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Complementação Pedagógica

Coordenação Pedagógica – IBRA

DISCIPLINA

CÁLCULO III
Sumário

1- Introdução ----------------------------------------------------------------------------------- 1

2- Aplicações da Integral Definida ------------------------------------------------------ 3

3- Comprimento de arco de curva das Equações Paramétricas---------------5

4- Cálculo de comprimento de arco ---------------------------------------------------- 6

5- Cálculo da área de um sólido de revolução ---------------------------------------7

6- Cálculo do volume de um sólido de revolução -------------------------------- 12

7- Coordenadas polares: gráficos ------------------------------------------------------ 14

8- Cálculo de comprimento de arco em coordenadas polares--------------- 19

9- Cálculo de áreas planas em coordenadas polares -------------------------- 20

10- Gráfico de Funções de Duas Variáveis----------------------------------------- 22

11- Referências Bibliográficas --------------------------------------------------------- 24


1

1. Introdução

Os conceitos básicos de função, limite, derivada e integral, temas que serão


abordados em nosso curso de Cálculo Diferencial e Integral III – ganharam
uma conceituação mais elaborada e abriram espaço para progressos
extraordinários na Matemática iniciada pelos gregos antigos, como Euclides e
Arquimedes. Com o advento da Teoria dos Conjuntos, desenvolvida por Greg
Cantor no final do século XIX, esses conceitos adquiriram uma nova
conceituação mais geral e ampliada, utilizada ainda hoje em todos os campos
da Matemática. Para iniciarmos o nosso curso, vamos refletir sobre o conceito
do que é função de uma variável, considerando-se seus aspectos históricos.

O conceito de função segundo Leibniz

Segundo o professor Howard Eves, em seu livro “Introdução a História da


Matemática”, o termo função é um “exemplo interessante da tendência dos
matemáticos em querer generalizarem e ampliar conceitos”. Segundo ele,
Leibniz por volta de 1694, parece ter introduzido a palavra função. Para
Leibniz, a função servia para expressar uma quantidade associada a uma reta
ou curva qualquer, como por exemplo, as coordenadas de um ponto de uma
curva.

Vejamos um exemplo, utilizando alguns “ingredientes atuais”, para o conceito


de função de uma variável, segundo Leibniz.
2

Na figura, o par ordenado (1;2) representa as coordenadas x e y do ponto P, na


linha f. A linha f (conjunto) é formada por um conjunto de pontos(= elemento
geométrico). O conjunto de pontos que formam a linha f é o conjunto de pares
ordenados (elemento algébrico) que definem todos os pontos que forma linhaf.

Podemos resumir a conceituação do que era uma função de uma variável para
Leibniz no quadro abaixo:
3

2. Aplicações da Integral Definida

Estudamos a integral definida e analisamos uma importante aplicação


que é o cálculo de Área de regiões planas.

Agora, outras aplicações da integral definida serão discutidas.

Comprimento de arco em coordenadas cartesianas

Seja f uma função suave (f e sua derivada f ’ são contínuas) em [a,b]. O


comprimento de arco do gráfico de f de A(a,f(a)) à B(b,f(b)) é dado por:

b
1  f ' x  dx
2
L
a
4

Obs: Podem ocorrer situações em que a curva é dada por x = g(y) em vez de y
= f(x). Neste caso, o comprimento do arco da curva de A(g(c),c) até B(g(d),d) é
dado por:

L   1  g' y dy
2

c
5

3. Comprimento de arco de curva das Equações Paramétricas

Vamos calcular o comprimento de arco de uma curva C, dada na forma


paramétrica pelas equações.

x x(t)

y  y(t), t  t 0 , t1 



onde x = x(t) e y = y(t) são contínuas com derivadas contínuas e x’(t)  0 para
t  t 0 , t1 
todo







Neste caso, conforme vimos, estas equações definem uma função y =


dy y'(t)
f '(x)   .
f(x), cuja derivada é dada por dx x'(t) Segue então, através de uma
substituição, que:

1   y'  t  x'(t) dt


b t1 2

L   1  f ' x  dx  
2

a t0 x'(t)  ,
6

Onde, t0 = a e t1 = b.

