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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO
PROCESSO: 0000151-42.2018.5.14.0091
ADVOGADO: -
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1 RELATÓRIO
Trata-se de recurso ordinário obreiro interposto contra a sentença de id. 27a623e, complementada no
id. a871c59, cujos dispositivos restaram assim redigidos, ipsis litteris:
CONCLUSÃO
Diante do exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados
na petição inicial pela parte reclamante, AGEU BONFIM FAGUNDES, para
condenar a parte reclamada, C. G. GONÇALVES DA SILVA - ME, nos limites da
fundamentação que passam a integrar este dispositivo, devendo pagar:
a)07 (sete) dias de saldo de salário, no valor de R$350,00;
b)33 (trinta e três) dias de aviso prévio;
c)férias integrais e em dobro do período de 17/11/2014 a 16/11/2015, férias integrais
do período de 17/11/2015 a 16/11/2016 e férias proporcionais do período de
17/11/2016 a 10/05/2017, considerando a projeção do aviso prévio
d)13º salário proporcional de 2014, integrais dos anos de 2015 e 2016 e proporcional
de 2017, considerando ainda a projeção do aviso prévio.
e) 05 (cinco) parcelas de seguro desemprego
f)depósitos de FGTS e da multa de 40%
g)multa do art. 477 da CLT no valor de R$1.500,00.
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CONCLUSÃO
Diante do exposto, conheço dos embargos e determino que a r. Sentença seja mantida
na sua integralidade, acrescendo-se a presente fundamentação à mesma, julgando
improcedentes os presentes embargos.
Verifica-se que os presentes embargos de declaração são meramente protelatórios,
aplica-se a penalidade imposta pelo art. 1026, parágrafo segundo do CPC, c/c 769 da
CLT, condenando-se o reclamante em multa, em favor da reclamada de 1% sobre o
valor da causa.
Considero ainda nos termos do art. 77, do CPC, a interposição de recurso meramente
protelatório ato atentatório à dignidade da justiça, "attempt of court", e aplico a multa
do parágrafo primeiro do mesmo artigo, em 20% sobre o valor da causa, em favor de
entidade beneficente, nos termos do art. 203 e 204 da Constituição Federal.
Nos termos do art. 80, VIII, do CPC considero o reclamante como litigante de má-fé e
aplico-lhe multa de 1% sobre o valor da causa e condeno-lhe a pagar o valor de 10%
sobre o valor da causa, a título de reparação de danos, ambas em favor da parte
reclamada.
Mantidas as custas acrescidas das multas nesta incididas, que deverão ser recolhidas
para todos os fins.
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[...]
Acresce ter sofrido dano moral, argumentando que o indeferimento a quo da respectiva indenização
partiu de premissa equivocada para alcançar a conclusão, ao ter estabelecido "como fator necessário para a
configuração dos danos morais o chamamento de testemunha ou suposta prova efetiva da ocorrência dos
danos morais", pois a própria reclamada teria confessado o descumprimento de diversas obrigações
trabalhistas.
Alega fazer jus a aviso prévio indenizado correspondente a 36 dias (e não a 33 dias, como decidido
na origem), considerando os "aproximados 2 anos e 06 meses de labor".
Pede, ainda, exclusão das penalidades impostas em primeiro grau por suposto ato protelatório e
litigância de má-fé na oposição de embargos de declaração, pois sendo a parte autora da reclamação, não teria
nenhum interesse em protelar o feito, bem como não teve nenhum intuito de lesar a parte contrária ou esta
Justiça. Ademais, seriam inacumuláveis as imposições.
2 FUNDAMENTOS
2.1 CONHECIMENTO
Tempestivo o recurso ordinário e assinado digitalmente por advogada habilitada nos autos (id.
29610fa), sendo desnecessário o preparo, por se tratar de recurso obreiro, com atribuição de custas à
reclamada. Assim, conheço do apelo.
Sem contrarrazões.
