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Proteção de Sistemas de

Distribuição de Energia Elétrica

Proteção de Sistemas de
Distribuição de Energia Elétrica

- PROTEÇÃO DE ALIMENTADORES-

Prof. Dr. Eng. Paulo Cícero Fritzen

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Proteção de Alimentadores

Serão discutidas as funções de vários dispositivos usados para


proteção da distribuição, incluindo:

• Relés de distribuição

• Religadores

• Seccionalizadores

• Fusíveis

Serão abordados: características dos dispositivos, problemas


comuns e soluções, além de regras práticas para ajustes e
coordenação.

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Proteção de Alimentadores

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Proteção de Alimentadores

Uma prática comum nos Estados Unidos é a de usar alimentadores de


distribuição trifásicos a quatro fios, com diversas derivações e subderivações
formando uma configuração em árvore.
Algumas derivações, e a maioria das subderivações, podem ser linhas
trifásicas, bifásicas ou monofásicas. Transformadores de distribuição trifásicos
e monofásicos compõem a carga do sistema de distribuição. Muitos
transformadores monofásicos são conectados em bancos com dois ou três
transformadores.
Os sistemas de distribuição da Europa ou Japão normalmente têm linhas
curtas com três fios e cargas compostas por transformadores de distribuição
trifásicos.
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Proteção de Alimentadores

Relés e disjuntores são normalmente usados para proteger os alimentadores


principais numa subestação de distribuição. A limitação da sensibilidade dos
relés de sobrecorrente pode impedir que eles detectem faltas no fim do
alimentador protegido. Religadores podem ser instalados ao longo do
alimentador para possibilitar uma cobertura total das faltas no alimentador.
Os religadores também podem ser aplicados para melhorar a proteção de
derivações importantes.
Seccionalizadores são usados normalmente em derivações e subderivações
do sistema de distribuição. As chaves-fusíveis também são usadas na
proteção de derivações, subderivações, transformadores de distribuição e
bancos de capacitores dos sistemas de distribuição.
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Proteção de Alimentadores

O religamento automático propicia a restauração do serviço automaticamente


após a eliminação de faltas fugitivas nas linhas de distribuição aéreas. As
chaves de seccionamento e interligação reduzem o tempo de interrupção do
serviço através da isolação de linhas com faltas permanentes. Os sistemas de
distribuição modernos possuem chaves com operação remota.
Esta flexibilidade aumenta a continuidade do serviço mas cria problemas para
a proteção. A seleção dos dispositivos de proteção e os ajustes têm que
acomodar as alterações na configuração do sistema de distribuição. Grupos
de ajustes disponíveis nos relés digitais e controladores dos religadores
fornecem a base para uma solução adaptativa para esse problema. Em um
sistema de distribuição automatizado, o grupo de ajuste requerido pode ser
selecionado automaticamente para cada configuração do sistema.
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Fusíveis devem ser tolerantes com as condições de carga máxima. Os fusíveis


também devem suportar, sem danos, as correntes transitórias não causadas
por curto-circuitos. Essas correntes incluem a corrente de inrush do
transformador e a corrente de partida do motor.
A capacidade de condução de corrente em regime contínuo de um fusível está
relacionada ao seu tipo de construção. Em geral, os elos T e K construídos com
elementos de estanho possuem uma capacidade de condução de corrente em
regime contínuo igual a 150% da nominal, enquanto os elos feitos com
elementos de prata possuem uma capacidade de condução de corrente em
regime contínuo igual a 100% da nominal.

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De acordo com as Normas NEMA, os religadores de circuito


automáticos são dispositivos fechados e independentes (“self-
contained”) para interrupção e religamento automáticos de um circuito
de corrente alternada. Os religadores podem detectar sobrecorrentes,
interromper essas correntes e religar automaticamente para reenergizar
a linha. O ciclo típico de operação do religador, ou sequência, consiste
de (até) quatro trips e três religamentos.

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Um religador pode ser ajustado para ter características tempo-corrente


diferentes durante a respectiva sequência de operação. 16
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A figura detalha a oscilografia da corrente resultante da operação típica de um


religador.
Os religadores têm capacidade de temporização dual. A primeira ou as duas
primeiras interrupções da corrente de falta ocorrem usando a operação
rápida. Para as interrupções remanescentes, é inserida uma temporização
intencional usando uma curva tempo-inverso mais lenta.
O religador também pode ter um elemento que opere para a corrente de terra,
adicionalmente ao elemento de sobrecorrente de fase.
A curva temporizada também é chamada de curva lenta.
O intervalo de religamento é de 1 a 2 segundos para os religadores
hidráulicos e é ajustável para os religadores eletrônicos.

