Você está na página 1de 3

FONSECA, Selva.

A incorporação de diferentes fontes e linguagens no ensino de


História. In.: Didática e Prática de Ensino de História. Campinas, SP: Papirus, 2003,
p. 163- 241.

 Tornou-se prática recorrente na educação escolar, no ensino e na pesquisa


desenvolvidos na Universidade o uso de imagens, obras de ficção, artigos de
jornais, filmes e programas de TV, no desenvolvimento de vários temas.
Trata-se de uma opção metodológica que amplia o olhar do historiador, o
campo de estudo, tornando o processo de transmissão e produção de
conhecimentos interdisciplinar, dinâmico e flexível. (p. 163)
 Ao incorporar diferentes linguagens no processo de ensino de história,
reconhecemos que não só a estreita ligação entre os saberes escolares e a
vida social, mas também a necessidade de (re) construirmos nosso conceito
de ensino e aprendizagem. (p. 164)
 O discurso histórico e o literário tem em comum o fato de ambos serem
narrativos. O discurso histórico visa explicar o real por meio de um diálogo
que se dá entre o historiador e os testemunhos, os documentos que
evidenciam o acontecido. Com base nesse diálogo o pesquisador explicita o
real em movimento, a dinâmica, as contradições, as mudanças e as
permanências. A obra literária não tem compromisso, nem a preocupação de
explicar o real, nem tampouco provar os fatos. (p.165)
 A leitura de textos literários, reservando as especificidades artísticas, pode
nos oferecer pistas, referências do modo de ser, viver e agir das pessoas, dos
valores e costumes da época. É uma fonte /documento/ evidência que auxilia
no desvendar da realidade, as mudanças menos perceptíveis, os detalhes
sobre lugares e paisagens, as mudanças naturais, os modos de Homem
relacionar-se com a natureza em diferentes épocas. (p.165-166)
 Concluindo, a literatura, como linguagem constitutiva da realidade social,
expressa contradições, relações sociais e culturais ao problematizar a
realidade, oferece ao historiador, ao professor e aos alunos pistas e
propostas reveladoras da identidade social coletiva. Cabe a nós explorá-la de
forma criativa, combinando fontes e formas tais como as apresentadas
anteriormente. (p 171)
 A matéria do poeta, assim como a do historiador , é a história humana que se
desenrola nos diversos espaços da nossa vida. A poesia, assim como a
história, não pode ser uma traição à vida. Poetas e historiadores cantam e
contam a experiência humana, especialmente daqueles que não tem voz.
Assim, acreditamos que história e poesia na sala de aula são manifestações
da vida, da existência humana. Uma não pode ser alheia à outra. (p. 174)
 Assim, incorporar poemas e crônicas representa uma possibilidade de buscar
outras formas de acesso a níveis de historicidade. São outras possibilidades
de olhas temas, fatos, questões, sujeitos e práticas sociais e culturais. (p.175)
 Acreditamos que o processo de ensino e aprendizagem em história numa
perspectiva inter e transdisciplinar amplia o diálogo com outras áreas do
conhecimento, outras manifestações da experiência humana. Vida, poesia e
história - dimensões do nosso viver...Recuperar essa totalidade é valorizar
nossa existência, libertar nossos sentimentos, nossos pensamentos. A
escola, espaço de viver e pensar, não pode ficar alheia à poesia. (p. 178)
 A incorporação do cinema, numa perspectiva interdisciplinar tem possibilitado
a abordagem e o debate de diferentes concepções de história e geografia na
sala de aula. Isso, sem dúvida, concorre para desenvolver nos alunos o
interesse pelas disciplinas, como ciências em construção, no seio das quais
convivem leituras divergentes acerca da realidade social em diferentes
tempos e espaços. (p. 179)
 A utilização de documentário no processo de ensino requer, a nosso ver,
algumas considerações metodológicas. Primeiramente entendemos que ao
programar o curso (conteúdos e metodologias), é preciso pensar numa
seleção de filmes e textos que se relacionem com as diferentes temáticas. (p.
180)
 Durante muito tempo, várias formas de registro da experiência humana forma
ignorados pelos historiadores - dentre elas a imprensa. Com o passar do
tempo o avanço tecnológico tornou a imprensa periódica um dos principais
meios de (in) formação dos povos. Pesquisadores, professores e alunos
estão mergulhados, hoje, num elevado nível de informação proveniente do
mundo inteiro, transmitida por poderosos aparelhos de comunicação em
massa. Assim, no atual contexto, não é mais possível uma atitude de
omissão, negação ou mesmo desprezo por parte do professor em relação à
imprensa periódica. (p. 213)
 A imprensa fornece materiais provenientes de diversas fontes, possibilitando,
por exemplo, a análise de pontos de vista de diversos autores, especialistas e
testemunhas da história. Permite aquisição de dados estatísticos sobre
diversos aspectos da realidade e a reconstituição histórica de fatos, sobretudo
do nosso passado recente. Apresenta imagens fotográficas, histórias em
quadrinhos, charges, crônicas, mapas, poesia, canções e dossiês sobre
diversos assuntos que constituem objeto do ensino de história. Inúmeras
experiências apontam o valor didático da imprensa para a formação dos
jovens. Em todas as áreas do currículo escolar é possível desenvolver
atividades interdisciplinares que favoreçam a formação de leitores críticos, o
debate e o estudo da história, sobretudo da história imediata. (p. 215)
 Os museus são, frequentemente, lembrados como “locais”, “espaços
culturais” que cuidam da preservação da memória dos povos. Os museus
constituem importantes espaços de aprendizagem, contribuindo
significativamente para o conhecimento, o respeito e a valorização do
patrimônio sócio-histórico e cultural dos povos. (p. 224)

Você também pode gostar