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PPB, aula dia 23 do 9, Oliveira Vianna

No Brasil não existe opinião pública, portanto não existem pessoas com capacidade de
entender a realidade-- por isso não podia estender o direito de voto para os trabalhadores as
mulheres e os jovens, justamente porque essas pessoas não tem autonomia, independência
política para ter opinião e portanto para votar, porque só vota quem tem opinião formada, só
tem opinão quem tem conhecimento de causa, que por sua vez só é dado se for independente
politicamente, fisicamente, e materialmente. Dessa forma, os trabalhadores dependem do
patrão, mulher depende do marido, jovem depende do pai, e portanto só quem vota é o pai e o
proprietário, já que só ele tem a independência para ter a opinião própria
Democracia autoritária, se ampliar o direito de voto para os trabalhadores vai gerar uma
tirania da maioria, é um termo contraditório já que se é a vontade da maioria como seria uma
tirania-- mas a maioria poderia querer mexer na propriedade privada, e se fizer isso é uma
tirania, independente se isso é a vontade da maioria, não importa, o que importa é a
propriedade privada é um direito natural inatingível, uma causa pétrea que ninguém pode
mexer, e caso o regime mais democrático do mundo decida mexer na propriedade privada, ele
pode ser deposto, que é o princípio da resistência dos liberais (o povo pode destituir o estado
se o estado for tirânico, e estado tirânico é justamente aquele que tenta mexer na propriedade
privada)--- ampliar o direito de voto geraria uma democracia autoritária.
O que o autor quer fazer é acabar com o que seria essa demagogia de dizer onde tem
democracia e onde não tem, que é a ideia que está presente nos autores elitistas, que são
autoritários, (a democracia é uma farsa, porque o povo não está preparado para votar, e dar
poder de voto para essas pessoas é obrigar a elite a ficar manipulando o povo, que no final das
contas a maioria vai votar na elite, e é melhor que não tivesse mesmo esse voto, tivesse logo
uma ditadura, que seria mais fácil de resolver, se só a elite pudesse resolver, já que no final
das contas a elite vai dominar, vai mandar e fazer com que a maioria vote no que eles querem)
Oliveira Vianna leva o elitismo as últimas consequências, só que no caso dele nem o
povo em geral não está preparado para votar e nem mesmo a classe dominante e a elite-
Radicalidade do princípio dele
Há um problema de origem, uma visão de clã, e essa visão significa defesa de
interesses menores que são o da família, de qualquer tipo, uma vigencia do pensamento
familista, de tentar favorecer os mais próximos, da relações afetiva mais próximas
independentemente do que seria os interesses nacionais
A sociedade Brasileira funciona na base da defesa os interesses mesquinhos locais e
na base disso estão as 3 raças constituidoras da sociedade brasileira, ele bota os brancos
latinos o meio disso, além dos negros e dos indígenas, que estavam também despreparados
para isso--- Todas essas 3 raças, essas 3 origens étnico raciais tem como base o clã, a tribo, o
grupo familiar e etc que levam a esse tipo de visão e prática social, então ele está preocupado
com essas guerras de interesses locais e isso entranhou e vem lá da origem do processo de
colonização e continua depois da independência, porque os clãs vão se meter nos partidos e
tomam contam deles, e logo os partidos vão funcionar na lógica do clã, e não na lógica do que
seria um programa partidário, opinião pública e interesse nacional,
Não há um espírito de solidariedade de classe nem mesmo dentro da classe burguesa,
quanto mais dos trabalhadores, só há o espírito dos interesses particulares, não tem espírito de
nacionalidade de classe, e muito menos um espírito de solidariedade nacional , por isso na
visão dele não vai resolver nada nesse tipo de elite política, tem que ter alguém que vai
incorporar o que seria os interesses nacionais e baixar uma ditadura, centralizar tudo e botar
para andar as coisas-- Para fazer isso é preciso constituir alguma forma de articulação política,
que não é o voto com eleição direta de representantes do parlamento, é chamar essas
representações econômicas de trabalhadores e empresários para ouvir e conversar de alguma
forma e servir como forma de orientação do presidente unico ---- forma de referência de
participação política, é melhor que a democracia fajuta que existe, por isso seria mais
democrática
A expressão do presidente único, incorporaria a vontade popular, nacional para o autor
seria mais democrata, e democracia não vem na forma de voto, mas na expressão de uma
vontade nacional que vai encarnar no presidente único, e ele vai fazer o que seria o interesse
nacional, e é a partir daí que é possível e necessário você gerar uma situação posterior que lá
no futuro exista uma democracia civil nos moldes liberais (se se constituir condições de se
constituir esse processo), mas no momento o Brasil não tem condição para tal. Na Europa se
constituiu um processo de solidariedade vindo da sociedade civil, espontâneo, como aqui não
aconteceu isso,quem tem que criar é o estado. Dessa forma, o último é que vai organizar os
sindicatos de trabalhadores e de patrões (ele enxerga duas bases da constituição social, a
família e o trabalho, e o trabalho são patrões e empregados) e tem que chamar isso dentro de
uma visão corporativa, empresários e patrões tem sindicatos que não tem objetivo de ter
função política, essas classes ficam limitados a função econômica, pode ter reivindicações
próprias, corporativistas (defesa de uma corporação não se meter na disputa política mais
geral)--- traz os sindicatos para dentro do estado, e organiza dentro do estado e transforma
essas organizações em estatais, sobre o argumento que a sociedade civil não organizou, e vai
dar condições políticas e sociais para esses sindicatos funcionar. Sindicato atrelado ao estado,
imposto sindical, eles tem direito de cobrar imposto, então os trabalhadores querendo ou não
paguem uma taxa ao sindicato mesmo não sendo associado. Imposto é algo do estado cobrar,
mas o sindicato pode cobrar imposto porque o sindicato é parte do estado, autarquia, tem
algum grau de autonomia administrativa
O sindicato vai defender o interesse de todos da categoria independente de serem
associados ou não. Quando um sindicato faz um acordo, representa a todos e tal, essa é a
visão do sindicalismo, tutelados pelo estado, já que é ele que dá o direito, então fica limitado a
isso--- Já que a sociedade civil não se organizou, o estado é quem vai organizar a sociedade
O brasileiro já era povo antes de existir a nação, como não existe, quem tem que criar a
nação é o estado, quem tem que criar solidariedade é o estado e quem tem que estimular o
processo de desenvolvimento econômico é o estado (raiz do chamado desenvolvimentismo no
Brasil)--- é esse estado que vai criar bases para o desenvolvimento industrial no Brasil, o
estado novo, é como se estado estivesse ocupando um espaço que a burguesia nacional não
ocupou como ocupou a burguesia nos EUA e Europa
No Brasil a burguesia não faz nada, completamente desqualificada, então o estado é
quem tem que resolver o problema, a perspectiva é elitista e capitalista, anti socialista, anti
social democrata, anti- comunista, mas sim de desenvolver um capitalismo
Existia na época movimentos da sociedade civil, nacional e sindical, mas que o autor
ignora completamente --- tem escondido um propósito de combater qualquer saída popular, a
saída do liberalismo tinha que ser por cima, com a classes dominando mesmo que ele
esculhambe as classes dominantes, mas é tarefa dela, dar prosseguimento do estado novo,
inclusive todos os movimentos que vieram da sociedade civil nesse período foram afastados.

Resumo do livro de Oliveira Vianna

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