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m

DANSARINA MEXICANA ( D e F. A c q u a r o n e )

ANTSTO i
NUMERO ESPECIAL
DEZEMBRO
isr." 4 PREÇO P A R A TODO O BRASIL :
1 9 S 3
XÇO O O
A garantia de uma machina
está na lubrificação

j » os óleosfleclasse
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Soviel-Betaluna e Engine Dick


— AMERICA -r-

C-1 IÍI

(Antigas Officinas Camuyrano)

í OFFICINAS DE MACHINAS E FUNDIÇÃO

Rua da Harmonia, 5, 7 e 9
! T e l e p h o n e Norle 2351

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RUA DA HARMONIA, 7
Telephone Norte 1261
RIO DE JANEIRO

Construccão da porta-batel para o dique " S a n t a C r u z '


tf CD CD CD
AMERICA -

L
Âs cidades já não podem prescindir dos campos de aviação
\ política de vistas estreitas que leva as
M\ revista norte-americana publica uma

U serie cie- observações curiosas sobre


.1 av&ção as necessidades que esta
faz apparecer.
municipalidades a dividir bons campos para ater
rissagena em lotes de terreno para construi òcs,
terá como conseqüência localização dos campos
de aterrissagem em pontos muito afasta los cio
Aeroplanos norte-americanos, em vôo recente
centro das cidades e onde a sua utilidade coinu
que fizeram por sobre San Diego, afim de obser-
var ,i^ condições cie iterrissagem n'aquella zona, depósitos para a navegação aérea commercial
verificaram, com tristeza, que o campo munici- ficará diminuída de muito.
pal de Veneza pequena cidade da Califórnia), ii grande valor da navegação aerca com-
havia sido dividido em leites para construi ;oes. mercial está n.i sua velocidade. Ora, s 1 o, pas
Este facto despertou i attenção dos uveres- sageiros as mercadorias forem obrigados ,i
s.iclcis sobre o descuido que se nota d i parte desembarcar n uma distancia considerável cio
de muitas cidades no <|ii.- respeita i aerodromos centro das cidades a que sr destinam, perderãui
munic ipaes campos de aterrissagem, os qua is um tempo precioso quando o que exactamente
precisam ser preparados, em tempo i visando buscavam com aquelle meio cie transporte era ,i
um futuro talvez bem próximo. lapide/.

No meio do lorvelinho vertiginoso da vida contemporânea, o homem soube crear-se


um repouso ás suas múltiplas preoecupações. E o fypo da residência ac
por uma elegância discreta que faz bem á vista e alegra o coraç
— AMERICA —

MARIA VICTORIA
^=.= , c = ^

è i

Ir A\ UANDO nasceu a menina, perguntaram ao vestido de D. Victoria. roçando os dedos


nl I I fr a D . Victoría qual devia ser o nome pelos muros.

C \J ^
v
da sua filha. Sentada majestosamen-
te no leito, e julgando ter benefi-
ciado a humanidade, dando mais uma parochia
Maria Victoria completou vinte c oito annos
solteira; o juiz já tinha morrido, talvez. de
aborrecimento, pois toda a sua vida tinha sido
na ao senhor vigário, ella respondeu seriamente um longo bocejo. Viviam mãe e filha, uma ao
— Não sei. lado da outra, no casarão cujo telhado arrui-
nado cobria metade do becco que passava ao
Tia Rita e nh'.\nna. a ama e a curiosa,
lado.
depois de terem affirmado, como de c ostume,
sacudindo as velhas cabeças, que nunca se tinha Era calçado com grandes pedras como tú-
visto creança assim, cochicharam durante algum mulos • por sobre ellas corria um filetc de
lempo. agua, rolando preguiçoso, muito cansado, pare-
Disto resultou, depois de um;i consulta ao cendo evitar passar por baixo da janella onde
jui/. que a recém-nascida passou a chamar-se o visinlio pharmaceutico se debruçava todos os
Maria Víctoria. dias.
Parecia não poder viver sob o peso do Elle babava uni pouco, e, na sua sala de
nome de sua mãe. Cresceu pallida e magra, jantar havia uma esteira enrolada, para quando
tendo os olhos sempre tapados por uma mc- tivesse os a t a q u e s . . . Victoria sentia o seu olhar
< ha de cabellos. cheia de manchas ruivas como momo seguil-a pela casa, atravez das paredes]
queimaduras. todas as tardes.
Quando sahia. a mulher do juiz repuxa- A viuva do juiz, concertando os óculos e
va-os brutalmente para traz. prendendo-os com cotia uma ruga má ao canto da bocea, disse
uma fita azul. Ella abaixava a cabeça, e não um dia á filha: — O pharmaceitico Andrade
a levantava nunca, sempre calada c agarrada pediu a tua m ã o ; o casamento será daqui a
1.1// R/CA —

FIGURINHAS

DA MODA

O O O

Um majestoso
c h a p é u e dois
veslidos l y p l c o s
da moda actual.

um mez Victoria não respondeu, e continuou disseram que o fora a mandado do medico;
i costura, pensando, p e n s a n d o . . . Aos poucos, a quando o negro que o matara foi encontrado
foi lhe subindo ao rosto um rubor que quasi a agonizante na prisão, todos disseram que Maria
tornou b o n i t a . . . Victoria. a viuva, o envenenara.
O pharmaceutico, um mez depois, já não A cadeia era muito grande e na calíça
chegava á janella do becco. nem Victoria mo- branca a humidade traçara signaes mysteriosos,
rava mai> com sua mãe. Os notáveis da pe- esverdeados. Avançava sobre uma l i d i r a fron
quena cidade não se reuniram mais na botica teira á pharmacia. Parecia o craneo apodrecido
para não perturbarem os recem-casados. e a de uma caveira enterrada alli havia muitos an-
pharmacia parecia deserta, com a sua lampa Ia nos. olhando para Maria Victoria com as suas
sempre accesa, ao lado do boccal vermelho. janellas gradeadas. como olhos negros • raia-
Mas foram voltando, e, dentro eiaa breve, dos. E, quando chovia, sahia da porta da cadeia
já se falava alto e ria de novo na pequena uma baba escura e lenta, que vinha passar sob
loja. O promotor, o tabellião e o irmão do o alpendre, tle; onde- Maria Vic toria, chamada
advogado contavam, á meia voz. o que se pas- pelos gritos, pudera distinguir o preto, agar-
sava na casa do novo juiz e na do medico, rado ás grades, delirando com as dores do ve-
i | pharmaceutico era inimigo antigo do medico, neno.
e a? receitas deste eram sempre mal feitas por Aquelles olhos vasios seguiram Maria Vi-
aquelle. ctoria pela casa. atravéz das paredes, e aquella
i I doutor passou um dia pela rua prin- baba lenta, quando chovia, corria até á sua porta
cipal do lugar. Nesse mesmo momento explo- e isso por muitos annos, muitos a n n o s . . .
dio uma ruidosa gargalhada na p h a r m a d a . e.
quando o pharmaceutico foi assassinado, todos (Desenho de JEFFEBSOS) Cornelio de Oliveira PENNA.
AMERICA —

O MELHOE PBESEfelTE
CONTO DE NATA Lo
De
ANTÔNIO
LArAcGO

ff =>j% OÃOSINHO era um bom menino. Obè- --Lcvanta-tc c anda ver o presente do Me-

\^
J ^ft
diente, socegado. excessivamente
fectuoso e muito applicado ao estu-
do das primeiras letras, era
af-

apon-
nino Jesus.
Joãosinho saltou da cama encaminhou-se
para a sala. Uma bella arvore de Natal "lá
tado) como o modelo das crianças ajuizadas, por eslava carregada cie brinquedos. Viam-se, pen-
sua Índole invejável. O pae satisfeito com os dentes de cada galho, em profusão, meias de
seus progressos, com a sua condueta irrepre- file'), de diversos tamanhos, contendo grande va-
hensivel e pelos bons sentimentos que já des- riedade de surprezas, carrinhos de madeira e
pertavam em su'alma, cumulava-o de carinhos de folha, mysteriosas caixinhas envoltas cm pa-
e de brinquedos, orgulhoso de gai ir a qu :11a in- pel cie seda, cartuchos com bonbons, polichi-
telligencia precoce que já se manifestava tão nelos, pequenas espheras colori Ias. minúsculos
promittente de bons fruetos. Xão era commum lampeêes venezianos e muitos objéctos mais. foão-
numa criança de oito annos tanto discernimento sinho, radiante de contentamento, permaneceu por
e cordura. Nessa noite o par- perguntou-lhe: muito tempo contemplar o regio presente do

I -Sabes que estamos na véspera cio Natal?

— Já fiz
Quero uma arvore com brinquedos.
o meu pedido ao Menino Jesus.
Menino

[' bom
]csiis.
Vês,
para
' E abraçando
meu filho,
os meninos que são
a
como

criança
Menino
bons?
beijou-lhe as
Jesus

fa-
ces com ternura.
--Onde vaes pôr os sapatos?
-Debaixo da cama.. Obrigado, paesinho!
- - N ã o seria melhor pólos na sala de vi- Não ('• a mim que deves agradecer.
sitas ? Eu sei que o Menino (esus ê você...
Porque, paesinho ? Ficou resolvido, conforme o desejo cie João-
— E' que ; Menino Jesus não gosta de sinho, que todos aquelles brinquedos fossem dis-
tribuídos pelas creanc.as pobres da visinhança.
•r visto. Podias estar a c o r d a d o . . .
I'. assim se fez. ProcedeÚ-se ao sorteio cias
Ah !
prendas que foram entregues com i maior sa-
No dia seguinte o pae foi despertar o
ho.
O E C L E C T I S M O 3STO M O B I L I Á R I O
Num dormitório moderno, o leito loscano do século XVI combina perfeitamente com a rica tapeçaria
hespanhola. A arle das duas peninsulas fornece ainda cs oulros objecfos accessorios
formando um conjunclo harmônico e elegante.
^..«^<*..»"*W>I.I,I*»W«»»»M1M •

tisfação por Joãosinho, que demonstrava o seu Joãosinho entrou com o menino e a creada
júbilo quando as melhores prêmios eram adju- que chamara o fechou a porta.
dicados .is creanças mais pobres. Tamanho des- Passado algum tempo o pobresinho app.a
prendimento caracterizava a sua bondade. Quan- receu. Vestia um terno de fustão branco, á ma-
do já não restava na arvore una único brin- rinheira, trazia á cabeça um bonet novo de pala
quedo, viu-se encostado ao portal da sala um envernizada e calçava uns elegantes sapatos d
pobresinho descalço e esfarrapado que olhava camurça. Joãosinho tinha dado ao pobre "ieniin
desconsolada e humilde para a arvore despo- o presente que o pae lhe fizera nesse dia
jada. A sua attitude. a tristeza que se lhe re- Diante da nobreza daquelle gesto, de uma acçá
velava no semblante inspiraram grande compaixão tão magnânima, o pae, tomando Joãosinho nos
a Joãosinho. que se approximou J o retardatario. braços, beijou-o demoradamente e disse lhe- com
Não ganhaste um brinquedo' movido;
Não...
- M u i t o bem, meu filho'
Porque não entraste ?
— Foi o Menino Jesus . . .
Estou de pé no chão. disse a creança
— Foi elle, replicou o garoiiuho. desmet]
sensibilizada até ás lagrimas pelo modo cari-
tindo-o a sorrir.
nhoso com que era interrogado.
Como te chamas ?
Vem cá. O teu presente está lá em cima.
— Luizinho.
E dando a mão á criança, levou-o atravez
das salas até ao seu quarto. O pae que obser- — Pois agradece-lhe. Luizinho. que elle

vava a scena não quiz intervir e esperou com o Menino Jesus . . .


anciedade o seu desfecho. Antônio bamego
~- AMERICA -

TERPSYCHORE NO SÉCULO XX

•0
Mae Murray, a excellenle bailarina cujas poses harmoniosas e perfeitas sáo realçadas pelo luxo delirante de suas
. loilelles e dos scenarios inauditos que lhe servem de fundo.
-O
< ; •
- AMERICA •

3K CARTAS DE AMOB
-sSÕ== *^a£g?

í.^" M dos meus confrades en.leiei ou m • annos vem experimentando em vão outros amo
0|<>sí|0
res, a evocação de um amor pelo qual conhe
I I a mim • a outros escriptores) um
ceu tantas alegrias (ou soffrimentos) não dei-
l-;^,^^ questionário a respeito das cartas
xará de- commovel-o melancolicamente, talvez de
<X><X>CG de amor. Devemos desiruil-as. per-
liciosamente. E as cartas relidas nessas condi-
gunta-se, ou. ao contrario, guardal-as ? E pode-
caies recobrarão todo b seu sabor. Repito-o: as
mos esperar dei Ias um reconforto ou uma de-
soluções do problema são variáveis ao infinito.
cepção? Porque ha duas escolas: .. de Danle.
E não sc~ pode responder ,í questão definitiva
que esc revia :
e categoricamente.
A maior desventura
No emtanto, reflectindo bem, creio que ha
!•".' a lembrança f. liz num dia de infortúnio!
interesse em destruir as cartas de amor, porque,
e i de Alfre.l de MuSSet, a quem devemos em três ve/es sobre quatro, edlas se evaporam
c stc -, \ e: s celebres : quando as relemos depois ele alguns me/es ou
annos e provocam no leitor um sentimento de
l'n souvênir heureux est peut-être sur terre magoa e de humilhação. Humilhação de na,Ia
Plus vrai que le honlieur. mais acharmos em in'>s do que sentíamos
outr'ora com tanta febre e violência e, o que
Não é fácil, em verdade, .solucionai- esse é mais doloroso, de nada mais acharmos nessas
pequeno problem i sentimental. E aposto em que phrases ela graça, do encanto, da elegância, ela
as respostas nos surprchenderáo pela sua di- originalidade, do ardor que lhes altribuiamos cm-
versidade. Tudo depende do estado de espiri- tr'ora de boa fé, quando estávamos apaixonados
to ou. como diriam os psychologos. do estado por aquella que as escrevia.
de alma do homem que relê as cariai, no mo- Sim, queimemos as cartas á medida que as
mento em que as relê. Si depois da ruptura, formos recebendo. Assim, primeiramente, evita
da separação, elle Saboreou outras venturas . remos mais catastrophes e depois conservaremos
mais ardentes, mais completas do que aquella no futuro a illusão de que (dias eram únicas,
cujo perfume sente de novo em paginas ama- que nunca ninguém havia escripto nem recebi Io
relladas, elle as percorrerá com o olhar urra iguaes e que é uma pena não as haver con-
tanto secco. um tanto indifferente e ligeiramente servado. Ao passo que, conservando-as, sabemos
desilludido (sobretudo si uma nova paixão o o que nos espera. E mais vale una remorso ou
domina actualmente). Ao contrario, si elle se uma saudade lisongeira do que uma illusão hu-
sente isolado, viuvo de coração, e si ha muitos milhante. Edmond SÉE.

À U X E A I L E A \ A :ZV*. O DD L E » Bf A .
Os modernos artista allemães trabalham com esforço e talento para a producção de obras que não desmintam a
tradições artísticas da Germania. Aqui eslão duas amostras das suggesttvas applicações da arte
decorativa na cerâmica, trabalhos de A. Flad, e uma esculptura, "O mono" concepção "ultraisla" de A. Pukcoger
MAGAZINE MENSAL ILLVSTRADO
A R T E ~ LETTRAS ~ MODA - CINEMA ~ S P O R T
D i r e c t o r - p r o p r i e t á r i o : SYLVIO FIGUEIREDO ^-.^ G e r e n t e : M. E S P Í N D O L A
z
ANNO I RIO DE JANEIRO, D E Z E M B R O DE 1923 N.

O PRÊMIO DA VIRTUDE
l i ) I m.t

CENSURA interdictou o males: um, o de dar aos leitores ingênuos desse


film de La Garçonnc.. livro a impressão de que elles commetteram um
— Quer dizer que os f?Í3 peccado, e butro o de estimular os restantes
r.e ssos pornograplaos se incautos a devorar, clandestinamente, a obra de
transformaram em guar- Margueritte, com a satisfação perigosa de e|ueeai
da-negra cia imm irali- mastiga U ni pomo vedado ao nosso appetite.
lidade . . . Imitamos Jeovah no Paraíso: c^Adão, aquelle fm-
— Como ? . . . cto é delicioso e revelar-te-á a vida. Não deves
--Pois não foi em comel-o...» E ' sabido que o nosso pae sym-
nome dos bons costumes que se impediu a vul- bolico, que devia ser um homem intelligente,
garização, na tela, das scenas desse livro bem não despeitou a ordem divina, legando á sua
menos escandaloso do que o «Cântico dos Cân- progenie o habito de preferir sempre as cousas
ticos . e talvez mais efficiente, como castigo ao prolaibidas aquellas que nos estão ao alcance
vicio, do que todos os anáthem 15 da Bíblia da m ã o . . . Esses moralistas contemporâneos são
E La Garçonnc não é um poço de os melhores auxiliares dos livreiros... A .'.egião
ignomínias?... Confesso que não o li, cumprindo de Honra não contribuiu para que La GárçoiCi '
á risca os conselhos do meu director espiritual... obtivesse em mezes uma tiragem ele quinhen-
Então, Margueritte não é um romancista in- tos mil e x e m p l a r e s ? . . . A censura que não con-
decente ? . . . sentiu epic os nossos olhos passeassem sobre as
Nada d i s s o . . . La Garçonne existe. Vive paginas de Margueritte humanizadas pelo cine-
ean todas as sociedades roidas de preconi eitos matographo, veio em auxilio dos commerciantes...
e que acreditam nas virtudes miraculosas da fo- Então La Garçowv: (• uma obra honesta .'...
lha de parra . . . HonestíssimaI Eis o termo. Não é mo-
Mas. talvez no cinema as paginas do ro-
ral nem immoral. Amoral é 1 sociedade que feita
mance apparecessem demasiado escabrosas . . .
retrata. Poderíamos applicar-lhe o verso profun-
Xão é possível. Mais escabrosas do que do de Sully Prudhomme:
o Ba-ta-clan, do que os vawlcvWes das tempo
| ' l . r t,Ctili ccslr danl I eirl c c- q u ' i l c-sl (tcilis lei v i c > .
radas officiaes do Municipal?... 0 <|ue poderia
espantar era a apparieão do quadro em epie: a Na arte o mal continua a ser o mal...
rapariga emancipada surge, entre outras do seu Os indivíduos, os costumees, desenhados por um
meio, fumando e,pio . . . E ísse> pelo facto de artista, quando são torpes não se transfiguram...
e e-rtas a n a l o g i a s . . . Houve, ou ha ainda, em Bo- Margueritte eleve estar e onlenlissimo com
tafogo, uma rasa desse g ê n e r o . . . que a po- a sua sorte. Imaginean si os críticos, dizendo aliás
licia não conhece prudentemente . . . a verdade, houvessem dito que La Garçonn ;
Estás defendendo a litteratura fescennina, 1 cimo o mais cândido elos dr.inialhòes ele 1'onsou.
pelo epie v e j o . . . termina com.' ei castigo do vicio e o prêmio da
- Não defendo nem accUSO. Constato ape- virtude'?... Que lastima para os e d i t o r e s . . . E
nas um phenomeno alarmante ele desequilíbrio, Margueritte que se e;onteniass" i om o pnx Mo::-
Falta-nos nesse particular o senso psychologico. tyon...
Sem querer, com essa prohibição fizemos dois Carlos MAUL
AMERICA -

I nesses 565 dias de \^:\ não se con- Companhia do Theatro Apollo de Madriel, C0H1
^ ^ solidou, e de uma vev para sempre, o concurso de 4 estrellas de real valor no
^Sr 0 theatro nacional, apregoado desde gênero: Rosa Rodrigo, ex-soprano elo Scala, de
tempos áureos da arte olonial Milão, que aepii já esteve, ha dois annos
de ]oão Caetano no Theatro S. Januário, pode- na temporada Lyrica official: Eugenia Gallindo,
se-, entretanto, affirmar que anno prestes a Clara Milani e Maria Caballe'-, preenchendo toda
findar foi, como os j.i passados, um anno ver- a sua temporada com duas revistas ele grande
dadeiramente promissor para o problema que espectaculo «Arco-íris» e «La tierra de Carmen»,
tantos cabellos brancos creou na cabelleira negra A prata da casa teve um movimento rela-
e espessa do incansável batalhador que foi Arthur tiv amente compensador.
Azevedo. No Trianon a Companhia sob a direcção
Hasta dizer-se que n ) : ; começou com a de- Viriato Corrêa representou as seguintes pi-
noticia sensacional de que o auctor actor Leopoldo cas, todas nacionaes: «E o Amor Venceu», e-
Króe-s iria á Europa comprar peças e descobrir «O Filho de- Papae», de Paulo Magalhães; «O
a u c t o r e s , como Noviço» de Mar
qualquer persi na- tins Penna: «Tra-
gem di- Pirandello, vessuras eh- Bcr
para uma tempora- tha», ile Antônio
da de puro resur Guimarães; «Eva
giniento da Arte no Ministério», ele
Nacional, promessa Mario Dominguese
realizada em Agos- Mario Magalhã s;
to 1 om uma série, «() mime so ("oii •
no S. |ose'\ de 4 bri», c() 'Fio Sal
P e ç a s franceza ^: vador», «Discípulo
Sign d de- Al ir- Amado» e «Graças
iu \s Vinhas a Deus», ele Ar
do Senhor . «O m a n d o (ionzaga;
Rei etc s ( .lande.. «Zúzú» de Viriato
Hotéis Mllc Corrêa: «O Outro
I alharim». André» e -Casado
[sso, apóz a coni- sem ter mulher»,
m m r cão do cen- eh- Corrêa Varella;
tenário, a n i na o u «Fogo de Vista,.
um pouco o naer- de Coelho Netto:
c a d ,. extrangeiro «Dr. Sem Sort-..
que nos forneceu, de Zé Antônio <
a 1 é m do trivial- «Escola da Mentir-
Chaby. Satanellae ra», de Cláudio de-
Henrique Alves, Sejuza. No Recreio,
Ba-ta-clan. (esta apóz o suecesso ela
com unaa única no- peça de estrea
vidade em 4 pe- "Meu bem. não
ças : as pernas es- chora*, ti v e m o s
pirituaes de Mis- p 11 c imp inh a O t
tinguette que só A a c t r í z S r » . A m a d a Fi"onafi*e«lo tilia Amorim. que
fez as 2 primeiras ainda hoje oecupa
C e s t Ia Miss> e o theatro. as revis-
La Marche à 1'Etoile a Lyrica e a Fran- tas e burleta s «A Escripta é outra», de Al
ceza do Municipal, com Mlle. Gabrielíe Dor- fredo Brêda: Rio Alegre,, de Gastão d'ojeiro:
ziat ,i frente as companhias italianas das (Olha á Direita», de Fritz Frotz: «Cabocl
sr.is. Vera Vergani e Maria Melato. servida esta Bonita», de Marques Porto e Ary Pavão, V
á ultima hora como doce sobremeza aos assi- ella que me deixou», de Bittencourt Menezes]
gnantes. «A Botica do Anacleto-, de Marques Porto;
Do mercado europeu nos veio ainda a Maçã» dos Irmãos Quintíliano; "Vida Apert.
- AMERICA -

