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ANÁLISE ESTRUTURAL DE LAJES FORMADAS POR

ELEMENTOS PRÉ-MOLDADOS TIPO VIGOTA COM


ARMAÇÃO TRELIÇADA

Eng. Alonso Droppa Júnior

Dissertação apresentada à Escola de Engenharia


de São Carlos da Universidade de São Paulo,
como parte dos requisitos para a obtenção do título
de Mestre em Engenharia de Estruturas.

ORIENTADOR: Mounir Khalil El Debs

São Carlos
1999
Class.~..e.E6L­

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Ficha catalográfica prepa rada pela Seção de Tratamento


da Informação do Serviço de Biblioteca - EESC/USP

Droppa Júnior, Alonso


D786a Análise estrutural de lajes formadas por elementos
pré-moldados tipo vigota com armação treliçada I
Alonso Droppa Júnior. -- São Carlos, 1999.

Dissertação (Mestrado) -- Escola de Engenharia de


São Carlos-Universidade de São Paulo, 1999 .
Área: Engenharia de Estruturas.
Orientador: Prof. Dr. Mounir Khalil El Debs.

1. Laje pré-moldada. 2. Laje pré-moldada


treliçada. 3. Concreto armado. 4. Anal o gia da grelha .
5. Comportamento não-linear. I. Títul o .
FOLHA DE APROVAÇÃO

Candidato: Engenheiro ALONSO DROPPA JUNIOR

Dissertação defendida e aprovada em 26-03-1999


pela Comissão Julgadora:

lL---1 a(
Prof. Associado MOUNIR KHALIL EL DEBS (Orientador)
(Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo)

Prof. DO'irtor MAR CIO ROBERTO SILVA CORREA


(Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo)

~~
Douto~=@sT
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Prof. CARVALHO
(Universidade Federal de São Carlos - UFSCar)

Prof. Titular CARLITO CALIL JUNIOR


Coordenador da Área de Engenharia de Estruturas
Ao meu pai Alonso Droppa e à minha mãe
Emília Sales Carrio Droppa
AGRADECIMENTOS

A DEUS, pela sua constante presença.

À minha família que sempre colaborou e acreditou na realização de


meus projetos.

Ao prof. Dr. Mounir Khalil El Debs pela sua dedicação, compreensão,


respeito, coerência e amizade.

Aos amigos, em especial, Adriano, Joel, Carlos Humberto, Rubens,


Francisco Régis, pela convivência neste período.

Aos professores Toshiaki Takeya, Libânio Miranda Pinheiro e Roberto


Chust de Carvalho, pelas valiosas contribuições.

A lajes SALEMA, por ter autorizado o uso dos valores experimentais


de um ensaio de laje pré-moldada.

Ao Instituto Brasileiro de Tela Soldada, por ter autorizado o uso dos


valores experimentais de ensaios em painéis contínuos de laje.

Aos professores do Departamento de Engenharia de Estruturas da


Escola de Engenharia de São Carlos.

Aos funcionários do Departamento de Engenharia de Estruturas da


Escola de Engenharia de São Carlos, especialmente, Nadir Minatel e Eliana
Bertin, pela dedicação e amizade.

Ao CNPq, pelo apoio financeiro concedido.


SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS............................................................................... i
LISTA DE TABELAS............................................................................... vii
RESUMO................................................................................................. ix
ABSTRACT............................................................................................. x

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................. 1
1.2 OBJETIVOS........................................................................... 2
1.3 JUSTIFICATIVAS................................................................... 3
1.4 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO ...................................... 4

CAPÍTULO 2 LAJES FORMADAS POR VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS


TRELIÇADAS
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................. 6
2.2 BREVE HISTÓRICO.............................................................. 7
2.3 LAJES FORMADAS POR VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS....... 8
2.4 LAJES FORMADAS POR VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS
TRELIÇADAS......................................................................... 13
2.5 ANÁLISE ESTRUTURAL E DIMENSIONAMENTO............... 16

CAPÍTULO 3 MÉTODOS E TÉCNICAS


3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................. 25
3.2 ANALOGIA DE GRELHA....................................................... 26
3.2.1 FUNDAMENTOS GERAIS............................................ 26
3.2.2 PARÂMETROS RELATIVOS À RIGIDEZ À TORÇÃO. 27
3.2.3 DISCRETIZAÇÃO DA LAJE PRÉ-MOLDADA.............. 31
3.3 CONSIDERAÇÃO DA NÃO-LINEARIDADE.......................... 34
3.4 PROCEDIMENTOS EMPREGADOS PARA CONSIDERAR
A NÃO LINEARIDADE........................................................... 38
3.5 PARTICULARIDADES DO PROCEDIMENTO...................... 51
3.5.1 CONTINUIDADE.......................................................... 51
3.5.2 CONTRIBUIÇÃO DA CAPA DE CONCRETO............. 53

CAPÍTULO 4 AVALIAÇÃO DO PROCEDIMENTO EMPREGADO


PARA A ANÁLISE NÃO-LINEAR
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................. 54
4.2 VIGAS BI-APOIADAS............................................................ 55
4.2.1 DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS...................................... 55
4.2.2.MODELO ADOTADO E COMPARAÇÕES COM
VALORES EXPERIMENTAIS..................................... 58
4.2.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................... 68
4.3 PAINÉIS DE LAJES CONTÍNUAS......................................... 69
4.3.1 DESCRIÇÃO DOS MODELOS ANALISADOS............ 69
4.3.2 MODELO ADOTADO E COMPARAÇÕES COM
VALORES EXPERIMENTAIS..................... ............... 73
4.3.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................... 77

CAPÍTULO 5 ANÁLISE EXPERIMENTAL DE UMA LAJE PRÉ-


MOLDADA BIDIRECIONAL
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................. 78
5.2 ESTRUTURA ANALISADA.................................................... 79
5.3 MODELOS ADOTADOS........................................................ 84
5.4 COMPARAÇÃO DE VALORES TEÓRICOS COM
EXPERIMENTAIS................................................................. 86
5.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS.............................................. 90

CAPÍTULO 6 SIMULAÇÕES NUMÉRICAS DE SITUAÇÕES


REPRESENTATIVAS
6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................. 92
6.2 MODELOS E ARRANJOS ESTRUTURAIS........................... 93
6.3 ANÁLISE TEÓRICA DAS LAJES UNIDIRECIONAIS
MEDIANTE EMPREGO DO MODELO DE GRELHA........... 99
6.3.1 VIGA SIMPLESMENTE APOIADA.............................. 99
6.3.2 VIGA CONTÍNUA......................................................... 102
6.3.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................... 106
6.4 ANÁLISE TEÓRICA DAS LAJES UNIDIRECIONAIS E
BIDIRECIONAIS MEDIANTE O EMPREGO DO MODELO
DE GRELHA......................................................................... 108
6.4.1 GRELHA ISOLADA...................................................... 108
6.4.2 GRELHA ISOLADA COM A CONSIDERAÇÃO DAS
VIGAS DE EXTREMIDADE........................................ 122
6.4.3 GRELHA CONTÍNUA................................................... 128
6.4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................... 137

CAPÍTULO 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES............. 143

ANEXOS
ANEXO A..................................................................................... 149
ANEXO B..................................................................................... 167

BIBLIOGRAFIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................. 174
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR............................................. 176
i

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Sistema Coignet (SEGURADO, 1947)2............................... 8


Figura 2.2 Laje formada por vigotas pré-moldadas (BORGES, 1997).. 9
Figura 2.3 Vigotas pré-moldadas disponíveis no mercado brasileiro.... 11
Figura 2.4 Seção da vigota com armadura em forma de treliça e
perspectiva da armadura treliçada...................................... 14
Figura 2.5 Laje pré-moldada nervurada, painel maciço e painel c/
enchimento........................................................................... 15
Figura 2.6 Dimensões principais – seção da laje treliçada.................... 16
Figura 2.7 Largura da mesa de compressão......................................... 20
Figura 2.8 Dimensionamento da nervura – mesa comprimida e
tracionada............................................................................ 24
Figura 3.1 Laje e grelha equivalente. Fonte HAMBLY (1991)............... 26
Figura 3.2 Área de influência para determinação do carregamento em
um nó genérico (i)................................................................ 27
Figura 3.3 Seção transversal homogênea retangular.................................. 29
Figura 3.4 Seção Ι - Cálculo do momento de inércia à torção,
segundo LEONHARDT (1979)........................................... 29
Figura 3.5 Seção Ι - Cálculo do momento de inércia à torção,
segundo BARES (1966)..................................................... 30
Figura 3.6 Esquema de um painel de laje apoiado em vigas.................... 31
Figura 3.7 Seção da nervura que contém a vigota pré-moldada......... 32
Figura 3.8 Localização das barras da grelha na direção longitudinal
às vigotas (dimensões em cm)............................................ 32
Figura 3.9 Localização das barras da grelha na direção transversal
às vigotas (dimensões em cm)........................................... 33
Figura 3.10 Malha da grelha.................................................................. 33
Figura 3.11 Momento fletor x curvatura segundo o CEB-90 (1991)...... 36
Figura 3.12 Grelha gerada no ANSYS................................................. 39
ii

Figura 3.13 Viga bi-apoiada discretizada em 5 elementos.................... 41


Figura 3.14 Diagrama tensão x deformação – concreto e aço.............. 45
Figura 3.15 Momento de inércia – estádio I e II.................................... 46
Figura 3.16 Variação da rigidez à flexão............................................... 46
Figura 3.17 Variação da rigidez à torção............................................... 48
Figura 3.18 Diagrama genérico de carga x deslocamento.................... 49
Figura 3.19 Fluxograma da análise não-linear...................................... 50
Figura 3.20 Diagrama de momento fletor para lajes simplesmente
apoiadas e lajes contínuas................................................. 51
Figura 3.21 Dimensionamento da nervura – mesa comprimida e
Tracionada......................................................................... 52
Figura 3.22 Análise não-linear – momento fletor positivo e negativo.... 52
Figura 3.23 Contribuição da capa de concreto na direção transversal.. 53

Figura 4.1 Esquema de ensaio da viga “Ι” e instrumentação


dimensões em cm................................................................ 55
Figura 4.2 Seção transversal da viga “Ι” e instrumentação
dimensões em cm................................................................ 56
Figura 4.3 Esquema do ensaio das vigas com seção retangular.. 57
Figura 4.4 Seção transversal das vigas - dimensões em cm................ 58
Figura 4.5 Divisão da viga “I” em elementos......................................... 59
Figura 4.6 Determinação da curvatura média........................................ 61
Figura 4.7 Força aplicada x curvatura – viga A.1................................. 64
Figura 4.8 Rigidez x força aplicada – viga A.1...................................... 64
Figura 4.9 Força aplicada x deslocamento – viga A.1 ......................... 64
Figura 4.10 Força aplicada x curvatura – viga A.2............................... 65
Figura 4.11 Rigidez x força aplicada – viga A.2.................................... 65
Figura 4.12 Força aplicada x deslocamento – viga A.2........................ 65
Figura 4.13 Força aplicada x deslocamento – viga B.1
taxa de armadura = 0,67%............................................... 66
Figura 4.14 Força aplicada x deslocamento – viga B.2
taxa de armadura = 1,11%................................................ 66
iii

Figura 4.15 Força aplicada x deslocamento – viga B.3


taxa de armadura = 1,56%................................................... 66
Figura 4.16 Força aplicada x curvatura – vigas B.1, B.2 e B.3................ 67
Figura 4.17 Diagrama Rigidez x força aplicada – vigas B.1, B.2 e B.3... 67
Figura 4.18 Planta de forma da placa – dimensões em cm..................... 70
Figura 4.19 Armação dos painéis com telas soldadas............................. 70
Figura 4.20 Esquema do ensaio – dimensões em cm............................ 71
Figura 4.21 Força aplicada x deslocamento – série 1............................. 74
Figura 4.22 Força aplicada x deslocamento – série 3............................. 74
Figura 4.23 Força aplicada x deslocamento – série 5............................. 75
Figura 4.24 Força aplicada x deslocamento – série 7............................. 75
Figura 4.25 Força aplicada x deslocamento – série 9............................. 75
Figura 4.26 Força aplicada x deslocamento – série 11........................... 76
Figura 4.27 Força aplicada x momento fletor máximo – série 5 - βb=0,4. 76
Figura 4.28 Rigidez x força aplicada – série 5 - βb =0,4.......................... 76

Figura 5.1 Perspectiva da laje - FRANCA (1997).................................... 79


Figura 5.2 Vista da laje antes da concretagem........................................ 81
Figura 5.3 Vista geral do protótipo e do suporte de madeira utilizado
para o carregamento com água............................................ 81
Figura 5.4 Laje com o carregamento máximo.......................................... 82
Figura 5.5 Posicionamento dos defletômetros......................................... 82
Figura 5.6 Localização das nervuras (dimensões em cm)....................... 83
Figura 5.7 Seções transversais das nervuras (dimensões em cm)......... 83
Figura 5.8 Malha da grelha...................................................................... 85
Figura 5.9 Diagrama de Sobrecarga x deslocamento.............................. 87
Figura 5.11 Diagrama de momento fletor para a sobrecarga de
6,0 kN/m2..............................................................................
87
Figura 5.11 Diagrama rigidez à flexão x carregamento da seção
transversal da nervura longitudinal mais solicitada ao
88
momento fletor.....................................................................
iv

Figura 6.1 Seção transversal das nervuras longitudinais e da vigota


Pré-moldada – dimensões em cm........................................ 94
Figura 6.2 Seção transversal das barras transversais – dimensões
em cm.................................................................................... 95
Figura 6.3 Formato das lajes em planta................................................... 96
Figura 6.4 Carregamento x deslocamento – nervura simplesmente
apoiada - h = 12 cm.............................................................. 101
Figura 6.5 Carregamento x deslocamento – nervura simplesmente
apoiada - h = 20 cm............................................................... 101
Figura 6.6 Diagrama de momento fletor determinado em regime
elástico linear e diagramas obtidos com a redução do
momento fletor negativo......................................................... 102
Figura 6.7 Carregamento x deslocamento –nevura contínua - h = 12 e
20 cm..................................................................................... 104
Figura 6.8 Variação do máximo momento fletor negativo
105
laje h = 12 cm – análise não-linear......................................
Figura 6.9 Variação do máximo momento fletor negativo
105
laje h = 20 cm – análise não-linear......................................
Figura 6.10 Grelha e os elementos constituintes - laje nervurada
unidirecional......................................................................... 108
Figura 6.11 Diagrama de momento fletor – h = 12cm.............................. 109
Figura 6.12 Diagrama de Momento Fletor - h = 20 cm............................ 109
Figura 6.13 Variação do máximo momento fletor na nervura
longitudinal em função da rigidez da nervura
transversal - h = 12 cm........................................................ 110
Figura 6.14 Variação do máximo momento fletor na nervura
longitudinal em função da rigidez da nervura
transversal - h = 20 cm........................................................ 111
Figura 6.15 Diagrama de momento fletor– inércia à flexão transversal
igual a 0% da inércia à flexão longitudinal........................... 112
Figura 6.16 Diagrama de momento fletor– inércia à flexão transversal
igual a 10% da inércia à flexão longitudinal........................ 112
v

Figura 6.17 Diagrama de momento fletor– inércia à flexão transversal


igual a 50% da inércia à flexão longitudinal........................ 113
Figura 6.18 Diagrama de momento fletor– inércia à flexão transversal
igual a 100% da inércia à flexão longitudinal...................... 113
Figura 6.19 Contribuição da capa de concreto na direção transversal.... 114
Figura 6.20 Nervuras transversais “nervura de travamento”
da laje unidirecional.............................................................. 115
Figura 6.21 Carregamento x máximo momento fletor - h =12 cm.......... 118
Figura 6.22 Carregamento x máximo momento fletor - h =20 cm.......... 118
Figura 6.23 Carregamento x deslocamento - h=12 cm (6,0m x 6,0m).. 119
Figura 6.24 Carregamento x deslocamento - h=12 cm (12,0m x 6,0m) 119
Figura 6.25 Carregamento x deslocamento - h=20 cm (6,0m x 6,0m).. 120
Figura 6.26 Carregamento x deslocamento - h=20 cm (12,0m x 6,0m) 120
Figura 6.27 Reação de apoio das nervuras longitudinais
(6m x 6m e 12m x 6 m)........................................................ 121
Figura 6.28 Grelha com vigas de extremidade........................................ 122
Figura 6.29 Momento fletor negativo....................................................... 123
Figura 6.30 Carregamento x máximo momento fletor negativo
laje unidirecional - h =12 cm.............................................. 125
Figura 6.31 Carregamento x máximo momento fletor negativo
laje unidirecional - h =20 cm............................................... 126
Figura 6.32 Carregamento x deslocamento laje unidirecional - h =12cm 126
Figura 6.33 Carregamento x deslocamento laje bidirecional - h =12cm 127
Figura 6.34 Carregamento x deslocamento laje unidirecional -h =20cm 127
Figura 6.35 Carregamento x deslocamento laje bidirecional - h = 20cm 128
Figura 6.36 Grelha contínua.................................................................... 129
Figura 6.37 Diagrama de momento fletor – grelha contínua
unidirecional........................................................................ 130
Figura 6.38 Diagrama de momento fletor – laje unidirecional - h =12cm 130
Figura 6.39 Diagrama de momento fletor – laje unidirecional - h =20cm 131
Figura 6.40 Variação do máximo momento fletor negativo - h = 12 cm.. 132
Figura 6.41 Variação do máximo momento fletor negativo - h = 20 cm.. 132
vi

Figura 6.42 Carregamento x deslocamento –grelha contínua - h =12cm 133


Figura 6.43 Carregamento x deslocamento –grelha contínua - h =20cm 134
Figura 6.44 Laje unidirecional contínua - disposição das vigotas
pré-moldadas em direções opostas..................................... 134
Figura 6.45 Diagrama de momento fletor – grelha contínua – h = 12 cm 135
Figura 6.46 Diagrama de momento fletor – grelha contínua – h = 20 cm 135

Figura A.1 Diagrama tensão-deformação do concreto............................ 150


Figura A.2 Diagrama tensão-deformação do aço classe A...................... 151
Figura A.3 Diagrama tensão-deformação do aço classe B...................... 151
Figura A.4 Escoamento ou plastificação - seção retangular.................... 152
Figura A.5 Localização da posição de Rcc................................................ 153
Figura A.6 Escoamento ou plastificação - seção “T”............................... 154
Figura A.7 Determinação da resultante do concreto para seção “T”....... 154
Figura A.8 Sub-domínio 2a...................................................................... 159
Figura A.9 Sub-domínio 2b...................................................................... 161
Figura A.10 Localização da posição de Rcc............................................. 161
Figura A.11 Localização da posição de Rccf............................................. 162
Figura A.12 Domínio 3............................................................................. 163
Figura A.13 Localização da posição de Rcc............................................. 164
Figura A.14 Localização da posição de Rccf............................................. 165
Figura A.15 Domínio 4............................................................................. 165
Figura B.1 Seção transversal da viga e da nervura................................. 168
Figura B.2 Diagrama tensão x deformação do concreto e do aço........... 168
Figura B.3 Taxa de armadura x rigidez à flexão
viga com aço CA-50.............................................................. 170
Figura B.4 Taxa de armadura x rigidez à flexão
nervura com aço C-60........................................................... 170
vii

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 Tipos mais usuais de treliças............................................... 13


Tabela 4.1 Características geométricas e mecânicas - viga “Ι”............. 60
Tabela 4.2 Características geométricas e mecânicas - viga retangular 63
Tabela 4.3 Numeração das séries e variáveis envolvidas..................... 72
Tabela 4.4 Características geométricas e mecânicas dos elementos
submetidos ao momento fletor positivo.............................. 72
Tabela 4.5 Características geométricas e mecânicas dos elementos
submetidos ao momento fletor negativo............................. 73
Tabela 5.1 Valores das características geométricas e mecânicas........ 84
Tabela 5.2 Valores de máximo momento fletor – peso próprio +
sobrecarga de 6,0 kN/m2.................................................... 89
Tabela 5.3 Deslocamento – sobrecarga de 3,0 kN/m2.......................... 89
Tabela 6.1 Modelos e arranjos estruturais............................................. 93
Tabela 6.2 Peso próprio e carregamento total (kN/m2).......................... 97
Tabela 6.3 Máximo momento fletor e área de aço................................ 99
Tabela 6.4 Características geométricas e mecânicas das nervuras..... 100
Tabela 6.5 Características geométricas e mecânicas da nervura
Contínua.............................................................................. 103
Tabela 6.6 Relação entre o momento fletor negativo (análise linear)
e momento fletor negativo (análise não-linear).................. 105
Tabela 6.7 Nervura transversal - momento fletor e dimensionamento.. 115
Tabela 6.8 Máximo momento fletor e área de aço da laje bidirecional.. 116
Tabela 6.9 Momento fletor calculado segundo BARES, e comparação
com valores obtidos pela grelha bidirecional...................... 116
Tabela 6.10 Momento fletor utilizado para o dimensionamento e o
obtido pela análise não linear – nervura longitudinal
h = 12 cm......................................................................... 117
viii

Tabela 6.11 Momento fletor utilizado para o dimensionamento e o


obtido pela análise não linear – nervura longitudinal....... 117
Tabela 6.12 Reação de apoio das nervuras longitudinais – Parcela
(%) do carregamento......................................................... 121
Tabela 6.13 Máximo momento fletor negativo nas nervuras da laje
(kN.cm)............................................................................... 123
Tabela 6.14 Dimensionamento das nervuras submetidas ao
momento fletor negativo.................................................... 124
Tabela 6.15 Relação do momento negativo obtido pela análise não
linear pelo momento negativo considerado para o
dimensionamento da seção.............................................. 133
Tabela 6.16 Flecha nas lajes com altura igual a 12 cm......................... 136
Tabela 6.17 Flecha nas lajes com altura igual a 12 cm......................... 137
Tabela B.1 Características geométricas e mecânicas da viga
retangular............................................................................ 172
Tabela B.2 Características geométricas e mecânicas da nervura......... 173
ix

RESUMO

DROPPA, Jr. A. (1999). Análise estrutural de lajes formadas por elementos


pré-moldados tipo vigota com armação treliçada. São Carlos. Dissertação
(mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São
Paulo.

Neste trabalho é enfocada a análise estrutural de lajes pré-moldadas


formadas por vigotas treliçadas. Esta análise foi realizada mediante o
modelo de grelha, considerando a não-linearidade do concreto armado
utilizando-se a relação momento x curvatura e carregamento incremental.
O modelo da não-linearidade do concreto armado foi avaliado com
resultados experimentais de vigas bi-apoiadas e painéis de laje contínua. O
trabalho inclui uma análise teórico-experimental de uma laje pré-moldada
bidirecional isolada e simulações numéricas de casos representativos de
arranjos estruturais das lajes treliçadas.
As principais conclusões do trabalho foram: a) o modelo de grelha é
bastante adequado para a análise de lajes nervuradas pré-moldadas; b) os
resultados da análise teórico-experimental da laje pré-moldada indicam que
os deslocamentos foram fortemente influenciados pela rigidez à torção e c) a
redistribuição de momentos fletores nas lajes contínuas é relativamente
pequena.

Palavras chave: Laje pré-moldada, laje pré-moldada treliçada, concreto


armado, analogia de grelha, comportamento não-linear.
x

ABSTRACT

DROPPA, Jr. A. (1999). Structural analysis of slabs made by precast


elements type lattice joist. São Carlos. Dissertation (master's degree) -
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

This work aims the structural analysis in precast slabs made by lattice
joist. The scheme was carried out by using the grillage model considering the
non-linear of the reinforced concrete through the relationship moment x
curvature and incremental loads. The non-linear model of the reinforced
concrete was appraised with experimental of simply supported beams and
panels of continuos slabs.
The work includes a theoretical-experimental analysis of a isolated bi-
directional precast slabs and numeric simulations of representative cases of
structural arrangements of the slabs witch lattice joist.
The main conclusions of the work were: a) the grillage model is quite
appropriate for precast ribbed slabs; b) the results of theoretical-experimental
analysis of the precast slabs point out the relevance the torsional in the
deflections and c) the bending moments redistribution in the continuous
slabs are quite small.

Key words: Precast slabs, precast slabs witch lattice joist, reinforced
concrete, grillage model, non-linear behavior.
CAPÍTULO
INTRODUÇÃO
1
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A concepção estrutural de pavimentos com grandes vãos é uma


tendência atual, sendo que em muitos casos são dispostas paredes de
alvenaria sob a laje.
Com a utilização de lajes maciças nesses pavimentos observa-se que
estas lajes atingem espessuras muito grandes, tornando a estrutura
antieconômica, pois uma grande parte de sua capacidade estrutural é para
combater as solicitações devidas ao peso próprio.
Uma solução é o emprego da laje nervurada, sendo um sistema
estrutural que permite vãos maiores e um alívio do peso próprio. O grande
problema deste sistema é relacionado com as fôrmas, ou seja, necessita-se
de maior volume de mão-de-obra para a confecção e montagem das fôrmas
e escoramentos, e também o custo dos materiais.
Com a execução de lajes nervuradas a partir de vigotas pré-
moldadas, elementos de enchimento e concreto moldado no local, reduz-se
ou elimina-se a necessidade de fôrmas e escoramentos.
Estas lajes foram disseminadas por inúmeras pequenas empresas
produtoras, muito até informais. Algumas empresas pecam pela falta de
qualidade e responsabilidade, muitas vezes comprometendo até a
CAPÍTULO 1 2

segurança, aparecendo problemas estruturais devidos a grandes


deformações, fissurações e até mesmo o risco de desabamento.
Entretanto, surgiram novas técnicas e materiais constituintes para as
lajes pré-moldadas. Empresas do setor desenvolveram e implementaram
novos sistemas do uso destas lajes. É o caso dos sistemas de lajes com
vigotas de concreto protendido e as lajes formadas pelas vigotas com
armação em forma de treliça (vigotas treliçadas), que asseguram uma
alternativa de grande competitividade às construções.
De acordo com os dados da Abilaje (Associação Brasileira da
Indústria de Lajes) - Fonte: LAJES DO FUTURO (1998)1, em 1990 as lajes
formadas por vigotas treliçadas detinham uma participação no mercado de
apenas 5%, em 1998 saltou para 40%. Acompanhando esse crescimento,
observa-se a necessidade de ampliação do conhecimento técnico sobre
essas lajes, em especial com relação às deformações, que podem
inviabilizar as suas condições de serviço.

1.1 OBJETIVOS

Objetivo geral

Contribuir para uma melhor avaliação do comportamento das lajes


nervuradas formadas por vigotas pré-moldadas com armadura treliçada

1
A referência bibliográfica é indicada em negrito, sendo apresentado o autor, nome do
artigo ou norma, seguido pela data de publicação, neste caso tem-se o nome do artigo:
LAJES DO FUTURO (1998).
CAPÍTULO 1 3

Objetivos específicos

a) Realizar estudos teóricos mediante simulações em programas de


computador, sendo o estudo dirigido a painéis de laje unidirecionais e
bidirecionais;

b) Propor recomendações para a análise deste tipo de laje.

1.3 JUSTIFICATIVAS

Nos edifícios, as lajes são responsáveis por elevada parcela do


consumo de concreto. Torna-se oportuno o estudo dos critérios de escolha
dos tipos de laje a serem empregados nos edifícios, tendo em vista a
obtenção de soluções tecnicamente corretas e econômicas.
As lajes pré-moldadas estão sendo amplamente utilizadas nas
edificações. Em contrapartida, há poucas informações técnicas a respeito
do comportamento dessas lajes, como por exemplo: a distribuição do
carregamento da laje nas vigas (reações de apoio ), a estimativa segura ou
mais realista da flecha, o comportamento da continuidade entre painéis, as
fissuras que ocorrem próximas aos apoios e na direção longitudinal
acompanhando a interface da vigota e o elemento de enchimento. Estas
incertezas justificam o desenvolvimento de estudos objetivando um melhor
entendimento do seu comportamento estrutural.
Durante a análise e/ou dimensionamento de pavimentos, tem-se o
cálculo dos esforços atuantes nos elementos (lajes, vigas, pilares). Sendo
fundamental para a determinação e disposição das armaduras e também o
controle da fissuração. Geralmente a análise é realizada pelo procedimento
tradicional, calculando-se as lajes como elementos independentes e, depois,
efetuando-se o cálculo das vigas e dos pilares.
CAPÍTULO 1 4

A utilização destas análises conduz a resultados muito simplificados,


uma vez que compromete a interação entre a rigidez dos diversos elementos
estruturais.
Com a evolução e melhor acessibilidade aos programas estruturais
para micro-computadores, o cálculo de pavimentos utilizando métodos
numéricos tornou-se indispensável, sendo os mais conhecidos: método dos
elementos finitos, da analogia de grelha e das diferenças finitas. Estes
métodos conduzem a melhores resultados devido à maior interação entre os
elementos estruturais do pavimento. Nestes métodos, torna-se possível o
estudo do comportamento não-linear dos elementos constituintes da
estrutura.
O estudo deste crescente sistema construtivo de pavimentos com
elementos pré-moldados, torna-se aliado às evoluções computacionais. No
que diz respeito aos processamentos numéricos da estrutura e também à
facilidade de lançamento dos dados de geometria e carregamento da
estrutura e análise dos resultados através da inovação dos pré e pós-
processadores.

