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C APÍTULO 1

Introdução À Auditoria
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:

� Compreender o conceito de auditoria, identificando suas transformações


durante a história.

� Conhecer as características e objetivos da auditoria.

� Saber os tipos de auditoria existentes e quais as normas que as embasam


Fundamentos e Objeto da Auditoria

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Capítulo 1 Introdução À Auditoria

Contextualização
O contexto social de um mundo globalizado se configura, cada vez mais, de
maneiras específica nas mudanças que ocorrem nas organizações, trazendo para
os mercados consumidores, diferentes consequências. As instituições sociais,
sejam de natureza pública ou privada, precisam acompanhar as transformações
do ambiente externo como premissa básica de continuidade de suas atividades e
de manutenção do patrimônio administrado.

Nesse cenário, a informação é adquirida e repassada de maneira muito


fácil e rápida pelas redes, o que gera uma exigência de transparência quanto às
informações prestadas pelos diferentes entes. Não distante disso, para permanecer
no mercado, competitivo e instável, para além de oferecer serviços e/ou produtos
de qualidade, e nisto ter a continuidade de suas atividades, as empresas precisam,
adotar formas seguras e adequadas de gerir o capital investido, tanto na produção
de bens e serviços quanto na administração do negócio.

A contabilidade possui o patrimônio como seu objeto de estudo, para


assegurar a integridade desse patrimônio, utiliza-se de fundamentos teóricos e
práticos de orientação de gestão patrimonial, gerando informação que deve ser
considerada útil e fidedigna ao usuário. Desta forma, nesse capítulo abordaremos
os aspectos iniciais da área da contabilidade responsável pela verificação e
estudos das rotinas contábeis, a auditoria.

Conceito de Auditoria
O contador, ao realizar suas atividades, possui fundamentos teóricos e
práticos de orientação de gestão patrimonial que contribui de forma singular para
administração de um patrimônio. Dentro das diferentes atribuições e atividades
realizadas, a auditoria corresponde a uma área da contabilidade, que dá ênfase à
qualidade dos processos, otimização dos recursos e também verifica a integridade
dos eventos contábeis.

A auditoria compreende o exame de documentos, livros, registros e obtenção


de informações, sejam internas ou externas, que estejam relacionadas a um
patrimônio específico.

Em sua percepção inicial, a auditoria era utilizada para a verificação dos


registros contábeis, sendo suas funções restritas ao confronto da escrita com
seus registros correspondentes, conforme descreve Pierucci (1977, p. 14):

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Fundamentos e Objeto da Auditoria

No campo específico da verificação é que entra a tarefa do


auditor. Onde quer que haja um trabalho de registro, um
documento, um relatório contábil, há que presidir a certeza dos
seus conteúdos. É pressuposto inarredável a existência do fato
registrado, pois a auditoria atua sobre ele. O exame comprovará
sua exatidão, procedência, acerto etc. A auditoria, identifica e
corrige erros, sejam dolosos ou simplesmente acidentais.

Este conceito restringe o campo de atuação da auditoria contábil em verificar


a veracidade e exatidão dos registros contábeis e das demonstrações surgidas
destes registros. No entanto, a auditoria atual não se vincula à mera ação corretiva
do processo, mas ao processo de prevenção, ampliando, desta forma, o campo
de atuação da auditoria contábil.

Para o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) (2007, p. 28), a auditoria


contábil “compreende o exame dos registros e dos documentos e na coleta de
informações e confirmações, mediante procedimentos específicos, pertinentes ao
controle do patrimônio de uma unidade, entidade ou projeto”.

Assim, o objeto da auditoria é, para Franco e Marra (2009, p. 31), o “conjunto


de todos os elementos de controle do patrimônio administrado”, podendo citar como
exemplo os registros contábeis, papéis e documentos internos e também dados
externos que podem vir a confirmar ou confrontar uma determinada informação.

No próximo capítulo, veremos quais são os elementos que


compõem o conjunto do controle do patrimônio administrado.

Para Attie (2010), a auditoria testa a eficiência e eficácia do controle


patrimonial existente em uma empresa, expressando uma opinião sobre um
dado analisado, ou seja, a auditoria, além da função de verificar a veracidade
e exatidão dos registros contábeis, tem ainda a função de testar a eficiência do
controle patrimonial.