da», de Freire Júnior; «Minha Terra tem pai sivel má vontade do emprezario Pinfild.
taaeiras» e «Pennas de Pavão», de Marques Porto Finalmente, tivemos, além do projecto Nina
6 Affonso de Carvalho. Sanzi, que pretende cona os dois mil contos
No S. José a companhia de revistas re- que possue construir um theatro de comedia,
presentou as revistas «Tatu subiu no páu», do: uaaa êxito formidável do theatro italiano da sra.
Irmãos Quintiliano, «Você Vae», de Jo.sé Pau- Vera Vergani: a famosa peça de Pirandello «Seis
lista e Renato Alvim e «Meia noite e trinta». personagens á procura de um autor», e mais
de Luiz Peixoto. as temporadas de opereta, no Lyrico e no Re-
Deixando o theatro em Julho voltou em publica, das Companhias Clara Weiss, que nos
Novembro, estreando com a revista «Sonho de trouxe as ultimas novidades como «Danse delle
üpio». de Oscar Lopes e Duque. Libellule», «La Bayadera» e «Noite de Dansa»
A Companhia de comédias dirigida pelo actor e, já aao apagar das luzes, essa «blague» que
Francisco Marzullo, attentíe pelo pomposo
occupando o Carlos nome de Companh ; a
Gomes, de Janeiro a Ba ta-clan Antônio de
Março, representou os Souza.
seguintes orig'na<s:
«A Menina do Café»,
de Victor Pujol e o
«Micróbio do Carna- Felizmente um fa-
val», de Gastão To- cto auspicioso, q u e r ã o
jeiro. foi positivamente as
«reprises» suecessivas
Encerrou a sua de Bataille c Bernstan
ociysséa pelo mar, sem ile Mllc. Dorziat, jus-
enchentes, do velho tifica o titulo hono-
theatro. com i ma peça rifico ile p t o m s s o r
de Paulo Magalhães dado ao anno theatral
— «O Homina que de 1923: a tímporada
morreu», sendo sub- da Companhia Brasi-
stituída pela Compa- leira Abigail Maiaeni
nhia Garrido, que sob Buenos-Ayres e Mon-
a direcção de Alda tevidéo, cona artistas
Oarrido tem repre- e reperte rio exclusiva-
sentado até hoje a, mente nacionaes, gra-
seguiu t-s burletas ças a esse espirito de
«Quem paga é o Co- trabalho formidável
ronel», «Luar de Ra- que é Oduvaldo Vian-
queta», «Rainha de na. E para fechar este
Bflleza» e «A Peque- rápido retrospecto do
i- i da Marmita./, de- nosso movimento sic-
Freire Júnior; -Ma-
nico, emquanto a si a.
ria Sabida», de Vi-
Nina Sanzi não cons-
ctor Pujol; «A Fran-
tróe. com os seus 2
cezinha do Bata
mil contos, o theatro
clan», de Gastão To
naci n d definitivo 1 fa-
jeiro; «O Embaixa
e to esse que já ga-
dor», de Armando
rante o titulo de pro-
Gonazga c «Morena
missor ao anno de
Salomé». de Corrêa O acato» /VT-iarisin<lo <ictnr.íig;}\ 1924J vai- transcrever
da Silva.
o que da nossa Arte
Em Maio a Sra. .UCÍlíí P e r e S t e n t o u , d e affirmou, apóz a estréa ela Companhia Abigail
mãos dadas ao sr. Antônio Ramos, reeditar o Maia no Urquiza, e> chronista theatral de «El
velho repertório das glorias de Dias Braga, mal Dia» de Montevidéo, a propósito da comedia
de que foi acomm°ttida, ha dias, a sra. Maria de Armando Gonzaga «O Ministro do Supremo».
(astro e no mesmo theatro João Caetano.
«Es esta de Gonzaga Ia primera
Tivemos ainda em 1923 a tentativa do obra cômica que se nos dá a conocer,
actor Christiano de Souza no Cinema Central, y nos resulta interessante ei apreciar ei
tentativa essa fracassada graças a uma formi- sentido que se tiene en ei teatro bra-
dável desorganização tcchnica ai liada a uma sen sileião de los motivos hilariantes. No hay
mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm
- AMERICA -

chistes. Esa pirueta antipática a que se )islancia em avião sem moto) 8.kioo,
obliga una palabra para que aparezca di- por ilioret. n'um apparelho Bardin, em Vau
e i e n d o Otra COSa q u e Io d e SU re d Si- ville, no dia _•(> d e Agosto.
g n i f i c a d o , tio existe hasta ahora y
por Io q u e llevanios visto cia ei tea- Duração em balões de /.« categoria
tro b r a s i l e ã o . N o utilizan t a m p o c o los i 9 h s . 4.Í111. p o r M. F l e u r y , n'um balão i
r e c u r s o s s i e m p r e eficaces dei m i e d o i r r e - 400 m 3 de hydrogcnio.
m e d i a b l e y pue-
ril, ni ai fameli-
i o. ni ai m a t o n
aparatos!) y co-
CA E LÁ
b a r d e , ni ai ma-
I In muito quem r!a
rido enganado
daa m i ^ i i s inlindm ris e Iti
ni a n i n g u n o d e
ÜVMIIICS ( e [atvei mulas )
1 s USU lies ti] os
t onb oversias grammatii aei
qu • en ei tea-
? quem exfranlie a falia de
tro riopl t n s e
IKH IIUIS | > O s i | i \ , i s , •-(••illi.is c
si- utilizan en
definitivas p o r a „ artedifficl
pi c c u r a de co-
de Falar tle es( i evci, N'fio
n r c i d a d h reda-
temos regras rirmes pm-.,i D
dos de Ia esce-
corocação de pronomes.
na h spaiiola y
emprego do infinito pessoal
fi an< c-/a .
impessoal é a CQÍPO menos
inconcussa que r x i s l r na
nossa língua. A única rc<j,ni

Alguns records s e g u r a , por etnquanto, é


esta, dr uma latitude tu com»

Mundiaes de vôo modadora i i nda qual CM re-


VÍI c fülc tomo bem enlrn-
Sá o 1 cs s guin-
da . • P01 tanto, Brasil tom
tcs a l g u n s dos re-
S ou com Z>, t 11 (I o 0
cord s mundiaes
ni.lis nc-sr conseguinte.
111 lis imp 1 i a m s:
Altura: 10.741 Mas; no meio ilr Ia

111 11 cs. ob i Io por (l.i cssii insegurança e con-

S a d i 1. e c o i n t e. fui i"io. salve-nps t onsdio


ile que não somos nos, ( s
n ' u n i bípl n Ni: u-
que falam diomá que ( li
purt-Delage, em
mães limou l.tíi I.IKIJ
\ illacoublay, n o
des polirfim, as uni< as vn li
di 1 5 de S e t e m b r o
mas do mal. Outros povo*
deste anno.
solTrem as loi (uras . . . «le
D.ir çã , s 111
não saber Falar 'si isso <'"'-
1 sei li 37 h s .
gada ser uma t o r t u r a .
1 5 m. 14 -. 4 5.
dianfe dos quotidianos o*£
por L o w e l l H.
pi 1 ates : babozcíras 00*
S m i t h e Ri. h t e r .
((ue o sabem). Ainda a^ora
c 111 San I i e g o , n o s
um tirando jornal fram i ' '
dias 27 e 28 de
" E x c e l s i o r " , abre columiWI
Agosto.
nas suas paginas para ex
\ il uidade — O s
plicar aos h e r d e i r o - B0|
m smos norte-ame-
.A. c a n t o r a Si*a. K - o s i t a Kodarlgo sés esla coisa mara-
r i c a n o s Lowell Smi
vilhosa : o modo certo, COP1
th e R i c h t e r obti-
recto, perfeito, de pronunciar Francez. Porque é preciso que
v e r a m 5 r e c o r d s lobre differentes distancias, a
saiba : ha na Franca milhares de pessoas que não sobem pronunciar
saber: f,
certo palavras corriqueiras como / " ? " / . " " / • "'"f' ele. Tal qual tomo

s o b r e 2.500 k i n s 142. k. 182 p . h o r a nós. . .


O.IHHI 141. k. 870
3.500 142. k. 17"
• 4.11H1 142. k. 000
> 5.000 142. k. 530
CIDADE de Nova York. na parte guma teve largura sufficientc para que nVlla

A correspondente á ilha ele Manhattan,


apresenta um contorno bastante ori-
se formem duas linhas de circulação, em cada
sentido e ha mesmo três ruas que soffrem ainda
ela complicação de serem mais ou menos ob-
ginal, poas que para una compri-
mento de doze milhas tem uma largura ele struídas pelas columnas do «Elevated«.
duas. E apezar do seu desenvolvimento se ti r Si juntarmos a isto a necessidade que têm
realizado em todas as dirécções, é cm Manhat- os omnibus e automóveis de praça, de parar
tan que mais se faz sentir a necessidade da para desembarcarem ou receberem passageiros
solução do problema do trafego. e si levarmos em conta que não se pode sup-

:;- ria

O movimento de vehirulos no sentido ela primir, inteiramente, os pontos ele pirada para
largura da cidade é grande, mas bem pequena automóveis, c•omprehendere-mos porque não é con-
6 a sua importância se o compararmos com ei tínua a circulação nas grandes ruas. A única
que se realiza no sentido do comprimento (o solução para estas eliflie iildades consistiria na
'<up-dovvn» dos norte-americanos). Para o mo- separação das varias classes de vehiculos por
vimento este-oeste ha cerca de duzentas ruas, vias differentes. 0 «Sub-way» (> o «Elcvated»,
ao passo que para o enorme transite) norte- sul exactamente porque têm um caminho que lhes
ha apenas onze grandes artérias prine ipaes, com e'- próprio, são muito m iis rápidos.
uma extensão apreciável e sem interrupção A segunda causa da lentidão no trafego
do ('entrai Park. sãc) os cruzamentos ele ruas.
Estudadas as causas da lentidão do ira O transito lcslc-ocste não '• grande, mas
concentra-se em certas ruas. com especialidade,
fego nas ruas congestionadas, e-ncontraram-se duas
e cerca de 90 0/0 de, trafe-go transversal são absor-
rausas principaes. vidos por umas elo/e ruas, talvez: aquellas que
A primeira d'ellas residia no facto ,.de tra- servem as pontes • os Kerry-boats.
fegarem, em uma mesma rua, carros, caminhões, A solução ideal para esta elif I ieuldade Se-lia
carros tirados por animaes, omnibus etc. Além a eliminação dos cruzamentos d'- ruas, n'estes
d'isso, salvo uma ou duas excepções, rua al- pontos em que o movimento c muito intenso.
O REGRESSO DO VENCIDO
Firpo ao chegar a Buenos -Vires, agradece, ela janella do trem. as saudações da
multidão apinhada na estação

CD- CD- CD CD CD CD CD- =^-CD CD CD CD CZ CD C D — CD—CD

Ha sempre espíritos investigadores que- pro- Segundo a idéa de Clark, o trafego trans-
curam resolver estes problemas interessantes c, /ersal cortaria esta grande artéria por meio de
quando apparecem soluções intelligentes. ha toda pontes (como nos mostra a figura) e com isto
u. vantagem em que d'ellas se dê publicidade, augmentar-se-ia, de muito, a velocidade do tra-
para que sejam aproveitadas como merecem. fego.
Está n'este caso a solução ideada por Ca- O accesso para o boulevard, ou a sabida
meron Clark para uma melhor circulação de
d'elle seriam feitos por meio de simples cami-
vehiculos na cidade de Xova York. Este norte-
nhos em rampa, partindo de cada cruzamento
americano imaginou um grande boulevard, com
de ruas. E o modo porque foram traçados estes
100 pés de largura (tanto como a nossa Ave-
caminhos sempre aos pares, um descendo e
nida Rio Branco -de edifício a edificio), pas-
outro subindo, evita habilmente a manobra para
sando pelo centro de Manhattan e em um nivel
a mudança de direcção, dentro do boulevard.
mais baixo que o nivel normal das ruas. Este
boulevard deveria dar espaço para quatro linhas De accordo com esta idéa, o carro que
de trafego de carros em cada sentido, cona uma quizer mudar de direcção será o único caceteado
linha extra de cada lado para os carros pa- com a manobra a fazer, em vez de obrigar
rados. os demais carros, de ambas as dirécções, a mo-
Para fazermos uma idéa da importância da dificarem as suas marchas por causa d'elle.
solução imaginada, basta que comparemos a ca- Clark imaginou traçar este boulevard na
pacidade da s\a Avenida, que é de 3.000 carros 2.a Avenida, fazendo-o seguir atravéz da Cana)
por hora. com a que teria este boulevard com Street e da Canal Avenue até ligar-se com o
os seus 18.000 por hora. Riverside drive.
sX;O0<X> \ 0 têm coração, nem romantismo, nem Pela sua historia e por esse mesmo es-

N
3 .M
o |Mo
ancias infinitas de amar e de ser
amadas ? . . .
— Pff!
pirito de sacrifício que vocês negavam que se
pudesse aninhar nessas almas tão propensas aos
formosos c redemptores sonhos do coração. Du-
— Falta lhes espirito ele sacrifício . . . vidam ? Riem burlescamente ? Sou ca que os la-
— Quem disse isso ? mento, porque vocês, tendo olhos, não vêm, e
Esta conversação era travada nuna café-can- tendo ouvidos, não ouvem.
tante entre vários amigos, o primeiro dos quaes, Sim. Marina. Marina Guerra, epie foi noiva
um pintor famoso e ao mesmo tempo inspira - do pobre Guilherme Alvarez.
dissimo poeti. era o que falava com tanta ve- Do que morreu no accidente de avia-
hemencia das raparigas que em outras mesas ção ele- Citruénigo ?
distrahiam os seus ocios ingerindo absurdas e Isso! Do que se suicidou.
diabólicas bebidas. - Ha de tudo no mundo, affirmou o ar-
Douradas mariposas attrahidas pela luz dos tista. Guilherme Alvarez suicidou-se quando, ar-
jalanteios, nella queimavam as azas dos seus ruinado, se viu perdido e não quiz manchar
sonhos, passando a vida na doce interinidade a o seu nome com nenhuma acção indigna. Co-
que as condenanava o seu sexo nheci-o. Fui testemunha das suas
e também a sua própria significa- primeiras loucuras, quando, ape-
ção social. nas sahido da Academia, se fez
Pobres bonecas! Pobres peque- aviador pelo seu amor ao extraor-
nas inspiradoras de tantas nov el- dinário e ao perigoso. Foi então
las futeis e transitórias! que conheceu Marina Guerra e
se entregaram ao seu trágico idyl-
Ahi está a Marina Guerra,
lio. Guilherme, filho de uma fa-
aerrescentou o pintor indicando
mília rica de Cadiz, vivia com
uma mulher de lueto e elegantís-
tal independência que não que-
sima, porém muda e espectral
ria receber dos seus pais a me-
como uma sombra, que, oceulta
nor ajuda.
aum dos ângulos do salão, pare-
cia perdida num mundi) ele lem- Desertor de todas as Uni-
branças, evocaçetes e presentimen- versidades e Escolas, entrou para
te.s. —Ahi está ella! uma. Academia onde se fez avia-
— Ah! A M a r i n a . . . disse outro. dor, como ficou dito, pela anciã
— Parece louca, commentou um de novidades e pelo desejo ele
terceiro. aventuras. Occultando a sua mo-
Mas louca como a nobre desta posição, vivia junto de Ma-
Ophelia immortal e eterna, insis- rina, z quem pintava o seu des-
tiu o pintor. Ahi está como ele tino e a sua situação com co-
costume, absorta e petrificada res lisongeiras, empenhando-se e
empobrecendo, sem que edla sus-
como uma esphinge dolorosa e
peitasse a verdade. Dessa falsa
incomprehensivel.
m unira ele viver sobrev. i -ram não

I
- Você a conhece ?
poucas d sv (-aturas, elas quaes a
— E a admiro.
menor não foi ter a família de
— Porque ?
- s AMERICA —

Guilherme, escandalizada pelas extravagância


filho, retirado toda a protecçào que lhe <hs
pensava. Aquella bala perdida era fatal. Coi-
sas da v ida !
1-'.' exacto, coriamentou outro.
\ eterna historia, affirmou terceiro.
Isso: a eterna historia: mas historia do
lorosa e sangrenta, pois Guilherme, arruinado,
miserável e em via d e c o m m è t t e r a l g u m a s dessas
vile/as a i|iie .1 má vida freqüentemente nos 0 BURRO SEM CABEÇA
lane,a. preferiu eliminar-se- a deixar uma recor-
dação amarga taa memória de alguém. E. pre CONTO PARA CRIANÇAS
meditando-o, procurou um meio de disfarçar o
Zézinho .'• um vivo e intelligente menino, filho tle uin
siii. idio. oceultando-o nas duvidas que surgiriam
fazendeiro <lo Estado de Minas. Zézinho freqüenta escola
si elle- se precipitasse com o seu apparelho.
na cidade \ -u passai as féi ias aa fazenda, onde se de-
E assim o fez . . .
licia com os admiráveis quadros tia vida dos campos:
Mas a p o b r e M a r i n a . . . paizagem linda, com OS seus campos verdes, fet liados ;m
Lá ia e u : a p o b r e M a r i n a , como disse longe pelas montanhas de recortes caprichosos, que parecem
você", soube tia verdade quando já não havia abraçar, com um abraço de pedra, valles maltas que se
ri m é d i o . estendem até aos seus músculos de granito; movimento
E soube-o por uma carta do próprio Gui- (lu trabalho tia roça, <>s carros, as tropas»* as colheitas
lherme. s espcciaculo do gado que recolhe pachorrentamente aos
1 curraes, ao cahír da noite, mugindo como si estivesse dos-
Infeliz
gostoso de ter findado dia com saudades do sol tul
M a s . a s s i m q u e com a m o r t e d o seu
gente do sertão,
amante- soube d o s u e c e d i d o , m a n d o u á família Zézinho K"sl*' destas scenas, da vida tranquilla d;i
de Guilherme Alvarez a carta elo desgraçado, roça, .10 ar livre, sob i luz cariciosa.
supplicando por Deus que pagassem uma se- Uma tarde estava elle na varanda, em companhia
pultura luxuosa v christã para o pobresinho. Mas do- pais da irmãsinha, quando se approxímou, de rha
a família não quiz tratar com similhante mulher: pé o ,i mão, mim boas-t.u des arrastado rouquenho,
catholicos todos, não podiam tampouco honrar Chico, forfeiro tia fazenda, homem trabalhador mas intuir;
assim i memória do condemnado suicida. E te, que lhes contou um encontro terrível que tivera
véspera, pelo qual ainda tinha os cabellos arrepiado»,
então Marina, mulher toda coração, alma. ro-
Narrou elle ter visto, -i noite, quando se dirigia para
mantismo e espirito tle sacrifício, tomou sobre
casa, um burro sem cabeça, que passara por elle i om
si a tarefa tle enaltecer e honrar a triste me- \ eloi idade do raio.
mória daquelle que feira o seu amor. Dedicou- Amedrontado, deitou correr, ali- que chegou ;i casa,
se a reunir todo o dinheiro preciso para que offegante suado, tremendo ainda pela singular apparíçan,
Un- construíssem um luxuoso mausoléu, e, em- O fazendeiro sorria, Foi quando Zézinho, que, apezai
p rahando e vendendo de muito pequeno, é ms-
tudo o que possuia, ll UÍdo, ''le ai OU de fíU C
Chico -z lhe disse
so agora sorri de lon-
ge em longe; mas — «Seu» Chico, quem (•
f. 1 ei porque, arruina- que lhe contou que um
da também, fie a-lh • burro sem cabeça pôde an-
dar !
0 consolo de hav er
cumprido o dever que Vo< ê não sab.- que um
animal de< apitado morte
lhe dictaram a sua
instantaneamente ?
consciência e o seu
O Chico enfiou T i, J < i
coração. Que lhes pa-
ai hou pala* ras que dizer,
r ce -
E assim um menmo
- Q u e Marina mor- de oito armo-:, pelo fai to
rer.! talvez num azylo de ter aprendido nos livros,
ou cm qualquer abri- deu um quinau um ve-
mas que é uma lho roceiro, coitado, cuja
nobre mulher. ignorância o fazia pre?a da
superstição
- São muito com-
plicadas e extranhas Os males da ignoram ia
1 são incontáveis e enormes.
stas mulheres para
I "m homem instruído vali
serem julgadas tão li-
por dois.
geiramente, disse fi-
nalmente o pintor. O. L.
— AMERICA —

EL -O
TRAIDOR
(CONTO IITSTOKTCO) O

UITAS noites sob a os pântanos, torturados pelo fogo do sol e da


chanama dos astros, febre. Tudo fora em v ã o . . . Onde, então, se es-
muitos dias sob o in- condiam as montanhas magn-ficas, cujo fulgor
cêndio do sol, os de- apparecia nos sonhos desses seres tantalizados ?
vassadores das ma'.tas Onde as cavernas scintillantcs, as montanhas, os
brutas haviam já ca- rios coalhados de gemnaas ?
minhado por essa re-
O desanimo começou a abater os jorna-
gião barbara e equato-
deantes, enlouquecidos pela revolta contra a na-
rial. Vinham das ban-
tureza áspera c bruta que somente desentranhava
das do Pacifico, onde
em pedrarias o horizonte, no deslumbramento
as grinapas andinas, no esplendor do céu, ta-
de alvoradas e oceasos . . .
lhavam-se em vultos cyclopicos como esculptu-

I
ras de granito, e luz, e neve. As terras perua- Um dia, um homem deu o grito de re-
nas, nesse tempo, convulsionavana-se numa es- bcllião. E r a pequeno de corpo, de olhos de
pantosa tragédia que até em nossos dias re- tigre, e feições duras. Coxeava de uma perna,
percute, sob o nome de «conquista do Peru», mas tinha una braço temível quando fazia brilhar
em estrondos de batalhas e tempestades de pai- a espada; ou a lança. Uma fama sangrenta cer-
xões. Entre os milhares de aventureiros, que cava-o de terror, pois, numa noite de tormenta,
se mudavam em feras ao jogo das ambições á frente de uiaa bando de aventureiros, des-
enormes, a uns attrahia a gloria immorredoura garrados na matta, havia erguido o punho
alcançada em prelios pela bandeira do Rey; cerrado contra o céu livido, insultando e amea-
mas a todos seduzia e arrebatava a perspectiva çando Deus. Ao erguer a voz de revolta, to-
dos thesouros que a terra trazia nas entranhas. dos os seguiram atrahidos por esse sentimento
E foi esse sentimento, que afogueava todos os de pavor e- admiração cruel com que os lo-
ânimos, que arrastara um dia, em Lima, essa bos humanos olham o mais feroz da alcateia.
multidão quasi bravia, á conquista de fortuna O nome de Lope de Aguirre foi acclamado.
como nunca fora ainda descoberta, nessa era ciai meio das arvores tirânicas^ c o bandido,
de maravilhas scheherazadicas. Falaram-lhes de após embeber o punhal no coração de Pedro
uma terra, onde as montanhas eram de sol de Urzua, fez-se proclamar mestre de a m t w
transformado em pedra rutilante. E havia ca- da expedição, e una fidalgo sevilhano, d. Fer-
choeiras verdes petrificadas, as jazidas de es- nando de Guzmàn, teve o titulo de general.
meraldas; e rubins sangrando no fundo dos val-
O assassino, numa assembléa na clareira da flo-
les; diamantes estrellando as grutas de ame-
resta virgem, empunhando o ferro ensangüen-
thista. Prasios, chrysoprasios, granadas c saphi-
tado, agitara as almas desses homens terríveis
ras. todo um pandemônio de radiações e co-

I
com as suas palavras roucas:
res, mergulhado no silencio sinistro das flo-
restas, onde o pello listrado dos tigres punha Eldorado ? Para cjue o queremos ? Eldo-
rado mais fascinante que ha é o
tonalidades flammeas. O sonho de El-
Peru. O céu foi feito para quem o
dorado allucinára os homens rudes
merece- o mundo, para quem o con-
na província ameríco-espanhola. Quan-
quista. Si quizerdes, o Peru será nos-
do Pedro de Urzua, fidalgo navar- so !»
rez, obteve permissão de partir á
E ante esse vulto impressionante,
descoberta das minas desvairadoras,
de cabellos ao vento rugidor da noi-
os aventureiros se agglomeraram em
te, as physionomids do- ex/pediçiona
volta de sua espada que apontaria, rios, avermelhadas pelo clarão de uma
como um cometa, entre as selvas fogueira vai illantc, contralairam-sc vio-
assombrosas, o caminho das rique- lentamente. Os olhos falsearam; e,
zas. E assim era que muitos dias mais rubros que a chamnaa da fo-
e muitas noites, em marcha in- gueira, arderam os corações.
cessante, atravessaram o mysterio *
dos sertões, travando lueta contra • *
as feras, transpondo os rios e
A multidão que partira em busca
- AMERICA -

A C H R O N O P H O T O G I Í A P H I À DA E S G R I M A
U m a série de curiosos documentos obtidos com o apparelho chronophotographico de Marey e
que mostram a decomposição de um golpe de esgrima.

de Eldorado rareara, tempo, depois. Eram cha- pois do banditismo, era o homem mais frio de
mados os «maranones». e oitenta delles exis- todos, nunca .se presentiu em sua fronte
tiam sob a bandeira de Aguirre: um pedaço sombra do remorso. Ha dias, no entretanto, vive
de tafettá negro, cortado por duas espadas ver- afastado e sombrio. Murmura e gesticula sosinho
melhas, em cruz. E m noite de luar muito bran- como um louco. Parece que o persegue uma
co e haacio, próximo a um «pueblo» de Venezue- turba de espectros. Embalde se desmandou era
la, um dos aventureiros que obedeciam ás or- novas atrocidades: o sangue já o não alegra í
dens do bandido, chegava a uma grota, onde incita. Pela manhã de hoje, ao despertarmos,
um homem o aguardava. Desceu do animal res- houve assombro em todo o acampamento. Aguirre
folegante e tirando o largo sombrero, saudou mandara buscar ao «pueblo» um dos frades mis-
aquelle que o esperava. sionários, para ouvil-o em confissão. E como
— Galindo, falou este, ha muito que te es- esse não o quizesse absolver, ordenou que o
pero, bem duas h o r a s . . . Ha suecesso g/ave no enforcássemos . . .
acampamento do traidor? — Por Deus! — clamou o que fora cha-
O que chegara, enxugando o suor que lhe mado de Melendez E quando será enforcado
banhava a fronte, sentou-se a um jaedrouço. e o santo missionário ?
disse: E como se erguesse para saltar sobre a
— Sina. Melendez. Aguirre. que como sa- sella do s e u ginete, Galindo prendeu-lhe o braço:
bes é hoje o único chefe dos anaranones», — Ha tempo, Melendez. Amanhã somente
anda transtornado nos últimos dias. OutCora, esse o frade será assassinado. O que preciso é di-
miserável tinha uma frieza incrível, fora de com- zer-te porque tenho trahido Aguirre
bate: uma serenidade pasmosa, na intimidade. — Sim, não atino com a razão. Nem pedes
Na invasão dos «pueblos» da Venezuela, ma- ouro, nem outro galardão, atraiçoando o Traidor...
tando, saqueando, incendiando, elle não se trans- — E ' o que te contarei agora, Melendez.
figurava senão pelo ódio que lhe cerrava os E sentando-se novamente, falou pausada-
dentes rangentes, e inflammava-lhe os olhos. De- mente:
AMERICA -

O SOJrtJrtISO DJ± TEIFCRA.