1.4 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

Esta dissertação é dividida em 7 capítulos. Apresenta-se a seguir,


sucintamente o conteúdo dos capítulos:
No capitulo 2, apresentam-se informações da bibliografia pesquisada,.
sendo referentes às características gerais das lajes pré-moldadas,
enfatizando as lajes pré-moldadas com vigotas treliçadas;
No capítulo 3, mostra-se a metodologia utilizada para o
desenvolvimento das análises teóricas;
No capítulo 4, são apresentadas comparações teórico-experimentais
em elementos unidirecionais de modo a avaliar o procedimento teórico
adotado;
CAPÍTULO 1 5

No capítulo 5, apresenta-se a análise teórico-experimental em uma


laje bidirecional;
No capítulo 6, desenvolvem-se análises teóricas em lajes pré-
moldadas, considerando-se vários arranjos estruturais;
No capítulo 7, são apresentadas as conclusões e comentadas as
sugestões para o desenvolvimento de futuras pesquisas.
CAPÍTULO
LAJES FORMADAS POR VIGOTAS
PRÉ-MOLDADAS TRELIÇADAS 2
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A grande vantagem da utilização das lajes pré-moldadas é a redução


da quantidade de fôrmas, em relação à laje maciça ou à laje nervurada
moldada no local. E aliada a suas características geométricas, há redução
do volume de concreto e armadura, se comparado às lajes maciças.
Estes fatores propiciam maior economia de materiais e tempo de
execução, sendo, por isso, um sistema que está sendo cada vez mais
empregado.
Com o aumento da demanda dessas lajes, novos tipos de laje pré-
moldada foram desenvolvidos, como por exemplo as lajes nervuradas pré-
moldadas formadas por vigotas com armação em forma de treliça,
comumente chamadas de laje treliçada.
Neste capítulo apresentam-se as lajes pré-moldadas, enfatizando as
características das lajes treliçadas e critérios para a análise estrutural e o
dimensionamento.
CAPÍTULO 2 7

2.2 BREVE HISTÓRICO

A arte de projetar e construir sempre foi e será um desafio ao homem.


Um dos maiores desafios na história das construções era o de vencer vãos e
suportar cargas.
De início, utilizavam-se os materiais naturais como a madeira e a
pedra. As pedras eram cortadas e adaptadas a seus apoios e a madeira era
limitada às suas dimensões naturais.
Os arcos de pedra foram uma evolução importante. Muito utilizados
durante o Império Romano, permitiam vencer maiores vãos, tornando os
espaços internos ficaram mais amplos. A técnica dos arcos apresentava as
características peculiares de desenvolverem somente esforços de
compressão.
A construção de arcos e abóbadas, com alvenaria de cerâmica e
argamassa de cal foi difundida até meados do século XIX.
Surge na França, na segunda metade do século XIX por François
Coignet (1812-1895) um trabalho sobre o cimento armado (primeira
atribuição dada ao concreto-armado), com destaque para as lajes
nervuradas e armadas com barras de aço com seção transversal circular
(figura 2.1).

Fig.2.1 – Sistema Coignet (SEGURADO, 1947)2

2
(SEGURADO, J. E. S. , 1947). Cimento armado. Portugal. Aillaud apud BORGES (1997).
CAPÍTULO 2 8

Baseado neste sistema francês, os alemães começam a desenvolver


o sistema de lajes pré-moldadas, formadas por vigotas pré-moldadas de
concreto armado, blocos de alvenaria como elementos de enchimento e pela
capa de argamassa formada por cimento e areia.
De acordo com BORGES (1997), é provável que os precursores da
aplicação das lajes pré-moldadas no Brasil, tenham sido as indústrias de
pré-moldados do Rio de Janeiro na década de 40.
Segundo MUNIZ (1991), o sistema de lajes treliçadas surgiu e teve
larga utilização a partir da Segunda Guerra Mundial. Foi criado para superar
algumas deficiências que as lajes pré-moldadas convencionais
apresentavam, e em muito contribuiu para solucionar o problema da
reconstrução dos países destruídos pela guerra, e a grave crise habitacional
conseqüente. Hoje estas lajes respondem pela maior fatia entre as opções
de pavimentos, sobretudo em obras na Itália e na Espanha.
A partir da década de 60, começou-se a produzir em escala industrial
na Europa armaduras pré-fabricadas soldadas por eletrofusão para
utilização na indústria da construção civil. Nos dias de hoje, estas armaduras
são bastante utilizadas em todo o mundo, tendo a função tanto de armadura
de distribuição como a de resistente a esforços solicitantes. Como exemplo,
pode-se citar a tela soldada e a armadura treliçada.
No Brasil, as lajes treliçadas já são utilizadas há cerca de 25 anos,
mas sua difusão e seu crescimento se deram no início da década de 90.
Hoje, muitas fábricas de lajes oferecem as mais variadas opções de
executar a laje treliçada, podendo ser lajes nervuradas unidirecionais ou
bidirecionais.

2.3 LAJES FORMADAS POR VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS

As lajes pré-moldadas são aquelas que possuem a seção resistente


composta pela parte pré-moldada e, se houver, pelo concreto moldado no
local.
CAPÍTULO 2 9

As lajes formadas por vigotas pré-moldadas (figura 2.2), em função de


sua geometria, é considerada uma laje nervurada, e apesar do grande
volume de concreto moldado no local, são caracterizadas como lajes pré-
moldadas, portanto, laje pré-moldada nervurada. Este sistema mantém a
vantagem principal dos pré-moldados, que é a redução da quantidade de
fôrmas e escoramentos se comparados a um sistema convencional. Neste
trabalho, o estudo é dirigido às lajes nervuradas formadas por vigotas pré-
moldadas, que a partir de agora, são designadas apenas por lajes pré-
moldadas.

Fig.2.2 Laje formada por vigotas pré-moldadas (BORGES, 1997)

As lajes pré-moldadas são executadas em praticamente todas as


cidades brasileiras, pois é possível fabricá-las quase que artesanalmente.
Além destas pequenas fábricas, há também algumas de porte, que dominam
este mercado nos grandes centros, sendo grandes e médias empresas
dirigidas por engenheiros com especialização nessa área, ou pelo menos,
orientadas por fabricantes e distribuidores.
Além da aplicação destas lajes em obras residenciais, em edificações
de poucos pavimentos, deve-se destacar, no entanto, que recentemente
CAPÍTULO 2 10

estes tipos de laje têm avançado rumo aos edifícios de mais pavimentos,
substituindo até mesmo as lajes maciças dos edifícios.
As vigotas pré-moldadas devem ser capazes de suportar seu peso
próprio e as cargas de construção, vencendo os vãos delimitados pelas
linhas de apoio do cimbramento. Presentemente, no mercado brasileiro
(figura 2.3), estão disponíveis três tipos de vigotas:

1- vigotas de concreto armado comum, não protendido, com seção


transversal com a forma aproximada de um T invertido, com
armadura passiva totalmente envolvida pelo concreto;
2- vigotas de concreto protendido, com seção transversal com a forma
aproximada de um T invertido, com armadura de protensão pré-
tracionada e totalmente envolvida pelo concreto;
3- vigotas treliçadas, formadas por uma armadura treliçada de aço e
por uma placa de concreto envolvendo as barras inferiores da
treliça que irão compor a armadura da face tracionada da laje.

As vigotas são fabricadas no tamanho desejado do projeto, sendo


normalmente usadas para vencer vãos de até 5 metros no caso das lajes de
concreto armado comumente chamada de Volterrana e da ordem de 10
metros ou mais nas lajes protendidas e treliçadas. Sem dúvida, com a
utilização das lajes protendidas e treliçadas consegue-se vencer grandes
vãos, mas deve-se, portanto, ser feita uma análise criteriosa em casos de
considerações de vãos muito grandes, principalmente no que diz respeito à
deformação da laje e o efeito da força cortante que é grande.
As vigotas pré-moldadas de concreto armado são executadas em
fôrmas metálicas, em pequenas unidades de produção, com instalações
físicas simples. As vigotas de concreto protendido são executadas em pistas
de protensão em fôrmas fixas ou com fôrmas deslizantes, de forma similar
ao das lajes alveolares.
A base retangular pré-moldada de concreto da vigota treliçada é
moldada em fôrma metálica, em espessuras de 2 a 3 cm, empregando-se
CAPÍTULO 2 11

concreto com agregado miúdo, denominado de microconcreto - concreto


cujo agregrado de diâmetro máximo é a brita zero e rico em pasta de
cimento, para se evitar a necessidade de vibração.

concreto de capeamento

armadura principal bloco vazado


cerâmico ou concreto

vigota de concreto armado comum

concreto de capeamento

armadura bloco vazado


pré-tracionada cerâmico ou concreto
ou bloco E.P.S ( isopor )

vigota de concreto armado protendido

concreto de capeamento armadura


treliçada

bloco vazado
cerâmico ou concreto
ou bloco E.P.S ( isopor )

vigota com armadura treliçada

Fig.2.3 Vigotas pré-moldadas disponíveis no mercado brasileiro

Na montagem ou execução da laje, as vigotas são dispostas


espaçadamente, colocados entre elas elementos leves de enchimento.
Sendo normalmente utilizados blocos vazados de concreto ou material
cerâmico, ou ainda blocos de poliestireno expandido (EPS). A utilização de
elementos de material leve está ligada à idéia de substituir parte do concreto
da região tracionada das lajes, bem como servir de sustentação à camada
de concreto fresco que é aplicada sobre os painéis das lajes pré-fabricadas.
CAPÍTULO 2 12

As principais vantagens das lajes pré-moldadas são:

• economizar fôrmas e escoramentos na obra, podendo até


prescindir totalmente deles;
• possibilitar maior rapidez de execução;
• economizar mão-de-obra no local;
• diminuir o peso (carga permanente) da estrutura.

E as principais desvantagens:

• em geral não possui um comportamento monolítico com o restante


da estrutura, o que pode ser inconveniente sob o ponto de vista do
contraventamento da edificação (exceção feita às vigotas com
armadura em treliça);
• as vigotas de concreto armado e as vigotas protendidas são, às
vezes, muito pesadas para manuseio, exigindo equipamentos para
transporte e montagem no local.

No Brasil não há normas, recomendações ou especificações técnicas


que regulamentem a execução de lajes com a utilização de elementos pré-
moldados na sua composição estrutural.
No presente momento está sendo confeccionada a Norma para a
Laje Pré-Fabricada, em estudo no CB-02 - Comitê Brasileiro de Construção
Civil (NBR/PROJETO 02:107.01-001, versão 30/06/97).
Nesta norma serão fixadas as condições exigíveis para o
recebimento e utilização de componentes de lajes pré-fabricadas (vigas,
elementos de enchimento e demais complementos adicionados na obra) a
serem empregados nas edificações. Nesta norma estão sendo
contempladas as lajes com vigotas de concreto armado e de concreto
protendido de seção T invertido e as vigotas com armação em forma de
treliça. Estão previstos mais 3 textos: armaduras treliçadas, lajes alveolares
e pré-lajes.
CAPÍTULO 2 13

A norma espanhola EF-963 é uma norma recente que trata das lajes
pré-moldadas unidirecionais, sendo abordadas as características de cálculo
e disposições construtivas.

2.4 LAJES FORMADAS POR VIGOTAS PRÉ-MOLDADAS TRELIÇADAS

As lajes treliçadas podem ser tratadas como estruturas monolíticas,


devido à grande solidarização da armadura com o concreto moldado no
local. A princípio, estas lajes têm o mesmo funcionamento estrutural de uma
laje projetada da forma convencional, sendo que os elementos pré-moldados
têm, no caso, função de racionalização na execução, proporcionando à obra
rapidez e economia.
A armadura treliçada é uma estrutura formada por sistema de
eletrofusão, de modo a formar duas treliças unidas pelo vértice. As diagonais
proporcionam rigidez ao conjunto e excelentes condições de transporte e
manuseio.
Em geral os comprimentos são padronizados de 8,10 e 12 m e com
altura variando de 80 a 250 mm. A armação treliçada (TR) pode ser
classificada mediante um código, correspondendo a bitola da armadura do
banzo superior (BS), das diagonais (D) e do banzo inferior (BI).

Tabela 2.1 Tipos usuais de treliças

Código Altura diâmetro (mm)


TR(H)(BS)(D)(BI) H (cm) BS D BI
TR 08634 8 6 3,4 4,2
TR 12645 12 6 4,2 5
TR 16746 16 7 4,2 6
TR 20756 20 7 5 6
TR 25856 25 8 5 6

3
EF-96 Indicado na bibliografia: ESPANHA. Ministério de Fomento (1997).
CAPÍTULO 2 14

As armaduras podem ser classificadas mediante outros códigos,


sendo característico de cada empresa que as fabricam.
Sob encomenda, as vigotas treliçadas (figura 2.4) podem ser
fabricadas com diferentes quantidades de aço, sendo denominados de
armadura adicional que é introduzida na base de concreto pré-moldado da
vigota treliçada, com valores especificados pelo projetista. A armadura
adicional pode ser composta do mesmo tipo de aço utilizado na treliça, fios
de aço CA-60, ou ainda de barras de aço CA-50. Geralmente, até a bitola de
6,0 mm usam-se o CA-60 e a partir daí o CA-50.

Fig.2.4 Seção da vigota com armadura em forma de treliça e


perspectiva da armadura treliçada

A solidarização entre o concreto moldado no local ou chamado de


concreto de capeamento e a vigota é favorecida pelas diagonais da treliça.
As principais vantagens do uso deste sistema com relação às demais
lajes pré-fabricadas são:

• É de fácil manuseio no transporte horizontal e vertical, pois possui


baixo peso próprio ( ≅ 0,1 kN/m);
CAPÍTULO 2 15

• Redução dos escoramentos, proporcionando redução de mão-de-obra


e materiais;
• Reduz a possibilidade do aparecimento de fissuras pela condição que
oferece de grande aderência entre as vigotas e o concreto do
capeamento;
• Facilita a colocação de nervuras moldadas no local na direção
perpendicular às vigotas;
• Oferece uma maior resistência ao cisalhamento devido à presença
das diagonais que exercem a função de estribos.

Além das lajes nervuradas, comumente chamadas de lajes treliçadas,


podem-se obter outros arranjos estruturais, denominados de painéis
treliçados, como pode ser visto na figura 2.5.

Como variáveis de projeto tem-se a sobrecarga, o valor do intereixo,


que é função da dimensão do elemento de enchimento e da base de
concreto da vigota, o tipo do elemento de enchimento, a altura da treliça e a
condição estática da laje. Pode-se arbitrar a altura total da laje a ser usada
fixados o vão e o valor da sobrecarga, sendo valores obtidos nos manuais
de dimensionamento produzidos pelos próprios fabricantes dessas lajes.

Fig.2.5 Laje pré-moldada nervurada, painel maciço e painel c/ enchimento


CAPÍTULO 2 16

Os parâmetros principais que definem a laje são os seguintes:

a) Vão a ser vencido;


b) Sobrecarga (carga/área);
c) Cargas lineares ou pontuais (ex: paredes de alvenaria);
d) Altura total da laje (h);
e) Espessura da capa de concreto (hf);
f) Resistência característica de compressão do concreto (fck);
g) Intereixo de nervuras (intereixo);
h) Espessura das nervuras (bw);
i) Tipo de material de enchimento;
j) Altura e armadura da treliça (hT);

Fig.2.6 Dimensões principais – seção da laje treliçada

2.5 ANÁLISE ESTRUTURAL E DIMENSIONAMENTO

As lajes treliçadas podem ser classificadas como lajes unidirecionais


ou bidirecionais. A laje pré-moldada unidirecional possui as nervuras (vigota
e concreto moldado no local) dispostas em uma única direção. Mesmo em
situações em que se adotam nervuras de travamento, estas são
classificadas como lajes unidirecionais.
A laje pré-moldada bidirecional possui nervuras resistentes em duas
direções ortogonais entre si. É formada por nervuras principais em uma
CAPÍTULO 2 17

direção (vigota e concreto moldado no local), e por nervuras transversais na


outra direção. Ressalta-se que as lajes pré-moldadas bidirecionais ficam
melhor executadas com o uso da vigota treliçada, pois estas permitem a
passagem ou colocação de armadura na direção transversal.
A laje pré-moldada, como já comentado, é considerada como uma
laje nervurada. A laje nervurada pode ser vista como uma alternativa da laje
maciça, com a qual procura-se eliminar o concreto abaixo da linha neutra,
criando-se vazios e podendo, assim, aumentar a altura da laje sem o
aumento do consumo de concreto. Estas lajes têm sua resistência à tração
concentrada apenas nas nervuras, entre as quais, eventualmente, podem
ser colocados materiais não estruturais, de modo a tornar plana a superfície
inferior da peça.
As lajes nervuradas, de um modo geral, são usadas para vencer
grandes vãos, sendo usual que em edifícios de andares múltiplos elas sejam
empregadas com vãos variando de 6 a 12 m, podendo inclusive atingir vãos
maiores.
Forma-se, assim, um sistema estrutural altamente eficiente,
constituído por um conjunto de nervuras dispostas em uma ou duas
direções, com espaçamentos regulares entre si.
A NBR-6118 (1982) impõe algumas restrições para o cálculo das lajes
nervuradas:
• os esforços solicitantes deverão ser calculados em regime elástico;
• a distância livre entre nervuras não deve superar 100 cm;
• a resistência das nervuras ao cisalhamento deve ser verificada
considerando-as como se fossem vigas isoladas, sempre que a
distância entre elas ultrapassar 50 cm;
• as nervuras deverão ser verificadas ao cisalhamento, como vigas,
se a distância livre entre elas for superior a 50 cm e como laje em
caso contrário;
• a espessura das nervuras não deve ser inferior a 4 cm;
• a espessura da mesa de compressão não deve ser inferior a 4 cm
ou a 1/5 da distância livre entre as nervuras;
CAPÍTULO 2 18

• nas nervuras com espessura inferior a 8 cm não é permitido o


emprego de armaduras de compressão no lado oposto à mesa;
• a resistência da mesa à flexão deverá ser verificada sempre que a
distância livre entre as nervuras superar 50 cm, ou quando o painel
de laje tiver carga concentrada entre nervuras;
• o apoio das lajes deve ser feito ao longo de uma nervura;
• as lajes armadas em uma só direção devem ser providas de
nervuras transversais de travamento sempre que haja cargas
concentradas a distribuir, ou quando o vão teórico for superior a
4m, exigindo-se duas nervuras, no mínimo, se esse vão ultrapassar
6 m;

Os esforços solicitantes nas lajes nervuradas bidirecionais podem ser


calculados do mesmo modo que para as lajes maciças, desde que se
observem as restrições impostas pela NBR-6118 (1982), vistas na página
anterior. Para as lajes unidirecionais, considera-se como faixas de vigas
isoladas, respeitando-se também as restrições impostas pela norma.
As lajes nervuradas de grandes dimensões em planta e as que são
submetidas a significativas cargas concentradas ou distribuídas em linha
devem ter seus esforços solicitantes determinados por processos que
considerem de modo adequado as posições das cargas aplicadas, a
localização e a rigidez das diferentes nervuras, bem como as verdadeiras
condições de apoio das lajes, levando-se em conta as posições dos pilares e
a deformabilidade das vigas de sustentação.
Através de análises estruturais em lajes com carregamento
perpendicular ao seu plano, obtêm-se os esforços solicitantes: momento
fletor, força cortante e, dependendo do processo utilizado, obtêm-se,
também, o momento de torção. O desconhecimento da capacidade das lajes
nervuradas para absorver momentos de torção e também a não necessidade
da sua consideração para o equilíbrio, faz com que se desprezem ou adotem
valores muito pequenos da rigidez associada a esse esforço.
CAPÍTULO 2 19

Para a definição da seção transversal da nervura, de modo a obter os


valores de rigidez à torção e à flexão, segue que:
Segundo a NBR-6118 (1982), item 3.2.2.2, para o dimensionamento
ou cálculo da deformação, a parte da laje a considerar como elemento da
viga (bf) será:

0 ,10.a

bf = bw + 2.b1 sendo, b1 ≤ 8.hf
0 ,5.b
 2

a = vão – para viga simplesmente apoiada

a = 3 .vão - tramo c/ momento em uma só extremidade


4

a = 3 .vão - tramo c/ momentos nas duas extremidades


5
a = 2.vão - para viga em balanço

Fazendo-se a analogia de que a capa de concreto moldado no local


seja a laje e as nervuras sejam um conjunto de viga tem-se:
As abas colaborantes de comprimento b1 (figura 2.7), não podem
superar em 8 vezes a espessura da mesa, sendo, portanto bf = bw + 16.hf.
Utilizando-se os valores mínimos bw = 4cm e hf = 4cm, resulta bf = 68 cm.
Deste modo, adotando-se um intereixo usual igual a 50 cm, por
exemplo, a largura da mesa de compressão (bf) a ser considerada para o
dimensionamento será o próprio valor do intereixo.
0 ,10.a
As outras restrições: b1 ≤  , que dependem do valor da
0 ,5.b2
distância entre as faces das nervuras e do vão, em geral, serão satisfeitas
com a escolha do intereixo igual a 50 cm.
CAPÍTULO 2 20

Fig.2.7 Largura da mesa de compressão

Segundo a NBR-6118 (1982), para o dimensionamento da estrutura


ao Estado Limite Último, considera-se a majoração das ações igual a 1,4 e
os coeficientes de minoração da resistência do concreto e do aço iguais a
1,4 e 1,15, respectivamente, considerando-se a atuação de todas as cargas
permanentes e acidentais.
De acordo com a NBR-7197 (1989), para a verificação dos Estados
Limites de Utilização, no que diz respeito a verificação de Estados Limites de
deformações excessivas podem ser utilizadas as combinações freqüentes
das ações:

Fd = Fg +Ψ1 .Fq1 sendo,

Ψ1 – fator de utilização;
Fd – Ações atuantes para a verificação do estado limite
de deformações excessivas;
Fg - Ações de caráter permanente (peso próprio da laje, alvenarias
e revestimentos);
Fq1 – Ações principais de caráter acidental (cargas variáveis,
sobrecargas).

Fator de utilização, Ψ1 , a ser considerado:

Ψ1 = 0,3 – Edifícios onde não haja predominância de pesos e


CAPÍTULO 2 21

equipamentos que permaneçam fixos por longos períodos


de tempo, nem de elevadas concentrações de pessoas;

Ψ1 = 0,6 – Edifícios onde haja predominância de pesos de


equipamentos que permaneçam fixos por longos períodos
de tempo, e de elevadas concentrações de pessoas;

Ψ1 = 0,7 – Bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens.

As limitações dos deslocamentos máximos, denominados de flechas,


medidos a partir do plano que passa pelos apoios são:

• 1 do vão teórico, ou 1 do comprimento do balanço,


300 150
quando atuarem todas as cargas atuantes para a verificação do
estado limite;

• 1 do vão teórico, ou 1 do comprimento do balanço,


500 250
quando atuarem somente as cargas acidentais.

A verificação e/ou dimensionamento ao cisalhamento é realizada


segundo o anexo da NBR-7197 (1989), que modifica a NBR-6118 (1982).
Em situações que haja necessidade de estribos, pode-se verificar a
armadura já existente, (diagonais da armação treliçada) e geralmente esta já
é suficiente para o combate ao cisalhamento. Porém, é indispensável que
ela faça a ligação do banzo tracionado com o banzo comprimido da nervura,
o que exige que a barra de aço do banzo superior da treliça fique alojada
dentro da mesa de compressão.

O arranjo das armaduras das lajes é essencialmente definido em


função dos esforços de flexão. Para o dimensionamento das lajes
nervuradas submetidas ao momento fletor último ou de cálculo, utiliza-se a
CAPÍTULO 2 22

teoria de flexão normal simples de peças de concreto armado, com seção


retangular ou seção “T”, ou fazendo-se uma analogia com a laje maciça.
A partir daí, chega-se ao valor da armadura de tração que trabalhará
na base de concreto (aço do banzo inferior da treliça e adicionais). Se a
armadura necessária for maior que a armadura do banzo inferior da treliça,
introduzem-se armaduras adicionais, podendo estas serem fios de aço CA-
60 ou barras de aço CA-50.
Havendo nervuras transversais, a disposição das armaduras nesta
direção pode ser feita facilmente pelo emprego de barras isoladas que
cruzam as treliças das nervuras principais, chamadas de nervuras
longitudinais.
Informações complementares para o dimensionamento das lajes
treliçadas:

a) Armadura de distribuição

Na capa de concreto da laje pré-moldada, é colocada uma armadura


denominada armadura de distribuição.
A armadura de distribuição permite um melhor travamento da
estrutura da laje. Combate também o cisalhamento entre abas e alma das
vigotas. Esta armadura tem por objetivo promover um comportamento
conjunto mais efetivo da laje com a estrutura; reduzir os efeitos da retração
diferencial entre o concreto moldado no local e o concreto pré-moldado;
reduzir a abertura de fissuras devida à retração e aos efeitos térmicos;
propiciar melhor distribuição transversal de cargas localizadas e propiciar um
comportamento mais efetivo de diafragma, na transferência de ações
horizontais.
CAPÍTULO 2 23

b) Fase transitória

Durante a fase de montagem a estrutura fica submetida aos esforços


de flexão provenientes do peso próprio das vigotas treliçadas, dos elementos
de enchimento, do peso dos equipamentos, dos operários e finalmente do
concreto de capeamento. Nesta fase há necessidade de cimbramento para
suportar os esforços da fase de montagem e concretagem, cujas distâncias
são variáveis em cada caso e deverão ser especificadas na planta de
execução.
A situação mais desfavorável é a fase de colocação da capa de
concreto no local. Para a situação em que a nervura está sobre dois apoios
extremos e um apoio interno do cimbramento, os momentos fletores são
bem distintos dos correspondentes na situação definitiva. Deve-se fazer um
estudo prévio dos efeitos destes esforços, como por exemplo, a
possibilidade de ocorrer a flambagem no banzo superior da treliça devido a
um não dimensionamento correto do espaçamento do cimbramento.

c) Nervura submetida ao momento fletor negativo:

Em casos onde se tenham lajes unidirecionais contínuas, pode ser


utilizado o modelo de viga contínua desde que se faça o dimensionamento
da nervura ao momento fletor negativo. Para as lajes bidirecionais, do
mesmo modo que para as laje unidirecionais, considera-se a continuidade
entre as lajes, sendo recomendado que os esforços sejam determinados
mediante métodos numéricos confiáveis, como por exemplo, através de
modelos de grelha.
Em muitos casos, não é considerada a continuidade mediante a
aplicação de modelos de cálculo, e sim, arbitrando-se momentos fletores
sobre os apoios intermediários em função de um certo valor de armadura
“negativa” considerada na nervura submetida ao momento fletor negativo.
CAPÍTULO 2 24

Deste modo, calculam-se as nervuras como se fossem bi-apoiadas,


com momentos aplicados nas extremidades dos vãos com valores iguais aos
momentos arbitrados.
Quando a nervura for submetida a um momento fletor negativo, com
tração na sua face superior, o dimensionamento deve ser feito como se
fosse uma seção retangular de largura igual à largura da alma (bw),
desprezando-se totalmente a mesa, como pode ser visto na figura 2.8. Com
isso torna-se necessária uma maior quantidade de armadura para absorver
um mesmo momento, se comparado à seção submetida ao momento fletor
positivo.

Fig.2.8 Dimensionamento da nervura – mesa comprimida e tracionada

Mesmo em painéis isolados de laje, sabe-se que há um semi-


engastamento dos elementos da laje nas vigas de extremidade ou cinta de
amarração. Este semi-engastamento é função direta da rigidez à torção das
vigas.
Mesmo que a laje tenha sido calculada como simplesmente apoiada,
é recomendado, portanto, a adoção de uma armadura construtiva sobre o
apoio de extremidade da laje, a fim de se reduzir ou até mesmo eliminar a
fissuração da laje, próxima aos apoios.
CAPÍTULO
MÉTODOS E TÉCNICAS
3

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Apresentam-se neste capítulo os métodos e técnicas utilizados para


as análises das lajes nervuradas formadas por vigotas pré-moldadas.
A analogia de grelha, a consideração da não-linearidade e os
recursos computacionais disponíveis constituem nos métodos e técnicas
utilizados para a realização das análises nas lajes pré-moldadas treliçadas.
CAPÍTULO 3 26

3.2 ANALOGIA DE GRELHA

3.2.1 FUNDAMENTOS GERAIS

A analogia da grelha consiste em representar uma laje ou mesmo um


pavimento de um edifício através de uma grelha equivalente. A rigidez
longitudinal da laje é concentrada nas barras longitudinais e a rigidez
transversal é concentrada nas barras transversais (figura 3.1).

Fig.3.1 Laje e grelha equivalente. Fonte HAMBLY (1991)

Esta técnica, de fácil compressão, permite o uso de elementos


lineares. A resolução da estrutura resulta num problema simples de análise
matricial aplicada a uma grelha. Acrescenta-se que a analogia de grelha
pode ser o modelo mais indicado para resolver algumas estruturas de lajes,
como por exemplo, a lajes nervuradas, quando comparada com à teoria das
lajes isótropas.
O uso da analogia de grelha permite considerar a rigidez das lajes
vizinhas; as vigas podem ser consideradas como elementos deformáveis e
também é possível fazer um modelo mais adequado na interação das lajes
com as vigas. Outra vantagem é poder considerar facilmente nas lajes,
cargas que não tenham distribuição uniforme, como por exemplo, cargas
lineares e/ou pontuais.
Na discretização das lajes nervuradas pré-moldadas, em grelha,
determina-se a malha de acordo com a localização das nervuras. Se ocorre
CAPÍTULO 3 27

uma laje armada em uma direção, a localização das barras nesta direção
está definida, podendo-se variar o número de barras na direção
perpendicular às nervuras. Agora se ocorre uma laje nervurada armada nas
duas direções, a malha da grelha já estará definida para as duas direções.
O carregamento pode ser montado aplicando-se a força concentrada
diretamente nos nós da grelha, em função das áreas de influência (Ai) de
cada respectivo nó (fig. 3.2).

Fig.3.2 Área de influência para determinação do


carregamento em um nó genérico (i)

3.2.2 PARÂMETROS RELATIVOS À RIGIDEZ À TORÇÃO

Em modelo de grelha, além dos esforços solicitantes de momento


fletor e força cortante, surgem os esforços solicitantes de momento de
torção, sendo este valor, função da rigidez ou capacidade à torção dos
elementos. A rigidez à torção, do mesmo modo que a rigidez à flexão,
constitui parâmetro de estudo em modelos de grelha.
Em uma estrutura, as tensões provocam, além de deformações na
sua direção, deformações na direção transversal. O coeficiente de poisson
(ν) é a razão entre as deformações transversal e longitudinal e é variável
CAPÍTULO 3 28

com a resistência à compressão do concreto e com o nível de solicitação,


adotando-se para os cálculos práticos o valor médio 0,2 conforme
LEONHARDT (1981). A NBR-6118 (1982) sugere também este valor.
De posse do módulo de deformação longitudinal do concreto (Ec), do
coeficiente de Poisson e supondo-se o concreto não fissurado, o módulo de
deformação transversal (G) do concreto pode ser determinado, de acordo
com a teoria da elasticidade pela expressão:

Ec
G=
2(1 + ν )

Segundo LEONHARDT (1981), numa peça de concreto armado,


mesmo no Estádio Ι, já se observa uma queda na rigidez à torção. Atribui-se
esse efeito à presença de microfissuras existentes na peça. O módulo de
elasticidade transversal G só pode ser utilizado no estádio I, para efeito de
cisalhamento e de torção. No estádio II o módulo de elasticidade E é o
determinante, porque as deformações por cisalhamento e torção são
calculadas através de modelos de treliça, nas quais as barras das treliças se
deformam de acordo com suas rigidezes à deformação longitudinal.
Para que seja levado em conta o efeito da queda de rigidez à torção,
devido à fissuração, TAKEYA et alii (1985) recomendam que seja adotado
G = 0,15 Ec.

