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DIAGNÓSTICO

UCRANIANO
Automotivo avançado

OSCILOSCÓPIO ANALISADOR DE
MOTOR, IGNIÇÃO E TRANSDUTORES
POR DIOGO VIEIRA
Treinamento Erechim – RS

Diagnóstico Avançado ignição, transdutores e novas técnicas ucranianas de diagnóstico


Objetivo: Análise de motores ciclo Otto com sensores de pressão ligados a um osciloscópio e sistemas de ignição.

Conteúdo do treinamento: Princípios físicos de eletricidade aplicada, velas de ignição e testes, geração de alta tensão, tipos
de bobinas e seus acionamentos, sinal de secundário, definição do conceito físico de pressão, definição de pressão
atmosférica, pressões de referência, medidores mecânicos de pressão, medidores eletrônicos e pressão, teoria de motores
de combustão interna, troca gasosa em motores atmosféricos, nomenclaturas de motor de acordo com a quantidade de
eixos comando de válvulas e tipos, sistema VVT-i, definição de overlap, operação básica do software emulador de
diagnóstico Autoscope IV, analise de pressão de cilindro sem combustão, diagnóstico de fluxo de gás e pressão com
gabaritop, analise de pressão de cilindro com combustão, diagnóstico de fluxo gasoso no escapamento, analises de misfires,
diagnóstico de pressão de coletor com sensor DX e pastilha piezoelétrica, diagnóstico de pressões via scripts de Andrey
Shulgin.

Pré-requisitos:

▪ Conhecimento básico de motores de combustão


▪ Noções básicas de osciloscópio
▪ Notebook com bateria, caneta para anotações

Sobre o curso:

▪ Abordagem pedagógica tradicional, com ênfase na teoria dos processos eletroeletrônicos e mecânicos, pois
entendemos que a grande dificuldade dos reparadores está em não entender os gráficos apresentados na tela, por
falta de base teórica e aprofundamento em alguns aspectos.
▪ Exercícios serão aplicados em sala de aula e uma posterior avaliação dos conhecimentos.
▪ Como o objetivo do treinamento é apresentar um conteúdo avançado, focaremos na parte teórica dos processos e
apresentação de estudos de caso com o emulador do software Autoscope IV.
▪ Curso aberto a qualquer participante, tendo ou não um analisador de motor. Os conceitos apresentados se
aplicam a qualquer equipamento.

Obrigações do aluno:

▪ Pontualidade, respeito aos horários propostos


▪ Proibido qualquer tipo de registro do conteúdo por meios eletrônicos (gravação de áudio ou vídeo)
▪ Celulares no modo “silencioso”
▪ Proibido atender ligações no ambiente de sala de aula, conversando paralelamente com o instrutor
▪ Manter o zelo pelo ambiente onde será ministrado o treinamento

Diogo Vieira. Projeto ACADEMIA DO DIAGNÓSTICO. Treinamentos EAD e presenciais.


https://autoscopebrasil.com.br
Programação:
✓ 24 horas de treinamento
✓ Dias 9 a 12 de Outubro de 2021
✓ Sexta das 13h às 17:30h
✓ Das 8h às 17:30h com pausa de 1h de almoço no domingo e na segunda
✓ Terça das 8h as 12h

Forneceremos:

▪ Apostila impressa
▪ Coffee pela manhã e tarde
▪ Certificados, sob mérito na avaliação de conhecimento individual (prova)

Onde será realizado:

Mecânica Telefor (54) 3321-5648 . Responsável: Lauro Rosset


https://maps.app.goo.gl/A4BMwYwhBBHfGqQu7

Segue anexo o material base de estudo, para leitura


preliminar. Na ocasião do evento, forneceremos esse
conteúdo impresso juntamente com o material
complementar de sala de aula.

Próxima turma prevista para 10 e 11 de Novembro de 2021


em São Jose dos Campos – SP na VR3 engenharia. Na
semana da feira Automec. Nesta turma, focaremos no
assunto de transdutores.

Diogo Vieira. Projeto ACADEMIA DO DIAGNÓSTICO. Treinamentos EAD e presenciais.


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Sinais elétricos
Sinal é toda onda que carrega uma informação. Os sinais de uma estação de rádio FM e os emitidos
por uma emissora de TV, além daqueles que chegam ao seu celular, sempre apresentam uma
informação (mensagem originada de um transmissor, direcionando-a a um ou mais receptores). Esses
sinais podem ser classificados de acordo com a natureza e com o formato do sinal na tela do
osciloscópio.
Quanto à natureza do sinal, podem ser de mais de um tipo, a saber.

▪ Sinal digital
Sinal em que se verifica uma onda que assume geralmente duas faixas de
tensão pré-definida: nível baixo e alto. Ou é ou não é. Também podemos
chamá-lo de sinal binário. Esses sinais são muito comuns na eletrônica. No
exemplo que segue, temos um sinal do sensor de fase (CMP) de um VW Gol.
O nível baixo assume um valor de zero volts e o nível lógico alto, um valor
de 5 volts.

▪ Sinal analógico
Sinal analógico é um sinal que pode assumir muitos valores em um
intervalo de tempo. O sinal do sensor de oxigênio é um bom
exemplo de sinal analógico. No exemplo dado, inserimos nossas
réguas de medida em vários pontos e obtivemos os resultados a
seguir.

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Quanto ao formato do sinal, podemos classificá-lo de acordo com algumas nomenclaturas, a saber.

6.3 Onda senoidal


A tensão alternada que chega às tomadas
de nossas casas é o exemplo mais simples
de uma tensão senoide. Esse sinal é
caracterizado apenas por dois parâmetros:
amplitude e frequência. No exemplo, a
linha zero volts está localizada exatamente
no meio do sinal. Uma onda senoide
obedece à função seno, assim como uma
onda cossenoide obedece à função
cosseno. Muitos dos sinais automotivos
são chamados erroneamente de senoide.
Um bom exemplo é o sinal gerado pelo sensor de rotação (CKP) do tipo indutivo em uma roda
fônica com 60-2 dentes. O sinal pode até parecer com uma senoide, mas na realidade não é, pelo
menos não uma senoide pura. Veja mais detalhes em nossas aulas na plataforma EAD.

Onda quadrada
Onda quadrada é uma onda muito comum às áreas de eletrônica e de processamento de sinais. Uma
onda quadrada perfeita alterna regularmente de nível baixo para nível alto. Nota-se na figura que as
áreas do quadrado são semelhantes em formato e em tamanho. A aplicação no automóvel é vasta,
não se limitando apenas a sinais de sensores e atuadores. Muitos sinais de chips, localizados dentro
das unidades eletrônicas, são considerados onda quadrada.

Onda triangular
Onda triangular é um tipo de onda não senoidal, a qual recebeu este nome devido ao formato
semelhante à figura geométrica triângulo.

Onda dente de serra


A onda dente de serra é um tipo de onda não senoidal, a qual recebeu este nome devido ao seu formato
semelhante aos dentes de uma lâmina de serra. O sinal cresce linearmente na linha de tempo para um
valor máximo e, em seguida, cai bruscamente para um valor mínimo. Na eletrônica, é encontrada em
osciladores, em conversores analógico-digitais e em outras aplicações.

Em nosso treinamento EaD, daremos mais exemplos de outros tipos de sinais, bem como
de suas aplicações na área automotiva e, claro, estudos de caso envolvendo a correta
interpretação desses sinais, além daqueles “defeitos cabulosos” que apareceram em nossa
oficina, responsáveis por gerar aulas com aquele conteúdo top! Não perca.