C c m o as physíonomias rudes e angustiadas podem d e s a b r o i h a r um dia num sorriso, lambem o foce adusla c e s c a b r o s a da t e r r a sorri pela corolla
das flores. E são sorrisos esses eslonleadores e divinos, porque exhalam a magia do perfume divino c e s l o n t e a d o r . . .

— Tu me conheceste ha vinte e um an- a triste noticia do assassinato de meu amigo.


nos. em Potosi, quando tu e eu, e centenas de H i n o j t s i i r a um irmão para mim, que nasci
castelhanos, alli nos achávamos, desvairados pelo sem família c que elle protegeu desde Sevi-
ouro. E r a eu então o maior amigo de Hinojosa, lha em que me encontrou vagabundo c esfar-
o corregedor. E, como te lembras, em Poto- rapado, arrancando-me ás naãos dos alarbadciros
si, Lope de Aguirre era um dos aventureiros da guarda. Lu o segui na sua vinda para o
de peor fama de toda a província. Sabíamos Peru, c sempre me devotei á sua amizade. No
das traições que praticara desde a sua chegada momento em que Juan, o servo de Hinojosa,
a Lima, quando ao pelejar sob o pavilhão rc- rasgadas as vistes, golphando a vida por mal
voltoso de Gonzalo Pizarro, atraiçoou-o na fuga chagas, tombou á minha frente, eu jurei so-
da cidade. Havia sido encarregado de cobrir bre a cruz do meu punhal que, a ferro ou
,.. retirada do valente general e, no emtanto, fogo, haveria una dia de matar o assassino.
voltou a Lima, dando vivas ao Rei c matando Calou-se, una instante, para tomar fôlego.
os pizarristas para obter os favores de Lagasca. No alto céu, varando i alvura da lua, una pás-
Sabíamos de mil outras vilezas de Aguirre, mas saro negro passou rápido. E Galindo, dcp ( ,is
tolerávamos o infame porque não praticara ainda de descançar, recomeçou:

I
nenhuma atrocidade em Potosi. Foi numa noite, — Segui-o. Nas suas traições teve-mo elle
como esta, lavada de luar, que o bandido, en- sempre por testemunha. Perdi-o de vista quan-
cabeçando a rebellião que tanto sangue derra- do partiu em companhia de Urzua. E, pas-
mou na região do ouro, deu largas ao seu ins- sado muito tempo, ao saber de seu paradeiro
tineto de fera. A primeira idéa que me veio pila noticia de suas crueldades nesta região,
nessa noite trágica foi o ódio que Aguirre para aqui me fiz de viagena, e alistei-me entre
nutria surdamente contra Hinojosa. Eu morava os «maranones». Mas os soldados do Rei che-
então além das minas, ao pope da montanha, garam próximo ao acampamento. Soube que tu
quando um dos creados do corregedor, escor- os commandavas, c decidi entregar-te Aguirre.
rendo sangue, veio morrer a meus pés dando Tu o terás amanhã, ao romper do sol.
1.W/ RH 1

louve quem me trahisse guiando os i


este acampamento, Bem presentin <-u qu-- ia inoi
A .abana de Aeuirre ficava i entrada de rer. Inútil í l u t a r . . . E travando um punhal na
um valle resplandescente, .i sombra de 111 i ^ - mão violenta, arrojou se colina a própria filha,
sunos pinça ros que se estorciam na vertigem E ' tua. ('• minha filha. Lopcl rugiu
do azul, faulhantes ao sol. Rompera a manhã, a Torralba, allucinada.
e antes desta esclarecer o céu, apagan Io os t'm forte repellão, um relâmpago, e o ha
astros, j.i o cadáver d< um frade balouçava- •que,ir de um corpo, c a jovem filha do sce
se a extremidade de uma cauda, numa volta
lerado, uma creança de uns dezesste annos, i a
do carreiro, o chefe dos marafiones que não
hiu varada pelo aço miserável...
dormira um instam-, havia modificado a or-
dem que dera, e alguns de s<-us homens, ma- Não quero que chamem filha
drugada alta, arrastar,mi o religioso c nfor- do Traidorl exclamou o Aguirre, emquanta
caram-n'o na primeira arvore depara,Ia. i Torralba perdia os sentidos de pavor.

Sinistro, Aguirre. em sua choupana, mais J.i então os soldados de Melendez, guia
hediondo que nunca, pois em seu semblante dos por Cristobal Galindo, tinham oecupado o
h a \ i i como que a sombra de um í aza satânica acampamento, prendendo os rem inescentes do
murmurava palavras que aterro bando que trouxe em agonia as
rizavam a sua filha, e a amante. opulações andinas, nesses tempos
a celebre Torralba, que 0 havia se- revoltos. Contam os chronistas
guido cm todas as jornadas. A qúe o Traidor recebeu rindo
lu/ do sol que illuminára, i bei- s soldados, apontando para o ca-
ra do carreiro, o oscillante cada iver cia filha, que apunhala
\cr do frade, alumeau as feições ra. Cristobal Galindo, que cr,,
desse homem mil vezes assas um dos primeiros a cercal-o, er-
sino. < i miserável, a quem os li gueu ao hinibro o arcabuz c des-
menhos tinham qualificado, pelas pediu o tiro.
suas atrocidades. 11 loco Aguir- Aprende a atirar, perro!
re scismava negros pensamentos -gritou-lhe Aguirre, ferido no bra-
que lhe davam aos olhos reflexos ço.
infernaes. Ao segundo projectil, que o
Matei muito disse elle. attingiu em cheio no peito, ba
em dado momento. á amante que queou pesadamente. Mas não an-
se achava abraçada á filha a um tes <1<- chalacear ainda:
canto Matei, trucidei. Agora Ah ! este foi cm regra!
sinto que vou morrer: espalhei
tanto sangue que VOU morrer afo-
gado em suas ondas. Todos me 1J •, \
E assim morreu aquelle cuja
amaldiçoam, própria natureza tradição perdura ainda na memó-
me odeia. As montanhas têm uma ria de algumas povoações de Ve-
expressão de raiva, em seus perfis, quando as
nezuela : Colômbia. A cabeça de Aguirre: con-
olho. Odeia-me a luz, c a t r e v a . . .
servou-sc muitos annos. encerrada numa jaula
E mirando a filha que se abraçava á de ferro, num «pueblo» á sombra dos Andes.
Torralba, assustada desses contínuos divagares de E ' o que nos contam os chronistas, entre os
seu abominável pae. Aguirre teve uma idéa hor- quaes Ricardo Palma, fazendo que esse lypo
rorosa. de legenda infame nos surja aos olhos, cercado
Tu \aes ficar no mundo, após a mi- de uma nuvem vermelha e de uma revoaJa
nha morte! - exclamou — Nunca! Nunca per- de abutres . . .
dure sobre a terra o sangue de Aguirre. Fi-
lho ou filha que ficasse depois de eu ser pros- l l u a c j r «le \MIKII>A
trado. perpetuaria uma raça de malvados, e de
naaldictos. O maior malvado e naaldicto, sou eu.
em minha raça: e eu quero que essa desap-
pareça.
As pessoas fracas são as tropas ligeiras
Neste momento, na entrada do valle. es-
do exercito dos maus; são mais maléficas do
tendendo-se na manhã radiosa. rebentou uma
que o próprio exercito: infestam e devastam.
íanfarra de cometas.
— Ah! os realistas! — bradou o bandi- CUAMIORI
— AMERICA

OS JARDINS PE

LUXO

Ao la-lo da resi-
dência confortável, ex-
lende-se o jardim cui-
dado, em Ioda a sua
elegância moderna, os-
tentando a sua ter-
rasse, o seu cara-
manchel e a profusão
das suas flores varia-
das.
E os raios alegres
do sol projeclam som-
bras avelludadjs que
lambem as columnas
com uma indolência de
caricia . . .

o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o ooooo ooo
A VELHICE DE LAMARTINE A joven olhou ainda uma vez o ancião
que se afastava, comprehcndeu a crueldade de
uma tal miséria num tão grande coração c bai-
f~\ G R A N D E poeta francez teve uma ve-
xou a fronte, sentindo que os seus lindos olhos
lhice lamentável. A propósito. Mon-
se humedeciam . . .
selet cita esta passagem pungente:
E r a uma tarde de musica, nas Tulherias.
Uma moça muito elegante, acompanhada duna
rapaz não menos correcto, voltou-se para um
ancião apertado na sua sobrecasaca de golla alta í ENCERAOOR e LUSTRAOOR \
e que tinha «uma cara de águia c de .avalio •Y-
<r
inglez». Ella mostrou o velho ao seu compa- de Moveis, Pianos, Armações, etc. <r
Y <f
nheiro e poz-sc a rir.
Então um escriptor em voga approximou-
se da moça e perguntou-lhe: X EDUARDO MENEZES
— Conhece o nome desse velho que a faz
rir ? t Rua S. Pedro, 142 Tel. N. 1488 t
.Absolutamente.
L ' Lamartine!
LIPTON
'^saMísa?
*"«c-2
« > » * • ' - »--r-víO"-' • -'""-
" * s * ~ -r-->->.-.
Os chapéus simples e graciosos Os simples chapéus que ahi se
Depois de haver recorrido a vêm possuem essa alta qualidade:
todas as extravagâncias, o futu- a de fazerem realçar, graças ás
suas linhas elegantes, a belleza
rismo inclusive, a Moda parece
e ,, graça dos rostos femininos.
ter reconhecido que em chapéus,
como em tudo o mais, a simpli-
cidade é a suprema lei da ele-
gância.

500 DOLLfíRS POR DUAS PALAVRAS!


em
;<>? ><5v -^ Nova-York um indivíduo que sobre o céu azul, usando como penna um ae-
-.r • r1 s PV
roplano e como tinta uma fumaça branca e es-
<X>^y<>0 ganha 500 dollars para escrever duas
pessa, tal como si .1 molhasse 110 leite da Via
<£/><0>^> palavras todas as vives em que ac ha
l.ai tea.
<X> O0> conveniente fazel-o. Não se julgue
Quando as condições atnaosphericas são pro-
que essas duas palavras sejam o seu nome c
picias, o aeroplano faz com que toda Nova-
o s e u appellido escriptos num cheque sobre fun-
York levante os olhos ao céu: e, diante da
dos depositados em algum banco. Não. São duas
admiração publica, traça no azul, com certas
palavras que uma fabrica de cigarros escolheu
evoluções, as suas onze lettras, cada uma das
para annunciar os seus productos, duas palavras
quaes mede centenas de metros.
que, juntas, contêm onze lettras. Si o leitor
Com a fumaça calligraphica de sua inven-
julga que pode escrever duas palavras como
ção o aviador annuncia a fumaça dos cigarros
as escreve o nosso homem, vá a qualquer ei-
ri quando ouve dizer que 1 gloria é fumo,
dade norte-americana que ganhará outro tanto
pois para elle, indubitavelmente, acontece o con-
e enriquecerá rapidamente.
trario e o fumo é gloria ou, pelo mer
A difficuldade, porém, está no como Este
seu equivalente cm ouro . . .
escrevente, porque afinal outra coisa não é,escreve
— Um uoll
— M n s si o empregado ncaba de pedir o p e M I
um dollar ?
— E' verdade : e isto porque eu preferia rece-
ber apenas um dollar 11 deixar o meu frabelho.
O homem pareceu surprclieiulido com a rrs-
posla e, desejoso de encerrar a c o n v e r t a , indagou,
— B e m , m - s diví i-me 0 ullimo preço,
— D o l l a r e meio.
— C o m o . si acaba de pedii um dollar e
quarto ?
— E' verdade ; c que anles eu achava mais
vantajoso um dollar c um quarto do que agora
doll.sr e meio.
O homemsinlio deixou silenciosamente as moe-
das sobre o balcão e sahiu do eslabcleciini nlo
com o livro e a lição salutar r e c t b d a do mestre
na arte de transformar á vontade o tempo cm ri-
queza ou em sabedoria.
Em Ioda parle ha gastadores de lempn...

UMA ANECDOTA
rigia-se um pobre diabo de advogado omeii-
cano ao Far-Wesf para ahi tentar fortuna.
A u d a c i o s o em exlrcn.o,
(ornou logar no Irem sem se
munir do bilhefe de virgem.
O seu bilhefe, faz lavotr
— N ã o o tenho, respon-
de o viajante de contrabando,
mas faço parle da redacção
do D a i l y N e w s de Naslivil-
le...
— À sua carfeira de re-
dactor ?
— Também a não tra-
go...
— Então o s:nhor hade
pagar a viagem, a não ser
que o director do D a i l y News,
OS CHAPÉUS ELEGANTES que viaja neite frem o reco-
nheça,..
D o i s lindos modelos de c h a p é u : o primei- Seguindo o corredor que
ro, cloche de feltro malva com plumas, creação atravessa Iodos os trens ame-
Alphonsine : o outro, de seda preta e rajada de ricanos, chegam os dois á
branco c azul. modelo Suzanne Castelli. \ presença do todo - poderoso
director do D a i l y News, a
quem o cobrador explica o
O í>
situação i r r e g u l a r do seu redactor. O dircefor lança um
olhar sobre este e hesita um insfenfe.

T A lição de Franklin \ — S i o conheço ? pergunta afinal. Sem duvida,


Browny S m i t h , um dos meus melhores euxilíares...
<? O fruque serviu e o advogado respirou emfim.
o Chegados ao destino, o advogado encontra-se com
o direefor do D a i l y N e w s e aproveita a oceasião para

U m homem que havia passado uma hora inteira diante


da vitrine da livraria de Benjamin Franklin entrou
finalmente e perguntou ao empregado :
agradecer-lhe o favor que lhe havia feito.
— Q u e favor ?

— Q u a n t o custa esfe livro ? — O de me haver reconhecido como redactor do seu


jornal.
— Um dollar.
— Não o pôde deixar por m e n o s ? — Então o senhor não é o r e d a c t o r ? . . .
— Custa um dollar. — Infelizmente, n ã o !
O nosso homem lançou pezarosamenfe um olhar
— Pois bem. N e m eu também sou o dircefor do
sobre os livros postos á venda e continuou a perguntar •
D a i l y N e w s . Eu havia " c a v a d o " um passe em nome delle
— O Snr. F r a r k f i n está ?
e eslava com um medo roxo de que você me esfregasse o
— S i m . senhor. M a s está muito oecupado.
negocio ! N ã o tem nada que agradecer !
— E' que eu desejava falar-lhe,
O empregado foi avisar o patrão. Q u a n d o esfe veio,
perguntou-lhe o comprador • O Q O ••;. O O
o <> o o o o ov
— S n r . Franklin, qual o ultimo preço deste livro ? o o o o o <>
- AMERICA -

A formosa artisla do cinema na dansa " O espirito


da Juvenlude" com que maravilhou o publico de
Londres.
O príncipe Salih Haaaaado tez soleune voto
de nautismo até conseguir o amor de sua
•j— adorada, a bella dausarina a-aassa Vera Vra-
em que se tornara o príncipe, a bella Vratíslawa
que só nas agitações da dansa, na alegria da vida
nômade, prociarava encontrar a satisfação das
tislawa. suas curiosidades, dos seus irresistíveis desejos
Recorrer a tal processo para forçar o coração de cie emoções, e as vivas e fortes impressões de que
lama mulher parece a todos uma cândida inge-
necessita a sua alma de pássaro?
nuidade, imprópria dos íaossos dias.
Si não conseguir o seu fim com a sua figura Não parece ás leitoras que esse gesto romântico
gentil, a sua j u v e n t u d e , o fogo sombrio cie seus de Salih carece da galhardia, da intensa exaltação
olhos, a vehemeaaeia das suas palavras, conseguil-o-á amorosa de um espirito joven, tanto mais quanto
com o silencio ? esse espirito se íautre no sangue ardente de
A espliinge não despertará a sympathia pie- um árabe?
dosa que pretende. Sem ter nas veias
Ao responder por si-«- o togo abrazador da
gnaes, o amaiate des- Turquia asiática, qiaal-
denhado. á> palavras quer joven meridional,
que lhe dirigem, j u l - mesmo não seiado prín-
gai--se-á que não sabe cipe, haveria adoptado
expressãi--se no idioma numa a t t i t u d e menos
que lhe falam e isto, resignada, um gesto
mais do que admiração
veheanente, mais sym-
respeitosa que- inspira
patlaico e commove-
um voto. causará o riso
franco qne provoca o clor.
riclic ulo. E talvez essb joven
se condeiiinasse a- um
Em que mente j u -
venil sonhadora ou ro- mutismo também,
mântica produzirá im- quando as saaas pa-
pressão a a t t i t u d e do lavras fogosas e as suas
príncipe, si a loqua- exaltadas demonstra-
cidade, a exaltação da
ções de amor não hou-
palavra, é o qne pre-
dispõe á sympathia e vessem logrado accen-
ao amor as imaginações der no peito amado a
femininas? chamma corresponden-
Que pensaria a bella te; não a esse iu u-
dausarina que, movida tismo convencional
pela volubiliclade de mas ao que cerra, os
sen espírito, pelo anhe- lábios paia sempre e
lo de expandir a sua
deixa no rosto a ex-
alma, se lançou á ma-
pressão da augusta iin-
1'iposear pelo inundo,
ávida de emoções para mobilidade.
seu coração, de luz pára Con as flores naurchas da recordação e as floies frescas da esperança,
os seus olhos de ca- se tece a coroa da nossa vida, que é trabalho, amor e desengano.
minhos para a sua vida lia no British Mu-
e o seu pensamento? seum uma colleeeão de
Como poderia a bella Vratíslawa sentir-se com- discos phonographicos com as vozes de todos os
movida ante a estatua do silencio e cia quíetude grandes oradores aetnaes.
£ & & £ £ OMO todos os as
" • ^^. *^ ,
cQ; Ç „ ;<> tros c todas as
£.£""£^ mantfestaç. es cc
lestes conhecidas cios anti-
tigos, a Via Láctea deve o
seu nome a legendas my-
thologicas. Os gregos af-
firmavam que e-sa faixa es
branquiçada, tão visível nas
bellas noites de verão, de-
via i sua origem a algumas
gottas de leite cahidas do
seio de Juno, sugado por
Hercules infante.
Foi essa a legenda que
prevaleceu, porém não a
única pela qual os gregos
explicaram a formação da
nebulosa. Elles affirmavam
também ser ella o sulco in-
flammado feito por phaeton-
te quando conduziu inconsi-
deradamente o carro do
Sol atravéz do Azul. Ovi-
dio, emfim. declarava que
ella era o caminho dos
deiase, : «. \ ia da immorta-
lidade.
— AMERICA —

AS CAPITÃES DO NORTE
Vista parcial da cidade de S. Salvador, Bahia, tomada de um avião. Vêm-se a praia de Nazareth,
o pharol de Santo Antônio da Barra e o forte de S. Marcello.

CD CD CD

A S y l vio rigueiredo

Chispa de ouro que o olhar humano ao longe alcança,


Foco illuminador de outros mundos da altura,
Surge a estrella a brilhar no espaço de bonança,
Como um trevo de luz dentro da noite escura.

Millenios, sob a paz da bem-aventurança,


Pelo crysol de luz a alva tempera apura;
Da phosphorea matéria evoluída ora lança
As ondas de calor, circumgira, fulgura.

E hoje que — chamma astral de primeira grandeza,


A ellipse de ouro traça e espalha a esteira clara
A seguil-a, atravéz de infinito, áurea, accesa,
Penso vel a no céo do Levante fecundo,
Como o astro protector que os Reis magos guiara
Ao estabulo natal do Salvador do mundo.
Ibrantina Cardona
(Ho KnemoB)
R I C A R D O MA RIN. i.
personalíssimo a r t i s t a
que pOBSUC BI
poder de reunir em linhas
ma }nifi< u nervosas o -<•
gredo il«> movimento r a gra-
Ça próprio piHoresca das \
mais genuínas w enas hes-
panhola t. raUfK ou o seu
prestígio Iriumphendo plena- \ ,\ \ •Vil*vnvfiffJ.ú •
mente: om Londres, onde
uniíi expOSÍÇfio de seus (rft-
bnlhos Constituiu um verda-
deiro aconlecimenfo ai lisltco.
As grande* ddiiuis injlczos
disputaram os leques hes-
panlioes de Ricardo Mari:i.
verdadeiros quadros de pura
espiritualidade hespontu Ia.

