Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Pode ser ele direto ou indireto. A rigor, é incorreto falar em corpo de delito indireto,
visto que a análise não recairia sobre o vestígio material propriamente dito.
O indireto adquire relevância quando analisado em coerência com outros elementos de
prova: testemunhas, prontuários médicos...
A confissão do réu não supre o exame, quando a infração deixa vestígios, porque pode
haver ocultação do real autor do fato.
A perícia difere da prova testemunhal porque não se trata apenas de uma descrição dos
fatos, há também juízo de valor sobre questões levantadas.
A falta do exame de corpo de delito, nas infrações que deixam vestígios, acarreta
nulidade absoluta;
Apenas o perito médico-legal pode antecipar a autópsia (antes das 6h), pois é ele
que sabe que elementos podem ser retirados do exame, se necessários para a
elucidação do fato ou não, ou até mesmo, garantir a ausência de vida sobre o
corpo;
o O exame interno poderá ser dispensado pelo perito nas ocasiões em que
não haja fato a elucidar, e a causa da morte seja de fácil percepção;
Lembrar que o exame de insanidade mental só pode ser feito pelo juiz. A
autoridade policial deve solicitar tal exame ao juízo, não tendo atribuição de
requerer independentemente;
Pode a perícia ser solicitada por qualquer interessado;
Há discussão a respeito do poder investigativo do MP, visto que, é ele o responsável por
oferecer a denúncia, nos crimes de ação pública, e, por previsão em sua lei orgânica,
pode proceder a investigações. Mesmo que haja previsão constitucional de vedação,
parece-me que a investigação seria atividade exclusiva da polícia judiciária.
CPI´s tem poder investigativo próprio das autoridades judiciais, sendo suas
conclusões encaminhadas ao MP. Podem requisitar o exame de corpo de delito,
e o exame de insanidade mental, pois investigam fatos, e não pessoas, não
havendo a figura do acusado;
Assistente técnico
O assistente técnico poderá atuar após admitido pelo juízo, depois da conclusão dos
exames (autópsia ou exame de corpo de delito) e elaboração do lado pelo perito.
Pode, após requerimento das partes, analisar o material probatório no órgão oficial, sob
a presença de perito oficial.
Admitido, pode participar das exumações, por ex.
O primeiro exame, feito pelo perito, tem valor acrescido, devendo este ser feito sem
pressão ou qualquer influência.
Quanto à perícia realizada nos crimes de trânsito, cuja lei admite outros meios de prova
que não sejam apenas o teste de alcoolemia (tanto de sangue quanto por volume de ar
alveolar), seguem os dados:
Pag 45
Notificações compulsórias;
Relatórios;
Pareceres;
Atestados;
Notificações compulsórias
A não notificação pode agravar a situação sanitária. Trata-se de crime do art 269, CP,
apenas para o médico.
A notificação pode ser feita por quaisquer profissionais de saúde ou qualquer cidadão
(uma vez que eventos ambientais e doença de certos animais também são de obrigatória
notificação), porém somente o médico comete o crime em caso de omissão.
Nos crimes de ação penal pública incondicionada, cujo conhecimento do fato a ser
notificado se deu através do exercício da profissão médica, o médico só deve quebrar o
sigilo, de acordo com o Código de Ética Médica:
Por motivo justo;
Dever legal;
Consentimento do paciente por escrito.
Relatório médico-legal
Composto de:
Preâmbulo:
Consta a autoridade solicitante, os peritos, diretor que os designou, local, data,
termo de compromisso, quando houver...
Quesitos:
Perguntas sobre fatos relevantes que originaram o processo penal, que devem ser
respondidas de forma afirmativa ou negativa pelos peritos. Na psiquiatria, na
exumação e no civil, não existem os quesitos;
Histórico ou comemorativo:
Relato dos fatos ocorridos por informação da vítima ou indiciado, ou das
suspeitas que pairam sobre o caso;
Descrição:
Principal parte do laudo. Perito descreve minuciosamente o que encontrou no
exame. Estão descritas as lesões;
Discussão:
Lesões encontradas são analisadas cientificamente e comparadas com dados
anteriores. Dá origem a hipóteses da mecânica do crime;
Conclusão:
É a conclusão se o fato ocorreu ou não, de forma clara e concisa. Em caso de
dúvida, o perito deixará claro;
Os peritos podem ser ouvidos no processo, em audiência, desde que os quesitos a serem
respondidos sejam enviados pelas partes em até 10 dias antes da audiência.
