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U2 – A legislação educacional brasileira na Constituição de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação no 9.394/1996 57
Essas orientações têm um grande impacto na organização da
escola, na definição do currículo, na jornada de trabalho e nas
intenções da formação dos indivíduos, entre outros.
Dessa maneira, os gestores escolares e coordenadores
pedagógicos precisam estar atentos a todas as leis e orienta-
ções a fim de compreender de forma mais clara e crítica os
impactos dessas no contexto escolar e nas relações de tra-
balho. Portanto, é nesse contexto que você, enquanto futuro
pedagogo, deve se colocar e imaginar.
Lembre-se de que o tema desta unidade é muito impor-
tante para a sua formação!
De posse desse esclarecimento, podemos iniciar nos-
sa reflexão com algumas questões que serão discutidas de
maneira mais profunda durante toda esta unidade. Quais as
transformações que ocorrem no campo educacional a par-
tir da Constituição de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB) no 9.394 de 1996? Como isso ocorreu e qual
o impacto dessas leis no sistema educacional de hoje? Como
o Plano Nacional de Educação, em suas duas elaborações
recentes, abordou essas transformações?
Vamos discutir mais sobre o assunto nas três seções a seguir!
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Seção 2.1
A educação na Constituição de 1988
Diálogo aberto
Prezado aluno, vamos iniciar a primeira aula da segunda unidade
desta disciplina!
Nosso contexto de aprendizagem é aquele dos gestores escola-
res e coordenadores pedagógicos, os quais precisam estar atentos
a todas as leis e orientações para que possam compreender clara e
criticamente os seus impactos no contexto escolar e nas relações
de trabalho, pois essas orientações têm um grande impacto na or-
ganização da escola, na definição do currículo, na jornada de traba-
lho e nas intenções da formação dos indivíduos.
Nesse contexto, faz-se fundamental compreender os impactos
da Constituição de 1988 para o sistema educacional brasileiro. O
que você sabe sobre isso?
A Constituição Federal de 1988 trouxe mudanças significativas
para os diferentes setores sociais. Em relação à educação, espe-
cificamente, a Constituição de 1988 apresenta modificações que
passam a orientar o ensino brasileiro nas próximas décadas. Mas,
afinal, o que diz o texto da Constituição? Quais são essas mudan-
ças? O que é possível identificar como avanços e como retrocessos
na legislação educacional?
Nesta seção, vamos estudar como a declaração do direito à edu-
cação aparece na Constituição Federal de 1988, sendo que a edu-
cação é dever do Estado e da família. Vamos conhecer, ainda, quais
os princípios da educação na Constituição de 1988 e os princípios
da gestão democrática na escola pública. Você já ouviu falar em
gestão democrática?
E, então, vamos em busca das respostas a todos esses questio-
namentos instigantes?
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Não pode faltar
A Constituição Federal de 1988 apresentou de forma muito mais
precisa e detalhada as questões relacionadas à educação, se com-
parada com a legislação anterior, a Constituição Federal de 1967. É
a primeira vez que a declaração dos direitos sociais, com destaque
para a educação, aparece de forma explícita em toda a nossa his-
tória constitucional (OLIVEIRA, 1998). Essa declaração aparece no
artigo 6º, que diz: “São direitos sociais a educação, a saúde, a ali-
mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a as-
sistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL,
1988). Lembramos de que o texto desse artigo passou por modifica-
ções ao longo dos anos, geralmente acrescentando novos direitos
sociais a esse parágrafo. Essa redação final, conforme citamos aqui,
foi realizada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015.
É na seção 1 do capítulo 3 do texto constitucional que o tema da
educação é tratado de forma mais específica. O artigo 205 garante
que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família e,
com a colaboração da sociedade, terá a sua promoção e incentivo.
O artigo 206, por sua vez, rege os princípios sob os quais será
ministrado o ensino. Esse artigo estende a gratuidade do ensino a
todos os níveis na rede pública, o que não acontecia nos textos an-
teriores (OLIVEIRA, 1998). A figura a seguir mostra de forma resumi-
da os princípios básicos nos quais o ensino passa a ser ministrado:
Figura 2.1 | Princípios básicos nos quais o ensino passa a ser ministrado segundo a
Constituição de 1988
Piso salarial
Padrão de
profissional
qualidade
nacional
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O detalhamento do direito à educação acontece no artigo 208,
que coloca ao Estado o dever de garantir educação básica obri-
gatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ela não
tiveram acesso na idade estabelecida como própria (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009).
O artigo 210 trata da fixação de conteúdos mínimos para o ensi-
no fundamental, de maneira a assegurar uma formação básica co-
mum e garantir o respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais
e regionais.
Mas você deve estar pensando neste momento que, para se ga-
rantir a educação de forma efetiva, é preciso que os recursos para
tal sejam disponibilizados, não é? Esses recursos devem ser públicos
e originários dos municípios, dos estados e da União. Dessa forma,
em seu artigo 211, a nossa Constituição define de forma clara como
a União, os estados, o distrito federal e os municípios devem organi-
zar em regime de colaboração os seus sistemas de ensino. Em seu
parágrafo primeiro, lemos que:
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Figura 2.2 | Responsabilidades dos municípios, estados e distrito federal no
ensino nacional
Municípios
Educação infantil Ensino fundamental
Pesquise mais
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uma dessas ações (MARQUES, 2006). A fim de descentralizar a
responsabilidade da União com a educação, ocorreu uma divisão
de “tarefas” entre estados e municípios. Na década de 1980, essa
descentralização foi marcada pela eleição direta dos dirigentes
escolares e a criação dos conselhos escolares.
Na década de 1990, a LDB no 9.394/1996 reforçou o princí-
pio da gestão democrática do ensino já citado pela Constituição
de 1988 e passou a exigir a participação efetiva da comunidade
escolar (formada por pais, professores e funcionários) na gestão
das escolas, buscando, assim, tornar as relações internas da escola
mais democráticas.
Assimile
Exemplificando
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Figura 2.3 | Comunidade escolar e a gestão democrática nas escolas
Pais
Gestão
Professores Democrática Alunos
Funcionários
Exemplificando
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