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Regra Prática:

Uma abordagem comum consiste em usar uma combinação das curvas


lenta e rápida para implementação de um esquema com preservação dos
fusíveis. Como exemplo, use duas operações rápidas seguidas por duas
lentas.
Circunstâncias diferentes podem impor o uso de uma sequência de
operação diferente. Um exemplo é instalar um seccionalizador a jusante de
um religador; nesse caso, o religador pode ter uma sequência de
funcionamento com uma operação rápida e três lentas.

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Os estudos mostram que 80 a 95% das faltas em linhas aéreas de


distribuição são temporárias. (Nota: Esses dados são baseados em várias
fontes; ver referências na página 1.) Uma falta temporária (fugitiva) é aquela
eliminada completamente com a abertura do disjuntor.

Por exemplo, considere a sequência seguinte:


1. Um animal provoca um curto-circuito num poste;
2. O disjuntor correspondente abre;
3. O animal cai ou morre;
4. A falta deixa de existir.

Primeira Tentativa de Religamento: Se for usado o religamento automático, a


falta é eliminada completamente antes do primeiro religamento em 80% das
vezes, restabelecendo, consequentemente, o serviço para todos os
consumidores da linha afetada.

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Segunda Tentativa de Religamento: Se o religador for equipado com mais de


uma operação de religamento, aproximadamente 10% das faltas são
eliminadas antes do segundo religamento e o serviço é restabelecido
automaticamente.
Terceira Tentativa de Religamento: Se houver uma terceira tentativa de
religamento, aproximadamente 5% das faltas são eliminadas antes da tentativa
de religamento.
Dessa forma, na média, três operações de religamento devem possibilitar a
restauração automática do serviço em aproximadamente 95% das faltas
temporárias. Portanto, recomenda-se o uso de três operações de religamento,
ou tentativas (“shots”), quando estiver projetando um esquema de religamento
automático. Isso explica por que os religadores hidráulicos tradicionais eram
configurados com três tentativas de religamento.
Os religadores microprocessados mais novos têm um número flexível de
operações de religamento e podem ser ajustados pelo usuário para melhorar a
proteção de acordo com condições específicas.
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As características tempo-corrente do religador, para dois religadores


coordenados, são mostradas acima. Quando usado num esquema de
preservação de fusíveis, o religador terá uma curva rápida e uma curva lenta.
Em uma sequência típica, o religador faz uma ou mais operações rápidas e
completa as operações remanescentes, até o bloqueio, usando a curva
temporizada.
Quando dois dispositivos estão em série e ambos usam operações rápidas e
lentas, uma coordenação de sequência é necessária. A coordenação de
sequência possibilita que o dispositivo a montante conte as operações mesmo
que ele não opere. Isso permite que os dispositivos a montante e a jusante
chaveiem ao mesmo tempo para as respectivas curvas temporizadas,
eliminando, consequentemente, a necessidade de coordenar a curva rápida do
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dispositivo a montante com a curva lenta do dispositivo a jusante.
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Um seccionalizador é um dispositivo de proteção que isola automaticamente


uma seção de linha defeituosa nos sistemas de distribuição. Como os
seccionalizadores não interrompem correntes de falta, eles são usados em
combinação com um religador ou com um disjuntor com relé, com religamento
automático.

O seccionalizador conta, durante uma falta, as operações do disjuntor ou


religador de retaguarda . Após um número pré-selecionado de operações de
interrupção de corrente, e enquanto o dispositivo de interrupção está aberto, o
seccionalizador abre para isolar a seção da linha defeituosa.

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O controle do seccionalizador pode ser realizado usando um sistema


hidráulico ou eletrônico.
Os seccionalizadores controlados hidraulicamente têm uma bobina-série, um
êmbolo montado com duas válvulas de check e um pistão de trip. Os
movimentos do êmbolo resultantes do aparecimento e subsequente
interrupção da corrente de falta forçam o óleo no pistão de trip. O pistão de
trip avança sequencialmente rumo à atuação final do mecanismo de trip do
seccionalizador durante o intervalo de corrente igual a zero.
O seccionalizador pode ser ajustado para operar após uma, duas ou três
contagens. A figura ilustra a posição do pistão de trip de um seccionalizador
controlado hidraulicamente durante um ciclo típico de operação.

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O slide mostra os princípios de proteção aplicáveis à proteção da linha.

Proteção de sobrecorrente, a mais simples e mais econômica, é geralmente


limitada a linhas radiais. Proteção de sobrecorrente é amplamente utilizada em
sistemas industriais de distribuição e de concessionárias. A adição de
direcionalidade (proteção de sobrecorrente direcional) amplia a aplicação da
proteção de sobrecorrente para os sistemas de duas fontes e linhas em anel.

