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A ELIPSE É UMA ONDA

Rui Lima

INTRODUÇÃO distâncias de um ponto P(x, y) da elipse aos focos,


Quando enrolamos uma folha de papel retangu- com a e c reais positivos, tais que a > c, temos
lar num cilindro circular reto e, em seguida, o sec-
x2 y2 2 2
cionamos obliquamente, obtemos no cilindro uma 2
 2  1, com a e b  a  c .
a b
elipse e na folha de papel, quando desenrolada, uma
onda senoidal. A onda senoidal é a representação gráfica do des-
locamento y em função da posição x na dimensão
em que a onda se propaga, definida por
y = A . sen (ω . x + φ0),
com x e y medidos em cm, em que
- A, número real, é a amplitude da onda, medida
em cm;
- ω é a velocidade angular, medida em radianos
por segundo; e
- φ0 é a constante de fase, medida em radianos,
A elipse é o conjunto de pontos do plano cuja que caracteriza as condições iniciais.
soma das distâncias a dois pontos fixos F1 e F2, cha- Um fato interessante é que, quando obtemos uma
mados focos, é constante e maior que a distância elipse como secção de uma superfície cilíndrica cir-
entre F1 e F2. Considerando, num plano cartesiano cular, existe uma correspondência entre os pontos
x0y, os focos F1(c; 0) e F2(– c; 0) e 2a a soma das dessas duas curvas.

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A elipse é uma onda

A elipse é uma secção cônica, visto que pode ser P


obtida pela interseção entre a superfície lateral de um
cone circular reto e um plano oblíquo ao eixo do cone, x
mas também pode ser obtida, da mesma forma, num θ0
cilindro circular reto, como mostraremos a seguir.
P’ x’ Q

A interseção do plano α com a superfície cilíndri-


ca é uma circunferência de equação (x’)2 + y2 = R2,
no plano cartesiano x’0y, mas x’, = x . cos(θ0), portanto

 x  cos0 
2
 y 2  R2
x2 y2
2
 1
 R  R2
 
 cos0 
ELIPSE COMO SECÇÃO
DE UM CILINDRO CIRCULAR que representa a equação de uma elipse no plano
cartesiano x0y.
Considere uma superfície cilíndrica circular de
raio R, altura H e eixo e, os planos secantes α e β per- TRANSFORMANDO A ELIPSE
pendiculares e oblíquos ao eixo e, respectivamente, NUMA ONDA SENOIDAL
θ0 o ângulo agudo formado por α e β e os sistemas
cartesianos bidimensionais x0y, em β, e x’0y, em α, Planificando a superfície cilíndrica de raio R e
como mostrado na figura abaixo. altura H obtemos um retângulo, de dimensões 2πR
l  (l  1)K  2021  al
e H. Representando este retângulo num plano carte-
e’
l  (l  1)K   2021 Korigem
 sianol  1com al 2  l e h, em que K é um dos
2021K e eixos
al
pontos de interseção da superfície cilíndrica com o

y
  l  1K  eixo 2
2021y, o aeixo
l l
está associado ao comprimento do
P
arco PʹK e o eixo h à medida do segmento PPʹ, e en-
contramos h = x ∙ senθ ∙ 0 no triângulo PPʹQ.
β P’
R Q h
O e’
α x’
θ0

x y
P
K
β P’ h
l  (Ql  1)K  2021  al
R
Sendo P(x; y) um ponto qualquer da interseção O
entre o plano do plano β e a superfície cilíndri- α
θ0
  l  1K  2021  ax’l 2  l

ca, P’(x’; y) a projeção ortogonal sobre o plano α


e Q(0; y) projeção ortogonal de P o eixo y, no triân- x
gulo PP’Q, retângulo em P, temos x’ = x . cosθ0.

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