2.2MÉRITO
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Por outro lado, percebendo o trabalhador remuneração que supera esse limite, passa o § 4º do
dispositivo a exigir demonstração cabal da insuficiência de recursos para pagamento das despesas do
processo, o que, em princípio, parece afastar a presunção de miserabilidade advinda da mera declaração da
parte ou de seu advogado, ainda que munido de procuração com poderes específicos para esse fim (item I da
Súmula 463/TST), ao dispor que "O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo.".
A esse respeito, tem prevalecido nesta 2ª Turma a compreensão de que, não havendo no § 4º do art.
790/CLT previsão a respeito de como deve ser produzida a prova da insuficiência de recursos para o
pagamento das custas do processo, dever a omissão acerca da comprovação da situação de hipossuficiência
econômica ser extraída da legislação processual comum, consoante previsão do art. 769 da CLT.
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Assim, a meu ver, atualmente, a solução mais adequada e justa aos casos de requerimento/concessão
do benefício da gratuidade de Justiça passa pela compatibilização dos dispositivos supra, buscando aliar a
novel vontade do legislador ao livre acesso ao Judiciário garantido ao hipossuficiente pelo art. 5º, LXXIV, da
Constituição Federal.
No caso dos autos, o Juízo a quo negou a gratuidade ao obreiro em sentença, por entender que
apesar de haver nos autos declaração de pobreza firmada pelo reclamante, este não logrou êxito em
comprovar a insuficiência de recursos, pelo que indeferiu o pedido, com fundamento nas alterações
promovidas no instituto da gratuidade pela Lei n. 13.467/2017, precisamente nos §§ 3º e 4º do art. 790/CLT.
Constato efetivamente ter o obreiro firmado e anexado à petição inicial declaração em que noticiou
insuficiência de recursos, não reunindo condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do
sustento próprio e de sua família (id. aa7dd85), cuja afirmação obreira não foi infirmada por outros elementos
de prova.
Portanto, em cenários tais, harmonizando as inovações agora previstas nos §§ 3º e 4º do art. 790 da
CLT ao que já dispunham o art. 1º da Lei n. 7.115/1983 e o § 3º do art. 99 do CPC, bem como seguindo o que
vem sendo aplicado por esta Turma, entendo dever ser mantido o prestígio à declaração da parte acerca de
sua condição financeira, ao que se tem por presumidamente verdadeira a informação prestada pelo
trabalhador, ou por seu advogado (este desde que munido de procuração com poderes específicos para esse
fim - item I da Súmula 463/TST), de que não detém condições para o pagamento das despesas do processo.
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Os honorários, por sua vez, pertencem ao advogado e não à parte, como se extrai do art. 23 do
Estatuto da Advocacia e da OAB - Lei n. 8.906/1994 ("Os honorários incluídos na condenação, por
arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a
sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor."),
bem comodo próprio art. 791-A da CLT ("Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.")e do art. 85, § 14, do CPC ("Os honorários
constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos
da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial.").
Logo, no caso dos autos, não há falar em imputar ao reclamante a obrigação de pagamento de
honorários advocatícios a causídico da parte contrária, pela sucumbência recíproca.
Não altera essa conclusão a circunstância de haver possibilidade de a parte vir a constituir advogado
somente na fase recursal (como consignado pelo Juízo a quo ao apreciar os embargos de declaração opostos
pelo autor), sob pena de se proferir sentença incerta/condicional.
Até porque, na hipótese de constituição de advogado para a fase de recursos, o deferimento da verba
honorária deverá ser examinado pelo julgador no próprio momento processual em que passar a existir a
atuação do profissional, já que somente então é que poderão ser analisados e ponderados os critérios legais
que definirão a fixação do percentual dos honorários, previstos no § 2o do art. 791-A da CLT, a exemplo do
grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo
exigido para o seu serviço, parâmetros esses que até o presente momento não podem ser aferidos no que diz
respeito à reclamada, por ausência de atuação de advogado em relação à empresa.
Desse modo, excluo a obrigação obreira de pagamento de honorários advocatícios por sucumbência
recíproca à parte reclamada.