Portanto,

t1

L  x'(t) 2
 y' t 2
dt
t0
.

4. Área de uma região plana

Vamos calcular área de uma região plana, sendo que as curvas que
delimitam a região são dadas na forma paramétrica.

Conforme vimos anteriormente, a área é dada por:

b b

A   f (x) dx   y dx
a a .
7

Fazendo a substituição x = x(t) e dx = x’ (t) dt, obtemos:

t1

A   y(t).x'(t) dt
t0
.

5. Volume de um Sólido de Revolução

Fazendo-se uma região plana girar em torno de uma reta do plano, o


sólido resultante é chamado sólido de revolução. A reta em torno da qual se
processa a revolução é chamado eixo de revolução.

Por exemplo, fazendo a região limitada pelas retas y = 0, y = x e y = 4


girar em torno do eixo dos x, o sólido de revolução obtido é um cone.
8

Se o retângulo delimitado pelas retas x = 0, x = 1, y = 0 e y = 3 girar em


torno do eixo dos y, obtemos um cilindro.

Consideremos agora, o problema de definir o volume do sólido T, gerado


pela rotação em torno do eixo dos x, da região plana R.
9

Seja f contínua em [a,b]. O volume V do sólido de revolução gerado pela


rotação da região delimitada pelos gráficos de f, de x = a, x = b e do eixo x é
dado por:

V  . f x  dx
2

a . (*)

A fórmula (*) pode ser generalizada para outras situações:

I – A região R está entre os gráficos de duas funções f(x) e g(x) de a até b.

Supondo f(x)  g(x),  x  [a,b], o volume do sólido T, gerado pela


rotação de R em torno do eixo dos x, é dado por:
10

 
b
V  . f  x  g x dx
2 2

II – Ao invés de girar ao redor do eixo dos x, a região R gira em torno do


eixo dos y.

Neste caso, temos:

V  . gy  dy .
2

c
11

III – A rotação se efetua ao redor de uma reta paralela a um dos eixos


coordenados.

Se o eixo de revolução for a reta y = L, temos:

V  . f x   L dx
2
.
a

Se o eixo de revolução for a reta x = M, temos:

V  . gy   M dy .
2

c
12

6. Área de uma Superfície de Revolução

Quando uma curva plana gira em torno de uma reta no plano, obtemos
uma superfície de revolução.

Vamos considerar o problema de determinar a área da superfície de


revolução S, obtida quando uma curva C, de equação y = f (x), x  [a,b], gira
em torno do eixo dos x (ver Figura a seguir).
13

Definição: Seja C uma curva de equação y = f (x), onde f e f ’ são funções


contínuas em [a,b] e f (x)  0,  x  [a,b]. A área da superfície de revolução S,
gerada pela rotação da curva C, ao redor do eixo dos x, é definida por:

A  2. f (x). 1  f ' x  dx .


2

OBS: Se a curva girar em torno do eixo dos y, a área será dada por:

A  2. g(y). 1  g' y  dy


2

c
14

7. Coordenadas Polares

No sistema de coordenadas polares, as coordenadas consistem de uma


distância e da medida de um ângulo em relação a um ponto fixo e a uma semi-
reta fixa.

A Figura a seguir ilustra um ponto P num sistema de coordenadas


polares.

O ponto fixo, denotado por O, é chamado polo ou origem.

O ponto P fica bem determinado através do par ordenado (r,), onde r
representa a distância entre a origem e o ponto P, e  representa a medida, em
radianos do ângulo orientado AÔP.

OBS: )  > 0  o ângulo AÔP está descrito no sentido anti-horário.


15

II)  < 0  o ângulo AÔP está descrito no sentido horário.

III) (0, ), , representa o polo ou origem.