Pareceres
Então, assistente faz parecer, perito faz laudo. Ao assistente não cabe descrever as
lesões, especialidade do perito. Apenas questionar conclusões a respeito da mecânica e
consequência das lesões e crime.
Atestados
Não exige compromisso legal. Isto não quer dizer que o médico possa mentir;
Podem ser:
o Oficiosos:
Atende interesses particulares;
o Administrativos:
Exigidos por autoridade para funcionários públicos, para obtenção de
licença, aposentadoria...
o Judiciários:
Requisitados pelo juiz, geralmente para justificar falta de jurado;
Atestado será falso se não contiver a verdade, ou atestar sem exame do paciente;
Feito pelo médico e entregue a juízo, pressupõe dever legal, consentimento do
paciente ou justa causa;
Pag 69
Pag 121
Capítulo 5: Identificação
IDENTIDADE é o conjunto de elementos característicos de uma pessoa que a torna
única.
Capítulo 6: Tanatologia
Tanatologia é o estudo da morte.
A morte real, clínica ou morte de todo o corpo é a morte por parada
cardiorrespiratória irreversível.
Cronotanatognose ou Tanatocronodiagnose
É o estudo que busca definir o momento da morte, por meio de características
cadavéricas.
Sinais abióticos
Imediatos, De incerteza ou diagnóstico da morte clínica
Os sinais abióticos imediatos são os sinais que demonstram ausência de vida, nos
permite supor que a morte ocorreu:
São sinais de INCERTEZA, porque o estado, em algumas situações, pode ser reversível.
Estamos diante da possibilidade de REVERSIBILIDADE do quadro.
b. Espasmo cadavérico:
Aqui não ocorre o relaxamento muscular, para depois haver a rigidez.
O espasmo é causa instantânea, ficando o corpo rígido na última posição
em que permanecia o ser humano vivo. O caso do corpo que segura
firmemente um objeto.
Resumindo:
Putrefação
É a decomposição do corpo pela ação de bactérias.
No nosso clima ocorre em 24h após a morte. Depende da:
24. Temperatura do ambiente;
25. Condições individuais que causam aumento de bactérias (infecções, ou excesso
de gordura que dificulta o resfriamento do corpo, acelerando a putrefação);
Morte encefálica
A MORTE CEREBRAL, que é uma lesão dos hemisférios cerebrais, significa o estado
vegetativo persistente, ou seja, a inconsciência. Estando o encéfalo íntegro, estará o
sujeito entregue ao estado vegetativo.
A lei dos transplantes exige a morte encefálica para a retirada dos órgãos:
Lei 9434/97
Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados
a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica,
constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e
transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por
resolução do Conselho Federal de Medicina.
Se caracteriza por:
30. Coma aperceptivo (profundo), de causa conhecida;
31. Ausência de reflexos, que dependem da integridade do encéfalo:
a. Pupilas irreativas e fixas (feixe de luz não reage);
b. Ausência de resposta ao calor ou frio;
i. Insere-se líquido frio ou quente no ouvido e observa-se o
movimento normal esperado dos olhos. Ausência de piscadelas;
c. Ausência de reflexo da tosse, testado por meio de estímulo na região
posterior à língua;
d. Ausência de reflexo córneo-palpebral (pálpebras não fecham se
estimuladas);
e. Ausência de reflexos óculo-cefálicos (abertura forçada da pálpebra e
posterior manipulação da cabeça, de um lado para o outro: os olhos
seguem o movimento – chamados de “olhos de boneca”. O sinal vital
normal é o olhar se dar no sentido inverso ao movimento);
32. Ausência de respiração espontânea (apneia). Retirando o respirador, após
presumida a morte encefálica, verifica-se se há retorno espontâneo da respiração.
