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BPG 83 PDF
BPG 83 PDF
Boletim Paulista
de
Geografia
PERSPECTIVA CRÍTICA
Nº 83
DEZEMBRO DE 2005
SÃO PAULO
(BRASIL)
BOLETIM PAULISTA DE GEOGRAFIA
ISSN 0006-6079
Os artigos publicados no Boletim Paulista de Geografia são indexados por: Geo abstracts,
Sumários Correntes Brasileiros e Geodados: http://www.dge.uem.br/geodados.
Irregular
ISSN 0006-6079
CDD 910
EDITORIAL ........................................................... 3
ARTIGOS
Ruy Moreira .......................................................... 5
SOCIEDADE E ESPAÇO NO BRASIL (AS FASES DA FORMAÇÃO ESPACIAL
BRASILEIRA: HEGEMONIAS E CONFLITOS)
3
4
ARTIGOS
Ruy Moreira1
1
Professor dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado)
em Geografia da Universidade Federal Fluminense.
5
RUY MOREIRA
OS VETORES FUNDACIONAIS
6
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7
RUY MOREIRA
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OS CICLOS DE ASSENTAMENTO
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CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
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TEORIAS E CONCEITOS: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O DEBATE
CRÍTICO EM GEOGAFIA
RESUMO
RÉSUMÉ
1
Professor Assistente Doutor da Universidade Estadual Paulista - Rio Claro.
31
PAULO ROBERTO TEIXEIRA DE GODOY
1. INTRODUÇÃO
32
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33
PAULO ROBERTO TEIXEIRA DE GODOY
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2. ORDEM E (DES)ORDEM
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3. CATEGORIAS E CONCEITOS
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BIBLIOGRAFIA
53
IANNI, O. Teorias da Globalização. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1995.
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Unesp, 2001.
LEBRUN, G. Kant e o Fim da Metafísica. Tradução: Carlos A. R.
de Moura. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
LEFEBVRE, H. Lógica Formal/lógica dialética. Tradução: Carlos
Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 5.
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LEVINAS, Emmanuel. Totalidade e Infinito. Tradução: José Pinto
Ribeiro. Lisboa (Portugal): Edições 70, 1980.
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Bragança. Lisboa (Portugal): Publicações Europa-América, 1987.
MÜLLER, Marcos. Epistemologia e Dialética. Campinas: I Encontro
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1978, p. 5-30).
OLIVEIRA, Manfredo A. de. Dialética Hoje – lógica, metafísica e
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RANDOLPH, R. Estabilidade sócio-histórica material-concreto:
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SANTOS, M. Espaço e Sociedade. Petrópolis: Vozes, 1980.
SANTOS, M. Pensando o Espaço do Homem. São Paulo. Hucitec,
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SANTOS, M. Por Uma Geografia Nova – da Crítica da Geografia a uma
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SANTOS, M. A Natureza do Espaço: espaço e tempo: razão e
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SMITH, N. A Produção da Natureza. Tradução Beatriz M. Pontes,
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SOJA. E. W. Geografias Pós-Modernas: a reafirmação do espaço
na teoria crítica social. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1993.
54
A GEOGRAFIA QUE DESEJAMOS1
1
A primeira versão deste texto, no seu primeiro fragmento, foi apresentada
no V Encontro Estadual de Geografia de Minas Gerais - A Geografia na
Modernização do Mundo, realizado pela AGB/BH, em 2005.
2
Profa. Dra. do Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
55
AMÉLIA LUISA DAMIANI
3
LEFEBVRE, Henri. Méthodologie des sciences. Paris : Anthropos, 2002, p. 47.
4
Op. cit. p. 48.
5
Op. cit. p. 48.
6
Op. cit. p. 48.
56
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7
LEFEBVRE, Henri, 2002, p. 118.
8
LEFEBVRE, Henri, 2002, p. 51.
9
LEFEBVRE, Henri, 2002, p. 122-123.
57
AMÉLIA LUISA DAMIANI
10
DEBORD, Guy. La société du spectacle. Paris: Gallimard, 1992.
11
VANEIGEM, Raoul. Nous qui désirons sans fin. Paris: Gallimard, 1996. p.
18 e 20, respectivamente.
58
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12
VANEIGEM, Raoul. Isidore Ducasse et le Comte de Lautréamont dans les
Poésies (veiculado por internet, 2005).
59
AMÉLIA LUISA DAMIANI
13
VANEIGEM, Raoul, 1996, p. 67. “A realidade econômica é a realidade
economizada. O universo aí se reduz à dimensão do dinheiro.” (p. 72)
14
VANEIGEM, Raoul, 1996, p. 75.
60
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15
MARX, Karl. Elementos fundamentales para la crítica de la economia política
(Grundrisse) 1857-1858. Argentina: Siglo Veintiuno, 1977, volume 2, p. 364
(em alemão, 695). Este parágrafo faz parte de contribuição pessoal num
trabalho coletivo, realizado no Laboratório de Geografia Urbana - LABUR -
sobre a crise do trabalho.
16
VANEIGEM, Raoul, 1996, p. 77.
61
AMÉLIA LUISA DAMIANI
17
VANEIGEM, Raoul. Isidore Ducasse et le Comte de Lautréamont dans les
Poésies. (veiculado por internet, 2005).
