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ANÁLISE DA BARRA DESLIZANTE DE UM EQUIPAMENTO DE PILATES UTILIZANDO O

MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Marcelo Gustavo Coelho Resende(1) (marceloocr@yahoo.com.br), Tiago Alceu Coelho Resende(2)


(tiagoalceuc@yahoo.com.br), Bruno da Silva Procaci(2) (bprocasi@leopoldina.cefetmg.com), Edinaldo
Luciano da Silva(2) (edinaldo3339@yahoo.com), Cássio Pessoa Viana(1) (cassiobja@hotmail.com)

(1)
Universidade Federal de São João del-Rei(UFSJ) -DEMEC - Praça Frei Orlando, 170, Centro, São João del-Rei
(2)
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET) -DCM - Rua José Peres, 558 - Centro - Leopoldina

RESUMO: Os projetos de máquinas e equipamentos necessitam cada vez mais de serem desenvolvidos com
maior agilidade e sem perda da confiabilidade. O método dos elementos finitos tem atraído atenção nas
pesquisas por serem eficientes e tornarem um projeto mais barato por reduzirem os testes físicos dos
produtos, pois é possível, na fase virtual de desenvolvimento de produto, avaliar o desempenho de um
componente quanto ao nível de tensões a que estariam submetidos, bem como avaliar o deslocamento,
frequências naturais, rigidez e até a viabilidade de manufatura. A utilização do método de elementos
finitos no campo da fisioterapia é promissora para o desenvolvimento de equipamentos que possibilitam o
paciente efetuar os exercícios da maneira adequada e com segurança. Este trabalho consiste na utilização
desse método para os cálculos das tensões e deslocamentos de uma barra horizontal que está presente no
equipamento de pilates. Comparar as diferenças de resultados obtidos por elementos 1D ou 2D e a
diferença de utilizar elementos rígidos (rbe2) ou contato. Resultados demonstraram que para estruturas
que tenham tubos ou vigas é melhor utilizar elementos 1D e que nem sempre rbe2 é a melhor escolha.

PALAVRAS-CHAVE: Elementos finitos, Equipamento, Validação, Elementos 1D e 2D.

1. INTRODUÇÃO

Nos tempos modernos têm-se enfatizado a importância de exercícios físicos para a


elevação do bem-estar e da saúde. Segundo Rosa (2009), uma técnica utilizada é a pratica de
Pilates, a qual se deve apoiar a necessidade do embasamento científico aos profissionais que
atuam nessa área.
Segundo Gallagher e Kryzanowska (2000), pilates é um processo que envolve exercícios
físicos juntamente a alongamentos em que se utilizam apenas o peso do próprio corpo na sua
execução.
A técnica surgiu no final da primeira guerra quando J.H. Pilates aplicou seus conhecimentos
para ajudar na reabilitação das pessoas feridas em consequência da guerra. Pilates então
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experimentou exercícios com molas contidas nas próprias camas e verificou a eficácia nas
melhorias das pessoas que permaneciam muito tempo deitadas e sem se movimentar de acordo
com Latey (2001).
Depois de um tempo, o refinamento da técnica proporcionou a criação de equipamentos
específicos do método de pilates, como o Cadillac e o universal Reformer, que são utilizados até os
tempos de hoje nas academias de pilates (LATEY,2001).
De acordo com Panellie Marco (2016),os aparelhos do tipo Cadillac possuem duas barras
de ferro fixas à um colchão, duas barras móveis- uma vertical e outra horizontal, dois pares de
alças de tornozelo e coxa ajustáveis, e suas funções são para exercícios aéreos, de acordo com a
Figura1.

FIGURA 1. Representação de um equipamento de pilates do tipo Cadillac.


Fonte:(PANELLI e MARCO, 2016).