O cálculo ou estimativa do momento de inércia à torção (IT) para


seções transversais homogêneas retangulares (figura 3.3) é vista em
LEONHARDT (1979), sendo dado pela expressão:

IT = α .b 3 .d sendo α determinado por:

d/b 1,0 1,5 2,0 3,0 4,0 6,0 8,0 10,0 ∞


α 0,141 0,196 0,229 0,263 0,281 0,299 0,307 0,313 0,333
CAPÍTULO 3 29

Fig.3.3 Seção transversal homogênea retangular

Para vigas com seção Ι ou T (figura 3.4), de acordo com


LEONHARDT (1979), divide-se a seção em retângulos, obtendo IT como a
soma dos valores dos retângulos parciais. Admite-se, pois que cada
retângulo parcial gira em torno do respectivo centro de cisalhamento. Na
realidade, existe apenas um eixo de rotação global, que passa pelo centro
de cisalhamento da seção total. No entanto o cálculo do IT por este método
simplificado conduz a resultados satisfatórios.

IT = ∑ ITi = IT1 + IT2 + IT3 + ...

Fig.3.4 Seção Ι - Cálculo do momento de inércia à torção,


segundo LEONHARDT (1979)

Outro modo de estimar o momento de inércia à torção das vigas Ι


(figura 3.5) é, de acordo com a expressão sugerida por BARES, (1966):

IT =
1
3
[ (
(h − hf 1 − hf 2 ).bw3 + 0 ,5. bf 1 .hf31 + bf 2 .hf32 )]
CAPÍTULO 3 30

Fig.3.5 Seção Ι - Cálculo do momento de inércia à torção,


segundo BARES (1966)

A rigidez à torção (kT), é função direta do módulo de deformação


transversal (G) e do momento de inércia à torção (IT), sendo:

KT = G.IT

Segundo o COMITE EURO-INTERNATIONAL DU BETON (1991)4,


pode-se estimar a rigidez à torção para o estádio I por:

KΙ T = 0,3. Ec.IT - coeficiente de rigidez à torção no estádio Ι

Agora, para o estádio ΙΙ, o CEB-90 (1991) considera o valor:

KΙΙ T = 0,10.Ec.IT - coeficiente de rigidez à torção no estádio ΙΙ

Para o caso de haver interação entre os esforços de flexão e torção, a


formulação resulta em:

KΙΙ T = 0,05.Ec.IT - coeficiente de rigidez à torção no estádio ΙΙ

4
COMITE EURO-INTERNATIONAL DU BETON (1991) - Indica-se a partir de agora como
CEB-90 (1991).
CAPÍTULO 3 31

3.2.3 DISCRETIZAÇÃO DA LAJE PRÉ-MOLDADA

O painel ou pavimento constituído por laje nervurada pré-moldada é


discretizado em uma grelha.
Em função do valor do intereixo (distância entre o centro de duas
nervuras consecutivas), define-se a malha da grelha na direção paralela à
nervura.
Para uma melhor apresentação, mostra-se a seguir, como exemplo, a
discretização de um painel de laje unidirecional formado por vigotas pré-
moldadas e concreto moldado no local. As dimensões adotadas (figuras 3.6
e 3.7) são de acordo com manuais de dimensionamento produzidos por
fabricantes deste tipo de laje. Neste exemplo utilizam-se os dados de LIMA
(1983).
Seja o painel constituído de laje pré-moldada:

Fig.3.6 Esquema de um painel de laje apoiado em vigas


CAPÍTULO 3 32

ELEMENTO DE CONCRETO DE
FERRAGEM DE ENCHIMENTO VIGA
DISTRIBUICAO CAPEAMENTO
TRELICADA

13.0 32.0 13.0

INTEREIXO = 45.0

Fig.3.7 Seção da nervura que contém a vigota pré-moldada

Por se tratar de uma laje unidirecional, na direção transversal tem-se


apenas a colaboração do concreto de capeamento. Para a discretização da
grelha, considera-se, neste caso, o espaçamento entre as barras da grelha
iguais tanto na direção longitudinal quanto na direção transversal às vigotas
pré-moldadas, como pode ser visto nas figuras 3.8 e 3.9.

1000
15

50
27.5 45 21

V1
V3 V4

35 45 45 45 45 35

barras
da
grelha
V3 V4

Fig.3.8 Localização das barras da grelha na direção longitudinal


às vigotas (dimensões em cm)
CAPÍTULO 3 33

730

15
4

vigotas
50

V4
V1 V2

35 45 45 45 45 35

barras
da
grelha

V1 V2

Fig.3.9 Localização das barras da grelha na direção transversal


às vigotas (dimensões em cm)

O esquema da malha é indicado na figura 3.10. Nota-se, nesta grelha,


que todos os pontos referentes às vigas de extremidade possuem apoios,
restringindo-se o deslocamento vertical; esta hipótese pode ser adotada para
apoio de laje sobre alvenaria portante, por exemplo.

Fig.3.10 Malha da grelha


CAPÍTULO 3 34

3.3 CONSIDERAÇÃO DA NÃO-LINEARIDADE

A avaliação dos deslocamentos e esforços solicitantes em uma


estrutura torna-se mais confiável ou segura com uma devida estimativa dos
parâmetros de rigidez do concreto armado. Isto se torna complexo pelo fato
de que parte do elemento trabalha no Estádio Ι, parte no Estádio ΙΙ e,
dependendo do carregamento ou disposições geométricas, no Estádio ΙΙΙ;
além dos efeitos da retração e deformação lenta do concreto. Para isto tem-
se desenvolvido modelos não-lineares.
Os modelos não-lineares podem ser formulados de várias maneiras.
Quanto à discretização da seção transversal, existem modelos que a
idealizam constituída por camadas superpostas. Quanto às teorias, podem
ser citadas a teoria elastoplástica, a teoria do dano e a da fratura, dentre
outras.
Neste trabalho apresenta-se um modelo não-linear, mediante a
relação momento-curvatura do CEB-90 (1991), sendo função da fissuração
do concreto e também das equações constitutivas dos materiais, aço e
concreto. Apresenta-se também a formulação empírica proposta por
BRANSON (1963).

a) Relação momento x curvatura do CEB-90 (1991)

Uma maneira possível de relacionar o momento atuante (M) com a


curvatura (1/r) é a partir do modelo que considera a flexão simples pura
atuando em um trecho de peça em que a seção está contida. A partir do
diagrama momento-curvatura define-se a rigidez média à flexão da seção.

M 1
= sendo , Ec - módulo de elasticidade do concreto
Ec I r
Ι - momento de inércia da seção considerada
CAPÍTULO 3 35

De acordo com o CEB-90, o módulo de elasticidade (Ec) pode sofrer


uma redução (Ecs) para levar-se em conta o início de plastificação do
concreto, sendo:
1
E c = 21500(( f ck + 8) / 10) 3 (MPa) ; E cs = 0,85E c (MPa)

fck - é o valor da resistência característica do concreto com 28 dias

Na figura 3.11 é representada a relação momento-curvatura de uma


seção de concreto armado submetida à flexão simples. O CEB-90 considera
que a curvatura média é influenciada pela fissuração antes da atuação do
valor do momento de início de fissuração (Mr), isto é, para o valor de
M r β b . Para um momento superior a este limite há uma sensível

diminuição da rigidez à flexão, embora não exista, em princípio, sinal de


escoamento do aço ou plastificação do concreto comprimido. Este trecho
corresponde ao estádio ΙΙ. Conforme o CEB-90 o valor do momento de
fissuração Mr pode ser determinado por:

2
 f 3
M r = W1 f ct f ctm = 1,4 ck  (MPa)
 10 

fctm - resistência média à tração axial do concreto;


fct - resistência média à tração por flexão do concreto, sendo:
W1 - módulo de resistência do estádio Ι, incluindo a armadura.

A NBR-7197 (1989) no seu anexo dispõe que a resistência à tração


na flexão, quando da verificação do estado limite de formação de fissuras,
deve ser considerada igual a 1,2 vezes o valor de sua resistência à tração
axial, para vigas de seção T e 1,5 vezes o valor da resistência à tração axial
para vigas com seção retangular. Portanto, na ausência de valores de
CAPÍTULO 3 36

resistência à tração na flexão, obtidos através de ensaios, consideram-se os


valores iguais a:

fct = 1,2. fctm para vigas com seção "T";


fct = 1,5. fctm para vigas retangulares;

Um terceiro trecho da curva ocorre quando o aço tracionado escoa ou


o concreto comprimido entra em estágio de plastificação; há uma variação
sensível de rigidez no trecho. Nesta situação as deformações começam a
ser grandes, pelo menos na região próxima a esta seção. Este trecho é
limitado entre o valor do momento de escoamento (My) e momento último ou
de ruína (Mu).

Fig.3.11 Momento fletor x curvatura segundo o CEB-90 (1991)

Estádio Ι - M < M r β b :

1 1 M r βb
= = sendo, β b > β1 β 2
r r1 Ec I Ι

Estádio ΙΙ - M r β b < M < M y :

1 1 1 1  1 1 M 
= − sendo: =  −  . βb .  r 
r r2 rts rts  r2 r r1r   M
CAPÍTULO 3 37

1
- rigidez do concreto à tração “tension stiffening”
rts

1 M 1 Mr 1 Mr
= ; = ; =
r2 E cs I ΙΙ r2 r E cs I ΙΙ r1r E c I Ι

Para M > M y :

1 1  1 1  M  ( M − My ) Mu − M y
= −  −  . βb .  r  + sendo, KΙΙΙ =
r ry  r2 r r1r   My  2 KΙΙΙ 1 1

ru ry

sendo:

M - momento fletor atuante na seção ou trecho analisado;


IΙ - momento de inércia da seção no estádio Ι
IΙΙ - momento de inércia da seção no estádio ΙΙ

βb - produto de coeficientes que levam em conta a aderência das barras de


aço e a repetitividade dos carregamentos, sendo em função de:
β1 = 0,5 para barras de má aderência e 1,0 caso contrário
β2 = 0,5 para cargas repetitivas ou 0,8 para o primeiro carregamento

b) Formulação de BRANSON (1963)

A formulação de BRANSON foi desenvolvida para o cálculo ou


estimativa de flechas em vigas. Caracteriza-se pela redução progressiva do
momento de inércia médio ou equivalente (Ιe) da seção entre os Estádios Ι e
ΙΙ puro, de acordo com o momento fletor atuante (M), maior do que o
momento relativo à fissuração da peça (Mr).
Apresenta-se a função interpoladora proposta por BRANSON a
seguir:
CAPÍTULO 3 38

3 3
M   M 
I e =  r  I O + 1 −  r  I Ι Ι ≤ I O sendo:
M   M 

Mr Momento fletor de início de fissuração;


Ιo Momento de inércia da seção bruta não fissurada, podendo-se
substituir pela seção homogeneizada tomando a relação do
módulo de elasticidade do aço e do concreto;
ΙII Momento de inércia da seção fissurada ou momento de inércia
do estádio ΙΙ;

Salienta-se que a norma espanhola EF-96 (1997) recomenda esta


formulação para o cálculo da flecha instantânea em lajes pré-moldadas
unidirecionais. Deste modo, consideram-se as nervuras da laje como vigas
isoladas.
O valor da rigidez calculada mediante a relação momento x curvatura
segundo o CEB-90, refere-se a uma dada seção submetida ao momento
fletor. Sendo portanto de fundamental importância a discretização ou divisão
do modelo em vários elementos, com isso obtêm-se os valores de rigidez
em várias localizações do modelo. O número de elementos a ser
considerado irá depender do tipo de modelo em estudo e do bom senso de
quem realiza a análise.
Na formulação de BRANSON, a inércia equivalente determinada em
função do máximo momento fletor, é constante ao longo de todo elemento,
não sendo, portanto, necessária a divisão do modelo em vários elementos.

3.4 PROCEDIMENTOS EMPREGADOS PARA CONSIDERAR A


NÃO-LINEARIDADE

No início da dissertação, planejou-se fazer análises teóricas de lajes


nervuradas formadas por vigotas pré-moldadas com armação em forma de
CAPÍTULO 3 39

treliça. Esta análise consiste na análise não-linear em modelos de grelha


mediante o uso da relação momento x curvatura.
Como base do trabalho, tem-se a tese de doutorado do Prof. Roberto
Chust Carvalho, sob o título Análise não-linear de pavimentos de concreto
armado através da analogia de grelha, CARVALHO (1994).
Com a idéia geral do trabalho já concretizada, optou-se por fazer as
análises mediante o emprego do programa ANSYS5. Como primeiro passo,
estudou-se detalhadamente os principais recursos deste programa ( pré-
processador, o processamento ou análise estrutural e o pós-processador).
Utilizando este programa e com o modelo de grelha, analisou-se as
lajes nervuradas em comportamento linear, sendo a principal vantagem, a
facilidade de entrada rápida e modificação dos dados e a visualização dos
resultados. Apresenta-se na figura 3.12 o desenho de uma grelha gerada no
ANSYS.

Fig.3.12 Grelha gerada no ANSYS

O elemento adotado para estas análises em vigas e/ou grelhas foi o


elemento de barra BEAM4-3D Elastic Beam, que faz parte da biblioteca de

5
ANSYS Analysis System - Release 5.4. (1997)
CAPÍTULO 3 40

elementos do ANSYS. Sendo um elemento uniaxial com 6 graus de


liberdade em cada nó, ou seja, translação e rotação nas três direções.
Mas, notou-se a possibilidade de realizar a análise não-linear da laje,
de acordo com os próprios recursos do ANSYS, pois o mesmo possui em
sua biblioteca, o elemento SOLID65 3-D Reinforced Concrete Solid, este
elemento simula as características do concreto-armado, inclusive a perda de
rigidez devida à fissuração.
Como parte de um trabalho paralelo, para uma posterior comparação
com o modelo de grelha, estudou-se as características gerais deste
elemento e também os meios da realização da análise não-linear mediante
os critérios de convergência e de equilíbrio. Deste modo, a análise não é
mais realizada segundo a analogia de grelha, pois a estrutura é modelada
como um sólido com as dimensões iguais à estrutura real.
Esta análise não obteve o sucesso esperado, pois devido à grande
complexidade da análise não-linear em sólidos e também dos critérios
próprios de convergência do programa, optou-se por realizar a análise não-
linear somente com a analogia de grelha.
O processo ou técnica adotada para a realização da análise não-
linear, em modelo de grelha, tendo como base as equações momento x
curvatura, foi a do carregamento incremental.
De acordo com CARVALHO (1994) uma primeira vantagem de se
considerar o carregamento incremental, está na possibilidade de trabalhar,
em cada etapa, com a rigidez próxima da correta. Pode-se considerar que
em cada etapa de carga há linearidade entre os esforços e deslocamentos,
bastando para tanto considerar um certo número mínimo de etapas. O
problema não linear passa a ser resolvido através de uma soma de parcelas
lineares.
Uma técnica mais refinada a se empregar é a que admite para cada
etapa de carga, um processo iterativo em que se procura corrigir o erro de
haver sido considerada a estrutura linear para o incremento de carga. Deste
modo, obtém-se o equilíbrio entre todas as forças externas e internas.
CAPÍTULO 3 41

Dentro das limitações do conhecimento para a programação no ANSYS, e


do pouco tempo disponível, esta técnica não foi possível de ser empregada.
Para a realização da análise não-linear, utilizando o programa
ANSYS, implementou-se as equações de momento x curvatura e o
processo para o carregamento incremental. Esta implementação, que
modifica o esquema habitual de processamento linear do programa é
possível mediante a introdução de “macros” ou sub-rotinas.

A análise não-linear é realizada, após o dimensionamento dos


elementos constituintes da grelha. Para o dimensionamento, consideram-se
os esforços solicitantes obtidos mediante o emprego da análise linear.

Na estrutura em estudo (grelha, viga), os valores a se considerar dos


esforços serão os obtidos no ponto central do elemento. Com isso, quanto
maior for o número de elementos ou divisões em uma viga, por exemplo,
melhor será a aproximação ao o diagrama real presente na estrutura. A
seguir tem-se na figura 3.13, como exemplo, a determinação dos valores de
momento fletor em uma viga bi-apoiada com carregamento distribuído e
discretizada em 5 elementos:

Fig.3.13 Viga bi-apoiada discretizada em 5 elementos


CAPÍTULO 3 42

a) Análise linear

A análise linear da grelha é realizada, como comentado, mediante o


uso do programa ANSYS, sendo necessária a definição do carregamento
da grelha (peso próprio + sobrecarga) e da rigidez das barras longitudinais e
transversais.
Para a rigidez à flexão (Kf) deve-se definir o valor do módulo de
elasticidade longitudinal do concreto (Ec) e do momento de inércia à flexão
da seção de concreto (Io):

k f = Ec .I o

Nas análises de grelha geralmente desconsideram-se ou adotam-se


valores reduzidos da rigidez à torção, pois esta rigidez, na maior parte dos
casos, não é necessária ao equilíbrio estrutural e também há poucos
estudos que indiquem o valor da rigidez a se considerar.
Considera-se, a princípio a rigidez à torção no estádio II (para o caso
de interação entre os esforços de flexão e de torção), segundo o CEB-90
visto em 3.2.2 sendo expresso por:

kTΙΙ = 0 ,05.Ec .I T K

A análise linear na grelha, como em qualquer outro tipo de estrutura,


permite avaliar os esforços solicitantes (momento fletor, momento torçor,
cortante), reações de apoio, deformações de deslocamentos.
Os valores de esforços e deslocamentos, através do programa
ANSYS são obtidos via processo dos deslocamentos.
CAPÍTULO 3 43

b) Análise não-linear

b.1 Valores e a variação da rigidez à flexão

Como apresentado em 3.3, a variação da rigidez à flexão no


elemento se dá em função do valor do momento fletor atuante. Sendo o
momento de fissuração (Mr), o momento de escoamento do aço ou
plastificação do concreto (My) e o momento último (Mu) valores limites que
definem o estádio de comportamento do elemento.
Os valores dos momentos e curvaturas de escoamento do aço ou
plastificação do concreto e também valores últimos são determinados de
acordo com equações de equilíbrio, de compatibilidade e também das
equações constitutivas do concreto e do aço. Estas equações são
apresentadas no ANEXO A. Para facilitar a determinação destes valores,
monta-se uma rotina de cálculo em linguagem FORTRAN6, nomeada de
RIGIDEZ.
Para o dimensionamento de elementos de concreto armado,
considera-se o diagrama tensão x deformação do aço e do concreto, de
acordo com a NBR-6118 (1982). Nesta análise, pretende-se avaliar o
comportamento da estrutura, e em casos onde não se tem os diagramas
experimentais de comportamento do aço e do concreto, consideram-se os
mesmos diagramas propostos para o dimensionamento. Mas, os valores de
resistência indicados como valores característicos ou de cálculo, são
substituídos por valores médios de resistência, como pode ser visto na figura
3.14.
Segundo o diagrama tensão x deformação do concreto, o patamar de
escoamento ocorre com a tensão correspondente à deformação igual a 2%o.
Mas nota-se que com deformações menores já ocorre uma grande perda de
rigidez devido à plastificação do concreto. Devido a isto, considera-se nas
análises, para a determinação do momento de escoamento ou plastificação,

6
FORTRAN – Microsoft Developer Studio – Fortran Powerstation 4.0 (1995)
CAPÍTULO 3 44

o valor de deformação do concreto igual a 2 %o e 1,5 %o, para


comparações.
Com o aço classe B ocorre o mesmo, é definido o escoamento do aço
a tensão igual a fym, mas, como é visto no seu diagrama tensão x
deformação, a partir da tensão igual a 0,7 fym há perda de rigidez. Para este
trabalho, considera-se a tensão de escoamento no aço tipo B um valor
intermediário entre 0,7 e 1,0 fym. A princípio considera-se o valor médio 0,85
fym. O escoamento do aço tipo A, como é visto no seu diagrama é igual a
1,0 fym.
O valor do momento de escoamento (MY) calculado no início do
patamar de escoamento é diferente do valor do momento de escoamento
calculado no arbitrado início da plastificação ou perda de rigidez. Com a
consideração de valores diferentes de momento de escoamento na
formulação do CEB-90, os valores de deslocamento e curvatura, serão
diferentes, sendo estes valores analisados no decorrer do trabalho, mediante
a comparação de análises teórica e experimental.
Desta forma pretende-se considerar a queda de rigidez não somente
a partir do escoamento, e sim a partir de um dado ponto da curva (tensão x
deformação) em que já ocorra uma grande perda de rigidez.

Ainda, para o uso do Modelo do CEB-90 (1991), necessita-se da


determinação da rigidez à flexão (kf) para os estádios Ι e ΙΙ.
Conforme visto em 3.3, considera-se o valor do módulo de
elasticidade igual à Ec e Ecs , para os estádios Ι e ΙΙ, respectivamente.
Os valores de momento de inércia à flexão para o estádio I e
estádio II puro são obtidos através da homogeneização da seção, de acordo
com a razão entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto (α).

Es
α=
Ec
CAPÍTULO 3 45

Fig.3.14 Diagrama tensão x deformação – concreto e aço

Sabe-se que para a determinação do momento de inércia à flexão


para o estádio II puro, considera-se apenas a região comprimida de
concreto, como pode ser visto na figura 3.15.
Apresenta-se na figura 3.16 a variação da rigidez à flexão em função
do momento fletor atuante em um elemento para as equações do CEB-90 e
da função proposta por BRANSON. O artifício considerado nas análises
segundo BRANSON consiste em atribuir o valor do momento de inércia,
calculado em função do maior momento fletor atuante, a todos os elementos,
ou seja, todos os elementos possuem a mesma rigidez à flexão.
CAPÍTULO 3 46

ESTÁDIO I

XI
compressão

Linha Neutra (L.N.)


tração

Armadura

ESTÁDIO II
compressão
X II

Linha Neutra (L.N.)


tração

Armadura

Fig.3.15 Momento de inércia – estádio I e II

Rigidez à Rigidez à
flexão flexão Estádio I Estádio II
Estádio I Estádio II Estádio III

E c .I I E c .I I

E cs.I II E c .III

βb . M r Mr
Momento Momento
My
Fletor Mu Fletor
Mu

CEB-90 BRANSON

Fig.3.16 Variação da rigidez à flexão

Em função do valor da curvatura e do momento fletor em uma seção,


pode-se calcular a rigidez à flexão. Lembrando que os valores de curvatura
são calculados em função de equações de equilíbrio e de compatibilidade de
CAPÍTULO 3 47

deformações. Deste modo, o cálculo da rigidez não será função direta do


módulo de elasticidade nem tampouco do momento de inércia.
Considerando-se o início do escoamento a partir do estádio ΙΙ puro,
pode-se determinar a rigidez à flexão no estádio II (kf II) através dos valores
de momento (My) e curvatura de escoamento (1/ry):

1 My My
Sendo, = tem-se Ecs I ΙΙ = k fΙΙ =
ry E cs I ΙΙ 1
ry

Conclui-se, portanto, que a rigidez no estádio ΙΙ pode ser calculada


pela homogeneização da seção (função dos módulos de elasticidade dos
materiais) ou de acordo com a curvatura (função das equações de equilíbrio,
equações de compatibilidade e também das equações constitutivas do
concreto e do aço). Apresenta-se no ANEXO B comparações de valores de
rigidez à flexão para o estádio I e II segundo a homogeneização da seção e
da relação momento x curvatura.

b.2 Rigidez à torção

Nesta análise não-linear considera-se os valores de rigidez à torção


no estádio Ι e ΙΙ, conforme visto em 3.2.2.

KT I = 0,3. Ec.IT - coeficiente de rigidez à torção no estádio Ι

KT ΙΙ = 0,05.Ec.IT - coeficiente de rigidez à torção no estádio ΙΙ

O estudo do comportamento de elementos submetidos à torção é feito


aqui de forma dependente dos esforços de flexão. Pois como não se tem um
estudo detalhado dos momentos torçores limitantes para a determinação do
estádio em que se encontra o elemento, estes limites são, então, adotados
em função dos momentos fletores. A maioria dos ensaios disponíveis na
CAPÍTULO 3 48

literatura está relacionada à torção simples e são adotados como


aproximação para os casos de solicitação composta.
Para valores acima do momento de escoamento ou plastificação, não
se tem indicação do valor da rigidez à torção, supondo ser um valor muito
baixo, considera-se um valor próximo de zero.
Na figura 3.17 representa-se a variação da rigidez à torção em função
do momento fletor atuante no elemento.

Rigidez à
torção Estádio I Estádio II Estádio III

0,3 . E c . I T

0,05 . Ec . IT

βb .M r
My Momento
Fletor
Mu

Fig.3.17 Variação da rigidez à torção

b.3) Carregamento incremental

A técnica adotada para considerar a não linearidade física é a do


carregamento incremental. O carregamento em uma estrutura pode ser
obtido pela soma de n etapas ou incrementos de carga. Pode-se considerar
que em cada etapa de carga, há linearidade entre esforços e
deslocamentos, ou seja, o problema não linear passa, assim, a ser resolvido
através da soma de parcelas lineares.
CAPÍTULO 3 49

A rigidez (à flexão ou à torção) de cada elemento em um dado


incremento de carga será, portanto, função do valor do momento fletor
decorrente da etapa anterior adicionada ao valor proveniente do incremento
de carga. Com o novo valor da rigidez e das forças externas aplicadas na
estrutura, calculam-se através de análise linear os esforços e
deslocamentos.
A seguir, tem-se na figura 3.18, como exemplo, um diagrama de
carga x deslocamento considerando a mudança de rigidez de um certo
elemento. De acordo com esta figura, tem-se que com o incremento de
carga 3 ocorre a mudança de rigidez, pois ultrapassa o ponto de início da
fissuração.
Para o incremento 4 reduz-se mais ainda a rigidez, pois se tem um
maior esforço solicitante.

Fig.3.18 Diagrama genérico de carga x deslocamento


CAPÍTULO 3 50

Sintetizando o procedimento utilizado para a análise não-linear, tem-


se:
• Determinação dos esforços mediante análise linear;
• Dimensionamento dos elementos;
• Cálculo das características geométricas e mecânicas dos
elementos mediante o uso do programa RIGIDEZ, realizado em
linguagem FORTRAN;
• Introdução dos valores obtidos como dados de entrada nos
“macros” do ANSYS;
• Análise não-linear incremental;
• Saída e análise dos resultados.

Na figura a seguir, mostra-se um fluxograma do esquema de


resolução adotado para a consideração da não-linearidade.

geometria e
Estrutura: viga ou grelha carregamento
saída dos
R
geometria da seção transversal ANSYS resultados para
cada incremento
áreas de aço
constituição da
α equivalente Es /Ec matriz de rigidez
número de
características do aço incrementos
e do concreto

rigidez para o estádio Ι e ΙΙ


Rotina em Subrotinas
FORTRAN momento e curvatura de
introduzidas
escoamento ou plastificação
" RIGIDEZ" no ANSYSR
momento e curvatura último

Fig.3.19 Fluxograma da análise não-linear


CAPÍTULO 3 51

3.5 PARTICULARIDADES DO PROCEDIMENTO

3.5.1 CONTINUIDADE

Entre lajes pré-moldadas adjacentes, como acontece com as lajes


maciças, há a continuidade estrutural. Com isso há uma diminuição do
momento fletor positivo e aparece o momento fletor negativo. Apresenta-se
na figura 3.20 o diagrama de momento fletor sem a consideração da
continuidade e com a consideração da continuidade.

+ +

lajes simplesmente apoiadas

+ +

lajes contínuas

Fig.3.20 Diagrama de momento fletor para lajes simplesmente apoiadas


e lajes contínuas

Atenção especial deve ser dada às lajes nervuradas contínuas. Nos


apoios intermediários, onde atua o momento fletor negativo, a seção
resistente é formada apenas pela alma das nervuras, com largura bw (figura
3.21). As quais funcionam, como vigas de seção retangular, pois, neste
caso, em geral, toda a mesa está na zona tracionada.
Lembra-se que o momento fletor negativo não aparece somente nos
casos de continuidade, mas também em situações em que se considera a
rigidez à torção das vigas de extremidade.
CAPÍTULO 3 52

b
Ac
L.N.

d
As
dimensionamento da nervura
ao momento fletor positivo

As
L.N.
d Ac

bw
dimensionamento da nervura
ao momento fletor negativo

A c = área de concreto
As = área de aço

Fig.3.21 Dimensionamento da nervura – mesa comprimida e tracionada

A análise não linear com continuidade se dá do mesmo modo que


para as lajes e vigas simplesmente apoiadas. A única diferença é a rigidez (à
flexão e à torção). Neste caso tem-se uma matriz de rigidez dupla, ou seja,
para cada incremento de carga, calcula-se a rigidez correspondente em
função do valor absoluto (positivo ou negativo) do momento fletor atuante no
elemento. Se o momento fletor for positivo, determina-se a rigidez em função
da seção transversal dimensionada para resistir ao momento fletor positivo,
caso contrário, determina-se a rigidez em função da seção transversal
dimensionada ao momento fletor negativo, como pode ser visto na figura
3.22.