V.
i OS DIVÓRCIOS IMPREVISTOS
"1
.1
S I se fizesse um catalogo dos motivos de divorcio admil-
lidos nos Estados Unidos, fer-se-ia um documento
bem curioso. Não se passa um dia sem que se apre-
Mas com os preços acfuaes, nem se deve p;nsar nisso, sob
pena de ruina. O s dois esposos pedem autorização de
procurar, cada um do seu lado, um cônjuge mais con-
sentem casaes ao tribunal, a reclamar a sua separação por veniente.
um motivo novo. Tal oufro, ainda, havia prohibido, desde o dia do seu
Tal marido quer abandonar a esposa porque tem a casamento, que a sua sogra viesse vel-o. Elle lhe fixara
idéa particular de que um lar não deve durar mais de mesmo um secfor de circulação. Fizéra-lhe a prohibição
sete anr.os. E aliena que os cônjuges, nesse lapso de tem- absoluta de morar a menos de dez milhas da sua casa. E
po, já se deram o melhor e o p;ior de si próprios. Conhe- como a infeliz mulher houvesse desobedecido á ordem, o
cem a fundo os seu 5 defeitos e qualidades. Com o prolon- marido julga que a sua felicidade conjugai está ameaçada.
gamento da co-habifação. elles somente poderão obter uma E a se empenhar em disputas inúteis, elle prefere a renuncia
repetição fastidiosa. Mais vale romper uma união do que e abandona a mulher.
conserval-a gasta e monótona ! Esses exemplos poderiam ser multiplicados ao infinífo.
Tal outro reclama o divorcio por incompat.bilidade de Mas o ponto mais curioso é esfe : nunca, nos Estados
legumes. A mulher, que é joven. bella e intelligente. seria Unidos, se viu tanto divorcio pronunciado por embriaguez
perfeita sem este pequeno detalhe . ella só gosta dos legu- do marido como depois do advento da chamada 'lei secca».
mes verdes. O marido os detesta 5i a vida fosse menos
cara. um e outro poderiam ter o seu alimento particular. Alberf A C R E M A N T
AMERICA —

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r—éT r 3L o i t : 7%- ">

F/or.' teu corpo é tal qual uma rosea corolla !


A tu'alma subtil lembra um aroma azul!
De ti. filtro lendário, a poesia se evola.
Como o olor nos jardins da princeza Budrul!
'a A sombra, ao teu passar, toda se acatasola!
O solo. ao te sentir, faz-se de pama e tul!
Ci Para te adormecer, ouve-se a barcarola
Do pássaro encantado, o divino bulbul!
© Roseia-se, ao tocar-te, a carieia da brisa !
E, pelo teu perfume, a luz se saphiriza,
Ao sorrir da manhan. sob o orvalho do sol!

Flor! escuta a bailada, o — Era uma vez... do poeta,


e?7 le? Tu que és. para o meu beijo, a ventura completa.

s>. A rosa de Xirás. noiva do rouxinol!

MARTINS FONTES
- AMERICA —

PARNASO AMERICANO ^

Et JflRQÍM ENCANTADO
(El clavel; Ia rosa; Ia margarita; ei lirio.)

Cuando suena Ia campana DONA ROSA. Confesión


De media noche, en mundana Hacéis, fray Lis, de un secreto :
Charla están: Ia arquiduquesa El ayuno, Ia oración.
Dona Rosa, Ia marquesa Son, pues, llamas de pasión ?
Margarita, elfraile Lirio
(pobre carne ãe martírio) MÂRGARITA.-Es cruel ei reto?
Y Clavel, chulo sin blanca LIRIO.- Es cruel Ia tentacion...
A quien e/ vino y Ia banca
Quieren echar Ia carlanca. Pausa.- Un pájaro en viaje
Hablan como en un delírio : Lamenta sobre ei paisaje.
Bosteza ia tuna llena
8 CLA VEL.- Según vá Ia cosa, Y entre Ia fronda de encaje
Archiduquesa, liará quiebra Cada voz dice una pena.
o Mi ilusion. Dadme piadosa
La posirer dorada hebra CLA VEL.- No tengo un ochavo.
Que vuestros cabellos glosa. Fuy gran sehor; soy esclavo...
DUNA ROSA. Que amargura!
DONA ROSA.-Pobre amigo! Pavesa es ya mi hermosura!
No hay yá en vuestros ojos
[fuego...! MARGARITA.- Amor, amor,
Hasta en ei mis mo dolor !
CLA VEL. - Vuestra estreita sigo
Y además, seilora, os digo LIRIO.- Es esto un cuento brujo?
Que ei ruisehor canta ciego. Callo; soy fraile cartujo.
Y a tiempo que Ia campana
MARGARITA. Gentil frase! Llama a misa Ia mahana
Mientras un rayo lunar Y huye deljardin Ia luna,
Anide en nuestro pesar, Oportuna,
Dejad que ei ensueho pase. En caravana se ván
(Ta-lán... ta-lán. . ta-lán... )
LIRIO.- Un ensueho, marquesa., La gentil archiduquesa,
Es ei vivir, un espasmo. La marquesa,
Tened por breviario de esa El fraile y ei
Cordial suma ai padre Erasmo. Sehorito don Clavel.

CASTANEDA ARAGON
(COLUMBIA)

• mtHHIHHHHHHHtHtHHMmm
•if
— AMERICA —

lwvwvv y^>^A***W*'t 1 jJ

E' assim que os americanos qua-


lificam Kalherine Mac Donald, talvez
por lhe verem na cabeça airosa, no
busio perfeito, na graça das linhas
do corpo, uma sirnilhança com a
Venus de Müo, o eterno canon da
belleza lerninína...
.v^v********** ^

sal
fán
II
UM ESTABELECIMENTO MODELAR DE ÓPTICA
^

O Rio de Janeiro já se pode orgulhar


ile possuir boje, eiaa todos os ramos
da actividade commercial, estabe-
lecimentos que mantém unia determi-
belecimento, que é hoje «A Óptica-, sob a fir-
ma Noiiguè (V O., no mesmo local onde tiineei-
onava a antiga secção da Casa Vieitas (Rua
Buenos Aires, esquina da rua, da Quitanda).
nada especialidade e cujos negócios são leitos Escusado se torna p a t e n t e a i a assombrosa
com alto critério, dentro das normas da mais prosperidade da nova casa, sob a direcção
rigorosa ethica profissional. de tão escrupúloso e competente especialista.
E' a esses factores que deve a sua rápida A Óptica dispõe boje das melhores
prosperidade o estabelecimento «A Óptica >, officinas que no gênero funccionam no Rio;
cujo chefe, o Snr. Luiz Nou^rué. além de além disso possue também um optinao consul-

um profissional capaz, é um estudioso infa- torio clinico, de moléstias dos olhos.a cargo
tigavel dos problemas do oculismo. do illustre medico oculista Dr. R o d r i g u e s C a ó .
E m 16 de J u n h o do anno p. findo, deixou Os artigos de venda da casa. taes como
elle. espontaneamente, o cargo de chefe da óculos e pince-nez. "face-à-mains'". binóculos
secção de Óptica da Casa Vieitas, onde adqui- de campo e de theatro. e t c , são de urna impec-
r i u um graiade cabedal de conhecimentos, cahilidade a toda prova: e para justificar o
sendo cerca de H>U * * I o numero de pessoas que asseguramos basta-nos invocar o teste-
por elle exaiaainadas e, logo em seguida, acom- m u n h o sincero do immenso publico que hoje
panhado de todo o pessoal technico. seus em dia dispensa a sua preferencia a esse esta-
antigos auxiliares. installou o modelar esta- belecimento modelar.
OOJVtO SE CRÊA A. 3VT03DA.
:ulíé a grande desenhista das ir.aia apuradas elegâncias parisienses, srea neate seu desenho, que tem a íra?a
'sumptuosa e aristocrática 3119 caracteriza sempre as suas lllustraçôes, "um admirável modele de traje
de noits 39vero e gracica ' ", 9839 gênero de tcilette.
AMERICA —

A preparação das crianças para os sports


• • • * » » • • » • : » : • : » • • • • • • • ••

Sestudantes parisienses ças educadas ao ar livre, sem nenhum 'ons-


não constituem umacx- trangimento, se tornassem bellos especimens da
cepçào. Elles são tacs Humanidade.
quaes cena a maioria Guiados per esse ideal de liberdade, os pais
dos seus camaradas e e os educadores deviam constituir o seu «Me-
as suas deformações thodo».
hereditárias ou adqui- Mas infelizmente a vida sedentária dos ci-
ridas são cammuns. vilizados cria deformações múltiplas, oceultas e
Essas taras, epie ,is apparentes, como por exemplo o dorso arqueodo
vezes denotam una es- e os pés achatados, que são os mais freqüentes.
tado de rachitismo e E ' preciso lutar diariamente contra essas
sempre uma insufficiencia muscular resultante de deploráveis transformações quotidianas que affe-
diversas causas, são ás mais das vezes ignoradas ctana profundamente e para sempre os organis-
por causa da negligencia da família, da indif- mos em desenvolvimento.
ferença da Es- Os exercidos
cola e não raro preprius para as
dos médicos. t a r a s prsscaes
X u na a ocea- devem ser alter-
sião em que, nados com jogos
por discursos e que sejam esbo-
promessas vãs, ços dos movi-
pretende-se me- mentos a que
lhorar a raça, se entregará o
é necessário cui- pequeno ser
dar da forma numa idade
que se deve dar mais avançada.
á educação phy- Os pequenos
sica da infân- saltos variados,
cia. Xunca é os exercicies de
demais repetir, fixação das
é esse o pri- omoplatas e a
meiro dever a rectificação da
cumprir para colunana verte
cona a Huma- bral serão pra
nidade. ficados diária
Os exercícios msnte e, sem
systematicos de Alguns sports elementares p a r a as c r i a n ç a s : o a r r e m e s s o da pre que se apre
conjuneto, exe- esphera, a corrida a pé, o salto s e m impulso sentar a ocea
cutados com sião, acompa
uma cadência uniforme, não correspondem ao eme nhados de sports elementares iradividuaes cuj
se espera de uma bôa educação. Servem ape- technica é instinetivamente conhecida: a corri-
nas para mostrar grandes agrupam n t s me- da, o salto sem impulso, o arremesso, a ascenção
canizados e se oppõem a toda transformação por meio de cordas, etc.
individual progressiva. Só se poderia admittir
Com a applicação deste programma minimo
esse processo si se tratase de individuos idsn-
se preparariam adolescentes, depois adultos sóli-
ticos. Ora. os seres são dissimilhantes e só se
podem aperfeiçoar por uma educação individual. dos entre os quaes a selecção revelaria ou aper-
E ' no estudo dos «gestos naturaes» que feiçoaria os campeões de todos os gêneros, gym-
se devem procurar os processos de desenvol- nastas. nadadores, athletas, etc.
vimento ou de educação que convém a cada O futuro de uma raça depende da obser-
um. pois a sua execução é pessoal e compor- vação de uma rigorosa hygiene physica quo-
ta sempre effeitos úteis, além de que permitte tidiana.
evitar a monotonia.
Podemos admittir, em principio, que crian- Elie MERCIER.
— AMERICA
Is figuras de re"evo das nossss industrias

Como havemos de pretender que um Outro


' • O M O .i<> admirável espirito emprehende guarde o nosso segredo, si nós mesmos não i>
1
dor de- Roberto Simonsen, o [Ilustre podemos guardar i
engenheiro de capacidade techmea sem LA ROCHEFOUCAULD.
ri\,d. a Companhia Constructora de
Santos deve igualmente o seu estupendo : for-
A vingança não apaga i offensa.
midavel progresso ao seu digno vice-presidente,
o Sr. H.imld K. Murray, cujo rirocinio administra- CALDERON.
tivo tem contribuielo bastante para o engrande-
cimento da poderos i
enapr. za industrial -.ira fAPÓLOGO
tista
O Sr. Harold K.
Murray, ao seu tra- ivia um homem
to assás cavalheiresco que era muito esti
e lhano, allia as qua- mado na sua aldeia
litlades primordiaes e porque contava histo-
mais accentuaelas e rias. Todas as manhãs
perfeitas do verdadei- sabia da aldeia c á
ro business mon, pos- tarele, quando voltava,
suindo a clara visão todos os trabalhado-
do brilhante êxito dos res, depois de terem
negócios que lhe es- mourejado o dia todo,
tão affectos, graças á rodeavam-n'o, dizendo:
criteriosa direcção qae -— Conta-nos, va-
s. s. lhes dá, e .H>- mos ! Que é que viste
quaes, com a energia hoje ?
e o discernimento das — Vi no bosque
pessoas ciosas, como um fauno a tocar
elle, do cumprimento flauta e um coro ele
exacto do dever e faunosinhos a bailar
movido por uma von- em vejlta . . .
tade perseverante e — Continua, conti-
inabalável, uma deci- nua... Que viste mais ?
são firme e resoluta inquiriam os homens.
de trabalho persisten- — Ao chegar á bei-
de e infatigavel. im- ra-mar vi três sereia-,
prime orientação acer-
á borda das ondas,
tada e profícua.
a pentear com um
«America», nestas pente de ouro os seus
column.as. presta ho- cabellos verdes . . .
menagem sincera a i E os homens o
distineto cavalheiro, amavam porque elle
que tanto gosa de O S n r . H a r o l t l K. M u r r a y , contava historias.
conceito e sympathia ice presidente da C. Constructora de Santos Uma manhã sahiu,
nos meios conamerciaes como todas as manhãs,
e na sociedade de Santos, para onde regressou da sua aldeia; mas ao chegar á beira-mar, eis
ha dias do Rio. depois de ser por algum renapo que vê três sereias á borda das ondas, penteando
hospede da terra carioca, em que é estimadissimo. com um pente de ouro os seus cabellos verdes.
E. continuando o seu passeio, viu, ao chegar ao
bosque, um fauno a tozar flauta e um coro de
faunosinhos a bailar em v o l t a . . . E naquella noite,
A mulher inspira-nos sempre o desejo de quando voltou á aldeia e lhe pediram, como to-
fazer obras bellas. porém tira-nos o tempo de das as noites:
fazel-.is. — Conta-nos. vamos! Que viste hoje?
O-cir \XILDE. — Xão vi n a d a ! r e - p j n h - u . . — O s c a r WILDE
AMERICA —
— AMERICA —

O MOBILIÁRIO ELEGANTE
l*iii salão de bibliotheca em que o menor detalhe tráe um apurado gosto artístico.

•miuníiitutiMiitiiHiiiiiiiitmimiiMiiituiiiiiininirru iiiiiiiiminiiiuii nuiiitiHiiinttiiniiiiiiJJiuiujuiiiiJiiiitiiiiiuniiiiiiitiiiiiiiiuiuiiiiiiiiiiiiia líiiiiiiiiiiiiriiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitHiiiiiitiiiiiiiiiiuiiiiuiiiMiii^

SONETO DE ARVERS •*•+++•*•+++++![$ I


•9

T e n h o u m « e n r e d o n ' a l m a e u m m y s t e r i o na vida:
-<> e s t e inliuito a m o r nascido sem pensar...
•o-
Ella nunca entreviu esta febre contida, •9-
•©•
pois, sendo o mal s e m cura, achei melhor calar.
-9
E, i g n o r a d o , a n d a r e i n a m i n h a o b s c u r a lida, 4
sempre a seu lado e sempre a sós, com o meu penar,
-6- c a l c a n d o , a t é m o r r e r , e*»ta p a i x ã o p r o h i h i d a , <r
-6-
s e m d"Ella n a d a o b t e r , s e m n a d a l h e i m p l o r a r .
-è- -9
•6- Ella, e n t r e t a n t o , a b s o r t a , irá n o s e u c a m i n h o , •9-
-9- «•«•ni o u v i r m u r m u r a r , e m d e r r e d o r , b a i x i n h o ,
•9"
e s t e arrulho de amor, que a segue aonde Ella vã.
"9
•9- Eiel ao rude dever, e r g u e n d o a fronte bella, •9
dirã, depois de ler m e u s v e r s o s c h e i o s d'Ella : •9-
" Q u e m u l h e r s e r á essa*?"... e n ã o c o m p r e h e n d e r á ! •o
•9- -9-
• I
»»^-<;;^.^.^-Í>.Í>^.^.>^.^.:>^.^.^.^.^.^.(Q;^.^.^.^..<>.
iiui<iiinitiiiiMrrHunn!iiuiifMiiHiiuiiniii[iiHinniiiiniiiiiu>tiiniiiii iiiiiimiiiHiiiiiiiniiiiiiiiiinmi.iiiiiiiin
JOSÉ OITICICA •*••*•••••<>-1
tiiiiiiiiiiiiHiiiiitaiiiiiiiiitiiniiiiiiiiiiiiiiMiiMiiiiiiiiiiiiiiiiiiHimimiiimin«niiiiniHiiii!iiiiii
AMERICA —

POESIA^l
-ato -Z -ní?n-
Noite de iNatal LUIZ LAMEGO

Que solidão em torno a mim! Dirse-ia


que, no seio da sombra triste e incerta,
detém-se a vida, sob aZnoite fria,
da terra inculta á abobada deserta.
Scismo... Que noite linda! Emfim, liberta,
volta ao passado a minha phantasia.
O' velha noite de Natal! Desperta
a saudade, e me punge, e me crucia...
Papae Noel, meu tremulo velhinho!
Quando passares por aqui, na estrada,
detém te um pouco á beira do caminho,
e. com a tua graça eterna e extranha,
deixa para minhalma torturada
um pouco da illusão que te acompanha!
25 — Dezembro —1922.

SILVERIO ROSAS

Ixion distende os músculos. A usura


da terra hostil as forças lhe consome ;
e, escravo dos anceios de fartura,
urge que a terra, como a um pôtro, dome!

Resignado á infinita desventura,


luta e, quando sacia a sede e a fome,
ú água que bebe as lagrimas mixtura,
e o suor amargurado ao pão que come.

E, condemnado á millenar empreza,


o homem, fraco, invectiva a Natureza,
como o servo acurvado á gleba ardente :

- Porque me impões tão ásperas refregas


e, somente domada, o seio entregas,
si as mães são boas espontaneamente?

0 G GD G D D ü 0 D
CHOPIN, O POETA DA MUSICA í
tí "% R E D E R I C O chopin nasceu a 22 de cobertos ele pétalas ele rosas; Frederico Cho-
tf' fevereiro de 1 810, em Zelazowa-Wol 1, pin amou com uma paixão desgraçada a uma
i v£> p ' r t o de Varsovia. (> seu pae, de mulher que nunca epiiz ser sua. Maria Wod/.ins-
^Bd^ origem lorena. era preceptor elo fi- ka. a polaca dominada pelo atavismo bárbaro
lho único da condessa Skarbcek. de um espirito de casta, desdenhou sempre o
A sua mãe, Justina Krzyzanovska, era polaca. artista quem só via quando este tocava. E
sobre essa funesta influencia exercida á distan-
Menino prodigio, Chopin dava concertos aos
cia, pela Mãe Pátria; sobre essa recordação
oito anno-,. aos dezescte realizou a sua primeira
inesquecível — una maço de cartas de Maria
excursão pela Europa ? em novembro de [831
deixou Varsovia para nunca mais voltar. YVodzinska achado entre os papeis ele Chopin
depois da sua morte - escreveu o «poeta da
Chegou a Paris e soffreu a desillusão que musica» o seguinte epitaplaio que o era da sua
a todo artista causa a vulgaridade cosmopolita vida sentimental: Moia breda! Minha desdita!
do boulevard. Mas não tardou em conhecer e
amar .10 Paris verdadeiro e um tanto hermé- Buscando esquecimento para esse mal de
tico ela- aristocracias: aristocracia do talento, aris amor. Chopin teve amores breves, entre os quaes
sobresahiram as suas relações com a condessa
tocracia do sangue e aristocracia do elin'ieiro.
de Agoult e cona Joanna Stirling. Mais tarde
Chopin havia ganhado uma peejuena for-
ahi por 1838, começou a sua lamentável liga-
tuna durante as suas viagens, entre 1827 e
ção cona George Sand: uma convivência sem
1831: isso permittiu que elle se installasse em
ternuras e sem comprehensão mutuas, que durou
Paris com um certo ruielo. Vestia com gosto
dez annos pela força do habito e que acabou
e cuidado apurados. Ornava os dedos com .ni-
em 1847, quando o maravilhoso pianista, ven-
neis .uni-o-, e preciosos e calçava, sempre que
cido pela tisica da larynge, já não era mais
sahia á rua. luvas brancas impeccaveis. As suas
do que uma ruina.
capa-, a- suas bengalas, as suas gravatas er,,m
copiada- pelos devotos daquella romântica ele- Os dois últimos annos de sua vida foram
gancia do tempo, que tão bem c|uadrava com de infinita amargura. A 17 de outubro de 1849,
o typo delicado e cona o caracter sonhador ao cahir da tarde, Chopin sentiu-se morrer. Com-
de Chopin. prehendendo que não veria luzir o sol do dia
seguinte, quiz expirar entre as suas devoções
1 ic-M- modo aquelle artista, eme ao ta-
de arte e os seus affectos humanos. Fez cha-
lento reunia a juventude dos seus vinte e una
mar a s suas amigas e as suas amantes. As ami-
annos. uma grande belleza physica e uma in-
gas vieram. As amantes, não.
superável distincçâo. viu abrirem-S2 para o re-
ceber com toda a honra as portas do., salões Acompanharam o moribundo, naquella noite,
menos .acessíveis dos jaubourgs Saint-Germain a princeza Potoka, a princeza Marceline de Vir-n-
e Saint-Honoré. Pouco depois de chegar era ne, a princeza Czartoriska, madame Solange Cle-
já Chopin o homem da moda em Paris: e singer e Gutman, o seu discípulo predilecto.
assim começou para o grande musico aquelle Antes do alvorecer Chopin pediu á prince-
caminho triumphal que za Potoka que lhe can-
devia ser de perfeita tasse o «Psalmo» de
ventura e que. por obra Stradella. A. princeza,
da fatalidade, foi de im- diante do pianno, cantou,
placável soffrimento até
a reprimir os soluços. As
á morte . . .
outras s-nhoras choravam
Frederico Chopin. que também, de joelhos, re-
inspirava paixões avassal- clinadas sobre o leito.
ladoras ás mulheres mais Quando a vóz da prin-
bellas e- queridas do Pa- ceza Potoka se extinguiu
ris de então: Frederico cona a ultima nota do
Chopin. a quem as suas - Psalmo», Chopin havia
admirad-.«ras recebiam em morrido . . .
sal">es cujos tapetes ha-
viam sido previam ?nte
Anlonio G. di LINARES
AMERICA -

E l l e c o m e ç o u .dni x„ e. n
« cdloo-- m
m ee <* li «» e«,, s e n d o e u u m a « g e m m a ' % nfto
d e v i a e h a m a r - m e ''Clara"»
AMI RICA —

Não procura indagar de onde vens;


trata de ver aonde vais.
BE Al MARCHAIS.
—o—
0 que merece -er feito, merece ser
bem feito.
POUSSIN.
—o—
O homem que tem o tempo diante de
si é um deus.
BATAILLE.

j$S travessias arrojadas

Alain Gerbauli, o teme-


rário sporlsman que reali=
zou a travessia do Atlântico,
sósínho, a bordo de uma
balandra de IO metros.

E ' uma questão impjrtante a de sa-


ber si a civilização não enfraquece nos
homens a coragem ao mesmo tempo
que a ferocidade. Mas os homens civi-
lizados affcctam a coragem pelo respeito
humano e fazem assim uma virtude ar-
tificial mais bella talvez do que a na-
tural.
An ai ile ERANCE.

