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Realismo: aplicado aos Estados que atuam pela manutenção do poder e pela
segurança do território;
Racionalismo: a explicação é buscada na razão humana;
Os constantes conflitos com a França levam-no a refletir sobre: o pequeno peso que
um pequeno Estado tem em qualquer conflito e que pouco deve ser confiado em aliados
muito poderosos.
Como chanceler das milícias locais, resgata dois elementos: Os Estados e Governantes
dependem de dois fatores: 1- Justiça; 2- Armas; Ele termina sua carreira pública
confinada à sua propriedade privada (ele escreve "O Príncipe", 1512-1513).
A política e a moral pertencem a diferentes sistemas éticos: uma ética individual pode
produzir santos, mas não produz política. Nova perspectiva da ética do pensamento, é
necessário pensar sobre os resultados dos comportamentos dos outros, toda ação
social é uma relação social.
O príncipe pode usar (quando a necessidade exige) o que é convencionalmente
chamado de "razão de Estado": essa razão pela qual o governante pode ser levado a
violar tanto os padrões legais morais quanto os atuais, em nome da manutenção da
ordem interna. E segurança externa, como o príncipe deve ser o proprietário exclusivo
do uso da força "(Kritsch, 2001)
Os propósitos do estado são supremos. O comportamento violento dos fundadores do
Estado, objetivamente justificado: a criação de uma autoridade do Estado é essencial
para que o Estado exerça sua ordem e função civilizadora. Esta condição indispensável
para o Estado.
Política de Maquiavel:
Instituída a representação por meio de eleições – a maior das virtudes que se pode
conceder a um homem –, o Parlamento passa a ser, finalmente, “o verdadeiro corpo do
povo”. (Parker, 1642, p. 15)
E a arte vai mais longe ainda, imitando aquela criatura racional, a mais excelente obra
da natureza, o Homem. Porque pela arte é criado aquele grande leviatã a que se chama
Estado, ou Cidade (em latim Civitas), que não é senão um homem artificial, embora de
maior estatura e força do que o homem natural, para cuja proteção e defesa foi
projetado. (Hobbes, [1651], P.15).
O contratualismo hobbesiano; 07/05/2018
Definição de Thomas Hobbes, para o "Estado de Natureza" é qualquer situação em
que não há um governo que estabeleça a ordem. O fato de todos os seres humanos
serem iguais no seu egoísmo faz com que a ação de um só seja limitada pela força do
outro. "O homem é o lobo do homem". O ser humano, sendo dotado de razão torna-se
livre. Para que todos não acabem se matando e tenham segurança, é necessário um
Estado, uma instituição de poder comum. Aqui o "direito natural" é o direito de cada um
usar o seu poder para se auto preservar e satisfazer os seus desejos.
No final do capítulo XIII, nosso autor explica de que modo seria possível sair daquele
deplorável estado no qual, não havendo propriedade, nem noções partilhadas do bem,
do mal, da justiça e da injustiça, nem oportunidade para a indústria, as artes e as
ciências, “e a vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta” (Hobbes,
1983: 76).
RAZÕES E PAIXÕES:
Definição de poder segundo Hobbes: é poder tudo aquilo que pode ser utilizado como
meio para conseguir um fim: dotes naturais, habilidades adquiridas com o tempo e a
experiência, bens externos de todo tipo: “qualquer qualidade que torna um homem
amado, ou temido por muitos, é poder; porque constitui um meio para adquirir a ajuda e
o serviço de muitos” (Hobbes, 1983: 53).
Assim, enquanto não houver um poder comum que atemorize os homens, o estado de
natureza será um estado de guerra, real ou potencial.
Sobre o direito de propriedade, Hobbes afirma que no estado de natureza é substituído
por apropriação aonde a força e a fraude se constituem nas duas virtudes cardeais. Ou
seja, o estado de natureza é, antes de tudo, um caos de subjetividade. Nele, cada um
pode utilizar livremente a sua razão para procurar seus próprios fins; cada um é juiz
sobre o que é ou não é racional.
Já a lei fundamental da natureza, pelo contrário, é uma norma que proíbe um homem
de fazer o que pode destruir a sua vida ou privá-lo dos meios para conservá-la, ou omitir
aquilo mediante o qual acredita que a sua vida pode ficar mais bem protegida.
