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LINHA DE SEBENTAS
Contratos Civis e Comerciais
Índice
Contratos de Organização ou Cooperação Empresarial ............................................................... 6
Associação em Participação (DL 231/81) .................................................................................. 6
Elementos.............................................................................................................................. 6
Forma .................................................................................................................................... 7
Participação nos lucros e nas perdas .................................................................................... 7
Deveres do Associante .......................................................................................................... 7
Extinção da Associação em Participação............................................................................... 7
Consórcio (DL 231/81)............................................................................................................... 8
Elementos.............................................................................................................................. 8
Forma .................................................................................................................................... 9
Modalidades de Consórcio .................................................................................................... 9
Repartição de valores e produtos ....................................................................................... 10
Agrupamento Complementar de Empresas (Lei 4/73 e DL 430/73) ....................................... 10
Elementos............................................................................................................................ 10
Forma e registo ................................................................................................................... 11
Firma.................................................................................................................................... 11
Órgãos ................................................................................................................................. 11
Responsabilidade do ACE e dos seus membros .................................................................. 11
Transmissão da participação no ACE .................................................................................. 12
Contratos de Financiamento Empresarial ................................................................................... 12
Abertura de Crédito ................................................................................................................ 12
Função Socioeconómica ...................................................................................................... 13
Elementos............................................................................................................................ 13
Modalidades ........................................................................................................................ 14
Distinção do Mútuo ............................................................................................................. 14
Forma .................................................................................................................................. 15
Cessação .............................................................................................................................. 15
Contrato de Suprimento ......................................................................................................... 15
Características ..................................................................................................................... 15
Regime................................................................................................................................. 15
Beneficiários ........................................................................................................................ 15
Objeto.................................................................................................................................. 16
A permanência dos créditos na sociedade.......................................................................... 16
A permanência .................................................................................................................... 17
Modalidades ........................................................................................................................ 17
Regime................................................................................................................................. 17
Regime do contrato de suprimento na falência.................................................................. 18
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Contratos Civis e Comerciais
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Contratos Civis e Comerciais
Performance Band............................................................................................................... 32
Modalidades de Solicitação de Pagamento ........................................................................ 32
A Compra e Venda....................................................................................................................... 32
Compra e venda de bens defeituosos e bens de consumo (DL 67/2003, DL 84/2008 e Diretiva
1999/44) .................................................................................................................................. 32
Objeto.................................................................................................................................. 33
Obrigações do Vendedor (artigo 2º, nº1) ........................................................................... 33
Protecção do Consumidor ................................................................................................... 33
Contratos de Distribuição Comercial ...................................................................................... 34
Modalidades da Distribuição Comercial ............................................................................. 34
Agência (DL 178786) ............................................................................................................... 35
Atuação por conta do principal: .......................................................................................... 35
Autonomia do Agente: ........................................................................................................ 35
Prestação ............................................................................................................................. 36
Retribuição .......................................................................................................................... 36
Momento da aquisição da comissão (artigo 18º) ............................................................... 36
Forma .................................................................................................................................. 37
Exclusividade ....................................................................................................................... 37
Proteção de terceiros .......................................................................................................... 37
Cessação do contrato .......................................................................................................... 37
Lógica do contrato............................................................................................................... 39
Concessão................................................................................................................................ 39
Características ..................................................................................................................... 40
Regime Jurídico ................................................................................................................... 40
Franquia .................................................................................................................................. 40
Características ..................................................................................................................... 41
Casos Práticos.............................................................................................................................. 42
Caso 1 ...................................................................................................................................... 42
Caso 2 ...................................................................................................................................... 43
Repetitório de Perguntas ............................................................................................................ 44
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Contratos Civis e Comerciais
Associação em Participação
Consórcio
Abertura de Crédito
Contrato de Suprimento
Locação Financeira
Cessão Financeira
Crédito Documentário
Fiança
Garantia Autónoma
Garantia Financeira
Agência
Concessão
Franquia
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Elementos
1. Fim Comum – no âmbito deste contrato, o associante obtém lucros quer no seu
próprio interesse, quer no interesse do associado, traduzindo-se na obtenção e
posterior participação nos lucros no fim comum das partes. A participação nas
perdas pelo associado pode, porém, ser excluída por cláusula do contrato (artigo
21º, nº2).