Não havendo, está atestada a morte cerebral;
33. Ausência de movimentos respiratórios torácicos e abdominais, de acordo
com a taxa de CO2;
Mesmo alta concentração de CO2 (a concentração baixa não serve de indicador)
não é capaz de estimular a respiração, restando inócua a função encefálica
respiratória;
a. Necessita-se da autorização familiar para o teste, pois, a retirada dos
aparelhos para a verificação da respiração espontânea pode aumentar
ainda mais a irreversibilidade do quadro;
b. O teste não será eficaz em pacientes que usam drogas, pois as células do
encéfalo podem estar inibidas, porém não mortas;
Pag 140
O anencéfalo não possui cérebro, nem ossos do crânio, mas possui tronco encefálico, o
que lhe dá respiração espontânea, e poucos dias de sobrevivência. Enquadra-se como
morto cerebral irreversível, pela ausência de cérebro. Essa é a diferença para outras
anomalias congênitas.
É permitida a doação de órgãos.
34. Não se aplicam os critérios da morte encefálica, como parada cardiorrespiratória
para se decretar a morte clínica, sob pena de se perderem os órgãos para doação;
35. Não há aborto neste caso, pois o feto é considerado natimorto;
36. Aborto eugênico é o termo utilizado para designar o aborto feito como forma de
seleção da espécie humana, mantendo vivos apenas aqueles capazes de melhorar
a própria condição humana. É aborto preventivo em caso de suspeita de defeito
físico;
37. Diagnosticada a anencefalia, não há necessidade de decisão judicial para
remoção do feto;
Pag 149
Capítulo 8: Asfixia
São provocações que alteram o nível de oxigênio no corpo humano.
A redução de O2 é chamada de hipóxia.
O aumento do teor de CO2 é chamado de hipercania.
Fases
38. Dispneia INspiratória: dificuldade para puxar ar para os pulmões;
39. Dispneia EXspiratória: dificuldade para expelir o ar dos pulmões;
40. Segue à parada respiratória;
41. Últimos movimentos respiratórios que precedem à morte.
Sinais de asfixia
Sinais cadavéricos
Externos Internos (vistos na necropsia)
42. Cianose da face (cor azulada); 47. Sangue fluido, diluído e escuro;
43. Cogumelo de espuma na boca e 48. Equimoses nas vísceras com forma
nariz; de petéquias. Frequentes nas
44. Projeção da língua para fora; membranas que cobrem coração e
a. Intrusão é o inverso de pulmão;
projeção/protusão; a. Essas manchas são
45. Equimose externa, com forma de chamadas de Manchas de
petéquias, na pele e mucosas da Tardieu, que podem
face, sobretudo nas pálpebras e aparecer em qualquer tipo
olhos; de asfixia;
46. Livores cadavéricos escuros e 49. Congestão POLIVISCERAL:
precoces; maior volume de sangue nas
vísceras;
50. Hemorragia, edema ou enfisema
pulmonar;
ESPECTRO EQUIMÓTICO: vermelho – azulado (4 a 6 dias) – verde (7 a 12 dias...
nem sempre) – amarelo;
Modalidades
Sufocação Direta
1. SUFOCAÇÃO/OCLUSÃO (PURA): obstrução das narinas, boca, laringe ou
faringe. É chamada de PURA porque NÃO ocorre a constrição do pescoço.
Pode se der mediante sufocação:
53. Interna: quando a obstrução se dá nas vias respiratórias externas (nariz ou
boca);
54. Externa: a obstrução ocorre na traqueia ou glote;
Enforcamento: compressão do pescoço (cervical) por um laço, que é fixo em uma das
extremidades. A morte é causada pelo peso do corpo;
57. Amarrar uma pedra no pescoço e morrer afogado não é enforcamento, pois o
peso do corpo NÃO provocou a asfixia;
58. Óbito de 5 a 10 minutos;
a. A morte pode ser mais rápida se ocorrer parada cardíaca por reflexo
nervoso. Nesse caso não haverá enforcamento. É a chamada morte por
inibição.