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65
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18
MARTINS, Sérgio Manuel Merêncio. Nos confins da metrópole: o urbano às
margens da represa Guarapiranga, em São Paulo. Tese de doutorado. São
Paulo: Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, Universidade de São Paulo, 1999. E BUENO, Ana Karina S. e REYDON,
Bastiann P. O mercado de terras informal nas áreas de mananciais. São
Paulo: UNICAMP (manuscrito); entre outras pesquisas.
19
Avaliação Ambiental Estratégica do Programa Rodoanel. Governo do Estado
de São Paulo, 2004.
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20
FREITAS, Eliano de Souza Martins. A reprodução social da metrópole em
Belo Horizonte: APA Sul RMBH, mapeando novas raridades. Tese de doutorado.
Belo Horizonte: Programa de Pós-graduação em Geografia, Instituto de
Geociências, Universidade de Minas Gerais, 2004. Entre os exemplos,
destaca-se o “do empreendimento imobiliário ‘Vale dos Cristais’ (localizado
às margens da rodovia MG-030), resultado da articulação entre a Anglo-
Gold e a Odebrecht Engenharia e Construções.”(p. 246)
67
AMÉLIA LUISA DAMIANI
21
LEFEBVRE, Henri. Quand la ville se perd dans la métamorphose planétaire.
IN : La Somme et le Reste, nº 3, fevereiro de 2004, p. 24.
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...
22
LEFEBVRE, Henri, fevereiro de 2004, p. 21.
23
Op. Cit. p. 22.
69
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24
VANEIGEM, Raoul, 1996 e outros textos do autor.
25
Op. cit., p. 54.
26
VANEIGEM, Raoul,1996, p. 66.
27
BARRETO, Maria Inês. Inserção internacional de governos locais. Revista
Teoria e Debate. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, ano 17, nº 59, agosto/
setembro de 2004, p. 12-16, p. 12.
70
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28
OSMONT, Annik. La banque mondiale et les villes – du développement à
l’ajustement. Paris: Karthala, 1995, p. 145.
29
BARRETO, Maria Inês, agosto/setembro de 2004, p. 15.
30
A partir de diálogo com Henri Lefebvre, publicado na revista M, de fevereiro
de 1988.
71
AMÉLIA LUISA DAMIANI
31
MARX, Karl, 1977, volume 2, p. 86.
“O capital [...] supõe já em certa escala, maior ou (p. 86) menor, uma
concentração; por um lado em forma objetiva, ou seja, como concentração
[...] de meios de subsistência, matéria-prima e instrumentos ou, para dizê-
lo em uma palavra, de dinheiro como forma geral da riqueza; e por outro
lado na forma subjetiva, a acumulação de forças de trabalho e concentração
das mesmas em um ponto, sob o comando do capital.” (p. 87)
“[...] quando se fala unicamente do capital, a concentração coincide com a
acumulação ou com o conceito do capital. Isto é, que ainda não constitui
uma determinação especial. Certamente, não obstante, o capital se enfrenta
desde o começo na qualidade de um ou de unidade frente aos trabalhadores
enquanto pluralidade. Desta sorte e frente ao trabalho aparece como a
concentração dos trabalhadores, como uma unidade externa a estes. Neste
sentido, a concentração está compreendida no conceito do capital [...] unidade
à margem dos mesmos.” (p. 92)
32
DEBORD, Guy, 1992.
33
O termo foi utilizado por Henri Lefebvre, em La production de l’espace. A
télescopage está no plano de uma ilusão, de uma confusão, de um misto de
realidade e representação, potencializado, por transferência e redefinição
de conteúdos, terrivelmente ativas.
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34
LEFEBVRE, Henri. La production de l’espace. Paris: Anthropos, 2000, 4ª edição.
35
A noção de supostos históricos e de a condição de existência são argumentos
decisivos sobre o movimento da acumulação originária do capital. MARX, Karl.
Elementos fundamentales para la crítica de la economia política (Grundrisse)
1857-1858. Argentina: Siglo Veintiuno, 1977, volume 1.
73
AMÉLIA LUISA DAMIANI
...
36
A deriva se define como um “comportamento ‘lúdico-construtivo’; ligada a
uma percepção-concepção do espaço urbano enquanto labirinto: espaço a
‘decifrar’ (como decifrando um texto com características secretas) e a
descobrir pela experiência direta” (New Babylon, Constant - Art et Utopie –
textes situationnistes. Paris: Cercle d’Art, 1997, p. 14).
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37
LEFEBVRE fala em oposição estagnante: “em que os termos se afrontam ‘face a
face’, significativamente, depois se separam, se misturam na confusão” (LEFEBVRE,
Henri. La production de l’espace. Paris: Anthropos, 2000, 4ª edição, p. 257).
38
“[...] é preciso em geral compreender por esta palavra o entendimento abstraindo
e por isto dividindo, que persevera em suas divisões. Voltado contra a razão ele se
comporta como senso comum, e faz valer suas visões segundo as quais a verdade
repousa sobre a realidade sensível e os pensamentos são somente pensamentos, no
sentido que é somente a percepção sensível que lhe dá conteúdo e realidade, e que
a razão, na medida em que ela permanece em e para si dá vida a quimeras... o
conceito de verdade se restringe ao conhecimento da verdade subjetiva, ao
fenômeno, alguma coisa que não corresponde à natureza da própria coisa, o
saber cai ao nível da opinião subjetiva.” [HEGEL, Morceaux choisis. Paris:
Gallimard, 1995 (1ª edição 1939), tradução de Henri Lefebvre e Norbert
Guterman, p. 77 (Ciência da Lógica ou Grande Lógica)].