Fig.3.22 Análise não-linear – momento fletor positivo e negativo


CAPÍTULO 3 53

3.5.2 CONTRIBUIÇÃO DA CAPA DE CONCRETO

Nas lajes unidirecionais, considera-se a contribuição da capa de


concreto na direção transversal (fig.3.23). Na análise linear considera-se a
rigidez (à flexão e à torção) em função da sua geometria (altura da capa de
concreto e largura da malha da grelha).

dimensão da malha da grelha

capa de concreto

hf
h
elemento de enchimento

Fig.3.23 Contribuição da capa de concreto na direção transversal

Para a análise-não linear, considera-se a redução da rigidez a partir


do início de fissuração da seção em questão.
A rigidez à torção a ser considerada quando se ultrapassa o início de
fissuração será a rigidez do estádio II. Agora, para a rigidez à flexão,
considera-se a inércia do estádio II igual a 1/3 da inércia à flexão do
estádio I. Esta simplificação é feita pelo fato de que nas análises não é
considerado o efeito das armaduras de distribuição posicionadas no interior
da capa de concreto.
CAPÍTULO
AVALIAÇÃO DO PROCEDIMENTO
EMPREGADO PARA A ANÁLISE
NÃO-LINEAR
4
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Com o intuito de comparar os valores experimentais com os valores


dos modelos teóricos, descrevem-se algumas vigas e lajes de concreto
armado ensaiadas no laboratório de estruturas da Escola de Engenharia de
São Carlos - USP. Os ensaios apresentados não foram executados pelo
autor desta dissertação.
Ressalta-se que nestas comparações teórico-experimental não há
análises em lajes pré-moldadas, pois neste deseja-se apenas avaliar o
modelo teórico apresentado no Capítulo 3.

O capítulo é dividido em duas partes, sendo:

a) análise experimental em vigas bi-apoiadas com seção transversal


retangular e “I” ;
b) análise experimental em faixas de lajes contínuas.
CAPÍTULO 4 55

4.2 VIGAS BI-APOIADAS

Os ensaios foram feitos em vigas simplesmente apoiadas submetidas


a cargas concentradas nos terços e com isso o terço central da viga fica
submetido a um estado de flexão simples e pura.
Descreve-se a seguir o ensaio, resultados e comparações teóricas x
experimentais de dois tipos de vigas, sendo duas vigas com seção “Ι” e três
com seção retangular. As vigas com seção “Ι” foram ensaiadas nas aulas de
Análise Experimental de Estruturas – SET 816 do Departamento de
Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia de São Carlos, e as
vigas com seção retangular fazem parte da dissertação de mestrado de
ÁLVARES (1993).

4.2.1 DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS

A) Vigas com seção “ΙΙ”

Nas figuras 4.1 e 4.2 mostram-se o esquema de ensaio, a seção


transversal e a instrumentação utilizada.

Fig.4.1 Esquema de ensaio da viga “Ι” e instrumentação


(dimensões em cm)
CAPÍTULO 4 56

9 9

3 2
AS
extensômetros
3 3 Φ 6,3 mm no concreto

estribo
30 28,12
18

extensômetros
na armadura
AS
3 φ 12,5 mm

8 4 8

Fig.4.2 Seção transversal da viga “Ι” e instrumentação


(dimensões em cm)

As vigas com seção “Ι” possuem concreto com resistências distintas,


pois não foram moldadas no mesmo dia. Divide-se, portanto estas vigas em
série A.1 e série A.2.

Série A.1

Os valores da resistência à compressão e à tração do concreto foram


obtidos de ensaios realizados em corpos de prova cilíndricos. Os valores
médios obtidos para fcm e fctm são, respectivamente 24,25 MPa e 2,44 MPa.
O valor do módulo de elasticidade foi determinado em dois corpos-de-prova,
mas devido a problemas de leitura, o valor considerado é apenas de um
corpo-de-prova, sendo igual a 32 GPa com fcm igual a 25,54 MPa. O aço
empregado é o CA-50 A.

Série A.2

Conforme a série anterior tem-se para fcm e fctm, respectivamente,


33,3 MPa e 2,6 MPa. Para este ensaio não foi medido o módulo de
elasticidade e também se mediu somente o deslocamento no meio da viga,
enquanto que na série A.1 mediu-se também os deslocamentos próximos
aos pontos de aplicação da carga, como pode ser visto na figura 4.1.
CAPÍTULO 4 57

B) Vigas com seção retangular

Como pode ser visto em ÁLVARES (1993), tem-se 3 séries de 2 vigas


cada, com a mesma seção transversal, variando-se apenas a taxa de
armadura longitudinal junto à face inferior. Apresenta-se o esquema do
ensaio na figura 4.3 e a seção transversal das séries na figura 4.4.
Os valores do módulo de elasticidade, resistência à compressão e a
tração do concreto foram obtidos de ensaios realizados em corpos de prova
cilíndricos de amostras do concreto utilizado nas vigas. Obteve-se o valor de
Ec igual a 29200 MPa. Para fcm e fctm tem-se, respectivamente 24,0 e 2,68
MPa. O aço empregado é o CA-50 A.

Fig.4.3 Esquema do ensaio das vigas com seção retangular


CAPÍTULO 4 58

Fig.4.4 Seção transversal das vigas - dimensões em cm

4.2.2 MODELO ADOTADO E COMPARAÇÕES COM VALORES


EXPERIMENTAIS

A) Vigas com seção “ΙΙ”

Pelo fato de que somente na série A.1 determinou-se o módulo de


elasticidade e em somente um corpo de prova obteve-se um valor
satisfatório utiliza-se o valor do módulo de elasticidade obtido de acordo com
o CEB-90 (1991):

série A.1 - Ec = 28880 MPa ; Ecs = 24550 MPa


série A.2 - Ec = 32100 MPa ; Ecs = 27290 MPa

Adotam-se dois valores de deformação para considerar o início de


plastificação do concreto (εcp), sendo igual a 1,5%o e 2%o. Mas devido às
equações de equilíbrio, obtém-se o mesmo valor de momento e curvatura,
CAPÍTULO 4 59

pois ocorre o escoamento do aço. Para esta análise a variável βb é igual a


0,8.
Utilizando-se o programa RIGIDEZ, desenvolvido em linguagem de
programação FORTRAN, tem-se os valores das características geométricas
e mecânicas na tabela 4.1 para as séries A.1 e A.2.
Define-se o número de incrementos e também o número de divisões
ou elementos na viga, e de posse dos valores de rigidez, momentos e
curvaturas, executa-se o programa ANSYS, juntamente com os “macros” aí
introduzidos.
Adota-se o incremento da força aplicada igual a 1,0 kN, sendo o
número de iterações função do momento último, pois, tratando-se de uma
viga isostática a relação da força aplicada e momento atuante é linear.
O número de nós e elementos para esta análise são respectivamente
31 e 30, sendo 13,0 cm o comprimento de cada elemento do terço central da
viga e os demais elementos com 12,5 cm de comprimento.

10 x 12,5 cm 10 x 13,0 cm 10 x 12,5 cm

Fig.4.5 Divisão da viga “I” em elementos


CAPÍTULO 4 60

Tabela 4.1 Características geométricas e mecânicas - viga “Ι”

série A.1 A.2


As 3,80 3,80
A s2 0,94 0,94
Xo 15 15
Io 32400 32400
XI 15,81 15,71
II 37330 36724
X II 7,86 7,43
I II 14625 13326
Mr 770,2 802
Escoamento ou plastificação ARMAD ARMAD
My 4886,76 4927,97
1/r y 0,00013 0,00012
Xy 9,62 7,99
Momento fletor último DOM2B DOM2A
Mu 4985,2 5042,1
1/r u 0,00043 0,00042
Xu 4,98 4,18
RIGIDEZ (1) estádio II 35903570 36367320
RIGIDEZ (2) estádio II 37968073 41668184
Diferença % 5,44 12,72

RIGIDEZ (1) estádio II - Obtida pela homogeneização da seção


RIGIDEZ (2) estádio II - Obtida pela relação momento x curvatura

Sendo:

As , As2 – Área da seção transversal da armadura (cm2) comprimida e


tracionada, respectivamente;
X0, XI, XII – Posição da linha neutra (cm) para a seção de concreto
sem armadura, para o estádio I e para o estádio II, respectivamente;
I0, II ,III - Momento de inércia à flexão (cm4) para a seção de concreto
sem armadura, para o estádio I e para o estádio II;
Mu ,My , Mu - Momento fletor (kN.cm) de início de fissuração, de
plastificação e último;
1/ry , 1/ru – Curvatura (cm-1) referente ao momento de plastificação e
momento último.

Utiliza-se na análise, a rigidez à flexão para o estádio II, calculada


pela relação momento x curvatura, sendo a RIGIDEZ (2) vista na tabela 4.1.
CAPÍTULO 4 61

Através dos resultados experimentais pode-se calcular o valor da


curvatura no trecho em que o momento é constante (flexão pura). Calcula-se
a curvatura por dois métodos:

1) cálculo da curvatura média em função dos deslocamentos :

Supõe-se que a viga entre os pontos 2 e 4 (figura 4.6), após deformar-


se tem sua elástica representada por um arco de círculo, assim a curvatura
média fica dada por:

1 2f  d + d4 
= sendo, f = d3 −  2 
r  b 2  2 
  +f
2
2

F F
a b a

1 2 3 4 5

d2 d3 d4
d - deslocamento

f-r
2 3 4
f

Fig.4.6 Determinação da curvatura média

2) cálculo da curvatura em função das deformações:

Para diferenciar da curvatura mencionada no item a), chamaremos


esta apenas de curvatura. O cálculo desta por meio de resultados
CAPÍTULO 4 62

experimentais necessita dos valores de deformação do aço (εs) e do


concreto (εc), sendo dado por:

1 εc + εs
=
r d

De acordo com os valores experimentais de deformação no aço e


concreto determina-se a curvatura experimental. Os valores teóricos da
curvatura são obtidos em função das equações de curvatura do modelo do
CEB-90 (1991).

B) Vigas com seção retangular

Série B.1, B.2 e B.3 - Ec = 29200 MPa ; Ecs = 24820 MPa


Adotam-se dois valores para considerar o início de plastificação do
concreto (εcp), sendo igual a 1,5%o e 2%o.
Em função do centro de gravidade das armaduras tracionadas,
calcula-se a altura útil (d) obtendo:

série B.1 - As = 2,4 cm2 ; taxa de armadura = 0,67 % ; d = 27,5 cm


série B.2 - As = 4,0 cm2 ; taxa de armadura = 1,11 % ; d = 26,3 cm
2
série B.3 - As = 5,6 cm ; taxa de armadura = 1,56 % ; d = 26,2 cm

Com o programa RIGIDEZ, tem-se para as séries B.1, B.2 e B.3 os


valores das características geométricas e mecânicas na tabela 4.2.
Adota-se o incremento da força F igual a 1,0 kN, o número de nós e
elementos para esta análise são respectivamente 31 e 30, sendo cada
elemento com comprimento igual a 8,0 cm.
Para a análise segundo o CEB-90, βb é igual a 0,8.
CAPÍTULO 4 63

Tabela 4.2 Características geométricas e mecânicas - viga retangular

Série B.1 B.2 B.3


Deformação de plastif. do concr. (/1000) 1,5 e 2,0 1,5 2 1,5 2
As 2,4 4 - 5,6 -
A s2 0,4 0,4 - 0,4 -
Xo 15 15 - 15 -
Io 27000 27000 - 27000 -
XI 15,41 15,64 - 15,9 -
II 29649 30394 - 31420 -
X II 7,46 8,97 - 10,21 -
I II 8661 11640 - 14714 -
Mr 816,9 851,1 - 896 -
Escoamento ou plastificação ARMAD CONCR ARMAD CONCR CONCR
My 2935,34 4123,19 4481,04 4512,98 5505,53
1/r y 0,00013 0,00014 0,00015 0,00012 0,00016
Xy 8,73 10,71 10,87 12,09 12,57
Momento fletor último DOM2B DOM3 - DOM3 -
Mu 3050,2 4631,2 - 6079,9 -
1/r u 0,00045 0,00045 - 0,00031 -
Xu 5,28 7,73 - 11,15 -
RIGIDEZ (1) estádio II 21497420 28891040 28891040 36519580 36519580
RIGIDEZ (2) estádio II 23146619 29450593 29039816 36371603 34610542
Diferença % 7,12 1,9 0,51 0,41 5,52

RIGIDEZ (1) estádio II - Obtida pela homogeneização da seção


RIGIDEZ (2) estádio II - Obtida pela relação momento x curvatura

Nas figuras a seguir (figura 4.7 a 4.12) mostram-se a variação dos


valores da curvatura, da rigidez e deslocamento em função da força
aplicada, para as séries A.1 e A.2, respectivamente.

Nas figuras 4.13 a 4.15, são vistos os valores de deslocamento, para


as séries B.1 a B.3. Nas figuras 4.16 e 4.17, mostram-se a variação da
curvatura e rigidez, respectivamente.
CAPÍTULO 4 64

50

40

força aplicada (kN)


30

20 curvatura média experimental


curvatura experimental
curvatura CEB-90

10

0
0,00000 0,00005 0,00010 0,00015 0,00020 0,00025 0,00030
-1
curvatura (cm )

Fig.4.7 Força aplicada x curvatura – viga A.1

1,20E+008

1,00E+008

8,00E+007
rigidez (kN.cm )
2

CEB-90
BRANSON
6,00E+007

4,00E+007

2,00E+007

0 10 20 30 40

força aplicada (kN)

Fig.4.8 Rigidez x força aplicada – viga A.1

50

40
força aplicada (kN)

30

20
EXPERIMENTAL
CEB-90
BRANSON
10

0
0 5 10 15 20 25 30

deslocamento (mm)

Fig.4.9 Força aplicada x deslocamento – viga A.1


CAPÍTULO 4 65

50

40

força aplicada (kN)


30

curvatura experimental
curvatura CEB-90
20

10

0
0,00000 0,00005 0,00010 0,00015 0,00020 0,00025 0,00030
-1
curvatura (cm )

Fig.4.10 Força aplicada x curvatura – viga A.2

1,20E+008

1,00E+008

8,00E+007
rigidez (kN.cm )
2

CEB-90
BRANSON
6,00E+007

4,00E+007

2,00E+007

0,00E+000
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
força aplicada (kN)

Fig.4.11 Rigidez x força aplicada – viga A.2

50

40
força aplicada (kN)

30

EXPERIMENTAL
20 CEB-90
BRANSON

10

0
0 5 10 15 20 25 30 35
deslocamento (mm)

Fig.4.12 Força aplicada x deslocamento – viga A.2


CAPÍTULO 4 66

40

35

30

força aplicada (kN)


25

20 experimental 1
experimental 2
15 CEB-90
BRANSON
10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
deslocamento (mm)

Fig.4.13 Força aplicada x deslocamento – viga B.1 - taxa armadura = 0,67%

60

50
força aplicada (kN)

40

experimental 1
30
experimental 2
CEB-90 Def. plastif. concr. = 0,15%
20 CEB-90 Def. plastif. concr. = 0,20%
BRANSON
10

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
deslocamento (mm)

Fig.4.14 Força aplicada x deslocamento – viga B.2 - taxa armadura = 1,11%

80

60
força aplicada (kN)

40
experimental 1
experimental 2
CEB-90 Def. plastif. concr. = 0,15%
20 CEB-90 Def. plastif. concr. = 0,20%
BRANSON

0
0 2 4 6 8 10 12 14
deslocamento (mm)

Fig.4.15 Força aplicada x deslocamento – viga B.3 – taxa armadura = 1,56%


CAPÍTULO 4 67

60

50

força aplicada (kN)


40

30
B-1
B-2 def. plastif. concr. = 0,15%
20
B-2 def. plastif. concr. = 0,20%
B-3 def. plastif. concr. = 0,15%
10 B-3 def. plastif. concr. = 0,20%

0
0,00000 0,00005 0,00010 0,00015 0,00020 0,00025 0,00030
-1
curvatura (cm )

Fig.4.16 Força aplicada x curvatura – vigas B.1, B.2 e B.3

8
1x10

7
9x10

7
8x10
B-1
7x10
7 B-2 def. plastif. concr. = 0,15%
B-2 def. plastif. concr. = 0,20%
rigidez (kN.cm )
2

7
6x10 B-3 def. plastif. concr. = 0,15%
B-3 def. plastif. concr. = 0,20%
7
5x10

7
4x10

7
3x10

7
2x10

7
1x10

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75
força aplicada (kN)

Fig.4.17 Diagrama rigidez x força aplicada – vigas B.1, B.2 e B.3


CAPÍTULO 4 68

4.2.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

De acordo com as figuras 4.7 e 4.10, nota-se uma boa aproximação


entre os valores da curvatura experimental com a curvatura teórica. A
consideração da resistência média à tração por flexão igual a 1,2 e 1,5 vezes
a resistência média à tração axial do concreto para as vigas com seção “I” e
retangular, respectivamente foi satisfatória.
No que diz respeito aos valores de deslocamento das vigas, obtidos
mediante as formulações do CEB-90 e BRANSON, tem-se uma boa
aproximação com os valores experimentais. Sendo que os valores obtidos
pelo CEB-90 são melhores, pois, representam melhor a curva experimental
e também indicam o início da plastificação do concreto ou escoamento do
aço.
Pode-se notar que os valores adotados da deformação do concreto,
que caracterizam o início de plastificação, influem muito pouco no
deslocamento, sendo que no decorrer do trabalho, será considerado o valor
constante e igual a 1,5%o.
Nota-se no diagrama da figura 4.16 a relação força aplicada x
curvatura para as vigas retangulares. Para a viga B.3, onde se tem alta taxa
de armadura, o trecho correspondente ao escoamento ou plastificação não
fica bem definido, segundo o modelo teórico; caracterizando a ruptura frágil
das peças superarmadas.
Um aspecto importante a ser ressaltado é que pela não realização do
ensaio de resistência do aço utilizado, usou-se, nos cálculos, o valor de sua
resistência característica, com isso subestima-se a resistência efetiva do aço
nestas análises, ou seja:
fyk = 500 MPa = fym

Isto pode ser notado nos diagramas de força x curvatura, onde se têm
a discrepância de valores de início do escoamento do aço experimental e
teórico.
CAPÍTULO 4 69

4.3 PAINÉIS DE LAJES CONTÍNUAS

Com a finalidade de analisar a continuidade entre dois painéis de laje,


apresentam-se os resultados do estudo experimental realizado em lajes
maciças de concreto, armadas com telas de aço soldada de diferentes áreas
de seção transversal e comparações com valores teóricos.
Este ensaio realizado no Laboratório de Estruturas da Escola de
Engenharia de São Carlos teve como principal objetivo analisar o problema
da ancoragem de telas soldadas em lajes de concreto, atendendo à
solicitação do IBTS – Instituto Brasileiro de Telas Soldadas.

4.3.1 DESCRIÇÃO DOS MODELOS ANALISADOS

Os modelos de laje analisados são constituídos de elementos de laje


de dimensões 1,25 m x 3,12 m (figura 4.18), com dois vãos contínuos
apoiados sobre três vigas numa direção e de bordas livres na direção
perpendicular (comportamento estrutural unidirecional). As telas soldadas
(figura 4.19) da armadura principal, classe CA-60, eram de três tipos:

a) tela superior
• EL138/92: fios de φ 4,2 mm – séries 1 a 4
• EL246/92: fios de φ 5,6 mm – séries 5 a 8
• EL503/131: fios de φ 8,0 mm – séries 9 a 12

b) tela inferior central


• L196: fios de φ 5,0 mm – séries 1 a 4
• L396: fios de φ 7,1 mm - séries 5 a 8
• L825: fios de φ 10,0 mm - séries 9 a 12

c) tela inferior borda


• ET138/69: fios de φ 4,2 mm - séries 1 a 12
CAPÍTULO 4 70

12 138 12 138 12

10
viga 12/30

viga 12/30
viga 12/30
125

105
10
6 150 150
6

apoios

Fig.4.18 Planta de forma da placa – dimensões em cm

0
12 12
0
8x 8x
15 OR 15 R
EL RI EL IO
AIN PE IN ER
P SU PA P
SU
LA LA
TE T E
0

0
x5

x5
90
20

20
0x

OR
L1

L1
12

RI
.

.
INF

INF
INE

INE
EL

FE
IN

IN
LA

LA
PA

PA
PA

LA
TE

TE
TE

Fig.4.19 Armação dos painéis com telas soldadas

A espessura da laje das séries armadas com telas EL138/92 e


EL246/92 era de 7 cm, e a das séries armadas com a tela EL503/131 era de
8 cm. Ao total foram ensaiadas 12 séries, sendo que as séries com
numeração ímpar referem-se ao ensaio com carregamento centrado e as
séries com numeração par foram ensaiadas com carregamento deslocado
(figura 4.20). Neste trabalho, descrevem-se apenas as séries com
carregamento centrado.
Neste trabalho analisam-se apenas os deslocamentos do vão central
da laje, utilizando-se os valores obtidos pelos transdutores de
deslocamentos.
CAPÍTULO 4 71

R1 150 R2 150 R1

50 50 50 50 50 50

QK QK QK QK

carregamento centrado - série 1,3,5,7,9 e 11

R1 150 R2 150 R1

25 50 75 75 50 25

QK QK QK QK

carregamento deslocado - série 2,4,6,8,10 e 12

Q K = CARGA TOTAL DE ENSAIO (EM kN), APLICADA UNIFORMEMENTE NA


LARGURA DO MODELO (1,25 m) (4x)
R 1 = REAÇÃO, EM kN, EM CADA APOIO EXTREMO (4x)
R 2 = REAÇÃO, EM kN, EM CADA APOIO CENTRAL (2x)

Fig.4.20 Esquema do ensaio – dimensões em cm

Determinou-se a resistência à compressão (fcm) e à tração do


concreto (fctm), aos 7 dias de idade, através de ensaios em corpos de prova
à compressão axial e diametral, respectivamente.
A tensão de ruptura ou tensão última no aço (fu) foi obtida através de
ensaios de tração uniaxial. Considera-se o valor da tensão de escoamento
do aço igual a 0,85 fu, e para o início de plastificação do concreto, com a
deformação do mesmo igual a 1,5%o.
Os valores de módulo de elasticidade são calculados segundo o
CEB-90 (1991).
Apresenta-se na tabela 4.3 a numeração das séries e os parâmetros
envolvidos:
CAPÍTULO 4 72

Tabela 4.3 Numeração das séries e variáveis envolvidas.

Série fios de f cm ,7 f ctm ,7 Ec E cs E s /E c f u (aço) f y (aço)


aço
1 liso 1,95 0,19 2686 2283 7,8 72,4 61,5
3 corrugado 2,11 0,21 2758 2344 7,6 72,4 61,5
5 liso 2,2 0,23 2796 2377 7,5 83,3 70,8
7 corrugado 2,86 0,26 3052 2594 6,9 83,3 70,8
9 liso 1,94 0,21 2681 2279 7,8 77,7 66,1
11 corrugado 1,68 0,17 2556 2173 8,2 77,7 66,1

fcm, fctm, Ec, Ecs, fu , fy em kN/cm2

Nas tabelas 4.4 e 4.5 apresentam-se as características geométricas e


mecânicas dos elementos constituintes para cada série.

Tabela 4.4 Características geométricas e mecânicas dos elementos


submetidos ao momento fletor positivo.

Série 1 3 5 7 9 11
As 1,66 1,66 2,96 2,96 6,03 6,03
A s2 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
II 3632 3630 3664 3656 5600 5615
I II 340 332 521 486 1325 1378
Mr 298,2 329,4 366,2 412,5 452,6 368,0
Escoamento ou plastificação ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD CONCR CONCR
My 551,24 553,41 1084,52 1099,40 1886,23 1729,17
1/r y 0,00074 0,00073 0,00091 0,00088 0,00062 0,00058
Momento fletor último DOM2A DOM2A DOM2B DOM2B DOM3 DOM4
Mu 660,8 662,0 1328,4 1393,9 2627,4 2509,4
1/r u 0,00201 0,00199 0,00223 0,00215 0,00147 0,00130
RIGIDEZ (1) estádio II 776192 778939 1238390 1259555 3018990 3071666
RIGIDEZ (2) estádio II 747467 757346 1186790 1254782 3035580 2977637
DIFERENÇA % 3,70 2,77 4,17 0,38 0,55 3,16
CAPÍTULO 4 73

Tabela 4.5 Características geométricas e mecânicas dos elementos


submetidos ao momento fletor negativo.

Série 1 3 5 7 9 11
As 2,36 2,36 4,75 4,75 9,42 9,42
A s2 1,66 1,66 2,96 2,96 6,03 6,03
II 3717 3713 3803 3782 6008 6048
I II 461 451 740 692 1828 1900
Mr 303,7 335,3 377,5 424,1 479,0 390,5
Escoamento ou plastificação ARMAD ARMAD CONCR CONCR CONCR CONCR
My 772,08 775,01 1446,84 1642,65 2424,37 2248,72
1/r y 0,00077 0,00076 0,00079 0,00092 0,00058 0,00055
Momento fletor último DOM2B DOM2B DOM3 DOM2B DOM4 DOM4
Mu 961,1 965,3 1956,7 1988,7 3866,4 3684,2
1/r u 0,00210 0,00208 0,00193 0,00237 0,00132 0,00124
RIGIDEZ (1) estádio II 1053290 1057657 1759946 1825643 4164903 4160969
RIGIDEZ (2) estádio II 1000352 1014695 1789586 1798074 4211933 4089675
DIFERENÇA % 5,03 4,06 1,66 1,51 1,12 1,71

RIGIDEZ (1) estádio II - Obtida pela homogeneização da seção


RIGIDEZ (2) estádio II - Obtida pela relação momento x curvatura

4.3.2 MODELO ADOTADO E COMPARAÇÕES COM VALORES


EXPERIMENTAIS

As variáveis que se diferenciam em cada série são a área de aço e o


tipo do fio utilizado (liso ou rugoso).
Nesta análise utiliza-se a relação momento x curvatura do CEB-90 e,
para cada série, consideram-se dois valores para o parâmetro βb (produto
de coeficientes que levam em conta a aderência das barras de aço e a
repetitividade dos carregamentos). Para barras de má aderência βb é igual a
0,4 e para boa aderência igual a 0,8.
O número de nós e elementos para esta análise são respectivamente
61 e 60, sendo 5,0 cm o comprimento de cada elemento.
Apresenta-se nas figuras 4.21 a 4.26, a relação força aplicada x
deslocamento no meio do vão dos painéis, para as séries submetidas ao
carregamento centrado.
CAPÍTULO 4 74

Na figura 4.27 mostra-se, para a série 5 com βb igual a 0,4, a variação


do máximo momento fletor positivo e negativo em função da força aplicada e
comparam-se com valores obtidos através de análise linear. Em todas as
séries, os diagramas possuem a mesma característica, sendo por isto
apresentados os valores de apenas uma série. Do mesmo modo, apresenta-
se na figura 4.28 a variação da rigidez dos elementos submetidos ao
máximo momento fletor positivo e negativo.

30

25

20
força aplicada (kN)

15

10 experimental
CEB-90 βb=0,8
CEB-90 βb=0,4
5

0
0 2 4 6 8 10 12 14
deslocamento (mm)

Fig.4.21 Força aplicada x deslocamento – série 1

25

20
força aplicada (kN)

15

experimental
10 CEB-90 βb=0,8
CEB-90 βb=0,4

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
deslocamento (mm)

Fig.4.22 Força aplicada x deslocamento – série 3


CAPÍTULO 4 75

50

45

40

35

força aplicada (kN)


30

25
experimental
20
CEB-90 βb=0,8
15 CEB-90 βb=0,4

10

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
deslocamento (mm)

Fig.4.23 Força aplicada x deslocamento – série 5

55

50

45

40
força aplicada (kN)

35

30

25
experimental
20 CEB-90 βb=0,8
CEB-90 βb=0,4
15

10

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
deslocamento (mm)

Fig.4.24 Força aplicada x deslocamento – série 7

80

70

60
força aplicada (kN)

50

40

experimental
30
CEB-90 βb=0,8
CEB-90 βb=0,4
20

10

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
deslocamento (mm)

Fig.4.25 Força aplicada x deslocamento – série 9


CAPÍTULO 4 76

70
65
60
55
50

força aplicada (kN)


45
40
35
30
experimental
25 CEB-90 βb=0,8
20 CEB-90 βb=0,4
15
10
5
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
deslocamento (mm)

Fig.4.26 Força aplicada x deslocamento – série 11

40
força aplicada (kN)

30

20

momento positivo - análise não-linear


momento positivo - análise linear
10 momento negativo - análise não-linear
momento negativo - análise linear

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200
momento fletor (kN.cm)

Fig.4.27 Força aplicada x momento fletor máximo – série 5 - β b =0,4


7
1,2x10

7
1,0x10

6
elemento submetido ao máximo momento positivo
8,0x10
elemento submetido ao máximo momento negativo
rigidez (kN.cm )
2

6
6,0x10

6
4,0x10

6
2,0x10

0,0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
força aplicada (kN)

Fig.4.28 Rigidez x força aplicada – série 5 - β b =0,4


CAPÍTULO 4 77

4.3.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Através dos diagramas de força aplicada x deslocamento podemos


notar que os valores teóricos de deslocamentos nas séries 1 e 3 foram
maiores do que os valores experimentais. Isto ocorre devido à estimativa da
resistência média à tração por flexão do concreto, que influi no valor de início
de fissuração. A relação entre a resistência média à tração por flexão do
concreto com a resistência média à tração, que neste caso foi considerada
igual a 1,5, deveria ser maior. Atribuindo isto pela pequena taxa de
armadura, que influi na baixa retração do concreto. Considerando-se esta
relação igual a 2, ocorre o deslocamento da curva teórica, obtendo-se uma
grande aproximação com a curva experimental.
Nas séries 5 e 7, onde se tem uma maior taxa de armadura, há uma
maior aproximação entre os valores teóricos e experimentais. Aumentando-
se a taxa de armadura (séries 9 e 11), tem-se uma boa resposta, mas nota-
se pela elevada taxa de armadura que o modelo não consegue expressar o
aumento de deslocamento devido ao escoamento ou plastificação.
Para todas as séries o valor de βb igual a 0,8 foi o mais satisfatório até
mesmo para as séries em que se utilizou fios de aço liso.
Na figura 4.27 apresenta-se a variação do momento fletor positivo e
negativo e nota-se que se aproxima de uma variação linear, ou seja, para
este modelo adotado, não há grandes redistribuições de esforços ao longo
do modelo em função da variação da rigidez calculada pelo modelo
empregando a relação momento x curvatura e carregamento incremental.
Isto provavelmente acontece devido ao fato de que as variações de rigidez
nos elementos ocorre quase que simultaneamente nos elementos
submetidos ao máximo momento fletor positivo e negativo, como pode ser
visto na figura 4.28.
CAPÍTULO
ANÁLISE EXPERIMENTAL DE
UMA LAJE PRÉ-MOLDADA
BIDIRECIONAL 5
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Apresentam-se, neste capítulo, comparações entre os valores


experimentais e teóricos de uma laje nervurada treliçada bidirecional.
A análise teórica é realizada mediante o uso das relações momento x
curvatura do CEB-90 (1991), do carregamento incremental e da analogia da
grelha, sendo consideradas, portanto, a variação da rigidez à flexão e a
rigidez à torção ao longo do carregamento da laje.
Os valores experimentais utilizados foram cedidos pela fábrica de
lajes pré-moldada SALEMA, de São Bernardo do Campo. Este ensaio foi
realizado pelo Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de
Engenharia de São Carlos – USP, em uma prestação de serviços à fábrica
SALEMA.
CAPÍTULO 5 79

5.2 ESTRUTURA ANALISADA

A laje bidirecional, executada nas dependências externas do


Laboratório do Departamento de Estruturas, foi apoiada sobre alvenaria e
com intereixo igual a 49 cm. Em uma direção foram dispostas as vigotas
treliçadas e entre elas enchimento de EPS, a nervura na outra direção se dá
pelas cavidades formadas pelas abas do elemento de enchimento,
conforme pode ser visto no esquema ilustrativo da figura 5.1.