Em complemento a essas informações, Sá (2002) aponta que a auditoria


é uma tecnologia contábil aplicada de forma sistemática ao exame de qualquer
informação contábil, trazendo conclusões e orientações sobre situações
patrimoniais que ocorreram ou estejam por ocorrer. Nesse sentido, o autor
acrescenta que qualquer dado de natureza contábil é objeto de exame da
auditoria, sendo esta responsável não somente pela verificação da exatidão

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Capítulo 1 Introdução À Auditoria

e veracidade deste dado, e sim, responsável pela apresentação de opiniões,


conclusões, críticas e orientações sobre as circunstâncias ou fenômenos que
geraram este dado.

No contexto econômico e político em que nosso país está


inserido, você teve conhecimento, por meio das mídias, de questões
relacionadas à auditoria?

Muito provavelmente, sua resposta a esse questionamento será sim.


No cenário político e econômico brasileiro, há muitas notícias relacionadas à
auditoria. Isso por que escândalos envolvendo grandes empresas brasileiras
foram descobertos, em suma, em razão de auditoria contábil.

Embora a auditoria externa não se destine especificamente à descoberta


de fraudes, erros ou irregularidades, ela auxilia na descoberta de tais fatos
(MENEGUSSI; IANESKO, 2007; FRANCO; MARRA, 2009). Os problemas
apresentados nas demonstrações contábeis da Petrobras, por exemplo, deram
grande visibilidade às empresas de auditoria.

Dessa forma, a premissa de revisar os procedimentos utilizados nos registros


contábeis busca verificar e identificar os corretos procedimentos realizados no dia
a dia dos registros contábeis bem como também a possível existência de erros
nos processos.

Na disciplina Ética profissional do auditor será estudado


com maior afinco as questões relacionadas aos deveres e
responsabilidades de um auditor e como isso impacta nas
demonstrações contábeis.

A auditoria contábil, ainda que seja uma das diferentes áreas de estudo da
grande ciência que é a contabilidade, tem fundamental importância para a informação
gerada, pois assegura que esta segue padrões e exigências tanto legais quanto
gerenciais, além de representar com fidedignidade um determinado patrimônio.

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Fundamentos e Objeto da Auditoria

Evolução Histórica da Auditoria


A auditoria, como visto anteriormente, é uma especialização da contabilidade
e sua evolução está intimamente ligada à evolução da sociedade. O aparecimento
de grandes empresas em diferentes lugares do mundo e o desenvolvimento do
mercado fizeram com que as demandas sobre o patrimônio evoluíssem. Desta
forma, com os processos de crescimento das empresas frente à evolução dos
mercados, houve a necessidade de confirmação, tanto por investidores quanto
por proprietários, da realidade econômico-financeira do patrimônio em análise.

A auditoria, ao longo dos tempos, perpassou atribuições e aplicabilidades


distintas e condizentes às necessidades de cada período. Entretanto, seu
surgimento, datado e registrado, não consta nos registros, conforme descreve
Pinho (2007, p. 5):

Todo aquele que possuía a função de verificar a existência de


bens, e posteriormente, a legitimidade dos fatos econômico-
financeiros, prestando contas a uma proprietária ou
representante deste, poderia ser considerado como auditor.
Quando da antiguidade, os proprietários que confiavam seus
bens à guarda de terceiros conferiam ou mandavam conferir os
rendimentos auferidos, já estava presente a auditoria.

Na literatura há divergências no que diz respeito ao nascimento das práticas


de auditoria. Além da teoria de Pinho, alguns autores acreditam na possibilidade
de um guarda-livros ter exercido as funções de um auditor. Entretanto, a maioria
dos pesquisadores afirma que o termo auditor apareceu em 1285, século XIII,
na Inglaterra, no Reinado de Eduardo I. De acordo com Franco e Marra (2009)
e Sá (2002), a Inglaterra era dominadora dos mares e controladora do comércio
mundial e, desde 1314, já praticava auditoria das contas públicas.