39
“É preciso procurar o fundamento desta idéia tornada geral na descoberta do conflito
necessário das determinações do entendimento. A reflexão já mencionada consiste
em ir além do dado imediato concreto, de o determinar e de o dividir; mas ela deve
ir igualmente além de suas determinações fragmentadoras, e antes de tudo as
colocar em relação. No estágio desta relação seu conflito aparece; este
procedimento de relação operada pela reflexão pertence implicitamente à
Razão... chegar à descoberta do conflito é o grande passo negativo em direção
ao conceito verdadeiro da razão... a contradição é precisamente o ato pelo
qual a razão se eleva acima das limitações do entendimento e as dissolve” [Op.
cit. p. 78 (Ciência da Lógica ou Grande Lógica)].
75
AMÉLIA LUISA DAMIANI
40
NEGRI, Antonio e COCCO, Giuseppe. Novidades na América do Sul. Teoria e
Debate. São Paulo: FPABRAMO, abril/maio de 2005, ano 18, nº 62, p. 40/42.
41
VIRNO, Paolo. Gramática de la multitud – para un análisis de las formas de
vida contemporáneas. Madri: Traficantes de Sueños, 2003, p. 21. (baseado
em Spinoza)
42
VIRNO, Paolo, 2003, p. 23.
43
VIRNO, Paolo, 2003, p. 22. (citando Spinoza em Tratado Político)
76
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44
LEFEBVRE, Henri. A propos du centenaire de la mort de Marx. Revue La
Somme et le Reste – études lefebvriennes – réseau mundial, nº 1, 2002, p.
20-26. São fragmentos de respostas de Henri Lefebvre a uma revista de
Belgrado, a propósito de um questionário sobre o socialismo no mundo.
Escritos referentes aos anos de 1983-84.
45
VIRNO, Paolo, 2003, p. 26.
77
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...
46
DEBORD, Guy. In girum imus nocte et consumimur igni e basuras y escombros.
Barcelona: Anagrama, 2000, p. 27-28.
78
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79
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47
Para maior aprofundamento, HARVEY, David. Los límites del capitalismo y la teoría
marxista. México: Fondo de Cultura Económica, 1990, capítulo VIII, p. 210-243.
80
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48
CARLOS, Ana Fani Alessandri. A reprodução da cidade como “negócio”. IN: CARLOS,
Ana Fani Alessandri e CARRERAS, Carles (orgs.) Urbanização e mundialização –
estudos sobre a metrópole. São Paulo: Contexto, 2005, p. 29-37.
49
KOWARICK, Lúcio. A espoliação urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
50
BUENO, Ana Karina S. e REYDON, Bastiann P. O mercado de terras informal
nas áreas de mananciais. São Paulo: UNICAMP, manuscrito.
81
AMÉLIA LUISA DAMIANI
51
VIII Simpósio de Geografia Urbana - Cidade, Espaço, Tempo, Civilização: por
“uma transformação radical da sociedade como sociedade política”, realizado
no Recife, em Pernambuco, no período de 10 a 14 de novembro de 2003.
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52
TELLES, Vera da Silva. Trajetórias urbanas: fios de uma descrição da cidade,
(no prelo), manuscrito p. 7.
53
Sobre este assunto é importante considerar as aquisições de outros trabalhos
envolvendo a alteração da natureza do fenômeno, de acordo com a diferença
de magnitude expressa. Trabalho com a noção de medida e sua importância
na compreensão das periferias metropolitanas. Um texto, sob o título
“Urbanización Crítica: Periferias Urbanas – Elementos a considerar en el camino
de la comprensión de la ciudad como sujeto”, contém uma análise nessa direção.
Texto que poderá ser publicado em livro, em Barcelona, ainda em 2006, referente
ao projeto “Globalización y Transformaciones Socio-Espaciales en las Metrópolis
del Siglo XXI: Barcelona y São Paulo”, coordenado pelos professores Ana Fani
Alessandri Carlos e Carles Carreras. Outros momentos da argumentação aqui
exposta compõem esse texto de modo mais analítico.
83
AMÉLIA LUISA DAMIANI
54
HARVEY. David. Condição Pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1992, p. 203.
55
RONCAYOLO, Marcel. La ville et ses territoires. Paris: Gallimard, 1978,
citado por TELLES, Vera da Silva. Trajetórias urbanas: fios de uma descrição
da cidade (no prelo).
84
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85
AMÉLIA LUISA DAMIANI
...
BIBLIOGRAFIA
86
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87
TELLES, Vera da Silva. Trajetórias urbanas: fios de uma descrição
da cidade (no prelo).
VANEIGEM, Raoul. Nous qui désirons sans fin. Paris: Gallimard, 1996.
VANEIGEM, Raoul. Isidore Ducasse et le Comte de Lautréamont
dans les Poésies (veiculado por internet, 2005).
VIRNO, Paolo. Gramática de la multitud – para un análisis de las formas
de vida contemporáneas. Madri: Traficantes de Sueños, 2003.
88
PROBLEMÁTICA AMBIENTAL = AGENDA POLÍTICA
ESPAÇO, TERRITÓRIO, CLASSES SOCIAIS
RESUMO
INTRODUÇÃO
1
Profa. Livre Docente da UNICAMP – amoyses@terra.com.br.