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Forma
O contrato de associação em participação não está sujeito a forma especial, de
acordo com o artigo 23º, exceto se a natureza dos bens que constituem a contribuição
do associado exigir forma especial para a transmissão. De qualquer forma, a
inobservância da forma devida não implica a nulidade de todo o negócio de associação
em participação, desde que se possa proceder à sua conversão, recorrendo ao artigo
293º do Código Civil.
Deveres do Associante
Além dos deveres acordados pelas partes e dos demais deveres legais, o
associante tem os deveres gerais, previstos no artigo 26º, e os deveres relativos à
prestação de contas (artigo 31º).
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Elementos
1. Sujeitos – O consórcio exige a pluralidade de sujeitos, que podem ser pessoas
singulares ou coletivas, que estabelecem entre si uma relação concertada no
âmbito e para a prossecução da atividade económica definida como objeto do
consórcio. Esta atuação consertada tende a gerar uma relação “intuitus
personae” entre os membros do consórcio, dado o elevado nível de confiança
recíproca exigido.
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Forma
O contrato de consórcio está sujeito a simples forma escrita, exceto se implicar
uma transmissão de bens que careça de forma mais solene.
Modalidades de Consórcio
Seguindo a classificação legal, as duas modalidades existentes de consórcio
baseiam-se na sua projeção externa, então:
1. Consórcio Interno
2. Consórcio Externo
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Elementos
1. Sujeitos – podem agrupar-se para constituir um ACE pessoas singulares ou
coletivas e sociedades com natureza empresarial. É frequente a formação de
agrupamentos complementares de empresas por empresas pertencentes ao
mesmo grupo económico, mostrando também a prática de agrupamentos
constituídos por empresas concorrentes.
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Forma e registo
O contrato de ACE deve ser reduzido a escrito, salvo se forma mais solene for
exigida para a transmissão dos bens com que os sócios entram para o agrupamento
(Base III, nº1), e inscrito no registo comercial, adquirindo o ACE, personalidade jurídica
(Base IV da Lei 4/73 e artigo 4º do DL 430/73).
Firma
Quanto à firma do ACE, atente-se no disposto no artigo 3º do DL 430/73, nos
termos do qual a firma do agrupamento poderá consistir numa denominação particular
ou ser formada pelos nomes ou firmas de todos, alguns ou, pelo menos, um dos seus
membros. A firma do ACE deverá ainda conter o aditamento “Agrupamento
Complementar de Empresas” ou “A.C.E.” (Base III, nº2).
Órgãos
No ACE podem coexistir três órgãos:
Assembleia Geral (artigos 7º; 2º, nº2; 10º e 13º do DL 430/73);
Administração (artigos 6º e 8º, nº1 do DL 430/73 e a Base III, nº4, da Lei 4/73);
Fiscalização – tem carácter facultativo, exceto se o ACE emitir obrigações (artigo 8º,
nº2 do D 430/73 e a Base V da Lei 4/73).
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Contratos que têm por objeto o financiamento dos clientes pelo banco. Num
sentido amplo, os negócios de financiamento são também contratos de crédito
bancário, todavia, ao passo que:
Abertura de Crédito
Traduz-se numa das formas mais comuns pela qual uma empresa reúne capital
alheio necessário à sua atividade, através de financiamento. É um contrato nominado,
sendo referido no Código Comercial como uma operação de banco, no entanto, não é
um contrato típico porque não está prevista regime legal, nem noção legal do contrato
de abertura de crédito – artigo 362º Cód. Comercial. A questão discutida é, então, qual
o regime aplicável, por analogia.
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Creditante Creditado
Função Socioeconómica
Creditado – há uma função de segurança, na medida em que assegura a
existência de recursos para suprir eventuais despesas e custos. No contrato de
abertura de crédito, o creditado paga juros pelo valor realmente utilizado e não
sobre o valor total colocado à disposição. Há um acesso imediato a fundos para
necessidades eventuais, adaptando o valor dos juros a essas necessidades.