As coordenadas polares (r,) estabelecem a posição do ponto P em


relação a uma grade formada por círculos concêntricos com centro em O e
semirretas partindo de O:

Conversão de coordenadas polares

(x,y) : coordenadas cartesianas

x
16

Ás vezes pode ser necessário converter a representação cartesiana para


a polar; ou vice-versa. Para visualizar isto, fazemos a origem do primeiro
sistema coincidir com o polo do segundo sistema, o eixo polar com o eixo

positivo dos x e o raio para o qual   com o eixo positivo y.
2

Supondo que P seja um ponto com coordenadas cartesianas (x, y) e


coordenadas polares (r, ), vamos analisar o caso em que o ponto P está no
primeiro quadrante.

Observemos que:

1) r > 0  cos  = ca  x e sen  = co  y


h r h r

x  r.cos 
 (*)
y  r.sen

2) r < 0  cos  = ca   x  x e sen  = co   y  y


h r r h r r
Elevando (*) ao quadrado e somando ambos temos:
17

x² + y² = r².cos² + r².sen² = r².(cos² + sen²) = r².

r= x 2  y2 .

OBS : tg  = y / x   = arct (y/x).

Gráficos de Equações com Coordenadas Polares

O gráfico de F(r, ) = 0 é formada por todos os pontos cujas


coordenadas polares satisfazem a equação. É comum apresentarmos a
equação numa forma explícita; isto é, r = f ().

Os seguintes procedimentos poderão nos auxiliar no esboço do gráfico:

I) Construir uma tabela a partir de valores de  (0,  ,  ,  ,  , ... )


6 4 3 2
selecionados;

II) Encontrar os valores de  para os quais a curva passa pelo polo;

III) Verificar simetria. A simetria do gráfico de uma equação polar pode ser
frequentemente constatada fazendo-se substituições convenientes na equação
e testando para ver se a nova equação é equivalente à original. A tabela
seguinte mostra algumas substituições que acarretam a simetria indicada.
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Substituições Simetria
(r, ) por (r, - ) Eixo - x
(r, ) por (- r, ) Origem
(r, ) por (r,  - Eixo - y
)

Comprimento de arco em coordenadas polares

O comprimento de arco da curva por r = f () entre  =  e  =  é dado


por

L f '()2  f 2 d




desde que f ’ exista e seja contínua no intervalo [,].

Áreas em Coordenadas Polares

Queremos encontrar a área A, da Figura delimitada pelas retas  =  e 


=  e ela curva r = f (), que é dada por:
19



1
 2 

A 
2. f

d













8. Função de Duas Variáveis

Uma função real f de duas variáveis é uma relação que a cada par
ordenado de números reais (x, y) associa um único número real f (x, y).

Função de Três Variáveis

Uma função real f de três variáveis é uma relação que a cada terna
ordenada de números reais (x, y, z) associa um único número real f (x, y, z).

Função de n Variáveis
20

Uma função real f de n variáveis é uma relação que a cada n-upla


ordenada de números reais (x1, x2, ...,xn) associa um único número
real f (x1, x2, ..., xn).

9. Domínio de Funções de Duas Variáveis

O domínio de uma função de duas variáveis é, em geral, representado por


uma relação binária. A representação do domínio pode ser dada lógica ou
graficamente.

Exemplo

Determina e representa graficamente o domínio de cada função:


a. g(x, y )  lnx 2  y  b. f (x, y )  3x 2 y  1

Solução:

a. f (x, y )  lnx 2  y  está definida somente para x 2  y  0 , ou seja, yx2.

Assim sendo Dom(f )  {(x, y )  IR2 | y  x2 } .

Na representação gráfica do domínio usamos o fato de que a curva


y  x 2 separa a região onde y  x 2 da região onde y  x 2 . Para determinar a

região onde y  x 2 , podemos selecionar um “ponto teste” fora da fronteira


21

y  x 2 e verificar se y  x 2 ou y  x 2 no ponto-teste. Por exemplo, se

x, y   0,1, então 1  02 não é uma relação verdadeira. Logo, este ponto não

está na região onde y  x 2 . A região correspondente ao domínio é aquela que


não contém o ponto teste.