2
A pesquisa científica tem um tempo longo de maturação. Este texto foi
escrito especialmente para o Boletim Paulista de Geografia, mas as idéias
aqui contidas foram apresentadas em debates, simpósios, encontros, em
especial, na Semana de Meio Ambiente de Geografia da AGB-SP, em 2005.
89
ARLETE MOYSÉS RODRIGUES
3
Documentos oficiais da ONU, em especial o Relatório “Nosso Futuro Comum”,
afirmam que desenvolvimento sustentável é um conceito. Veja-se, em
especial “Nosso Futuro Comum/Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento” (1991- 2a edição).
90
BOLETIM PAULISTA DE GEOGRAFIA, SÃO PAULO, nº 83, p. 89-107, 2005
4
Utilizamos “riqueza natural” como contraponto de “recursos naturais”, o
último caracterizando os elementos da natureza como mercadoria.
5
Sobre complexidade, veja-se Morin, E. e Moigne, 2000; sobre reflexividade,
veja-se Giddens, A.; Beck, U.; Lasch S. (1997).
6
O debate sobre se o termo é um conceito, uma noção, uma proposta é
importante para aprofundar o conhecimento de categorias analíticas.
91
ARLETE MOYSÉS RODRIGUES
7
O meio ambiente entendido como externo à sociedade é visível quando se
analisam, por exemplo, os EIA-RIMAS e as propostas de mitigação de efeitos
dos empreendimentos ao meio físico. Não há idéias de compensação pelas
perdas imprimidas aos indivíduos.
8
Veja-se Relatório Nosso Futuro Comum, Agenda 21 (e as Agendas 21 locais).
92
BOLETIM PAULISTA DE GEOGRAFIA, SÃO PAULO, nº 83, p. 89-107, 2005
9
Atribui-se a pobreza aos pobres, a falta de empregos à falta de iniciativa da força de
trabalho, a dilapidação do meio ambiente aos países pobres e aos pobres, no geral.
93
ARLETE MOYSÉS RODRIGUES
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
10
Nobre, Marcos e Amazonas, Maurício, 2002.
94
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95
ARLETE MOYSÉS RODRIGUES
96
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11
Há também os oportunistas que buscam conseguir recursos para implantar
projetos, programas, empregos, trabalhos etc. Porém o que nos preocupa é
a forma como se ocultam as contradições e os conflitos.
97
ARLETE MOYSÉS RODRIGUES
98
BOLETIM PAULISTA DE GEOGRAFIA, SÃO PAULO, nº 83, p. 89-107, 2005
99
ARLETE MOYSÉS RODRIGUES
12
Rodrigues, Arlete Moysés, 1998.
100
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13
Veja-se Harvey, David, 1992.
14
Sobre a designação motores da história, veja-se Virilio, Paul.
101
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102
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CONSIDERAÇÕES GERAIS
15
Veja-se Rodrigues, Arlete Moysés, 2004.
16
A Geografia ficou “subalterna” das ciências dominantes. Além da divisão social
e territorial do trabalho, é importante também considerar a divisão técnica do
trabalho entre as diferentes categorias profissionais. A problemática ambiental
mostra a importância da Geografia, e cabe aos Geógrafos não se intimidar
pelas tentativas discursivas e não aceitar a subalternidade.
103
ARLETE MOYSÉS RODRIGUES
17
Smith, Neil in Harvey, David, 2005.
104
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105
ARLETE MOYSÉS RODRIGUES
BIBLIOGRAFIA CITADA
106
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107
108
O ORDENAMENTO TERRITORIAL CAPITALISTA E A
ESPACIALIDADE BRASILEIRA ATUAL: UMA
INTRODUÇÃO AO DEBATE DA RELAÇÃO ENTRE
FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL E BLOCO HISTÓRICO
RESUMO
1
Professor de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG;
Estudante de doutorado em Geografia da Universidade Federal Fluminense
– UFF; Coordenador de Assuntos Urbanos e Meio Ambiente da Associação
dos Geógrafos Brasileiros – Seção Local de Belo Horizonte – AGB-SLBH.
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ABSTRACT
This paper starts from the hypothesis that, since some partial
changes occurred in the way of regulation of the Brazilian sociospatial
formation (with the election of Collor de Mello for President), a
historical block was formed (in the gramscian sense), which attained
a quasi hegemony in Brazil. Considering that the repercussions of
such process in the spatial-territorial dimension havent yet been
sufficiently analysed and reflected upon by Brazilian Geography, at
the level of its understanding, this paper intends to show, in the
occasion of the govern of Luís Inácio Lula da Silva, what remained
the same and what was recently changed in Brazilian spatiality.
Keywords: Brazil: spatialities; Brazil: sociospatial
formation; Brazil: hegemony; Brazil: social movements.
“O que é o que é?
São sete mortos esticados
E cinco vivos passando
Os vivos estão calados
E os mortos estão cantando...”
(Adivinha cantada em moda de viola no interior de
Minas Gerais desde as calendas do século XX)
PRÓLOGO E INTRODUÇÃO
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Expressão construída por Henri Lefebvre (1999, em esp. cap. 1) para exprimir
a idéia de que quanto mais esta sociedade produzir – coisas – mais ela segregará
as possibilidades de apropriação. Amélia Luisa Damiani (2000, em esp. p. 28)
explica-a como “pura negatividade: o trabalho como miséria absoluta”.
