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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA


DEPARTAMENTO DE FÍSICA TEÓRICA E EXPERIMENTAL
LABORATÓRIO DE MECÂNICA

RELATÓRIO: LEI DE HOOKE

NATHANE VITÓRIA DE LIMA E SOUZA


SETEMBRO, 2019
NATAL/RN
1. Objetivos
Este procedimento experimental teve como objetivo consolidar o conhecimento
acerca da lei de Hooke, a partir da construção de dinamômetros elementares. A prática
aqui descrita tem o propósito de permitir a análise da proporcionalidade entre a
distensão de uma mola e a força aplicada, e mostrar que a relação é linear até um certo
limite de elasticidade. Além disso, outras finalidades incluem a verificação das relações
entre as constantes elásticas para sistemas de molas em série e em paralelo e o
desenvolvimento de procedimentos de análise de dados experimentais.
2. Introdução Teórica
A lei de Hooke é uma lei da física que diz que a força necessária para distender uma
mola por uma distância 𝑥 cresce linearmente com essa distância. A equação que
descreve esse fenômeno é dada pela expressão abaixo:

𝐹⃗ = −𝑘𝑑⃗, (1)
onde 𝑘 é a constante da mola, que é uma medida da sua rigidez. O sinal negativo indica
que a força exercida pela mola tem sempre um sentido oposto ao deslocamento. Essa
força é conhecida como força restauradora, já que ela busca retornar o sistema ao seu
estado relaxado.
Quando lidamos com configurações unidimensionais, apenas uma coordenada é
suficiente para descrever toda a fenomenologia envolvida no problema. No caso de um
sistema fixado no eixo x, onde um bloco está preso à uma mola de constante elástica 𝑘,
a Eq. 1 se torna:
𝐹 = −𝑘𝑥. (2)
Considerando, agora, uma situação onde duas molas de constantes elásticas 𝑘1 e 𝑘2
são associadas em série ou em paralelo, sabemos que, em cada uma dessas situações é
possível substituir essas duas molas por uma mola equivalente, que produza o mesmo
efeito causado pela associação e que tenha constante elástica 𝑘𝑒 .
No caso da associação em paralelo (Fig. 1), a deformação sofrida por cada uma das
molas é a mesma. Quando deformadas, a mola 1 fica sujeita a uma força 𝐹1 = −𝑘1 𝑥 e a
mola 2 a uma força 𝐹2 = −𝑘2 𝑥. Como dito anteriormente, a mola equivalente, quando
submetida a mesma força 𝐹, sofre a mesma deformação 𝑥 experimentada pelo sistema
com duas molas. Assim,
𝐹 = −𝑘𝑒 𝑥. (3)
Entretanto,

𝐹 = 𝐹1 + 𝐹2 ⟹ 𝑘𝑒 𝑥 = 𝑘1 𝑥 + 𝑘2 𝑥
𝑘𝑒 = 𝑘1 + 𝑘2 (4)
Fig. 1: Associação em paralelo de duas molas.
Na associação em série (Fig. 2), as molas 1 e 2 estão sujeitas à mesma força,
contudo, a deformação experimentada pela mola 1 é diferente da experimentada pela
mola 2. Como a força 𝐹 é a mesma, temos que:
𝐹
𝐹 = −𝑘1 𝑥1 ⟹ 𝑥1 = − ;
𝑘1

𝐹
𝐹 = −𝑘2 𝑥2 ⟹ 𝑥2 = − 𝑘 ;
2

𝐹
𝐹 = −𝑘2 𝑥 ⟹ 𝑥 = −𝑘 .
𝑒

Onde:
𝑥 = 𝑥1 + 𝑥2 ,
de forma que:
𝐹 𝐹 𝐹
+ =
𝑘1 𝑘2 𝑘𝑒
1 1 1
+𝑘 =𝑘 . (5)
𝑘1 2 𝑒

Na associação em série, o valor de 𝑘𝑒 fica bastante reduzido, já que a mola


equivalente é menos rígida, ou seja, mais deformável. Podemos enxergar isso ao aplicar
a Eq. 5 ao caso onde duas molas idênticas estão associadas em série.
1 1 1 𝑘
+𝑘 =𝑘 ⟹ 𝑘𝑒 = 2. (6)
𝑘 𝑒

Aqui, a rigidez da mola equivalente é metade da rigidez das molas originais.


