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Os meios ou as mediações?
Um exercício dialético na delimitação do objeto
de estudo da comunicação*

Laan Mendes de Barros


Doutor em Ciências da Comunicação (USP)
Professor de Pós-graduação da Faculdade Cásper Líbero
E-mail: laan@facasper.com.br

Resumo: A partir da formulação teórico-epistemológiga de Je-


sus Martín-Barbero, este trabalho discute a questão de nosso Introdução
objeto de estudo. Ao confrontar o “midiacentrismo” predomi-
nante no pensamento comunicacional latino-americano da Os limites de nosso campo e a especifi-
segunda metade do século XX e o fascínio com as tecnologias
digitais dos tempos atuais, procura-se compreender a contri-
cidade de nosso objeto de estudo são temas
buição de Martín-Barbero para o debate epistemológico da recorrentes em nossas discussões e estão no
área. A teoria das “mediações” é aqui reexaminada em uma centro das nossas atenções desde os anos ses-
perspectiva epistemológica.
Palavras-chave: comunicação, epistemologia da comunicação, senta.1 Nos últimos anos, o GT da Compós
meios e mediações. Epistemologia da Comunicação tem se ocu-
pado intensamente com essa problemática,
¿Los medios o las mediaciones? Un ejercicio dialéctico en
la delimitación del objeto de estudio de la comunicación como se pode notar nos temas dos trabalhos
Resumen: A partir de la formulación teórico-epistemológica apresentados. Em 2003, a mesma Associação
de Jesús Martín-Barbero, este trabajo discute la cuestión de
nuestro objeto de estudio. Al confrontar el “mediacentrismo”
realizou na USP o seminário Epistemologia da
predominante en el pensamiento comunicacional latinoame- Comunicação, que teve suas intervenções pu-
ricano de la segunda mitad del siglo XX y el encantamiento blicadas em livro organizado pela professora
con las tecnologías digitales de los tiempos actuales, se busca
comprender la contribución de Martín-Barbero para el debate Maria Immacolata Vassalo de Lopes (2003),
epistemológico del área. La teoría de las “mediaciones” se ree- coletânea que reflete bem a complexidade
xamina aquí en una perspectiva epistemológica.
Palabras clave: comunicación, epistemología de la comunica-
do tema e variedade de abordagens. A leitura
ción, medios y mediaciones. dos diferentes textos daquela coletânea per-
Media or mediations? A dialectic exercise in the delimita-
tion of the study object of communication *
Este artigo toma como base o trabalho apresentado ao Grupo
Abstract: Departing from the theoretical – epistemological de Trabalho “Epistemologia da Comunicação”, do XVII Encon-
formulation of Jesus Martin-Barbero, this article discusses the tro da Compós, na UNIP, São Paulo, SP, em junho de 2008.
question of our study object. By confronting the “mediacen- 1
A bibliografia da área atesta esse questionamento sobre os
trism” that was predominant in the Latin-American commu- contornos de nosso campo e o foco de nossas pesquisas. Dentre
nicational studies of the second half of the 20th century and as obras mais presentes nos cursos de Teoria da Comunicação,
the fascination caused by digital technologies of nowadays, it os trabalhos de Mauro Wolf, de Armand e Michelle Matelart,
tries to understand the contribution of Martin- Barbero to the de Melvin De Fleur e Sandra Ball-Rokeach e de Bernard Miè-
epistemological debate of that area. The theory of “mediations” ge, como recorda Venicio de Lima em Mídia, Teoria e Política,
is re-examined in an epistemological perspective. registram a prioridade da mídia nas pesquisas em comunica-
Key words: communication, communication epistemology, ção e o confronto entre abordagens mais críticas e outras mais
media and mediations. pragmáticas dos fenômenos midiáticos.