Representação gráfica do

domínio da f 


 x
b. Como f (x, y )  3x 2 y  1, devemos ter y 0. Assim,
y
Dom(f )  {(x, y )  IR2 | y  0}

Representação gráfica do

domínio da f  y0




x
22

10. Gráfico de Funções de Duas Variáveis

A representação gráfica de funções reais de duas variáveis gera


superfícies no IR3. Em geral, essa representação pode se tornar bastante
complexa sem o auxílio de uma ferramenta computacional. No entanto, há
alguns casos que são importantes de serem lembrados:

Equação Superfície Exemplo


Gerada

z  ax  by  c Plano.

z  ax 2  by2  c Parabolóide
elíptico.
23

z  ax 2  by2  c Parabolóide
hiperbólico.

z  r 2  x2  y 2 Metade de uma
superfície
esférica de raio r.

z x 2  y2

Metade de uma
superfície cônica.
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11. Curvas de Nível

Uma outra forma de se visualizar funções de duas variáveis é um


método semelhante ao da representação de uma paisagem tridimensional por
meio de um mapa topográfico bidimensional. Vamos supor que a superfície
z  f (x , y ) seja interceptada por um plano z  k , e a curva de intersecção seja

projetada no plano xOy . Essa curva tem equação f (x , y )  k e é chamada de

curva de nível (ou curva de contorno) da função f em k .

Ck = (x, y )  2 / f (x, y )  k

y
0

As curvas de nível de uma função f de duas variáveis são gráficos no


plano xOy de equações da forma f (x , y )  k .
25

O conjunto de curvas de nível é chamado mapa de contorno.

Todos os pontos (x , y ) que estão na mesma curva de nível têm a


mesma imagem z .

No caso de f (x , y ) representar uma grandeza física, as curvas de nível


ganham particular importância, recebendo inclusive denominações específicas.

 Se f (x , y ) é a temperatura no ponto (x , y ) de uma chapa plana, as


curvas f (x , y )  k são chamadas de isotérmicas ou isotermas.

 Se f (x , y ) é a pressão de um gás de volume x e temperatura y ,


as curvas são chamadas de isobáricas ou isóbaras.

 Se f (x , y ) é o potencial (elétrico ou gravitacional) na região D do

plano xOy então as curvas f (x , y )  k são chamadas


equipotenciais.

Exemplo

Seja a função dada por z = x2 + y2

As curvas de nível para z = 0, z =1, z = 2 e z = 4 são:

z = 0  x2 + y2 = 0 (x = y = 0 )
26

z = 1  x2 + y2 = 1 (circunferência de centro C(0,0) e raio 1)

z = 2  x2 + y2 = 2 (circunferência de centro C(0,0) e raio 2)

z = 4  x2 + y2 = 4 (circunferência de centro C(0,0) e raio 2)

Observação: As curvas de nível nunca se interceptam

Gráfico da Função (Parabolóide Elíptico)

Observação: As funções de três ou mais variáveis não podem ser


representadas graficamente.
27

12. Referências Bibliográficas

ANTON, H. Cálculo – um novo horizonte. V. 1. 6 ª ed. Bookman: PortoA legre.


2.000.

EDWARDS JR., C.H. & PENNEY, D.E. Cálculo com geometria analítica. V. 1
e 2. 4ª ed.Prentice Hall: Rio de Janeiro. 1997.

FLEMMING, D.M. & GONÇALVES, M.B. Cálculo A. 5ª ed. McGraw- Hill: São
Paulo. 1992.

FLEMMING, D.M. & GONÇALVES, M.B. Cálculo B. 2ª ed. McGraw- Hill: São
Paulo. 1999.

GUIDORIZZI, H.L. Um Curso de Cálculo. V. 1. 2ª ed. LTC: Rio de Janeiro.


1987.

GUIDORIZZI, H.L. Um Curso de Cálculo. V. 2. 2ª ed. LTC: Rio de Janeiro.


1987.

GUIDORIZZI, H.L. Um Curso de Cálculo. V. 3. 2ª ed. LTC: Rio de Janeiro.


1987.

LEITHOLD, L. O Cálculo com Geometria Analítica. V. 1 e 2. 2ª ed. Harbra:


São Paulo. 1986.

SWOKOWSKI. Cálculo com Geometria Analítica. V. 1 e 2. 2ª ed. McGraw-Hill:


São Paulo. 1984.

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