Pode ser:
61. Típico: quando o nó se encontra na região posterior do pescoço;
62. Atípico: o nó fica na lateral ou na região anterior;
63. Completo: o corpo fica completamente suspenso;
64. Incompleto: corpo permanece encostado ao solo;
Estrangulamento: constrição do pescoço por laço provocada por outra força que não o
corpo do sujeito;
65. Dificilmente a força é suficiente para evitar o fluxo sanguíneo das fortes
paredes das artérias, dando o aspecto cianoso da face do morto azulado;
66. Tem sulco CONTÍNUO, abrangendo o pescoço com a mesma profundidade;
67. É horizontal, não é oblíquo ascendente, fica numa posição baixa do pescoço;
68. Ocorre em casos de homicídio, com desproporção de forças;
69. Não costuma haver “pergaminhamento”, pois a força cessa quando da morte do
sujeito (o assassino afrouxa o laço, por ex.);
a. Pergaminhamento: tecidos abaixo do laço, provocados pela força da
constrição, são espremidos, deslocando a água deles para os tecidos
adjacentes. Intensa desidratação local, portanto, daí o aspecto enrugado
e endurecido do tecido, semelhante a um pergaminho.
Esganadura: constrição direta por qualquer parte do corpo do assassino: mãos, pernas,
braços...
70. É o “mata-leão”;
71. Permite as 2 cores da face (branca ou azulada) a depender da força da
constrição;
72. Pode ocorrer a fratura do gogó (osso hioide) ou da cervical;
73. Escoriações ao redor do pescoço da vítima, por conta da luta corporal;
A esganadura é modalidade do estrangulamento. O meio usado é o próprio corpo do
assassino (geralmente mãos ou braços);
Terá por causa jurídica sempre o crime (nunca acidente), pela desproporção das forças
ou a surpresa para vencer a reação da vítima.
Sufocação InDireta
Ocorre por força externa, por peso excessivo que vem de fora, geralmente impondo
força desproporcional no tórax da vítima.
Não é a obstrução DIRETA do ar através dos pulmões. Tal obstrução se faz de maneira
INDIRETA, com o aperto do tórax.
Ex. vítima presa nas ferragens de acidente, tumulto em multidões, quedas de edifícios
(traumas);
Respiração paradoxal
Ocorre quando o movimento do tórax, na presença de costela quebrada, no lugar de se
expandir para a entrada de ar nos pulmões, fecha-se, por conta das fraturas, impedindo a
entrada de ar. Ocorre um assincronismo entre o movimento do tórax e os movimentos
respiratórios (expansão dos pulmões).
Outros exemplos
74. Paralisia Espástica: os músculos se contraem por ação externa (câimbra,
eletricidade, drogas);
75. Paralisia Flácida: músculos relaxados, como no uso de drogas relaxantes.
76. Fadiga muscular: morte na crucificação, os músculos entram na exaustão.
Confinamento
Altera-se a composição dos gases existentes no ambiente. Não há renovação de ar.
77. A intermação é bom exemplo, pois a alta umidade do ar impede o resfriamento
corporal, levando à morte.
78. Alteração da composição do ar, mudanças das concentrações de CO2 ou O2;
Soterramento
Asfixia decorrente da inalação de partículas sólidas pulverizadas, que obstruem as vias
respiratórias, os brônquios mais finos. Geralmente se dá em acidentes, escombros e
desmoronamentos. A sufocação pode se dar por:
79. Sufocação DIRETA pelas partículas sólidas.
Afogamento
Inalação de líquido nos pulmões. Pode ser:
80. Real ou verdadeiro: quando o corpo todo está submerso;
81. Falso: quando apenas as viras respiratórias se submergem.
A mancha verde, que surge na putrefação, aparece nesses casos na região torácica
(geralmente abaixo do pescoço – chamada de “cabeça de negro”), devido à ação de
bactérias nos pulmões, imersos em líquido.
Sinais característicos:
84. Aparece o sinal de Bernt: pele anserina (arrepiada), contração delicada dos
músculos que mantém eretos os pelos;
85. Retração do escroto, devido a diferença de temperatura corporal e da água;
86. Maceração da epiderme;
Lesões corporais
Atenção às lesões corporais quanto aos sinais de vida no corpo:
Sinais de vida:
o no vivo, o sangue ou a linfa recobre a escoriação formando “crosta”, que
se desprega da lesão em poucos dias, da periferia para o centro;
o infiltração hemorrágica nos tecidos moles;
o hemorragia ou coagulação;
o retração dos tecidos;
o evolução das equimoses;
o reação inflamatória;
o embolias;
Sinais de morte: lesões feitas após a morte não apresentam reação vital; não
serão observadas as características acima;