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INTERDISCIPLINARES
autora
EDNA RAQUEL HOGEMANN
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial rafael iorio, roberto paes e paola gil de almeida
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
isbn: 978-85-5548-405-6
Prefácio 7
Bons estudos!
7
1
Entre a arte, a
cultura, a filosofia
e os avanços
tecnológicos
1. Entre a arte, a cultura, a filosofia e os
avanços tecnológicos
OBJETIVOS
• Refletir sobre a dimensão cultural do ser humano;
• Identificar os aspectos fundamentais dos múltiplos valores morais e éticos;
• Compreender a influência da arte nas relações intersubjetivas ao longo da história;
• Reconhecer a distinção entre o pensamento científico e o senso comum;
• Perceber em que medida a técnica e a ciência se consolidam e suas consequên-
cias mundiais.
10 • capítulo 1
1.1 Entendendo um pouco de arte, cultura e filosofia
CULTURA =
ARTE = mostra
ajuda a
ideias e situações
entender os
através do ponto
comportamentos
de vista do artista
sociais
FILOSOFIA =
contribuir para uma
reflexão mais
profunda sobre as
questões do nosso
tempo
capítulo 1 • 11
A cultura é coisa nossa!
©© WIKIMEDIA.ORG
Uma vez parte da estrutura humana, a cultura define a vida, e o faz não através
das pressões de ordem material, mas de acordo com um sistema simbólico de-
finido por nós humanos, que nunca é o único possível.
A cultura, deste modo, forma a utilidade, se revela como a lente através da
qual nós humanos vemos o mundo e interfere na satisfação das nossas necessi-
dades fisiológicas básicas.
Embora nenhum indivíduo conheça totalmente o seu sistema cultural, é ne-
cessário ter um conhecimento mínimo para operar dentro do mesmo.
12 • capítulo 1
1.1.3 Diversidade cultural
capítulo 1 • 13
1.1.4 Relativismo e universalismo cultural
14 • capítulo 1
Em finais dos anos 1960, partiu para a Universidade de Yale com o objetivo de se
doutorar. A sua tese de doutoramento, publicada pela primeira vez em português em
2015 (Direito dos Oprimidos, Almedina), é um marco fundamental na sociologia do
direito, que resultou do trabalho de campo centrado em observação participante numa
favela do Rio de Janeiro.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Boaventura_de_Sousa_Santos>.
Desde que o mundo é mundo, o ser humano constrói seus próprios objetos,
suas coisas.
©© DAGAFESQV | WIKIMEDIA.ORG
capítulo 1 • 15
A arte é uma forma criativa de como a humanidade expressa suas emoções,
sua história e sua cultura através de alguns valores estéticos, como beleza, har-
monia, equilíbrio. A arte pode ser representada através de várias formas, em
especial na música, na escultura, na pintura, nos bordados, na tapeçaria, na
dança, no teatro, no cinema, entre tantas outras.
Em algum momento, já sentimos o efeito de uma obra de arte sobre nós,
que pode ser:
• Admiração;
• Estranheza;
• Encanto;
• Repúdio;
• Prazer;
• Contemplação;
• Bem-estar.
©© WIKIMEDIA.ORG
16 • capítulo 1
©© WIKIMEDIA.ORG “Mulher com sombrinha”
(1875) É uma das mais
famosas obras do pintor fran-
cês impressionista Claude
Monet.
O que mais nos encanta
nestes quadros não são as
jovens retratadas, mas o
modo sutil pelo qual a luz e a
brisa conservam-se na tela,
como que para sempre aos
nossos olhos.
capítulo 1 • 17
1.2.1 Vamos fazer uma rápida viagem através da história da arte
a) Arte Pré-Histórica
©© THOM QUINE | WIKIMEDIA.ORG
Pinturas em cavernas.
CURIOSIDADE
São denominados como povos ágrafos aqueles que ainda não possuíam uma linguagem
escrita. Por outro lado, a historiografia estabelece que a pré-história da humanidade termina
e a história começa, com o advento da linguagem escrita.