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A questão aqui retratada, no entanto, não passa simplesmente pela confissão da parte contrária
acerca do descumprimento contratual, mas se esse descumprimento em si é capaz de, por si só, configurar o
abalo moral noticiado pelo ora recorrente, ou se demanda prova inequívoca de um efetivo dano daí advindo.
A propósito da discussão, ressalto ter esta C. 2ª Turma propugnado o entendimento de que o mero
descumprimento contratual não justifica, por si só, a condenação do devedor ao pagamento de indenização
por danos morais, pois o prejuízo é reparado pela própria condenação ao pagamento dos haveres trabalhistas.
Como exemplo, colaciono os seguintes julgados:
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In casu, a parte reclamada foi condenada à retificação da data de admissão em CTPS e anotação da
respectiva baixa contratual, bem como ao pagamento das verbas rescisórias, férias e 13º contratuais,
indenização do seguro-desemprego, valor dos depósitos de FGTS devidos ao longo do contrato e correlata
multa de 40%, horas extras e pagamento em dobro dos feriados trabalhados, cujo prejuízo causado ao obreiro
restou reparado pela própria obrigação patronal de pagamento dos haveres trabalhistas, além de ter havido
condenação às multas dos arts. 477 e 467 da CLT.
Não se está negando existência à possibilidade do dano in re ipsa, mas sim, que a conduta capaz de
gerar dano moral não está apenas no fato de se alegar o descumprimento de obrigações contratuais, mas em
demonstrar, efetivamente, os malefícios advindos do referido descumprimento.
Especificamente quanto ao alegado reiterado atraso no pagamento dos salários, não se olvida de já
ter esta 2ª Turma decidido configurar dano moral a contumácia no pagamento dos salários após o 5º dia útil.
Nesse sentido, inclusive, o seguinte processo julgado sob minha Relatoria:
No entanto, no caso vertente, conquanto de fato tenha o preposto reconhecido que havia atraso
salarial (id. 6e5286c - pág. 1), tem-se que a genérica alegação da parte autora acerca do atraso salarial não
permite concluir, com a necessária segurança, quanto à extensão da repercussão negativa desse atraso na vida
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financeira do reclamante, até porque sequer uma estimativa de dias é mencionada, a possibilitar um início de
formação de convencimento acerca de suposta caracterização de prejuízo ao patrimônio imaterial do
trabalhador advindo dessa conduta patronal.
Ademais, in casu, de acordo com a condenação imposta pela sentença, tem-se que por ocasião da
rescisão contratual apenas restou a pendência do pagamento do saldo de salário, ou seja, parcela integrante
das verbas rescisórias, sem cumulação com outros salários vencidos.
Desse modo, ainda que tenha havido atrasos no pagamento dos salários, se não for possível ao
julgador constatar minimamente a extensão/repercussão/consequência desse atraso na vida financeira do
obreiro, tal fato isoladamente não configura violação à honra e à dignidade do trabalhador, capaz de ensejar a
condenação ao pagamento da indenização por dano moral, por exsurgir do fato o mero aborrecimento.
Portanto, em suma, no caso destes autos, a ausência de elementos concretos quanto à extensão do
dano decorrente do descumprimento contratual justifica a manutenção da sentença, no que julgou
improcedente o respectivo pedido de indenização por dano moral.
O reclamante ainda alega fazer jus a aviso prévio indenizado correspondente a 36 dias e não a 33
dias como decidido pelo Juízo de origem, tendo em vista os "aproximados 2 anos e 06 meses de labor".
A Lei n. 12.506, de 11 de outubro de 2011, regulamentou o disposto no art. 7º, XXI, da Constituição
Federal, estabelecendo:
Art. 1º. O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das
Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943,
será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1
(um) ano de serviço na mesma empresa.
Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias
por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias,
perfazendo um total de até 90 (noventa) dias.
Depreende-se, assim, que para os contratos com duração de até 1 ano são devidos 30 dias de aviso
prévio, aumentando-se outros 3 dias para cada novo ano de vigência do pacto, até o máximo de 60 dias e
observado o limite de 90 dias, ou seja, a partir do primeiro ano completo do contrato de trabalho o empregado
terá direito a mais 3 dias, completando 33 dias de aviso prévio, e assim por diante.
