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Ano Letivo de 2016/2017

Curso Profissional Técnico de


Mecatrónica

ELETRICIDADE E ELETRÓNICA

SEBENTA
MÓDULO 10
OSCILADORES

12º ANO – TURMA D


22-04-2017

Professor António Fernando Coelho Pinto


1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS CIRCUITOS OSCILADORES

1.1. DEFINIÇÃO DE OSCILADORES


É todo circuito que possui a propriedade de fornecer um sinal alternado (CA), a partir de uma tensão
contínua (CC) de alimentação.
É importante frisar que este tipo de circuito não converte tensão CC para CA, e sim fornece um sinal
alternado como resultado de certos fenômenos que serão abordados a seguir. A tensão CC deve ser
aplicada como alimentação do circuito, apenas como polarização dos componentes envolvidos.

Pode-se dividir os osciladores em dois grandes grupos:

1.1.1. Osciladores sinusoidais


São aqueles que geram onda sinusoidal:
 RC – utilizam resistores e capacitores na sua rede de realimentação e são aplicados em circuitos
que necessitam de sinais de freqüências mais baixas.
Ex.: Duplo T, Ponte de Wien, de Defasagem.

 LC – utilizam indutores e capacitores na sua rede de realimentação e são aplicados em circuitos


que necessitam de sinais de freqüências mais elevadas.
Ex.: Colpits, Hartley, Armstrong, Clapp.

 Cristal – utilizam cristais de quartzo para gerar sinais com valores de frequência altamente
estáveis.

1.1.2. Osciladores não-sinusoidais


São aqueles que geram ondas não sinusoidais (quadrada, triangular, pulsos, etc...).

Esses osciladores possuem como célula básica o oscilador de relaxação que gera sinais do tipo
dente-de-serra, possibilitando a obtenção das outras formas de onda.

Dentre as inúmeras aplicações, pode-se citar as seguintes:

 Telecomunicações: fonte de freqüência portadora em transmissores e receptores de rádio (AM,


FM), TV, radar, etc;
 Medição e equipamento: geradores de varredura, geradores de áudio, RF, etc;
 Áudio: polarização para gravação, servo controles para toca discos;
 Sistemas digitais: geração de base de tempo (clock);
 Circuitos eletrônicos em geral: clock para timmer, controles seqüenciais, alarmes, etc.

Os osciladores senoidais representam a maior parte das aplicações em eletrônica analógica, o que justifica
o detalhamento do princípio básico de funcionamento deste tipo de estruturas.

2.2. OSCILADORES SINUSOIDAIS

Em sistemas de rádio, osciladores senoidais geram a frequência da portadora de transmissores e alimentam


estágios misturadores que convertem sinais de uma frequência para outra. Numa extensão pequena, mas
crescente, essas aplicações podem também serem desempenhadas por osciladores de onda quadrada e
sintetizadores, mas para maior parte de aplicações, osciladores senoidais são fontes de sinais bastante
econômicas.

Basicamente, os osciladores senoidais são circuitos que, através de amplificação e realimentação, dão uma
onda senoidal de saída. Seu elemento ativo é normalmente um simples transístor, AMP-OP ou FET e a
frequência de operação é determinada por um circuito sintonizado (ou um cristal pizoelétrico) na malha

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de realimentação. Existem muitos tipos de circuitos osciladores, alguns fatores que entram na escolha de
um circuito oscilador para uma aplicação particular inclui:
1. Frequência de operação;
2. Potência de saída;
3. Estabilidade de frequência;
4. Estabilidade da amplitude da onda de saída;
5. Pureza da forma de onda;
6. Probabilidade de não ocorrer outros modos de oscilação.

O que faz um circuito oscilar? O critério para oscilação pode ser estabelecido em várias rigorosas e
equivalentes formas. Primeiro, um oscilador contém um elemento ativo de duas portas devendo possuir
uma malha de realimentação por onde parte do sinal de saída é aplicado na entrada.

Se o sinal de realimentação é maior que, e está em fase com a entrada, oscilações começam e crescem em
amplitude até que a saturação reduza o ganho através da malha de realimentação para a unidade.
Portanto, critério um é aquele que o circuito oscila quando a malha de realimentação está presente,
provendo no mínimo um ganho de realimentação igual a unidade de deslocamento de fase igual a zero.

3. TEORIA BÁSICA DA OSCILAÇÃO SENOIDAL

O diagrama de blocos apresentado a seguir mostra um amplificador que possui um ganho “A”, e uma rede
de realimentação com ganho B dependente da freqüência. A saída VS fornece a tensão senoidal gerada
pelo oscilador. O oscilador pode iniciar sua oscilação a partir dos passos a seguir:

Amplificador e rede de realimentação

Primeiramente, supõe-se as chaves “S1” e “S2”abertas e a saída VS = 0.


Ao fechar a chave “S1”, aplica-se uma tensão de excitação (na entrada), então, instantaneamente
tem-se:

VS  A  VE
VR  A  B  VE

Fechando a chave “S2” e abrindo “S1”, VR é aplicada na entrada do amplificador. Para que a tensão
de saída não varie em relação ao passo anterior, é necessário que:

VR  VE

Neste caso, duas condições devem ser observadas, os chamados “Critérios de Brakhausen”:

1) O ganho de malha fechada deve ser igual a um  A  B  1


2) A defasagem total da malha deve ser igual a 00, ou seja, se o amplificador for inversor, a rede de
realimentação também deve defasar 1800.