Líbero – São Paulo – v. 12, n. 23, p. 85-94, jun. de 2009


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mite observar o exercício de crítica e autocrí- confrontam mídia com mediações. Elas retor-
tica de seus autores em relação à pesquisa e nam agora no corpo deste artigo, que – já no
ao processo de consolidação de nosso campo seu título – toma emprestado do autor espa-
de estudos. Buscava-se, no debate dialético, a nhol-colombiano os dois termos na forma de
construção de sínteses entre as limitações de uma indagação – os meios ou as mediações?
uma subdisciplina dependente de outras mais – para uma breve reflexão epistemológica so-
tradicionais, e as projeções de uma superdis- bre o objeto de estudo da comunicação.
ciplina que envolva conhecimentos diversos
em experiências inter ou transdisciplinares. Um deslocamento metodológico
Na mesma perspectiva epistemológica,
em agosto de 2007 foi realizado um seminá- O debate ocorrido na Cásper Líbero – que
rio no rograma de pós-graduação em comu- teve seqüência nos diálogos com os pesqui-
nicação da Faculdade Cásper Líbero, com a sadores da casa e, no dia seguinte, com a pre-
presença de convidados externos. O título do sença de Cremilda Medina – trouxe à tona a
evento – “Comunicação: saber, arte ou ciên- questão do que poderíamos chamar de “mi-
cia?” – já anunciava essa natureza indagadora diacentrismo” na delimitação de nosso objeto
dos debates epistemológicos, posteriormente de estudo. “Mídia”, “midiatização”, “mediati-
reunidos em livro por nós organizado, em zação” e “mediação” foram termos utilizados
conjunto com o professor Dimas A. Künsch. naquela ocasião e estão presentes em nossos
No desenrolar do referido seminário, os discursos; muitas vezes, eles são sobrepostos,
professores Lucrécia Ferrara e Luiz Martino ou utilizados de maneira pouco precisa. Falta
travaram um interessante debate sobre o foco dar a esses termos maior clareza; ou, ao me-
de nossa atenção: a mídia ou as mediações? nos, identificar suas diferentes conotações no
Martino propunha maior especificidade na vocabulário da área de comunicação. Em boa
definição do objeto de estudo da comuni- medida, esse é o objetivo deste texto, que re-
cação e advertia para o perigo da dispersão cupera em seu desenvolvimento outros mo-
quando a abordagem se dá em uma perspec- mentos do referido debate e foca de maneira
tiva interdisciplinar, sustentada no emprésti- particular o conceito de “mediações”.
mo de teorias de outras áreas. Para ele, “uma Como se sabe, nos estudos da comunica-
visão interdisciplinar tão ampla de comuni- ção, Martín-Barbero opta pelo termo “media-
cação, abrangendo todas as teorias, não cons- ções”, já bem presente nos textos de Manuel
titui exatamente uma crítica à ciência, como Martin Serrano e outros autores. E ele não
se pretende. Pelo contrário. Trata-se de uma o faz apenas por uma questão de semântica.
negação da ciência, de se voltar as costas para Martín-Barbero elege as mediações em con-
ela”.2 Ferrara se opunha a uma delimitação traposição aos meios como centro de atenção
estreita de nosso objeto de estudo, quando da pesquisa em comunicação. Trata-se, por-
este fica restrito ao universo midiático. Para tanto, de um deslocamento metodológico –
ela, “não se pode reduzir toda mediação ao ou epistemológico, poderíamos dizer –, como
território da mídia (...) trabalhar a epistemo- ele próprio explicita já na introdução de sua
logia da comunicação vinculando-a, exclusi- reconhecida obra Dos meios às mediações:
vamente, à característica midiática da comu-
nicação, é reduzir o objeto”. A comunicação se tornou para nós questão
Naquele momento do debate, me vieram à de mediações mais do que meios, questão
de cultura e, portanto, não só de conheci-
mente as formulações de Martín-Barbero que mentos mas de re-conhecimento. Um reco-
nhecimento que foi, de início, operação de
2
Aqui e em outros pontos deste artigo, são inseridos trechos
deslocamento metodológico para re-ver o
transcritos das intervenções de Luiz Martino e Lucrecia Ferra- processo inteiro da comunicação a partir de
ra durante o seminário Comunicação: saber, arte ou ciência?. seu outro lado, o da recepção, o das resistên-