Mediante à crescente busca por melhorias nos produtos, várias formas de análises vêm
sendo implementadas de acordo com o avanço das tecnologias disponíveis no cenário global. Uma
das técnicas mais utilizadas para avaliação de um projeto atualmente é a do MEF (Método de
Elementos Finitos).
Historicamente o MEF surgiu em 1955 como evolução da análise matricial de modelos
reticulados, motivado pelo advento do computador e elaborado com o intuito de se projetar
estruturas de modelos contínuos. O MEF pode ser considerado como uma técnica de gerar
funções de aproximação, que podem ser utilizadas para interpolar deslocamentos, esforços,
tensões e deformações ao longo do domínio do elemento (CHRISTOFORO,2007).
O Método de Elementos Finitos funciona de modo que o projeto ou peça sofra uma
discretização, ou seja, criam-se nós na superfície do objeto de forma que, quando os pontos
nodais são conectados, formam-se triângulos ou retângulos diminutos denominadas malhas. Após
a discretização pela formação da malha é possível realizar os cálculos das tensões e deformações
atuantes na peça através da resolução de equações diferenciais por integração. (SOUZA, 2017).

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Segundo NX Nastran (2008), existem vários elementos que podem representar o sistema a
ser analisado no MEF. Um deles é o do tipo RBE 2, o qual fornece uma ferramenta muito
conveniente para conectar rigidamente os mesmos componentes de vários pontos de grade
juntos, sendo um elemento unidimensional que transfere deslocamento. Também temos o tipo de
elemento RBE 3, utilizado para distribuir as cargas e eficiente em massa em um elemento do
modelo finito. Ao contrário do RBE2, o elemento RBE3 não adiciona rigidez adicional à estrutura.
De acordo com Bog (2015) o fenômeno de contato mecânico na simulação geralmente
consistem em várias partes, e sua interação precisa ser representada corretamente. Se encontra
na literatura uma maior utilização com a versão clássica h do FEM, que usa funções anatômicas
lineares ou, ao máximo, quadráticas para a discretização espacial.
Para o trabalho proposto foram dimensionadas as barras superiores assim como os
suportes de fixação das molas ao equipamento. Com o auxílio de software hypermesh - optiStruct
foram feitas 6 simulações, duas com elementos 1D e 4 com elementos 2D, variando os tamanhos
dos elementos. Para elementos 2D, houveram dois casos, um utilizando elementos rbe2 para fixar
o tubo com a barra deslizante e no segundo caso utilizando recursos de contato. Por fim
verificaram-se com o cálculo analítico.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Para este trabalho, os estudos foram feitos na barra horizontal, barra deslizante e argola de
um equipamento de pilates, como mostra a Figura 2. Essa barra deslizante contém uma argola no
qual é preso molas para a execução dos exercícios de fisioterapia. No mercado são encontrados
equipamentos de pilates com até 140 Kg de carga máxima, sendo assim, utilizado esta carga para
fins de cálculo.

FIGURA 2. Geometria utilizada nas simulações.


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Foram realizados cálculos analíticos de um tubo simples e, para este caso, uma simulação
linear estática de uma barra nas mesmas condições, utilizando somente elementos 1D.
Para fim de comparação, foi realizado simulação com elementos 2D "casca" no tubo e
barra deslizante, variando os tamanhos de 5 mm, 3,5 mm e 2 mm, enquanto na argola e a solda
foram elementos 1D com tamanho de 2 mm. vide Figura 3.

Tubo horizontal

Barra deslizante

Argola

FIGURA 3.Elementos 2D e 1D utilizados.

O tubo horizontal tem diâmetro de Ø 1 1/2" SCH 10s parede de 2,77 mm, a barra
deslizante é um tubo de Ø 2" SCH 80s com parede de 5,54 mm. Enquanto a argola é uma barra
dobrada de 1/8" de diâmetro, (Figura 4). Ambos os materiais utilizados são de aço inox 304.

Ø 1 1/2" parede 2,77 mm

Ø 2" parede 5,54 mm

Ø 1/8"

FIGURA 4. Espessuras e diâmetros considerados.


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Para efeito de comparação foram feitas duas maneiras de fixação do tubo a barra
deslizante. Uma delas utilizou elementos rígidos rbe2, (Figura 5). Como este elemento é rígido,
somente foi restringido o movimento no grau de liberdade do sentido da força (sentido x) que está
sendo aplicado na argola. Somente na metade do tubo do lado oposto da força é que foram
utilizados os elementos rbe2.

rbe2

FIGURA 5.Elemento rígido utilizado no tubo

A outra maneira foi utilizar contato, pois os dois componentes não estão soldados e sim
apoiados. Desta maneira foi possível comparar os efeitos causados em cada caso.
Tanto quanto nas simulações como nos cálculos analíticos, os engastes de um lado do tubo
teve grau de liberdade 1,2,3 restringido (x,y,z) e no outro lado 1 e 3 (x e z). Utilizou-se elementos
rbe2 nas extremidades do tubo. O comprimento do tubo está no sentido y. A força aplicada na
argola de magnitude de 1372,9 N (140 Kgf) é demonstrada na Figura 6.