Creditante – obtém uma remuneração composta por dois elementos. A primeira
remuneração é a comissão de imobilização de fundos que remete para própria
disponibilização, pedida na 1ª fase. A segunda refere-se aos juros pagos pela
utilização desses fundos, gerando remuneração para o creditante.
Elementos
1. Sujeitos – o contrato de abertura de crédito é composto pelo creditante, que é
um Banco (artigo 9º) e pelo creditado, que pode ser pessoa singular ou coletiva.
2. Objeto – é o acreditamento. O objeto é o crédito enquanto bem económico, a
fruição de uma disponibilidade de crédito e não o dinheiro em si. A
disponibilidade do crédito constitui o direito de crédito do creditado.
3. Conteúdo – relativamente ao conteúdo temos de considerar as duas vertentes:
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Para o creditado:
Modalidades
Abertura de Crédito Garantida – pode ser pessoal (através de um terceiro), real (com
bens próprios) ou mediante títulos de crédito;
Abertura de Crédito a Descoberto/Não garantida – através do conhecimento da
pessoa em si e do seu património.
A favor do próprio contraente;
A favor de terceiros (para pagamento de dívidas).
Simples – o creditado tem direito a usar uma só vez, mas as restituições que efetue
não reconstituem a disponibilidade de fundos, não havendo repristinação. Por
exemplo, se o crédito for no valor de 50 000€ e usar metade do valor, mesmo que
restitua os 25 000€, não pode voltar a fruir dos 50 000€;
Conta corrente – o creditado efetua sucessivos levantamentos e pode efetuar
depósitos de forma a reconstituir o montante de crédito que poderá continuar a
dispor. É o caso dos cartões de crédito.
Com fim vinculado;
Sem fim vinculado.
Distinção do Mútuo
No contrato de mútuo, a entrega do montante é o elemento constitutivo, só
assim se forma o contrato por ser um contrato real quanto à sua constituição, não
bastando o consenso e sendo necessário um ato material.
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Forma
Aplica-se o regime do Mútuo Bancário, regulado pelo DL 32/1765, de 29 de Abril de
1943.
Cessação
Celebrado por tempo indeterminado, aplica-se o regime da conta corrente (artigo
349º Cód. Comercial);
Relativamente à devolução, é aplicável o regime do Mútuo, tendo 30 dias para o
fazer, nos termos do artigo 1148º, nº2, Cód. Civil;
Também quanto ao pagamento dos juros, é aplicável o regime do Mútuo.
Contrato de Suprimento
Os suprimentos são empréstimos que visam substituir o capital próprio do
interessado, traduzindo-se numa forma/meio de crédito.
Características
O autor dos suprimentos é o sócio, independentemente da sua quota, constituindo-
se a qualidade de sócio no momento em que o contrato é celebrado;
Se o sócio sai da sociedade, os créditos mantêm a qualidade de suprimentos;
Se um terceiro credor entra para a sociedade, os seus créditos serão qualificados
como suprimentos.
Regime
O regime do suprimento distingue-se do mútuo civil porque as situações jurídicas
(do mútuo) não eram as mais justas e adequadas ao suprimento. De acordo com o artigo
1148º do Código Civil, há o prazo de 30 dias para o reembolso do mútuo em que não
tenha sido acordado.
Assim também se evita que aos suprimentos fosse exigida a forma legalmente
exigida para os mútuos (escritura pública) - artigo 243º/6 do Código das Sociedades
Comerciais, daqui para a frente designado por CSC.
Beneficiários
Por vezes, o conflito de interesses entre sócios e credores sociais não é tão
agudo, a relação entre estes não é tão próxima. Podia partir-se aqui de uma distinção
entre acionista-investidor e o acionista-empresário (acionista que conforma a atuação
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da sociedade), de acordo com uma participação social mínima (para que fosse
considerado acionista-empresário).