3
Na Geografia Brasileira, até onde chegamos, mais contribuíram para a elaboração
da idéia de formação socioespacial Milton Santos (1977), Ariovaldo Umbelino de
Oliveira (1988) e Ruy Moreira (1994); esses tensionaram o binômio Tempo x Espaço
nos termos positivista kantiano e buscaram desenvolver referentes teórico-
conceituais mais íntegros a fim de corresponder à inteireza e sincronicidade do
mundo contemporâneo. Quanto ao primeiro geógrafo, entre os muitos comentários
encontra-se no exame de Anselmo Alfredo (2005) uma análise mais próxima da
idéia de movimento – íntegro nalgum sentido, embora não o realize em absoluto, e
não somente como soma dos fluxos mostrados pelas digressões parciais. A
concretização de abstração da formação socioespacial é, grosso modo, a
espacialidade, temporal, histórica, correspondente aos conteúdos presentes
somados aos virtuais da formação social, ou seja, um projeto que nega o presente
– não para eliminá-lo, mas selecionar dele elementos que reafirmem tática e
estrategicamente um projeto, mesmo que não-esclarecido (Milton Santos, 1978).
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Considera-se que aí cabem movimentos que na sua origem empunharam perspectiva
distinta do sentido geral de docilidade frente às contradições geradas pelo próprio
desenvolvimento do capital na formação socioespacial brasileira, mesmo que de
forma relativa em razão de suas particularidades – como os populares, os sindicais
de trabalhadores, os de “minorias” etc. A expressão, a nosso ver, carece ainda hoje
de densidade conceitual, pois que o adjetivo “social” a qualquer movimento em
geral pressupõe uma perspectiva teleológica ampla e profunda de transformação
social, que quase sempre não se encontra na própria fala dos protagonistas. Assim,
acompanhamos a vertente teórica de Eder Sader ([1988] 1995), que se não antecipa
conteúdo às práticas dos agentes investigados e as exacerba em nome de uma
história heróica, não as reduz às contingências de sua fundação. A partir da idéia de
“configurações sociais”, o autor reconhece em seus fazeres um “sentido novo”
reconhecido pelos próprios em razão das pequenas mas valiosas conquistas
num cotidiano amesquinhado por uma urbanização-metropolização voltados
para a apropriação privada dos meios de vida. Foi concreta a articulação das
lutas, a confluência das reivindicações e a integração das formas e conteúdos
de cidade e urbano – por vezes imaginada até como país e nação – que, aí sim,
os consistiram como movimentos sociais.
5
“Tanto em Marx como em Gramsci a sociedade civil – e não mais o Estado, como em
Hegel – representa o momento ativo e positivo do desenvolvimento histórico... [e
em Marx] esse momento ativo é estrutural, enquanto em Gramsci é superestrutura”
(Norberto Bobbio, O conceito de sociedade civil, Trad. Carlos Nelson Coutinho, Rio
de Janeiro, Graal, 1982, p. 33, citado em Marco Aurélio Nogueira, 2000/2001, nota
5, p. 121). Mas o próprio Nogueira alerta para uma relação dialética em que a
formação da sociedade civil pode tanto contribuir para a organização do povo a fim
de protegê-lo da negação de sua superação como explorado-dominado, como favorece
a pretensão de uma classe em converter-se no próprio Estado (p. 121). Miguel
Abensour (1998) avança quando acompanha o alerta marxiano para o risco de a
sociedade civil aproximar-se da anatomia da ação cilvilizatória da burguesia, que
institui a simbiose entre Estado e mercado e, no limite, um totalitarismo com
fachada de “democracia”, a “democracia burguesa”.
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A partir e com Ricardo Antunes (2000, p. 101 e ss.), propõe-se o conceito de
“classe-que-vive-da-venda-do-próprio-trabalho”, pois que a totalização e
hipostasia do trabalho no contexto da mundialização do capital implica em
expansão e heterogeneização das subsunções formal e real à totalidade da
superfície do planeta e todos os momentos e tempos da vida dos seres
humanos, fato que até aprofunda, através da mercantilização das dimensões
da vida – nunca absolutamente – o domínio do trabalho-do-outro por parcela
restrita da humanidade – a classe proprietária. O autor indica que a expressão
é mais abrangente que a “classe trabalhadora” (de Karl Marx) e assim tenta
atualizá-la. A nosso ver é deveras mais consistente para o período atual da
modernização crítica, não só porque contempla as formas que não se
apresentam como trabalho manual direto, operário fabril ou agrícola, mas
por que se afirma numa locução verbal (“que-vive-da-venda-...”) e não de
em uma adjetivação (“trabalhadora”), que no chamado “mundo ocidental”,
se instituiu como senso comum moral, de “trabalhador(a) assíduo e honesto”.