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cias que aí têm seu lugar, o da apropriação dependência entre cultura de massa e cultura
a partir de seus usos. Porém num segun- popular dão uma identidade própria às pes-
do momento, tal reconhecimento está se quisas aqui realizadas e implicam maior com-
transformando, justamente para que aquele
deslocamento não fique em mera reação ou plexidade às delimitações de nosso campo de
passageira mudança teórica, em reconheci- estudos. A própria história recente de nossos
mento da história: reapropriação histórica países, marcada pela luta contra regimes de
do tempo da modernidade latino-ameri-
cana e seu descompasso encontrando uma
brecha no embuste lógico com que a homo-
geneização capitalista parece esgotar a reali- Se a comunicação tem
dade do atual (Martín-Barbero, 1997:16). como essência seu
Esse deslocamento se configura no grande caráter de atualidade,
diferencial do pensamento de Martín-Barbero a mídia é elemento de-
e se desdobra, como se pode ver no texto acima terminante da configu-
citado, em um movimento de “reapropriação ração da vida na socie-
histórica do tempo da modernidade latino-
dade contemporânea
americana”, em uma leitura crítica da socieda-
de capitalista e dos fenômenos midiáticos. Tal
crítica não se perde, no entanto, na supervalo-
rização da mídia e na simplificação linear do exceção e pela reconquista da democracia,
processo comunicacional. Seus comentaristas envolvendo – de um e outro lado – o apara-
destacam essa marca. É o caso, por exemplo, to comunicacional, acrescenta componentes
da avaliação feita por Garcia Canclini no pre- políticos e sociológicos à pesquisa na área.
fácio do mesmo livro. Segundo ele, Martín- O protagonismo de Martín-Barbero no ce-
Barbero nos “oferece uma das mais consisten- nário comunicacional latino-americano fica
tes refutações teóricas das ilusões românticas, evidente na recorrência de citações de seus
do reducionismo tanto marxista, como elitista livros por parte de diversos pesquisadores. A
da Escola de Frankfurt”. García Canclini lem- passagem dos dez anos de publicação de sua
bra, também, que a obra “percorre várias dis- principal obra foi comemorada com a edição
ciplinas. Dado que desloca a análise dos meios do livro Mapas Nocturnos: diálogos con la obra
de massa até as mediações sociais, não é só de Jesús Martín-Barbero (García Canclini et
um texto de comunicação” (García Canclini al., 1998), que reúne autores de diferentes pa-
in Martín-Barbero, 1997:12). É na articulação íses da América Latina com textos que com-
entre comunicação e cultura que seu debate se provam as repercussões de suas idéias.
insere. Trata-se, portanto, de um pensamento Outra publicação que reúne reflexões sobre
que se inscreve no campo da interdisciplina- a vida e obra de Martín-Barbero foi publicada
ridade, a respeito da qual Martino advertia pela Cátedra Unesco, sediada na Universidade
sobre os riscos de dispersão. Ao mencionar a Metodista de São Paulo, sob a organização de
sintonia da obra com os estudos sociológicos, José Marques de Melo e Paulo da Rocha Dias.
antropológicos e políticos, no mesmo prefá- Desse livro, cito Efendy Maldonado:
cio García Canclini recorda que ela não está
situada exclusivamente “em nenhuma dessas Jesús Martín é um alicerce teórico funda-
disciplinas, porém serve a todas”. mental da crítica ao funcionalismo hegê-
monico em comunicação. Ao criticar o
Por outro lado, sua reflexão traz à tona esquematismo da esquerda e ao formular a
a natureza do pensamento comunicacional teoria das mediações culturais e sociais, ele
latino-americano. As intersecções entre co- conseguiu revitalizar o campo de estudos
municação e educação – hoje potencializadas da comunicação na América Latina (Mal-
no contexto da sociedade em rede – e a inter- donado in Melo; Dias, 1999:113-114).

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O modelo formulado por Martín-Barbe- eles não são só tecnologia; cultura de massa,
ro tem sido bastante utilizado nos estudos de ótimo, desde que a gente perceba que é na
recepção e nas articulações da comunicação intersecção com a técnica que isso interessa,
com a educação. Tem servido como referen- técnica de comunicação.4
cial teórico-metodológico para as pesqui- Pensar a comunicação como “atualidade”
sas de campo que se ocupam da análise dos – como propõe Martino – é trazer a questão
processos midiáticos e suas repercussões na do tempo presente – a contemporaneidade
sociedade e das articulações entre comuni- – para o centro de nossas atenções. Neste par-
cação e cultura. Trata-se de modelo bem ticular, a área de concentração do programa
difundido na América Latina e mesmo fora de pós-graduação da Faculdade Cásper Líbe-
dela,3 que apresenta uma nova perspectiva ro – “comunicação na contemporaneidade”
teórico-metodológica. É pertinente, portan- – abre espaço para a reflexão sobre uma te-
to, que ele seja chamado de o paradigma das mática emergente, que se desdobra em dife-
mediações, como adotam vários autores. rentes problemáticas. Dentre elas, destacamos
três: a) a abrangência desse tempo presente.
Qual o recorte temporal desse objeto de estu-
do? Uma década? Um ano? Um mês? Trata-se
Aí está o nosso do tempo físico, ou do tempo simbólico? Do
desafio: encontrar tempo cronológico ou do tempo cultural?;5
um objeto de estudo b) a acelerada evolução dos meios de comu-
que supere a nicação nos tempos atuais. “Como trabalhar a
“docilidade” e uma comunicação na contemporaneidade em um
certa dispersão contexto no qual os parâmetros teóricos tra-
dicionais da comunicação de massa e da in-
interdisciplinar
dústria cultural parecem ser insuficientes para
dar conta disso que se passou a chamar de so-
ciedade em rede?” (Barros; Künsch, 2007:14);
c) a interdependência cada vez mais intensa
Mídia ou cultura? Tecnologia ou
humanidade? entre ser humano e máquina, que se desdo-
bra na sobreposição entre sujeito e objeto de
Quando nos voltamos às delimitações de pesquisa. Essa relação acaba interferindo na
nosso objeto de estudo, a indagação persiste: capacidade cognitiva do ser humano, influen-
mídia ou sociedade? Tecnologia ou cultura? ciando suas ações de captação, sistematização
O interior ou o entorno do processo comu- e representação de informações.
nicacional? Entre os estudos da mídia e os Por certo, o conceito proposto por Mar-
estudos da cultura de massa – tecnologia e tino não se limita à esfera do tempo. De
cultura –, Luiz Martino propõe uma articu- certa forma, isso que ele denomina de “atu-
lação. Segundo ele, “meios de comunicação alidade” pode ser relacionado com o que
não é só tecnologia”. No entanto, não se pode Martín-Barbero chama de “mediações”. Se
tomar como objeto de estudo da comunica- a comunicação tem como essência seu cará-
ção a cultura de forma genérica; para Marti- ter de atualidade, há de se reconhecer que a
no, a cultura interessa quando ela é mediada mídia é elemento determinante da configu-
pela técnica: “Se quiser meios de comunica-
ção, ótimo, desde que a gente perceba que 4
Transcrição de fala de Luiz Martino durante o seminário Co-
municação: saber, arte ou ciência?.
5
“Mais que a seqüencialidade, própria da diacronia do tempo
3
Em recente período de estudos na França, encontramos vá- histórico, com sua evolução dos fatos de maneira sucessiva, as
rios autores que dialogam com Jesús Martín-Barbero. Na Es- tecnologias de comunicação e de informação contemporâneas
panha, essa presença é ainda mais evidente. propõem uma relação de simultaneidade” (Barros, 2006:11-12).