Em 1494, quando Luca Paccioli publicou a teoria do método das partidas


dobradas, as associações profissionais, que examinavam os fatos escriturados,
tiveram que acompanhar a evolução da contabilidade. Assim, a importância
de uma figura auditando as informações fornecidas pela contabilidade já
demonstravam relevância.

Com o advento da Revolução Industrial, deu-se início às atividades industriais


e empresariais e, a partir de então, os investidores não mais participavam da
administração, exigindo, desta forma, relatórios imparciais sobre a integridade dos
seus investimentos, conforme destaca Santi (1988, p. 18):

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Capítulo 1 Introdução À Auditoria

A Revolução Industrial, na Inglaterra [...] mudou o eixo do


desenvolvimento prático dessa disciplina para aquele país.
Mas a real necessidade da contabilidade pública (auditoria)
somente se manifestou a partir da institucionalização do
investidor capitalista (não participante da administração).

Os procedimentos de auditoria foram impulsionados a uma evolução em


função da Revolução Industrial, que demandou novas diretrizes e técnicas e, por
isso, em 1845, a Consolidação das Leis das Companhias das Estradas de Ferro
já obrigava uma verificação anual dos balanços. Essa verificação deveria ser
realizada por auditores (SÁ, 2002) e, como visto anteriormente, buscava verificar
se as empresas estavam utilizando da melhor forma o dinheiro dos investidores,
ou seja, surgiu a partir da necessidade de dar mais credibilidade aos números
apresentados pelas empresas aos usuários da informação contábil.

Com a evolução da contabilidade e com o surgimento da auditoria, a fim de


proteger a integridade profissional, foram criadas, em diversos países da Europa,
as Associações de Contadores Públicos, nas quais era necessário o registro para
exercer a atividade de contabilidade. Desta forma, o aparecimento de auditoria
como prática sistemática ocorreu quando do surgimento destas associações.

Na década de 1940, juntamente com as companhias multinacionais, a


auditoria chegou ao Brasil, em decorrência da necessidade dos investidores de
ter garantias de que seus investimentos estavam sendo verificados por seus
auditores. Attie (2010), ratifica essa condição ao determinar que a evolução da
auditoria no Brasil está relacionada à instalação de empresas internacionais de
auditoria independente.

Dessa forma, escritórios de auditoria foram abertos no Brasil e cada vez mais
auditores brasileiros estavam sendo treinados. A primeira associação de auditores
surgiu em meados de 1960 e chamou-se “Instituto dos Contadores Públicos do
Brasil”, que em 1971 passou a se chamar “Instituto dos Auditores Independentes
do Brasil”, depois de “Instituto Brasileiro de Contadores” (IBRACON). Segundo
Jund (2002, p. 5):

Apesar de formalmente organizada em 26 de março de 1957,


quando formado o Instituto de Contadores Público no Brasil,
em São Paulo, a auditoria foi oficialmente reconhecida apenas
em 1968, por ato do Banco Central do Brasil. O fortalecimento
da atividade, todavia, ocorreu em 1972, por regulamentações
do Banco Central do Brasil, Conselho Federal de Contabilidade
e Instituto dos Auditores Independentes.

A primeira menção à exigência da auditoria no Brasil, foi em 1965 por meio


da Lei n. 4.728, que instituía o mercado de capitais. Em seu artigo 20, letra b,
versava sobre a competência do Conselho Monetário Nacional de expedir normas

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Fundamentos e Objeto da Auditoria

relativas a informações de demonstrativos contábeis e relatórios e pareceres de


auditores independentes. A auditoria foi legalmente reconhecida em 1972, por
meio da Resolução n. 220 do Banco Central, que apresentava normas relativas à
auditoria e ao profissional auditor no exercício de sua profissão, e da Resolução
n. 321 de 1972, editada pelo CFC, que aprovou as Normas e os Procedimentos
de Auditoria.

Se você quiser conhecer mais sobre a história da auditoria,


existem bons livros. A seguir, vai a dica de um livro bem completo e
muito interessante.
FRANCO, Hilário; MARRA, Ernesto. Auditoria contábil. 4. ed.
São Paulo: Atlas, 2009.