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A expressão é elaborada de forma mais conceitual por Gramsci ([1955] 1981,
p. 31-63), que ao discutir os traços mais permanentes da Filosofia e da
História presentes no debate do campo do Materialismo Histórico-Dialético,
infere seu descolamento com o mundo real e assim tornarem-se justificação
da exploração-dominação. Na perspectiva de construir um conhecimento
popular – e suas ações genuínas correspondentes – rumo à superação do
senso comum pragmático, Gramsci explora questões particulares transversais
– religião, individualismo, ciência etc. – para encontrar, via concretude das
contradições vigentes nas formações econômico-sociais debatidas pelos
“filósofos materialistas”, um fundamento real que dá coerência – ordem e
eficácia – ao modo de produção capitalista: o bloco histórico. Assim, a expressão
significa uma integridade e dialética entre a “infra-estrutura” e a “super-
estrutura” a ponto da “inversão da práxis” (p.52), o que para nós pode significar
uma chave para reflexão sobre as contradições teoria-práxis do campo
“democrático-popular” expressas mais amplamente no governo Lula.
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Acompanhando Ricardo Antunes (2000), o intertrabalho é a articulação entre
o trabalho concreto (produtor dos objetos de valor de uso) e o trabalho
abstrato (produtor dos objetos de valor de troca, as mercadorias). Se há
como distingui-los, tampouco há como separá-los, pois como atividade
propriamente humana o trabalho traz ao mundo conteúdo que interfere na
vida humana. Com a modernização, cada vez mais as atividades repercutem-
se tendentes a um sistema, a totalidade, que não se completa nunca. A
apropriação do trabalho – sentido genérico – é também cada vez mais
complexa, porque suas formas se multiplicam e assim geram e desenvolvem
níveis cuja realização mercantil varia, mas sempre com algum grau de
composição pró-capital: a mesma atividade pode, no decorrer de um período,
assumir uma forma tipicamente capitalista e em outro momento não. Um
exemplo singelo é a sazonalidade do trabalho agrícola de semicamponeses,
que podem ser requisitados por empresas da agroindústria a qualquer
momento do ano, dependendo da demanda do mercado capitalista de gêneros
agrícolas. Assim, em alguns anos na mesma estação climática ocorre evasão
relativa de homens jovens trabalhando, pois como mais produtivos e
rentáveis, e assim considerados mais competitivos no trabalho abstrato,
deixam as lavouras rústicas das suas propriedades familiares para as
mulheres, as/os sexagenárias/os e até as crianças e adolescentes.
9
A partir da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD) da Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pesquisadoras/es
confluem para a revelação de um ciclo de acirramento da desigualdade
socioeconômica no Brasil até 2002, seguido de algum arrefecimento desde
2003. Porém, a forma predominante de tal reversão relativa não tem sido o
emprego formal, mas os programas governamentais como o Bolsa-Família,
o que é visto por quase todas/os as/os analistas como forma insuficiente para
uma reversão da concentração das riquezas nas suas diversas formas de efetiva
apropriação. (Cf. “Pobres se distanciam de ricos e dependem mais do governo”,
Folha de São Paulo. Brasil. São Paulo, 25 de dezembro de 2005).
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Marilena Chauí (1999) apresenta um histórico do imaginário chamado de
“neoliberalismo” e Perry Anderson (1995) discute seus efeitos nas
espacialidades continentais e no mundo com um todo, com descompassos e
riscos de totalização de uma imagem de mundo que se realiza porque se
legitima como a única possibilidade; trata-se de mais uma ideologia no
nível da mimésis – uma mediação condutora –, que corrói as práxis
intencionadas na poiésis, uma relação livre entre seres humanos e natureza
(Lefebvre, ([1965] 1967).
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Compõe-se majoritariamente dos funcionários públicos civis e militares,
comerciantes, profissionais liberais etc., uma acepção mais enquanto
mediação sociopolítica que estritamente socioeconômica, medida pelos
chamados “rendimentos monetários”: trata-se de capacidade de fazer valer
seus interesses na intervenção do Estado federativo brasileiro. Como agentes
da dimensão sociopolítica.
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A democracia, como mo(vi)mento, é o desaparecimento do Estado, não no
sentido da sua substituição por uma aristocracia, mas rumo a um êxtase de
contínua (re)criação das possibilidades da vida, pois que as condições
produzidas pelos seres humanos podem ser apropriadas por quaisquer seres
humanos, sem hierarquias, sem seletividade, sem competição (Miguel
Abensour, [1997] 1998, p. 20 e ss.). Significa liberdade (ibid., p. 71 e ss.).
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Além do próprio coordenador, figuram entre os autores do livro Ari José
Alberti, Emir Sader, João Pedro Stédile, José Albino, Lúcia Camini, Luis
Bassegio, Luís Eduardo Greenhalgh, Plínio de Arruda Sampaio, Reinaldo
Gonçalves, Tânia Bacelar de Araújo. Alguns/mas desses/as foram
parlamentares estaduais e federais e depois – o livro foi escrito no calor da
campanha eleitoral de 1998 que legou a Fernando Henrique Cardoso um
segundo consecutivo mandato presidencial – até ocuparam cargos em equipes
de trabalhos de programa de governo Lula ou foram consultores ou próceres
de agências de desenvolvimento regional ou ministérios do mesmo. Na
Apresentação do livro há referência à origem do livro em encontros
preparatórios estaduais e uma reunião nacional da “Consulta Popular” –
movimento criado em 1997 e que existe até os dias de hoje.
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A expressão foi cunhada e desenvolvida por Henri Lefebvre ([1972], inéd.),
ao discutir exemplos em que a própria rentabilidade das atividades
capitalistas decaem conforme o desenvolvimento da complexidade do espaço
como totalidade; o que serve para demonstrar que o capitalismo não é um
sistema, pois que não se realiza segundo um plano, uma lógica, mas no
desenvolver de estratégias em escalas virtuais e materiais crescentes, até
a mundialização do próprio capital.