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Introdução à propriedade de ondas


Nesta obra, abordaremos superficialmente as características relacionadas a uma onda, já que nossa
intenção é realizar, de maneira geral, uma apresentação ao leitor leigo no assunto. Na plataforma de
ensino EaD, dispomos de uma aula que vai do básico ao avançado, em que os alunos podem adquirir
uma visão ampla do assunto e a possibilidade de testarem seus conhecimentos em uma prova.
Abaixo, encontraremos alguns conceitos de física, vistos no ensino médio. Uma novidade para alguns
e uma revisão para outros. Mas, fiquem tranquilos, não se assustem. Veremos como é fácil entendê-los,
já que na escola foi lhes apresentado tais conceitos sem aplicação prática.

Crista: ponto mais alto da onda.


Vale: ponto mais baixo da onda.
Amplitude: distância entre o eixo ao ponto mais alto
ou mais baixo da onda.
Período: distância que o sinal leva para completar
um ciclo antes de começar a se repetir.
Pico a pico: soma das duas amplitudes: da crista à linha de zero mais a do vale à linha de zero.

Frequência X Período
Um motor funcionando a 900
rotações por minuto (RPM) completa
15 rotações a cada segundo. Assim,
podemos afirmar, que o motor está
funcionando a 15 Hz.
Sinal elétrico de 60Hz, 60 ciclos por segundo

!
fonte: Google

fonte: Google

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Características gerais de um software para osciloscópio


Basicamente, podemos dividir a
tela de um osciloscópio digital em
três partes:

A - Menu de ferramentas
B - Tela de trabalho
C - Botões de ajuste

(A) Menu de ferramentas


Aqui, encontraremos recursos que ajudarão em nosso trabalho: botões para salvar uma imagem, abrir
um arquivo salvo, mudar a cor de um canal, inserir réguas de medidas etc. Não há um padrão definido,
e cada fabricante tem seu próprio layout do Menu. Basicamente, todos possuem as mesmas funções.

(B) Tela de trabalho


Todos os osciloscópios são equipados
com um display para a exibição das (y)
formas de onda, desde os antigos
osciloscópios de tubos de raios
catódicos, os digitais de bancada com
suas telas LCD ou os que funcionam no (x)
computador via cabo USB. Um exemplo
típico de tela é mostrado na figura ao
lado. Repare que graduações são
marcadas no monitor. As divisões
permitem que você avalie visualmente os parâmetros do sinal. As divisões no eixo horizontal permitem
a medição do tempo e as divisões no eixo vertical, a medição da tensão. Na aplicação do osciloscópio
para diagnósticos automotivos, temos uma tensão elétrica em função do tempo. Os gráficos que
aparecem na tela recebem o nome de “oscilograma”. Por meio da análise do sinal do osciloscópio, é
possível identificar falhas nos circuitos elétricos em operação, sem desmontá-los. Os “oscilogramas”
podem identificar o mau funcionamento dos sensores, dos atuadores e da fiação em sistemas
eletrônicos veiculares. Com a ajuda de sensores de pressão, as pressões do sistema são transformadas
em níveis de tensão e conseguimos identificar falhas mecânicas.

Outra possibilidade do osciloscópio consiste em colocar a frequência em função do tempo, mostrando,


na tela, os “espectrogramas”. Este recurso não faz parte do escopo do nosso treinamento.

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Linha de zero
Se nenhuma fonte de tensão estiver conectada à entrada do
osciloscópio, o oscilograma mostrará uma linha contínua e
horizontal, coincidindo com a seta indicadora do canal que
está sendo usado. Essa linha é chamada de “linha de zero”
porque exibe o nível correspondente a zero volts na entrada
do osciloscópio.

Se a entrada do osciloscópio estiver conectada a uma fonte


de tensão constante de uma bateria automotiva, por
exemplo, o oscilograma resultante também terá a forma de
uma linha horizontal contínua, mas sua posição vertical na
tela será diferente da posição da linha de zero. Quanto maior
for a tensão medida no canal, maior será a distância da tensão
medida em relação à linha de zero volts.

A maioria dos oscilogramas automotivos são muito diferentes


de um simples traço horizontal. Em uma faixa de tempo
determinada, a tensão de um determinado sensor pode
oscilar ciclicamente e variar sua frequência. Para ajustar uma
melhor visualização do sinal na tela, devem ser utilizados os
botões de ajuste.

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(C) Botões de ajuste


Obrigatoriamente, os osciloscópios mostrarão botões para podermos
ajustar o sinal lido na tela. Alguns modelos digitais imitarão os antigos
osciloscópios de tubos catódicos, mostrando botões redondos (Knob).
Outros exibirão uma caixa de seleção para clicarmos. Veja os exemplos
no Autoscope IV e Newtecnoscopio, respectivamente.

Ajustando o sinal
Dividiremos os principais ajustes em três tópicos:
▪ Ajuste horizontal (varredura);
▪ Ajuste vertical (ganho);
▪ Ajuste de gatilho (trigger).

Ajuste horizontal (varredura)


O osciloscópio traça o gráfico de tensão da Dois pacotes de mensagens de uma rede CAN usando um
ajuste de tempo de 50 us/div (50 microssegundos por divisão).
esquerda para a direita, começando do lado
esquerdo da tela no eixo X. A velocidade
com que o gráfico é desenhado é chamada de varredura. A varredura é medida em segundos por
divisão e seus submúltiplos. O valor de varredura pode ser alterado usando um botão de ajuste.

Os MESMOS pacotes da
CAN, mas, desta vez, a base
de tempo é de 10 us/div.
Mudando a base do tempo, é
como se “esticássemos” o
sinal.

Mudando o botão de varredura, mudamos o valor de cada quadriculado do gradeado na


horizontal, alterando os valores do tempo.

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Ajuste vertical (ganho)


Sabemos que o gráfico do osciloscópio mostra a tensão em função do tempo. Quanto maior for a
amplitude do sinal medido, maior será o desvio vertical (distância em relação à linha de zero volts) na
tela do equipamento. Devemos selecionar corretamente, nos botões de ajuste, quantos “volts por
divisão” serão necessários para exibir um sinal com clareza. O mesmo sinal será apresentado de forma
diferente, dependendo do ajuste no eixo Y (vertical). Você seria capaz de localizar este botão nas
figuras da página anterior?

Usando um osciloscópio
analisador de motor
profissional USB
AUTOSCOPE IV, temos no
canal vermelho o gráfico de
pressão do cilindro capturado
com um sensor de pressão de
cilindro. O canal vermelho está
com ganho (ajuste vertical) de
100 milivolts por divisão.

O mesmo sinal, na mesma base de tempo (ajuste


horizontal/varredura). Entretanto o sinal está diferente.
Por quê? Modifiquei meu ajuste vertical(ganho)
para outro valor: 10 milivolts por divisão. O sinal
ficou como se estivesse “descomprimido”.

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Trigger
Muitos reparadores possuem dúvidas a respeito desta função. Talvez porque poucos manuais se
arriscaram a traduzir esta palavra para o português, com um significado próximo de “gatilho” ou “alvo”.
Trigger, em inglês, tem a pronúncia da letra “i” com o mesmo som do “i” do português. Não precisa
enrolar a língua ou fazer bico. Como brasileiro, gostaria que tudo fosse traduzido para o nosso bom
português, mas esta palavra acabou sofrendo um neologismo (emprego de uma palavra nova, derivada
ou formada de outra já existente, na mesma língua ou não). Desse modo, “trigger” foi
“aportuguesada”, dando origem a outras palavras como “trigar”, “trigando”, “trigado” ou “trigou”.
A função trigger é “parar o sinal na tela”, estabilizar o sinal para
medir. Sincronizar para ser mais técnico. Em um sinal que não
está corretamente trigado, temos a impressão de que o sinal
“fica correndo” na tela. E como se faz isto? A função trigger
geralmente tem dois traços, um na vertical e outro na horizontal.
A interseção desses dois traços (nosso alvo) nos dará o ponto de
gatilho inicial. No nosso treinamento EaD, falaremos de técnicas
avançadas de trigger, explicando cada detalhe.