Fig.5.1 - Perspectiva da laje - FRANCA (1997)

Foram dispostas duas linhas de escora com aproximadamente 1


metro de distância entre elas. Como armadura construtiva, em cada direção
foi colocada uma barra com diâmetro de 4,2 mm sobre cada EPS e também
2 barras (armação negativa) de diâmetro 4,2 mm sobre cada nervura, com
comprimento de 1 metro, como pode ser visto na figura 5.2. Em função de
sua geometria tem-se o peso próprio da laje igual a 1,60 kN/m2.
CAPÍTULO 5 80

O carregamento da estrutura foi feito com água. Por isso, foi montado
um suporte de madeira (figura 5.3) e revestido com lona plástica para tornar
possível o preenchimento com água (figura 5.4). Para o controle da altura
d’água utilizou-se uma régua graduada de 5 em 5 cm, lembrando que 5 cm
de altura correspondem a uma sobrecarga de 0,5 kN/m2.
Para a determinação do deslocamento do centro do vão, foram
colocados 5 defletômetros na laje. Um foi posicionado no centro do vão e os
outros 4 distribuídos em cada face para medir os deslocamentos próximos
do apoio, como pode ser visto nas figuras 5.5 e 5.6.
O ensaio consistiu na leitura dos defletômetros a cada 0,5 kN/m2 de
carregamento. Em uma primeira etapa, a laje foi carregada até a sobrecarga
de 3 kN/m2 (sobrecarga de projeto) e mantida durante 24 horas com este
carregamento e depois foi feito o descarregamento. Em outra etapa a laje foi
carregada até 6 kN/m2 com leituras durante o carregamento e
descarregamento. Na figura 5.6 são reproduzidas as dimensões em planta
da laje.
Observa-se na figura 5.7 as dimensões das seções transversais das
nervuras. Na tabela 5.1, apresenta-se as características geométricas e
mecânicas destas seções. A nervura longitudinal possui a armadura
treliçada com fios de 4,2 mm no banzo inferior e a nervura transversal
possui apenas um fio com diâmetro igual a 6,0 mm.
Os valores da resistência média do concreto à compressão fcm e à
tração fctm são obtidos por ensaios de compressão axial e diametral em
corpos de prova cilíndricos.

fcm = 32 MPa ; fctm = 3,1 MPa (valores médios)


Ec = 31680 MPa ; Ecs = 26930 MPa (de acordo com o CEB90)
CAPÍTULO 5 81

Fig.5.2 Vista da laje antes da concretagem

Fig.5.3 Vista geral do protótipo e do suporte de madeira utilizado para o


carregamento com água
CAPÍTULO 5 82

Fig.5.4 Laje com o carregamento máximo

Fig.5.5 Posicionamento dos defletômetros


CAPÍTULO 5 83

300
nervuras formadas pelas
49 12
vigotas pré-moldadas
B

alvenaria 14

49
CORTE BB
300
nervuras
transversais
às vigotas

elemento de
enchimento
A A

B
4
defletômetros

12 4
elemento de
enchimento - EPS
apoio de alvenaria
14 CORTE AA

Fig.5.6 Localização das nervuras (dimensões em cm)

Fig.5.7 Seções transversais das nervuras (dimensões em cm)

Neste ensaio não foi determinada a tensão de ruptura ou tensão


última no aço (fu) mediante ensaios de tração axial. Considera-se o valor
característico (fyk ) igual a 600 MPa.
Para o concreto, adota-se a deformação igual a 1,5%o, referente ao
início de plastificação.
CAPÍTULO 5 84

Tabela 5.1 Valores das características geométricas e mecânicas

nervura longitudinal transversal


As 0,28 0,28
IT 2301 1667
Io 2961 1096
II 3031 1150
I II 182 124
Mr 138,1 69,9
Escoamento ou plastificação ARMAD ARMAD
My 146,14 120,92
1/r y 0,0003 0,00037
Momento fletor último DOM2A DOM2A
Mu 173,5 143,8
1/r u 0,001 0,00121
RIGIDEZ (1) estádio II 490451 333037
RIGIDEZ (2) estádio II 484385 329464
DIFERENÇA % 1,25 1,08

RIGIDEZ (1) estádio II - Obtida pela homogeneização da seção


RIGIDEZ (2) estádio II - Obtida pela relação momento x curvatura

5.3 MODELOS ADOTADOS

Os modelos adotados são grelhas, com espaçamentos entre as


malhas iguais às distâncias entre as nervuras vistas na figura 5.5.
Apresenta-se na figura 5.8 a grelha utilizada nos modelos.
Determinam-se os deslocamentos segundo o CEB-90, com
carregamento incremental, e considera-se o valor para o parâmetro βb igual
a 0,8.
Pode ser visto na figura 5.6, as nervuras de borda, na qual a laje é
apoiada. Para analisar a influência da rigidez à torção destas nervuras
considera-se a seção da nervura de borda (12 cm x 14 cm), com o
valor do momento de inércia á torção (IT) calculado segundo LEONHARDT
(1979), igual a 3854 cm4. Os deslocamentos das nervuras de extremidade
são impedidos, pois estas foram moldadas sobre alvenaria. Conforme visto
em 3.4, considera-se a variação da rigidez à torção nos elementos em
função do momento fletor atuante. Como as nervuras de extremidade são
CAPÍTULO 5 85

apoiadas, fica-se sem parâmetros para variar a rigidez à torção em função


apenas do momento fletor.

nervuras
longitudinais

nervuras
transversais carregamentos
nodais

49 cm
294 cm

apoios nervuras de extremidade


49 cm

294 cm

Fig.5.8 Malha da grelha

Adotam-se, portanto, três modelos ou casos teóricos para


comparações com valores experimentais. Estes três modelos possuem
variações de um para o outro apenas no parâmetro rigidez à torção.
Para o primeiro caso considera-se a rigidez à torção das nervuras da
extremidade constante para o estádio Ι, os demais elementos (nervuras
longitudinais e transversais) são valores variáveis, em função do momento
fletor atuante. No segundo caso considera-se a rigidez à torção das
nervuras da extremidade constante para o estádio ΙΙ.
Para o terceiro caso considera-se a rigidez à torção de todos os
elementos da laje constantes e iguais à rigidez do estádio ΙΙ, variando-se
apenas a rigidez à flexão em função do momento fletor.
CAPÍTULO 5 86

caso 1 – Rigidez à torção das vigas de extremidade constante


estádio Ι = 0,3.Ec.IT
caso 2 – Rigidez à torção das vigas de extremidade constante
estádio ΙΙ = 0,05.Ec.IT
caso 3 – Rigidez à torção constante a todos os elementos estádio ΙΙ

Define-se o número de incrementos e o carregamento nodal na


grelha em função do valor do peso próprio e sobrecarga:

peso próprio = 1,6 kN/m2


peso próprio + sobrecarga (6,0 KN/m2) = 7,6 kN/m2

Adotando-se como referência o carregamento 7,6 kN/m2 e dividindo


em 24 incrementos de carga tem-se 0,3167 kN/m2. Em termos de
carregamento nodal tem-se 0,3167 kN/m2 x 0,49 m x 0,49 m = 0,076032 kN.

Portanto: incremento 5 – peso próprio


incremento 24 – peso próprio + sobrecarga (6,0 kN/m2)

5.4 COMPARAÇÃO DE VALORES TEÓRICOS COM EXPERIMENTAIS

No ensaio não foi considerado o deslocamento devido ao peso


próprio, e sim a partir da sobrecarga. De acordo com análises teóricas o
deslocamento devido ao peso próprio é de aproximadamente 0,5mm.
Conforme enunciado, a laje foi carregada até a sobrecarga de 3,0 kN/m2 e
depois descarregada. No segundo ensaio carrega-se a laje até a sobrecarga
de 6,0 kN/m2. A curva experimental até 3,0 kN/m2 tanto para o primeiro
quanto para o segundo ensaio são idênticas.
CAPÍTULO 5 87

Apresentam-se, na figura 5.9 os valores teóricos e experimentais do


deslocamento devido à atuação da sobrecarga. Os diagramas de momento
fletor, na nervura que contém a vigota pré-moldada mais solicitada, para a
sobrecarga igual a 6,0 kN/m2, segundo os três casos considerados, são
vistos na figura 5.10.

5
sobrecarga (kN/m )
2

2 experimental
rigidez à torção nervuras borda - estádio I
1 rigidez à torção nervuras borda - estádio II
rigidez à torção - todos os elementos - estádio II

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
deslocamentos devidos a sobrecarga (mm)

Fig.5.9 Diagrama de Sobrecarga x deslocamento

50 rigidez à torção nervuras borda - estádio I


rigidez à torção nervuras borda - estádio II
rigidez à torção - todos os elementos - estádio II
0
momento fletor (kN.cm)

-50

-100

-150

-200

-250
0 50 100 150 200 250 300
nervura longitudinal (cm)

Fig.5.10 Diagrama de momento fletor para a sobrecarga de 6,0 kN/m2


CAPÍTULO 5 88

rigidez à torção nervuras borda - estádio I


rigidez à torção nervuras borda - estádio II
7 rigidez à torção - todos os elementos - estádio II
1,0x10

6
8,0x10
rigidez à flexão (kN.cm )
2

6
6,0x10

6
4,0x10

6
2,0x10

0,0

0 1 2 3 4 5 6 7 8
2
peso próprio + sobrecarga (kN/m )

Fig.5.11 Diagrama rigidez à flexão x carregamento da seção transversal da


nervura longitudinal mais solicitada ao momento fletor

Como pode ser visto na figura 5.9, o valor experimental do


deslocamento em serviço (sobrecarga de 3,0 kN/m2) é muito pequeno,
sendo igual a 1,40 mm.

O deslocamento ou flecha em lajes pode ser estimado segundo as


tabelas BARES (1972). Os valores obtidos de deslocamento nestas tabelas
são função da relação entre os vãos, da condição de apoio dos bordos da
laje (apoiado, engastado ou livre), do valor do carregamento distribuído, da
espessura da laje e do módulo de deformação longitudinal.
A espessura adotada para este cálculo é uma espessura equivalente,
ou seja, calcula-se a espessura que fornece o mesmo valor de inércia à
flexão das nervuras. Como se tem diferenças de inércia entre as nervuras,
calculou-se a espessura para cada direção e determinou-se a média das
espessuras, sendo igual a 7,6 cm . Segundo BARES (1972), obtém-se a
flecha em serviço igual a 0,8 mm.
CAPÍTULO 5 89

A seguir, apresenta-se na tabela 5.2, apenas para comparações, os


valores de máximo momento fletor na nervura longitudinal, segundo os
modelos de viga simplesmente apoiada, placa, grelha (análise linear e não-
linear). Na tabela 5.3 apresentam-se os deslocamentos para a sobrecarga
igual a 3,0 kN/m2.

Tabela 5.2 Valores de máximo momento fletor – peso próprio +


sobrecarga de 6,0 kN/m2
modelo máximo momento fletor (kN.cm)
considerado nervura longitudinal nervura transversal
viga simplesmente apoiada 402 *
análise não-linear
placa (BARES) 278 278
grelha - análise linear 233 83
rigidez à torção - estádio I
grelha - análise linear 316 110
rigidez à torção - estádio II
grelha - análise não-linear
rigidez à torção das vigas 170 87
de extremidade no estádio I
grelha - análise não-linear
rigidez à torção das vigas 183 100
de extremidade no estádio II
grelha - análise não-linear
rigidez à torção de todos os 206 125
elementos no estádio II

Tabela 5.3 Deslocamento – sobrecarga de 3,0 kN/m2


modelo deslocamento
considerado (mm)
experimental 1,4
viga simplesmente apoiada 1,5
análise não-linear
placa (BARES) 0,8
grelha - análise linear 0,8
rigidez à torção - estádio I
grelha - análise linear 1,1
rigidez à torção - estádio II
grelha - análise não-linear
rigidez à torção das vigas 0,9
de extremidade no estádio I
grelha - análise não-linear
rigidez à torção das vigas 1,7
de extremidade no estádio II
grelha - análise não-linear
rigidez à torção de todos os 3,6
elementos no estádio II
CAPÍTULO 5 90

5.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Como principal objetivo desta análise teórico-experimental, é a


verificação dos valores de rigidez à torção, sugeridos pelo CEB-90.
Neste estudo teórico-experimental, verifica-se a grande influência da
rigidez à torção no que diz respeito aos valores de deslocamentos. Com a
redução da rigidez à torção, utilizando-se apenas a rigidez do estádio ΙΙ,
para todos os elementos, a diferença de deslocamento entre o valor teórico
e experimental para a situação de serviço (3,0 kN/m2) é grande, cerca de
170%.
No que diz respeito à consideração da rigidez das nervuras de
extremidade, os resultados obtidos foram os esperados, pois a curva
experimental é a curva intermediária entre as curvas teóricas calculadas
com a rigidez à torção das nervuras da extremidade constantes para o
estádio Ι e ΙΙ. A princípio, pela falta de um estudo mais detalhado, pode-se
considerar o valor constante da rigidez à torção do estádio ΙΙ. Para a análise
mais profunda da influência das nervuras ou vigas de extremidade, devem
ser realizados ensaios experimentais das lajes apoiadas apenas em apoios
simples e comparações com outros ensaios da mesma laje solidarizada em
vigas de extremidade. Muitas variáveis são envolvidas neste caso: altura da
laje, dimensões da viga de extremidade, altura da camada do concreto de
capeamento, armadura “negativa” da laje na ligação laje-viga e outros.
A consideração da rigidez à torção nos elementos, como é de se
esperar, contribui na modificação dos valores de momento fletor nas
nervuras, como pode ser visto nos gráficos da figura 5.10.
De acordo com a tabela 5.2 observa-se a diferença entre os valores
de momento fletor, segundo os modelos adotados. Sendo que há uma
diferença expressiva, entre o valor do máximo momento fletor na nervura
longitudinal obtido mediante a análise linear e não-linear, admitindo-se que
ocorra a redistribuição dos esforços.
CAPÍTULO 5 91

Nota-se que os deslocamentos teóricos e experimentais são menores


do que o limite imposto na NBR-6118 (1982) igual a 1/300 do vão da laje,
pois se trata de um vão relativamente pequeno e atuação de apenas cargas
distribuídas. Para vãos maiores e com carregamentos concentrados ou em
linha (paredes), este limite pode ser atingido, causando fissurações nos
elementos (laje, alvenaria) e também problemas de ordem estética.
Com a não consideração da rigidez à torção, desperdiça-se a
capacidade resistente da laje, seja referente às verificações de
deslocamentos ou esforços solicitantes.
O estudo mais detalhado destas lajes seja unidirecional ou
bidirecional, através de análises teóricas e experimentais, permitirá avaliar o
valor e a influência da rigidez à torção, no que diz respeito à distribuição de
esforços e cálculo de deslocamentos.
CAPÍTULO
SIMULAÇÕES NUMÉRICAS DE
SITUAÇÕES REPRESENTATIVAS 6
6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capítulo apresentam-se simulações numéricas de lajes


nervuradas formadas por vigotas pré-moldadas, com alturas iguais a 12 e 20
cm.
A análise consiste na determinação dos valores de momento fletor,
reação de apoio e deslocamentos, sendo considerados os modelos de viga e
de grelha.
No modelo de viga foram analisadas as vigas isoladas e vigas
contínuas. No modelo de grelha foram analisadas as grelhas isoladas e as
grelhas contínuas.
Analisa-se também a influência das vigas de sustentação das lajes
(rigidez à torção e a deformabilidade).
Em termos de arranjos estruturais, analisa-se a influência da altura da
laje, do formato em planta e do tipo (unidirecional ou bidirecional).
CAPÍTULO 6 93

6.2 MODELOS E ARRANJOS ESTRUTURAIS

Apresentam-se na tabela seguir, os modelos e arranjos estruturais


analisados neste capítulo.

Tabela 6.1 Modelos e arranjos estruturais

modelos arranjos estruturais formato em planta


modelo viga simplesmente apoiada (viga contínua) *
de viga viga contínua *
laje unidirecional 6,0 m x 6,0 m
12,0m x 6,0 m
laje unidirecional c/ nerv. transversais 6,0 m x 6,0 m
12,0m x 6,0 m
grelha laje bidirecional 6,0 m x 6,0 m
modelo isolada 12,0m x 6,0 m
de laje unidirecional considerando a rigidez 6,0 m x 6,0 m
grelha à torção das vigas de extremidade
laje bidirecional considerando a rigidez 6,0 m x 6,0 m
à torção das vigas de extremidade
laje unidirecional continua com o 12,0m x 6,0 m
deslocamento da viga de apoio livre
grelha laje unidirecional continua com o 12,0m x 6,0 m
contínua deslocamento da viga de apoio impedido
laje unidirecional contínua com as nervuras 12,0m x 6,0 m
dispostas em direções ortogonais

Obs: Nos arranjos estruturais apresentados, tem-se a altura da laje igual a


12 e 20 cm.

Adotam-se, portanto, duas alturas de laje pré-moldada, 12 e 20 cm,


com intereixo igual a 50 cm e espessura da capa de concreto igual a 4 cm.
Considera-se o E.P.S. (isopor) como elemento de enchimento. Apresenta-se
na figura 6.1 a seção transversal das nervuras longitudinais (nervura
formada pela vigota pré-moldada e o concreto moldado no local) e as
características geométricas das seções apresentadas.
CAPÍTULO 6 94

50

10

4
4 Io = 3159 cm
d=10,5 12
E.P.S. E.P.S. IT = 2698 cm4

nervura h = 12 cm
50

10

4 4
Io = 13852 cm
d=18,5
E.P.S. E.P.S.
20
IT = 5322 cm4

nervura h = 20 cm

9 ou
17

13

vigota pré-moldada

Io - Momento de inércia à flexão da seção de concreto;


IT - Momento de inércia à torção da seção de concreto.

Fig.6.1 Seção transversal das nervuras longitudinais e da


vigota pré-moldada – dimensões em cm

Para os modelos de grelha necessita-se da caracterização dos


elementos perpendiculares às nervuras longitudinais, chamados de
elementos ou barras transversais da grelha, as seções consideradas são
apresentadas na figura 6.2, sendo para as lajes:

• Laje unidirecional;
• Laje unidirecional com nervuras transversais “nervuras de
travamento”;
• Laje bidirecional.
CAPÍTULO 6 95

LAJE UNIDIRECIONAL
contribuição da capa de concreto
na direção transversal
50

4 h = 12 ou 20 cm
12 ou 20 Io = 267 cm4
E.P.S.
4
IT = 1066 cm

LAJE UNIDIRECIONAL
nervura transversal
"nervura de travamento"
50 50

10 10

4 4
d=10,5
E.P.S. E.P.S.
d=18,5
E.P.S. E.P.S.
4
h = 12 cm Io = 2750 cm
IT = 2698 cm4 h = 20 cm Io = 12569 cm4
IT = 5322 cm4
LAJE BIDIRECIONAL
nervuras transversais
50 50

10 10

4
4
d=8,5
E.P.S. E.P.S. d=16,5
E.P.S. E.P.S.
4
h = 12 cm Io = 1600 cm
4
IT = 2152 cm4 h = 20 cm Io = 9224 cm
4
IT = 4626 cm

Fig.6.2 Seção transversal das barras transversais – dimensões em cm

Nas análises consideram-se quatro painéis de laje, um com formato


quadrado e três retangulares, com o vão (l) igual a 6,0 metros. Como pode
ser visto na figura 6.3.
CAPÍTULO 6 96

1 2

l 2l
3 viga central 4 viga central

l l l l
sentido das vigotas pré-moldadas

Fig.6.3 Formato das lajes em planta

O primeiro e o segundo arranjos correspondem à laje isolada, o


terceiro e o quarto são painéis contínuos.

Por ser uma análise teórica consideram-se os valores médios de


resistência do concreto e do aço iguais aos valores característicos (k)
destes materiais. O concreto a ser considerado tanto para o moldado no
local, quanto para o concreto da vigota pré-moldada será o concreto com
resistência média à compressão (fcm) igual a 20 MPa. A armadura da laje
será o aço com resistência média à tração (fym) igual a 500 ou 600 MPa
(CA-50 ou CA-60) e para a armadura das vigas de sustentação da laje igual
a 500 MPa (CA-50).
Segundo o CEB-90 (1991), determinam-se os parâmetros:

EC = 27090 MPa ; ECS = 23020 MPa ; fctm = 2,2 MPa

Sendo: ES = 210000 MPa tem-se, ES/ EC = 7,8

Como já comentado nos capítulos anteriores, considera-se o início de


plastificação do concreto com a deformação do mesmo igual a 1,5 %o.
CAPÍTULO 6 97

Início de escoamento do aço CA-50 quando o mesmo estiver com a tensão


igual a fym e para o aço CA-60, tensão igual a 0,85 fym.

Considera-se a sobrecarga igual a 2,0 kN/m2. O peso próprio é


decorrente do peso próprio da laje (vigotas pré-moldadas, concreto moldado
no local e elementos de enchimento) e do revestimento. Adota-se
revestimento igual a 0,5 kN/m2.

Tabela 6.2 Peso próprio e carregamento total (kN/m2)


altura da peso próprio da laje carregamento total
laje unidirecional bidirecional unidirecional bidirecional
h = 12 cm 1,46 1,7 3,96 4,2
h = 20 cm 1,88 2,44 4,38 4,94

Segundo a NBR 6118 (1982), o dimensionamento da estrutura é


realizado em função dos esforços solicitantes de cálculo baseado no Estado
Limite Último, sendo o coeficiente de majoração das ações igual a 1,4 e os
coeficientes de minoração da resistência do concreto e do aço igual a 1,4 e
1,15, respectivamente.
Para a verificação dos Estados Limites de Utilização, no que diz
respeito à verificação de Estados Limites de deformações excessivas podem
ser utilizadas as combinações freqüentes das ações:

Fd = Fg +Ψ1 .Fq1 com Ψ1 igual a 0,3

Para as lajes com altura h = 12 cm e h = 20 cm temos Fd igual a:

a) laje unidirecional

Fd (h=12) = 1,96 + 0,3 x 2 = 2,56 kN/m2


Fd (h=20) = 2,38 + 0,3 x 2 = 2,98 kN/m2
CAPÍTULO 6 98

b) laje bidirecional

Fd (h=12) = 2,2 + 0,3 x 2 = 2,80 kN/m2


Fd (h=20) = 2,94 + 0,3 x 2 = 3,54 kN/m2

A flecha, medida a partir do plano que passa pelos apoios para vãos
sem balanço é de 1/300 do vão considerado. Para os arranjos considerados,
tem-se que a flecha máxima em Estado Limite de Utilização será de 600/300
= 2 cm.

Os arranjos adotados para as análises teóricas a seguir, são modelos


de viga e de grelha:

a) VIGA

• Viga simplesmente apoiada;


• Viga contínua.

b) GRELHA

• Grelha isolada unidirecional;


• Grelha isolada unidirecional com nervuras transversais “nervuras
de travamento”;
• Grelha isolada bidirecional;
• Grelha isolada unidirecional e bidirecional com a consideração da
rigidez à torção das vigas de extremidade.
• Grelha contínua unidirecional com e sem a consideração da
deformabilidade das vigas de sustentação da laje.
CAPÍTULO 6 99

6.3 ANÁLISE TEÓRICA DAS LAJES UNIDIRECIONAIS MEDIANTE


EMPREGO DO MODELO DE VIGA

6.3.1 VIGA SIMPLESMENTE APOIADA

Usualmente, as lajes pré-moldadas unidirecionais, são analisadas e


dimensionadas considerando as nervuras como simplesmente apoiadas,
sendo o carregamento dado em função do valor da carga (permanente +
sobrecarga) por área e do intereixo da laje.
O dimensionamento é feito, então, em função do máximo momento
fletor atuante na nervura. Apresenta-se na tabela a seguir o máximo
momento fletor atuante na nervura e o dimensionamento dessas nervuras,
para o vão de 6,0 metros, considerando o aço CA-50 e o aço CA-60.

Tabela 6.3 Máximo momento fletor e área de aço


h Momento Fletor x As (cm2)
(cm) (kN.cm) (cm) CA-50 CA-60
12 891 2,73 3,05 2,54
20 985 1,59 1,78 1,48

Para o dimensionamento, considerou-se o diagrama retangular de


tensões. Nota-se que para as duas alturas a linha neutra ( x ) está na mesa
da seção ( x < 4,0 cm = altura da mesa de compressão).
Em função da geometria das seções e da área de aço, determinam-se
as variáveis necessárias para a análise não-linear (tabela 6.4). Neste
seguimento do trabalho, considera-se a inércia à flexão para o estádio II
calculada através da homogeneização da seção. Os valores de rigidez à
flexão para o estádio II, calculados pela relação momento curvatura, são
próximos do calculado pela homogeneização da seção. Lembrando que os
valores obtidos pela relação momento curvatura dependem dos valores
arbitrados como início de plastificação dos elementos (aço ou concreto).
CAPÍTULO 6 100

Tabela 6.4 Características geométricas e mecânicas das nervuras


Altura h = 12 cm h = 20 cm
Classe de aço CA-50 A CA-60 B CA-50 A CA-60 B
As 3,05 2,54 1,78 1,48
II 3997 3865 15473 15207
I II 1775 1528 3785 3210
Mr 138,1 132,3 317,0 310,1
Escoamento ou plastificação ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD
My 1421,01 1228,83 1539,87 1319,34
1/r y 0,00033 0,00038 0,00016 0,00019
Momento fletor último DOM2B DOM2B DOM2A DOM2A
Mu 1477,2 1476,2 1586,8 1582,3
1/r u 0,00119 0,00119 0,00060 0,00060

As – Área de aço (cm2)


II ,III - Momento de inércia à flexão (cm4) para o estádio I e para o
estádio II;
Mr ,My , Mu - Momento fletor (kN.cm) de início de fissuração, de
plastificação e último;
1/ry , 1/ru – Curvatura (cm-1) referente ao momento de plastificação e
momento último.

Tem-se o carregamento distribuído igual a 2,0 e 2,2 kN/m, para as


nervuras com altura 12 e 20 cm, respectivamente. Dividem-se estes
carregamentos em 15 incrementos e realiza-se a análise não-linear. Esta
análise não termina no incremento número 15, pois neste, tem-se apenas o
valor do carregamento que gera o momento fletor característico (Mk), a
análise é finalizada quando atingir o momento último (Mu). Divide-se a viga
em 12 elementos, cada qual com 50 cm de comprimento.
Apresentam-se nos diagramas a seguir (figuras 6.4 e 6.5), os
resultados da análise não-linear da nervura simplesmente apoiada segundo
as formulações do CEB-90 (1991) e também segundo a formulação de
BRANSON (1963). Têm-se como principais variáveis a serem comparadas a
altura da viga e o tipo de aço, CA-50 A ou CA-60 B.
CAPÍTULO 6 101

peso próprio + sobrecarga (kN/m )


2
5
Nervura simplesmente apoiada h=12 cm

4 CEB-90 aço CA-50


BRANSON aço CA-50
CEB-90 aço CA-60
3 BRANSON aço CA-60
Fd

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260
deslocamento (mm)

Fig.6.4 Carregamento x deslocamento – nervura simplesmente


apoiada - h = 12 cm

6
peso próprio + sobrecarga (kN/m )
2

4
Nervura simplesmente apoiada h=20 cm
Fd
3
CEB-90 aço CA-50
BRANSON aço CA-50
2 CEB-90 aço CA-60
BRANSON aço CA-60
1

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
deslocamento (mm)

Fig.6.5 Carregamento x deslocamento – nervura simplesmente


apoiada - h = 20 cm
CAPÍTULO 6 102

6.3.2 VIGA CONTÍNUA

Geralmente as lajes pré-moldadas são dimensionadas como painéis


independentes, ou seja, não se considera a continuidade entre as lajes
adjacentes.
Nesta análise deseja-se verificar esta continuidade e o valor da
rigidez à flexão que ocorre em vigas “T” em função de o momento fletor ser
positivo ou negativo, ou seja, para mesa comprimida e tracionada.
Considera-se, nesta análise, o momento fletor determinado em regime
elástico linear em dois vãos consecutivos de 6,0 metros e fazem-se
reduções do momento fletor negativo em 15 e 50 %. Para cada caso,
dimensiona-se a armadura em função do máximo momento fletor positivo e
negativo (figura 6.6) e faz-se a análise não-linear.
O dimensionamento da nervura sujeita a momentos positivos, faz-se
considerando como uma viga “T”, agora para os momentos negativos,
considera-se somente a largura da alma da nervura “bw”, conforme pode ser
visto em 3.5.1.
São apresentados na tabela 6.5 as características geométricas e
mecânicas das seções transversais em função do momento fletor atuante e
das suas alterações (redução do momento fletor negativo).