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A expressão tem origens em estudos – sistematizados em Milton Santos (1994)
– que revelaram índices de crescimento regional e nacional maiores nos interiores
e nas cidades pequenas e de porte médio do que nas metrópoles.
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Acompanhamos Marx e Engels ([1845-1846] s.d., p. 20 e ss.) em A ideologia
alemã, quando afirmam a anterioridade e a primazia da “separação” – em
verdade, trata-se de uma distinção didática de um conteúdo integrado –
entre campo e cidade, entre “trabalho agrícola” e o “industrial e comercial”.
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Várias formações socioespaciais já realizaram, mormente na Europa
Ocidental – numa forma mais próxima da realização burguesa da expropriação
do campesinato, chamada por Marx ([1890] 1996) de “acumulação primitiva”
– e na América – em que os Estados Unidos da América tiveram um processo
de formação mercantil burguesa com a anteposição policial do Estado,
enquanto no México houve intervenção estatal iniciada em 1920 já na própria
distribuição de terras. Uma classificação simplificada se encontra em João
Pedro Stédile & Bernardo Mançano Fernandes (1999, p. 157-163).
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A priorização das práticas de prevalência do valor de uso sobre o de troca é
questão por demais polêmica na história das elaborações intelectuais e das
práticas pela socialização dos meios de produção e de vida. A fim da discussão
sobre a qualidade da espacialidade brasileira na perspectiva de análise da
formação de uma hegemonia, interessa-nos aqui observar a dimensão de
apropriação concreta transformadora da propriedade privada rumo a uma
totalidade com a redistribuição dos meios de vida, inclusive a terra. Se tal
fato implica em outra forma que não a da competição capitalista no campo,
é importante observar os fundamentos e resultados da “cooperação
produtiva” que o MST desenvolve sistematicamente (João Pedro Stédile &
Bernardo Mançano Fernandes 1999, p. 95-121).
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V1 Com relação à concepção de movimentos sociais por aqui burilada, ver
nota 3. Quanto ao adjetivo “urbano”, o uso mecanicamente associado à
espacialidade conhecida como “cidade” – aglomerado de seres humanos denso
de ocupação e atividades, qualquer que seja o seu tamanho – não deve
encobrir que ele se realiza como qualidade das práticas que (des)envolvem
as obras sem o destino alienado como produto e mercadoria; ou seja, a
produção está voltada para a humanidade do homem no sentido genérico,
sem os constrangimentos da propriedade e suas conseqüências: a escassez,
a desigualdade e a competição. “Enfim, o urbano tornar-se-ia o lugar de
uma democracia cada vez mais direta, o cidadão-citadino-usuário participando
de maneira cada vez mais próxima de todos os momentos da realização. Do
que? De uma vida social diferente: de uma sociedade civil fundada não em
abstrações, mas no espaço e no tempo tais como ‘vividos’” (Henri Lefebvre,
1986, p. 10). Podemos dizer que o verdadeiro urbano é a poiésis (Henri
Lefebvre, [1965] 1967), a liberdade.
20
Lei Federal – Ordinária, ou seja, de regulamentação e normatização dos
artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988 e logo abaixo desta na
resolução dos conflitos aí prescritos – nº 10.257, de julho de 2001.
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O FRNU surgiu em 1987 em razão mesma de aprovar uma “plataforma da
Reforma Urbana” na Constituinte que definiria a Constituição Federal (CF)
a ser promulgada – como de fato o foi – em 1988. Como não alcançou nem a
legitimidade da Reforma Agrária, ficou para os Projetos de Lei de Iniciativa
Popular – que devem ter assinatura de ao menos 1% do eleitorado nacional –
e para a regulamentação do Cap. II (Da Política Urbana) do Título VII (da
Ordem Econômica e Financeira, sic!) da CF, a depender de aprovação por
maioria simples do Congresso Nacional. Os quase 13 anos de demora na
definição do Estatuto da Cidade – de outubro de 1988 a julho de 2001 –
demonstra a insuficiência do processo legislativo para a superação dos
interesses privatistas – mesmo que minoritários no quantitativo eleitoral
da formação social brasileira – em torno da terra urbana.
22
Para Jean Rossiaud e Ilse Sheren-Warren (2000, p. 28-9), a cidadania é
vista na dinâmica desde a crítica refratária à ordem até algum acordo com
o Estado; sua construção “inclui um processo contínuo de mobilização social
e de busca de ampliação de direitos que se realiza através de momentos de
denúncia, de resistência, de proposta e de negociação”.
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GEOGRAFIA E LIBERDADE
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Mônica de; LEITE, José Corrêa. Território e sociedade: entrevista
com Milton Santos. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2000.
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GEOGRAFIA: CIÊNCIA DA COMPLEXIDADE (OU DA
RECONCILIAÇÃO ENTRE NATUREZA E CULTURA)
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Nos referimos, entre outros, a Carvalho (2004). Este trabalho também foi
publicado em http://www.ub.es/geocrit/sn-34.htm.
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2
Expressão utilizada por Alfredo Bosi (Dialética da Colonização, São Paulo:
Cia. das Letras, 1993) e recuperada por Laymert Garcia dos Santos (2003)
para expressar a condição daquelas mentes obcecadas (colonizadas, em
verdade) por alguma condição, de modernidade ou desenvolvimento, que
por ser a do “outro” (o colonizador) é eleita como a ideal.