J
O <p O O V Z~ O <? <? Q V -? Q O O & O O O » Q Q O O Q O O < > 0 0 0 0 < > 0

) V - < r—v

@ âifISf4
Tu, artista revél, na tortura inaudita
Desse tédio immortal, sonhador delirante,
Vives; e em torno a ti, em espasmos, se a&ita
A humanidade, — tôrva e barbara bacchante!
Para a tua alma, a Vida inclemente e maldita
É um inferno maior do que o inferno de Dante!
E o Mundo não comprehende essa angustia infinita;
E ha Alguém que não sente esse amor crepitante!
Soffres. Choras. Por fim. ás alturas elevas
Os braços, na afflicção das titanicas luctas,
E tombas, no amargor de um sudario de trevas!
As tuas ânsias, quem chegará a entendel-as?
— 0' grande soffredor, ó poeta, as pedras brutas
Não podem comprehender o sonho das estrellas...
1923 R O B E R T O GI1.
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\() tem talvez, sentenciou & Seu menino não andava por ahi escapri-
dona, depois de olhar o Üando? perguntou a d°ua, que era já velhota,
doentinho; o que esta crea- mâscadeira de fumo, e muito sabida e.w «coisas
tura de Deus tem é que feitas».
branto. Neste mundo não Andava, «nhora» sim, respondeu a mãe
^^c falta nunca um capeta para do doente.
\\\ atténtar a vida de uma Pois está alai! elle apanheu q u e b r a n t o . . .
(// gente. Algum maligno olhou para elle, e o pobresinho
A cabocla, que j;i esta- está agora p e n a n d o . . . Tem máo olhado, ora
va toda se derretendo no si tem !
pranto d> choro, vendo que -E a dona sabe tirar? perguntou a ca-
o seu «quero bena« perrengava sem geito. con- bocla.
cordou com a donu e contou entre lagrimas
- Saber eu sei, mas aqui naesmn no ar-
que. para o pequeno ficar daquella moda, só
raial tem uma mestra disso.
mesmo coisa feita.
Quem é, inda que mal pergunte ?
Ia crescendo, com a graça de Deus, bona-
zinho deveras e puxando bem o seu angu. Es- A iiá Quiteria do Benedicto, aquella que
tava creando corpo, rodava a casa toda, em- mora no caminho do inunho, assim um tico mais
fina. para encurtar palavra, o pequeno era mes- p'ra riba.
mo «caboclo sarado». E a dena offereceu-se para ir chamar a ben-
Quando no arraial andou a tosse comjorida zedeira, cmquanto a cabocla ficava sentada ao
que foi um disparate, o damnado do menino pé do catre, onde o filho, caboclinho de seus
não teve nada. Brincava no brejo, quando o quatro annos, gemia baixinho de barriga para
sol estava de queimar como labarela, e nunca o ar, devorado pelo febrão.
apanhou uma febre, e até parecia que nem i O pae andava pelejando na roça para ga-
sezão brava da beirada do rio, na baixada das
nhar seus cobres.
águas, podia com elle.
Cona pouca duvida chegaram a dona e siá
De um par de dias para cá, pegou a fi-
Quiteria. atabafada num chalé, porque também
car assim só no canto, tremendo com uns ar-
não estava boa nem nada, cona umas saffocações
repios como no tempo de geada, em que o
que não a deixavam dormir.
frio urra numa toada: perdeu o «appetite de
comer» e achava tudo enjoado. 'Tou mesmo una caco, observou rindo,
mostrando as gengivas murchas.

C
Catarrhão não era.
Entrou no quartinho do doente. Siá Quiteria
Levou o pequeno a seu Chico boticário,
olhou fixe para o pequeno, palpou-lhe a barriga
que mandou dar azeitinho. que «estava que nem um tambor», e concordou
Foi uma campanha! O menino berrou como que era quebranto e dos brados».
um marruá, que não queria beber essa «por- -Mas olhe, disse dirigindo-se para a ca-
queira», mas, afinal, tanto engambellou, que bocla, não pegue a se arreliar dessa moda;
elle virou uma golada. com a graça de Deus, o pequeno não escan-
Qual! ficou assim mesmo, todo encorajado goteia ainda desta v e z . . . Eu tiro o que o
na cama e com uma canseira nos peitos como maligno botou no corpo delle e fica fechado
a dona estava vendo. p'ra sempre.
Voltou na botica, e szti A cabocla sorriu triste-
Chico disse que não era mente, esperançada da pro-
nada e achou que o gumi- messa da dona, que se
lorio cortava o mal de mostrava tão serviçal.
uma vez. Xão vê! Siá Quiteria desamarrou
— E o coitadinho de o lenço grande de rama-
Deus está ahi desse modo, gens e tirou de dentro
que é de cortar o roira- três raminhos de arruda;
ção, terminou a cabocla - enfiou um delles num vi-
muito agoniada, limpando drinho de a/cite doce, fa-
os olhos na ponta do pa- zendo três cruzes sobre
letó. o d n e n e , borrifando-o e
rezando & meia \o/. rosou fora os ramuihos lia de vêr que aquella c.mseiia passa num
e. depois, muito grave, pe.liu um fogareiro. átimo... Mas. foi um quebranto dos diabos p ra
A cabocla, muito espantada, disse que não riba!
tinha isso, mas .1 dona deu logo um pulo i E u b e m talei, a t a l h o u a dona, que nunca
casa e trouxe um com umas brazas muito vivas. falta capeta n e s t e m u n d o p a r a altentar uma gente.
Sobre ellas, siá Quiteria jogou benjoim, incenso Até amanhã1 Ponha seu coiiaçào» no
e .dl.i/em.i. saindo a defumar os quatro c ali
quieto. .' q u e , com a vontade de Deus, não li i
tos do quarto para botar para fora quebranto»
de üssuceder nada de mil ao pequeno.
veiu depois defumar o doentinho, que g-m-u
mais alto, >ng rizido com a fumaça. Saíram as duas velhas da casa de sapé
Vos estalidos das brazas, siâ Quiteria re- do caboclo.
zando, s irriu contente explicou que era a «por- () a r r a i a l i n o d o r r a v a ao sol d e d u a s h o r a s ;
queira que. e s t a v a sain Io n a s m a s .. c r i a ç ã o ciscava, c n a s a r v o r e s can-
A dona, mãos juntas, s -ntad.i num tambo- t a v a m os p a s s a r i n h o s , f u g i n d o ao r i g o r da c a l m a .
rete, rezava também, acreditando que ,. coisa Então, o pequeno como vae? perguntou
feita ha\ i i ile acabar. o Nico, lá de dentro da tenda tio sapateiro.
Inda tenho de voltar dois dias, aceres- á s'â Quiteria.
centou a benzedeira. Veja li: não carece Ass!m... E' quebranto brub >! respondeu
você estar nessa paixão tola, o pequena inda i v,lha.
ha de p e s c a r m u i t a piaba lá n o corgo q u a n d o m a i s
(i Nico sorriu descrente, achando uma bo-
g r a n d i n h o . Bote isso n o p e s c o ç o d e l l e : é figa
bagem; para elle não tinha que vêr o
d e G u i n é e q u e r o vêr qual é o i n i m i g o q u e
p o d e COm ella.
in nino estava carecendo de tom ir «lombrigueiro»,
No quartinho, o enfermo agonizava lenta-
Fez m e n ç ã o d e se r e t i r a r ; m a s cabocla,
muito a g r a d e c i d a , q u i / p o r força q u e ella to-
mente: presa numa fitasinha encarnada, sobre o
inass - um cafésinho coado d<- cagorinha mesmo». peito descarnado, já se ostentava a figa que
Eu fico obrigada, disse a benzedeira, ->, /. siá Quiteria havia dado.
para outra vez. Vá para perto do pequeno... Azevedo J I X I O R

OS IPAJFtGiTJES Xs^COIDEEtlSrOS
Una lindo recanto de parque silencioso e tranquillo onde uma plantação de peonias,
surgindo no mysterio das moitas, parece um cortejo alacre
em saudação á Primavera
A S P E C T O S DO P A I Z
Uma vista da praia José Menino, em Santos, tomada de um avião
Q ç o O d> O Q ~ Õ ~ Q o o o o o o o o~7>~õ~<> o o o o o o o o o o o o o o
^•••••••»

z&a AO CAVALLEIRO DO RAIO.

O h l J >eslVa!da o p e n d ã o , s e n h o f d o s v e n t o s !
J{l'ílllCl«' O S IVaillíislíCS I W u U l OS itíitlllI)01'OSl
E , mergulhado entre bulcões e açores,
d e r r i b a o s g r o s s o s m u r o s cios c o n v o n t o s !
iRacha a l b a r r a n s ! N o s feudos e v e r s o r e s
dos* m a i s r u d o s C a u d i l h o s t r u c u l e n t o s ,
d e s a b a si v o z t i o s q u a t r o f i r m a m e n t ô s ,
dlerrúe I o d a s sis c r a s t a s e | ) o n d o r o s !
L e v a as aldeias e os carvalhos, tudo
que puderes, no arranco, levantar
s o b r e si eoátieha t e r r í v e l dess*e e s c u d o !
L e v a ! E , ao sumir das trompas, ao calar
d o s t e u s g u e r r e i r o s n o Infinito m u d o ,
p l a n t a o l>alsão d o a r c o - i r i s s o b r e o m a r !

PADUA DE ALMEIDA
n// RICA -

E S T U D O S D E R Y T H M O
" A. d a n s a " , pose das dansarinas Marion Morgan.

A T1SSÂS1ISA VIDA
•J&
ÃO sabemos comprehender que em toda existência sibilidade de amar e de querer esquecem-se demasiado das
ha alegria e dor e que ambas são necessárias á dores materiaes da existência. Ha sem duvida pezares vagos
harmonia universal e á formação de almas. À fe- e complicados cuja elegância e distincção arrebentam os
licidade — que imaginamos em nosso sonho de vida supe- jovens que andam em busca de sensações reras e as lindas
rior — nunca é completa, e mesmo que a possuíssemos, senhoras ávidas de emoções refinadas; mas que são elles
breve nos fatigariamos delia, porque, segundo um profundo em face das tremendas misérias da inquieta humanidade a
pensamento de Maurice barres, ha uma cousa superior á procurar a luz entre as trevas invasoras e a lutar, pela sua
belleza : é a variedade. No dia em que ninguém mais accei- incerta durabilidade, contra a pobreza, o abfndono e a en-
lar o seu destino, o mundo saltará. Mesmo pobre e aban- fermidade ? A verdadeira vida não é a vida artificial e vã
donado, ninguém deve desesperar, porque não ha desgreça dos fantoches psychologicos que limitam o universo ao es-
completa e definitiva, como não felicidade absoluta. Tudo tudos dos seus pequeninos tédios iníimos e derramam, s o -
se entrelaça, tudo se attenúa, e a vida não é nem tão bôa bre a multidão de desgreçados que elles desdenham a sua
nem tão má como julgamos. piedade de dilettantes.
Todos os livros modernos cuja psychologia pretende
denunciar o mal do pensamento e a nossa dolorosa impos- Honrj B O R D E VI \
AMERICA -

L
O N T R A a crença geral Reniero Dozy, veio decalaindo desde o Califado de CorJova,
em Histor.a d:s Musulinanos da fastigio da sua perfeição e espiritualidade. Da-
Hcspanha, r.ega a imaginação dos quella maravilhosa civilização só conserva o or-
arabes->. O seu sangue, diz elle, gulho da procedência. Muitos mouros de Tetuan
é mais impetuoso e férvido do que o nosso, são conservam com amor, secretamente, as chaves da
mais fogosas as suas paixões, mas elles for- casa de Cordova ou de Granada.
mam o povo menos imaginativo do mundo.» O viajante a principio é deslumbrado e
E accrescenta que em religião não tive- confundido pela côr do ambiente, pela sensua-
ram mythologia. nem epopéia em litteratura. lidade do costume, pelo fanatismo de uma re-
A sua religião é «a mais -,simples e a ligião exterior.
mais isenta de mysterios». Os poetas «descre- Pareceria que o arabe desenvolveu as suas
vem o que vêm e sentem, porém nada in- demais qualidades para oceultar a sua falta de
ventam.» essência imaginativa.
Os contos fantásticos das Mil c uma noi- Si essa raça tivesse imaginação seria a mais
tes são de origem persa e india. Só têm de perfeita c a mais poderosa do mundo.
árabe o real. o costume e a anecdota.
A anciã g u e r r e r a , o seu maior atavismo,
O primeiro olhar do \iajan'.e encheu-se de
desapparece cona a civilização. A guerra se con-
luz e de côr. E pensou erroneamente que se
verte em uma imposição de cultura c de com-
achava diante do povo mais imaginativo do
mercio. Na retaguarda do imperialismo inglez
mundo.
ou allemão vão os navios mercantes e os oro-
Depois, no emtanto. meditou sobre essas fessores.
palavras de Dozy e achou-as verdadeiras. O sol
Essa raça tem, como nenhuma outra, em
provoca a sensualidade, o «colorismo», a reli-
alto grau, o senti io da arte, -o epieurismo
gião apaixonada. O homem dos paizes brunao-
para a vida, unaa simples e ardente fé.
sos é mais imaginativo e a sua religião t t m
um mysticismo d?licado. E m qualquer outra o artista, o sybarit.i,
o religioso, são casos isolados, homens predi-
Dahi o ter o gelado paiz escandinavo crea-
lectos.
do a potente mythologia dos Eddas c o não
Os mais toscos artífices bordam primoro-
possuir a Arábia de sol causticante nem ru-
samente com fios de ouro e de prata; pintam
dimentos de mythologia.
com muito bom gosto um ttifor, estampam de-
Talvez haja cases particulares que consti-
licadamente unaa carteira de
tuam excepção, apezar de não ser possível a
couro, a eiacadcrnação de um
existência de uma palmeira nos gelos do Norte,
livro; tecem luxuosos tapetes,
ou de una iceberg sob o sol do Sahara.
luminosas s?das de cores.
A raça árabe é antes contemplativa. Os Mas reproduzem continuida-
mouros fumam durante horas inteiras os seus mente um archetypo', um mo-
enormes cachimbos de kif, em que ha arabes- delo.
cos lavrados, e ficam-se a contemplar as vo-
Talvez 0 Proph li II.es hou-
lutas aromatícas. Admiram silenciosamente uma
vesse- prohibido a reproducção
bella paizagem. falham a rua vistosa acocora-
da figura, humana, não tanto
dos, arrímados a uma parede.
para e v i a r a idolatria, mas por
Ao vel-OS assim, imaginar-se-ía que elles es- haver notado ausência de ima-
tão a meditar ou a imaginar; no emtanto elles ginação na sua raça.
estão apenas em Icthargo. A visão e a idéa não Por esse motivo o artífice
lhes passa dos olhos adormecidos. mouro carpinteiro, ferreiro,
O kif, o hachish, o ópio, excitam a ima- tecelão, reduziu o ornato
ginarão do europeu, enchem-lhe o cérebro de das suas obras a motivos geo-
imagens de fantasia. A um árabe só causam métricos.
sornno. o próprio architecto nada
Imaginação parece o synonimo de evolu- imaginou. Dahi a uniformidade
ção. A raça arabe não evolue. tAo contrario, da cidade. 0 construetor faz
AMERICA -

os p.iMincntos com mármores nrancos e negros sua religião, diz muito tem Dozy, t
axadrezados ou com miúdos mosaicos de cores; o mais simples e isenta de nu sterioa
põe ladrilhos ,is escadinhas que vão de uma E por isso o Korão menos um livro
,i mura habitação, nos \ãos das janellas e das de regras espirita,ics do que um livro de IIOI
portas, nas columnas; estuca os te:tos cona ver- mas ile proceder na vida.
sículos do Korào; 0 carpinteiro, por sua vez, Assim, por exemplo, exige o Koiào iO'
construirá os seus lavores pintados, as portas crentes, quando tiverdes de (azei a oração, li
em fôrma de ferradura, e sempre 'do mesmo vae o rosto, e as mãos ali- aos COtOvelloS; Btl
modo. xugae a cabe,a, e os pés até aos tornozelos,»
Os themas da arte mourisca S3 reduzem, No enorme território islâmico ha dilatadas
portanto, a complicadas geometrias de cores. A regices sem rio, nem poço, nem manancial. O
geometria artística alcança entre os árabes um Propheta previu es'.e facto, ordenando que si
intenso desenvolvimento. Seria interessante, dado os beduinos não tivessem água, poderiam c ,
o seu instineto congênito, imaginar até onde che- fregar o rosto e as mãos «com areia fina e
garia a arte do arabe sem i coacção religiosa. pura.»
Seria uma apotheose de côr. embora reprodu- A única promessa que se faz aos que
zisse a vida tal qual é. cumprem esses mandamentos ê o Paraíso, um
<> arabe. dizíamos, é também um sybarita. jardim «irrigado por muitos córregos» e em
Gosta de (,avalies csbcltos, de mulheres for- que ha «virgens de olhos honestos».
mosas, de jardins, de cores, de musicas de simi- Para o christão c o buddhista ha um
ptuosidades, mas exclue cio prazer to Ia tdeali- Além illimitado e innumcravel que não se chega
dade. a descrever.
( 1 europeu intensifica o prazer <) beduino devia ser o homem
pela imaginação. O arabe busca a mais religioso dessa raça, por-
imaginação pelos grandes e nu- que para elle. symbolo da sole-
merosos prazeres, isto é. exlráe dade, um regato ou uma virgem
uma gotla de e s.-ncia de uma seriam a felicidade completa.
braçada de rosas. E no emtanto! é o mais soept co.
Ama i vida com epicurism O arabe sedcn'ario, mesmo que
como si nada esperi-s • do Além poss t conseguir na vila o prazer
depois ila m ute. < > jardim '• " prometlido, refugia-se no mysticis
Paraíso que lhe- prometle um mo para augmentar a mollicia.
c intinuado prazer exaltado e inel Tive oceasião de ver es:a cida le
favel. no Ramadan, o mez do jejum
E não é somente o homem da e da abstinência.
cidade que se rodeia de magni- E observei a rigor com que se
ficencias, mas até o mais rude guardavam os preceitos prophe-
montanhez. ticos.
E ' na niinuc a. no detalhe, que Durante o mez ile Ramadan,
que se vê a fina sensualidade o arabe jejúa todo o dia e so-
dessa raça.
Í Mesmo no café mais immundo
ha sobre as sujas mesas de
mente pôde comer entre o ocea-
so- e a aurora.
O homem um pouco descrente
madeira um grande ramo de flores. De vez admira essa constância na fé.
em quando acerca-se delle, para aspirar-lhe o
perfume, algum mouro miserável. E pensa em si ;. civilização não enfra-
Nesses cafés os mouros montanhezes pas- queceria essa fanática e ardente fé. Porque os
sam horas a combinar simples harmonias cona mouros que estiveram em Paris ou em Madrid
as duas cordas do guembri. Si 'elles tivessem já não guardam com tanto rigor o Ramadan.
imaginação, não lhes bastariam duas cordas para Si o arabe tivesse sobre essas qualidades
desenvolver a sua fantasia musical. a imaginação e perdesse o seu instineto cie
A' excepção do mendigo que extende a feroz individualidade, seria a raça mais poderosa
mão ou o prato de cobre, vestido com an-
e perfeita.
drajos, que é igual em todos os paizes, o
mouro mais humilde da cidade veste com cui- Corrêa - C^X^ÜEKO> T

dado e limpeza trajes de cores claras. E me- Tetuan (Marrocos).


lhor resaltará o seu sybaritismo, a sua sensua-
lidade no vestir, si o compararmos a outra raça
isolada no seu bairro, os hebreus. que vestem
uns raros e tetricos balandráus cheios de man- ^
chas de óleo e de cera.
AMERICA

U M proprietário inglez recém-fallecido, a quem


sobrava dinheiro e faltavam parcnlts dignos
de attenção. deixou em seu testamento uma
boa parle da sua fortuna deslinada á instituição de
um prêmio, muito importante e pouco vulgar, que
será concedido, annualmente, á «mulher ideal».
Si no legado não se especificassem mais con-
dições que esta, a missão das pessoas encarrega-
das de outorgar o prêmio não seria extremt mente
difficil: porém o inslituidor do prêmio, solleiião
empedernido, linha, desgraçadamente, suas ideas so-
bre o que se pode chamar uma 'mulher ideal...»
E assim estabeleceu no testamento a serie de
qualidades que devem reunir as candidatas, quali-
dades estas que difficultam de uma maneira feirivel
a administiação do legado e que sco as seguintes'.
«A mulher ideal deve:
Ter menos de 30 annos.
Não ser casada.
Não ser fiiha de primos irmãos.
Ser alegre.
Saber menfar a cavallo.
Saber nadar.
Ser capaz de ler filhes sãos e de tratal-os
convenientemente.
Conhecer Historia.
Saber Geogrephia.
Possuir noções de Anatomia e PhysiologV
Conhecer a fundo a economia domestica.
Haver lido e comprehendido a obra de S h a -
kespeare.
Ser leitora assídua do 'Quixole» e dps novel-
las de Dickens.
Conhecer a obra litteraria de sir Walter Scott.
de Kipling e de Slevenson.
Não ignorar Carlyle nem o Americano Wall
Whifman, nem o escossez Roberto Burns.
Haver lido a 'Feira da Vaidade», de Thaike-
ray e os "Prazeres da Vida , de Lubbock.
Haver estudado e saber commentar a Bí-
blia.-
Como vêm, a esta mulher ideal, a quem se
suppõe preparada parn ser fambem esposa ideal,
pois que se lhe exige capacidade para ter filhos e
(rafal-os convenientemente, pedem-se muitas cousas
que de modo nenhum podem conliibuir para fazea
a felicidade do marido c a'gumas que seguramente
fariam a sua desgraça.
] 0 prêmio ora instituído, em Londres, paro a
"mu. her ideal > seria cousa admirável c digna de
ser '/rifada em fodos os paizes, se fosse um prê-
mio sem condições, ou ao menos com as tondições
que proptje mestre de La Fouchardíère:
« . . . será considerada mulher ideal a que for
capaz de offerecer a seu marido um bom beijo pa-
ra despedil o pela manhã, e uma boa ceia vares rc-
cebel-o á noite.»
A. d. de LINHARES

o
Três « r a p a r i g a s ídeaes» p r e m i a d a s
p o r u m g r a n d e d i á r i o de P a r i s , s e m
m a i s oondieões q u e s e r e m bellas
e i o a s . . . P o r q u e e s t a e «raparigas
ideaes» n ã o o o n h e c e m Historia
nem oornprehendem Shakeapeare.