18 • capítulo 1
b) Arte na Idade Antiga
b1) Egito Antigo
©© WIKIMEDIA.ORG
©© CAPTMONDO | WIKIMEDIA.ORG
©© RICARDO LIBERATO | WIKIMEDIA.ORG
capítulo 1 • 19
b2) Arte na Grécia Clássica
©© MATTGIRLING WIKIMEDIA.ORG
©© THERMOS | WIKIMEDIA.ORG
20 • capítulo 1
©© ALEXANDER AUGST | WIKIMEDIA.ORG
A arte em Roma demonstra grande influência do legado grego, na medida
em que Roma detém o domínio sobre a Grécia a partir do ano 146 a. C.
capítulo 1 • 21
c) Arte na Europa da Idade Média
c1) Arte Românica
Em 476, com a tomada de Roma pelos povos bárbaros, começa o período
histórico que ficou conhecido por Idade Média.
Na Idade Média, com o Cristianismo, a arte se voltou para a valorização do
espírito. Os valores da religião cristã vão impregnar todos os aspectos da vida
medieval. A visão de mundo dominada pela figura de Deus proposto pelo cris-
tianismo é chamada de teocentrismo (teos = Deus). Deus é o centro do universo
e a medida de todas as coisas. A igreja, como representante de Deus na Terra,
tinha poderes ilimitados.
©© REINHARDHAUKE | WIKIMEDIA.ORG
22 • capítulo 1
É o caso da Catedral de Notre Dame, de Paris e da Catedral de Notre Dame,
de Chartres, conforme a seguir:
©© CARLOS DELGADO | WIKIMEDIA.ORG
©© OLVR | WIKIMEDIA.ORG
d) Arte na Europa da Idade Moderna
d1) Renascimento
O vocábulo Renascimento é usualmente aplicado à civilização europeia que
se desenvolveu entre 1300 e 1650. Além de reviver a antiga cultura greco-ro-
mana (por isso, renascimento), ocorreram nesse período muitos progressos e
incalculáveis realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, que
superaram a herança do período clássico. O ideal do humanismo foi, sem dú-
vida, o maior estímulo para esse progresso e tornou-se o próprio espírito do
Renascimento. Trata-se de uma volta deliberada, que propunha a ressurreição
consciente do passado, considerado agora como fonte de inspiração e modelo
de civilização. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido como a valori-
zação do homem (Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino, aos dog-
mas e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade
Média.
Características gerais:
• Racionalidade;
• Dignidade do Ser Humano;
• Rigor Científico.
• Ideal Humanista
• Reutilização das artes greco-romana
capítulo 1 • 23
©© WIKIMEDIA.ORG
d2) Barroco
A arte barroca surgiu na Itália (séc. XVII), mas não demorou a alastra-se por
outros países da Europa e chegou também ao continente americano, trazida
pelos colonizadores portugueses e espanhóis.
É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O estilo barroco revela a
tentativa aflitiva de conciliar forças adversas: bem e mal; Deus e Diabo; céu e
terra; pureza e pecado; alegria e tristeza; paganismo e cristianismo; espírito e
matéria.
Aqui no Brasil, um dos seus maiores representantes foi o artista minei-
ro Aleijadinho:
©© WIKIMEDIA.ORG
©© RICARDO ANDRÉ FRANTZ WIKIMEDIA.ORG
24 • capítulo 1
e) Idade Contemporânea
e1) Neoclassicismo
Retorno ao passado, pela imitação dos modelos antigos greco-latinos.
e2) Romantismo
O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e cultu-
rais causadas por acontecimentos do final do século XVIII, como a Revolução
Industrial, que gerou novos inventos com o objetivo de solucionar os proble-
mas técnicos decorrentes do aumento de produção, provocando a divisão
do trabalho e o início da especialização da mão-de-obra, e pela Revolução
Francesa, que lutava por uma sociedade mais harmônica, em que os direitos
individuais fossem respeitados; traduziu-se essa expectativa na Declaração dos
Direitos do Iníciom e do Cidadão. Do mesmo modo, a atividade artística tor-
nou-se complexa.
Os artistas românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas
em favor da livre expressão da personalidade do artista.
capítulo 1 • 25
Características gerais:
• A valorização dos sentimentos e da imaginação;
• O nacionalismo;
• A valorização da natureza como princípios da criação artística; e
• Os sentimentos do presente tais como: liberdade, igualdade e fraternidade.
©© WIKIMEDIA.ORG
26 • capítulo 1
e2.1) Romantismo na poesia
A Canção do Africano
(Castro Alves)
A canção do africano
Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!
"Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!