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3
Ver especialmente Morin (2001) e Souza Santos (1995).
4
A essa cisão o mencionado texto de Boaventura S. Santos (op. cit.: 40) faz
menção explícita. Edgar Morin, em uma outra obra sua (Morin & Kern, 1993:
50) a esse propósito afirma o seguinte: “A antropologia, ciência multidimensional
(articulando nela o biológico, o sociológico, o econômico, o histórico, o
psicológico) que revelaria a unidade/diversidade complexa do homem...”
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5
Aqui nos referimos ao trabalho já indicado na nota 1 e também aos seguintes:
Carvalho, 1997a e Carvalho, 1997b.
6
A expressão aparece na obra mencionada, no seguinte contexto (tradução
nossa): “Se é verdade que a geografia investiga os mesmos fenômenos que
são estudados também por outras ciências, todavia o seu método se distingue
por causa de sua tendência natural a ultrapassar seus próprios muros,
realizando uma observação que eu denominarei hologeica, ou seja,
abraçadora de toda a Terra.” (Ratzel, 1914: 91). No original alemão:
“hologäische Erdansicht” (Ratzel, 1882).
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7
O texto de Jean Tricart foi publicado originalmente nos Annales de Géographie,
1979, LXXXVIII, p. 705-714, compilado e traduzido por Mendoza, 1988, do
qual extraímos essa citação (tradução nossa).
8
Nos limitamos a lembrar alguns dos principais fatos e episódios de uma
história, como já indicamos nas notas 1 e 5, que tratamos mais
extensamente em outras oportunidades. Os aspectos a que estamos nos
reportando, e que logo mais concluiremos, são fundamentais para a
compreensão dessa nossa abordagem e por isso voltamos a essa história,
mas com certa brevidade, pois envolvem desenvolvimentos conhecidos por
muitos dos que agora nos lêem.
9
Estamos nos referindo, respectivamente, aos seguintes textos: DURKHEIM, E.
La Sociogéographie. L’Année Sociologique, 1897, vol. I, p. 533-539; FEBVRE,
L. La Terre et l’évolution humaine. Paris: La Renaissance du Livre, 1922.
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Segundo Susan George: “O logos é a palavra, mas é também o princípio
diretor. Em uma sociedade normal o princípio diretor do domínio ou da casa
[oikos] deveria ser mais importante que as regras, que o nomos. Mas, em
realidade no mundo moderno atuamos como se nomos prevalecesse sobre o
logos, e isto se traduz pela supremacia outorgada à economia sobre a
ecologia.” (George, 1996:41)
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Para uma maior familiarização com algumas dessas idéias e também com
as de outros autores, sugerimos a coletânea organizada por Josefina Gomez
Mendoza, Julio M. Jiménez e Nicolás Cantero (Mendoza, 1988). Ver também:
Santos, M e Souza, M.A. et alii (Orgs.). Col. O Novo Mapa do Mundo (3
vols.). São Paulo: Hucitec-Anpur, 1993.
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15
A relação das características que reunimos a seguir inspira-se em lista
sugerida por Marcelo L. de Souza para detectar o conjunto “dos principais
sintomas dessa inclinação obsessiva para a simplificação” (Souza, 1997:
48), que algumas formulações geográficas apresentam. Não se trata de uma
citação literal, pois os acréscimos e ampliações para inclusão dos chamados
aspectos físico-ambientais são de nossa inteira responsabilidade.
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Aqui nos referimos às concepções de transdisciplinaridade, que não se
confundem apenas com aquela justaposição de disciplinas que é adotada
pelos mecanismos interdisciplinares ou multidisciplinares, mas que se abrem
para além do campo disciplinado pelos saberes científicos e
institucionalizados, exortando por diálogos com a arte e outros saberes
tradicionais. Tais concepções foram expressas nos seguintes documentos:
UNESCO (Diversos autores). Ciência e as fronteiras do conhecimento: o prólogo
de nosso passado cultural. Veneza: Unesco, março de 1986;
UNESCO (Diversos autores). Ciência e Tradição: perspectivas
transdisciplinares, aberturas para o XXIº Século. Paris: Unesco, 2-6 Dezembro
de 1991.
As concepções de transdisciplinaridade presentes nesses documentos também
foram trabalhadas e desenvolvidas em: NICOLESCU, B. O Manifesto da
Transdisciplinaridade. Lisboa: Hugin, 2000.
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Aqui rendemos homenagem ao sentido que o grande arquiteto catalão
conferiu ao conceito de originalidade, e o adotamos: “La originalidad
consiste em volver al origen”.
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BIBLIOGRAFIA:
CARVALHO, M. B. “Diálogos entre as Ciências Sociais: um legado
intelectual de Friedrich Ratzel (1844-1904)”. Biblio 3W. Revista
Bibliográfica de Geografia y Ciencias Sociales, nº 34, 10 de junho
de 1997a Universidad de Barcelona. (http://www.ub.es/geocrit/
b3w-34.htm).
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ASSOCIAÇÃO DOS GEÓGRAFOS BRASILEIROS
RUY MOREIRA
SOCIEDADE E ESPAÇO NO BRASIL (AS FASES DA FORMAÇÃO
ESPACIAL BRASILEIRA: HEGEMONIAS E CONFLITOS)