Fig.6.6 Diagrama de momento fletor determinado em regime elástico linear e


diagramas obtidos com a redução do momento fletor negativo
CAPÍTULO 6 103

Tabela 6.5 Características geométricas e mecânicas da nervura


contínua

S/ redução mom. fletor negativo h = 12 (cm) h = 20 (cm)


Momento fletor 501 -891 554 -985
As 1,35 2,67 0,81 1,70
A s2 0,00 2,21 0,00 0,22
II 3544 3907 14603 14371
I II 893 1183 1853 2816
Mr 118,8 252,1 294,6 572,5
Escoamento ou plastificação ARMAD CONCR ARMAD CONCR
My 672,42 899,57 732,99 1324,80
1/r y 0,00035 0,00031 0,00018 0,00022
Momento fletor último DOM2A DOM3 DOM2A DOM3
Mu 809,0 1435,3 876,0 1656,7
1/r u 0,00110 0,00091 0,00058 0,00062
15% redução mom.fletor negativo h = 12 (cm) h = 20 (cm)
Momento fletor 553 -757 611 -837
As 1,51 2,40 0,91 1,50
A s2 0,00 1,95 0,00 0,00
II 3588 3783 14694 14085
I II 984 970 2063 2382
Mr 120,6 243,6 296,9 562,6
Escoamento ou plastificação ARMAD CONCR ARMAD CONCR
My 749,18 773,66 821,28 1148,50
1/r y 0,00035 0,00033 0,00018 0,00023
Momento fletor último DOM2A DOM3 DOM2A DOM3
Mu 901,4 1222,1 982,1 1411,9
1/r u 0,00111 0,00095 0,00059 0,00063
50% redução mom. fletor negativo h = 12 (cm) h = 20 (cm)
Momento fletor 682 -446 754 -492
As 1,89 1,42 1,12 0,81
A s2 0,00 0,74 0,00 0,00
II 3692 3412 14884 13975
I II 1193 631 2495 1450
Mr 124,9 226,9 301,8 553,1
Escoamento ou plastificação ARMAD CONCR ARMAD ARMAD
My 928,36 525,63 1005,95 674,47
1/r y 0,00037 0,00036 0,00018 0,00022
Momento fletor último DOM2A DOM3 DOM2A DOM2B
Mu 1117,5 729,2 1204,9 811,0
1/r u 0,00114 0,00103 0,00059 0,00069

A análise não linear com continuidade é feita do mesmo modo que


para as lajes e vigas simplesmente apoiadas, como foi enunciado em 3.5.1.
Diferenciando-se apenas em que, durante a análise não-linear incremental,
em um determinado elemento, se o momento fletor for positivo, determina-se
CAPÍTULO 6 104

a rigidez em função da seção transversal dimensionada para resistir ao


momento fletor positivo, caso contrário, determina-se a rigidez em função da
seção transversal dimensionada ao momento fletor negativo. Do mesmo
modo que para as vigas simplesmente apoiadas, consideram-se os
elementos com 50 cm de comprimento.
A seguir, apresenta-se na figura 6.7 o diagrama de carregamento x
deslocamento para as vigas contínuas. O último ponto de cada diagrama
refere-se a atuação do carregamento que atinge o Estado Limite Último ou
momento fletor último da seção de concreto armado. Para verificar se há
redistribuição de esforços, mostra-se nas figuras 6.8 e 6.9 o diagrama com a
variação do máximo valor de momento fletor negativo em função do
carregamento.
Na tabela 6.6 mostra-se a relação ou razão entre o momento fletor
negativo (análise linear) e momento fletor negativo último (análise não-
linear).

7
h = 20 cm
s/ redução do momento negativo
6
15 % redução
peso próprio + sobrecarga (kN/m )
2

50 % redução
5

h = 12 cm
3 s/ redução do momento negativo
15 % redução
2 50 % redução

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
deslocamento (mm)

Fig.6.7 Carregamento x deslocamento –nevrura contínua - h = 12 e 20 cm


CAPÍTULO 6 105

6
h = 12 cm

peso próprio + sobrecarga (kN/m )


2
5
s/ redução do momento fletor negativo
15 % redução
4 50 % redução

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
máximo momento fletor negativo (kN.cm)

Fig.6.8 Variação do máximo momento fletor negativo


laje h = 12 cm – análise não-linear

7 h = 20 cm

6 s/ redução do momento fletor negativo


peso próprio + sobrecarga (kN/m )
2

15 % redução
50 % redução
5

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
máximo momento fletor negativo (kN.cm)

Fig.6.9 Variação do máximo momento fletor negativo


laje h = 20 cm – análise não-linear

Tabela 6.6 Relação do momento negativo obtido pela análise não


linear pelo momento negativo considerado para o dimensionamento da
seção.

altura da s/ redução 15 % redução 50 % redução


laje (cm) MNL./ 1,0. ML MNL./ 0,85. ML MNL./ 0,5. ML
h = 12 1,08 1,20 1,80
h =20 1,12 1,26 1,98

MNL – Momento fletor negativo (análise não-linear)


ML – Momento fletor negativo (análise linear)
CAPÍTULO 6 106

6.3.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A análise teórica da laje pré-moldada apresentada neste item é


referente aos modelos de viga. Nestes modelos têm-se como parâmetros
principais o momento fletor e a rigidez à flexão.
Na primeira análise há a nervura simplesmente apoiada,
dimensionada com o aço CA-50 e CA-60, pois em muitos casos, os dois
tipos de classe de armadura trabalham conjuntamente. Utilizando-se a
classe CA-60 o maior deslocamento, em serviço, é cerca de 17 % maior do
que com o aço CA-50.
Para a laje h=12 cm, os valores de deslocamentos calculados pelos
modelos do CEB-90 e de BRANSON foram próximos. Agora para h=20 cm,
há sensíveis diferenças de valores como pode ser visto na figura 6.5.
Para a viga ou nervura contínua, o dimensionamento da nervura em
função dos valores de momento fletor obtidos, seja pela redução do
momento negativo (15% e 50%, por exemplo) obtido através da análise
linear com inércia constante, ou por imposições de valores. Nota-se (tabela
6.6) que há grandes discrepâncias entre os valores de momento fletor
utilizado para o dimensionamento e os valores obtidos com análise não-
linear.
Até mesmo na análise sem a redução do momento negativo, há
discrepâncias entre os valores de momento fletor. Isto ocorre pelo fato de
que a rigidez da seção submetida ao momento negativo é maior do que a da
seção submetida ao momento positivo, há um maior momento fletor
negativo, do que o calculado pela análise linear com inércia constante.
Com o dimensionamento da seção em função de valores de
momento fletor reduzidos ou arbitrados, ocorre também a redução do
momento negativo calculado pela análise não-linear, mas não na mesma
intensidade da redução imposta no dimensionamento. Pois do mesmo modo
que ocorre a redução da rigidez à flexão nos elementos devido à atuação do
momento fletor negativo, ocorre também a redução da rigidez devido à
atuação do momento fletor positivo e com isso, há uma pouca redistribuição
CAPÍTULO 6 107

de esforços, chegando-se a valores próximos dos obtidos através da análise


elástica linear.
Nas figuras 6.8 e 6.9 pode-se notar a pequena variação do máximo
valor do momento fletor negativo, através da análise não-linear
(carregamento incremental). Na tabela 6.6 nota-se que mesmo com o
dimensionamento da seção em 85% do momento negativo tem-se através
da análise não-linear, valores acima de 100% do momento negativo da
análise linear. Com a redução em 50% do momento fletor negativo, ocorrem
reduções de apenas 10 e 1 % do momento fletor negativo para as lajes com
altura 12 e 20 cm respectivamente.
À medida que se arbitra um valor do momento negativo menor do que
o calculado através da análise linear com inércia constante, aumentam as
diferenças entre o valor do momento fletor utilizado para o dimensionamento
da seção com o valor provável do momento fletor presente na estrutura.
Um fato a ressaltar é que, com imposições de momento fletor
negativo menor do que o calculado pela análise linear, o dimensionamento
irá apresentar uma seção com menor valor de resistência ao momento fletor
último, ocorrendo, segundo o modelo adotado, o estado limite último com
pequenos carregamentos, como pode ser visto na figura 6.7.
Outro fato a ressaltar é que neste dimensionamento da nervura
submetida ao momento fletor negativo, considera-se a resistência à
compressão do concreto moldado no local e o concreto da vigota. Com isso,
admite-se que exista perfeita aderência entre os concretos e que também a
resistência entre eles seja próxima.
CAPÍTULO 6 108

6.4 ANÁLISE TEÓRICA DAS LAJES UNIDIRECIONAIS E BIDIRECIONAIS


MEDIANTE O EMPREGO DO MODELO DE GRELHA

6.4.1 GRELHA ISOLADA

Na análise segundo modelos de grelha, além da influência da rigidez


à flexão dos elementos constituintes, há também a influência da rigidez à
torção.
O desconhecimento da capacidade das lajes nervuradas para
absorver momentos de torção e também a não necessidade da sua
consideração para o equilíbrio da grelha, faz com que se desprezem ou
adotem valores muito baixos dessa rigidez.
A seguir apresentam-se as variações de momento fletor que ocorrem
ao se considerar ou não a rigidez à torção das nervuras longitudinais e
transversais em uma laje unidirecional, representada pela grelha com as
seções transversais indicadas na figura 6.10.

Fig.6.10 Grelha e os elementos constituintes -


laje nervurada unidirecional
CAPÍTULO 6 109

Apresenta-se nos gráficos a seguir o momento fletor na nervura


longitudinal, segundo análise linear, para três considerações da rigidez à
torção:
- rigidez à torção para o estádio I;
- rigidez à torção para o estádio II;
- rigidez à torção igual a zero

-200
momento fletor (kN.cm)

h = 12 cm

-400 viga simplesmente apoiada


grelha rigidez torção estádio I
grelha rigidez torção estádio II
-600 grelha rigidez torção = 0

-800

-1000

0 100 200 300 400 500 600


nervura longitudinal (cm)

Fig.6.11 Diagrama de momento fletor - h = 12 cm

-200
momento fletor (kN.cm)

h = 20 cm
-400
viga simplesmente apoiada
grelha rigidez torção estádio I
-600 grelha rigidez torção estádio II
grelha rigidez torção = 0

-800

-1000

-1200
0 100 200 300 400 500 600
nervura longitudinal (cm)

Fig.6.12 Diagrama de Momento Fletor - h = 20 cm


CAPÍTULO 6 110

Nota-se que o máximo valor de momento fletor na nervura longitudinal


calculada como grelha é maior do que o caso de se calcular como viga
simplesmente apoiada. A princípio este resultado não era esperado, pois ao
introduzir rigidez na direção transversal é esperado que o momento fletor na
direção longitudinal diminua. Este resultado adverso ocorre devido à grande
diferença de rigidez existente entre as nervuras longitudinais e transversais.
Para verificar a influência da rigidez à flexão da nervura transversal no
valor de momento fletor da nervura longitudinal apresenta-se nos gráficos a
seguir, através de análise linear, a variação do máximo momento fletor que
ocorre na nervura longitudinal em função da variação do momento de inércia
à flexão da nervura transversal. Para esta análise considera-se um valor
desprezível para a rigidez à torção, pois se pretende analisar somente a
influência da rigidez à flexão. Adotam-se dois tipos de grelha, a com
formato quadrado (6,0 m x 6,0 m) e a retangular (12,0 m x 6,0 m), sendo
que nesta as nervuras longitudinais (c/ vigotas pré-moldadas) são dispostas
no menor vão.

1100
máx momento fletor na nervura longitudinal (kN.cm)

1000

900

800

h = 12 cm
700

laje quadrada (l x l)
laje retangular (l x 2l)
600
viga simplesmente apoiada

500
0 20 40 60 80 100
momento de inércia à flexão da nerv. transversal = % da nerv. longitudinal

Fig.6.13 Variação do máximo momento fletor na nervura longitudinal em


função da rigidez da nervura transversal - h = 12 cm
CAPÍTULO 6 111

1200

máx momento fletor na nervura longitudinal (kN.cm)


1100

1000

900

800 h = 20 cm

laje quadrada (l x l)
700 laje retangular (l x 2l)
viga simplesmente apoiada
600

0 20 40 60 80 100
momento de inércia à flexão da nerv. transversal = % da nerv. longitudinal

Fig.6.14 Variação do máximo momento fletor na nervura longitudinal em


função da rigidez da nervura transversal - h = 20 cm

Para uma melhor verificação da influência da rigidez das nervuras


transversais nos valores de momento fletor, apresentam-se nas figuras 6.15
a 6.18, os diagramas de momento fletor, via tela gráfica do ANSYS, para a
grelha retangular (12,0 m x 6,0 m). Nestes, consideram-se a inércia à flexão
na direção transversal igual a 0, 10 , 50 e 100 por cento da inércia à flexão
na direção longitudinal.
CAPÍTULO 6 112

Fig.6.15 Diagrama de momento fletor– inércia à flexão transversal igual a


0% da inércia à flexão longitudinal

Fig.6.16 Diagrama de momento fletor– inércia à flexão transversal igual a


10% da inércia à flexão longitudinal
CAPÍTULO 6 113

Fig.6.17 Diagrama de momento fletor– inércia à flexão transversal igual a


50% da inércia à flexão longitudinal

Fig.6.18 Diagrama de momento fletor– inércia à flexão transversal igual a


100% da inércia à flexão longitudinal
CAPÍTULO 6 114

Na seqüência de estudo do modelo de grelha isolada, apresenta-se a


análise não-linear para a laje pré-moldada (h=12 e 20 cm), com dimensões
em planta iguais a (6,0 m x 6,0 m) e (12,0 m x 6,0 m), sendo considerados
os seguintes arranjos:
• Laje unidirecional;
• Laje unidirecional com nervuras transversais, chamadas de
“nervuras de travamento”;
• Laje bidirecional.

As dimensões das nervuras longitudinal e transversal são as


apresentadas nas figuras 6.1 e 6.2, respectivamente.
Nas lajes unidirecionais, ocorre a colaboração da capa de concreto na
direção transversal (fig.6.19). Na análise não linear, como descrito em 3.5.2,
as barras da grelha transversal que representam a capa de concreto
também têm a sua rigidez (à flexão e à torção) reduzida a partir do início de
fissuração. Em função da geometria e da resistência à tração do concreto
determina-se o momento de fissuração (Mr), sendo igual a 44,0 kN.cm.

Fig.6.19 Contribuição da capa de concreto na direção transversal

Para as lajes unidirecionais com nervuras transversais, adotam-se 2


nervuras. As localizações destas nervuras transversais são vistas na figura
6.20
CAPÍTULO 6 115

6,0 m x 6,0 m 12,0 m x 6,0 m

2,0
nevura transversal nevura transversal
2,0

nevura transversal nevura transversal


2,0

6,0 12,0

Fig.6.20 Nervuras transversais “nervura de travamento”


da laje unidirecional

Como foi visto no início desta análise, a rigidez à flexão das nervuras
influenciam na determinação dos momentos fletores atuantes nos elementos
da grelha e também vimos que em função da razão entre a rigidez à flexão
longitudinal e transversal em uma grelha pode-se ter momentos maiores do
que os obtidos como nervuras simplesmente apoiadas. Devido a isso, e
também como é comumente realizado, considera-se para o
dimensionamento o mesmo valor da armadura calculada como nervura
simplesmente apoiada nas lajes unidirecionais e nas lajes unidirecionais com
nervuras transversais.
Para a armadura da nervura transversal “nervura de travamento” das
lajes unidirecionais, dimensiona-se em função do máximo momento fletor
obtido através de análise linear da grelha, considerando a rigidez a torção do
estádio II. Os resultados são apresentados na tabela abaixo:

Tabela 6.7 Nervura transversal - momento fletor e dimensionamento


laje 6m x 6m máx. momento fletor (kN.cm) área de aço (cm2)
altura (cm) h = 12 h = 20 h = 12 h = 20
nervura transversal 574 705 1,57 1,05
laje 12m x 6m máx. momento fletor (kN.cm) área de aço (cm2)
altura (cm) h = 12 h = 20 h = 12 h = 20
nervura transversal 417 530 1,12 0,78
CAPÍTULO 6 116

Na laje bidirecional, em função de análise linear da grelha, e


considerando a rigidez a torção do estádio II, obtêm-se os valores máximos
de momento fletor na tabela 6.8.

Tabela 6.8 Máximo momento fletor e área de aço da laje bidirecional


laje 6m x 6m máx. momento fletor (kN.cm) área de aço (cm2)
altura (cm) h = 12 h = 20 h = 12 h = 20
nervura longitudinal 754 814 2,11 1,21
nervura transversal 365 529 1,23 0,88
laje 12m x 6m máx. momento fletor (kN.cm) área de aço (cm2)
altura (cm) h = 12 h = 20 h = 12 h = 20
nervura longitudinal 1055 1255 3,09 1,9
nervura transversal 211 286 0,69 0,47

Apresenta-se na tabela 6.9, apenas para comparações, os valores de


momento fletor calculados para a laje bidirecional, segundo as tabelas de
BARES (1972). Os valores de momento nestas tabelas são função da
relação entre os vãos, da condição de apoio dos bordos da laje (apoiado,
engastado ou livre) e do valor do carregamento distribuído. Nesta tabela
pode-se notar as grandes diferenças de valores de momento fletor entre o
modelo de grelha e as tabelas de BARES.

Tabela 6.9 Momento fletor calculado segundo BARES, e comparação


com valores obtidos pela grelha bidirecional.
laje máx. momento fletor (kN.cm) diferença %
6m x 6m BARES Grelha
altura (cm) h = 12 h = 20 h = 12 h = 20 h = 12 h = 20
nervura longitudinal 640 752 754 814 15,1 7,6
nervura transversal 640 752 365 529 43,0 29,7
laje máx. momento fletor (kN.cm) diferença %
12m x 6m BARES Grelha
altura (cm) h = 12 h = 20 h = 12 h = 20 h = 12 h = 20
nervura longitudinal 1498 1762 1055 1255 29,6 28,8
nervura transversal 478 704 211 286 55,9 59,4
CAPÍTULO 6 117

Considera-se o carregamento nos nós da grelha, em função da área


de influência em 21 incrementos de carga. Sendo o incremento 15 referente
à atuação de todo o carregamento e o incremento 21 com a atuação do
carregamento de cálculo, ou seja, o valor de peso próprio + sobrecarga
multiplicado pelo coeficiente de majoração das cargas igual a 1,4.

Apresenta-se nas tabelas 6.10 e 6.11 os valores de momento fletor


utilizados para o dimensionamento das nervuras e os valores de momento
fletor obtidos através da análise não-linear.

Tabela 6.10 Momento fletor utilizado para o dimensionamento e o obtido


pela análise não linear – nervura longitudinal - h = 12 cm.

modelos grelha 6m x 6m diferença grelha 12m x 6m diferença


de laje momento fletor kN.cm % momento fletor kN.cm %
pré-moldada dimensionamento análise não-linear dimensionamento análise não-linear
unidirecional 891 815 8,5 891 913 2,5
unidir.c/ nerv. transv. 891 742 16,7 891 940 5,5
bidirecional 754 669 11,3 1055 972 7,9

Tabela 6.11 Momento fletor utilizado para o dimensionamento e o obtido


pela análise não linear – nervura longitudinal - laje h = 20 cm.

modelos grelha 6m x 6m diferença grelha 12m x 6m diferença

de laje momento fletor kN.cm % momento fletor kN.cm %


pré-moldada dimensionamento análise não-linear dimensionamento análise não-linear
unidirecional 985 958 2,7 985 996 1,1
unidir.c/ nerv. transv. 985 861 12,6 985 1048 6,4
bidirecional 814 668 17,9 1255 1118 10,9

Nas figuras 6.21 e 6.22 mostram-se as variações do máximo


momento fletor em função do carregamento, para as lajes unidirecionais e
bidirecionais.
Os diagramas de carga x deslocamentos, para as lajes e
comparações com a nervura simplesmente apoiada, são vistos nas figuras
6.23 a 6.26.
CAPÍTULO 6 118

6
grelha 6 x 6

5 unidirecional
unidirecional c/ nerv. transv.
peso próprio + sobrecarga (kN/m) bidirecional
2

3
grelha 12 x 6

2 unidirecional
unidirecional c/ nerv. transv.
bidirecional
1

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400

máximo momento fletor na nervura longitudinal (kN.cm)

Fig.6.21 Carregamento x máximo momento fletor - h =12 cm

6 grelha 6 x 6

unidirecional
5 unidirecional c/ nerv. transv.
bidirecional
peso próprio + sobrecarga (kN/m)
2

grelha 12 x 6

2 unidirecional
unidirecional c/ nerv. transv.
bidirecional
1

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400

máximo momento fletor na nervura longitudinal (kN.cm)

Fig. 6.22 Carregamento x máximo momento fletor - h =20 cm


CAPÍTULO 6 119

5
peso próprio + sobrecarga (kN/m)
2

3
h = 12 cm (6,0 m x 6,0 m)

2 nervura simplesmente apoiada


laje unidirecional
laje unidirecional com nervuras transversais
1 laje bidirecional

0
0 20 40 60 80 100 120 140
deslocamento (mm)

Fig.6.23 Carregamento x deslocamento - h=12 cm (6,0m x 6,0m)

5
peso próprio + sobrecarga (kN/m)
2

h = 12 cm (12,0 m x 6,0 m)

2
nervura simplesmente apoiada
laje unidirecional
laje unidirecional com nervuras transversais
1 laje bidirecional

0
0 20 40 60 80 100 120 140
deslocamento (mm)

Fig.6.24 Carregamento x deslocamento - h=12 cm (12,0m x 6,0m)


CAPÍTULO 6 120

peso próprio + sobrecarga (kN/m)


2

3 h = 20 cm (6,0 m x 6,0 m)

nervura simplesmente apoiada


2 laje unidirecional
laje unidirecional com nervuras transversais
laje bidirecional
1

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
deslocamento (mm)

Fig.6.25 Carregamento x deslocamento - h=20 cm (6,0m x 6,0m)

6
peso próprio + sobrecarga (kN/m)
2

3 h = 20 cm (12,0 m x 6,0 m)

nervura simplesmente apoiada


2 laje unidirecional
laje unidirecional com nervuras transversais
laje bidirecional
1

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
deslocamento (mm)

Fig.6.26 Carregamento x deslocamento - h=20 cm (12,0m x 6,0m)


CAPÍTULO 6 121

A reação de apoio destas lajes depende do tipo de laje (unidirecional,


bidirecional) e também do formato em planta (quadrado, retangular).
Usualmente nestas lajes, além dos valores de sobrecarga distribuído pela
área da laje, têm-se também cargas linearmente distribuídas (alvenaria)
sendo que o mais indicado é calcular a reação de apoio e também outros
parâmetros (momento fletor, deslocamentos) utilizando-se um programa feito
para computador que faça análises mediante grelha ou elementos finitos.
Apresentam-se a seguir, na tabela 6.12, os valores médios da parcela
do carregamento total que é a reação de apoio das nervuras longitudinais,
ou seja, das nervuras que contêm a vigota pré-moldada. Estes valores foram
obtidos através das análises linear e não-linear, com altura igual a 12 e a 20
cm e decorrentes apenas de carregamentos distribuídos por área.

reação de apoio = % do carregamento total


6m
6m

6m 12 m

Fig.6.27 Reação de apoio das nervuras longitudinais


(6m x 6m e 12m x 6 m)

Tabela 6.12 Reação de apoio das nervuras longitudinais - Parcela (%)


do carregamento total.
reação de apoio das nervuras longitudinais - % do carregamento total
modelos grelha 6m x 6m grelha 12m x 6m
de laje altura da laje altura da laje
pré-moldada h = 12 cm h = 20 cm h = 12 cm h = 20 cm
unidirecional 83 90 85 91
unidir.c/ nerv. transv. 73 76 80 82
bidirecional 60 55 74 73
CAPÍTULO 6 122

6.4.2 GRELHA ISOLADA COM A CONSIDERAÇÃO DAS VIGAS DE


EXTREMIDADE

Para analisar o grau de influência da rigidez à torção das vigas de


extremidade nas lajes pré-moldadas considera-se, neste item, as vigas com
dimensões 0,15 m x 0,60 m. É mostrada na figura 6.28 a grelha a ser
utilizada nos arranjos seguintes.

vigas de extremidade

15 cm

60 cm
viga de
600 cm

extremidade

4
Io = 270000 cm
4
IT = 56902 cm

600 cm

Fig.6.28 Grelha com vigas de extremidade

Os arranjos com a consideração das vigas de extremidade são:

• Laje pré-moldada unidirecional ( h = 12 e 20 cm);


• Laje pré-moldada bidirecional ( h = 12 e 20 cm).

Como visto na figura 6.28, consideram-se as vigas com


deslocamentos impedidos, deste modo analisa-se somente a influência da
rigidez à torção das vigas. A influência da deformação das vigas é vista na
análise de grelhas contínuas.
CAPÍTULO 6 123

Mediante a análise elástico-linear, determinam-se os valores do


máximo momento fletor negativo para as nervuras da laje e das vigas de
extremidade.
Para verificar a influência da rigidez à torção nos valores de momento
fletor, considera-se a rigidez à torção para o estádio I (0,3.Ec.IT) e estádio II
(0,05.Ec.IT).

Tabela 6.13 Máximo momento fletor negativo nas nervuras da laje (kN.cm)

rigidez à laje unid. laje bid.


à nerv. long. nerv. long. nerv. transv.
Torção estádio I estádio II estádio I estádio II estádio I estádio II
h = 12 cm 373 153 311 126 252 122
h = 20 cm 183 30 164 39 160 40

Fig.6.29 Momento fletor negativo

Pode-se notar na tabela 6.13 as diferenças de valores de momento


fletor negativo nas nervuras, em função da rigidez à torção adotada.
Em função da altura da laje também ocorrem diferenças, há um maior
engastamento das nervuras com 12 cm de altura nas vigas de extremidade
do que para as nervuras com 20 cm de altura. O valor do momento fletor
CAPÍTULO 6 124

negativo na nervura com 12 cm de altura é superior a nervura com altura


igual a 20 cm. Quanto maior for a rigidez relativa entre a viga de
extremidade e a nervura, maior será o engastamento da nervura na viga,
como pode ser visto na tabela 6.13.
Para a consideração da rigidez das vigas de extremidade é
necessário dimensionar a laje ao momento fletor negativo, sendo que para o
seu dimensionamento existe dúvidas no valor do momento fletor a ser
considerado, pois é função direta da rigidez à torção dos elementos, que
geralmente é considerada como um valor reduzido.
Nesta análise considera-se o maior momento fletor negativo obtido na
análise linear e dimensionam-se nervuras.
Considera-se a mesma armadura nas seções das nervuras
submetidas ao momento fletor positivo, ou seja, das lajes unidirecionais e
bidirecionais vistas em 6.3.2. Para a região de momento fletor negativo,
indica-se os valores obtidos pelo dimensionamento na tabela 6.14.

Tabela 6.14 Dimensionamento das nervuras submetidas ao momento


fletor negativo

altura (cm) h = 12 cm h = 20 cm
dimensionamento momento negativo As momento negativo As
kN.cm cm2 kN.cm cm2
nervura longitudinal 373 1,14 / 0,35 * 183 0,27
nervura transversal 252 0,97 / 0,35 * 160 0,27

* O dimensionamento da nervura resulta em armadura dupla: AS / As2

Quando houver a necessidade de armadura dupla na nervura


submetida ao momento fletor negativo, esta armadura de compressão pode
ser a mesma da obtida pelo dimensionamento ao momento fletor positivo,
desde que satisfaçam as recomendações de ancoragem.

Nesta análise não-linear com vigas de extremidade considera-se a


rigidez à torção destas vigas com valor constante ao longo do carregamento.
CAPÍTULO 6 125

Deste modo, adota-se, na primeira análise, a rigidez à torção do estádio I e


na segunda, a rigidez à torção do estádio II. Com isso, obtêm-se duas
curvas.
Os demais elementos da grelha (elementos longitudinais e
transversais) mantêm o mesmo procedimento, ou seja, possuem rigidez à
flexão e à torção variáveis em função do momento fletor atuante.
Nas figuras 6.30 e 6.31, mostra-se, para as lajes unidirecionais, a
variação do máximo momento fletor negativo ao longo do carregamento em
função da rigidez à torção das vigas de extremidade.
Apresenta-se a seguir nas figuras 6.32 a 6.35 os valores de
deslocamento em função do carregamento, obtidos através da análise não-
linear para os modelos de grelha com vigas de extremidade e comparações
com os valores obtidos sem a consideração das vigas de extremidade.