De acordo com o Supremo Tribunal de Justiça, a aplicação do Contrato de
Suprimento aos “acionistas empresários” depende de uma participação social
correspondente a 10% do capital social.
O montante, porém, não deveria ser o único e decisivo critério para a
determinação de acionista-empresário. Ou seja, este deve ser o critério de partida mas
devem existir outros que permitam à empresa estabelecer ou determinar ou provar que
aqueles suprimentos são daquele sócio/acionista, que provem o interesse empresarial
daquele sujeito.
Objeto
Dinheiro ou outra coisa fungível - artigo 243º/1 CSC.
O Professor Raul Ventura entende que existem três situações em que um crédito
de um sócio terá carácter de permanência e, nesta medida, é considerado suprimento:
a. Ser celebrado um contrato com prazo de reembolso superior a um ano –
artigo 243º/2 CSC;
b. Ser celebrado um contrato sem qualquer prazo e o reembolso não ser exigido
durante um ano, o crédito permanece na sociedade por um ano – artigo
243º/3 CSC;
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A permanência
Os credores sociais podem provar que existe contrato de suprimento se o
reembolso for efetuado antes de decorrido o prazo de um ano (artigo 243º/4 CSC):
É necessário que o credor seja capaz de provar que a sociedade, naquele momento
(da concessão daquele crédito), não conseguiria empréstimos por outra via ou meio
por não ter para tal condições favoráveis.
Também a sociedade deve ser admitida a provar que um empréstimo concedido por
tempo indeterminado e reembolsado antes de decorrido o prazo de um ano
constitui um suprimento.
O sócio ilide a presunção de permanência. Tem relevância em casos de
insolvência.
Modalidades
Mútuo – artigo 243º/1/1ºp CSC;
Diferimento de créditos – artigo 243º/1/2ºp CSC - convenção expressa ou
declaração tácita.
Modalidade atípica: aquisição de crédito de terceiro contra a sociedade – artigo
243º/5 CSC.
Grande risco que houve no domínio das sociedades por quotas era o dos
suprimentos não serem feitos por escritura pública. A partir de determinado valor o
mútuo deveria ser celebrado por escritura pública e os suprimentos nunca o eram.
O artigo 243º/6 CSC vem dispor que a validade do mútuo suprimento não
depende de forma especial, não lhe sendo aplicável a exigência de forma que o artigo
1143º do Código Civil estabelece para o mútuo.
Regime
Competência da gerência e da administração para a celebração;
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Aspetos relevantes
Proibição de compensações – artigo 245º/3/b) CSC.
Nulidade das garantias reais – artigo 245º/6 CSC.
Resolubilidade dos reembolsos de suprimentos no ano anterior à falência – artigo
245º/5 e artigo 121º/1/i) CIRE.
Características
Indicação da coisa dada pelo locatário ao locador, no contrato;
Dever de o locador celebrar um contrato de compra e venda com o vendedor com
vista à aquisição da coisa;
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Locador
Nova forma de obter rendimentos pelo capital que investe, ou seja, pelos capitais de
crédito;
Nova forma de financiamento quase sem risco, isto é, o locador tem uma garantia
fortíssima uma vez que mantém a propriedade do bem;
O locador não se sujeita ao risco do bem, uma vez que o locatário continua sujeito a
pagar rendas;
Não responde pelas desconformidades do bem;
Divisão entre propriedade jurídica e propriedade económica.
Vendedor/Fornecedor
Novo meio de vender bens;
Facilitar o escoamento dos bens;
Pagamento a pronto pelo locador.
Exemplo:
Vendedor --------> Comprador
Locatário <---------- Locador
Os tribunais têm entendido que esta figura não viola o pacto comissório.
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Locação Operacional
As rendas pagam todo o bem. O locatário adquire o bem no final do pagamento das
rendas. O locador presta determinados serviços acessórios.
Renting
Inclui a prestação de serviços acessórios pelo locador. Tem um prazo mais curto. Locador
não é o produtor do bem em causa. São tipos sociais e não locais. O locador presta
sempre serviços acessórios (ramo automóvel) e não é o fabricante dos bens. Aqui há
apenas 2 entidades: locador e locatário.