Exemplo de trigger no Hantek 1008c automotivo.


Acompanhe nosso curso exclusivo para Hantek em
nossa plataforma EaD.

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(Trecho da apostila do curso básico)


Lista ou tabela para sinais de referência. Opinião

Agora que o princípio de Muitos quando aprenderam o sistema de injeção eletrônica, aprenderam de forma
funcionamento do deficiente, pois o curso não lhes preparou para o osciloscópio e não mostrou como as
osciloscópio ficou claro, coisas funcionam do “ponto de vista eletrônico”.

vamos procurar entender


como ajustar o sinal na tela sem uma lista ou tabela. Esse assunto pode ser tornar polêmico, pois a
minha metodologia contrasta com o que existe no mercado, o qual fornece uma tabela para você
decorar: uma planilha com algumas dezenas de configurações de acoplamento, tempo e tensão. Na
minha opinião, um contratempo. Acredito que, se você precisa de uma tabela para ajustar um teste
de sensor ou atuador, é porque você não entendeu como o componente funciona. Deixe que eu faça
uma comparação: comprar um bisturi não me faz um cirurgião, mesmo se eu fosse um estudante de
medicina. Para ser um cirurgião, teria que terminar os 6 anos do curso de medicina, além de mais dois
anos do programa de residência. Uma longa carreira.
De forma análoga, comprar um osciloscópio não o torna um expert em diagnósticos automotivos
avançados. Um bom diagnosticador deverá estudar para compreender as bases da elétrica, eletrônica,
além dos sistemas de gerenciamento eletrônico. Muitos quando aprenderam o sistema de injeção
eletrônica, assimilaram-no de forma deficiente, pois o curso não os preparou para compreender
adequadamente o osciloscópio e como as coisas funcionam do “ponto de vista eletrônico”. Muitos
querem testar um sensor de efeito hall, mas não sabem o que encontrar e não entendem os detalhes
de cada parte do gráfico.
No meu curso EaD, me empenho em preencher essa lacuna, fornecendo a base para todo o tipo de
diagnóstico, de forma a prepará-lo para os casos de diagnósticos mais simples até os mais complexos,
mesmos aqueles a que ninguém teve acesso, nem compartilhou nos grupos de WhatsApp.
Compartilhar experiências é muito bom, mas desenvolver o raciocínio correto e resolver a pane é muito
melhor. Há quem olhe para a tela do osciloscópio e se perca. Do mesmo modo, para a tela do scanner
automotivo. Falta, nesses casos, a base. Não estou aqui vendendo “moleza”, um mundo florido de
facilidades, como aqueles que vimos em muitos vídeos do YouTube. Se você tem o compromisso de
entregar um bom trabalho para seu cliente, se você gosta de estudar, de passar horas agarrado no livro
ou assistindo a palestras técnicas, prossiga em frente nesse livro.
A partir da página xx, você verá como é a resposta gráfica de alguns sensores e atuadores. Quando
você for medir, precisa encontrar resultados semelhantes. O significado de cada parte, cada detalhe e
os casos de defeito serão vistos em outra etapa do treinamento, a qual denomino de “imersão”.
Nosso primeiro contato agora é apenas para você conhecer o “bisturi”, a fim de ter as bases para
operar corretamente seu osciloscópio. Desse modo, faço um convite para uma maratona de aulas.
Você aceita?

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Dicas para enquadramento do sinal


Enquadrar um sinal na tela é fundamental para um bom diagnóstico. Ao contrário do que muitos
pensam, não há uma regra engessada para enquadrar o sinal . “O que você quer ver, precisa ser
o que deve ser visto”. Parece difícil, mas me permita explicar nas próximas linhas. Começando
com o básico: o sinal não deve ser tão miúdo (pequeno na tela) nem estourado (extrapolando a tela).
Irei apresentar um gráfico-padrão do sensor de rotação indutivo (CKP), por meio do qual podemos
enxergar as falhas dos dentes com certa clareza. Em seguida, veremos exemplos de tipos de
enquadramento (os valores podem variar em outros equipamentos).

A oscilação do sinal
2 volts/div representa os dentes da
roda fônica. Na
imagem, conseguimos
analisar alguns dentes
com clareza, podendo
usar os cursores para
fazer medidas. O sinal
na horizontal ocupa 1/3
da tela.

Veja ao lado um
exemplo de
enquadramento
vertical não 10 volts/div
recomendado para
uma análise detalhada
dos dentes, cuja onda
ficou muito pequena,
miúda. Caso exista
uma variação de
tensão que mostre
algum defeito, dessa
forma não será
possível enxergar.

Um exemplo de
500 mvolts/div enquadramento vertical
errado. O sinal não se
parece em nada com o
que esperávamos,
aparecendo tão grande
na tela que cortou a
parte superior e inferior.
Para ajustar, basta
alterar os valores de
“volts/divisão” ou o eixo
“y”.

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Nas figuras anteriores, vimos casos de erro no enquadramento vertical (tensão). Também poderão
ocorrer erros no enquadramento do eixo “x”, a varredura em segundos/divisão. Veja os exemplos.

Ainda estamos
trabalhando no
exemplo da página
anterior, ou seja, no
sensor de rotação. A
foto ao lado parece
estar com um bom
enquadramento
vertical, com 1/3 da
tela. Mas cadê os
dentes da roda fônica?
Só conseguimos ver
uma oscilação. Repare
na base de t emp o
errada de 100 us/div
100 us/div para esta análise.

Por último, outra


forma não
recomendada para
análise dos detalhes
dos dentes da roda
fônica. O sinal está
“tão junto” na tela
que as linhas que
representam os
dentes se juntaram
criando um “borrão
amarelo”, sendo
impossível analisar 250 ms/div
algo desse tipo.

Na figura de referência da
página anterior, desejávamos
ver os detalhes de alguns
dentes da roda fônica, o que
não significa que aqueles
valores de ajustes eram
inflexíveis. A foto ao lado
mostra um bom
enquadramento, mas a
intenção aqui não era enxergar
detalhes de um dente, mas
duas falhas de 2 dentes
consecutivos na roda fônica.
Um enquadramento muito
comum para a análise de
sincronismo do motor.

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“O “O que você quer ver, precisa ser o que deve ser visto.”

No primeiro exemplo de enquadramento de imagem do sensor CKP, procurei verificar detalhes de


tensão dos dentes. No último exemplo, por sua vez, coloquei duas falhas da roda fônica na tela para
poder ver um ciclo do motor. Será que é necessária uma tabela para decorar isso? O que você quer
diagnosticar? Qual a natureza da falha? É isso que deve ser buscado no sinal. Veja abaixo outro
exemplo.

A foto mostra um sensor Dx (transdutor) de baixa pressão ligado ao vácuo do motor de um Subaru
Forester com problemas mecânicos. No canal 2, em amarelo, temos a referência de ignição do cilindro
1. Para inserir a régua de graus e medir os momentos teóricos de abertura e o fechamento das válvulas
no cruzamento destas, esse enquadramento está perfeito, já que me oferece uma riqueza de detalhes
(veja a tabela na parte inferior da figura). Mas, se eu quiser saber se a falha marcada no “círculo azul”
se repete, devo alterar a base de tempo, possibilitando mais voltas no motor.