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No caso em apreço, restou assentado em sentença que o reclamante foi admitido em 17-11-2014 e
dispensado em 7-4-2017, portanto, quando contava com 2 anos e aproximados 5 meses de serviço. Logo, faz
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jus ao recebimento de 36 dias de aviso prévio. Ressalto que nos termos da Súmula 380 do E. TST aplica-se a
regra prevista no caput do art. 132 do Código Civil de 2002 à contagem do prazo do aviso prévio, excluindo-
se o dia do começo e incluindo o do vencimento.
Dessa forma, dou provimento ao recurso, no aspecto, para que o aviso prévio indenizado deferido
em sentença seja computado na proporção de 36 dias, devendo ser anotado em CTPS, como data de extinção
do vínculo empregatício, o dia 13-5-2017.
Houve condenação cumulativa do reclamante em multas por embargos protelatórios e por ato
atentatório à dignidade da justiça, bem como em multa/indenização por litigância de má-fé, aos seguintes
fundamentos manifestos na análise a quo dos aclaratórios (id. a871c59):
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aplica-se a penalidade imposta pelo art. 1026, parágrafo segundo do CPC, c/c 769 da
CLT, condenando-se o reclamante em multa, em favor da reclamada de 1% sobre o
valor da causa.
Considero ainda nos termos do art. 77, do CPC, a interposição de recurso meramente
protelatório ato atentatório à dignidade da justiça, "attempt of court", e aplico a multa
do parágrafo primeiro do mesmo artigo, em 20% sobre o valor da causa, em favor de
entidade beneficente, nos termos do art. 203 e 204 da Constituição Federal.
Nos termos do art. 80, VIII, do CPC considero o reclamante como litigante de má-fé e
aplico-lhe multa de 1% sobre o valor da causa e condeno-lhe a pagar o valor de 10%
sobre o valor da causa, a título de reparação de danos, ambas em favor da parte
reclamada.
CONCLUSÃO
Diante do exposto, conheço dos embargos e determino que a r. Sentença seja mantida
na sua integralidade, acrescendo-se a presente fundamentação à mesma, julgando
improcedentes os presentes embargos.
Verifica-se que os presentes embargos de declaração são meramente protelatórios,
aplica-se a penalidade imposta pelo art. 1026, parágrafo segundo do CPC, c/c 769 da
CLT, condenando-se o reclamante em multa, em favor da reclamada de 1% sobre o
valor da causa.
Considero ainda nos termos do art. 77, do CPC, a interposição de recurso meramente
protelatório ato atentatório à dignidade da justiça, "attempt of court", e aplico a multa
do parágrafo primeiro do mesmo artigo, em 20% sobre o valor da causa, em favor de
entidade beneficente, nos termos do art. 203 e 204 da Constituição Federal.
Nos termos do art. 80, VIII, do CPC considero o reclamante como litigante de má-fé e
aplico-lhe multa de 1% sobre o valor da causa e condeno-lhe a pagar o valor de 10%
sobre o valor da causa, a título de reparação de danos, ambas em favor da parte
reclamada.
Mantidas as custas acrescidas das multas nesta incididas, que deverão ser recolhidas
para todos os fins.
[...]
Isso porque, conquanto os embargos efetivamente envolvessem matéria recursal, à qual não servem
os aclaratórios (por inexistentes as hipóteses de cabimento), entendo que especificamente no caso vertente, tal
circunstância, por si só, não possui o condão de configurar propósito manifestamente protelatório do
reclamante, então embargante, pois sendo a parte autora da reclamação, além de não necessitar realizar o
depósito recursal e terem as custas sido atribuídas à reclamada, não teria nenhum interesse em retardar o
andamento do feito, como bem ressaltado no recurso ordinário.
Veja-se que embora passível de rejeição, o inconformismo do embargante não era manifestamente
infundado, apto a caracterizar o intuito procrastinatórioou conduta que configure ato atentatório à dignidade
da justiça/má-fé processual, tanto que a quase totalidade dos temas objeto de discussão nos aclaratórios e
renovados no recurso ordinário está sendo alvo de reforma na presente decisão.