Forma
Podem ser celebrados por documento particular, salvo quando se trate de bens
imóveis que é necessário o reconhecimento presencial das assinaturas + licença de
construção do imóvel.
Publicidade do contrato de locação financeira – artigo 3º, nº 4 do DL 149/95;
A propriedade do bem pertence ao locador;
A locação financeira tem que ser objeto de registo quando se trate de bens imóveis
ou bens móveis sujeitos a registo;
Tutela da expectativa de aquisição do bem no final do contrato por parte do
locatário.
Fim do contrato
O locatário tem três possibilidades (artigo 7º DL):
Restitui o bem;
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Compra o bem por um determinado valor residual, exercendo essa opção em face
da promessa unilateral de venda constante do contrato;
Prorroga ou celebra um novo contrato de locação financeira.
Obrigações do locador
Artigo 9º/1 DL
Obrigações do locatário
Pagamento das rendas – artigo 10º/1 a) DL;
Dever de aviso ao locador sempre que tenha conhecimento de vícios do bem – artigo
10º/1 i) DL;
Dever de efetuar um seguro do bem alocado, ou seja, o locatário tem o dever de
efetuar um seguro a favor do locador (beneficiário do seguro) – o locatário mantem
a obrigação do pagamento de rendas, ou seja, o risco corre sempre por conta do
locatário. Desta forma, o legislador obriga a que este faça um seguro em favor do
locador.
Obrigação de restituição do bem alocado no final do contrato, salvo algumas
exceções.
Aspetos do Regime
i. Quem é que responde pelos vícios da coisa objeto da locação?
O locador não responde pelos vícios do bem alocado ou pela sua inadequação
face aos fins do contrato, ou seja, o locador não responde pelos defeitos do bem – artigo
12º do DL. O locador apenas limita-se a financiar a coisa, não escolhendo a coisa – há
uma isenção do locador. Ver Ac. Relação de Guimarães de 6 de Outubro de 2004.
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iv. Por conta de quem é que corra o risco pelo perecimento ou deterioração
da coisa?
O risco corre por conta do locatário. Inversão da regra do risco disposta no artigo
796º/1 do Código Civil. Este artigo diz que o risco corre por conta do
proprietário/adquirente (locador). Logo estamos perante uma inversão do risco pelo
perecimento da coisa. O locatário é um simples proprietário económico. A consequência
da deterioração do bem: é a manutenção da obrigação do pagamento das rendas ao
locador pelo locatário. Aqui tem importância o seguro em favor do locador por parte do
locatário, de modo a que parte do risco corra por parte da seguradora.
O locatário tem poderes para defender a coisa e para usar das faculdades
possessórias, embora não seja proprietário. Há uma cisão entre a propriedade jurídica
e a propriedade económica, ou seja, entre o domínio útil da coisa e o domínio jurídico
da mesma. Porquê? Existe porque as entidades financeiras precisam da propriedade da
coisa para ter a garantia máxima.
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Antecipação de Fundos
O aderente cede o crédito à empresa factoring mediante o pagamento de uma
remuneração a factoring. Ou seja:
Cessionário / Factoring
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Modalidades
Próprio / Pro soluto / Sem recurso
Desvantagens
Tem custos:
o Pagamento de juros sobre antecipação de fundos;
o No factoring próprio há uma comissão de garantia / risco;
o Comissão de factoring (pela celebração do contrato) – é determinado por
percentagem sobre o volume das faturas entregues (entre os 2% e 5%).
Para a gestão:
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O factoring pode, ainda, ser total ou parcial. É total quando o cliente se obriga a
oferecer a cessão de todos os créditos que obtiver, tendo a empresa a escolha de os
aceitar ou não.
Factoring Confidencial
É encarado o recurso ao factoring como um problema de imagem, em que o
objetivo é camuflar. Neste caso, não há uma verdadeira cessão de créditos, e o factoring
nunca é levado ao conhecimento do devedor.