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ração da vida na sociedade contemporânea. E quando a pesquisa fica limitada ao


Ainda mais quando ela ganha mobilidade universo da descrição, pouco ela avança na
por conta das tecnologias digitais e da te- construção de novos conhecimentos. Tal
lefonia celular. A mídia se apresenta, assim, estágio no empreendimento investigativo é
como elemento de mediação social. Mais do compreensível quando se fala em iniciação
que examinar suas entranhas, suas estrutu- científica; mas, no âmbito da pós-gradua-
ras internas, Martín-Barbero nos convida a ção, é de se esperar a evolução da pesquisa
conhecer as estruturas de seu entorno. Na na interpretação e explicação dos fenômenos
publicação comemorativa de sua obra – já tratados. Há de se concordar com a profes-
citada anteriormente –, García Canclini ava- sora Ferrara na crítica que ela faz em relação
lia que ela “fue decisiva en estos diez años para à mera descrição do objeto de pesquisa, em
que dejáramos de aislar a los medios y conci- uma operação burocrática. Como ela afirma,
biéramos la acción de estos como parte de las “essa descrição, sob o ponto de vista cientí-
mediaciones sociales” (García Canclini et al., fico, deixa muito a desejar”.8 Essa limitação
1998:7).6 O que se percebe, portanto, é que acaba levando à subordinação da pesquisa ao
a concepção de “mediações” não se apresen- objeto, da teoria à prática. E, nesse sentido,
ta para substituir os meios. Os meios fazem a disciplina perde consistência como campo
parte das mediações sociais, que nos envol- de conhecimento, que fica restrito a um con-
vem no tempo presente, na contemporanei- junto de técnicas. E como os fenômenos da
dade. As mediações estão no tempo-espaço comunicação vão muito além desses saberes
da contemporaneidade, estão na produção e técnicos, sua teorização acaba sendo transfe-
re-conhecimento da “atualidade”. rida a outras disciplinas.
Mas quando nos lançamos a campo, Mais do que os meios, interessam-nos as
quando nos deparamos com a necessidade mediações que envolvem os processos co-
de um recorte concreto de um objeto de es- municacionais. Ao argumentar que a opção
tudo, a polêmica persiste. Afinal, quais são os pelos meios como objeto científico da comu-
contornos, a amplitude a as interdições do nicação reduz esse objeto, a pesquisadora da
objeto específico dos estudos da comunica- PUC-SP conclui que, “por esse ângulo, bani-
ção? Qual é a importância da mídia na con- ríamos do estudo do objeto da comunicação
figuração desse objeto? Importam tanto os todas as relações sociais e interpessoais que
processos comunicacionais mediados como freqüentemente são mediadas pelo verbal”. E
os não-mediados? Como registramos no iní- ela aprofunda o seu questionamento:
cio deste artigo, Lucrecia Ferrara se opõe a
Como definir o objeto da comunicação,
uma vinculação estreita do objeto de estudo
diferenciando-o, de um lado, do simples
da comunicação ao universo midiático: estudo das relações e das mudanças sociais,
que é o domínio das ciências sociais, e, de
Se admitirmos que os meios são estritamen-
outro, do risco da descrição ufanista dos
te tecnológicos, vamos também ter de ad-
meios tecnológicos? O grande desafio de
mitir que o objeto de estudo da comunica-
uma epistemologia da comunicação esta-
ção fica bastante reduzido. Sem contar que
ria na dificuldade de definição desse obje-
precisaríamos admitir igualmente a possi-
to; mas qual é esse objeto que supera tanto
bilidade concreta de cairmos no ufanismo
a docilidade interdisciplinar quanto a ade-
tecnológico, que freqüentemente redunda
rência aos meios tecnológicos?9
em descrição dos aparatos tecnológicos.7
De fato, aí está o nosso desafio: encontrar
6
Em tradução livre: “foi decisiva durante esses dez anos para um objeto de estudo que supere uma “docili-
que deixássemos de isolar os meios e concebêssemos sua ação
como parte das mediações sociais”.
7
Transcrição de fala de Lucrecia Ferrara durante o seminário 8
Idem.
Comunicação: saber, arte ou ciência?. 9
Ibidem.