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Analisador AUTOSCOPE IV

A base de tempo foi alterada. Assim, mais revoluções do motor aparecem na tela. A falha marcada na
foto anterior se repete ciclicamente, indicando que há problemas mecânicos no motor. O gráfico acima
representa a variação de pressão dentro do coletor de admissão no momento da partida. Os picos
inferiores deveriam ficar todos nivelados e próximos à linha “pontilhada vermelha”. Em nosso
treinamento de transdutores, veremos isso com mais detalhes.
Eu poderia mostrar centenas de exemplos, pois são muitos anos de diagnósticos gravados. Mas
acredito que você leitor já entendeu o que pretendo. Desse modo, a pergunta que desejo fazer é a
seguinte: “É melhor aprender ou decorar?”.

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Analisador de motor: Bicho de 7 cabeças ou bicho de 8 canais?


A partir de agora iremos abordar a operação do equipamento ucraniano USB AUTOSCOPE IV, desde
detalhes específicos de hardware como operação de software. Será que é difícil “pilotar esse caça”?
Bem, o equipamento possui 8 canais. A história do equipamento, os recursos e detalhes
podem ser conferidos no site: https://autoscopebrasil.com.br

Painel frontal do USB Autoscope IV.

• 1… 4 - Conexões para entradas analógicas 1… 4. Faixa de tensão de entrada ± 6/30 V.


• 5… 6 - Conexões para entradas analógicas 5… 6. Faixa de tensão de entrada ± 60/300 V.
• 7, 9 - Conexões "In +" e "In–" 3 são usadas para conexão de pontas de prova de alta tensão.

Os sinais das sondas verdes e vermelhas são somados inversamente e vão para a entrada analógica
8(canal 8).

• O número 8 do painel, a Conexão "In Synchro" é usada para a sonda de trigger (gatilho),
responsável por detectar faísca de ignição. O sinal da sonda vai para a entrada analógica 7 por
meio de um circuito detector de pico.
• 10 - Indicador de energia dos transdutores.
• 11, 12 - Indicador de polaridade de pulso de faísca, detectada com a sonda de trigger.

1. Entrada analógica.
2. Terra do dispositivo.
3. Positivo +12 V. Funciona apenas quando as garras de
jacaré do equipamento estão ligadas.

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Kit standard. Ligando os cabos principais


Conector IGNITION.
Aterramento Não usado. Aqui se liga um
Aterre esse pino no seu carrinho de acessório do Autoscope 3
ferramentas

Cabo de energia.
Ligar no positivo da bateria do veículo e no CHASSI do motor, Cabo USB 2.0 de alta velocidade.
pois tem menos ruídos do que o polo negativo. Atenção! Cabos chineses de má qualidade
poderão deixar o equipamento com
funcionamento irregular

Kit standard. Ligando os cabos de ignição

Cabo Synchro
Ou cabo de Trigger

Cabos ignição negativos


Cabos ignição positivos Sondas para bobinas COP Ligado nos cabos de vela
Ligado nos cabos de vela Teste individual por cilindro. negativos (bobina DIS). Teste
positivos (bobina DIS). Teste Se o carro possuir bobinas COP, simultâneo de até 6 cilindros.
simultâneo de até 6 cilindros. desligar o cabo vermelho de
bobinas DIS e ligar um destes
acessórios.

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Kit standard. Ligando os cabos de teste e acessórios

Entradas de baixa tensão Entradas de 300V


Para primários de ignição, injetores, relés, válvulas e
outros componentes com bobinados.

Sonda de teste. Esses cabos


também podem ser usados
Cabos universais nas entradas de 1 a 4.

Agulhas

Sensor DX Adaptador de medição. Transforma os


cabos universais em sondas de teste

Sensor Px35

Acessórios necessários
para o script PX

Extensões (uso facultativo)

Centelhador

Prolongador rosca M14

Crocodilos

Sondas perfurantes Adaptador vela

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Como baixar o software?


Acesse o site https://autoscopebrasil.com.br/downloads e realize o download. O
software funciona sem ter um equipamento ligado ao PC na função de EMULADOR. Você pode
baixar os arquivos de diagnóstico que estão como exemplos e rodar no seu computador. Faça
um teste drive.

Entendendo o ambiente de trabalho do Autoscope


Ao contrário do que muitos pensam, a operação do equipamento é simples. Interpretar
os gráficos é a parte que requer mais estudo e atenção do reparador. Conheceremos alguns
principais comandos da tela principal. Como podemos ver, o software já está em português-BR.

1
2
3

4
Figura 1- Janela do programa

1. Menu - Contém elementos, que são agrupados de acordo com


suas funcionalidades. Basta apenas selecionar com o mouse ou
teclado.
2. Barra de ferramentas - São ícones que representam funções
específicas, de acesso rápido. Também selecionado com mouse
ou teclado.
3. Painel de controle - Esses itens exibem o nome da função, um ou
um grupo de parâmetros controlados e botões de controle.
4. Barra de status – Ao posicionar o ponteiro do mouse sobre
algum ícone ou botão de função, uma descrição aparecerá aqui,
auxiliando no uso do software.

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Comandos rápidos e muito úteis para o dia a dia


Ativando o emulador (p/ estudos, com a interface desplugada da USB)

Execute o emulador. O
arquivo começará a ser
executado.

Clique e ative o loop

Relembrando as entradas de 1 a 8 Entrada 7. Sincronismo ou trigger

Entrada 8. Duplo secundário

Entradas 5 e 6, alta tensão

Entradas 1 a 4, baixa tensão

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Selecionando os canais

Com equipamento ligado à USB do computador, selecione


em “Modos” a quantidade de canais que você deseja

Significa que o canal 1 está ligado na entrada 5

Significa que o canal 2 está ligado na entrada 7

Significa que o canal 3 está ligado na entrada 1

Significa que o canal 4 está ligado na entrada 2

Ajuste de Trigger Localize a caixa de


trigger e clique

Agora basta
selecionar qual o
canal deseja ser
trigado

Clique no trigger
normal (a primeira
opção conforme a foto)

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Ajuste horizontal (tempo ou varredura) e Banda de frequência

Na primeira
opção, seleciona a
frequência. Muito
útil para teste de
rede CAN

Aqui se ajusta a
varredura (tempo)

Filtro simples e inversão do canal

Esse botão ativa o filtro


de ruídos deste canal

Basta clicar nesse botão


para inverter o canal

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Cursores (réguas de medidas)

▪ Na parte inferior da tela,


temos dois cursores: A e B
▪ Se clicar na caixinha perto da
letra, você trava o cursor na
imagem. A caixinha vazia
deixa o cursor livre.
▪ Interessante notar que toda
vez que movimenta o cursor,
a caixa na lateral esquerda
mostra a localização no
tempo de gravação do
arquivo
Note que quando as réguas são
arrastadas, automaticamente os
valores de período e frequência
são mostrados aqui

Barras de rolagem. Veja o porquê de não precisarmos do recurso de


“acoplamento AC”

Se por acaso o sinal medido sumir da sua tela, basta apertar o botão da
“setinha pra baixo” que você chama o sinal para aparecer na tela

Aqui estão os botões de rolagem. Podemos rolar


tanto na vertical como na horizontal. Não precisamos
de acoplamento AC por causa deste recurso. Basta
apenas enquadrar o sinal na tela

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Botões principais do Menu (Arquivo)

Salva o arquivo gravado. Muito útil para montar a


biblioteca pessoal ou compartilhar diagnósticos.

Imprima imagens, diagnósticos e apresente ao seu


cliente, por exemplo.

Para trocar o idioma, desplugue o equipamento da


porta USB, abre o programa e selecione esse botão.