Características do contrato
1. Oneroso – serviços de factoring envolve uma remuneração;
2. Consensual – só se torna perfeito com o consenso das partes;
3. Duradouro;
4. Atípico Misto – contém conteúdos de tipos diferentes (contrato de prestação de
serviços, promessa de cessão de créditos futura, assunção do risco pelo
aderente, cuja função é típica de um contrato de seguro);
5. Formal – forma escrita (artigo 7º do DL).
Crédito Documentário
O crédito documentário realiza uma função de financiamento e garantia, tendo
sido impulsionado em Londres no séc. XVIII. Trata-se de um meio de pagamento no
comércio internacional, em que o preço é pago através de um banco, contra a entrega
de determinados documentos. A compra e venda internacional comportam
determinados riscos extras, uma vez que a distância não proporciona o cumprimento
simultâneo das obrigações.
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Beneficiário Ordenador
(vendedor) (comprador)
Este mecanismo foi desenvolvido para superar a insegurança e o risco que existe
no comércio internacional de mercadorias:
Língua;
Diferentes ordens jurídicas;
Transporte;
Motivos políticos (guerras e revoluções).
Carta de Embarque
Contém as informações necessárias para comprovar que a mercadoria embarcou
corretamente.
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Natureza do crédito;
Nome do banco;
Duração do crédito;
Documentos necessários para entregar ao banco;
Montante do crédito;
Prazo para a utilização do crédito.
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Então:
Banco/Ordenador - Mandato Comercial;
Banco/Beneficiário - Promessa Unilateral de pagamento, submetida à condição
suspensiva de entrega dos documentos. Traduz-se na Carta de Crédito que
simboliza a execução do pagamento.
Pagamento
À vista – contra entrega de documentos;
A prazo – a x tempo da entrega de documentos;
Negociação.
Stand-By Letter
O pagamento deve ser feito pelo comprador, no entanto, se o ordenador
incumprir a sua obrigação, esta carta fica suspensa até esse momento, sendo então
utilizada, obrigado o Banco ao pagamento da obrigação. Isto funciona apenas se o
beneficiário enviar uma declaração ao emitente a dar conta da situação de
incumprimento.
Só é utilizada em caso de incumprimento do comprador.
Até aqui, vimos que intervêm três partes distintas. Mas na prática, por vezes, a
relação envolve 4 partes.
Banco Banco
Emitente
Relação B
Relação C
Beneficiário Ordenador
Relação A
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O beneficiário tem um direito próprio que lhe permite que a sua relação C seja
autónoma relativamente a A e a B.
O banco acrescentado ao diagrama pode ser de três naturezas:
Confirmador
Designador
Notificador
Acontece frequentemente o Beneficiário pedir a intervenção de um Banco da
sua confiança, daí que possa assumir uma das três naturezas.
Quando o banco tem suspeitas fundadas quanto aos documentos, pode recusar
o pagamento.
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Contratos Civis e Comerciais
Tem de ser dado tratamento igual aos credores, na falta de causas de preferência;
Se o património não for suficiente, divide-se igualmente pelos seus credores.
Garantias Especiais
As garantias especiais constituem uma alteração qualitativa ou quantitativa da
garantia. Ou seja, há uma alteração qualitativa, quando a garantia é real (penhor,
hipoteca, direito de retenção); por sua vez, será uma alteração quantitativa, quando a
garantia for pessoal (fiança).
Fiança
Disposta no artigo 627º, nº1 do C. Civil, constitui um novo garante, que tem o
mesmo conteúdo que a obrigação principal. Esta figura permite a alguém, para além do
devedor, garantir a obrigação com o seu próprio património.
Acessoriedade
A característica essencial da fiança é a acessoriedade, que torna a fiança mais
fraca e menos segura. A acessoriedade baseia-se na dependência funcional e genética
perante a obrigação principal.
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Contratos Civis e Comerciais
A obrigação do fiador não pode ser mais ampla nem mais onerosa que a principal;
A invalidade da obrigação principal determina a invalidade da fiança;
A extinção da obrigação principal determina, também, a extinção da fiança;
E, ainda, o fiador pode opor os mesmos meios de defesa que o afiançado,
relativamente à obrigação principal.