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dade” e uma certa dispersão interdisciplinar ment mises entre parenthèses par les prou-
e, ao mesmo tempo, não se entregue a um esses techniques (Wolton, 1997:56).11
sentimento “ufanista” em relação aos meios
O que se percebe, nas idéias de Wolton,
tecnológicos. Nesse sentido, algo que marca
que em grande medida também repercu-
o pensamento de Martín-Barbero é a centra-
tem nas idéias de Martín-Barbero, é que a
lidade do ser humano – inserido em seu lugar
questão de fundo é maior do que a definição
social e marcado por vivências e mediações
do suporte mais ou menos tecnológico nos
– nos estudos da comunicação. Essa herança
quais transitam as mensagens. Não se trata
humanística vem de sua formação na área da
da discussão entre “primeiridade, secundi-
Filosofia e de seus vínculos intelectuais com
dade e terceiridade”, segundo as categorias
o humanismo europeu.10 Nessa perspectiva,
fenomenológicas de Peirce. Estudar comuni-
os estudos de comunicação se articulam com
cação implica trabalhar com as contradições
o universo da cultura e da política, com for-
da sociedade moderna, mediadas pelos fenô-
tes laços com o campo da antropologia.
menos midiáticos.
Com isso, volta-se à centralidade do ser
E nessa sociedade, o ser humano precisa
humano, em sociedade, nos estudos comu-
ser pensado em sua multidimensionalidade,
nicacionais. Se a problemática de nossas pes-
como ser que não somente pensa e faz, mas
quisas reúne, ao mesmo tempo, “um conjun-
também brinca e sonha. Nas palavras de Ed-
to de tecnologias” e “uma necessidade social
gar Morin, trata-se de a ciência dar conta tan-
funcional”, é a sua especificidade como “ex-
to do homo sapiens-faber, como do homo lu-
periência antropológica” – como denomi-
dens-demens. É nesse contexto que podemos
na Dominique Wolton – que merece maior
pensar as relações – ora contraditórias, ora
atenção. E é nessa esfera que as indagações
complementares – entre informação e entre-
mais complexas se apresentam e se tornam,
tenimento, eixo de estudos que caracteriza a
ainda, mais desafiadoras com os avanços tec-
linha de pesquisa “Produtos midiáticos: jor-
nológicos. O autor francês se volta ao con-
nalismo e entretenimento”, do programa de
fronto entre mídia e cultura e traz para um
mestrado da Faculdade Cásper Líbero.
primeiro plano as relações humanas em um
mundo midiatizado.
Meios e mediações
Plus la communication médiatisée
s’améliore, brisant les échelles de temps et Retomando o debate do seminário que
d’espace, plus la communication directe, motivou essa reflexão, há de reconhecer que
physique, avec autri paraît devantage con- o ser humano é, sim, elemento essencial de
traignante. Il est plus facile de dialoguer
d’um bour de la planète à l’autre qu’on em nosso objeto de estudo. Afinal, estamos no
oublie les difficultés, indispensables, du « campo das ciências humanas. E se reconhe-
face-à-face ». Les techniques n’ont pas ré- cemos a dimensão antropológica de nossa
solu les problèmes de la communication
humaine, elles les ont simplesment différés, 11
Em tradução livre: “Quanto mais a comunicação mediatiza-
repoussés au bout des claviers et des écrans. da se aprimora, rompendo as escalas de tempo e espaço, mais
Au-delà de toutes ces techniques de plus en a comunicação direta, física, com o outro, padece de uma des-
plus simples, bon marché, ludiques, inte- vantagem constrangedora. É mais fácil dialogar de um lado ao
outro do planeta e, com isso, esquecer as dificuldades, inevitá-
ractives, l’autre est toujours présent, aussi
veis, do “face a face”. As técnicas não resolveram os problemas
difficile d’accès, aussi dificile à comprendre da comunicação humana; elas simplesmente os transferiram
et à interesser. Comme si les difficultés de la de lugar, empurrando-os, enfim, para os botões dos teclados
communication humaine étaient simples- e os monitores. Apesar de todas essas técnicas, cada vez mais
simples, acessíveis, lúdicas e interativas, o outro continua sem-
pre presente, ainda difícil de ser acessado, ainda difícil de ser
10
Espanhol, radicado na América Latina desde 1963, Jesús compreendido e de despertar interesse. É como se as dificulda-
Martín-Barbero retornou em 1968 à Europa e realizou estudos des da comunicação humana tivessem sido simplesmente colo-
em Lovain e em Paris. cadas entre parênteses devido às maravilhas tecnológicas”.