Aqui aparecerão os últimos diagnósticos realizados,


acesso de forma rápida.

Botões principais do Menu (Operações)

Bate uma foto da tela. Função útil para


comparação de sinais.

Carrega uma foto gravada

Salva sua foto em uma pasta específica

Reset na tela. Apaga o que foi memorizado

Exercícios.
Abra a pasta de arquivos do grupo do curso.

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Botões principais do Menu (Mostrar)

Aumenta algumas letras do software

Altera fundo branco/escuro, rolar


com mouse

Rolagem da tela

Botões principais do Menu (Utilitários)

Funções necessárias para trabalhar com o Elpower (teste de partida, carga e compressão)

Botões principais da Barra de ferramenta: Auto zoom

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Estrutura do software Autoscope


Osciloscópio

Plugins (4x)
AUTOSCOPE IV
Painéis de análise (3x)
Scripts (5x)

Plugins
São softwares inseridos dentro do ambiente de trabalho do Autoscope que melhoram a
visibilidade das formas de onda exibidas e podem realizar análises automáticas em tempo
real. Abaixo, os principais Plugins usados:

• Plugin “Diagnóstico de ignição”


Destina-se a diagnosticar
sistemas de ignição usando
a forma de onda de tensão
no circuito secundário.
Exibe a forma de onda do
secundário de duas formas:
“desfile” ou
“simultâneo”. No modo
“desfile” é fácil discernir as
diferenças entre os picos de
tensão (amplitude de
tensão máxima em KVolts)
entre os cilindros. Veja a
figura ao lado:

O modo “simultâneo” é melhor usado para


discernir as diferenças de tempo, como o
tempo de carregamento da bobina e tempo
de queima da faísca. Veja a figura ao lado.

O Menu do plugin “diagnóstico de ignição” pode ser visto com


detalhes na pasta “Modos”

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A guia “Fase de
distribuição dos
gases” indica a
quantidade de gás no
cilindro em relação ao
ângulo do virabrequim,
mostrando um diagrama
de válvulas em tempo
real e uma animação do
motor, facilitando o
diagnóstico. Veja na
figura ao lado.

Na guia
“Quantidade” as
mesmas informações
são mostradas, mas em
relação à posição do
pistão e ao curso. Essa
guia mostra a
quantidade de gás no
cilindro em relação à
posição do pistão e
curso.

O script Px também pode analisar a posição relativa do pico de pressão do cilindro e o sinal do
pulso de ignição. O script, com base nessas informações, é capaz de exibir um diagrama da
relação entre o avanço de ignição, a rotação do motor e a carga. Um exemplo da guia
“Avanço” é mostrado logo abaixo.

O diagrama exibirá
anormalidades no avanço de
ignição vs. RPM do motor e
carga, não apenas durante
condições de marcha lenta, mas
também durante condições
transitórias, como abertura
rápida do acelerador.

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O script Px também é capaz de construir um


diagrama de enchimento do cilindro (VE –
Eficiência volumétrica) no curso de admissão em
função da rotação e carga do motor. Essas
informações estão contidas na guia “Admissão”. A
área vermelha do gráfico acima exibe a relação
entre as RPMs do motor e a quantidade de ar que
enche o cilindro durante o curso de admissão com
o acelerador aberto. A forma e a localização desta área são afetadas por:
• Sincronização e levantamento da válvula;
• O número e o diâmetro das válvulas de admissão;
• Operação do sistema que altera a geometria do coletor de admissão;
• Área de fluxo e um ângulo máximo de abertura do acelerador;
• A capacidade do filtro de ar;
• Configuração dos ressonadores do trato de admissão;
• Parâmetros do turbocompressor e / ou supercharger;
• O trabalho de outros cilindros do motor.
Este diagrama torna possível determinar quais mudanças no projeto do sistema de admissão
têm na eficiência volumétrica do motor em várias faixas de RPM. O ajuste de um único
componente do sistema de admissão geralmente afeta a carga do cilindro em uma faixa
relativamente estreita de velocidades do motor. Se a mudança causar um aumento no
enchimento do cilindro em baixas rotações do motor, a faixa de torque máximo do motor pode
ser afetada. Se a mudança aumentar o enchimento do cilindro em altas velocidades do motor, a
potência máxima será afetada. Se o traço vermelho permanecer alto e sem quedas
significativas, a banda de torque será ampla, garantindo uma boa dirigibilidade.

A última guia do script Px exibe as características do


sistema de exaustão. A guia “Escape” do script Px. Esta
guia exibe a perda de energia causada pela eliminação dos
gases de exaustão do cilindro. O diagrama depende da
velocidade e da carga, assim como muitas das guias
dinâmicas mostradas nesses scripts. A forma e a
localização do diagrama de “Escape” dependem da
capacidade do sistema de exaustão de eliminar os gases de
exaustão, que é influenciada por:

• O número e o diâmetro das válvulas de escape;


• A elevação e o tempo da válvula de escape;
• A capacidade e secção transversal do conversor catalítico, ressonador e silencioso;
• Os parâmetros do turbocompressor (tamanho, design);
• Processos de ressonância no tubo de exaustão;
• etc.
Em caso de deterioração crítica da capacidade do tubo de escape, o script imprimirá uma
mensagem de diagnóstico. Isso pode ser muito útil para encontrar conversores catalíticos
parcialmente obstruídos e outros problemas.

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Sistema de ignição
Afirmamos com certeza que os testes nos sistemas de ignição são
os mais procurados pelos reparadores automotivos que buscam o
diagnóstico avançado com osciloscópio. Provavelmente essa
cultura vem dos antigos testadores de motores da década de 80
e 90. (Fig. 1). Analisar um sinal de ignição é ver o
comportamento de uma centelha num motor de combustão
interna, em tempo real. A centelha que pula dentro do cilindro 1
sofre influência de fatores como: pressão de compressão do cilindro, mistura ar-combustível,
detonação, resistências do circuito primário e secundário. Com tatas variáveis a serem levadas em
consideração, o diagnostico deste sistema não é tão fácil como muitos pensam, precisando de um
treinamento apropriado para um diagnóstico conclusivo. Abordaremos nas próximas linhas o
conceito básico do sistema.
2 Para entender como o sinal é gerado, temos que entender
os conceitos fundamentais do magnetismo. Os imãs são
materiais ferromagnéticos
que possuem a propriedade
de atrair ou repelir outros imas (Fig. 2). É do conhecimento de todos
que polos iguais se repelem e os polos opostos se atraem. Isso
acontece pelo fato de cada polo gerar um campo magnético com 3
uma orientação específica (Fig.3).
Na indústria automotiva, os imãs naturais dividem espaço com os
4 eletroímãs (Fig.4). Exemplificado de maneira bem simples, a figura mostra
que o eletroímã consiste em um material ferromagnético, enrolado com
diversas voltas de um fio de cobre no qual uma corrente é aplicada,
gerando um campo magnético.
Outro conceito importante para o entendimento do sistema de ignição é
fenômeno físico chamado de indução eletromagnética (Fig.5). Nesta figura, um galvanômetro
(instrumento utilizado para medir corrente de baixa intensidade) está ligado em um condutor no
formato de espiral. Próximo a ele, outro condutor no formato de espiral está ligado à uma fonte de
tensão com uma chave do tipo liga-desliga. Ao comutar a corrente do circuito através da chave,
irradia-se um campo magnético que pode ser “sentido” pela bobina que está ligada ao galvanômetro.
Esse é o fenômeno que acontece nas
bobinas de ignição, onde a UCE (Unidade de
Controle Eletrônico) chaveia uma corrente
no circuito primário da bobina e uma tensão
é induzida no circuito secundário, gerando
faísca para as velas de
ignição. CLIQUE AQUI ou 5
scaneie o qrcode ao lado
para acessar o vídeo do
experimento prático!