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No mais, entendo que a mera busca de um direito por meio de ação ou defesa, ainda que
pretensamente indevida ou equivocada, não é capaz, por si só, de impor à parte a pecha de litigante de má-fé
ou que tenha cometido ato atentatório à dignidade da justiça, devendo ser aplicadas as respectivas
penalidades quando não restar dúvida quanto à atitude da parte, vez que no processo as partes têm o direito
constitucional ao contraditório e à ampla defesa.
Por fim, precisamente no que se refere à multa/indenização por litigância de má-fé e sem mesmo
haver necessidade de se adentrar na temática da invocada impossibilidade de cumulação de penalidades pelo
mesmo fato gerador (embargos protelatórios), pondero que sequer foi possível a esta Relatoria identificar o
enquadramento da conduta obreira entre as hipóteses previstas no art. 80 do CPC, tendo em vista o inciso do
dispositivo legal apontado como fundamento à condenação.
Por todo o exposto, dou provimento ao recurso para excluir todas as penalidades (multas,
indenização, etc), seja por embargos protelatórios, ato atentatório à dignidade da justiça ou por litigância de
má-fé, impostas ao reclamante pela decisão de id. a871c59.
Ao final de seu apelo, o reclamante requer "a condenação da Recorrida ao pagamento de honorários
de sucumbência".
A esse respeito, necessário ponderar que o regramento inaugurado pelo art. 791-A da CLT difere do
tratamento que o instituto dos honorários recebe na legislação adjetiva civil, o que demanda atenção na
análise acerca da aplicação subsidiária e supletiva das normas previstas no CPC ao Processo do Trabalho.
Veja-se que enquanto o art. 85, § 1º, do CPC dispõe sobre a possibilidade de honorários cumulativos
em cada fase processual, tem-se que a determinação do art. 791-A da CLT para que o percentual de
honorários incida sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não
sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, traz a esta Relatoria a compreensão de que na
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No mesmo sentido posiciona-se Mauro Schiavi ao discorrer sobre o tema em sua obra "A Reforma
Trabalhista e o Processo do Trabalho - Aspectos processuais da Lei n. 13.467/17 - de acordo com a IN n.
41/18 do TST", 3. ed., São Paulo: LTr, 2018, p. 108:
[...]
O referido art. 791-A, do CPC, não trata dos honorários advocatícios na fase recursal
trabalhista e na execução tanto de títulos executivos judiciais quanto extrajudiciais no
processo do trabalho.
Pode-se sustentar, a aplicação supletiva do art. 85, § 1º do CPC, que trata,
expressamente, dos honorários advocatícios nos recursos, no cumprimento da
sentença e na execução. Com efeito, dispõe o referido dispositivo legal:
[...]
Diante da aplicação supletiva do art. 85, § 1º do CPC ao processo do trabalho, os
honorários advoctícios nos recursos e na execução seriam devidos nos parâmetros do
art. 791-A, da CLT.
Em que pese o respeito que merecem os que pensam ser devidos os honorários
advocatícios nos recursos e na execução trabalhista, de nossa parte eles não são
devidos pelos seguintes argumentos:
a) falta de previsão expressa da CLT;
b) acesso à justiça nas instâncias recursais;
c) a execução de sentença é uma mera fase do processo, que se desenrola, em boa
parte, por impulso oficial;
d) não há sucumbência propriamente dita, pois a obrigação já foi reconhecida no
título executivo;
e) simplicidade do procedimento executivo;
f) as depesas processuais como os honorários de advogados nos recursos e na
execução exigem previsão expressa;
[...]
Do mesmo modo, valiosas as considerações de Manoel Antonio Teixeira Filho sobre a questão in "O
Processo do Trabalho e a Reforma Trabalhista: As Alterações Introduzidas no Processo do Trabalho pela Lei
n. 13.467/2017", 2. ed., São Paulo: LTr, 2018, p. 149/150, ao analisar a (in)aplicabilidade do disposto no art.