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FIGURA 6. A força aplicada de 1372,9 N

3. RESULTADOS

Primeiro foram realizados cálculos analíticos utilizando as equações, segundo Norton


(2013), para a deflexão e tensão máxima de uma barra de seção circular com a força vertical no
centro do tubo, conforme a Figura 7.

FIGURA 7. Considerações dos cálculos.

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Para o cálculo da deflexão utilizou-se a Equação 1 para o ponto médio, em que foi obtido
uma deflexão de 13,35 mm para x = L/2.

𝑃𝑏
𝛿= (−3𝐿2 + 4𝑏2 ) (1)
48𝐸𝐼

No cálculo da tensão máxima utilizando a Equação 2, para o ponto médio, foi encontrado o
valor de 169,22 MPa.

𝑀𝑐
𝜎𝑚á𝑥 = (2)
𝐼

Foram encontrados resultados idênticos nas simulações das tensões com elementos 1D,
somente a deflexão não coincidiu. Os resultados das tensões para elementos com tamanho de 2
mm e 50 mm respectivamente, são mostrados na Figura 8.

FIGURA 8. Resultados com Elementos 1D.

O resultado da simulação com elementos 2D apresentado na Figura 9, demonstra


concentração de tensão, quando utilizados elementos rbe2 como fixação do tubo à barra
deslizante. No entanto, utilizar o elemento rígido rbe2 para esta aplicação não é viável, pois
provoca falsos resultados devido a rigidez do elemento rbe2.

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Concentração de tensão

FIGURA 9.Concentração de tensão nos elementos 2D.

Utilizando contato entre os componentes, (Figura 10), obteve-se resultados sem


concentrações de tensões e mais próximos aos do analítico. Na Figura 10 mostra-se 3 casos, com
refinamento de malha e elementos 2D com 5 mm, 3,5 mm e 2 mm. Observa-se que a diferença
dos resultados é praticamente nula, podendo assim concluir que o tamanho do elemento utilizado
é o suficiente.

FIGURA 10. Comparação das simulações com refinamento de malha.


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Na argola da barra deslizante, onde foi aplicada a força de 1372,9 N, foram utilizados
elementos 1D por causa de sua geometria. Após o devido refinamento, o tamanho do elemento
de 2 mm não apresentou grandes mudanças nos resultados, conforme Figura 11 e a tensão
encontrada foi de 86,46 MPa.

FIGURA 11.Tensão no elemento 1D da argola

Na Tabela 1 compara-se os resultados informando os valores da deflexão, tensão, número


de elementos e o tempo de processamento de cada simulação. Devido à simulação com contato
ser não linear, o tempo de processamento é maior.

TABELA 1. Comparação resultados obtidos simulação e analítico.

Número de Tempo
Deflexão [mm] Tensão [MPa]
elementos [minutos]
Analítico 13,35 169,22 - *
1D (Elem. 50 mm) 12,35 169,18 32 0:01
1D (Elem. 2 mm) 12,31 169,22 1050 0:01
2D (Elem. 5 mm) c/
11,49 191 12023 0:05
elemento rígido
2D (Elem. 5 mm) c/
12,48 167,38 12492 1:18
contato
2D (Elem. 3.5 mm) c/
12,42 166,86 24970 2:21
contato
2D (Elem. 2 mm) c/
12,38 166,75 74556 15:57
contato
* Depende da pessoa que está fazendo o cálculo.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os métodos dos elementos finitos facilita os cálculos, porém, é necessário saber a


diferença entre os tipos de elementos para que a simulação torne compensadora e que não
apresente falhas. Podemos concluir que a simulação de componentes de tubos ou vigas no qual a
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seção ao longo do comprimento tem geometria constante é mais viável utilizar elementos 1D,
desde que não sejam necessários estudos em locais de junção de peças utilizando solda, rebites,
parafusos etc.
A utilização de elementos rígidos, como o rbe2, somente é válida em locais em que os
elementos sejam fixos como soldas, parafusos ou engastes tendo atenção nos resultados para não
apresentarem concentrações de tensões que não existem. Quando os componentes apresentarem
contato é aconselhável usar recursos de contatos nestes componentes, os elementos rígidos neste
caso provocarão falsos concentradores de tensão, porém, o custo computacional será
consideravelmente maior.