Já na associação em paralelo, a rigidez da mola equivalente é mais alta o que faz
com que ela seja menos deformável. Utilizando a mesma situação, onde duas molas
idênticas são associadas em paralelo, chegamos ao resultado de que a rigidez da mola
equivalente é o dobro da rigidez das molas originais.
𝑘𝑒 = 𝑘 + 𝑘 = 2𝑘 (7)
Fig. 2: Associação em série de duas molas.
3. Material Utilizado
Neste experimento, foram utilizados os seguintes itens:
 Três molas;
 Cojunto de pesos (𝑚 = 50 𝑔, cada);
 Suporte para molas;
 Paquímetro;
 Lápis grafite.
4. Procedimento Experimental
Inicialmente, utilizando apenas uma mola, mediu-se sua distensão sem nenhum
peso. Para isso, ela foi fixada no suporte, sua posição inicial foi marcada com um
lápis grafite e, em seguida, realizou-se a medida com um paquímetro. Considera-se
que toda a dinâmica do problema ocorre no eixo 𝑥, já que o movimento do sistema
pode ser considerado unidimensional.
Depois disso, um peso, com massa de 50 𝑔, foi afixado na extremidade inferior
da mola. Novamente, a distensão foi medida. Esse procedimento foi repetido até
que todas as massas fossem adicionadas ao sistema e as respectivas distensões da
mola fossem medidas. Ao fim dessas medidas, o mesmo procedimento foi realizado
para outras duas molas.
Por fim, essa mesma série de passos foi repetida para a configuração de duas
molas em série e em paralelo.
5. Resultados e Discussão
Para os sistemas com as molas 1, 2 e 3 os valores das distensões obtidas para
cada peso estão organizados nas tabelas abaixo. No caso aqui discutido, a força
aplicada é a força peso. Por isso, com o intuito de verificar a relação de
proporcionalidade linear entre a força e o deslocamento da mola em relação à sua
posição de equilíbrio, fez-se necessário plotar gráficos de 𝐹 𝑣𝑠. Δ𝑥, para cada mola.
Massa (kg) Distensão 𝚫𝒙 (cm) Peso (N)
0,05 1,5 50
0,10 2,8 100
0,15 4,4 150
0,20 6,0 200
Tabela 1: Valores obtidos para a primeira mola.

Massa (kg) Distensão 𝚫𝒙 (cm) Peso (N)


0,05 1,1 50
0,10 2,7 100
0,15 4,3 150
0,20 5,9 200
Tabela 2: Valores obtidos para a segunda mola.

Massa (kg) Distensão 𝚫𝒙 (cm) Peso (N)


0,05 1,4 50
0,10 3,0 100
0,15 4,6 150
0,20 6,2 200
Tabela 3: Valores obtidos para a terceira mola.

Os gráficos de obtidos para esses valores estão mostrados nas figuras abaixo. As
equações resultantes são todas da forma:

𝑦 = 𝑎𝑥,

o que demonstra uma relação de proporcionalidade linear entre 𝑥 e 𝑦, como era


esperado. Relacionando esse resultado com a Eq. 2, vê-se que a forca 𝐹 varia
linearmente com a distância 𝑥. Além disso, as constantes elásticas das molas 1, 2 e
3 são, respectivamente:
𝑁 N
𝑘1 = 33,843 = 0,33843 ;
𝑐𝑚 m
𝑁 N
𝑘2 = 34,79 = 0,3479 ;
𝑐𝑚 m
𝑁 N
𝑘3 = 32,596 = 0,32596 .
𝑐𝑚 m
Esse resultado mostra que as três molas possuem valores de rigidez muito próximos.
Fig. 3: Gráfico de 𝐹 𝑣𝑠. Δ𝑥, para a primeira mola.