E a partir dessas leis foi surgindo mais, sempre com o intuito de controlar o poder de
cada indivíduo. Mas todas estas, “na ausência do temor de algum poder capaz de levá-
las a ser respeitadas” são, de acordo com o que afirma Hobbes, “contrárias a nossas
paixões naturais” (Hobbes, 1983: 103), isto é, só podem ser efetivas quando o ator
se sente seguro de segui-las sem que isso redunde em seu próprio prejuízo.
Para John Locke, o Estado de Natureza não é apenas uma construção teórica, ele
sempre existiu. Locke entendia que no Estado de Natureza as pessoas eram
submetidas à Lei da Natureza o que era possível porque elas eram dotadas de razão.
Nesta Lei da Natureza cada indivíduo poderia fazer o papel de juiz e aplicar a pena que
considerasse justa ao infrator. Para Locke, "não é toda convenção que põe fim ao estado
de natureza entre os homens, mas apenas aquela pela qual todos se obrigam juntos e
mutuamente a formar uma comunidade única e constituir um único corpo político; quanto
às outras promessas e convenções, os homens podem fazê-las entre eles sem sair do
estado de natureza".
A Guerra Civil
Antecedentes
As causas da Guerra Civil Inglesa podem ser traçadas desde 1625 quando o Rei
Carlos I casa-se com uma francesa católica, e isso irá contrariar os puritanos que
correspondiam a um terço do Parlamento. Em 1626, Carlos I nomeia o Duque de
Buckingham (um parente seu) para ministrar a guerra contra a Escócia, o que contraria
o parlamento. O rei então acusa o parlamento de incompetente e o desfaz. Em março
de 1628, o rei convoca um novo parlamento que tem como líder Oliver Cromwell e em
junho do mesmo ano o parlamento elabora a Petição de Direitos que procura aumentar
a importância do Parlamento frente ao rei e em uma das questões da Petição alegava
o consentimento do parlamento para o aumento dos impostos, ou mesmo a criação de
um novo. Carlos tenta então aprovar um imposto sobre mercadorias importadas, porém
o Parlamento veta a criação do novo imposto e é fechado pelo rei. Durante 11 anos
Carlos I reina sem um parlamento e esse período fica conhecido como os “Onze anos
de Tirania”.
Em julho de 1642, as forças parlamentares com apoio dos centros urbanos ingleses
- e liderados por Oliver Cromwell que elabora o New Model Army (Novo Modelo de
Exército) -derrotam o monarca inglês que possuía apoio das áreas rurais do país. O rei
então é preso mas foge e fica escondido por 2 anos.
Carlos II se vendo insultado com a morte do pai, sai do exílio na França, forma um
exército que consegue entrar bastante dentro do território inglês, mas ainda assim perde
para as forças parlamentares e é obrigado a fugir de volta à França.
Conseqüências
RESUMO
A natureza e a causa dos conflitos, tanto entre seres humanos, quanto entre Estados, é
um tema presente na filosofia política desde o século IV a. C, com a obra que funda o
pensamento político, a República de Platão. A ação humana e os conflitos dela
derivados, estão no fundamento da origem das guerras e sua compreensão é a base
para que se possa encontrar os meios necessários à paz. Ambos são objetos de estudo
da filosofia política, classificada por Aristóteles como filosofia prática. Em oposição à
metafísica, ou filosofia teórica, a filosofia prática, dividida entre ética e política, tem um
fim bem definido: a busca da felicidade e do bem comum, respectivamente na esfera
privada e na esfera pública. A história do pensamento político comprova que o impulso
necessário para a criação de uma área de estudo independente de outras áreas já
exploradas pela filosofia foram os conflitos e guerras civis.
Autor do Segundo Tratado do Governo Civil, o filósofo contratualista inglês John Locke
afirma que o direito natural, ou seja, a lei da natureza, que é a lei da razão ou ainda, o
que dita o bom senso de cada indivíduo, seria instrumento plenamente eficaz para
manter a paz, caso não houvesse, dentre os seres humanos, aqueles, que o ignoram,
agindo como se fossem animais.
