Aprisionar Ia natufaleza. Ha-
uma cabeça. Vactan lhe disse commovido: cer lu que hace ei rio con los árbolcs y con
ei cielo. Kcproducirlos. Pero yo no puedo: me
Não tocarei senão para ti, irmão, por- faltan colores, los colores no me data Ia idea
que a compreendeste e m'a devolveste. Creio de lu cpte yo tengo en el alma.»
que o barro, em (pie ella está aqui, em tua
obra, viverá eternamente. E's maior que o Sol, Nessas palavras não está todo o anseio
porque elle a fez e a levou, emquanto tu a do ideal, toda a alma dos artistas, todo o cs-
fizeste em dura argila e não morrerá nunca. forço da perfeição?
-
11// RICA
LAGE IRMÃOS
C O M M I S S Õ E S E CONSIGNAÇÕES
Escriptorio- Avenida R o d r i g u e s A l v e s , 3 0 3 / 3 1
à
Impr. na Casa H e . E P F N E R & C •, Ltd
BRASILIANA DIGITAL
1. Você apenas deve utilizar esta obra para fins não comerciais.
Os livros, textos e imagens que publicamos na Brasiliana Digital são
todos de domínio público, no entanto, é proibido o uso comercial
das nossas imagens.