Objetivos da Auditoria
Em simples palavras, o objetivo da auditoria é verificar a autenticidade dos
registros contábeis de um determinado dado em período de tempo específico,
ou seja, busca-se, com o exame dos registros contábeis, expressar uma opinião
sobre a propriedade desses registros, assegurando que eles representem
adequadamente um determinado dado.

De acordo com Attie (2010, p. 11), “o objetivo principal da auditoria pode ser
descrito, em linhas gerais, como sendo o processo pelo qual o auditor se certifica
da veracidade da totalidade das demonstrações contábeis preparadas pela
companhia auditada”.

De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (2007, p. 28), as


atividades de auditoria

Objetivam obter elementos comprobatórios suficientes que


permitam opinar se os registros contábeis foram efetuados de
acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e se
as demonstrações deles originárias refletem, adequadamente,
em seus aspectos mais relevantes, a situação econômico-
financeira do patrimônio, os resultados do período administrativo
examinado e as demais situações nelas demonstradas.

A forma pela qual esse objetivo será atingido está relacionada ao tipo de
auditoria que é realizado, tema que será abordado na seção seguinte.

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Capítulo 1 Introdução À Auditoria

Atividade de Estudos:

1) “Como visto, o objetivo da auditoria consiste na confirmação


dos registros contábeis. Dessa forma, a auditoria deve apresentar
uma opinião sobre as demonstrações contábeis”.

Reflita sobre essa afirmação e responda: o objetivo da auditoria


pode se confundir com o objetivo da Contabilidade?
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Tipos de Auditoria
De forma geral, existem dois tipos de auditoria:

a) Auditoria interna

Atividade de avaliação realizada de forma independente dentro da empresa e
que objetiva verificar as operações ali realizadas, seja em alguma área específica,
seja relacionada a um processo, a atribuições de setores etc. Para Crepaldi
(2004, p. 41), a auditoria interna constitui “o conjunto de procedimentos que tem
por objetivo examinar a integridade, adequação e eficácia dos controles internos
e das informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais da entidade”, ou
seja, na auditoria interna, a gerência de uma empresa estabelece pontos a serem
investigados e o auditor averigua sua conformidade com os planos e padrões da
empresa. Na auditoria interna, o auditor, por ser funcionário da empresa, possui
um menor grau de independência e seu trabalho, em consequência, é realizado
de forma contínua, com maior volume de testes.

Em síntese, o trabalho do auditor interno envolve, conforme Crepaldi (2004):

- revisão das demonstrações contábeis;


- revisão do sistema de controles internos;

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Fundamentos e Objeto da Auditoria

- exame de informações financeiras e operacionais;


- revisão das operações da empresa;
- revisão do cumprimento de leis e regulamentos;
- revisão de políticas internas.

• Revisão de sistemas contábeis e de controle interno

As tarefas de um auditor interno podem ser tão abrangentes quanto


as operações da empresa, respondendo, o auditor interno, à gerência da
empresa, que geralmente determina o escopo de seus trabalhos. Assim, suas
responsabilidade são de informar e assessorar a administração da empresa, ou
seja, agregar valor, auxiliando a empresa a atingir seus objetivos.

A finalidade da auditoria interna é promover melhorias nos controles internos da


empresa, por meio de recomendações contidas em relatórios. O escopo dos trabalhos
contemplam a eficácia e eficiência operacional, que é representada pela conformidade
com leis e normas internas de qualidade das informações para a tomada de decisão.
Lembrando que a empresa é a maior interessada nesses trabalhos.

O auditor interno, por estar alocado ao quadro de funcionários, conhece os


detalhes das operações, as dificuldades dentro da empresa, quais são os principais
pontos que precisam de atenção, os desvios de político e os planos da empresa
e, por isso, em seus trabalhos, é um agente de transformação nos processos de
assessoria aos gestores da entidade para evitar a omissão, o erro e a fraude.

b) Auditoria externa (independente)

Provavelmente, todas as grandes empresas conhecidas no Brasil são


auditadas independentemente sendo o Vale do Rio Doce, Gerdau e Petrobras.
Isso por que essas empresas utilizam, em suas atividades, muitos recursos de
terceiros (sejam públicos ou privados). Preconiza-se que a utilização desses
recursos seja feita da melhor forma possível e, para averiguar se de fato ocorre,
as empresas contratam auditores externos para análise de seus registros. Assim,
a auditoria externa, também chamada de independente, constitui o conjunto
de procedimentos técnicos realizados com o objetivo de emitir um relatório de
auditoria que informe se os dados auditados refletem a posição patrimonial e
financeira, o resultado das operações das mutações do patrimônio líquido e
das origens e aplicações de recursos da entidade auditada mediante as normas
brasileiras de contabilidade.