Por estas razões, torna-se necessário uma garantia mais forte do que a prestada
através da fiança.
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Performance Band
Garantia da onerabilidade da oferta (“bid bond”) – é comum nos contratos de
empreitada;
Garantia de reembolso (“repayment garantee”) – casos de pagamento antecipado.
A Compra e Venda
Compra e venda de bens defeituosos e bens de consumo (DL 67/2003, DL 84/2008 e
Diretiva 1999/44)
A regulação desta matéria está no DL 67/2003, 8 Abril e DL 84/2008, 21 Maio e,
ainda, na Diretiva 1999/44, CE 25 Maio. Esta legislação vale apenas para a compra e
venda celebrados entre um profissional (venda de bens de consumo como atividade
profissional) e um consumidor (uso privado dos bens de consumo).
Vendedores;
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Contratos Civis e Comerciais
Consumidores;
Vendedores como consumidores e compradores como profissionais.
Objeto
O objeto desta regulação são bens imóveis ou móveis corpóreos, ainda que
sejam em 2ª mão.
Proteção do Consumidor
O artigo 3º, nº1 encontra-se na lógica de se provar que já havia desconformidade
no momento da entrega, para isso, existe então a presunção do nº2.
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Contratos Civis e Comerciais
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Contratos Civis e Comerciais
O agente age em nome próprio, mas por conta de outrem, visto que tem de
defender os interesses do principal e não pode difamar os produtos (artigo 6º).
Autonomia do Agente:
O agente exerce a sua atividade de modo independente, gozando de autonomia
quanto à execução da sua obrigação de promoção contratual (afloramento legal desta
característica é a possibilidade legal de recurso a subagentes – art. 5º).
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Contratos Civis e Comerciais
Não serão agentes aqueles indivíduos que, ostentando embora tal designação,
se encontrem ligados a um empresário através de um contrato laboral ou outras figuras
congéneres (gerentes de comércio, auxiliares, caixeiros).
Prestação
A prestação caracteriza-se por ser: autónoma, determinada, estável e
duradoura.
Retribuição
A comissão do agente é calculada com base no nº de negócios promovidos pelo
agente, recorrendo aos usos e equidade (artigos 15º e 16º).
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Forma
É consensual, não carecendo de forma escrita. Uma das partes pode exigir um
documento essencial, que indique o conteúdo do contrato e posteriores aditamentos
ou alterações. Isto é mais importante para o agente, por ser a parte mais fraca.
Exclusividade
De acordo com o artigo 4º, a exclusividade depende de acordo escrito do
principal. O principal não pode recorrer a outros agentes para o exercício da atividade,
numa determinada área geográfica, nem o agente poderá representar outras marcas
sem o consentimento do principal (artigo 4º a contrario e artigo 6º).
Proteção de terceiros
O agente tem o dever de informação sobre os seus poderes;
O agente celebrando um negócio sem poderes de representação, o negócio torna-
se ineficaz quando ao principal. Este, por sua vez, tem 5 dias para informar o cliente
relativamente à sua recusa de ratificação do contrato. Se não o fizer, considera-se
ratificado, exceto o caso em que o cliente esteja de má-fé (artigo 22º).
Tutela da Aparência
Cessação do contrato
Esta matéria está regulada nos artigos 24º e seguintes. Se as partes nada
disserem, presume-se que foi celebrado sem prazo (artigo 27º).
Formas de cessação
1. Denúncia
Unilateral;
Celebrado por tempo indeterminado;
Sem justificação;
Pré-aviso – o artigo 28º estabelece prazos mínimos, mas podem igualmente ser
estabelecidos prazos mais longos (nº3).
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4. Caducidade
Requisitos
Cessação do contrato;
O agente ter angariado novos clientes, ter aumentado substancialmente o volume
de negócios, ou, ainda, numa situação de grande crise, ter mantido o volume de
negócios (perspetiva de Pinto Monteiro);
A outra parte venha a beneficiar da atividade (se não beneficiou porque mudou de
atividade, não há direito a esta compensação);
O agente ter deixado de receber qualquer contribuição (se foi acordado que o
agente continuaria a receber comissões, exclui-se a possibilidade desta
compensação).