"0 sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!
Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar...
"Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro".
O escravo calou a fala,
capítulo 1 • 27
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
Pra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!
.......................
O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.
E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!
e3) Realismo
Entre 1850 e 1900 surge no cenário das artes europeias, especialmente na
pintura francesa, uma nova disposição estética chamada Realismo, que se de-
senvolveu em paralelo com a crescente industrialização das sociedades. O eu-
ropeu, que já utilizava o conhecimento científico e a técnica para interpretar
e dominar a natureza, convenceu-se de que precisava ser realista, até mesmo
em suas criações artísticas, deixando de lado as visões subjetivas e emotivas da
realidade, como os românticos.
São características gerais:
• o cientificismo
• a valorização do objeto
• o sóbrio e o minucioso
• a expressão da realidade e dos aspectos descritivos
28 • capítulo 1
São exemplos, obras como a escultura O Pensador, de Rodin e o quadro
Litoral de Gustave Coubert:
©© WIKIMEDIA.ORG
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e4) Impressionismo
Principais características da pintura:
• A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir
a luz solar num determinado momento.
• As figuras não devem ter contornos nítidos, pois a linha é uma abstração
do ser humano para representar imagens.
• As sombras devem ser luminosas e coloridas.
• Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das
cores complementares.
• As cores e tonalidades devem ser puras e dissociadas nos quadros em pe-
quenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as várias
cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser técnica para
se ótica.
capítulo 1 • 29
Como exemplo, trazemos duas obras do genial pintor francês Claude Monet:
©© WIKIMEDIA.ORG
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Claude Monet.
e5) Expressionismo
É a arte do instinto, nota-se uma pintura dramática, subjetiva, “expressan-
do” sentimentos humanos. Utilizando cores irreais, dá forma plástica ao amor,
ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Desfigura-se o
desenho das formas humanas, para ressaltar o sentimento. Predominância dos
valores emocionais sobre os intelectuais. Essa corrente artística concentrou-se
de maneira especial na Alemanha entre 1905 e 1930.
©© WIKIMEDIA.ORG
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30 • capítulo 1
e6) Cubismo
Originou-se na obra de Cézanne, pois para ele, a pintura deveria tratar as
formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Para Cézanne, a
pintura não podia desvincular-se da natureza, tampouco copiava a natureza; de
fato, a transformava. Ele dizia: “Mudo a água em vinho, o mundo em pintura”.
E era verdade. Aqui, apresentamos um quadro de Cézanne e um do famoso pin-
tor espanhol Pablo Picasso
©© WIKIMEDIA.ORG
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Paul Cézanne e Pablo Picasso.
A Filosofia possui data e local de nascimento: final do século VII e início do sé-
culo VI a.C. nas colônias gregas da Ásia menor, na cidade de Mileto – o primeiro
filósofo foi Tales de Mileto.
Surge pela necessidade de outro tipo de explicação para a ordem do mundo
– uma explicação racional.
Explicação racional: coerente, justificada por argumentos (lógicos e não
contraditórios) – formando PENSAMENTOS, IDEIAS E CONCEITOS.
Atividade filosófica ou Proposta da filosofia: formação do Pensamento – crí-
tico, justificado, sistemático.
Como? QUESTIONANDO.
capítulo 1 • 31
1.3.1 Razões para filosofar
Sayão (2004, p. 123) enumera três razões que dão valor ao ato de filosofar:
a) Identificar o nosso próprio sistema de valores;
b) Conseguir capacidade crítica para filtrar o que nos é apresentado;
c) Perceber nossa época, as tendências da sociedade e poder interpretar
o mundo.
32 • capítulo 1
1.4.2 O que é senso comum?
1.4.3 Tecnologia
A tecnologia pode ser definida como o domínio de uma técnica e o meio para
um determinado fim ou uso. É importante ressaltar que a tecnologia é uma ati-
vidade essencialmente humana. Além do que, há que se demarcar que toda tec-
nologia, todo avanço tecnológico, objetiva a realização das vontades humanas.