Se o primeiro critério não for observado, ocorrerá o seguinte:

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A  B  1  A  B  VE  VE 

Produto A.B > 1

A  B  1  A  B  VE  VE 

Produto A.B < 1

A tensão de entrada por ser apenas utilizada na “ignição” do sistema, é chamada de “tensão de partida”.
Na prática, a utilização de uma tensão de partida é inviável, pois exigiria circuitos ou equipamentos extras
para obter as oscilações. O que realmente acontece é que os osciladores utilizam a tensão de ruído inerente
a qualquer circuito eletrônico como tensão de partida. A tensão de ruído apresenta uma composição
harmônica muito rica, ou seja, é composta pela somatória de infinitas senoides de freqüências diferentes
e amplitudes muito pequenas.
Como já foi mencionado anteriormente, o ganho da rede de realimentação é dependente da freqüência e
então apenas uma dessas harmônicas atenderá aos critérios de Barkhausen, gerando oscilações neste
valor. Para garantir uma oscilação em níveis de tensão utilizáveis, é necessário fazer com que o produto
(A.B) seja um pouco maior que a unidade, no início do processo da oscilação. Assim, existirá a tendência de
elevação do valor da tensão até que ocorra a saturação do amplificador. Neste momento o produto (A.B)
torna-se igual a um e as oscilações estabilizam sua amplitude.

Produto A.B

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4. OSCILADOR COLPITTS A TRANSÍSTOR

O oscilador Colpitts a transístor pode ser implementado como mostra a figura abaixo. A freqüência
do circuito é determinada pela equação abaixo:

1
fo 
2 LC EQ
C1C 2
C EQ 
C1  C 2

4.1. OSCILADOR COLPITTS COM AMP-OP

A figura acima mostra um circuito oscilador Colpitts empregando um amp-op como elemento ativo.
Novamente, o amp-op fornece a amplificação necessária, e a freqüência do oscilador é determinada pelo
circuito de realimentação LC, de uma configuração Colpitts.

A frequência do circuito é determinada pela equação abaixo:


1
fo 
2 LC EQ
C1C 2
C EQ 
C1  C 2

5. Oscilador Hartley

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Se os elementos do circuito ressonante da Fig. 2.9 são X1 e X2 (indutores), e X3 (capacitor), o circuito é um
oscilador Hartley.

Oscilador Hartley a transístor

A figura acima mostra um circuito oscilador Hartley a TBJ. O circuito opera na freqüência determinada
pela Equação abaixo

Oscilador Hartley com AMP-OP

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6. Oscilador Clapp
O circuito oscilador de Clapp utiliza um amplificador de emissor comum, conforme se verifica no esquema
de ligações abaixo. Do ponto de vista do sinal, a bobina encontra-se em paralelo com os condensadores C1
e C2 e em série com C3 .

A frequência de oscilação é dada pela expressão:

1
f 
2  L  Ceq
Visto que os três condensadores estão ligados em série, temos:

1 1 1 1
  
Ceq C1 C2 C3

Se os valores das capacidade dos condensadores C1 e C2 forem mais elevadas do que C3 , então pode-se
considerar que Ceq  C3 , pelo que a expressão de cálculo simplifica-se para:

1
f 
2 L  C3

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O CIRCUITO INTEGRADO 555

INTRODUÇÃO
O temporizador 555 é um dos componentes mais utilizados em projectos de circuitos electrónicos, tanto
na indústria como em instrumentação laboratorial.

Quadro de Identificação dos Pinos do LM555

pino n.º designação designação sigla


(português) (inglês) (EWB)
1 massa ground GND
2 trigger trigger TRI
3 saída output OUT
4 reset reset RES
5 controlo control CON
6 limiar thershold THR
7 descarga discharge DIS
8 +Vcc +Vcc VCC

Oscilador monoestável com o C.I. 555


O C.I. 555 pode ser utilizado como temporizador, oscilador controlado por tensão (VCO), oscilador astável,
oscilador monoestável, modulador em largura de impulso (PWR), entre muitas outras aplicações. Como
oscilador monoestável, o tempo (T) em que a saída se mantém no nível alto é dado pela seguinte expressão:

𝑻 = 𝟏, 𝟏 × 𝑹 × 𝑪

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Oscilador astável com o C.I. 555

O temporizador 555 é o componente principal de um dos circuitos electrónicos mais utilizado em


instrumentação: o multivibrador astável. Este circuito serve para gerar sinais rectangulares com dois
intervalos de tempo distintos: T1 (intervalo de tempo em que o sinal permanece no estado alto) e T 2
(intervalo de tempo em que o sinal permanece no estado baixo).

Este circuito pode ser utilizado como um temporizador genérico ou como um gerador de onda quadrada
quando o valor da resistência RB for muito maior que o valor da resistência RA (RB>> RA) entre outras
aplicações práticas.

O intervalo de tempo (T1) em que o sinal de saída se mantém no nível alto e o intervalo de tempo (T2) em que o
sinal de saída se mantém no nível baixo são dados pelas respectivas expressões:
T1  0,693  RA  RB   C T2  0,693  RB  C
O período T da onda da tensão UO é a soma dos intervalos de tempo T1 e T2 e pode ser calculado
recorrendo à seguinte expressão:

T  0,693  ( R A  2  RB )  C
Outros parâmetros a considerar são a frequência (f) e o ciclo de trabalho (CT 1), dados pelas seguintes

1,44
f 
( R A  2  RB )  C
expressões:

R A  RB
CT1 
R A  2  RB

Dados do circuito:

+Vcc=5V

RA=6,8k

RB=3,3k

C=0,1F

C1=0,01F

Forma de onda da tensão Uo:

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