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Testes no sistema de ignição


O teste mais simples que podemos realizar no sistema de ignição é o teste de resistência dos
componentes. Um multímetro na função ohmímetro pode medir a resistência da bobina, dos cabos
de ignição ou velas de ignição. Contudo, os testes de resistência podem não ser conclusivos em
muitas situações e o osciloscópio seria a ferramenta mais adequada para realizar os testes.
Abordaremos agora os conceitos básicos de tensões do circuito primário e secundário.

▪ Tensão de primário
Aqui analisaremos o comportamento do sinal com uma bobina que recebe um pulso de potência
oriundos da UCE ou módulo específico. Geralmente uma bobina de ignição recebe uma tensão
positiva em um dos terminais e um pulso negativo de acionamento. A onda característica pode ser
vista abaixo, onde capturamos com um analisador de motor profissional Autoscope IV.
Entenda cada etapa do sinal:

A – Tensão positiva de retorno, gerada pelo alternador.


B – Momento em que a UCE chaveia o sinal negativo, o tempo de carregamento da bobina de ignição.
C – Tensão de disparo. No instante em que a UCE remove o negativo da bobina, uma tensão induzida
é gerada no circuito. Essa tensão induzida pode chegar a 400 Volts de pico! A captura do sinal
primário pode ser perigosa para o reparador e equipamento: risco de choque elétrico e risco de
danificar o osciloscópio. O uso de EPIs pelo reparador se faz necessário e quanto ao equipamento,
deve-se observar a tensão máxima suportada no canal do osciloscópio. Analisadores de motor
profissionais suportam tensões de 350 V ou 400V. Se um osciloscópio automotivo ou comum for
usado para análise do circuito primário, com tensões máximas de 25V ou 30V nos canais de entrada,
um atenuador deverá ser ligado em série.
D – Linha de centelha. Nessa parte do sinal, medimos o tempo de atuação da centelha dentro do
cilindro. Normalmente encontramos valores acima de 1ms (um milésimo de segundo).
E – Tensão residual – Essas ondinhas que vão amortizando, representam parte da energia da bobina
que é dissipada.

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Cuidados na instrumentação para teste do circuito


primário
Para os testes de ignição, certifique-se que tanto o
osciloscópio como as sondas de teste estejam bem aterradas.
O osciloscópio, notebook, cabo de comunicação USB deverão
estar afastados do sistema, para não sofrerem interferências.
A captura do sinal poderá ser realizada no conector elétrico
que chega à bobina. No caso do exemplo ao lado, o analisador
de motor AUTOSCOPE IV possui saídas dedicadas de alta
tensão e não nos preocupamos com o acessório “atenuador”.
Capturamos os pulsos (-) da bobina de um VW saveiro com
motor AP.

Tensão de secundário
O sinal de secundário é o espelho do primário. Isso acontece por causa do fenômeno de indução
eletromagnética,
como vimos na
página 35. A
bobina de ignição
amplifica a tensão
do sistema, pela
relação de espiras
no primário e
secundário e a
tensão gerada
nesse circuito
pode passar dos 12 mil volts. O sinal do secundário é muito parecido com o sinal do primário, com
algumas ressalvas:
F – O círculo destaca um fenômeno característico do secundário, que acontece no instante inicial do
carregamento da bobina.
G – Tensão máxima de disparo. Medido em quilovolts (kV), representa uma importante medida no
diagnóstico. A distância entre os eletrodos da vela, a pressão de compressão do cilindro e outros
fatores, influenciam diretamente nesse valor. O correto valor mostrado na tela do osciloscópio
dependerá da correta calibração da sonda de teste, das configurações de hardware do osciloscópio e
correta ajustagem na tela e captura do sinal. Na prática, vimos que valores confiáveis de tensão KV
só foram possíveis com OSCILOSCÓPIOS ANALISADORES DE MOTOR.
H – Linha de centelha. Corresponde ao tempo de duração da centelha, que normalmente é acima de
1 ms (um milésimo de segundo).
I – Oscilações residuais provocadas pela dissipação da energia que resta no secundário, após o
término da centelha.

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Cuidados na instrumentação para teste do circuito secundário


Para os testes de ignição, certifique-se que
tanto o osciloscópio como notebook
estejam bem aterrados. O osciloscópio,
notebook e cabo de comunicação USB
deverão estar afastados do sistema, para
não sofrerem interferências.
A captura dos sinais nos cabos de vela
com Autoscope IV deverão ser realizados
com as sondas dedicadas positivas
(vermelhas) e negativas (verdes).

Para saber quando o sinal é positivo ou negativo,


é muito simples: o equipamento vêm equipado
com um indicador de polaridade de sistema de
ignição. Para centelhas positivas, o led
vermelho acende. No caso de centelhas
negativas, o led verde acenderá.

Para o diagnóstico de bobinas COP


(aquelas que ficam sobre as velas de
ignição), usamos tanto a sonda
indutiva, chamada de LX-M ou a
capacitiva CX-M. Abaixo, a LX-M. Aqui a sonda CX-M, pelo seu
formato “fino”, ela consegue
alcançar lugares difíceis como as
bobinas de alguns motores da marca
Nissan, onde temos bobinas que
ficam debaixo do coletor de
admissão.

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Exemplos práticos de instrumentação do sistema de ignição


Sistema com distribuidor e platinado

Formas de onda de tensão em circuitos primários e


secundários de um sistema de ignição de distribuidor
convencional. Um sistema de ignição convencional é
definido como um sistema que possui um
distribuidor e platinado.
1 - Circuito secundário;
2 - Cabo vela secundário para trigger;
3 - Circuito primário;

Sistema com distribuidor e ignição transistorizada

Formas de onda de tensão em circuitos primários


e secundários de um sistema de ignição
eletrônica. Sistema que possui um distribuidor e
o fluxo de corrente primário controlado por um
módulo eletrônico com transistor.
1 - circuito secundário;
3 - circuito primário.

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Sistema DIS centelha perdida

Formas de onda de tensão em circuitos primários e


secundários de um sistema de ignição DIS.
1 - Circuito secundário;
2 - Pulso de sincronização do cilindro 1;
3 - Circuito primário da bobina de ignição para os
cilindros 1 4;
4 - Circuito primário da bobina de ignição para
cilindros 2 3.

Sistema com bobinas COP

Formas de onda de tensão em circuitos primários


e secundários de um sistema de ignição COP.
1 - circuito secundário;
3 - circuito primário.

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Pontos característicos na forma de onda de ignição.

Formas de onda de ignição nos circuitos primário e secundário.


1 - circuito secundário;
3 - circuito primário.
A - A corrente primária da bobina é ligada e o campo magnético começa a se formar.
B - Ponto limitador de corrente.
C - Linha de ignição (Tensão necessária para ionizar a mistura ar / combustível presente na folga da
vela.
CD - linha de ignição (Tensão e duração do arco elétrico).
D- A faísca se extingue e a energia residual é dissipada em oscilações.

Forma de onda de tensão do sistema de ignição


faísca múltipla.
A - A corrente primária começa a fluir e o campo
magnético aumenta;
B - início da primeira centelha;
C - A faísca se extingue, o fluxo de corrente
primário é reiniciado e o campo magnético se
forma novamente.
D - início da segunda centelha;
E - fim da segunda centelha.

Forma de onda de tensão no circuito primário de


um sistema de ignição faísca múltipla (também
chamado de multi-ataque).