5
peso próprio + sobrecarga (kN/m )
2

2
laje unidirecional h = 12 cm

rigidez à torção da viga de extremidade - estádio I


1 rigidez à torção da viga de extremidade - estádio II

0
0 100 200 300 400 500 600
máximo momento fletor negativo (kN.cm)

Fig.6.30 Carregamento x máximo momento fletor negativo


laje unidirecional - h =12 cm
CAPÍTULO 6 126

peso próprio + sobrecarga (kN/m ) 5


2

2 laje bidirecional h = 12 cm

rigidez à torção da viga de extremidade - estádio I


1 rigidez à torção da viga de extremidade - estádio II

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
máximo momento fletor negativo (kN.cm)

Fig.6.31 Carregamento x máximo momento fletor negativo


laje unidirecional - h =20 cm

5
peso próprio + sobrecarga (kN/m )
2

laje unidirecional h = 12 cm
2
sem vigas de extremidade
rigidez torção das vigas extremidade - estádio I
1 rigidez torção das vigas extremidade - estádio II

0
0 20 40 60 80 100 120 140
deslocamento (mm)

Fig.6.32 Carregamento x deslocamento


laje unidirecional - h =12 cm
CAPÍTULO 6 127

peso próprio + sobrecarga (kN/m ) 5


2

laje bidirecional h = 12 cm
2
sem vigas de extremidade
rigidez torção das vigas extremidade - estádio I
1 rigidez torção das vigas extremidade - estádio II

0
0 20 40 60 80 100 120 140
deslocamento (mm)

Fig.6.33 Carregamento x deslocamento


laje bidirecional - h =12 cm

6
peso próprio + sobrecarga (kN/m )
2

laje unidirecional h = 20 cm
2 sem vigas de extremidade
rigidez torção das vigas extremidade - estádio I
rigidez torção das vigas extremidade - estádio II
1

0
0 10 20 30 40 50 60 70
deslocamento (mm)

Fig.6.34 Carregamento x deslocamento


laje unidirecional - h =20 cm
CAPÍTULO 6 128

2
peso próprio + sobrecarga (kN/m ) 6

3 laje bidirecional h = 20 cm

sem vigas de extremidade


2
rigidez torção das vigas extremidade - estádio I
rigidez torção das vigas extremidade - estádio II
1

0
0 10 20 30 40 50 60
deslocamento (mm)

Fig.6.35 Carregamento x deslocamento


laje bidirecional - h =20 cm

6.4.3 GRELHA CONTÍNUA

Como visto na análise das vigas isoladas e contínuas, o parâmetro


principal é a rigidez à flexão dos elementos. Para a análise das grelhas,
além da influência da rigidez à flexão há também a influência da rigidez à
torção dos elementos constituintes da grelha (nervuras, vigas de
extremidade).
Para a modelagem da grelha contínua, existem muitas variáveis
envolvidas, sendo que a principal é continuidade entre as nervuras, sendo
esta função da capacidade da estrutura absorver momentos fletores
negativos na “ligação” entre lajes adjacentes.
Nesta análise, portanto, verifica-se a continuidade entre lajes através
do modelo de grelha para as lajes unidirecionais com altura igual a 12 e a
CAPÍTULO 6 129

20 cm. Verifica-se, também, a influência da consideração ou não da


deformabilidade da viga central de apoio das lajes (fig.6.36).

elementos longitudinais viga central

elementos transversais
600 cm

600 cm 600 cm

viga central
15 cm x 60 cm
elementos longitudinais elementos transversais
h = 12 ou 20 cm h = 4 cm

Fig.6.36 Grelha contínua

Determinam-se os valores de momento fletor através da análise linear


(figura 6.37), considerando, para comparações, a rigidez à torção no estádio
I e estádio II. Apresentam-se nas figuras 6.38 e 6.39 os valores de momento
fletor obtidos na análise linear da grelha com comparações dos valores
obtidos na viga contínua.
CAPÍTULO 6 130

Fig.6.37 Diagrama de momento fletor – grelha contínua unidirecional

Através da análise linear, nota-se que praticamente não há diferenças


em se considerar a rigidez à torção para o estádio I ou estádio II.
Comparando-se os valores da viga contínua, há uma grande aproximação
para a laje com altura igual a 12 cm. Mas para a laje com altura igual a 20
cm há uma discrepância de cerca de 21 % do valor do momento fletor
negativo.

1200 viga contínua


grelha contínua rigidez à torção estádio I
1000 grelha contínua rigidez à torção estádio II

800
momento fletor (kN.cm)

600

400

200

-200

-400

-600

0 200 400 600 800 1000 1200


nervura contínua (cm)

Fig.6.38 Diagrama de momento fletor – laje unidirecional - h = 12 cm


CAPÍTULO 6 131

viga contínua
1200 grelha contínua rigidez à torção estádio I
grelha contínua rigidez à torção estádio II
1000

800

momento fletor (kN.cm)


600

400

200

-200

-400

-600

0 200 400 600 800 1000 1200


nervura contínua (cm)

Fig.6.39 Diagrama de momento fletor – laje unidirecional - h = 20 cm

Para a análise não-linear da grelha contínua, considera-se o mesmo


dimensionamento da viga contínua. Prevendo-se que ocorrerá redução do
momento fletor negativo, principalmente devida à deformação da viga,
considera-se na análise o dimensionamento referente à redução de 15 e
50 % do momento fletor negativo.
Nesta análise não linear adotam-se dois casos, um considerando o
deslocamento da viga e outro com o deslocamento da viga impedido.

Para a viga central, é feito o dimensionamento da armadura com aço


( CA-50 ), em função do máximo momento fletor (M):

Laje h = 12 cm → M = 13224 kN.cm → As = 9,27 cm2


Laje h = 20 cm → M = 14030 kN.cm → As = 10,21 cm2

Para verificar a redistribuição dos esforços, mediante a análise não-


linear, apresenta-se nas figuras 6.40 e 6.41 a variação do máximo momento
fletor negativo para as grelhas representativas das lajes com altura igual a
12 e 20 cm.
CAPÍTULO 6 132

peso próprio + sobrecarga (kN/m )


2
4

3
redução em 15%
deslocamento da viga livre
2 deslocamento da viga impedido

redução em 50%
deslocamento da viga livre
1
deslocamento da viga impedido

0
0 200 400 600 800 1000 1200
máximo momento fletor negativo (kN.cm)

Fig.6.40 Variação do máximo momento fletor negativo - h = 12 cm

7 redução em 15%
deslocamento da viga livre
6 deslocamento da viga impedido
peso próprio + sobrecarga (kN/m )
2

redução em 50%
5 deslocamento da viga livre
deslocamento da viga impedido
4

0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
máximo momento fletor negativo (kN.cm)

Fig.6.41 Variação do máximo momento fletor negativo - h = 20 cm

A seguir, na tabela 6.15, mostram-se os valores de momento fletor


negativo último através da análise não-linear em função do momento obtido
pela análise linear.
CAPÍTULO 6 133

Tabela 6.15 Relação do momento negativo obtido pela análise não


linear pelo momento negativo considerado para o dimensionamento da
seção.

altura 15 % redução: MNL./ 0,85. ML 50 % redução: MNL./ 0,5. ML


da laje deslocamento da viga deslocamento da viga
(cm) livre impedido livre impedido
h = 12 1,13 1,18 1,67 1,76
h =20 1,12 1,27 1,73 2,00

MNL – Momento fletor negativo (análise não-linear)


ML – Momento fletor negativo (análise linear)

Nas figuras 6.42 e 6.43, apresentam-se as curvas de deslocamentos


máximos das lajes unidirecionais contínuas mediante a análise não-linear. O
último ponto de cada diagrama refere-se a atuação do carregamento que
atinge o Estado Limite Último ou momento fletor último da seção de concreto
armado.

5
peso próprio + sobrecarga (kN/m )
2

redução em 15%
3
deslocamento da viga
(desloc. laje - desloc. viga)
desloc. laje c/ desloc. da viga impedido
2
redução em 50%
deslocamento da viga
1 (desloc. laje - desloc. viga)
deslo. laje c/ desloc. da viga impedido

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
deslocamento (mm)

Fig.6.42 Carregamento x deslocamento –grelha contínua - h = 12 cm


CAPÍTULO 6 134

peso próprio + sobrecarga (kN/m )


2 5

4
redução em 15%
deslocamento da viga
3 (desloc. laje - desloc. viga)
desloc. laje c/ desloc. da viga impedido

2
redução em 50%
deslocamento da viga
1 (desloc. laje - desloc. viga)
deslo. laje c/ desloc. da viga impedido

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
deslocamento (mm)

Fig.6.43 Carregamento x deslocamento –grelha contínua - h = 20 cm

Neste estudo de grelha contínua, analisa-se a continuidade das


nervuras formadas pelas vigotas pré-moldadas. A seguir, como
complemento, apresenta-se a análise linear da grelha em que estas
nervuras (nervuras principais), são dispostas em direções ortogonais, como
pode ser visto na figura 6.44. As dimensões da viga central são as mesmas
da análise anterior.

Fig.6.44 Laje unidirecional contínua - disposição das vigotas


pré-moldadas em direções opostas
CAPÍTULO 6 135

Determinam-se os valores de momento fletor através da análise


linear, considerando, para comparações, a rigidez à torção no estádio I e
estádio II. São apresentados nas figuras 6.45 e 6.46 os valores de momento
fletor nos elementos centrais da grelha, obtidos na análise linear.

600

400

200
momento fletor (kN.cm)

-200

h = 12 cm
-400

rigidez à torção estádio I


-600
rigidez à torção estádio II

-800

0 200 400 600 800 1000 1200

(cm)

Fig.6.45 Diagrama de momento fletor – grelha contínua – h = 12 cm

200

0
momento fletor (kN.cm)

-200

-400
h = 20 cm
-600
rigidez à torção estádio I
-800 rigidez à torção estádio II

-1000

0 200 400 600 800 1000 1200

(cm)

Fig.6.46 Diagrama de momento fletor – grelha contínua – h = 20 cm


CAPÍTULO 6 136

Apresenta-se a seguir nas tabelas 6.16 e 6.17 os valores de


deslocamento obtidos na análise linear e não-linear, em função das
combinações freqüentes das ações (Fd), sendo as ações:

a) para laje unidirecional


Fd (h=12) = 2,56 kN/m2 , Fd (h=20) = 2,98 kN/m2

b) laje bidirecional
Fd (h=12) = 2,80 kN/m2 , Fd (h=20) = 3,54 kN/m2

Para os arranjos considerados, tem-se que a flecha máxima em


Estado Limite de Utilização é igual a 2 cm.

Tabela 6.16 Flecha nas lajes com altura igual a 12 cm (em cm)

altura da laje igual a 12 cm formato análise análise linear


em planta não-linear rig. torção est. I rig. torção est. II
viga simplesmente apoiada * 5,6 2,1 *
viga contínua * 3.0 1.0 *
laje unidirecional 6,0 m x 6,0 m 5,2 2,1 2,4
12,0 x 6,0 m 5,9 2,1 2,1
laje unidirecional c/ nerv. transversais 6,0 m x 6,0 m 4,7 1,9 2,1
12,0 x 6,0 m 6,1 2,3 2,3
laje bidirecional 6,0 m x 6,0 m 5,4 1,8 2.0
12,0 x 6,0 m 5,7 2,5 2,5
laje unidirecional com rigidez à torção estádio I 6,0 m x 6,0 m 1,3 1.0 1,8
das vigas de extremidade: estádio II 6,0 m x 6,0 m 2,5 * *
laje bidirecional com rigidez à torção estádio I 6,0 m x 6,0 m 1,1 0,9 1,6
das vigas de extremidade: estádio II 6,0 m x 6,0 m 1,5 * *
laje unidirecional continua com o livre 12,0 x 6,0 m 2,8 * *
deslocamento da viga de apoio: impedido 12,0 x 6,0 m 2,8 1,1 1,2
CAPÍTULO 6 137

Tabela 6.17 Flecha nas lajes com altura igual a 20 cm (em cm)

altura da laje igual a 20 cm formato análise análise linear


em planta não-linear rig. torção est. I rig. torção est. II
viga simplesmente apoiada * 2,7 0,6 *
viga contínua * 0,7 0,3 *
laje unidirecional 6,0 m x 6,0 m 2,4 0,6 0,7
12,0 x 6,0 m 2,6 0,6 0,6
laje unidirecional c/ nerv. transversais 6,0 m x 6,0 m 2.0 0,6 0,6
12,0 x 6,0 m 2,8 0,6 0,7
laje bidirecional 6,0 m x 6,0 m 1,6 0,3 0,5
12,0 x 6,0 m 2,7 0,5 0,8
laje unidirecional com rigidez à torção estádio I 6,0 m x 6,0 m 0,9 0,5 0,6
das vigas de extremidade: estádio II 6,0 m x 6,0 m 1,6 * *
laje bidirecional com rigidez à torção estádio I 6,0 m x 6,0 m 0,6 0,8 0,5
das vigas de extremidade: estádio II 6,0 m x 6,0 m 1,2 * *
laje unidirecional continua com o livre 12,0 x 6,0 m 0,8 * *
deslocamento da viga de apoio: impedido 12,0 x 6,0 m 0,7 0,3 0,3

6.4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Na análise linear das lajes, segundo a analogia de grelha, 2


parâmetros foram observados. O primeiro é referente à rigidez à torção dos
elementos, que, quando considerados, como é de se esperar, reduzem o
valor do momento fletor. Pela falta de estudos específicos da capacidade
destas lajes em oferecerem a rigidez à torção e também pela sua não
obrigatoriedade para o equilíbrio estrutural, esta rigidez geralmente é
desprezada desprezada.
O segundo parâmetro é referente à rigidez à flexão das barras
transversais da grelha. Segundo os gráficos das figuras 6.13 e 6.14 nota-se
que, para painéis de laje com formato quadrado, a rigidez à flexão na
direção transversal reduz o valor de momento fletor na direção longitudinal.
Mas somente a partir de um certo valor da rigidez transversal; pois para
valores pequenos, ocorre o aumento do máximo momento fletor na direção
longitudinal maior até mesmo do que os valores obtidos mediante análise em
modelos de viga bi-apoiada.
Para painéis de laje com formato retangular, com a relação entre os
lados próximos de 2, observa-se que a rigidez à flexão na direção
CAPÍTULO 6 138

transversal não diminui o momento fletor na direção longitudinal, pelo


contrário, aumenta. Nos diagramas vistos nas figuras 6.15 a 6.18 pode-se
notar o comportamento do momento fletor na direção transversal para este
formato de laje. Nota-se que ao caminhar para o meio do vão, praticamente
não há momento fletor nas nervuras transversais, ou seja, não há
contribuição para reduzir o momento fletor na direção longitudinal.
A adoção de lajes bidirecionais para lajes com a relação entre vãos
próximos ou maiores que 2 torna-se pouco interessante.

A determinação dos valores de momento fletor para as lajes


bidirecionais de acordo com as tabelas, como, por exemplo, BARES (1972),
utilizadas para lajes maciças acarretam diferenças maiores de que 50%. Isto
ocorre pelo fato de que as lajes bidirecionais executadas com vigotas pré-
moldadas resultam em seções transversais distintas entre as direções
longitudinais e transversais da laje. A seção constituída pela vigota pré-
moldada terá maior inércia à flexão do que a seção na outra direção, pois a
seção da nervura na direção transversal possui menor altura devido ao
processo executivo utilizado. A determinação dos momentos fletores
fazendo a analogia da laje pré-moldada bidirecional com a laje maciça torna-
se aceitável desde que se tenha valores próximos de rigidez nas duas
direções como ocorre, por exemplo, em lajes nervuradas bidirecionais
moldadas no local.

Comparando os deslocamentos entre os arranjos de nervura


simplesmente apoiada (modelo de viga), laje unidirecional com e sem
nervuras transversais e laje bidirecional (modelos de grelha) tem-se que:

a) Os deslocamentos obtidos através dos arranjos de laje


unidirecional com e sem nervura de travamento, são próximas dos valores
obtidos no modelo de viga. Prevalecendo o comportamento unidirecional;
CAPÍTULO 6 139

b) Nota-se a pouca redução dos deslocamentos com a consideração


das “nervuras de travamento” nas lajes unidirecionais. A princípio, portanto,
pode-se desprezá-la. Porém, esta análise foi feita considerando apenas
carregamentos distribuídos. Com a introdução de carregamentos adicionais,
como por exemplo, paredes, as “nervuras de travamento” desempenham um
importante papel, que é o de reduzir os deslocamentos relativos entre as
nervuras vizinhas com carregamentos diferentes;

c) Para os modelos de laje bidirecional, como é esperado, ocorre uma


boa redução dos deslocamentos (comparados com modelos de laje
unidirecional) para a altura da laje igual a 20 cm e formato em planta
quadrada (6m x 6m), há uma redução dos deslocamentos da ordem de 40%.
Mas para a altura de laje igual a 12 cm é observado deslocamento próximo
das lajes unidirecionais (lembrando que a laje bidirecional tem maior peso
próprio);

d) À medida que aumenta a relação entre os vãos, e sendo dispostas


as vigotas pré-moldadas no menor vão, existe uma maior aproximação dos
arranjos de laje unidirecional com o modelo de viga bi-apoiada. Nas lajes
bidirecionais, aumenta-se o deslocamento aproximando-se dos modelos de
viga bi-apoiada. Confirma-se, portanto a pouca eficiência de lajes
bidirecionais para painéis de laje com relação entre vãos iguais ou próximos
a 2;

e) Em termos de momento fletor, tem-se em geral, que os valores


determinados pela análise não-linear são menores do que os valores
utilizados para o dimensionamento. Atenção especial deve ser dada às lajes
retangulares com relação entre vãos próximos de 2, pois, como é visto nas
tabela 6.10 e 6.11, existe um maior momento atuante do que o admitido no
dimensionamento (nervura simplesmente apoiada);
CAPÍTULO 6 140

f) Como pode ser visto nas Tabelas 6.16 e 6.17, os valores de


deslocamentos obtidos segundo a análise não-linear são na maior parte dos
casos superiores ao valor da flecha admissível de 2 cm. Salienta-se,
também que nesta análise não está sendo considerado os efeitos da
retração e deformação lenta do concreto. Nota-se, portanto, a grande
importância da análise dos deslocamentos nestas lajes.

As vigas de extremidade exercem influência nos valores de momento


fletor nas lajes, sendo função da sua rigidez à torção. Como pode ser visto
nas figuras 6.30 e 6.31, que mostram o máximo momento fletor negativo nas
nervuras das lajes unidirecionais para a rigidez à torção das vigas de
extremidade no estádio I e II.
Em arranjos com vigas de extremidade, a princípio, a idéia original era
fazer a análise não-linear da grelha, considerando a variação da rigidez à
torção em todos os elementos, como foi feito para as grelhas sem vigas de
extremidade.
A variação da rigidez à torção, como comentado em 3.4, é função do
momento fletor atuante no elemento, e não em função do momento de
torção. Deste modo, a rigidez à torção das vigas de extremidade será função
do momento fletor atuante.
Considerou-se, portanto, esta hipótese. Mas para isto, teve-se que
apoiar as vigas apenas nas suas extremidades para que a mesma pudesse
ser solicitada ao momento fletor, ou seja, deixá-la com o deslocamento
vertical livre.
A análise não-linear com esta consideração não foi satisfatória, visto
que a mesma foi influenciada pela deformação da viga e o mais importante,
que é a simplificação adotada para a determinação do estádio de
comportamento à torção dos elementos.
Devido a isto, a anállise de grelhas com vigas de extremidade foi
realizada considerando a rigidez destas vigas constantes, sendo obtidas
duas curvas, uma para a rigidez das vigas de extremidade para o estádio I e
CAPÍTULO 6 141

a outra para a rigidez no estádio II. Esta mesma consideração foi feita na
análise teórico-experimental da laje bidirecional do capítulo 5.
Através dos diagramas das figuras 6.32 a 6.35 vemos que com a
contribuição da rigidez à torção das vigas existe uma grande redução dos
deslocamentos. A redução dos deslocamentos é maior para a laje com altura
igual a 12 cm, pois como é de se esperar, a influência será maior, quanto
maior for a relação entre a rigidez à torção das vigas de extremidade com a
das nervuras da laje.
Nesta análise obtêm-se duas curvas de deslocamento, sendo estas
curvas de referência limitantes, ou seja, espera-se que o deslocamento real
da estrutura esteja compreendido entre estas curvas.

A análise da continuidade através do modelo de grelha, do mesmo


modo que para o modelo de viga nos mostram que:

a) A principal vantagem da consideração da continuidade é a


expressiva redução dos deslocamentos se comparados com os valores
obtidos em modelos isolados. Nesta análise obtém-se redução de
deslocantos da ordem de 50 e 70 % para as lajes com altura igual a 12 e 20
cm, respectivamente;

b) Com imposições de valores de momento fletor negativo menor do


que os obtidos segundo a análise linear, nota-se na análise não-linear que
não ocorre esta redução, ou seja, há pouca redistribuição de esforços;

c) Neste arranjo foi possível avaliar a influência da deformabilidade da


viga, sendo maior na laje com altura igual a 20 cm. Ou seja, há uma redução
de 10 a 14 % do momento fletor negativo comparado com o modelo de viga
indeslocável;

d) A influência da deformabilidade da viga, nos valores de máximo


deslocamento da laje pode ser vista na laje com altura igual a 20 cm (figura
CAPÍTULO 6 142

6.43). Esta influi no início de fissuração dos elementos submetidos ao


momento fletor negativo, entretanto, a diferença é pequena e ocorre apenas
em um trecho da curva;

e) Em casos onde não se tem a continuidade entre as nervuras, ou


seja, quando estas são dispostas em direções opostas, nota-se que ocorre a
interação da nervura com a capa de concreto, surgindo momento fletor
negativo. Nota-se nos diagramas das figuras 6.45 e 6.46 que quanto menor
a diferença de rigidez entre a nervura e a capa de concreto, maior será o
valor de momento negativo devido à continuidade entre os elementos;
Neste caso, tem-se que para a altura de laje igual a 12 cm, o valor do
momento fletor negativo é da ordem de 50% do momento fletor positivo, e
para a laje com altura igual a 20 cm, o momento fletor negativo representa
20 % do valor do momento fletor positivo.
CAPÍTULO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
E CONCLUSÕES 7
Neste trabalho procurou-se fazer uma avaliação do comportamento
estrutural geral das lajes nervuradas treliçadas. Esta avaliação mostrou
particularidades e parâmetros que definem ou influem no comportamento
estrutural destas lajes.

O modelo teórico adotado para as análises foi avaliado através de


comparações entre valores experimentais, sendo que nestas obteve-se as
principais conclusões:

a) A adoção da relação momento x curvatura do CEB-90, para a


análise não-linear em modelos de vigas bi-apoiadas, resultou em uma boa
aproximação com os valores experimentais. A formulação de BRANSON
para estes modelos também foi satisfatória, sendo este um bom modelo para
avaliar as flechas em serviço. Este modelo não expressa o aumento do
deslocamento devido ao escoamento.

b) Na análise teórica-experimental dos painéis de laje com telas


soldadas através de modelos de vigas contínuas têm-se que para as lajes
com baixa taxa de armadura ocorre discrepância entre os valores de
deslocamento teóricos com experimentais. Admite-se que isto ocorra devido
CAPÍTULO 7 144

à estimativa da resistência média à tração por flexão do concreto, que influi


no valor de início de fissuração. Para taxas de armadura maiores há uma
melhor aproximação dos valores. Segundo a análise não-linear, mediante o
carregamento incremental, é observado que a variação do momento fletor é
praticamente linear, ou seja, não há redistribuição de esforços, pois do
mesmo modo que ocorre a diminuição da rigidez em elementos submetidos
ao momento fletor negativo, ocorre o mesmo para os elementos submetidos
ao momento fletor positivo.

c) No estudo das lajes pré-moldada, visto segundo a análise teórica-


experimental através de um ensaio de laje pré-moldada e modelo de grelha,
têm-se boas aproximações entre os valores de deslocamentos. Nesta
análise podemos notar a influência da rigidez à torção das nervuras. Sendo
um parâmetro determinante para se estimar o deslocamento. Neste modelo,
com a consideração da rigidez à torção constante do estádio II a diferença
entre os valores de deslocamento teórico e experimental é de 170%,
confirmando a grande influência deste parâmetro. Embora se trate de
apenas um modelo de laje e também somente um tipo (laje bidirecional)
pode-se concluir que em termos de cálculo de deslocamentos, o modelo
alcança valores satisfatórios.

Com base nas simulações numéricas, procurou-se considerar


diferentes tipos e dimensões da laje pré-moldada, segundo os modelos de
viga e de grelha. Nesta análise teórica, as principais conclusões são:

a) Segundo os modelos de grelha, conclui-se que para a


determinação dos esforços solicitantes e reação de apoio é conveniente que
se utilizem programas de análise estrutural para considerar a interação entre
os elementos. Para lajes unidirecionais, há uma grande aproximação dos
esforços calculados com modelo de grelha e vigas bi-apoiadas, podendo-se
considerar este método mais simplificado de determinação de esforços. Mas
para as lajes bidirecionais, a consideração de tabelas (como por exemplo,
CAPÍTULO 7 145

BARES) para a determinação dos esforços só poderá ser feita se as


nervuras longitudinais e transversais tiverem as dimensões ou rigidezes
iguais ou próximas. Lembrando que ao utilizar as tabelas de BARES é feita
uma analogia da laje nervurada com a laje maciça.

b) Os valores de deslocamentos obtidos nas lajes unidirecionais são


muito próximos dos valores obtidos nas vigas bi-apoiadas, prevalecendo o
comportamento unidirecional. A adoção de nevuras transversais influi muito
pouco na distribuição dos esforços e nos valores de deslocamentos, sendo,
portanto, considerados apenas como disposições construtivas. Lembrando
que estas nervuras desempenham um importante papel, que é o de reduzir
os deslocamentos relativos entre as nervuras vizinhas com carregamentos
diferentes, como por exemplo, paredes apoiadas sobre as nervuras.

c) Para as lajes bidirecionais, ocorre, como esperado, redução dos


deslocamentos. Mas nota-se uma expressiva redução somente para a laje
com a altura igual a 20 cm (redução de 40 %, comparada com a laje
unidirecional). Conclui-se que a eficiência das lajes bidirecionais será função
da maior diferença entre a altura total da laje com a altura da capa de
concreto.

d) O formato em planta da laje influi no comportamento estrutural,


sendo mais expressivo nas lajes bidirecionais, ou seja, para a relação de
lados próxima a 2, os valores máximos de momento fletor nas nervuras com
menor vão são cerca de 50% maiores do que os valores obtidos com a laje
com dimensões em planta iguais. Os deslocamentos são também maiores, à
medida que aumenta a relação entre os lados da laje.

e) Como conclusão da consideração das vigas de extremidade tem-se


que estas influem na distribuição dos valores de momento fletor na nervura e
nos deslocamentos. Sendo esta influência função da rigidez à torção da
CAPÍTULO 7 146

viga, da altura da laje e da existência de armadura (dimensionada para o


momento fletor negativo) posicionada na capa de concreto, sob a nervura.
Na análise teórica nota-se que para a laje com altura igual a 12 cm há
uma maior influência da viga de extremidade, isto ocorre pelo fato de que a
relação entre a rigidez da nervura com a rigidez da viga é menor do que para
a nervura com altura igual a 20 cm.

g) Na análise da continuidade, através do modelo de viga e grelha


contínua, obtém-se pouca redistribuição de esforços. Ou seja, os valores de
momento fletor obtidos pela análise não-linear são próximos dos obtidos
pela análise não-linear. Segundo esta análise, conclui-se que os valores de
momento fletor a serem considerados devem ser iguais aos obtidos através
da análise linear, pois do mesmo modo que ocorre a diminuição da rigidez
em elementos submetidos ao momento fletor negativo, ocorre o mesmo para
os elementos submetidos ao momento fletor positivo.
Devido à reduzida seção de concreto na seção submetida ao
momento fletor negativo, o seu dimensionamento pode resultar em armadura
dupla. A armadura de compressão poderá ser disposta sobre a base de
concreto da vigota treliçada. A consideração da armadura da vigota como
armadura de compressão, só poderá ser feita se for possível estabelecer a
continuidade entre a armadura das vigotas adjacentes.
Para vigotas contínuas sob apoio intermediário deformável, obtém-se
a redução do momento fletor negativo, sendo este valor, função das
dimensões da viga de apoio da laje, que a caracteriza como uma viga pouco
ou muito deformável. Esta redução, a princípio, pode ser desconsiderada.

h) Até mesmo em casos onde a continuidade ocorre entre uma


nervura e a capa de concreto obtém-se valores expressivos de momento
fletor negativo através da análise linear. Nesta análise o efeito da
continuidade é maior para a laje com altura igual a 12 cm. Os resultados
indicam que quanto menor a diferença entre a altura da laje e a altura da
CAPÍTULO 7 147

capa de concreto, maior será o efeito da continuidade entre lajes com este
tipo de disposição das vigotas.
Verifica-se, portanto, a importância da adoção da armadura negativa
nas regiões próximas ao apoio até mesmo quando não há arranjos com
disposições paralelas ou contínuas das vigotas.

i) A reação de apoio da laje nervurada pré-moldada, como pode ser


visto na tabela 6.11 do capítulo 6, depende do arranjo estrutural adotado,
sendo, portanto, de fundamental importância a determinação através de
modelos que consideram a interação entre a rigidez dos diversos elementos
estruturais. Nesta análise teórica, a reação de apoio das nervuras
longitudinais, expressa por parcela do carregamento distribuído foi de 83 a
91 % para a laje unidirecional; 73 a 82 % para a laje unidirecional com
“nervuras de travamento” e de 55 a 74 % para a laje bidirecional.

A análise segundo a analogia de grelha para as lajes nervurada é,


sem dúvida, um bom modelo, pois representa muito bem a interação dos
elementos e o mais importante que é a facilidade de analisar os esforços e
deslocamentos. Recomenda-se o uso deste modelo em análises de lajes
nervuradas.

Como complementação ou modificação do modelo teórico para


futuros trabalhos, está no modo de considerar a variação da rigidez à
torção. Ou seja, considerá-la variável em função do momento de torção
presente na nervura.
Sugere-se também a implementação de modelos não-lineares mais
complexos, substituindo-se o modelo de carregamento incremental por
modelos de análise não-linear incremental-iterativa.
Sugere-se a avaliação da capacidade de rotação plástica das seções
submetidas, principalmente ao momento fletor negativo. Deste modo, além
da verificação do estado limite último em função das hipóteses de cálculo na
CAPÍTULO 7 148

ruína do concreto armado (domínios de deformação), verifica-se o valor da


rotação última da seção.

Em termos de análises experimentais, sugerem-se ensaios de modo a


verificar a variação da rigidez à torção dos elementos constituintes da laje e
das vigas de extremidade. Nestes pode-se avaliar o grau de influência da
rigidez à torção nos esforços e deslocamentos.
Sugerem-se ensaios em painéis pré-moldados unidirecionais com
apoios na extremidade e um apoio central (estudo da continuidade). Nesta
analise pode se avaliar o grau de redistribuição de esforços devido ao
comportamento não-linear, e também de verificar a capacidade resistente da
nervura submetida ao momento fletor negativo (colaboração do concreto
comprimido da vigota pré-moldada e a solidarização do concreto moldado no
local com a vigota).