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disciplina, não basta trabalhar na esfera da Abre-se assim ao debate um novo horizonte
produção – por certo humana – das mensa- de problemas, no qual estão redefinidos os
gens, que se dá, na maior parte das vezes, em sentidos tanto da cultura quanto da polí-
tica, e do qual a problemática da comuni-
um contexto institucional fortemente mar- cação não participa apenas a título temá-
cado pelas demandas da sociedade mercanti- tico e quantitativo – os enormes interesses
lizada. É preciso pensar a reelaboração dessas econômicos que movem as empresas de
mensagens por parte do receptor para além comunicação – mas também qualitativo:
da mídia, no campo das mediações. na redefinição da cultura, é fundamental a
O deslocamento dos “meios às media- compreensão de sua natureza comunicativa.
Isto é, seu caráter de processo produtor de
ções”, proposto por Martín-Barbero, leva significações e não mera circulação de infor-
ao resgate da figura do receptor, tomado mações, no qual o receptor, portanto, não é
então não como mero receptáculo de men- simples decodificador daquilo qual o emis-
sagens veiculadas pelos meios, mas como sor depositou na mensagem, mas também
participante ativo do processo que se de- um produtor (Martín-Barbero, 1997:228).
senrola. Mais do que o objeto que sofre a
ação, o receptor – ou “fruidor”, como adota
Umberto Eco em A Obra Aberta – se con- É possível desmi-
verte em sujeito da ação. O tempo histórico tificar o poder
e o lugar social no qual estão inseridos os
onipresente da
receptores criam um contexto de media-
ções, que fazem da experiência estética12 –
mídia e investir nas
do grego aisthesis – uma oportunidade de ações dos receptores e
elaboração poética – do grego poiesis –, na na construção de um
qual o fruidor é mais do que um decodi- saber coletivo
ficador daquilo que “o emissor depositou
na mensagem”. Os sentidos de cultura e de
política são, então, permeados pela proble-
Esse resgate da figura do receptor como
mática da comunicação.
sujeito do processo comunicacional – e não
Nessa perspectiva, não é o fato de ser
mero objeto que sofre as ações da mídia
mediatizada ou midiatizada – mediada ou
– leva nossa reflexão ao campo da herme-
não-mediada – que faz da comunicação um
nêutica, disciplina bem presente na gênese
fenômeno mais ou menos democrático e
do pensamento de Martín-Barbero. Sem
participativo. A abordagem deve ser outra.
pretender alcançar maior profundidade nes-
De fato, “mediação é outra coisa”. Só que,
sa linha de raciocínio, destaco duas ou três
mais do que a “intencionalidade comunica-
idéias de Paul Ricœur e Mikel Dufrenne que
tiva”, ela aponta as possibilidades interpre-
podem servir de pistas para a maior compre-
tativas com as quais o receptor lida quando
ensão do paradigma das mediações em suas
se apropria dos discursos da mídia. E, nes-
articulações com os estudos hermenêuticos.
se sentido, nosso estudo se distancia de um
Mais do que um esforço de exegese da men-
exercício sintático-semântico do composto
sagem, eles investem na hermenêutica, va-
meio-mensagem para uma análise semânti-
lorizando a experiência estética do receptor.
co-pragmática, na qual o texto faz parte de
Ricœur confronta os conceitos de explicação
um contexto e a mídia faz parte das media-
e interpretação para chegar à idéia de com-
ções sócio-culturais.
preensão. Ao analisar a leitura de textos lite-
rários, ele sustenta que
12
A obra de Mikel Dufrenne, Phénoménologie de l’experiénce
esthétique, mostra como, no universo das artes, o fruidor faz Deux manières de lire, disons-nous, s’offrent
mais do que decodificar o objeto com o qual se depara. à nous. Nous pouvons, par la lecture pro-