Diferentemente da auditoria interna, na auditoria externa quem realizada os


trabalhos é um profissional independente (o termo auditoria independente) que
presta serviços à empresa, ou seja, que não está ligado ao quadro de funcionários.

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Capítulo 1 Introdução À Auditoria

A finalidade da auditoria externa é opinar sobre as demonstrações financeiras


e elaborar um relatório de auditoria sobre estas, sendo os maiores interessados
nesses trabalhos a empresa e os usuários da informação contábil (sócios e
acionistas, principalmente).

De acordo com o Resolução n. 1.203/09 do CFC (NBC TA 200 – Objetivos


Gerais do Auditor Independente e a Condução da Auditoria em Conformidade com
Normas de Auditoria):

O objetivo da auditoria é aumentar o grau de confiança nas


demonstrações contábeis por parte dos usuários. Isso é
alcançado mediante a expressão de uma opinião pelo auditor
sobre se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em
todos os aspectos relevantes, em conformidade com uma
estrutura de relatório financeiro aplicável.

De acordo com Crepaldi (2004), as atividades de auditoria externa têm


diversas finalidades, dentre elas:

- revisão das demonstrações contábeis;


- revisão do sistema de controles internos;
- proteção dos investidores;
- emissão de parecer sobre as demonstrações contábeis;
- repressão e prevenção contra erros e fraudes.

Atualmente, o mercado de auditoria independente é dominado


pelas chamadas Big Four (em português, as quatro grandes). São
quatro empresas multinacionais de auditoria e consultoria que
alternam entre si o posto entre maior e melhor empresa de auditoria
do mundo. São elas: Price WaterHouse Coopers (também conhecida
como PwC), KPMG, Deloitte e Ernst & Young.

Nessa seção, foi possível perceber as particularidades de cada um dos tipos


de auditoria. Entretanto, no que diz respeito às demandas contábeis, tanto o auditor
interno quanto o auditor externo buscam verificar se os registros apontam a um
efetivo sistema de controle interno que salvaguarde o patrimônio da empresa e
que esteja funcionando de forma satisfatória dentro das normas da empresa e das
exigências legais; e se há um sistema contábil que seja capaz de fornecer todos os
dados de elaboração das demonstrações contábeis, a posição contábil e o resultado
das operações da empresa em um determinado período (CREPALDI, 2004).

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Fundamentos e Objeto da Auditoria

É sempre pertinente lembrar que, os objetivos das auditorias (interna e


externa) são diferentes, mas os meios para alcançá-los são semelhantes.

Existem, ainda, outras formas de se analisar o tipo de auditoria, que são


identificados de acordo com:

- extensão dos trabalhos;


- profundidade dos exames;
- tempestividade;
- fins a que se destina.

c) Extensão dos trabalhos

A extensão dos trabalhos está relacionada ao escopo da auditoria. Nesse


sentido, são três formas de auditoria:

• auditoria geral: que é a mais completa, podendo destinar-se a várias


finalidades, como atender aos interesses de investidores e acionistas, a atender
exigências legais, verificar controles internos etc;
• auditoria parcial ou específica: apura a situação econômico/financeira, revisa
custos, verifica o cumprimento de obrigações fiscais e tributárias, apura erros e
fraudes etc;
• auditoria limitada: por fim, é um exame periódico dos registros sem que se
aplique todos os procedimentos de auditoria.