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1
- AMERICA —

CATECISMO
(EJrt-A-Ca-JVIEISrXO) |

TLIRBA juvenil dos alumnos marche desencontrado, cona paradas bruscas para se
do catecismo era recruta- resolver unaa questão entre dois meninos que se
da, de rasa em casa, por disputavam o lado de fora da calçada ou para
devotas diligentes que, á esperar o fedelho tresmalhado que lá ficara,
frente do batalhão de fu- á esquina, a amarrar os cordões do s a p a t o . . .
turos soldados do Senhor E a caminhada proseguia. Adiante, razia-
(e quantos desertores!) se de novo alto ena frente ide outra casa de
se dirigiam á igreja com aspecto rebarbativo. Batiam-se palmas. Uma cria-
um aprumo de caudilhos, a balouçarem sobre da negra assomava ao flanco do prédio, lim-
o peito murcho a sua insígnia pendente de pando as mãos ao avental, espiava estupida-
uma fita roxa enlaçada ao pescoço. nacnte, interdicta; depois eclipsava-se. Decorriam
Á hora do termo das aulas dos collegios minutos. E de súbito, abrindo uma porta com
leigos, ellas sahiana a arrebanhar os pequenos estrondo, sahia da casa feia e carrancuda, como
legionarios. num trabalho farigante, serviçaes para una lepidoptero da crysalida, uma menina gra-
com Deus, com os sacerdotes e cona os pães ciosa, cona os cabellos cacheados, um laço pe-
dos catechumenos. E r a a hora em que as crian- tulante pousadoj sobre a cabeça como uma gran-
ças, pela prolongada reclusão numa sala de es- de borboleta rubra. E vinha, sorridente, no
cola, ás voltas com estudos complicados e mui- curioso e bamboleante passo infantil, que choca
tas vezes fastidiosos, fizeram jus a uma liber- um contra o outro os jojlhos; descia como una
dade plena, ao ar livre, nas tardes lindas da passarinho, saltitante, os degraus da varanda,
nossa terra, onde pudessem dar expansão á sua empunhando o seu catecismo encardido; e mis-
turava-se no grupo, acolhida entre murmúrios e
alegria natural, como os pássaros a que basta
afagos.
espaço e um raio de sol -para que desfiem
das minúsculas gargantas o rosário dos seus gor- O bando engrossava sempre. Faziam-se vol-
geios dionysiacos. tas estafantes pelo centro da cida-
É conhecida a alacridade com que de, contornavam-se os longos quar-
as crian;as deixam a escola, dissemi- teirões, em marchas e contra-mar-
nando-se ruidosamente pelas rua?, de- chas intermináveis. De caminho, as
pois das horas de circumspecçâo im- crianças contendiam por um objecto
postas pelo estudo. Cantam, com o achado nas calçadas, uma figura de
seu riso franco, o epinicio da liber- carteira de cigarros, unaa ponta de
dade reconquistada, o hymno espon- lápis ou qualquer fragmento de me-
tâneo que rompe de mil peitos inc;n- tal. Á porta dos armazéns apanha-
didos por um sangue novo. e que vam-se mancheias de grãos de milho
rola por mil boceas soffregas de vida, que eram roidos por desfastio. Me-
a marselheza que os impelle ao assal- xia-se com os cachorros nos portões,
to das arvores, na conquista dos fru- para provocar alarido. Subitamente,
ctos tão amados . . . nova parada, novo companheiro para
as fileiras. Até que se chegava ao
Mas vinha a senhora do catecismo poial do templo. Entrava-se. O con-
e consumava-se o esbulho. Largava-se traste da penumbra com a luz de
ás pressas sobre a mesa o livro de fora desgostava una pouco. Mas os
leitura, engulia-se rapidamente uma aspirantes á gloria celeste eram dis-
merenda; e, tomando do Catecismo tribuídos promiscuamente pelos ban-
da Doutrina Chnstã, <> recruta con- cos, no meio de uma confusão bas-
fundia-se no grupo que, impaciente, o tante ruidosa para ser uma irreverên-
esperava á porta. Adeus, jardins e ar- cia . . .
vores, e areias das praias I O bando
Para quem olhasse de longe
rompia, a d ó s de fundo, num marche-
- AMERICA -

do alto, a nave cheia do bando alacre de


crianças vestidas de cores variadas e 'com as
suas cabecinhas inquietas tinha o aspecto de um
: :
• •
OS PRECURSORES OÀ TLLEGRAPHIA
theatrinho infantil. E imaginava-se que OS deu
ses no altar mór, como num palco, iam re- Â o mundo antigo havia procurado ex-
presentar qualquer farça bem-humorada aos seus
pequeninos espectadores.
J pedir mensagens mais rápidas do
que pelo systema de portadores, Nas
Nd triste scenario do templo a criança jo- circunstancias importantes, accendiam
vial fica deslocada. E não cabe a alegria dos se á noite, sobre morros, ile distancia em dis
que vPm para a vida, cheios de enthusiasmos, tancia, varias fogueiras para a transmissão de
no ambiente funereo consagrado ás meditações noticias. Empregan.lo-se alguns archotes que ar
sobre a Morte . . . d iam em maior ou mvnor tempo, chegava 9 !
Apezar da severidade soturna da igreja, o m sino a compor phrases. O autor Polybio, que
pensamento infantil era levado irresistivelnacnte viveu mais ou menos etaa 150 antes de Christo,
para fora, para a cidade que !se agitava ao indica um systema engenhoso e complicado. Pu-
sol como uma ave que arrufa as pennas e se nha-se sobre morros vasos cylindricos exacta-
delicia á luz acariciadora. Vinha á recordação dos mente iguaes, graduados, sendo que cada grau
reclusos a liberdade das creanças correspondia a unaa phrase a trans-
encontradas pelo caminho, a brin- mittir.
car despreoecupadamente, livres da Ksses vasos erana cheios dágua e
seca formidável do catecismo, da ao primeiro signal tlado por um ar
beata e do padre melífluo. E um chote, abria-se as torneiras. Quando
fastio immenso, que a companhia das o posto transmissor apagava o ar-
outras crianças não era bastante para chote, o outro abri 1 as torneiras e
minorar, enchia a alma do catechu- só restava ler a phrase transmiti ida
naeno, forçado a supportar três vezes pela altura do nivel dágua.
na semana essas aulas sem sentido, Os gaulczes, para annunciarem de
a. ouvir, diante de fileiras de san- Orlcans aos seus irmãos de Auvergnc
tos immoveis como personagens de um massacre de romanos, collocaram
una mundo petrificado, a vóz do- homens de distancia em distancia. A
lente e mysteriosa de um sacerdote, noticia foi recebida no logar de des-
interpretador lilteral de symbolos tino, de vóz cm vóz, na mesma
ora suaves, ora terrificos, que se tarde. Foi esse o processo que se
baralhavam e perdiam na univer- empregou de Saint-Germain a Pa-
sal incomprehensão dos seus tenros ris para annunciar o nascimento de
ouvintes. Luiz. XIV.
Oh! como exultavam quando, numa O verdadeiro telegrapho por si
tarde de catecismo, ainda no colle- gnaes, que permitte transmjittir ra-
gio, viam formarem-se sobre a lim- pidamente qualquer phrase, data de
pidez do céu grossos bulcões que Chappe que, a 22 de março de
subiam pelo azul como unaa cathedral 1792, expôz o seu systema á Con-
que crescesse milagrosamente! Pas- venção. Consistia tal systema em col-
sava-se um tempo. E de repente locar sobre eminências torres em cujo
troava, longínqua e surda, a arti- topo um mastro, munido de três pe-
lharia grossa precursora da violen- ças de madeira, podia dar cento
ta fusilaria das gottas d'agua. E ao soar das e noventa e seis signaes differentes. Com esses
três horas, sob um céu plúmbeo e aterrador, apparelhos, uma mensagem de Toulon a Paris
sahiam da escola em fuga, como os habitan- (840 kilometros) gastava nada menos de . . .
tes de uma cidade ameaçada de invasão e dis- quinze dias!
persavam-se pelas ruas, entre nuvens de pó e
com as vestes batidas pelas rajadas, rumo ás wjÊfrwmrarwjmr/mrmn

casas, esgueirando-se sob os beiraes, ao abri-


crianças podiam tranquillamente oecupar-se, jun-
go dos primeiros pingos grossos que prece-
to ás vidraças fustigadas pelo aguaceiro, dos
diam as bategas, como os batedores do liquido
seus ingênuos brincos — os castellos de ar-
exercito.
mar, as bonecas esgrouviadas e estrábicas e o
Nessas tardes em que. até ao cahir da povo enorme das figuras de papel recortadas
a tesoura, molles e retorcidas como numa dan-
noite, o trovão rolava victoriosamente pelos céus
sa epiléptica...
subvertidos, secundado pela carga cerrada das
chuvas fortes, não havia catecismo! E as S. F.
- AMERICA -

O 50.° anniversario da machina de escrever 1


1EL á memória dos homens que crea- escrever celebradas naquella cidade, cm Setem-
„, ram a sua prosperidade econômica, bro ultimo, sob os auspícios da Herkimer County
a Norte-America celebrou ha pouco Historical Society, que fez erigir um monumen-
o 50.0 anniversario da entrada em to a Christopher Latham Sholes na sua cidade
circulação do primeiro modelo commercial da natal.
machina de escrever. Sob o ponto de vista econômico, sinão sob
Sena duvida, muitos brevets de machinas o itatelle.tual, a invenção da machina de escrever
de imprimir ou de transcrever successivamentc pôde ser comparada á invenção da imprensa.
as lettras como na escripta haviam sido toma- Ha milhares e niilhares de operários em-
dos jaor inventores antes da venda das primeiras pregados, no Antigo e no Novo Mundo, na cons-
typ: writng michnes construídas em 1873 por truccão de machinas de escrever, cujas marcas
Latham Sholes. conhecidas são mais de tresentas, conforme a lista
O primeiro em data foi o engenheiro in- dos Typewriter Top cs.
glez Henry MUI (1713), mas o seu apparelho Calculado numa média de dez o numero
ficou apenas em theoria. O americano William ile series lançadas por cada uma dessas 300
Burt, em 1829; o francez Xavier Projean, em marcas, teremos cerca de 3.000 modelos existentes.
1833; o americano Thurber. e o francez Fou- A maior parte das marcas afamadas se gaba
caud, em 1843; o s americanos E d d y e Hu- de ter posto ena circulação um milhão ou dois
ghes, em 1850; Jones em 1852; Thomas, ena de machinas; de maneira que se pode calcular
1854; Beach e John Cooper em 1856, todos em mais de 100 milhões o numero de machin s
construíram machinas de imprimir caracteres, mas de escrever actualmente existentes no mundo in-
nenhuma dellas podia pretender substituir pra- teiro.
ticamente a escripta corrente. Quasi sempre o pessoal empregado na da-
A Erancis Printing Machine, primeira ma- ctylographia é feminino. Pode-se pois imaginar
china de teclado análogo ao do piano, data de que r c o l u ç ã o nos costumes se effectuouj no curso
1857. A House Typewriter, de 1865, foi a pri- dos uhjjmos vinte annos, por motivo dessa absor-
meira machina de cylindro movei. Deve-se mencio- pção crescente de mão de obra feminina .pelas
nar ainda a Peeler Writing and Printing Machine, administrações publicas e privadas, pelo commer-
americana, de 1866; a Pterotype John Pratt, de cio, p.do banco, pela industria . . .
1868, e a Pastor HanSen Schreilbkugcl csphe- Cincoenta annos bastaram á machina de es-
rica de 1872. crever e ás suas cognatas, a machina de cal-
Realizando uma synthese feliz de todas es- cular, a duplicadora, a linotypo, e t c , para con-
sas tentativas, Christotpher Latham Sholes tor- quistarem o mundo. Como negar, diante de tal
nou-se o verdadeiro creador de uma industria facto, a rapidez do progresso scientifico e in
destinada a enriquecer a Norte-America, a trans- dustrial que subverte e subverterá cada vez mais
formar os methodos commerciaes, a fazer viver as condições econômicas e sociaes da vida?
no mundo inteiro milhões de dactylographos e a
revolucionar mais tarde a imprensa pela lino- M. P.
typo.
Os primeiros modelos de Sholes, 0 D • D • a • D
brevetados em 1868 e cons- J^ i^
Todas as idéas claras são verda-
truídos em 1873, acham-se no
Smithsonian Institute de Was- deiras.
hington. Uma photographia tirada
Descartes
em 1872 representa a filha do
inventor assentada diante de um Â^LÊÈL • (l destino de muito homem
dos modelos por elle construídos.
Sholes era natural da cidade de depende de haver ou mão uma hôa
Ilion, no Estado de Nova-York. bibliotheca na casa paterna.
áÊÊ 1 ^^L
Miss Sholes, actualmente Mis-
De Amicis
tress Charles L. Fortier, assistiu
com o seu marido ás festas do tajB>__^J.^Íf4B_^jL__
D • a a a D a
50.0 anniversario da machina de

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Sapatilhos, Gatos Singelos e Dobrados, Âncoras, etc.
O c i n e m a n í l o nisiiss s e r á mudo

O sábio americano Lee de Eo- ção — e essa anaplificação c evidentemente mui-


rest, inventor da lâmpada e.audion», to grande quando se trata de fazer falar um
fez, depois de quatro annos de pes- film numa sala de espectaculos - tanto mais
quizas, umi descoberta considerável: importância tomam esses ruidos adventicios em
a da photograph.a dos sons, graças relação aos sons musicaes.
á qual fica def n tivamente resolvido *
o problema do < cinema falado». Nes- Esses inconvenientes lançaram os pesquiza-
te artgo René Brocard expe os in- dores noutra via: a da photograplaia dos sons
sultados dos trabalhos de Lee de Eo- e da sua reproducção por meio da pilha olioto-
rest. electrica.
Infelizmente o processo photographico, ape-
I ITOS foram os que intentaram curar zar dos seus animadores resultados, não sahi-
a Arte Muda da sua enfermidade. ra aiaada do laboratório, quando recentemente de
Léon Gaum c nt. tão s r a n d e sábio quan- Forest, o celebre inventor do audion, apresen-
to grande industrial foi una delles tou ao publico o resultado das suas investiga-
e talvez o primeiro. Foi com effeito ena dezem- ções.
bro de 1910 que elle fez apresentar á Acade- De Forest adoptou o processo photogra-
mia de Sciencias. pelo professor d'Arsonval, um phico mas, no inicio dos seus trabalhos, assen-
apparelho graças ao qual este poude escutar tou una certo numero de princípios determinan-
a sua própria conanaunicação á douta companhia, do as condições a que devia satisfazer um sys-
ao passo- que na tela apparecia a sua imagem tema de cinema falante para ter um suecesso
lendo essa conanaunicação. commercial. Esses princípios são os seguintes:
Infelizmente o registro vocal ou musical 1.1. Preliminarmente, de Forest pensou,
por meio do phonographo mal se podia fazer com razão, ser necessário registrar simultanea-
ao mesmo tempo que a photograplaia da scena, mente as imagens e os sons num film de lar-
não. como se poderia suppor. por causa do syn- gura normal, afim de evitar o fabrico de ap-
chronismo a estabelecer (este synchronismo não parelhos especiaes ou a modificação, que aliás
apresenta aliás grandes difficuldades) mas por- parece impossível, dos apparelhos actuaes.
que o phonographo não podia ser collocado suf- 2." Que era preciso restringir-se á ve-
icientemente longe dos actores para livral-os de locidade normal da projecção.
uma sujeição de que o seu jogo de scena fa- 3." Realizar dispositivos de registro c
talmente se resenti- de reproducção tan-
ria: a de ficar to quanto possível
muito perto da isentos de inércia.
trompa. de e x a g g e 4.0 — Imaginar
rar a dicção e a una microphono s u -
articulação da vóz; ficientemente sensí-
ena uma palavra, vel para ser collo-
d : representar para cado a uma razoá-
o phonographo. vel distancia do
Emfim, apezar actor ou da fonte
dos aperfeiçoamen- sdnora, de modo a
tos reaes de que ficar fora do cam-
foi objecto, o pho- po da objectiva e
a não constituir
nographo ain d a
para o actor uma
hoje não está isen-
sujeição penosa c
to de ruidos adven-
capaz de compro-
ticios e principal-
metter o seu jogo
mente o ruido pro-
de scena.
vocado pelo a tt ri-
to da agulha sobre 5.0 — Conseguir
o disco. Ora, o re- que a reproducção
CURIOSIDADES DE M O N T M A R T R E seja tão bôa (ou,
s u l t a d o c que,
quanto mais se am-
' L e Lapin A g i l e ' um lindo recanto do famoso bairro, que é ao mesmo tempo o refugio si possível, me-
preferido pelos seus poetas e bohemios. lhor) como a das
plifica a sua audi-
AMERICA -

audições phonographicas e sufficientemente for- O apparelho lem tal sensibilidade que pôde
te para -er ouvida em todos os pontos d is ma- ser collocado a uma distancia sufficientemente
iores salas de espectaculo. larga dos a d o r e s ou dos iust nimentos para qui-
6.0 Registrar os sons ., una canto do nada appareça na pellicula exposta simultânea
film bastante estreito para não reduzir sensi mente.
t/elmente ., dimensão das imagens. Isto signi- As correntes telephonicas geradas pelo mi
fica que o registro photographico dos sons deve crúphono são evidentemente de muito fraca in
ser tal que a largura ou a amplitude dos tra- tensidade; mas consegue-se amplificai as vários
ços seja constante. Para isto milhares de vezes por meio
é preciso que as variações ile uma série de amplifica
sonoras sejam interpretadas dores de lâmpadas (esta
photographicamcnie. não por Lâmpada é o audkm e vere-
linhas de differentes dimen- mos, a seu tempo, que só
sões, mas de igual com graças a t l l e ponde ser n a
prinaento e mais ou menos lizado o film falante). K'
cerradas. Ena outn s termos, preciso, com effeito, que el-
o registro luminoso deve to- les possam chegar a mo-
mar a forma de braços pa- dular uma corrente alterna-
rallelos que risquem toda a da de alta freqüência for-
largura da faixa a elle re- necida também por una au-
servada, traços e-ses extre- dion, mas, neste caso, por
m imente finos e sempre per- um audion gerador de on-
pendiculares á direcção em das. Essa corrente de alia
que corre o film.
freqüência atravessa um pe-
E ' claro que estabele- queno tubo cheio de uni
cer princípios é uma coisa gaz judiciosamente escolhi-
c outra achar o meio de do, chamado photion, se-
applical-os. De gundo uma sug-
Forest e os seus gestão do pro-
collaboradores Lt fessor Wood.
gastaram, com
effeito, mais de Essa lampi-
quatro annos de pada photion ê
esforços ininter- collc cada no in-
ruptos para terior do appa-
preparar o pro- relho de projec-
cesso que vamos ção, num pon-
descrever e que to em que o
emergiu de nu- film se desenro-
merosas pesqui- la com movi
zas e tentativas mento continuo
em cujos deta- a cerca de vin-
lhes não entra- te e cinco cen
remos. timetros da ob-
jecliva ( s a b e
Vejamos pri- s" que, junto
meiramente o re- desta, o film é,
gistro. De Fo- ao contrario,
rest r e p e 11 i u animado de um
(AKICATÜRAS DE EÜTUEM,AS...
como impróprio movimento sacu-
o naicrophono de tUarp Pickford, Hila Haldi e Horma Talmadge, segundo o lápis maldoso de Kliz dido, para per-
diaphragma e mittir a photo-
substituiu-o por um microphono thermico. Este graphia das imagens uma por u m a ) ; sob o ef-
instrumento contém, um certo numero de fios de feito da corrente de alta freqüência, a lâm-
platina muito finos e curtos que são aquecidos pada irradia ccns'antemente uma luz violeta-rosa,
ao rubro por uma fonte local de corrente electrica á qual a emulsão photographica é muito sen-
Quando se emittem sons diante desse apparelho, a sível; o tubo é collocado num apparelho cine-
resistência dos fios á electicidade varia continua- matographico de tomada de vistas, de mode-
mente, mas de perfeito accordo com as variações; lo commum.
de extensão das ondas de sons. A luz irradiada pela lâmpada photion c
concentrada por unaa lente sobre uma fenda ex-
cessivamente fina, aberta a prumo sobre uma
AMERICA

traços parallelos do mesmo tamanho constitue


uma das características mais interessantes da in-
venção de Forest. Até então, com effeito, em-
I
pequena parte da superfície sensibilizada do film.
Como a intensidade dessa luz cresce e decres- pregando-se um espelho ligado a um diaphra-
ce em relação ao seu brilho normal, de per- gina, photographavam-se os sons sob a fôrma
feito accordo cona as variações de intensidade de sinuozidades de amplitude desigual e cor-
da corrente de alta freqüência que provoca a respondente á altura dos sons. Não se podia
illuminação do tubo (corrente que por sua vez portanto pensar ena photographal-os sobre o pró-
segue as variações das correntes telephonicas, prio filin, pois que era preciso ter conta da
isto é, as modulações próprias dos sons reco- largura do traço corresponde ate á amplitude má-
xima e de outro lado, não se podia redu-
lhidos pelo microphono), a voz ou a musica
zir esse traço
f i c a m lateral-
aquém de una
mente photcgra-
certo limite sem
phadas sobro o
correr o risco
film e isso ao
de fazer desap-
mesmo t e m p o
pirecer o regis-
que as imagens tro dos s o n s
cerrssp n ^ e n t . s . imito f r a c o s .
Não ha, neste Ora, uma inven-
caso, n e n h u m ção só vale pe-
p r o b l e m a de las suas appli-
synchronização a cações commer-
resolver, como ciaes, ou não
era o caso quan- será mais do
do se tratava que uma curio-
de fazer coinci- sidade de la-
dir a audição boratório. Mo-
do phonogra- dificar a largu-
pho com o mo- ra dos films se-
vimento dos lá- ria exigir no-
bios de um actor vos apparelhos
de cinema, por de photograplaia
exemplo.
e de projecção,
Si se exami- films de duas
nar com atten- dimensões, etc.
ção um frag-
mento do film Com o systema
nessas c o n d i - de de Forest,
ções, ver-se-á á ao contrario, as
sua margem es- dimensões stan-
querda, entre as dard são con-
imagens e as servadas e os
perfurações, uma apparelhos têm
estreita faixa de necessidade ape
menos de três nas de ligeiras
millimetros, ris- O MUNDO PITTORESCO modificações: o
cada, em toda Uma cerejeira florida, ern Vienna, Austrio tubo luminoso,
a sua largura, nas machinas
de uma infinidade de traços parallelos de uma photographicas, e nas de projecção a lâmpa-
finura extrema e unidas a ponto de só se per- da c a pilha photo-electrica.
ceberem com o auxilio da lente.
Esses traços ou riscas interpretam, simples- Já vimos o que se passava com a tomada
mente pela sua variação de densidade, isto c, de vistas. Examinemos agora a projecção, ou
pelo seu numero maior ou menor na unidade a reproducção.
de comprimento - o intervallo de um décimo
No apparelho de projecção, a parte do film
de millimetro, por exemplo todos os sons
que traz o registro photographico dos sons de-
imagináveis.
senrola-se diante de um pequeno orifício aná-
Esse registro photographico dos sons por logo ao do apparelho photographico. Por esse
— AMERICA -

orifício pass.i lu/ de uma pequena lampa tCran por Uma musica ou uni poema apropi ia los,
di de grande brilho que, atravessando a parte
referida, incide sobre uma pilha photo-electrica Notemos, para terminar, que, si supprimii
de sulphito de thalio. Convém lembrai- que o nios as imagens ao film falante, restai nos ,i um
sulphito de thalio. como o selenio e o potássio, t il in talado ou de musica. I>ra, nenhum disco
tem i propriedade curiosa de mudar de capa- phonographico poderia apresentar uni registro t&o
cidade de resistência ele. tri. a segundo o grau fiel. e nenhuma agulha seria capaz de o re-
de illuminação a que é submettido. Mais ou produzir sem o menor attrito. Além disso os
menos illuminada, segundo a densidade das li- discos são pesados, frágeis, CUStOSOS e Se es
nhas que [lassam diante do orifício, essa pilha. i r.inam rapidamente.
que foi consideravelmente aperfeiçoada por Theo- A invenção de de Forest constituo por
dore \Y. ( a s e . collaborador de de Forest. re- tanto uma dupla revolução, pois que ao mesmo
transforma ena correntes de intensidade variável tempo transforma o cinema c prometle sulisii
os sons photographados sobre o film. Como no tuir o actual apparelho phonographico por um
a d o do registro, inteiramente novo,
uma bateria de três isento de todos os
lâmpadas audion inconvenientes d o
amplia cerca de mil seu predecessor c
vezes o valor' des- tão próximo da
sas correntes, afim perfeição quanto
de que estas pos- humanamente s e
sam accionar os po- pôde pretender,
r n t e s alto falantes flené BROCARD
dissimulados por
K
traz do ecran.
Isso não quer
dizer que os sons
&$
O REI
r produzidi s sejam
mil vezes mais for- N/1 t n i : dó, nas IJU-
tes do que os sons ' ' radas, o papel
originaes. pais ha do boi, animal bionco
entre o reg stro e — mas cheio da no-
breza respeitável de
a reproducção uma
toda bronquidão hon-
enorme perda de rada e séria—posto a
intensidade. luclar com uns maca-
cos enfeitados, que
ora fogem para aqui,
I alvez ao leitor ora Se escondem alli.
*L ora se esgueirani aos
ocorra a pergun- botes, bobeando o po-
ta: bre ani nal com umn
capa vermelho. Não
— Deve-se desf-
iar que os actores >M ha lucla. O boi, toma-
do de cólera, investe
de cinema falem contra o inimigo, para
e cantem ? se bater á n oda he-
róica, de habito entre
Não, responde- os seus. Mas só en-
remos. Esses acto- contra vultos fugidios,
O IRRESISTÍVEL HAROLDO miragens de homens
res não têm com
O jovial arlis'a. cansado de fazer rir o publico, vae para jurafo da esposa que se somem ante
certeza vozes agra-
que o olha desconfiada, temendo uma nova farça... sues marradas. Por
dáveis : alguns pos- fim o (ouro, compre-
suem uma linguagem incorrecta, outros não co- hendendo o papel grotesco a que o obrigam, embezérre,
nhecem quasi a lingua do paiz. Aliás, não se baixa a cabtça, com lagrimas de vergonha e dor nos olhos
deve procurar transformar o cinema em theatro. bondosos, e não se presta méis ás sortes.
E ' verdade que ha numerosos casos ena que a O papel do boi será idiota, mas o do toureiro é
vil.
introducção conveniente de textos falados ou de No emtanto, o homem é que é o rei dos animaes...
selecções musicaes augmentará consideravelmen-
te o interesse de um film, quer sob o ponto Monteiro LOBATO
de vista artístico, quer sob o ponto de vista
recreativo ou educativo. Quem é feliz não pode morrer sereno. Fe-
Assim, algumas emoções, certos sentimen- licidade e morte tranquilla são termos antagô-
tos, só poderão ser expressos com justteza no nicos. Bertha von SUTTNER.
- AMERICA -