CURIOSIDADE
Os avanços tecnológicos têm sido muitos nestes últimos tempos. O Wi-Fi revolucionou as co-
municações sem fios. A marca foi licenciada originalmente pela Wi-Fi Alliance para descrever a
tecnologia de redes sem fio embarcadas (WLAN) baseadas no padrão IEEE 802.11. O termo
Wi-Fi foi escolhido como uma brincadeira com o termo "Hi-Fi" e pensa-se geralmente que é
uma abreviatura para wireless fidelity, no entanto a Wi-Fi Alliance não reconhece isso. O padrão
Wi-Fi opera em faixas de frequências que não necessitam de licença para instalação e/ou
operação. Disponível em: <http://www.infowester.com/wifi.php>. Acesso em 31 mai. 2016.
capítulo 1 • 33
Por outro lado, é justo afirmar que os avanços tecnológicos neste século
XXI, com mais impacto no dia a dia das pessoas estão relacionados à tecnologia
da informação (celulares do tipo smartphones e computadores cada vez mais
rápidos e multimídias), à biotecnologia, sobretudo na área médica (instrumen-
tos/máquinas de diagnósticos e tratamentos sofisticados) e às tecnologias in-
dustriais, com grandes mudanças nas relações de produção (em especial nos
setores de serviços, na indústria e na agricultura).
Para Schwartzman (1997), a ciência e a tecnologia contemporâneas passam
por mudanças rápidas e paradoxais, difíceis de explicar em termos simples.
Segundo o autor, se por um lado estão sendo afetadas pelo processo de globa-
lização, por outro, se tornam cada vez mais concentradas; exigem mão-de-obra
mais especializada, e contraditoriamente substituem as pessoas pelas máqui-
nas; tornam-se mais aplicadas, mas também mais básicas; e o que é mais preo-
cupante: estão mais ligadas do que nunca à iniciativa privada, mas continuam
dependentes de políticas públicas e apoio governamental.
Ao mesmo tempo, se levarmos em conta a questão do desenvolvimento
científico e tecnológico para que seja mais justo e democrático, é necessário
considerar os reais problemas da população, os riscos técnico-produtivos para
o nosso plante e as mudanças sociais decorrentes.
Razão pela qual, é necessário ter uma boa perspectiva das relações existen-
tes entre ciência, tecnologia e sociedade e, muito especialmente, nas políticas
públicas mais apropriadas para gerir as conveniências, mas também, e princi-
palmente perigos que abrangem uma mudança tecnológica.
ATIVIDADES
Esta questão é do ENADE 2015. Vamos tentar resolver?
01. Após mais de um ano de molho, por conta de uma lei estadual que coibia sua realização
no Rio de Janeiro, os bailes funk estão de volta. Mas a polêmica permanece: os funkeiros
querem, agora, que o ritmo seja reconhecido como manifestação cultural. Eles sabem que
têm pela frente um caminho tortuoso.
“Muita gente ainda confunde funkeiro com traficante”, lamenta Leonardo Mota, o MC
Leonardo. “Justamente porque ele tem cor que não é a branca, tem classe que não é a
dominante e tem moradia que não é no asfalto.” (Disponível em< http://www.rhbn.com.br>.
Acesso em 19 ago 2015. Adaptado.)
34 • capítulo 1
Todo sistema cultural está sempre em mudança. Entender essa dinâmica é importante
para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da
mesma forma que é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre
povos de culturas diferentes, é necessário entender as diferenças dentro de um mesmo sis-
tema. Esse é o único procedimento que prepara o homem para enfrentar serenamente este
constante e “admirável mundo novo” do povo. (LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropoló-
gico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008 (adaptado).
Com base nesses excertos, redija um texto dissertativo, posicionando-se a respeito do re-
conhecimento do funk como legítima manifestação artística e cultural da sociedade brasileira.
REFLEXÃO
Neste primeiro capítulo você conheceu:
• O conceito de arte e cultura e a sua função social.
• Foi apresentado às diversas correntes da produção artística do mundo ocidental.
• Pôde conhecer alguns exemplos da obra de diversos pintores e escultores mundiais.
• Percebeu que existe um conhecimento que decorre do senso comum e um outro que é o
conhecimento científico.
• Conheceu as perspectivas que estão colocadas diante da união contemporânea entre
ciência e tecnologia.
Filmes recomendados:
1. Cidade de Deus. Drama brasileiro de 2002 dirigido por Fernando Meirelles e codirigido
por Kátia Lund. Foi adaptado por Bráulio Mantovani a partir do livro de mesmo nome escrito
por Paulo Lins. O filme retrata o crescimento do crime organizado na Cidade de Deus entre
o final da década de 1960 e o início da década de 1980. Estúdio Globo Filmes.