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longer et renforcer le suspens qui affecte la encadear a análise de seus discursos com os
référence du texte, ambiance d’un monde discursos recriados no tempo-espaço da re-
et à l’audience des sujets parlants, attitude cepção. Assim como o texto não está fechado
explicative. Mais nous pouvons aussi lever
ce suspens et achever le texte en parole ac- nele mesmo, a mídia não se limita aos seus
tuelle. C’est cette seconde attitude qui est aspectos técnicos ou tecnológicos e, para ser
la véritable destination de la lecture. ( …) compreendida em sua integralidade, deman-
L’autre lecture ne serait même pas possible, si da um olhar que se desloque “dos meios às
d’abord il n’apparaissait pas que le texte, en mediações”. Assim como ocorre com as ma-
tant qu’écriture, attend et appelle une lecture nifestações artísticas, os produtos midiáticos
; si la lecture est possible, c’est bien parce que
le texte n’est pas fermé sur lui-même, mais – que também são permeados de elementos
ouvert sur autre chose ; lire, c’est, en toute estéticos – estão abertos a múltiplas leituras;
hypothèse, enchaîner un discours nouveau au esperam e pedem o olhar do receptor. Pensar
discours du texte. Cet enchaînement concret a estética implica valorizar as possibilidades
d’un discours à un discours dénonce, dans de interpretação, na busca de um melhor en-
la constitution même du texte, une capaci-
tendimento das impressões provocadas pelas
té originelle de reprise qui est son caractère
ouvert. L’interprétation est l’aboutissement expressões artísticas. Segundo Dufrenne,
concret de cet enchaînement et de cette re-
Mais le plus important ici est que l’objet
prise (Ricœur, 1998:170).13
esthétique gagne en être à cette pluralité
d’interprétations qui s’attachent à lui : il
Como se pode notar, as formulações so- s’enrichit à mesura que l’œuvre trouve un
bre hermenêutica de Ricœur se reproduzem public plus vaste et une signification plus
na concepção de mediações de autoria de nombreuse. Tout se passe comme si l’objet
Martín-Barbero, que foi seu aluno. No caso esthétique se métamorphosait (Dufrenne,
da comunicação, mais do que a atitude ex- 1992:103).14
plicativa – ou descritiva – dos fenômenos
Também, as mensagens veiculadas na mí-
midiáticos, é preciso enxergar a dimensão
dia se transformam quando os receptores se
interpretativa que se dá no contexto das lei-
apropriam delas. E são diversificados os sen-
turas, marcadas por um diversificado leque
tidos que elas ganham, decorrentes das dife-
de mediações. Fazendo um paralelo, poderí-
rentes mediações com as quais os receptores
amos dizer que os estudos de comunicação
vivenciam. E à medida que elas ganham no-
devem ultrapassar a “exegese” dos meios a
vos significados, elas se desdobram em novas
fim de alcançar uma “hermenêutica” das me-
práticas, em ações. De certa forma, essa é a
diações. Não se trata, por certo, de despre-
aposta de Martín-Barbero e de outros autores
sar a mídia como objeto de estudo, mas de
latino-americanos que apostam nas possibili-
dades de reelaboração dos discursos da mídia
13
Em tradução livre: “Duas maneiras de ler, podemos dizer, por parte das pessoas. E se isso se faz, é possí-
se oferecem a nós. Nós podemos, pela leitura, prolongar e re- vel desmitificar o poder onipresente da mídia
forçar o suspense que afeta a referência do texto, a ambien-
tação de um mundo e os diálogos dos personagens, em uma e investir nas possibilidades de ação – e não
atritude explicativa. Mas nós podemos, também, levantar o apenas reação – dos receptores e na constru-
suspense e deslocar o texto a uma linguagem atual. Essa se-
gunda atitude que é a verdadeira destinação da leitura. (…)
ção de um saber coletivo. Na obra Du texte à
Uma outra leitura nunca será a mesma, uma vez que, desde o l’action: essais d’herméneutique II, Ricœur nos
início, ele não nasce só como texto, mas como escritura que ensina que, entre a teoria do texto e a teoria da
espera e pede por uma leitura; e se a leitura é possível, é por
que o texto não está fechado nele mesmo. Mais aberto a ou-
tras coisas; ler é, em qualquer hipótese, encadear um discurso 14
Em tradução livre: “Mas, o mais importante aqui é que o
novo ao discurso do texto. Esse encadeamento concreto de objeto estético ganhe em estar frente a essa pluralidade de in-
um discurso ao discurso exposto, na constituição mesma do terpretações que se ligam a ele : ele se enriquece à medida que
texto, como uma potencialidade original de reelaboração é a obra encontra um publico mais vasto e uma significação
o seu caráter aberto. A interpretação é o resultado concreto mais diversificada. Tudo se passa como se o objeto estético se
desse encadeamento de dessa retomada.” metamorfoseasse.”