No capítulo 2 trataremos sobre os procedimentos de auditoria.

d) Profundidade dos exames

Diz respeito à quantidade de registros que serão analisados. Pode ser


um exame integral, que verificará todos os registros contábeis, de todos os
documentos e de todo o sistema de controles internos da entidade que está sendo
auditada nota do revisor; pode ser um exame com amostragem ou testes, no qual
é examinada uma porcentagem dos registros que o auditor considera suficiente
para gerar sua opinião nota do revisor; por fim, o exame analítico, que consiste
em um exame minucioso de todo o fluxo dos controles internos e das operações
de determinada natureza ou determinado período.

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Capítulo 1 Introdução À Auditoria

Destaca-se que a revisão integral é raramente praticada em função do


elevado número de horas necessárias e, consequentemente, gerando elevados
custos para os usuários. Atualmente, a metodologia de auditoria com foco
em riscos possibilita ao auditor trabalhar com uma amostragem cem por cento
estatística, contribuindo para um aumento da eficiência na execução dos trabalhos
de auditoria.

e) Tempestividade

As auditorias podem ser realizadas habitualmente, em todos os exercícios


sociais, podendo ser:

• continuadas: é realizado o exame constante das operações registradas e dos


controles internos; ou
• periódicas ou sazonal: exame realizada em períodos específicos.

Podem, ainda, ser realizadas de forma eventual ou especial, para atender


a exigências legais, e apurar valor real do patrimônio líquido da entidade, para
controle administrativo etc.

f) Fins a que se destina

A auditoria pode ser classificada de acordo com o fim a que se destina, ou


seja, sobre qual área debruçará seus esforços, por exemplo, auditoria da área
contábil de uma determinada empresa, auditoria de sistemas baseados em
normas da International Standard Organization (ISSO), áreas de processamento
de dados, área de gestão etc.

Atividades de Estudos:

1) O que é auditoria?
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2) Qual o objeto da auditoria?


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3) Qual o objetivo da auditoria?


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4) Quais os tipos existentes de auditoria?


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5) O que é auditoria interna?


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6) O que é auditoria externa ou independente?


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Algumas Considerações
Neste capítulo, trouxemos fundamentos iniciais sobre a auditoria,
perpassando seu conceito, seus objetivos, sua evolução histórica diante da
evolução da sociedade e quais os tipos de auditoria existentes.

A correta aplicação das normas e procedimentos contábeis na administração


do patrimônio contribui de forma singular para sua administração, pois, ao passo
que as informações expõem a real situação de uma empresa, é possível que os

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Capítulo 1 Introdução À Auditoria

elementos adquiridos a partir da contabilidade orientem as decisões dos diretores


e gestores e, desta forma, aprimorem o patrimônio constituído.

No próximo capítulo, abordaremos os processos de auditoria, a figura do


auditor e suas rotinas e atividades.

Referências
ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicações. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

CFC; CRSs. Conselho Federal de contabilidade. Manual de auditoria do


sistema CFC/CRCs. Brasília: CFC, 2007.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria contábil: teoria e prática. 3. ed. São


Paulo: Atlas, 2004.

FRANCO, Hilário; MARRA, Ernesto. Auditoria contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2009.

JUND, Sergio. Auditoria. Rio de Janeiro: Impetus, 2002.

MENEGUSSI, Elires Marinho de Melo; IANESKO, José Augusto. A Importância


da auditoria contábil na prevenção e combate aos erros e às fraudes nas
organizações. Revista Eletrônica Lato Sensu, Unicentro, 2007. Disponível em:
<http://web03.unicentro.br/especializacao/Revista_Pos/P%C3%A1ginas/6%20
Edi%C3%A7%C3%A3o/Aplicadas/PDF/1-Ed6_CS-ImpAu.pdf>. Acesso em: 3 jan.
2018.

PIERUCCI, Antônio. Roteiro de auditoria contábil. São Paulo: McGraw-Hill do


Brasil, 1977.

PINHO, Ruth Carvalho de Santana. Fundamentos de auditoria: auditoria


contábil, outras aplicações de auditoria. São Paulo: Atlas, 2007.

SÁ, Antônio Lopes de. Curso de auditoria. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

SANTI, Paulo Adolpho. Introdução à auditoria. São Paulo: Atlas, 1988.

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Fundamentos e Objeto da Auditoria

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