85 do CPC ao Processo do Trabalho:
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Façamos, diante disso, uma breve análise desses parágrafos, e sua incidência, ou não,
no processo do trabalho.
§ 1º Adaptando-se este preceptivo ao processo do trabalho, podemos dizer que os
honorários de advogados são aqui cabíveis (de modo cumulativo) na ação e na
reconvenção. Não incidem, todavia, na execução, nem nos recursos. O § 5º, do art.
791-A, da CLT, aliás, admite, de maneira expressa, honorários de sucumbência na
reconvenção. Lembremos que a reconvenção não é contestação, nem recurso, nem são
embargos, mas, sim, ação exercida pelo réu em face do autor, no mesmo processo.
[...]
Dessa forma, sendo únicos os honorários advocatícios sucumbenciais a serem deferidos na ação no
âmbito do Processo do Trabalho (e não cumulativos em relação a cada nova fase processual), indefiro os
honorários sucumbenciais requeridos pelo reclamante em relação à fase recursal.
No entanto, nesse ponto, restei vencida por meus pares, que entenderam cabíveis os honorários
advocatícios recursais na Justiça do Trabalho, tendo prevalecido o voto divergente do Desembargador Carlos
Augusto Gomes Lôbo, no seguinte sentido:
"a) doutrina: "Não houve silêncio eloquente da CLT no art. 791-A, § 5º. A melhor
interpretação é a entende que o art. 791-A da CLT regula apenas parcialmente a
matéria dos honorários, de modo a atrair a aplicação supletiva do CPC (art. 15 do
CPC c/c art. 889 da CLT).
Não convence o argumento pelo qual quando a CLT quis tratar do tema, ela o fez de
forma expressa. Basta imaginar outras situações nas quais, mesmo sem previsão
expressa, serão cabíveis os honorários de sucumbência. É o caso, por exemplo, dos
embargos à execução que, por possuírem natureza de ação, demanda a fixação de
honorários advocatícios. Em verdade, caso o legislador quisesse afastar qualquer
dúvida quanto ao não cabimento dos honorários na fase de execução, aí sim teria
feito expressamente.
Ademais, do fato de se mencionar uma hipótese - como fez o art. 791-A, § 5º, da CLT
em relação à reconvenção - não se deduz a exclusão de todas as outras. Aqui cabe a
parêmia positivo unius non est exclusio alterius (a especificação de uma hipótese não
redunda em exclusão das demais)." ("Cabimento dos honorários advocatícios no
processo de execução trabalhista", encontrado em: https://www.jota.info/opiniao-
e-analise/colunas/reforma-trabalhista/cabimento-dos-honorarios-advocaticios-no-
processo-de-execucao-trabalhista-17052018, capturado em 27.02.2019).
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Todavia, como no caso concreto já houve condenação em primeira instância no percentual máximo
cabível, que é de 15%, os honorários não comportam majoração em sede recursal, por já terem sido fixados
no máximo previsto no art. 791-A da CLT, exatamente como decidido pelo E. TST no processo ED-ED-RO -
10963-05.2016.5.03.0000 mencionado acima.
2.3 CONCLUSÃO
DESSA FORMA, conheço do recurso ordinário. No mérito, dou parcial provimento para: a)
conceder o benefício da Justiça gratuita ao reclamante; b) excluir a obrigação obreira de pagamento de
honorários advocatícios por sucumbência recíproca à parte reclamada; c) determinar que o aviso prévio
indenizado deferido em sentença seja computado na proporção de 36 dias, devendo ser anotado em CTPS,
como data de extinção do vínculo empregatício, o dia 13-5-2017; d) excluir todas as penalidades (multas,
indenização, etc) impostas ao reclamante pela sentença de embargos de declaração (decisão de id. a871c59).
Tudo nos termos da fundamentação precedente.
3 DECISÃO
(assinado digitalmente)
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Relatora
Assinado eletronicamente. A
Certificação Digital pertence
a:
18121316344512000000004144241
[VANIA MARIA DA
ROCHA ABENSUR]
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