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ação, existe uma relação de interdependência, comunicação, que passa pelo gestual, pelo
lembrando que o texto é um bom “paradig- vestuário e toda a gama de manifestações
ma” para a ação humana e a ação, um bom sígnicas, produzidas e percebidas pelos dife-
“referente” para toda a classe de textos. rentes sentidos do ser humano, ou até mes-
mo do ser humano com outros seres anima-
Telle est l’extraordinaire convergence qui
apparaît entre la théorie du texte et la dos e inanimados. Em boa medida, é disso
théorie de l’action. Les mêmes apories et que se ocupa a semiótica, incluindo, por cer-
les mêmes nécessites d’une solution dialec- to, os fenômenos midiáticos. E é do descaso
tique ont surgi dans deux champs où peu – ou até do preconceito – com que grande
d’influences se sont exercées d’un champ sur parte dos pesquisadores da área encara essa
l’autre. J’aimerais suggérer l’idée que cette dimensão dos processos comunicativos que
convergence n’est pas fortuite. Des raisons
profondes justifient les transferts de la thé- a professora reclama.
orie du texte à la théorie de l’action et vive Entendo que os estudos de comunicação
versa. (…) Je dirai en bref que d’un coté la não podem se limitar ao universo restrito
notion de texte est un bon paradigme pour da mídia. Mas, ao alargar a mirada, prefiro
l’action humaine, de l’autre l’action est un acompanhar a proposta de Martín-Barbero,
bon référent pour toute une catégorie de
na concepção de “mediações” como parte in-
textes (Ricœur, 1998:194-195).
tegrante do processo comunicacional, como
Essas formulações hermenêuticas podem contexto no qual os fenômenos midiátios são
ser úteis para as nossas reflexões epistemológi- vivenciados pelas pessoas e grupos que pro-
cas a respeito do objeto de estudo da comuni- duzem e re-produzem sentidos. As media-
cação. Podem nos ajudar a superar uma visão ções, nesse caso, não se configuram como an-
fragmentada entre meios e mediações. Assim títese da mídia, mas como contexto no qual
como entre texto e ação existe uma relação de os “textos” midiáticos ganham sentido. A mí-
interdependência, entre meios e mediações dia é, a meu ver, componente determinante,
podemos encontrar nexos que nos permitam sim, de nosso objeto de estudo. Ocorre que
vencer a polêmica que se arrasta ao longo dos o processo não se limita a ela. A mídia deve
anos. Nosso objeto de estudos não pode ficar ser tomada no contexto das mediações, como
restrito à dimensão técnica dos meios; os pro- parte integrante – mas determinante – delas.
cessos midiáticos precisam ser vistos desde a Ao optarmos pelas mediações, é neces-
perspectiva das mediações sócio-culturais que sário tomá-las em suas articulações com o
envolvem a comunicação na contemporanei- universo midiático, a fim de respeitar as de-
dade, que dão sentido à “atualidade”. limitações de nosso campo de etudos. Caso
Ampliemos o nosso olhar “dos meios às contrário, corremos o risco da dispersão.
mediações” e tentemos equalizar nossas dife- Poderemos cair em um fosso que nos levará
rentes conotações desse termo, “mediações”, não à interdisciplinaridade, mas à extradisci-
que pode ser encarado como algo mais do plinaridade. E, com isso, ficaremos sem iden-
que uma contraposição do objeto “mídia”. tidade. Interessa-nos, pois, uma abordagem
Na perspectiva de Ferrara, o termo “media- complexa de nosso campo. Não nos cabe o
ções” se aplica à comunicação não midiatiza- reducionismo da fragmentação disciplinar.
da, como é o caso da comunicação interpes- No entanto, o movimento interdisciplinar
soal, em que predomina a linguagem verbal; não deve nos conduzir a uma dispersão caó-
ou mais precisamente, oral. Nesse sentido, tica, a um “vale tudo”. Nossa caminhada epis-
abre-se um enorme leque para os estudos de temológica passa pelo caminho da dialética.

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