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Lógica do contrato
1. Partes
2. Considerandos
3. Cláusulas
Objeto (território, produtos, poderes)
Exclusividade (prazo)
Obrigações do agente (promoção, confidencialidade, informação, não
concorrência, performance mínima)
Obrigações do principal (meios necessários para promoção, prazo
para rejeição/aceitação do agente)
Retribuição (contratos efetuados, pagamento, valor das comissões)
Indemnizações de clientela
Despesas
Prazo
Lei aplicável
Concessão
Contrato pelo qual um empresário – o concedente – se obriga a vender a outro
– o concessionário – ficando este último, em contrapartida, obrigado a comprar ao
primeiro, certos produtos, para revenda em nome e por conta própria numa
determinada zona geográfica, bem assim como a observar determinados deveres
emergentes da sua integração na rede de distribuição do concedente.
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Características
Obrigações Recíprocas de Compra e Venda
Atuação em Nome e por Conta Próprios
Autonomia
Estabilidade
Regime Jurídico
O Contrato de Concessão não tem base legal direta, pelo que estamos face a uma
figura assente na autonomia privada.
À partida trata-se de um contrato que não está sujeito a forma solene, podendo
ser meramente verbal ou pode resultar de condutas concludentes.
Franquia
Contrato pelo qual um empresário – o franquiador – concede a outro empresário
– o franquiado – o direito de exploração e fruição da sua imagem empresarial e
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Características
Um contrato atípico (não dispõe de uma disciplina legal própria);
Inominado (não dispõe de um ‘’nomen iuris’’);
Consensual (exceto quando envolva a licença de explicação de direitos privativos de
propriedade industrial – art. 31º/6 e art. 32º/3 CPI);
Intuitos personae;
Contrato-quadro (na medida em que prevê e regula a obrigação das partes
concluírem subsequentemente contratos futuros, geralmente de compra e venda,
entre si ou com terceiros);
Fruição da imagem empresarial do franquiador;
Transmissão do ‘’Know-how’’ e Assistência Técnica;
Controlo e Fiscalização do Franquiado;
Onerosidade.
Tal como nas figuras acima descritas, as formas de cessação do contrato são as
mesmas.
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Casos Práticos
Caso 1
Jacinto celebrou um contrato com Bernardo pelo qual efetuou uma contribuição de
100mil€ para a atividade deste, de compra e venda de mobiliário, ficando a participar
em 25€ dos lucros resultantes dessa atividade. Passados 5 anos, Jacinto apercebeu-se
que Bernardo obteve lucros chorudos (500mil€) e não lhe tem dado contas desses lucros.
a) Pode Jacinto exigir a sua parte dos lucros? Qual o valor dessa parte?
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Sim, Jacinto tinha direito a 25% dos 500mil€ (125mil€), nos termos dos artigos 25º, nº 1
e 5 e artigo 31º, nº5.
Não, o contrato não era com tempo determinado, logo segundo os artigos 27º/7 e
30º/3, Jacinto não pode resolver o contrato porque ainda não decorreram 10 anos
desde a sua celebração.
c) Suponha que Alfredo dispõe de um crédito sobre Bernardo por falta de entrega
de móveis já pagos. Pode exigir o pagamento desse crédito ao Jacinto?
A associação em participação não cria um ente com personalidade jurídica nem com
património autónomo, logo pode apenas exigir o crédito a Bernardo. Jacinto não
responde pela obrigação.
Caso 2
Jacinto sofreu um acidente de viação ao serviço da sua entidade patronal, “Transportes
e Cortiças do Douro Litoral, ACE” que agrupa 5 empresas produtoras de cortiça. Sabendo
que Jacinto tem direito ao pagamento de uma indemnização de 20mil€, diga quem pode
ser responsabilizado pelo pagamento desse valor.
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Repetitório de Perguntas
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