Locke não perdoa aqueles que violam as regras mínimas do bom senso, agindo, não
segundo a reta razão, mas segundo suas paixões individuais. Como tal, tais indivíduos
promovem um estado de guerra generalizado. Segundo a ótica do autor, ao violarem o
direito natural, perdem a condição de humanidade, ou seja, são excluidos da categoria
de seres humanos e por essa razão, podem ser justamente considerados animais.
Surpreendetemente para um representante e fundador do pensamento liberal, o direito
natural em Locke permite que tais infratores sejam punidos com a pena máxima, ou
seja, a pena de morte. Não fosse a ocorrência de tais atitudes, consideradas excessões
e não regra geral, provenientes das ações irracionais de homens degenerados, que
podem ser equiparados a animais, o Estado Político, segundo Locke, não seria nem
mesmo necessário. Afirma o autor:
"Se não houvesse a corrupção e o vício de homens degenerados, não seria preciso
outras leis, nem a necessidade de formar, no lugar de grande e natural comunidade,
sociedades separadas, fundadas sobre contratos positivos." (Locke, 1978, p. 5)
Talvez influenciado pelo conselho que Machiavel oferece a Lorenzo de Medici de jamais
imaginar Repúblicas que nunca existiram e jamais existirão, como ponto de partida da
análise política, e buscando uma solução mais realista do a proposta por Platão ao
imaginar sua Calipolis, Hobbes afirma que os filósofos, ou na sua própria denominação,
os cientistas políticos devem influenciar o soberano, seja ele uma só pessoa ou uma
assembléia, em sua tarefa de bem governar, assim como os cidadãos em seu dever de
obedecer.
A soberania, que, na visão hobbeseana é uma pessoa artificial, produto da arte humana,
pode se concentrar indiferentemente em uma ou mais pessoas físicas. Ou seja, desde
que sua origem seja contratual, não importa, para os contratualistas, a forma de
governo. A legitimidade do poder político se encontra em sua origem e não em sua
forma.
Antes do Estado Político ser instituído, afirma Hobbes, nada pode ser considerado justo
ou injusto, moral ou imoral, legal ou ilegal, certo ou errado. Somente no Estado Político
o direito civil pode ser instituído e, a partir de então, o conceito de justiça significa o
cumprimento da lei, de injustiça, sua violação. Entre a corrente jusnaturalista, que
Hobbes desenvolve estabelecendo vinte Leis de Natureza, e a corrente juspositivista, o
autor opta pela última.
Mesmo que se considere a possibilidade de um direito inscrito na natureza este seria,
na visão do autor totalmente ineficaz para garantir a ausência de sensação de medo, ou
seja, a ausência de guerra generalizada. O fato é constatado pela análise empírica que
o autor desenvolve sobre a natureza humana. A razão da falência de um suposto direito
natural se deve ao fato, que pode ser comprovado pela observação empírica, de que
os seres humanos, sem nenhum tipo de poder coercitivo, não agem segundo as regras
da razão e do bom senso, mas sim segundo suas próprias paixões, atuando como juizes
em causa própria em caso de conflitos. .
Além do vínculo com o Estado Político e sua consequência mais significativa, a origem
do Direito, a busca pela paz em Hobbes está intrinsecamente ligada ao bom uso da
linguagem. Desfazer os equívocos, ou seja, em suas próprias palavras "dissipar as
nuvens" deixadas pelos filósofos morais e mostrar o melhor caminho para a paz através
do exercício racional, é a tarefa que Hobbes se propõe.
"Mas a mais nobre e útil de todas as invenções foi a da linguagem, que consiste em
nomes ou apelações e em suas conexões, pelas quais os homens registram seus
pensamentos, os recordam depois de passarem, e também os usam entre si para a
utilidade de conversas recíprocas, sem o que não haveria entre os homens nem Estado,
nem sociedade, nem contrato, nem paz, tal como não existem entre os leões, os ursos
e os lobos."(Hobbes, 1988, p. 20)
Se a filosofia natural desenvolvida pelo autor não tinha outra função a não ser o puro
prazer intelectual, a filosofia política tinha um fim específico: a busca da paz. Dessa
forma, surge mais uma premissa da ciência política: seu caráter utilitalista. Sendo mais
útil que a filosofia natural, a filosofia politica deveria ser considerada superior em relação
à primeira e desse modo, prioritária. Segundo Hobbes, seguindo os preceitos de Platão,
posteriormente encontradas em Wittgenstein, a linguagem deve ser utilizada de forma
precisa, fundada na lógica e não na retórica. É pelo fato do ser humano ser capaz de
desenvolver a linguagem que ele é capaz de desenvolver a razão. Portanto, seria
somente o ser humano, dentre todos os animais, o único capaz de encontrar os
caminhos para a paz.