Fig. 4: Gráfico de 𝐹 𝑣𝑠. Δ𝑥, para a segunda mola.

Fig. 5: Gráfico de 𝐹 𝑣𝑠. Δ𝑥, para a terceira mola.


Para o sistema com duas molas em série, os dados obtidos estão dispostos na
Tabela 4. As molas escolhidas para esta configuração foram as molas 1 e 3.
O gráfico para esse sistema está mostrado na Fig. 6. Novamente, aqui é possível
notar uma relação linear entre a força aplicada e a distensão da mola. A constante
elástica da mola equivalente é:
𝑁 𝑁
𝑘𝑒 = 16,588 = 0,16588 .
𝑐𝑚 𝑚
De acordo com a Eq. 5, o inverso da rigidez da mola equivalente deve ser igual à
soma do inverso da rigidez das molas individuais. O valor obtido aproxima-se muito
do valor esperado, com erro percentual menor que 0,1%.

Massa (kg) Distensão 𝚫𝒙 (cm) Peso (N)


0,05 2,8 50
0,10 5,9 100
0,15 9,0 150
0,20 12,2 200
Tabela 4: Valores obtidos para um sistema com duas molas associadas em série.

Fig. 6: : Gráfico de 𝐹 𝑣𝑠. Δ𝑥, para um sistema com duas molas em série.
Por fim, a Tabela 5 mostra os valores das medidas feitas com duas molas em
paralelo. As molas escolhidas para esta configuração foram as molas 1 e 3.
Massa (kg) Distensão 𝚫𝒙 (cm) Peso (N)
0,05 0,8 50
0,10 1,6 100
0,15 2,4 150
0,20 3,0 200
Tabela 5: Valores obtidos para um sistema com duas molas associadas em
paralelo.
Duas molas em paralelo
250

200

Força (N)
150
Molas em
100 paralelo
Linear (Molas em
50 paralelo)
y = 64.588x
0
0 1 2 3 4
Variação em x (cm)

Fig. 7: Gráfico de 𝐹 𝑣𝑠. Δ𝑥, para um sistema com duas molas em paralelo.
O gráfico para essa configuração está apresentado na figura acima. Mais uma
vez, verifica-se a linearidade entre a força aplicada e a distensão da mola. A
constante elástica da mola equivalente é:
𝑁 𝑁
𝑘𝑒 = 64,588 = 0,64588 .
𝑐𝑚 𝑚
De acordo com a Eq. 7, a rigidez da mola equivalente deve igual à soma da rigidez
das molas individuais. O valor obtido aproxima-se muito do valor esperado, com erro
percentual menor que 3%.
6. Conclusão
A partir do procedimento experimental, foi possível verificar que a força da mola
depende de uma constante 𝑘, que representa a rigidez da mola, e da posição da sua
extremidade, sendo, portanto, uma força variável. Além disso, determinou-se que
essa força obedece uma relação linear.
Para sistemas com duas molas associadas em série e em paralelo, essa
linearidade pôde ser novamente verificada. Na configuração em série, a rigidez da
mola equivalente obedece à relação mostrada na Eq. 5. Já na configuração em
paralelo, a rigidez da mola equivalente é quase igual à soma da rigidez das molas
individuais. Esses resultados corroboram as predições teóricas.
7. Bibliografia
[1] D. Halliday, R. Resnick e J. Walker, Fundamentos de Física - Volume 1 - Mecânica,
8ª edição, LTC Editora, Rio de Janeiro (2008).

[2] H. D. Young e R. A. Freedman, Física I – Mecânica - Sears & Zemansky, 12ª edição,
Editora Pearson Addison Wesley, New York (2008).

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