Para finalizar ressalta-se a importância de uma adequada análise


estrutural nas lajes, principalmente no que diz respeito às deformações, que
em muitos casos é o fator limitante. Esta análise torna-se fundamental em
arranjos com grandes vãos e/ou com carregamentos de alvenaria sob a laje.
ANEXO A
DETERMINAÇÃO DOS MOMENTOS E CURVATURAS DE
ESCOAMENTO DO AÇO OU PLASTIFICAÇÃO DO CONCRETO E DO
ESTADO LIMITE ÚLTIMO

A.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A determinação dos momentos e curvaturas em uma dada seção


transversal de concreto armado, permite o uso do modelo do CEB-90
(1991), apresentadas no capítulo 2. Para facilitar a determinação destes
valores, desenvolve-se uma rotina de cálculo em FORTRAN (chamada de
RIGIDEZ), de acordo com as equações a seguir.
Por se tratar do estudo do comportamento do elemento, os valores de
resistência considerado nos diagramas tensão-deformação do concreto e do
aço são valores médios indicados por fcm (resistência média à compressão
do concreto) e fym (resistência média à tração do aço).
O diagrama do concreto, relativo à compressão, é admitido de acordo
com a NBR-6118 (1982), figura A.1.
ANEXO A 150

Fig. A.1 Diagrama tensão-deformação do concreto

O valor da tensão no concreto (σc) para valores menores que a

deformação (εc) igual a 2%o pode ser obtido mediante a equação vista em
SANTOS (1983):
 ε c2 
σ c = f cm  ε c − 
 4

Para o aço tem-se a distinção entre aço classe A e classe B. A


NBR-6118 permite simplificar o diagrama, adotando o diagrama da figura
A.2, típico de material elasto-plástico perfeito, referente ao aço classe A.
Seja εsy a deformação específica ou convencional correspondente ao

início do escoamento, a tensão no aço (σs) para deformação menor do que

εsy é calculada:

σ s = Esε s (01)

f ym
Aço classe A: ε sy = sendo,
Es

Es - Módulo de elasticidade do aço = 210 GPa


ANEXO A 151

Fig. A.2 Diagrama tensão-deformação do aço classe A

Para o aço classe B (figura A.3) permite-se um diagrama simplificado


composto de três trechos; um trecho linear, um trecho curvo entre 0,7 fym e o
ponto correspondente à resistência de escoamento convencional fym e um
patamar deste ponto em diante.

Fig. A.3 Diagrama tensão-deformação do aço classe B

O valor da tensão no aço (σs) menor que 0,7 fym é calculado mediante
a equação (01), para a tensão compreendida entre 0,7 fym e fym esta pode
ser obtida pela equação:
ANEXO A 152

f ym  
2
 45 f ym 
( )
45 f ym
σs = 1,4 − +  − 1,4 − 4 0,49 − 45ε sy 
2  Es  Es  
 

Agora, para o cálculo da deformação em função da tensão tem-se:

2
σ 1 σ 
ε s = s +  s − 0,7
E s 45  f ym 

f ym
Aço classe B: ε sy = + 2 0 00
Es

A.2 - MOMENTO DE ESCOAMENTO OU PLASTIFICAÇÃO E


CURVATURAS

A princípio, em função da seção transversal, da resistência dos


materiais constituintes e da taxa ou localização da armadura, não se sabe
se ocorre o escoamento da armadura ou a plastificação do concreto. Para
este estudo tem-se dois tipos de seção transversal, a retangular e a com
seção “T”. A seguir apresenta-se as equações de equilíbrio utilizadas na
determinação do momento e também da curvatura.

a) Seção Retangular

Fig. A.4 Escoamento ou plastificação - seção retangular


ANEXO A 153

Fig. A.5 Localização da posição de Rcc

O momento de escoamento ou plastificação (My) é calculado


fazendo-se a equação de equilíbrio:

Rcc + Rsc − Rst = 0

M y = Rcc (d − z G ) + Rsc (d − d ′)

sendo, Rst = Asσ s ; Rsc = As′σ sc

Rcc - Resultante do concreto comprimido


Rsc - Resultante da armadura comprimida
Rst - Resultante da armadura tracionada
zG - Localização do centro de gravidade do concreto comprimido
As - Área de aço tracionada
As’ - Área de aço comprimida
σsc - Tensão na armadura comprimida

b) Seção “T”

Para o cálculo da seção “T”, de acordo com a figura A.7 calcula-se


como uma seção retangular de largura b descontando as áreas sem
concreto.
ANEXO A 154

Denomina-se Rccf a resultante que será descontada e zGf a posição


do centro de gravidade da atuação de Rccf.

Fig. A.6 Escoamento ou plastificação - seção “T”

Fig.A.7 Determinação da resultante do concreto para seção “T”

Fazendo-se a equação de equilíbrio:

Rcc + Rsc − Rccf − Rst = 0

M y = Rcc (d − z G ) + Rsc (d − d ′) − Rccf (d − z Gf )

A.2.1 - ESCOAMENTO DO AÇO

a) Seção retangular
ANEXO A 155

Como tem-se o escoamento do aço, a tensão no aço tracionado σsy

correspondente a deformação específica ou convencional εsy é igual a fym.


A critério do usuário, pode-se definir a tensão de início de
escoamento do aço entre 0,7 fym e 1,0 fym para o aço classe B.
A deformação do concreto (εc) e do aço comprimido (εsc) pode ser
obtida de acordo com a compatibilidade de deformações:

εc ε sy ε sc
= =
x d − x x −d′

De acordo com a figura A.5:


x
v
ε c′ = ε c ; Rcc = b ∫ σ c′dv
x 0

 ε c′ 2   v ε c2 v 2 
σ c′ = f cm  ε c′ −  = f cm  ε c − 
 4   x 4x 2 

 ε x ε 2 x
obtendo, Rcc = b. f cm  c − c  (02)
 2 12 

Procuremos o centro de gravidade da área vista na figura A.5, de


modo a localizar a posição de Rcc.

x
 ε x ε 2 x
area. z G′ = ∫ σ c′vdv ; area = f cm  c − c  ; z G = x − z G′
0
 2 12 

x(16 − 3ε c )
resultando, zG = x − (03)
24 − 4ε c
ANEXO A 156

b) Seção “T”

Analogamente à seção retangular temos para o Rcc e zG as


equações 02 e 03 respectivamente. Para o Rccf e zGf:

x −hf
 v ε c2 v 2 
Rccf = (b − bw ) ∫ f cm  ε c −
 x 4x2 
 dv resultando,
0

ε x −h
( ) ( ) 
2 3

 c f ε c2 x − h f
Rccf = (b − bw ) f cm  − 
2x 12 x 2
 

ε x−h
( ) ( ) 
2 3
x −h f
 c ε c2 x − h f
∫ σ ′vdv ;
f
′ =
area f . z Gf area f = f cm  − 
 12 x 2
c
2x
0
 

sendo zGf = x − zGf


′ ,

( ) ( )
3 4
εc x − hf ε c2 x − h f

zGf = x − 3x 16 x 2
( ) ( )
2 3
εc x − hf ε c2 x − h f

2x 12 x 2

Em função do valor da posição da linha neutra x, a curvatura (1/ry)


devida a atuação do momento que causa o escoamento da armadura é:

1 ε sy
=
ry d − x
ANEXO A 157

A.2.2 - PLASTIFICAÇÃO DO CONCRETO

A determinação do momento de plastificação do concreto pode ser


feita aqui, em função da deformação do mesmo. De acordo com o gráfico da
figura A.1 observa-se que para valores acima de 2%o o concreto já se
encontra no patamar de plastificação, ao adotar este valor como referente
ao início do escoamento estar-se-à desconsiderando a perda de rigidez que
ocorre para valores de tensão a partir de 0,5 fcm. Devido a isto, a
deformação que causa o início de plastificação do concreto será variável de
acordo com a escolha pessoal, sendo que com isto pode-se analisar os
resultados com a consideração de deformações diferentes. Portanto, a
tensão no concreto σc é correspondente a deformação escolhida para a

plastificação εcp. A deformação no aço tracionado e comprimido é obtida de


acordo com a compatibilidade de deformações:

ε cp εs ε sc
= =
x d − x x −d′

a) Seção Retangular

Analogamente ao escoamento do aço obtemos as equações:

 ε cp x ε cp2 x 
Rcc = b. f cm  − 
12 
(04)
 2

zG = x −
(
x 16 − 3ε cp ) (05)
24 − 4ε cp
ANEXO A 158

b) Seção “T”

Do mesmo modo que a seção retangular tem-se para o Rcc e zG as


equações 04 e 05 respectivamente. Analogamente, para Rccf e zGf :

(
ε x−h
) ( ) 
2 3

 cp f ε cp2 x − h f
Rccf = (b − bw ) f cm  − 
2x 12 x 2
 

( ) ( )
3 4
ε cp x − h f ε cp2 x − h f

zGf = x − 3x 16 x 2
( ) ( )
2 3
ε cp x − h f ε cp2 x − h f

2x 12 x 2

Em função do valor da posição da linha neutra x, a curvatura (1/ry)


devida a atuação do momento que causa a plastificação do concreto é:

1 ε cp
=
ry x

A.3 - MOMENTO E CURVATURA PARA O ESTADO LIMITE ÚLTIMO

A princípio não sabe-se em que domínio encontra-se um certo


elemento estrutural que terá seu comportamento analisado. Neste mesmo
programa, em função das resistências do aço e do concreto, das
características geométricas da seção transversal e da área de aço, calcula-
se o domínio que satisfaz as equações de equilíbrio. Calcula-se com isso o
momento último da seção e a curvatura.
Os limites da posição da Linha Neutra xlim para cada domínio são
função da altura útil (d) e para o limite do domínio 3 é função também da
deformação específica ou convencional correspondente ao escoamento do
aço εsy. Os limites são:
ANEXO A 159

x 2a ,lim = 0,1667. d - limite entre o domínio 2a e 2b

x 2b,lim = 0,259. d - limite entre o domínio 2b e 3

(
x 3,lim = 3,5d / 3,5 + εsy ) - limite entre o domínio 3 e 4

De modo análogo ao visto no momento de escoamento e


plastificação, tem-se duas seções transversais, a seção retangular e seção
“T”. As equações de equilíbrio e de determinação dos momentos é também
semelhantes. Serão indicadas para cada domínio as resultantes, o momento
e curvatura último.
O momento último para a seção retangular e para a seção “T” é
calculado de acordo com as equações a seguir:

seção retangular - M u = Rcc (d − z G ) + Rsc ( d − d ′ )

seção “T” - M u = Rcc (d − z G ) + Rsc (d − d ′) − Rccf (d − z Gf )

A.3.1 - SUB-DOMÍNIO 2a ( εc ≤ 2%o ; εs = 10%o)

Fig.A.8 Sub-domínio 2a
ANEXO A 160

x.10 0 00
deformações: ε s = 10 0
εc =
d−x
00

( x − d ′).10 0 00 ( x − hf ).10 0
00
ε sc = ε cf =
d−x d−x

a) Seção retangular

 ε x ε 2 x
Rcc = b. f cm  c − c  (06)
 2 12 

x(16 − 3ε c )
zG = x − (07)
24 − 4ε c

b) Seção “T”

Equações (06) e (07) para Rcc e zG.

ε x −h
( ) ( ) 
2 3

 c f ε c2 x − h f
Rccf = (b − bw ) f cm  −  (08)
2x 12 x 2
 

( ) ( )
3 4
εc x − h f ε c2 x − h f

zGf = x − 3x 16 x 2 (09)
( ) ( )
2 3
εc x − h f ε x − hf
2
c
− 2
2x 12 x

Em função do valor da posição da linha neutra x, a curvatura (1/ru) no


sub-domínio 2a é:
1 10 0 00
=
ru d − x
ANEXO A 161

A.3.2 - SUB-DOMÍNIO 2b (2%o < εc < 3,5%o ; εs = 10%o)

x.10 0 00
deformações: ε s = 10 O OO εc =
d−x

( x − d ′).10 0 00 ( x − hf ).10 0
00
ε sc = ε cf =
d−x d−x

Fig.A.9 Sub-domínio 2b

a) Seção retangular

Fig.A.10 Localização da posição de Rcc


ANEXO A 162

x ′ = (6x − d ) 5 ; a = ( d − x) 5

2
Rcc = b. f cm x ′ + b f .a (10)
3 cm

 b. x ′ 2 2 3 
zG =  f cm + b. f cm a  a + x ′  Rcc (11)
 2 3 8 

b) Seção “T”

Rcc e zG , equações (10) e (11)


Para a seção “T” duas situações podem ocorrer:

a) εcf ≤ 2%o
Rccf e zGf , equações (08) e (09)

b) εcf > 2%o

Fig.A.11 Localização da posição de Rccf

Rccf e zGf , equações:

(
x ′ = 6 x − d − 5h f )5 ; a = ( d − x) 5
ANEXO A 163

Rccf = (b − bw ) f cm x ′ + (b − bw )
2
f .a (12)
3 cm

zGf

=  f cm
(b − bw ) x ′ 2 2 3 
+ (b − bw ) f cm a  a + x ′ + h f   Rccf (13)
 2 3 8 

A curvatura (1/ru) no sub-domínio 2b é:

1 10 0 00
=
ru d − x

A.3.3 - DOMÍNIO 3 (εc = 3,5%o ; εsy ≤ εs ≤ 10%o)

Fig.A.12 Domínio 3

3,5 0 00 ( d − x )
deformações: ε c = 3,5 O OO εs =
x

ε sc =
3,5 0 00 ( x − d ′)
ε cf =
(
3,5 0 00 x − h f )
x x
ANEXO A 164

a) Seção retangular

Fig.A.13 Localização da posição de Rcc

4 3
a= x ; x′ = x
7 7
2
Rcc = b. f cm x ′ + b f a (14)
3 cm

 x′2 2  3 
zG = b. f cm + b. fcm a  x ′ + a   Rcc (15)
 2 3  8 

b) Seção “T”

Rcc e zG , equações (14) e (15)

b.1) εcf ≤ 2%o


Rccf e zGf , equações (08) e (09)

b.2) εcf > 2%o


ANEXO A 165

Fig.A.14 Localização da posição de Rccf

4 3
a= x ; x′ = x − hf
7 7

Rccf e zGf , equações (12) e (13)

A curvatura (1/ru) no domínio 3 é:

1 3,5 0 00
=
ru x

A.3.4 - DOMÍNIO 4 (εc = 3,5%o ; εs < εsy)

Fig.A.15 Domínio 4
ANEXO A 166

3,5 0 00 ( d − x )
deformações: ε c = 3,5 O
OO εs =
x

ε sc =
3,5 0 00 ( x − d ′)
ε cf =
(
3,5 0 00 x − h f )
x x

a) Seção Retangular
Rcc e zG , equações (14) e (15)

b) Seção “T”
Rcc e zG , equações (14) e (15)

b.1) εcf ≤ 2%o


Rccf e zGf , equações (08) e (09)

b.2) εcf > 2%o

4 3
a= x ; x′ = x − hf
7 7

Rccf e zGf , equações (12) e (13)

Em função do valor da posição da linha neutra x, a curvatura (1/ru) no


domínio 4 é:

1 3,5 0 00
=
ru x
ANEXO B
DETERMINAÇÃO DA RIGIDEZ À FLEXÃO DO
ESTÁDIO ΙΙ,
ΙΙ MEDIANTE A HOMOGENEIZAÇÃO DA
SEÇÃO E DA RELAÇÃO MOMENTO-CURVATURA

Neste exemplo numérico deseja-se comparar os valores de rigidez à


flexão para o estádio II, de acordo com a homogeneização da seção e em
função da relação momento curvatura obtida através das equações de
equilíbrio.
Apresenta-se a seguir na figura B.1 a seção transversal de uma viga
retangular e de uma nervura formada pela vigota pré-moldada e concreto de
capeamento.

As características gerais destes elementos são:

fcm = 20 MPa; fctm = 2,2 MPa (CEB-90)


Ec = 27088 MPa e Ecs = 23025 MPa (CEB-90)
α = 210000 MPa /27088 MPa = 7,8

fym = 500 MPa (CA-50 A) - viga


fym = 600 MPa (CA-60 B) - nervura
ANEXO B 168

Fig.B.1 Seção transversal da viga e da nervura

a) Viga:
Adotam-se dois valores de deformação para considerar o início de
plastificação do concreto (εcp).

εcp = 1,5%o e 2%o

b) Nervura:
Considera-se o início de plastificação do concreto com a deformação
igual a 1,5%o, sendo o início de escoamento do aço os valores de tensão
(σsy) igual a:

σsy = 0,7 fym , 0,85 fym e 1,0 fym.

Fig.B.2 Diagrama tensão x deformação do concreto e do aço


ANEXO B 169

Utilizando-se o programa RIGIDEZ, desenvolvido em linguagem


FORTRAN, montam-se as tabelas B.1 e B.2, referentes à hipótese a) e b)
respectivamente, onde se pode analisar a influência da variação da área de
aço (taxa de armadura) e do valor do início de plastificação do concreto ou
escoamento do aço. Compara-se a rigidez obtida pela homogeneização da
seção e pela curvatura, sendo:
My
RIGIDEZ (1) = E cs Ι ΙΙ ; RIGIDEZ (2) =
1
ry

De acordo com a figura B.3, observa-se que a diferença entre os


métodos utilizados, para este caso, é maior para altas taxas de armadura da
viga. Com a consideração do início de plastificação do concreto igual a 1,5
%o, tem-se uma melhor aproximação com a rigidez calculada pela
homogeneização da seção.
Para a nervura, aço classe B, figura B.4, tem-se uma melhor
aproximação com a rigidez calculada pela homogeneização da seção a
tensão de escoamento compreendida entre a 0,7 e 0,85 fym.
Define-se que o aço entra em escoamento ou o concreto entra em
plastificação a partir do estádio ΙΙ puro, por isso, de acordo com a definição,
o valor da linha neutra calculada para o estádio ΙΙ deve ser o mesmo para o
calculado pelo My. Com o cálculo da rigidez em função das curvaturas esta
igualdade ocorre.
Para as análises a seguir, tem-se, portanto dois caminhos. Com isso,
para cada modelo teórico mostra-se os dois processos e analisa-se a
compatibilidade esperada entre ambos.
Para a entrada da rigidez no estádio ΙΙ, nos “macros” do ANSYS,
para a análise não-linear de uma estrutura necessita-se dos valores de Ecs e
ΙΙΙ. Para o processo da homogeneização isto é direto, para o segundo,
divide-se a RIGIDEZ(2) por Ecs e tem-se um ΙΙΙ equivalente:
ANEXO B 170

My RIGIDEZ (2)
I ΙΙ (equivalente) = =
1 E cs
E cs
ry

2,5

homogeneização da seção
momento x curvatura - plastif. concreto def. = 0,15%
2,0 momento x curvatura - plastif. concreto def. = 0,20%
taxa de armadura (%)

1,5

1,0

0,5

0,0
0,00E+000 5,00E+008 1,00E+009 1,50E+009 2,00E+009 2,50E+009 3,00E+009
2
rigidez à flexão - estádio II (kN.cm )

Fig. B.3 Taxa de armadura x rigidez à flexão


viga com aço CA-50

homogeneização da seção
2,0
momento x curvatura - escoam. do aço - σ=0,7.fy
momento x curvatura - escoam. do aço - σ=0,85.fy
momento x curvatura - escoam. do aço - σ=1,0.fy
taxa de armadura (%)

1,5

1,0

0,5

0,0
0 1x10
6
2x10
6
3x10
6
4x10
6
5x10
6
6x10
6 6
7x10
2
rigidez à flexão - estádio II (kN.cm )

Fig.B.4 Taxa de armadura x rigidez à flexão


nervura com aço CA-60
Tabela B.1 Características geométricas e mecânicas da viga retangular

área de aço 0,50 1,90 3,30 4,70 6,10 7,50 8,90 10,30 11,70 13,10 14,50 15,90
taxa de armadura (%) 0,07 0,25 0,44 0,63 0,81 1,00 1,19 1,37 1,56 1,75 1,93 2,12
XI 25,10 25,37 25,64 25,90 26,15 26,40 26,64 26,88 27,11 27,34 27,56 27,77
II 157888 162397 166795 171086 175274 179362 183355 187254 191064 194787 198427 201987
XII 4,69 8,70 11,10 12,91 14,38 15,64 16,74 17,71 18,59 19,39 20,13 20,81
III 7497 25032 40012 53362 65496 76660 87021 96697 105781 114344 122443 130127
Mr 2092,4 2176,1 2259,5 2342,6 2425,5 2508,1 2590,5 2672,6 2754,5 2836,2 2917,6 2998,7
RIGIDEZ (1) estádio II 1,7E+08 5,8E+08 9,2E+08 1,2E+09 1,5E+09 1,8E+09 2,0E+09 2,2E+09 2,4E+09 2,6E+09 2,8E+09 3,0E+09

Início de plastificação do concreto - deformação = 1,5 / 1000


ESCOAM. OU PLASTIF. ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD CONCR CONCR CONCR CONCR CONCR CONCR CONCR
My 1128,17 4122,91 6973,42 9709,27 12340,27 13197,62 13884,33 14471,01 14980,81 15430,16 15829,59 16188,77
1/ry 0,00006 0,00007 0,00007 0,00008 0,00008 0,00008 0,00007 0,00007 0,00007 0,00006 0,00006 0,00006
Xy 5,54 10,47 13,57 16,02 18,12 19,59 20,84 21,95 22,93 23,81 24,61 25,35
TENSAO CONCR. 0,59 1,13 1,47 1,70 1,87 1,88 1,88 1,88 1,88 1,88 1,88 1,88
DEF. CONCR. 0,32 0,68 0,97 1,23 1,49 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50
TENSAO As 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00 44,08 39,53 35,96 33,07 30,68 28,65 26,91
DEF. As 2,38 2,38 2,38 2,38 2,38 2,10 1,88 1,71 1,57 1,46 1,36 1,28
RIGIDEZ (2) estádio II 2,0E+08 6,3E+08 9,8E+08 1,3E+09 1,5E+09 1,7E+09 1,9E+09 2,1E+09 2,3E+09 2,4E+09 2,6E+09 2,7E+09

Início de plastificação do concreto - deformação = 2,0 / 1000


ESCOAM. OU PLASTIF. ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD CONCR CONCR CONCR CONCR CONCR CONCR
My 1128,17 4122,91 6973,42 9709,27 12340,27 14858,56 16884,75 17564,28 18151,67 18666,80 19122,65 19530,51
1/ry 0,00006 0,00007 0,00007 0,00008 0,00008 0,00009 0,00009 0,00009 0,00008 0,00008 0,00008 0,00008
Xy 5,54 10,47 13,57 16,02 18,12 20,04 21,73 22,85 23,85 24,74 25,55 26,29
TENSAO CONCR. 0,59 1,13 1,47 1,70 1,87 1,97 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00
DEF. CONCR. 0,32 0,68 0,97 1,23 1,49 1,77 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00
TENSAO As 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
DEF. As 2,38 2,38 2,38 2,38 2,38 2,38 2,33 2,11 1,94 1,80 1,68 1,58
RIGIDEZ (2) estádio II 2,0E+08 6,3E+08 9,8E+08 1,3E+09 1,5E+09 1,7E+09 1,8E+09 2,0E+09 2,2E+09 2,3E+09 2,4E+09 2,6E+09

MOM. ÚLTIMO DOM2A DOM2A DOM2B DOM2B DOM3 DOM3 DOM3 DOM3 DOM3 DOM3 DOM4 DOM4
Mu 1150,2 4265,0 7251,1 10079,3 12741,8 15216,2 17523,6 19662,3 21633,2 23436,9 24323,1 24736,7
1/ru 0,00023 0,00024 0,00026 0,00027 0,00028 0,00023 0,00019 0,00017 0,00015 0,00013 0,00012 0,00012
Xu 2,87 5,84 8,09 10,28 12,56 15,44 18,32 21,21 24,09 26,97 28,50 29,24
TENSAO CONCR. 1,09 1,83 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00
DEF. CONCR. 0,65 1,42 2,08 2,80 3,50 3,50 3,50 3,50 3,50 3,50 3,50 3,50
TENSAO As 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00 50,00 47,73 44,66
DEF. As 10,00 10,00 10,00 10,00 9,60 7,15 5,48 4,26 3,33 2,60 2,27 2,13
Tabela B.2 Características geométricas e mecânicas da nervura

área de aço 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00 5,50 6,00
taxa de armadura (%) 0,17 0,35 0,52 0,69 0,87 1,04 1,21 1,38 1,56 1,73 1,90 2,08
XI 3,98 4,05 4,12 4,20 4,27 4,34 4,40 4,47 4,53 4,59 4,66 4,72
II 3305 3448 3588 3725 3858 3989 4117 4242 4364 4484 4601 4716
XII 1,20 1,66 2,00 2,27 2,50 2,70 2,88 3,05 3,20 3,34 3,47 3,60
III 366 686 979 1252 1508 1752 1983 2205 2417 2620 2817 3006
Mr 108,8 114,5 120,3 126,0 131,7 137,4 143,0 148,7 154,3 159,9 165,4 171,0
RIGIDEZ (1) estádio II 8,4E+05 1,6E+06 2,3E+06 2,9E+06 3,5E+06 4,0E+06 4,6E+06 5,1E+06 5,6E+06 6,0E+06 6,5E+06 6,9E+06

Início de escoamento do aço - tensão = 0,7 fy


ESCOAM. OU PLASTIF. ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD CONCR
My 210,31 412,79 610,15 803,45 992,84 1179,53 1362,96 1542,91 1720,49 1896,41 2070,18 2230,93
1/ry 0,00022 0,00023 0,00025 0,00026 0,00027 0,00028 0,00029 0,00030 0,00030 0,00031 0,00032 0,00033
Xy 1,42 1,97 2,38 2,72 3,01 3,28 3,51 3,73 3,94 4,13 4,33 4,52
TENSAO CONCR. 0,58 0,82 1,00 1,15 1,29 1,40 1,51 1,60 1,68 1,75 1,82 1,88
DEF. CONCR. 0,31 0,46 0,59 0,70 0,80 0,91 1,01 1,10 1,20 1,30 1,40 1,50
TENSAO As 42,00 42,00 42,00 42,00 42,00 42,00 42,00 42,00 42,00 42,00 42,00 41,76
DEF. As 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 1,99
RIGIDEZ (2) estádio II 9,6E+05 1,8E+06 2,5E+06 3,1E+06 3,7E+06 4,3E+06 4,8E+06 5,2E+06 5,6E+06 6,0E+06 6,4E+06 6,7E+06

Início de escoamento do aço - tensão = 0,85 fy


ESCOAM. OU PLASTIF. ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD CONCR CONCR CONCR CONCR CONCR
My 256,21 503,61 744,52 979,88 1210,55 1437,08 1658,95 1863,44 1983,67 2088,04 2171,07 2230,93
1/ry 0,00032 0,00034 0,00035 0,00037 0,00038 0,00040 0,00041 0,00042 0,00039 0,00036 0,00035 0,00033
Xy 1,31 1,84 2,23 2,56 2,85 3,12 3,36 3,60 3,88 4,12 4,34 4,52
TENSAO CONCR. 0,75 1,05 1,27 1,44 1,59 1,71 1,81 1,88 1,88 1,88 1,88 1,88
DEF. CONCR. 0,42 0,62 0,79 0,95 1,09 1,24 1,38 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50
TENSAO As 51,00 51,00 51,00 51,00 51,00 51,00 51,00 50,65 48,45 46,32 44,11 41,76
DEF. As 2,93 2,93 2,93 2,93 2,93 2,93 2,93 2,87 2,56 2,32 2,13 1,99
RIGIDEZ (2) estádio II 8,0E+05 1,5E+06 2,1E+06 2,7E+06 3,2E+06 3,6E+06 4,0E+06 4,5E+06 5,1E+06 5,7E+06 6,3E+06 6,7E+06
Tabela B.2 Características geométricas e mecânicas da nervura (continuação)

Início de escoamento do aço - tensão = 0,1 fy


ESCOAM. OU PLASTIF. ARMAD ARMAD ARMAD ARMAD CONCR CONCR CONCR CONCR CONCR CONCR CONCR CONCR
My 303,60 596,40 882,56 1161,74 1403,65 1574,04 1726,95 1863,44 1983,67 2088,04 2171,07 2230,93
1/ry 0,00052 0,00055 0,00057 0,00059 0,00057 0,00051 0,00045 0,00042 0,00039 0,00036 0,00035 0,00033
Xy 1,13 1,60 1,97 2,29 2,61 2,97 3,30 3,60 3,88 4,12 4,34 4,52
TENSAO CONCR. 1,00 1,37 1,62 1,79 1,88 1,88 1,88 1,88 1,88 1,88 1,88 1,88
DEF. CONCR. 0,59 0,88 1,12 1,35 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50
TENSAO As 60,00 60,00 60,00 60,00 58,76 55,68 53,03 50,65 48,45 46,32 44,11 41,76
DEF. As 4,86 4,86 4,86 4,86 4,53 3,81 3,28 2,87 2,56 2,32 2,13 1,99
RIGIDEZ (2) estádio II 5,9E+05 1,1E+06 1,5E+06 2,0E+06 2,4E+06 3,1E+06 3,8E+06 4,5E+06 5,1E+06 5,7E+06 6,3E+06 6,7E+06

MOM. ÚLTIMO DOM2A DOM2A DOM2A DOM2B DOM2B DOM2B DOM2B DOM3 DOM3 DOM3 DOM3 DOM4
Mu 306,1 604,9 895,5 1179,3 1454,1 1720,8 1977,6 2224,2 2460,2 2687,6 2905,5 3091,7
1/ru 0,00103 0,00107 0,00111 0,00115 0,00119 0,00123 0,00127 0,00118 0,00105 0,00094 0,00086 0,00078
Xu 0,82 1,19 1,50 1,78 2,06 2,34 2,63 2,97 3,34 3,71 4,08 4,49
TENSAO CONCR. 1,34 1,74 1,94 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00
DEF. CONCR. 0,85 1,28 1,66 2,04 2,44 2,87 3,33 3,50 3,50 3,50 3,50 3,50
TENSAO As 60,00 60,00 60,00 60,00 60,00 60,00 60,00 60,00 60,00 60,00 60,00 59,38
DEF. As 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 8,89 7,52 6,42 5,51 4,69

AS - Área de aço (cm2)

XI , XII - posição da linha neutra para os estádios I e II (cm)

II , III - momento de inércia à flexão para os estádios I e II (cm4)

Mr ,My , Mu - momento de início de fissuração, de escoamento ou plastificação e último (kN.cm)

Rigidez à flexão estádio II (kN.cm2) ;

Tensão no concreto e na armadura (kN/m2) ; Deformação no concreto e na armadura (/1000)


BIBLIOGRAFIA

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