"... aquilo que foi escrito, até hoje, pelos filósofos morais em nada avançou no
conhecimento da verdade." (Hobbes, 1992, p. 7)
" .... eles engendraram aquelas opiniões hermafroditas dos filósofos morais, em parte
corretas e belas, em outra parte brutais e selvagens, que são causa de tudo o que é
conflito e derramamento de sangue." (Hobbes, 1992, p. 14)
"Uma pessoa de cujos atos uma grande multidão, mediante pactos recíprocos uns com
os outros foi instituída por cada um como autor, de modo a ela poder usar a força e os
recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar a paz e a
defesa comum." (Hobbes, 1988, XVII)
A cláusula única do contrato que funda o Estado Político, é caracterizado por uma
transferência mútua de direitos, fundada na livre vontade do sujeito da ação, a um
representante comum. Está se expressa nos seguintes termos:
"Cedo e transfiro meu direito de governar a mim mesmo a este homem, ou a esta
assembléia de homens, com a condição de transferires a ele teu direito, autorizando de
maneira semelhante todas as suas açóes. Feito isso, a multidão assim unida numa só
pessoa se chama Estado, em latim civitas. É esta a geração daquele grande Leviatã".
(Hobbes, 1988, XVII)
A condição essencial para o alcance da paz na teoria política hobbeseana está fundada
na educação política. Não basta que os conceitos sejam definidos de forma precisa pelo
cientista político, não basta fundar a política em bases científicas. É preciso ainda que
tal conhecimento seja bem difundido, principalmente nas universidades, formadoras do
caráter moral dos indivíduos.
Ou seja, é imprescindível para a realização da paz, que não somente o soberano, mas
igualmente todos aqueles que estarão submetidos ao seu poder por livre consentimento,
os chamados cidadãos, tenham igual acesso ao conhecimento que Hobbes investiga.
Por essa razão, torna-se precursor ao redigir o Leviatá, originalmente em língua inglesa
e não em latim, até então a língua utilizada pelos filósofos.
Inconformado, diante das atrocidades que prenunciavam a Guerra Civil Inglesa, como
descreve em sua obra Behemoth, o autor testemunha um período histórico que ameaça
por um fim em todo o progresso científico que o mundo atingiu no século XVII, até
nossos dias, o século onde a ciência mais se desenvolveu em sua história. Diante dos
fatos históricos que presencia, é natural que a preocupação do autor seria
principalmente em estabelecer as condições para a construção da paz no plano interno.
Entretanto, sendo o Leviatã um Deus Mortal, e considerando que a causa da morte do
Estado Político pode surgir, tanto por sedições internas, quanto por inimigos externos,
Hobbes não deixa de considerar as possibilidades da paz no plano das relações entre
os Estados, tema que será desenvolvido somente no século XIX com a obra A Paz
Perpétua de Immanuel Kant.
Assim como o francês Jean Bodin, em sua obra Os Seis Livros da República, Hobbes
define o conceito de soberania, até nossos dias, um dos mais importantes conceitos das
relações internacionais. Ao definir a soberania, o autor inglês será pioneiro em definir
um dos mais intrigantes paradoxos contemporâneos. Visto, por um lado, como condição
essencial para a própria subsitência do Estado e da harmonia no plano interno, o
conceito de soberania, segundo Hobbes, representaria, por outro lado, uma ameaça à
paz, se considerada no plano internacional.
"...devemos saber qual é o poder de cada país vizinho, e em que consiste; que vantagem
e desvantagem podemos receber de cada um deles; quais são suas disposições para
conosco, e como se sente cada um deles em relação aos demais; e que desígnios
diariamente circulam entre eles. " (Hobbes, 1992, p. 1888-9)