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Transdutores de pressão
Esses acessórios merecem um capítulo à parte. São transdutores que transformam valores de pressão
ou variações de pressão em tensões para serem analisadas em nossos osciloscópios e que geralmente
não fazem parte dos kits de osciloscópios automotivos, necessitando serem comprados por fora. Para
o domínio dessa ferramenta, o reparador automotivo deverá conhecer os ajustes básicos do
osciloscópio e um bom conhecimento do funcionamento do motor. Descreveremos abaixo alguns
modelos, juntamente com o princípio de funcionamento deles.

▪ Sensor de vácuo ou sensor de pulsos


São construídos com base em uma pastilha
piezoelétrica, na qual, a cada variação mecânica na
placa redonda, uma tensão é gerada em seus
terminais. A aplicação dessa pastilha é vasta no
mundo da eletrônica, sendo encontradas em
brinquedos, em multímetros e em outros
dispositivos que geram algum tipo de aviso sonoro.
A aplicação na área automotiva é muito interessante,
pois a pastilha consegue transformar as variações de
O exemplo ao lado
pressão do cárter, do tubo de escapamento ou do coletor de
mostra um sensor piezo
admissão em pulsos elétricos, possibilitando uma análise mais automotivo desmontado
precisa da parte mecânica do motor, o que até então tem e acima, um modelo
demonstrado ser impossível com o multímetro ou até mesmo em comercializado pela
empresa búlgara Ditex.
manômetros com o princípio de Tubo de Bourdon. Fato
interessante: a origem da aplicação deste transdutor em
diagnósticos automotivos provavelmente começara com os norte-
americanos ou ucranianos/russos. É impreciso afirmar quem é o pai dessa aplicação, já que as
primeiras postagens na internet datam dos anos 2002, por exemplo, os norte-americanos
com o Firstlook e os ucranianos com os estudos de Yuri Ignatenko, que inclusive foi premiado
na época com um analisador de motor ucraniano USB Autoscope II. Os norte-americanos
focaram mais na análise de misfire no escapamento e os reparadores do leste europeu, em
entender os fenômenos que acontecem no coletor de admissão.

Hoje, no Brasil, as técnicas ucranianas de diagnóstico de Yuri Ignatenko são as mais utilizadas.

▪ Nomenclatura: Sensor de pulsos, sensor de vácuo ou TVA, TVE, TVC?


O sensor de pulsos recebeu no Brasil a nomenclatura de “transdutor de vácuo” e de acordo onde é
ligado, a sua nomenclatura muda. Veja o exemplo: TVE (transdutor de vácuo no escape), TVA
(transdutor de vácuo na admissão, TVC (transdutor de vácuo no cárter) e assim vai. A anos atrás essa
nomenclatura foi adotada por um grupo de reparadores na intenção de facilitar o diálogo. Na
presente obra que escrevemos e nos nossos treinamentos, não adotamos essa nomenclatura pelos
seguintes motivos:

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Os norte-americanos da Senxtech, os búlgaros da Ditex usam a nomenclatura de “sensor de


pulsos”, desde meados de 2002. Os ucranianos e russos chamam de “Датчик Разрежения
(DR)” que traduzindo fica “sensor de vácuo”. Em nossos materiais, julgamos prudente manter
essas nomenclaturas.
Diversos transdutores no Brasil são chamados de sensor: sensor de temperatura, sensor
MAP, pressostato do ar condicionado, etc. Todos são transdutores e nós adotamos o nome
“sensor”.
Uma expressão do tipo “coloca o transdutor de vácuo no cárter” pode ser incômoda de
pronunciar repetidas vezes. Então, no passado, adotou-se abreviações do tipo TVC, TVE, TVA
etc. Entretanto, os reparadores que estão tendo um primeiro contato com diagnóstico
automotivo com osciloscópio, podem encontrar dificuldades em memorizar tantos termos.
Acreditamos que “sensor de pulsos” é uma expressão mais fácil de entender e fixar.

▪ Aplicação: O sensor de pulsos pode ser ligado basicamente à pelo menos 3 lugares
diferentes e apresentar diagnósticos distintos. Veja na próxima página:

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▪ Gráfico de vácuo do coletor de admissão

O sensor de pulsos ligado no coletor de admissão


(vácuo do motor), possibilita a análise dos
momentos TEÓRICOS de abertura/fechamento das
válvulas no seu overlap. Assim, pode-se ver se
ESTIMAR se há má vedação das válvulas nas sedes,
sincronismo e outras possibilidades de diagnóstico.

Sensor de pulsos x Sensor de baixa pressão


Os ucranianos comprovaram por diversos testes que um sensor de baixa pressão traz mais
detalhes na imagem se comparado com uma pastilha de efeito piezo. Em nosso treinamento
EAD, mostramos diversos casos. Nas imagens abaixo, usamos nosso sensor de baixa pressão
(DX). Tome nota!

Instrumentação p/ captura na partida do motor, conforme Yuri Ignatenko:


✓ Instrumentar o sensor na maior tomada de vácuo possível.
✓ Se equipado com corpo de aceleração eletrônico, desligar seu conector.
✓ Identificar o pulso de ignição do cilindro 1 com a pinça de trigger.
✓ Desligar os eletro-injetores.

Oscilograma de vácuo em um motor em condições normais


Se o motor estiver em boas condições de funcionamento, o
oscilograma de vácuo do coletor de admissão tem uma forma
próxima a uma sinusoidal.

Forma de onda que lembra dente de serra.


O oscilograma adquire um formato parecido com dente de
serra se a correia/corrente for instalada incorretamente.

O oscilograma apresenta ruído no topo da onda


senoidal. O oscilograma do vácuo no coletor de
admissão indica que as válvulas de admissão podem
estar tão carbonizadas a tal ponto, que os depósitos
de carbono na cabeça da válvula evitam que os
cilindros sejam eficientemente cheios com a
mistura ar-combustível.

Desnivelamento do oscilograma de vácuo no coletor de


admissão. Tal oscilograma indica irregularidades na
operação do motor. O problema pode ser ocasionado por
tuchos irregulares, má regulagem de válvulas, válvulas
trincadas e etc.

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▪ Verificar a pulsação nos gases de escape

Provavelmente, muitos notaram como um mecânico experiente


analisa o funcionamento do motor levando a mão ao
escapamento. A pulsação irregular dos gases de escape é sentida até
mesmo pela mão e indica a presença de uma misfire (falha de
combustão). A natureza da pulsação da pressão dos gases de escape
carrega informações sobre o funcionamento do motor. Para analisar
os pulsos de gases no escapamento, é utilizado um sensor de pressão
Figura 1- Conectando um
junto a um osciloscópio. A análise dos pulsos no escapamento é sensor de vácuo ao tubo de
realizada com veículo funcionando na marcha lenta. Se for observado escape.

Figura 2- Oscilograma das pulsações dos gases de escape Figura 3- Um aumento no nível de pulsações em um
de um motor em funcionamento. dos cilindros. Misfire detectada.

um aumento do nível de pulsação em um dos cilindros, e esse desvio for sistemático, então um
dos cilindros está operando com eficiência reduzida. Se você comparar os resultados desse teste
com os resultados da medição da compressão relativa, poderá dizer que a mecânica do motor ou
o sistema de gerenciamento do motor estão com defeito.

▪ Verificar a pulsação de pressão dos gases do cárter

Muito comum nas oficinas um mecanico remover a tampa de


abastecimento do óleo com motor funcionando, tentando tirar
conclusões sobre o estado da parte inferior do motor. O movimento
dos pistões gera deslocamento de ar no cárter e um sinal
característico. Se existirem folgas excessivas em pelo menos um dos Figura 4- Conectando o sensor
de vácuo ao orifício da vareta.
conjuntos camisa-pistão, com um sensor, medimos o nível das
pulsações de pressão dos gases do cárter, identificando defeitos na parte de força do motor.