5. REFERÊNCIAS

BOG, T.; ZANDER, N.; KOLLMANNSBERGER, S.; RANK, E. Normal contact with high order finite
elements and a fictitious contact material. Computers and Mathematics with Applications , v. 70 ,
p. 1370-1390. 2015
CHRISTOFORO, A. L. Otimização numérica da área das seções transversais dos elementos
componentes de estruturas planas do tipo treliça.São Paulo, Brasil, pp. 2-3,2007.
Draper, J. (s.d.b.). How to achieve valid results in durability analysis from fea software.
Technical report, Safe Technology. 2009.
GALLAGHER, S.P.; KRYZANOWSKA, R. O Método Pilates de condicionamento físico. São Paulo.
The Pilates Studios Brasil São Paulo. 2000.
LATEY, P. The Pilates method: history and philosophy - Journal of bodywork and movement
therapies, v.5, n.4, abril/junho. 2001.
NX Nastran. Basic DynamicAnalysis, User'sGuide, 2008. Disponível em <https://www.smart-
fem.de/media/basic_dynamics.pdf>, acessado em 06/07/2017 as 14:27.
NORTON, R. L. Projeto de máquinas: uma abordagem integrada. 4 ed. ,Bookman, Porto Alegre,
1017 p. , 2013.
PANELLI, Cecilia; MARCO, Ademir. Método Pilates de condicionamento do corpo: um programa
para toda a vida. PhorteEditora LTDA, São Paulo, Brasil, 184p., 2016.
ROSA, H.L.; LIMA, J.R.P. Correlação entre Flexibilidade e Lombalgiaem Praticantes de Pilates. R.
Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 17, n. 1, p. 64-73.2009.
SOUSA, C.; LEITÃO, L.; FARIA, R. A formulation to reduce mesh dependency in FE analyses of RC
structures under imposed deformations, Engineering Structures, v. 132, p. 443-455. 2017

6. DIREITOS AUTORAIS.

Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo das informações contidas neste artigo.

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ANALYSIS OF THE SLIDING BAR OF A PILATES EQUIPMENT USING THE METHOD OF FINITE
ELEMENTS

Marcelo Gustavo Coelho Resende(1) (marceloocr@yahoo.com.br), Tiago Alceu Coelho Resende(2)


(tiagoalceuc@yahoo.com.br), Bruno da Silva Procaci(2) (bprocasi@leopoldina.cefetmg.com), Edinaldo
Luciano da Silva(2) (edinaldo3339@yahoo.com), Cássio Pessoa Viana(1) (cassiobja@hotmail.com)

(1)
Universidade Federal de São João del-Rei(UFSJ) -DEMEC - Praça Frei Orlando, 170, Centro, São João del-Rei
(2)
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET) -DCM - Rua José Peres, 558 - Centro - Leopoldina

ABSTRACT: The designs of machines and equipment need to be developed with greater and greater agility
and without loss of reliability. The finite element method have attracted attention in research because they
are efficient and make a project cheaper by reducing the physical tests of the products, since it is possible,
in the virtual phase of product development, to evaluate the performance of a component in terms of the
level of stresses they would be submitted to, as well as evaluate displacement, natural frequencies, rigidity
and even manufacturing feasibility. The use of the finite element method in the field of physiotherapy is
promising for the development of equipment that enables the patient to perform the exercises in an
appropriate and safe manner. This work consists of the use of this method for calculating the tensions and
displacements of a horizontal bar that is present in the pilates equipment. To compare the differences of
results obtained by 1D or 2D elements and the difference of using rbe2 or contact. Results have shown that
for structures that have pipes or beams it is better to use 1D elements and that rbe2 elements are not
always the best choice.

KEYWORDS: Finite elements, Equipment, Validation, 1D and 2D elements.

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