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AVALIAÇÃO DO RETORNO ELÁSTICO EM CHAPAS DE SAE 1020 EM 38º SENAFOR

PROCESSOS DE ESTAMPAGEM CONVENCIONAL E INCREMENTAL


Cassio Pessoa Viana (1) (cassiobja@hotmail.com); Marcio Eduardo Silveira (2) (msilveira@ufsj.edu.br);
Rafael de Brites Nascimento (3)(rafaeldebrites@gmail.com)
(1) Universidade Federal de São João del-Rei - UFSJ - DEMEC – 170, Centro, 36307- 904, São João Del Rei, MG, Brasil. 3, 4 e 5 de outubro de 2018

A seguir tem-se representado os valores de nove


RESUMO RESULTADOS medições obtidas do primeiro quadrante das três
Chapas metálicas são fortemente utilizadas na Por se tratar de geometrias simétricas, adotou-se o geometrias. Os dados foram utilizados antes da
indústria, devido a sua facilidade em ser dobradas, critério de analisar o retorno elástico das peças em uma aleatorização apresentada na Tabela 1. Na Figura 5
cortadas e conformadas em diversas geometrias. parcela correspondente a um quarto do total, pegando do pode-se observar um padrão similar em todos os três
Durante a transformação das chapas até a forma centro até a borda do prensa-chapa superior, como resultados, onde a estampagem incremental apresenta
desejada, independentemente do método adotado, representado na Figura 3.a (região sombreada). Nesta figura elevados retornos elásticos no fundo da peça (pontos 8
existem defeitos específicos que podem surgir segundo pode-se observar como a deformação da peça ocorre em toda e 9). Isto pode ter ocorrido pelo fato da ferramenta não
a geometria final do produto estampado. Alguns erros a superfície. passar nesta superfície. Talvez, esta característica possa
podem ser previstos e corrigidos antes da fabricação. ser corrigida alterando o caminho da ferramenta,
Um destes problemas é o retorno elástico que ocorre fazendo-a passar por todo o fundo da peça.
nas chapas metálicas. O objetivo principal deste
trabalho é avaliar o comportamento do retorno elástico
por meio de simulações numéricas em peças
conformadas pelo método de estampagem incremental
e estampagem convencional. Foram empregados
métodos estatísticos para comparar o retorno elástico Figura 3 – (a) Geometria de 45 graus com os dois processos de
fabricação e o desenho CAD. Figura 5 – Valores das nove medições no primeiro quadrante das
de cada peça conformada com o projeto idealizado. Por
geometrias (a) 40 graus, (b) 45 graus e (c) 50 graus.
fim, observa-se uma diferença entre os retornos Os dados são apresentados de forma aleatória entre
elásticos das peças analisadas de acordo com os cada inclinação, informação fundamental para as análises
processos, também foram observadas variações das estatísticas. Em cada linha referente a inclinação da parede
tensões assim como das espessuras ao longo de todos da geometria, têm-se os valores das noves medidas retiradas
os componentes. em três quadrantes diferentes, totalizando 27 dados por
método de estampagem e inclinação de parede.
MATERIAIS E MÉTODOS
Tabela 1. Valores de springback retirados de todas as geometrias.
Para o desenvolvimento deste trabalho serão
utilizadas chapas de aço baixo carbono, com espessura
de 0.9 mm e dimensões de 250 x 250 mm em formato
de octógono regular. As geometrias formadas pelas
estampagens serão de diâmetro de 100 mm com uma Figura 6 – Tensões de vonMises nas estampagens incrementais e
profundidade de 30 mm. Foram gerados três tipos de convencionais com as três angulações de parede
geometria, as quais se diferem pela angulação de 50,
45 e 40 graus, todas formando um tronco de cone.

Adotou uma significância de 95% de confiabilidade


para todos os testes estatísticos. Primeiramente foram
verificados a normalidade dos dados de entrada utilizando o
método de Ryan-Joiner (Figura 4).

Figura 1 – Geometrias das peças, (a) com angulo de 50° e (b)


com angulo de 45° e (c) com ângulo de 40°.
Figura 7 – Espessura da chapa após os processos de fabricação.
A chapa foi modelada em elemento de casca com
seis graus de liberdade e a ferramenta foi simplificada CONCLUSÃO
em forma de uma semiesfera de 12 de diâmetro e com Ao término deste trabalho, conclui-se que foram
Figura 4 – Normalidade dos valores de springback, utilizando o
elemento de casca indeformável. Como restrição método de Ryan-Joiner. observadas diferenças entre os retornos elásticos das
foram utilizadas dois prensas chapas modelados como peças fabricadas pelos dois processos de conformação.
casca indeformável. O primeiro prensa-chapa, fixado Em sequência foram verificadas as variâncias das Observa-se que as geometrias geradas pelo método de
na parte de inferior da chapa foi restrito em todos os populações, para as analise utilizou-se o teste F segundo estampagem incremental apresentaram um maior valor
graus de liberdade. O segundo possuía deslocamento Foram considerados distribuição normal, com hipótese nula do retorno elásticos em comparação ao processo de
na direção vertical, onde foi aplicado uma força de 20 (H0) sendo as variâncias iguais. Para finalizar as análises fabricação pela estampagem convencional. Um dos
tonelada, restringindo e travando a borda da chapa. Os estatísticas, assumiram uma distribuição normal e aplicou-se fatores deste resultado se deve a redução de espessura
elementos foram discretizados com malha de tamanho o teste t, como hipótese nula (H0) considerou médias iguais. ao logo de toda a parede incrementada. Entretanto, este
máximo de 5 mm e mínimo de 0.5 mm. Para a Todos os resultados dos testes t então representados na retorno elástico decorrente deste processo talvez pode
simulação da estampagem convencional, a chapa Tabela 2. ser reduzido alterando a trajetória da ferramenta, o que
também foi modelada em elementos de casca com seis Tabela 2. Resultado dos testes t de comparação das médias entre as não se aplica a estampagem convencional. Conclui-se
graus de liberdade. A ferramenta possuía o formato de geometrias. também que as tensões de vonMises foram superiores
um tronco de cone e foi modelado como corpo rígido. no processo de conformação convencional, com os
maiores valores na região da dobra superior, onde
existe o contato com os prensa chapas. As reduções das
espessuras nas chapas, também obtiveram um valor
elevado na estampagem convencional, porém, as
Como em cada inclinação de parede obtive-se médias regiões com as maiores reduções foram a parte inferior,
diferentes, pode-se comparar os valores dos springback das onde a ferramenta esteve maior parte do tempo em
Figura 2 – (a) Modelo da Estampagem Incremental e (b) convencional.
geometrias, pois estatisticamente eles são diferentes. contato durante a estampagem.

Agradecimentos:
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001

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