A. n^rnuE^rcxiv r> o PRETO


^ Í O T H E A T R O ^ A s C I O ^ i V X

OMMENTANDO, por laços inquebrantavei-s ao preto africano ou


ha dias, a re- mesmo ao nacional de côr preta.
cente «tournée» Rebuscando os nossos poucos annos de vida
a o Prata da scenica, encontraremos poucos artistas, muito pou-
Companhia Abi- cos mesmo, que não tenham o seu primeiro
gail Maia, di- suecesso acorrentado a uma carapinha e a uma
zia o brilhante bciçola d e massa decorada a «baton» vermelho,
actor Manoel exceptuado, é claro, o sr. Benjamin de Oliveira,
Durães, prime'- que arranca sem esforço as gargalhadas dos
ra figura mas- seus admiradores de cara pintada de branco,
culina daquelle como qualquer chicharrão de circo de Araruama.
bcllo conjuncto Quem não se lembrará, por exemplo, da-
que (Iduvaldo quella maravilhosa creação d o actor Claudi-
Vianna dirige, iiii de Oliveira o velho «Pae João» d ' « 0
ser a impressão Dote» de Arthur Azevedo?
geral da noite No theatro de revistas encontramos então,
de estréa n o Odeon de Rucnos-Ayres que, ao de cara lambusada de pó de sapato preto e
subir o panno. estrugisse como saudação o clas- gaforinha revolta, a fazer o negro ou o mulato,
sico e irreverente «m aca- toda uma legião de artistas.
quito.» Não vamos discutir Alfredo Silva será sempre
aqui a imprccedencia des- aquelle typo mestiço do
si impressão geral», prin- guarda do «Forrobodó» de
< ipalmente em se tratando Luiz Peixoto, como o bar-
de- um povo relativamente beiro Ananias revelou ha
culto, como o argentino e annos, na revista de Bas-
que, mau grado todo esse tos Tigre () Rapadura,
lamentável trabalha de sap i una cômico que ainda hoje
dos chamados nacionalistas se conserva no primeiro pla-
dos últimos modelos do fu- no '— o actor Pinto Filho.
-il Mauser, ainda é um dos Estlaer Bergerath foi no
nossos bons e pacatos ami- seu tempo a melhor mulata
gos. O que pretendemos brasileira do nosso theatro
ronstatar com esses poucos ligeiro e Julia Martins che-
bonecos que ahi vão é tão gou a ser Julia Martins
-ómente a benéfica influtn- graças a um sem numero
ria exercida pela c ór preta de mulatas que legou á his
sobre a evolução d o nosso toria dos palcos nacionaes.
parco theatro nacional, in- O actor João Martins, a
fluencia essa que não com- graça commedida da nossa
portaria um amúo, siquer, revista, possue dentre os
por p a r t e d o sentimen seus êxitos, esse admirável
to pátrio da companhia bra- typo da revista de João Ca-
sileira, ante um «macaqui- nali «Posso desabafa?»:
toU no caso da estréa ter Augusto Annibal e Palmy-
sido uma peça como o «De- ra Silva, naquelle casal de
pretos da comedia «Terra
mônio Familiar» ou "Manhãs
Natal» foram, não ha muito,
fie Sob;, peças que retratam
a «isca» do publico ele-
differentes epochas. m a s gante do Trianon; Célia
onde o preto contribue para Zenatti n a «Meia noite c
o êxito dos seus interpretes trinta», uma preta retinta,
e. por conseqüência dos seus foi 8o o/0 do suecesso da
autores, d o nosso theatro. revista de Luiz Peixoto.
Porque a verdade é que E Célia Zenatti é uma
Jayme Cosfa na "Princeza de Bagdad legitima argentina . . .
o nosso theatro está ligado
- AMERICA -

um p a p e l d e r e l e v o . nOS aUreOS tempos do Cha


telei - do S. Pedro, fei se o inimitável l'ro
copio» no moleque fogueteiro da tjuritj . . . Jaj
me Costa o iinc-ii estreito Ia actual Compa
nhia do Trianon, mi I - acaba de fazei no Dr,
Sem Sorte» o tvpo brasileiramente nacional do
Basilio Vianna, teve as suas primeiras glorias
no creoulão da dPrinceza de Bagdad».
Carlos Torres SÓ conseguiu mostrar a |e
galidade do seu titulo honorífico de actor co
mico quando, na companhia Lcopol-Jo Fróes, f •/
aquelle interessante «chauffeur» de «Longe dos
I >lh0S . . .»
Finalmente 0 actor Manoel Durães tem en
ire outras não inferiores ereaçòes i velho
Domingos de «Manhãs de Sol», que i critica
do Prata consagrou e esse engraçado cabo «Meu
Nego» da Flor Tapuya.
A Companhia Abigail Maia não foi saudada
em Buenos Ayres com o clássico e anli-brasilciro
«macaquitOS», para .1 felicidade geral da nação.
O que não resta duvida, porém, é que aos
typos admiráveis de «naacaquitos» devemos nós
uns tantos nomes de incontestável mérito no nos
so theatro de comedia, drama e revista.
Saudemos, pois, o pó d e sapato e a rolha
queimada como uns dos mais fortes alicerces desse
palácio inacabavel, enuilo, ao que parece, ,1o edi
ficio do Fórum, que é o theatro nacional dos
sonhos de Arthur Azevedo e dos milhões da
sra. Nina Sanzi.
Terra de SENNA

EXPEDIENTE
NUMERO ESPECIAL
l ' r « ' 0 0 : ISOOO p a r a t o d o o B r u s l l

E' r.033c representante na oidode de Santos,


: Snr. J03ê Spinctsla Teixeira..
SÃO NOSSOS A G E N T E S :
Para lodo o Estado de São Paulo, Snr. Antônio de
Manoel Durães no "Velho Domingos' da comedia M a r i a , rua da Boa Visla 5 Á . Capital, por cujo intermédio
devem ser leitos os pedidos dos agcnf.es de revistas do interior
"Manhãs de Sol do Estado.
Na cidade de Santos, Snr. Paiva Magalhães,
No Estado da Bahia, u Snr. Manoel Porto. Portão <\a
Piedade 1 1 . Capital.
Em Bello Horizonte, os Srs, Giacomo Aluollo & C Rua
da Bahia.
Otilia Amorim deve parte do seu prestigio
no theatro de revistas aos admiráveis typos de impREsso HA easn
mulata c Alda Garrido, essa garrula excêntrica H O E P F N E R <Se C I A . T-TJO.
AV. MEM DE SA 256-240 — RIO
das burletas rigorosamente nacionaes. firmou o
seu nome na Mulata do Cinema» de Gastão Redacção: Rua da Quitanda, 1 5 7 , 1 . andar
Tojeiro. da mesma forma que Procopio Fer-
RIO DE JANEIRO a
reira, que. possuindo no "Capitão Corcoran»
— AMERICA -

(T""\ O S N O V O S P R O C E S S O S D E I R R I G A Ç Ã O i"£|N
I *O : :O : I
l : o o o o o o D A S CULTURAS o o o o o o : : I
::::::.':::::: f^A das operações mais necessárias á aquelle da trave uma armação metallica, á qual
li I I :: fertilidade das terras, e das mais estão fixadas as torneiras de rega.
•• I M " A água, fornecida por uma bomba especial
:: ^ ^ :: diffáceis, é a réea. E bom oneroso ou pela própria canalização da cidade, acciona
.. .• ° unaa pequena turbina situada na extremidade da
::::::::::::: S erá o trabalho para quem quizer viga. assegura o movimento do carro e vae,
fazer uma irrigação eopiosa c uniformemente dis- atravéz do reservatório longitudinal, regar as
tribuida. plantações.
Procurando solucionar esta difficuldade fo- Una systema de 4 polias, postas cm mo-
ram inventados os apparelhos de rega rotativos, vimento pela turbina,
os quaes apresentam entretanto o inconveniente por meio de una cabo
de exigirem que se sem fim. move o c a n o
regue duas v ezes a n'um ou n outro senti-
mesma porção de ter- do. Um contrapeso im
ra para que se possa mobiliza as duas ro-
cobrir toda a superfí- das de um mesmo
cie do terreno. De fa- lado do carro, o que
cto. a juxtaposição determina o avanço
pelo apparelho rota- d'este. Quando e l l e
tivo deixaria espaços chega ao fina do cur-
sem á g u a ; ist -. en- so, encontra um es-
tretanto, não invalida barro, o qual, pro-
o seu emprego se con- vocando um balanço
sideramos a facilidade no contrapeso, faz com
extrema de sua instal- que entrem em acção
lação. as outras duas polias
Mas ha melhor. e estas, accionaado,
O apparelho repre- por sua vez o carro,
sentado pela photo- fazem-n'o voltar em
graplaia que illustra sentido contr.rio.
estas notas, permitte
Ha una dispositivo
que se obtenha uma
que faz com que cesse
irrigação abundante e a irrigação quando o
regular. sobre qual- carro pára. Coasiste
quer superfície de ter- elle ena que o carro,
reno, seja elle gran- em movimento, accio-
de ou pequeno, e isto na umabombaque t m
sem necessidade de por effeito abrir vál-
pessoal. A cousa é tão vulas situadas abaixo
engenhosa, que ofunc- dos syphões de ali-
cionamento completo mentação das torneiras de rega.
obtém com a manobra
d'este systema de ir- Assim jque o cano pára, pára a bomba e as
rigação automática, se válvulas se fecham automaticamente. Não ha, por
de uma simples torneira. isso, perda de água e os syphões conservam : se
O «Fluviose» (este o nome dado ao appa- sempre escorvados c promptos para quando se
relho ) c constituído por duas partes: uma fixa os queira utilizar.
• outra movei. A parte fixa consiste ena uma Aliás o nivel d'água é mantido constante
trave de ferro mantida a uma certa altura por graças a um flucluador que age sobre a compor-
meio de columnas fixas em bases de concreto. ta de admissão de água.
Ksta viga supporta uma espécie de caixa que A velocidade do carro é de (> metros por mi-
constitue um reservatório longitudinal de água- nuto, o que assegura uma irrigação muito regular.
O comprimento d'csta trave deve ser igual Pode-se diminuir o curso do carro, tanto quan-
to se queira, por meio de esbarros intermediários,
ao do terreno a regar. Sobre ella se desloca
um cano, levando em um plano perpendic -ular
-s,
iíS»-' - -

MOLHADOS E CEREAES
CASA FUNDADA EM 1852
*33èfBÊ*

IA

COMMISSARIOS DE CAFÉ' E MAIS GÊNEROS DO PAIZ


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Caixa do Correio 294 Endereço Telegraphico AR 1EXIET

Telephones Norte 132 e 3 9 0 4

110, Rua do Rosário, 112

RIO DE JANEIRO
— AMERICA -

NO VALLE DOS LACRAUS


limjlllmiimiii
nlllllMllllllllln nllllMIIIIIIIIIJIIIIIIIIHIIIIlItTv

OL: muito sol que calcina as pedras;

S
por ella, espalhanclo-a por onde passe; inten-
areia que ao mais leve sopro se tando divertir-se e aborrecendo os seus simi-
levanta em torvelinhos, sepultando Ihantes.
tudo o que encontra em seu ca- E não contente com isso, trata de coni-
minho. Respira-se p ó : pó na roupa, no cabello, municar seu tédio aos que elle crê que se
nas sobrancelhas, entre os dentes que rangem... aborrecem debaixo da terra, tanto quanto elle
e nos pulmões. Sede. Sede! alli se sente o sobre ella.
que vale a á g u a ! Só o filho do deserto sabe Para esse fina, acampou em pleno reino
aprecial-a verdadeiramente. Cheiro, cheiro a ca dos reis mortos. Esse novo Barnum que ensur-
mello; alli tudo rescende a camello: o ar, as dece a mundo inteiro, batendo una bombo nunca
pedras, cs i n d í g e n a s . . . e os camellos. ouvido, habita o valle do silencio, goza o de-
Silencio! silencio absoluto; o silencio do- serto, os túmulos e . . . o «spleen».
mina, esmaga. E ' o reino do nautismo. A pala- Os dias suecedem-se ás noites e estas aos
vra destoa. Espera-se a vóz potente de Jehová. dias; uns atráz dos outros, todos iguaes. O
Crê-se . . . mesmo esplendor ao desapparecer do sol como
Depois da terra limitada, o céu sem li- á sua a p p a r i ç ã o . . . e o inglez imperterrito se
mites. <> gigantesco prisma gyra, passam as co- aborrece ena seu sitio.
res da palheta celeste uma atráz das outras: A enorme reclame resoou pela terra e at-
verde, côr da esperança — conaçJi é todo o des- trahiu gente de todas as raças, cores, gostos
pertar depois rosa. amarello. branco, azul. e categorias. Correspondentes, photographos, pin-
violeta, vermelho, ocre e de repente, negro, que tores, reis, millionarios, scientistas, cosinheiros,
se coalha de diamantes. Estas cores intensas, sem- egyptologos, pedreiros. Todos aqui pagam ou
pre as mesmas, ás mesmas horas, suecedem-se são pagos - tudo é negocio, o «business» mais
desde a c reação do repugnante que jamais
mundo, sem descanço. se fez cona um ca-
Nesse clima sente- dáver.
se c|ue sua própria Esse saque ena nada
pcllc íncO nmóda... e se assemelha ao na-
ii ni- e na bocea cm poleonico. Aquelle era
sabor a s a n g u e . . . No pela gloria. este é
meio de tudo isso . . . pelo dinheiro. Pare-
o Valle los r i,< ce que só se trata
<- debaixo de cada pe- de tirar as «pellegas»
dr.i um escorpião. ao publico: por meio
Ahi dormem os dos jornaes, do cine-
ph traós <> somno da ma ou do quer que
morte, rodeados de seja.
irtefacti s ridi ulos, Em compensação,
c sperando a total de- servem-se os despo-
composição do planeta jeis de um infeliz
pare acabarem de ser. que morreu ha três
Perturbando essa mil annos, enfeitados
paz secular... um in- c um as diversas bu-
glez. gigangas de um gos-
* * * to péssimo, que pa-
l i ri homem que se rei em tiradas do
aborrer e. Cançado de guarda-roupa de thea-
sc-us cachimbos, de tro de terceira or-
seus cavallos, de seus dem.
lie ores, de suas idéas Trastes bichados,
e de seu cérebro im- cousas sem arte nem
THEATRO BRASILEIRO razão; objectos que
pregnado de nevoa
britannica, intoxicado A actriz Sra. Abigail Mala só poderiam appetc-
- AMERICA -

cafeteiras sobie i cabeça; viu... fumo, p.d


meiras que se moviam Í\Í direita paia i es
querda e vice c i s a . viu um lago, viu... um
grupo de banhistas da Mack Sennet, U l|en
Turpin, • um tigre bocejando. Viu palácios de
madeira e eepapier mfiché» de estylo arabe. Poi
fim. viu o Egypto, t d como o podem ver um
lord inglez e um judeu russo aineric a n o
Quando mais atarefado estava contemplando
as banhistas, uma pesada mão pousou sobre seu
hombro ...
1'nia vóz grave, triste, falou:
Porque v deste interromper meu somno?
A d i v i n h o u , pela p e r g u n t a , q u e m era...
Por a m o r cia sciencia n ã o s e r á . Por a m o r
i a r t e , a i n d a m e n u s . Por d i n h e i r o ? . . . A v a r e z a . '
S e r á que a a l m a de R o t s c h i l 1 t r a n s m i g r i i u
i n c a r n o u - s e em teu c o r p o ?
Isso lhe- p a r e c e u um i n s u l t o dei i.lill se
i responder.
Não. a m i g o T u t . . . Vou d i z e r t e a ver-
d a d e ; si m e tens aqui a te e n t e d i a r , n ã o é
por n e n h u m d o s m o t i v o s q u e s u p p õ e s , n e m por

O n t i n o NO \OKS<> i m : \ i 1:0
João Martins na revista "Posso desabafa?"
• ei um G u i l h e r m e I I . de nefasta memória.
B e n s q u e si fussem m o s t r a d o s i um be-
cluinci. s e r i a m q u e i m a d o s p a r a s e p a r a r o o u r o
do resto.
Do triângulo que forma o ser do inglez.
o l a d o mais i n n o c u o é, sem d u v i d a , a s u a vai-
d a d e , essa v a i d a d e b r i t a n n i c a que não sorri,
c o m o a latina que parece pedir desculpas
s e n ã o séria e e s t ú p i d a c o m o t u d o o q u e é
s é r i o . N o s s o h o m e m tem a f r a q u e z a d e q u e r e r
q u e (o seu n o m e p a s s e á historia, c o u s a fácil
q u a n d o se t e m d i n h e i r o .
A p e z a r d e t u d o se a b o r r e c e . A b o r r e c e - s e
p o r q u e termiaaou o p e r i g o , a a c ç ã o e o im-
p r e v i s t o : t r ê s c o u s a s q u e f a z e m a vida a g r a -
dável.
*
Uma tarde de modorra. depois de uma
r e f e i ç ã o p e s a d a e d e una vinho o r d i n á r i o , l o n g e ,
muito longe do club londrino • d e seu pri-
moroso bar. o nobre lord acabou por dormir
d e v e r a s e teve u m s o n h o . X ã o u m a visão c o m o
a p ô d e ter um a r t i s t a ou u m s c i e n t i s t a . n ã o .
T e v e u m a visão d e h o m e m rico... u m a v isão
d e film, p r e p a r a d o e c o n f e c c i o n a d o p o r uma
f a b r i c a a m e r i c a n a . . . e riu . . .
Viu bailarinas de «variedades", com pouca O PRETO NO M O S S O THKATItO
roupa e m u i t a p i n t u r a , d a n ç a n d o o ><shimmy». Manoel Ourães io cabo "Mau Nego" da tparita "Fiar tapuya
que me inspirasses um desmedido interesse eça congestionada, não sabia si pelo vinho, a
Agora que te vejo, maltrapilho e sujo, me in- má digestão, o calor ou a posição incommoda.
teressas ainda menos, pois me apercebo de que Estirou-se.
te conservaste muito m a l . . . Dir-te-ei sem inten- Coçou-se . . .
ção de offender-te que melhores que tu, temos - Sonho estúpido! aconteceu-me isso por
no «Iiritish» e em «Mme. Tusand's» . . . ter comido demasiado — Lembrou-se da prophecia
Então?... perguntou Tut um tanto c do extranho beijo. Tão ao vivo foi que pare-
molestado.
cia verdade. Ainda ficara a i m p r e s s ã o . . . uma
-Pois vim v e r t e por duas razoes: um comichão d e s a g r a d á v e l . . . Quanto mais cocava mais
pouco por vaidade e muito porque me abor- doia e até lhe pareceu eme havia, inchado a cara.
recia.
Procurou o espelho; viu qualquer cousa que
- E por essas fiivo'as se movia, que desusava
razões vens perturbir es debaixo de uma pedra.
que em paz esperam, sem Não fez caso. Encontrou
dor. transformar-se em o espelho s certificou-se
nada ? E porque os de de que a cara estava in-
agora não castigam aos chada. No centro havia
violadores de sepulturas? unaa pequetaa mancha ro-
— Já o advinho! E ' xa.
duro! Quando encontra- * * *
mos um desses beduinos Dois dias depois, era
profanando um túmulo, tão cadáver quanto Tut.
não o julgamos . . . vai * *
á forca. Os reis, por muito reis
— - Vamos!... já te que sejam e por muito
ciinipr hendo . . . Tu nos enabalsamados que este-
roubas para p o d e i s co- jam, como os outros se-
mer. Xão é isso ? res da creação, se decom-
— Não sejas tolo! para pêem. A vida, porém,
poder c o m e r - . . . não sa- continua em outra fôrma
bes que sou um illus e a que era rei é outra
tre lord. honra da scien- vez o que foi antes; um
cia. com muito dinheiro pouco de tudo: gaz. lu-
ê protegido pelas au- va, vegetal, mineral.
toridade- ? Talvez, com o tempo,
-Ah! E's um dos contribua para a inte
que mandam ? gração de um novo ho-
Mais ou menos. mem.
Vejo que o mundo O espirito se fôrma de
mudou p o u c o . . . Só o ac côrdo com o ambien-
rrajes e o penteado. te, e com as condições
Assim ,'. amigo do clima.
pharaó. Num clima generoso,
Como dantes; o o verme vil pôde chegar
mais forte faz o que a uma borboleta bella e
q u e r . . . Tem graça ! An- Os c a m p e õ e s europeus iuoffensiva; o mesmo, em
tigamente nós v en lamo-, Paul Marlin, campeão suisso dosflOOe dos 1.500 melros uni meio cruel, difficil,
os judeus, hoje os judeus nos v e n d e m . . . De amolda - se OU perec e Essa lucta cruenta deixa
forma que tu te sent -s m i l . . . Vaidade e aborre- suas pegadas tanto no corpo como na alma.
cimento . .. Também as almas se decompõem. A alma
— Accrtaste. do homem, que é <> Kosmos, não pôde se ajus-
Vou dar-te um remédio para as duas tar ás necessidades de una i flor ou tle um rato.
cousas. Acabará teu aborrecimento e serás cé O pedaço tle alma de una rei tocado pelo
h-bre. escorpião, não pôde estar respirando doçura !
Approximou-se . . . e lhe deu um beijo. Pois as condições m u d a r a m . . . e si o escor-
Caramba! ' c a n o cheiras mal' proles pião faz alguma mordedura, não é para vingar
tou o sabío. Livrou-se do abfaço, abriu <>s olhos este ou o outro. Age segundo sua natureza.
e ... o pharaó havia deaapparecído, Somos •» que c ornemos. Si comemos uma
As banhistas também. i ,à tomamos sua alma, si comemos una peda-
Encontrou se encharcado de suor e «i ca- ço de homem tomamos a alma correspondente
AMERICA

O CONVENCIONAL HIERATISMO QUE


IMPÕE A MODA A FIGURA FEMININA

• ; V R E C E q u e ., m o d a só devia e x e r c e r LCOnO. As vestes l a r g a s c- s i m p l e s e s t v l l / a m as


: mJ : seu i m p é r i o s o b r e os objectOS m a t c - f i g u r a s c e s t ã o n.\ m o d a as p o s e s l i g i d a s . os
| '. riaes SUJeitOS ao c a p r i c h o ,i f a n t a s i a : gestos lentos e mecânicos, a impertui habilidade
•••••• ns t r a j e s , os m o v e i s , as j ó i a s . . . N ã o s a x o n i a . . . C o m o no film, a e l e g a n t e c a m i n h a di
a s s i m . Mad.mie M o d a i n v a d e o c a m p o do reita, hieratíca, imitando a rigidez artística dessas
physico, do fundamentalmente humano... figuras p o h chromicas. que decoram os I risos
H o j e se u s a m g e s t o s e f i g u r a s c o m o se u s a m egypcios ...
toilettes <• c h a p é u s . . . A influencia cio film i m p õ e Encantadora, absurda tyrannica da Moda que,
.1 figura feminina r y t h m o s , p o s e s , a p p a r e n c i a s . . . n ã o Contente com o seu r e i n a d o c m g a / . - s . si-
A voga d e F r a n c e s c a Bertini m a r c o u u m a época d a s e jóias, intenta i m p o r s u a s s e n t e n ç a s ,i bel
de n o r m a s d a s a l t i t u d e s n e g l i g e n t e s dos g e s t o s leza humana I
c a r i n h o s o s e s u a v e s , dos felinos m o v i m e n t o s cheios N ã o se m o d e l a , c o m o a tela OU o m e t a l ,
de g r a ç a , flexíveis e s i n u o s o s . . . o divino b a r r o da e s c u l p t u r a f e m i n i n a , q u e já
A g o r a i m p e r a um h i e r a t i s m o forçado de fez com d e l e i t e de a r t i s t a g e n i a l o s u p r e m o
i*****'****r*vvv**^'t**v*s****r**********ir**v**u
Artífice... i) espontâneo e natural reinará sempre
s o b r e i o d o a r t i f i c i o . . . U n i f o r m i z a r o g e s t o ou a
figura é destruir o melhor encanto da belleza,
q u e tem sua p r i n c i p a l g r a ç a n a d i v e r s i d a d e . . .
N ã o se p o d e m u s a r g e s t o s , n e m m o v i m e n t o s ,
ccimo se u s a m m o d e l o s d e c a u d a s d e vestidos ou
chapéus...
A natureza é anarchioa c inviolável... K
c o n t r a sua d e l i c i o s a m u l l i f o r m i d a d c esbarraram
s e m p r e a s e x t r a v a g â n c i a s d a M o d a , , p o r q u e > en-
c a n t o d a m u l h e r só se reje p e l o e a n o n i m m o r t a l
i n v a r i á v e l da B e l l e z a . . .