A proteção de distância também é aplicável aos sistemas de duas fontes e linhas


em anel. Para diminuir o tempo de eliminação da falta, podemos utilizar um canal
de comunicação para troca de informações entre os elementos direcionais ou de
distância. Este tipo de arranjo é conhecido como proteção piloto por comparação
direcional.

Finalmente, podemos também proteger as linhas utilizando a proteção diferencial


ao longo de um canal de comunicação. Uma variante do princípio diferencial é o
princípio de comparação de fase, em que os ângulos de fase das correntes de
linha em ambas as extremidades são comparados. 32
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Proteção de sobrecorrente utiliza apenas as informações de


corrente para detectar faltas no elemento protegido. A idéia básica é
que as correntes de curto-circuito são maiores do que as correntes
normais de carga (veja a figura). Na maioria dos casos, existe uma
separação entre a região da corrente normal de operação e a região
da corrente de falta. Portanto, é possível ajustar o relé de
sobrecorrente tornando-o capaz de distinguir entre estas duas
regiões.

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Em sistemas fortemente carregados ou longos alimentadores de distribuição, a


corrente de falta, na extremidade do alimentador, poder apresentar um valor
menor do que a corrente de carga na condição normal de operação. Para tais
casos, os elementos de sobrecorrente (50/51) de fase não podem ser
configurado para detectar defeitos desse tipo. Porém, usando um elemento de
sobrecorrente de sequência negativa (50Q/51Q) pode-se eliminar essa limitação
da sensibilidade da proteção de sobrecorrente de fase.
A corrente de carga equilibrada contém somente componente de sequência
positiva e, portanto, um elemento de sequência negativa pode ser ajustado
para uma corrente de pickup muito baixa. Este elemento responde para as
faltas desequilibradas.
Correntes de falta à terra podem ser limitadas, pelas impedâncias de falta,
à valores próximos ou mesmo inferiores a corrente de carga. Um elemento de
sobrecorrente de sequência-zero (50N/51N), pode ser ajustado abaixo da
corrente de carga, melhorando a sensibilidade da proteção de faltas à terra no
sistema.
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Relés de sobrecorrente são os relés mais utilizados na proteção do


sistema de potência. Relés de sobrecorrente são sensíveis às
corrente de entrada e emitem um sinal de trip para os disjuntores
quando a corrente está acima de um limite prédefinido pelo usuário
(pickup do elemento).
De acordo com suas características de tempo de operação, relés de
sobrecorrente podem ser classificados em:
Relés de sobrecorrente instantânea (50, 50Q, 50N)
Relés de sobrecorrente temporizada (51, 51Q, 51N)
Relés de sobrecorrente de tempo definido
Relés de sobrecorrente de tempo inverso
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O relé de sobrecorrente instantâneo fecha seus contatos num tempo


muito pequeno, assim que a corrente ultrapassa o valor limite. No
campo da proteção, “instantâneo” significa “sem temporização
intencional”. Em outras palavras, esses relés são projetados para operar
com a máxima velocidade propiciada pela tecnologia usada.
Tipicamente, o tempo de operação fica entre 0,5 e 1,5 ciclo.
A corrente de pickup (valor limite) é ajustável e o usuário pode escolher
o ajuste em uma faixa relativamente ampla.

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O tempo de funcionamento de um relé de sobrecorrente de tempo


inverso diminui à medida que a corrente de entrada aumenta a
magnitude. A característica resultante de tempo-corrente é do tipo
inverso: quanto maior a corrente, mais rápido o relé opera. Os
elementos de sobrecorrente de tempo inverso são amplamente
utilizados em concessionárias norte-americanas para conseguir
coordenação com fusíveis de proteção a jusante.

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A figura compara as diferentes características de tempo inverso de


acordo com a IEEE C37.112-1996 para uma determinada ajuste de TD
(time-dial). As constantes A, B, P controlam o do grau de inversão da
curva.
Todas estas características, bem como as características da IEC, estão
disponíveis em relés digitais. Em relés eletromecânicos, cada relé tem
apenas um tipo de característica.

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A figura mostra uma característica de tempo-corrente típica de uma relé de


sobrecorrente digital. Este dispositivo tem os seguintes elementos:

- Um elemento de curva inversa com três configurações (famílias de


curva, corrente de pickup IPU, e dial de tempo TD).

- Um elemento de tempo definido com duas configurações (corrente de


pickup IPUDT, delay de tempo DT).

- Um elemento instantâneo, com apenas um ajuste (corrente de pickup


IPUI).
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