Oscilograma das pulsações de pressão dos gases


do cárter de um motor em operação em marcha
lenta.

Na imagem ao lado, o pulso de pressão


de um dos cilindros no oscilograma de
pressão do gás do cárter destaca-se
nitidamente dos outros. Tal oscilograma
indica que em um dos cilindros pode
haver danos na camisa do cilindro,
quebra ou anéis de pistão presos e outras falhas mecânicas relacionadas à pressão do cilindro.

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▪ Sensor de baixa pressão


Consiste em um sensor de leitura de baixa pressão, que pode ser ligado à tomada de vácuo do coletor
de admissão, à vareta do óleo para medir a pressão do cárter etc. Analisando o vácuo do motor, o sinal
lido na tela é semelhante ao sensor de elemento piezoelétrico visto anteriormente, com algumas
particularidades no formato da onda e a possibilidade da análise de valores de pressão. Por exemplo,
podemos analisar um motor na marcha lenta, e o valor lido no sensor deverá ser próximo ao valor do
sensor TMAP no scanner automotivo. Observe a seguir alguns exemplos destas ferramentas
disponíveis no mercado.

DX AUTOSCOPE
Este sensor faz parte do kit padrão do
analisador de motor ucraniano USB
AUTOSCOPE IV. O transdutor é capaz de
analisar pressões de -0,95 bar... + 0,15 bar.

WPS500X
Este sensor é fabricado pela inglesa
PICOAUTO e vendido como acessório
a parte. O modelo da foto lê 3 faixas
de pressão, incluindo baixas pressões.

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Diferença entre um sensor de baixa pressão DX e uma pastilha piezo (sensor de


pulsos)
Como vimos anteriormente, o uso de um sensor de pulsos (piezoelétrico) pelos norte-americanos se
concentrou mais em análises de falhas de combustão, com sensor instrumentado no escapamento.
Os reparadores do leste europeu, tentaram entender os fenômenos que existem no coletor de
admissão. Bem sabido que a análise de pressão e fluxo gasoso dentro do coletor já é realizado pela
engenharia desde os anos 50, mesmo assim não existem dados facilmente disponíveis sobre tais
fenômenos. As técnicas ucranianas, russas ou até mesmo americanas são técnicas empíricas, não
regidas por norma regulamentadora. Os estudos de Yuri Ignatenko deram uma contribuição
substancial para o setor automotivo. Porém a técnica tem seus pontos negativos. Desde meados de
2005 observou-se que os resultados apresentavam uma considerável variância, pois os resultados
dependiam de muitos fatores. Um destes, abordaremos nesse capítulo: o uso de um sensor
piezoelétrico para teste de pressão do coletor. Mostraremos através de um experimento que as
leituras feitas por um sensor de baixa pressão apresenta uma quantidade de dados maior do que um
sensor de pulsos piezoelétrico. Muitos reparadores brasileiros sentem dificuldade nos diagnósticos
com sensores piezo ligados na admissão (conhecido como TVA). Por que o teste gera tantas
dificuldades? Por que às vezes os resultados dos testes com o sensor não condizem com o
diagnóstico visual ou da retífica após desmontagem do cabeçote? Abaixo mostraremos um
experimento feito por um usuário Autoscope localizado em Курчатов(Kurchatov), cidade da Rússia.

Experimento
Para o experimento, foram utilizados os
seguintes materiais:
• Bomba de vácuo
• Sensor de pulsos
• Sensor de baixa pressão DX
• Conexão no formato “T”
• Mangueiras
• Cabos de ligação
• Analisador de motor Autoscope IV
• Computador

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Sensor DX
Pressão atmosférica

Responde apenas às
variações de pressão

Mostra a variação
Sensor de pulsos
de pressão real

Com o auxílio de uma bomba, aplicou-se uma medida de vácuo e após certo tempo, a pressão de
vácuo foi alterada pela válvula de alívio da ferramenta, tomando um novo valor e após alguns
instantes, a pressão do sistema aumentou e o ponteiro do manômetro da bomba igualou-se com a
pressão atmosférica. Na foto acima, o canal 1 (linha vermelha) representa o comportamento da
pressão e o canal 2 (linha azul) é referente ao sensor de
pulsos. Repare que o sensor de pulso respondeu apenas
à variação de pressão. Além das curvas do canal azul
serem diferentes da curva real do ambiente de teste,
destacamos no círculo verde a existência de dois picos
de variação de pressão na primeira subida. Comparando
esses picos com a taxa de variação de pressão do canal
vermelho, notamos que a variação de pressão não foi
significativa nesse ponto. Logo concluímos que o sensor
de pulsos (vulgo TVA) apresenta resultado enganoso, já
que deu relevância a um evento de pressão de baixa
amplitude. A foto ao lado mostra esse evento com
detalhe maior.
Testes também foram realizados em veículos em marcha lenta. Observou-se algumas diferenças
entre os sinais. O sensor de pressão absoluta Dx além de fornecer valores de pressão, relevantes ao
processo de diagnóstico, também mostram resultados mais fiéis as taxas de variação de pressão do
coletor.

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▪ Sensor de pressão ligado ao cilindro


Com visto anteriormente, em nosso treinamento, preferimos o termo “sensor” à “transdutor”.
Consiste em uma ferramenta que converte variações de pressão dentro do cilindro em sinais
elétricos que serão exibidos na tela
do osciloscópio. É feito do seguinte
modo: a vela de ignição do cilindro a
ser testado é removida e a nossa
ferramenta, inserida. O sensor capta
a variação de pressão do cilindro
sem combustão, mostrando um
modelo virtual dos pontos de
abertura e fechamento das válvulas,
assim como o PMS (ponto morto
superior). O gráfico padrão, pode
ser visto abaixo.

Dica de instrumentação: deve-se desligar o injetor do cilindro em teste para que não ocorra o risco de uma explosão no
cilindro e a consequente avaria na ferramenta. Outro detalhe: a maioria dos fabricantes recomendam que os testes nos
veículos não ultrapassem dois minutos para que a temperatura do motor não descalibre a ferramenta.

O sensor de pressão é ideal para:


✓ Verificação de sincronismo entre o eixo comando de válvulas e o virabrequim;
✓ Verificação de sincronismo entre a roda fônica e o virabrequim;
✓ Verificação da integridade do motor (vedação de válvulas, vedação de cilindro, obstrução no
escape etc.);
✓ Diagnóstico dos atuadores presentes nos veículos que utilizam a tecnologia de comando de
válvulas continuamente variável, conhecidos como VVT, VVTi etc.

Sensor PX35, da marca


AUTOSCOPE. Esse sensor
de 35 Bar de pressão máxima
foi lançado em 2014.

Bem verdade que o sensor de pressão no cilindro ajuda muito no diagnóstico de sincronismo do motor ou estado de
vedação de válvulas. Entretanto observou-se que raramente os testes apresentavam desvios, ou seja, nem todos testes
feitos com essa ferramenta apontavam resultados confiáveis. Então o ucraniano Andrey Shulgin criou o Script PX, um
algoritmo avançado de diagnóstico capaz de realizar testes do motor tanto em marcha lenta como em acelerações. Desse
modo, aumentou-se a confiabilidade dos testes. Este recurso é exclusivo do equipamento Autoscope e qualquer equipamento que
possua tal tecnologia, apresentará resultados não confiáveis, por se tratar de cópia não autorizada.

Diogo Vieira – Academia do Diagnóstico Avançado


https://autoscopebrasil.com.br

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