ÃivClCAÇÀO DA GRANDEZA INCAICA


N o m a g n í f i c o a r t i g o q u e , s o b esse titulo,
publica no presente n u m e r o o nosso brilhante
c o l l a b o r a d ò r S n r . Saul d e N a v a r r o , p a s s o u um
e r r o t y p o g r a p h i c o q u e n o s a p r e s s a m o s em re-
. t i f i i a r . p o r n ã o ser d e 1'acil c o r r i g e n . l a .
A s s i m , na ultima p a g i n a , o n d e se lê, nu
c o m e ç o d e um d o s p e r í o d o s , «Una d i a A p u m a r c u
c o m e ç o u a f a z e r s o b r e d a n t e s c a , etc», deve-se
entender: a U m l a n c e é p i c o , q u e r e c o r d a unia
visão d a n t e s c a , etc.»

FIGURINHAS DA MODA

aos g l ó b u l o s d e seu s a n g u e ou de su is f i b r a s ,
p o r e m si n o s n u t r i m o s d e l l e . vivente, c o m o o
f a z e m o s n o c o r p o d a m ã e . a d q u i r i n a o s seu es-
pirito e depois o ambiente nos acaba de formar,
i is reis s a t u r a r a m o a m b i e n t e e m r e d o r c o m
i sua p o d r i d ã o . Assina é q u e o a m b i e n t e q u e
respiraes nos túmulos é parte de um pharaó e
d e b a i x o d e c a d a p e d r a ha p a r t e d o seu e s p i r i t o . . .
A e q u i d a d e e x i g e q u e se r e c o n h e ç a u m a a l m a
ena c a d a c o u s a . . . si una i n g l e z a t e m , p o r q u e
n ã o a t e r á una e s c o r p i ã o ?

Luiz CSABAL D ASNLNZIO caricaturado por WYNN


— AMERICA

0 O
OS POETAS BRASILEIROS

Martins Fontes, o artista que burilou os versos admiráveis de "Verão" e a cuja


penna se deve o soberbo soneto "Flor!" que publicamos no presente numero.
—O
- AMl RICA -

visãu c o m p l e t a
en- um grande
Artista pudesse Illlllu.

ser d i t a . cega-
ria o M u n d o . \ bica. ao fundir se na Palav i a , perdi
* sua es-o.icia: o Absoluto; a-tsim, i Palavra
não é uma revelação: ó uma mutilação.
N ã ei h i\ i r.í
*
I Ibra de Arte
T o d o ('.lande P e n s a d o r é um Inacttial, SÓ,
immortal fora
p e r d i d o nu m e i o dos homens.
das da A r t e So
*
ciai.
F o r a da L i b e r d a d e nãó ha Eloqüência; lia
apenas Rhetorica;
< • maior de *
ver da A r t e í
l 111 H o m e m Livre é m a i s d o que um
servir ,í Liber-
e x e m p l o , c- i.ni p e r i g o ' ; s u p p r i m i l - o é um d e v e r
ado.
d e c o n s e r v a ç ã o na T y r n m n i a .

Vargas VILA
A \MC- tem o direito c () dever de im-
miscuir-se nas [ uc tas ardentes dos homens, de
respigar ,, sua colheita de victorias nu campo
fecundo d., Ac,,",,,. ,u- cantar a Marselheza es-
OS INCAS
trondosa dei tudas ai rSbelIiões „ | S grandes ba-
talhas d., Vida, sobr.- u coração <\A Humani
dade vencida e humilhada pela Força.
A brilhanfe civilização alcançada pelo Peru duranlc-
a dominação dos Incas, punha-o, senão em nivel
superior, pelo menos em nivel n t o infeiior ao
dos invasores hespanlióes.
Míinco-Capac, o primeiro Inca, loi um verdadeiro
civilizador. D c l o u inuilas leis humanas e sabias cujes textos
Quem não consegue ser escriptor, faz-se
de lodo se perderam; ensinou ao seu povo as arles a
• ritico; poi nau podei i re ir, conforma-se i orri
ciihura da terra, estabeleceu a familía, ordenou que os seus
destruir.
subdifos conlrahissem malrimonio aos vinle annos e regulou
a mais S'ibia distribuição de terras que se con' ece
Manco-Capcic preocupava-se fanlo com a felicidade
A faculdade critica .'• a negação absoluta
do s u povo que este, em retribuição, considerou-o uni
do Gênio. deus e chamou-lhe Capac, que significa : cheio de viifudes.
F.nlre os descendentes desse grande monarcha encon-
Iram-se reis eminentes como Incn-Koca. que fundou e colas
O a t h l e t i s m o , em toda ordem material, pa-
para os príncipe», onde estes aprendiam a ínlerprela<,ão dos
re, e-me uni spurt de c i r c o . quipos, que eqüivaliam á nossa escripta, e dos quaes se
serviam para conservar ; u a s tradições. Creou
Toda a obra de Arte deve ser unia «g* o cargo de administrador do Império, o qual
era encarregado de conservar os qUipOS no
obra de- combate. C—^~
lemplo do Sol.
Outro Inca famoso foi Pachaculec, que
O vulgo '• o i n i m i g o n a t u r a l do su- fundou cidades,^fez conslruir palácios, aque-
blime.
duclos, estradas, efc.
O joven principe Nez.ahualcoyofl presfou
T e n h o h o r r o r a o s h o m e n s q u e riem lambem grandes serviços e tratou diligente-
e m u i t o d e s p r e z o p e l o s q u e fazem rir. mente do bem-estar do seu povo. Foi elle
* quem mandou construir um grande templo
"ao Deus desconhecido, causa das c a u s a s "
D e t o d o s os g e s t o s a b s u r d o s d e um
E assim desenrola-se uma lista enorme
e s c r i p t o r . o m a i s vil é a q u e l l e e m q u e
de governantes incas cuja única preoecupação
esquece a Santidade da Palavra.
foi a felicidade do seu povo, lista que termina
*
com Sayri-Tupac, chamado Don Diogo Inca
O riso é o relincho dos homens. ultimo imperador do Peru.
MUNDO SIDERAL

O- -o
NÀTHALIE KOVANKO foi uma artisfa que surgiu,- como um aslro, para resplandescer: o seu triumpho é contem-
porâneo da sua estréa. Sobre ser uma das mais hábeis infrepreles de difficies papeis, Nathalie é uma das mais
bellas mulheres que têm apparecido nas telas, O seu ultimo suecesso foi o grande film "Mil e uma noites'
Ò- O
AMERICA -

Q u ã o lonje .-siá o tempo dos pagcns c- des l i t e i r a s ! N a vertigem progressista dos nossos dias duas frágeis e elegantes
senhorilas. quando,-de ejnm passea r , entram sósinhas num aulo e vencem distancias pnsmosas.
I: o monstro de aço obedece documente ás mães femininas, como os dragões das legendas obedeciam ás fadas.

CD=

rur~
o^n 0 estado actual da Aviação
I passarmos unaa revista pelo que tem vôo. Aeroplanos, sem piloto,
£^J feito a Aviação n'estes últimos tena- complicadas.
/s^P pos, ficaremos surprezos diante dos E as maravilhas se suCcedem e
seus recentes progressos, tal a sua tiplicam.
extensão e variedade. Mas, em meio cie toda esta actividade bri-
O record mundial de velocidade já vae lhante para o homem, e que indica o que po-
a perto de 245 milhas por hora. dem o seu esforço e a sua intelligencia, desta-
Os records de duração de vôo não sur- cam-se conquistas que importam muito mais que
prelaendena menos. O Serviço Aéreo norte-ame- isto, porque representam a base solida sobre .1
ricano já tem a gloria de uma travessia trans- qual repousam novas possibilidades para maio
eontinental. sem parar. res triumphos.
As ultimas experiências feitas nos indicam Assim, o que emerge mais claramente .los
a possibilidade de se obter motores que traba- factos acima citados e nos apparecc como que
lhem, a toda a força, durante 250 horas, inin- constituindo importantes linhas geraes é;
terruptamente. t.o)— o enorme augmento na duração de
Aeroplanos sem motor permanecem no ar. trabalho e na confiança que nos inspiram mo-
por muitas horas, sem mais outros elementos tores e apparelhos.
que o ar e a habilidade do piloto: 2,0) — a próxima solução do vôo á noite.
Helicópteros sobem verticalmente, pairam so- 3.0;—o advento do aeroplano sem motor,
bre una dado ponto ou fazem um circuito com- cuja primeira conseqüência será o aeroplano con
pleto, em vôo horizontal. motor de fraca potência, ou. por outras palavras,
Aeroplanos atracam em dirigiveis, em pleno o aeroplano barato.
W ^ wocaç&o àa candeia vr\ca\ca w
—\r-
Um passado de esplendor na visão esthetica de Abraham Valdelomar r
K
-=a

O
PERÚ. com o Império dos Incas, os fantasia abundante c subtil, no rythmo estranho
filhos do Sol,, e o México, cona de sua musica selvagem e suave, coma si fosse
o império dos Aztecas, os gregos i descripção melódica de una so.alao altivolo de
de bronze pelo culto de seu poly- condor.
theismo e prodígio de sua arte, são as duas E ' que Valdelomar não é senão um ani-
grandezas características da America, que, antes mador do passado epico dos filhos do Sol,
da conquista européa resultante da realização do desses apolloneidas bárbaros da America. O seu
sonho de Colombo, tinham uma civilização pró- verbo é uma dansa de véos, uma orchestração
pria, destruída depois pelos invasores brancos, braaaca das neves andinas, um teclado de co-
que foram, assim, os bárbaros do século XVI, res, uma pincelada de s o n s . . . Sc:ate-se-lhe a
no vandalismo de fazer desapparecer o mundo mesma, poesia de Alencar ena Iracznvt e em ou-
romano da Aiaaerindia. que se levantava nos tros poemas em prosa, o n l e cantou a alma pri-
dois extremos deste laemispherio: ena Cuzco c mitiva, a vida, o martyrio c as façanhas dos
ciai Tenochtitlan. nossos aborígenes. O reconstruetor illuminado e
Abraham Valdelomar é um evocador admi- sensível, o restaurador artístico do passado in-
rável da grandeza incaica. Na visão esthetica cáico, tem a mesma doçura, o mesmo brilho do
do magnífico prosador peruano o passado esplen nosso suavíssimo estylista, que inamortalizou as
dido surge ena toda a sua opulencia e belleza. raças rudes, mas heróicas, que foram sacrifica-
Los hijos dei Sol i contos incaicos i revelam os das pelos conquistadores brutaes, violadores da
attributos estheticcs do mallogrado intellectuai, virgindade da terra e da alma da America pre-
morto, prematuramente, em pleno viço da mo- colombiana.
cidade e do talento. O Alencar peruano tem, na opinião de Cle-
A leitura dos chronistas coloniacs, o en- mente Palma, toda a belleza, toda a força des-
thusiasmo pela sua raça heróica, o culto pelo criptiva, toda a suggestão maravilhosa dos gran-
passado glorioso, onde fulge o Império dos In- des poemas.
cas, foram a origeiaa desse pequeno e maravilhoso
livro, serie curta de contos poematicos, perfu-
mados de lenda, rebrilhantes de estylo, repassa- Los hijos dei Sol são um hymno á raça
dos de belleza e simplicidade, rutilos, diaphanos, luminosa, eme fulge, como os thesouros, na his-
que lhe saíram da penna com a graça espon- toria do Peru.
tânea das flores que. pela manhã, orvalhadas O Império dos Incas surgiu no valle do
ainda, parecem, á caricia do sol, a transfiguração Cuzco, sendo fundador dessa dynastia de titans
da luz em perfume . . . .Mane o-Cápac, que alli chegou em companhia da
A prosa de Valdelomar é uma anfora in mulher, Manaa-Odlo, aurcolados pelo prestigio
digena, onde se estvlizou um capricho de or- de uma lenda que os fazia filhos do Sol e
chideas, c- onde se- bebe uma água fresca, co- nascidos no regaço do lago Titicaca, essa pu-
lhida á noite, numa chuva de temporal, á ma pilla dos Andes, aberta a 3.915 metros de al-
neira de um lacrhnario do céa ... titude, onde se refleete o Infinito e os condores
Manuel Beltroy enaltece a se banham . . .
sua imaginação evo< adora, a Os trabalhos do encanta-
sua prosa fulgente e rea- dor indianista são productos
lista, a sua sensibilidade de estudo das origens, das
rara e delicada, gabando- lendas e tradições incaicas,
lhe a excellencía e fínu- e outros sahiram de sua arte
ra do estylo, "estylo ágil. original, louçan e vibrante.
solto. aligero diaphano Nos primeiros contos, sobre-
como péplo de bayadera». sáem El cambio hacia ei
Ha, nesses contos lyricos sol 1 Los Hermanos Ayar
e 'picos ao mesmo tempo, 2 nos últimos El alfarero e
o sabor de uma leitura di- El tiombre Maldito. Laça-
versos sem o eco monótono mos um esboço rápido de
das rimas, no vôo de uma alguns primores dessa obra
AMERICA -

I.UXO. E L E G Â N C I A , CO?fFORTO
Um living-room admirável de hom gosto e de sobriedade, que a tapeçaria, as flores e os livros tomam attrahente e encantador.

suggestiva, verdadeiro florilegio ameríndio. o deixava-se levar pelo seu sonho, numa ânsia
Comecemos pelo que abre o livro; de espaço e de liberdade. Ninguém o via tra-
El alfarero (sanu-camoyok). balhar. Só, em plena selva, colhia flores e
hervas para o preparo de sua pintura, carre-
Apumarcu era um artista da selva, um Phi-
gando barro para o seu labor. E da argila,
dias bárbaro.
sob o sopro dessa alma de artista, sahia uma
Fronte ampla, cabelleira crescida e rebel-
estatua de deusa, uma anfora, uma serpente,
de: olhos fundos: olhar doce c sonhador, simples
uma dança da M o r t e . . .
• silencioso: vivia só. errante, tendo por ha-
bitação uma cabana humilde. Tinham-n "o por Uma tarde, tendo ido ao rio para buscar
louco. água. afina de desfazer o seu barro, ouviu uma
Contemplativo, fugia dos seus semelhantes suave canção na fronde. L depois, approxiniou-sc

O MELHOR DENTIFRICIO
LIMPA E CONSERVA OS DENTES

Encontra-se em todas
as Pharmacias e Perfumarias
— AMERICA —

ARTE MODERNA 1

Um dos retratos a óleo em que o pin-


tor allemão Alfred Helberger, até ha pouco
nesta Capital, revela a famosa escola ex-
pressionista, hoje reinante na Allemanha.
Nas figuras que pinta, Helberger procu-
ra expressar o sentimento intimo do mo-
mento no retratado.
Alfred Helberger expuz no Rio .uma
interessante collecção de paizagens no mes-
mo gênero, aspectos da Itália e da Norue-
ga, onde a artista [lassou a grande parte
cie sua existência.

delle essa caricia audível : um homem, sobre uma E confessou-lhe que. perdendo-a, não po-
rocha, solitário, á margem do rio. locava. La dia ser alegre. Apumarcu, que não a perdera,
Iou-lhe : nem a tivera, por que era triste?
Quem és tu c por que tocas aqui, onde Por que não era o «alfarero» do Inca,
ninguém pude- ouvir-te? que lhe ciaria por esposa a mais bella dama
da corte? Por que vivia solitário? L Apumarcu
E quem és tu, que vens assim a c-ste-s
lha contestou que algo lhe faltava; sentia uma
logares, onde- só ha uma saudade, que : minha?
ânsia inexplicável em sua alma.
respondeu-lhe o Orpheu andino.
«Vo siento que hay algo que yo podria
Sou Apumarcu, ei alfarero» (oleiro).
hacer y sé que podria ser feliz. Tengo un
- A h ! irmão, sou Yacíán Nana) (sem pá-
incêndio en ei alma, veo una serie de cosas
tria), o que toca a «cantara».
pero no puedo expresarlas. Tu sufres y cantas
E desde então se tornaram amigos insepa- eu Ia atilara tu dolor y Itaces llorar a los que
ráveis, se- fizeram irmãos. te escuchan, pero yo siento, veo, imagino gran-
Vactan lhe disse que a sua amada havia des c usas y sou incapaz de realizadas. Sabes?
se perdido e el|e tocava na esperança de encon- Yo quisiera pintar Ia vida tal como Ia vida es.
tral-a. Descrevia-lho a formusura, fazia a Apu- Yo quisiera representar en un pequeno trozo Io
marcu o retrato de sua eleita. O artista fez-lhe que vc-n mis ojos. Aprisionar Ia natufaleza. Ha-
uma cabeça. Vactan lhe disse commovido: cer lu que hace ei rio con los árbolcs y con
ei cielo. Kcproducirlos. Pero yo no puedo: me
Não tocarei senão para ti, irmão, por- faltan colores, los colores no me data Ia idea
que a compreendeste e m'a devolveste. Creio de lu cpte yo tengo en el alma.»
que o barro, em (pie ella está aqui, em tua
obra, viverá eternamente. E's maior que o Sol, Nessas palavras não está todo o anseio
porque elle a fez e a levou, emquanto tu a do ideal, toda a alma dos artistas, todo o cs-
fizeste em dura argila e não morrerá nunca. forço da perfeição?
-
11// RICA

Que symbolo estupendo!


I m dia Apumarcu começou .< fazer sobre
u mUta i» emires da tarde, de uma tarde- íno-
gualavel. Colheu folhas e principiou .. esfregai [ N O H vrrn>A< >
as sobre o muro e com um is flores ia dando
as tonalidades
L possuído de um i força estranha, deu Nunca mais me esqueci. Era eu creança.
impulso febril ao trabalho, reproduzindo a luz E cm meu velho quintal, ao sol nascente'
e a paisagem cpie via pela janella. Deteve-se Plantei com a minha mão ingênua e mansa
de súbito. Faltava algo. uma só COUSa, um tom. Lni.i linda amendocira adolescente.
uma côr que elle não tinha. Como encontrál-O?
Tirou um pequeno punhal c golpeou o E cresceu a mais rutila esperança
pulso. E o sangue surgiu quente e rubro, aos Da minha vida... E aos poucos, lentamente,
borbotões. Misturou-o com a água de um vaso Pendeu os ramos sobre o muro cm frente,
3 viu a que lhe faltava e proseguiu a pintura
E foi Iruclificar no visinhançn.
até que- caiu exangue sobre o leito.
Quando Vactan Xanav voltou, pncontrou-o Dahi por diante, pela vida inteira,
estendido sobre o leito: o sangue coagulado e Todas as grandes arvores que cm minhas
no chão um pequeno lago escarlate; no muro
Terras, n um sonho esplendido semeio,
viu a paisagem da ultima t a r d e . . .
Beijou-lhe a fronte e. chorando, tocou i Como aquella magnífica amendocira,
seus pés a canção do crepúsculo. «El oro dei Sol I lllur.se .in nas chácaras visinhas,
caía por Ia ventana estrécha y se desleia en
E vão dar frueto no pomar alheio.
Ias ropas dei artista, en cuyo roslrei anguloso
habia un tono verde v en cuyos ojos sefioreaba l i u i. i u ; i i <,M
e-sa humedad trájica de los ojos que ya no
lienen vida.
A sus pies encontro Vactan Nana) una
e abecita de barro cota Li imagen dei • migo
muerto. V siguió tocando, tocando hasta que ia
noclae cavo. como una sola sombra inerte so- A mulher é conservadora. Ella deseja a
bre ei Mundo silencioso» . . . solidez. E que ha de mais natural ? E' neces-
sário um solo firme e seguro para o lar e
para o berço.
Um dia Apumarcu começou a fazer sobre
MICHELE T
dantesca. é o canto impressionante, de um colo-
rido a Doré El ca/nino hieia ei sol, onde
os sobreviventes da raça incaica, fugindo dos
vencedores hespanhóes, vão em busca da morada Outra producção magistral é o conto «LI
do sol, para encontrar refugio e salvação, num Pastor y ei Rcbarm de Nieve», em que Kiilí-
desfile trágico de sombras pelas montanhas, até Kimiy lo que ultraja a neve;, irmão do Inca
que exhaustos, famintos, desanimauos, chegam ás Túpãc Yupangui. por inveja e vingança daquelle
margens de una lago immenso, verde, mysterioso que desposára uma virgem do Sol. segurou um
e sereno, onde o sol. na agonia, ia desappare- cordeiro para conametter e> horrível crime de
cendo. Mas o deus não os attendeu e elles, degollal-0. Queria manchar com sangue ,ubro
os milhares de Índios vencidos e errantes, re- as neves perpétuas. O Sol percebeu-lhe o intento
solvem ir ao seu encontro. E á beira do lago saerilego e quando, no e:ume da montanha, em
cavam sepulturas e todos, enterrando-se. buscam meio do rebanho sagrado, de que era pastor,
voluntariamente a morte, restando apenas una he- preparava o sacrifício, o Astro Rei se occultOU
róe que. não podendo enterrar-se a si mesmo. rapidamente. Uma tempestade desencadeou-se <•
se encaminha para o lago e morre numa ânsia cahiu neve, neve, n e v e . . . Quando voltou a sair
de luz. Mamando ai S o l » . . . o Sol, restavam convertidos ena neve o reba-
Em Hombre Maldito ergue-se a figura es- nho ie o p a s t o r . . . Los hijos dei Soh são uma
pectral de Karchis. o cego. de orbitas vastas, apotheose da civilização dos Incas, dessa raça
o sacrilégio roubador do sol, por elle castigado, aborígene, que avulta no passado do Novo Mun-
c que vaga. tacteando, pelas montanhas, den- do e brilha como o Sol que era o seu culto,
tro do silencio e da noite eterna, numa evoca- sendo o symbolo impereçivel de todos os povos
ção de Edipo. creado pelo gênio trágico de que vivem na America.
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