LEITURA
SCHWARTZMAN, Simon. A Redescoberta da Cultura, Os Paradoxos da Ciência e da Tecno-
logia. Disponível em: <http://www.schwartzman.org.br/simon/redesc/sumario.htm>.
capítulo 1 • 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SANTOS, Boaventura de Sousa. Nota sobre a história jurídico-social de Pasárgada. In: SOUSA, José
Gerardo (Org.). Introdução crítica ao direito. 4. ed. Brasília: Universidade de Brasília, 1993, p.42-49.
SAYÃO, Luiz Alberto Teixeira. Cabeças feitas. Filosofia prática para cristãos. São Paulo. 2004.
WOLKMER, Antonio Carlos (Org.). Pluralismo Jurídico. Novos Caminhos da Contemporaneidade.
2. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
36 • capítulo 1
2
Temas da
democracia:
ética, cidadania,
biodiversidade e
sociodiversidade.
2. Temas da democracia: ética, cidadania,
biodiversidade e sociodiversidade.
O capítulo que ora iniciamos tem por perspectiva especial demonstrar a você,
estudante, que a educação superior pode ser um fator de coesão social, desde
que esteja voltada para procurar ter em conta a diversidade dos indivíduos e dos
grupos humanos, evitando torna-se um fator de exclusão social.
O respeito pela democracia, pela diversidade e pela especificidade dos indi-
víduos constitui, de fato, um princípio democrático fundamental, que deve le-
var à eliminação de qualquer forma de ensino padronizado ou elitizado. Razão
pela qual, temas relacionados à ética, cidadania, biodiversidade e sociodiversi-
dade se apresentam como fundamentais para a formação geral.
Teremos a oportunidade de conhecer temáticas que estão na ordem do dia
das pautas de discussão entre países e povos dos mais distintos e que são espe-
cialmente relevantes nessa ambiência de neoliberalismo e globalização em que
nos encontramos imersos.
Aproveite bem!
OBJETIVOS
• Refletir sobre da democracia para a realização das potencialidades do ser humano;
• Identificar os aspectos fundamentais dos múltiplos valores morais e éticos que conformam
a cidadania;
• Compreender a importância da biodiversidade no cenário mundial contemporâneo;
• Perceber em que medida as questões ligadas ao multiculturalismo influenciam as políticas
públicas estatais em nível nacional e internacional.
38 • capítulo 2
Essa participação pode dar-se por meio de eleições, plebiscitos, referendos
ou outros instrumentos de participação popular (audiências públicas, movi-
mentos sociais, etc).
O que caracteriza a democracia é exatamente a possibilidade real de as pes-
soas livremente expressarem suas opiniões sobre os assuntos que são do in-
teresse geral da sociedade ou seja, liberdade de expressão e manifestação de
opiniões.
Por isso, podemos afirmar que a Democracia é o regime político de organi-
zação social mais competente para o cultivo e a prática da liberdade de ação e
de expressão.
Muito embora tenha sido originalmente criada na Grécia Antiga, temos que
reconhecer que a democracia foi pouco usada pelos países até o século XIX.
Mesmo hoje, em pleno século XXI, alguns dos países do mundo continuam a
utilizar sistemas políticos que restringem o poder de decisão tão somente nas
mãos dos governantes. Muito embora no século XX, a democracia tenha passa-
do a ser predominante no mundo.
©© FREEIMAGES.COM
capítulo 2 • 39
2.2 Ética
Costumes, hábitos
Ética Ethos e valores de uma
sociedade
ou cultura.
40 • capítulo 2
Sentido básico ou descritivo Sentido prescritivo ou normativo
(ethos) – Conjunto de costumes e – conjunto de preceitos que
práticas de um povo, que de estabelecem e justificam valores
maneira informal estabelecem e deveres, desde gerais (ética
padrões de conduta. cristã) ou específica (ética
médica).
capítulo 2 • 41
2.2.2 Problemas morais e problemas éticos
Juízo Norma
• Y devia • Os interesses
denunciar o da pátria
seu amigo devem estar
traidor. acima dos das
amizades.
42 • capítulo 2
2.3 Cidadania
O vocábulo cidadania derivado latim civitas, quer dizer o mesmo que a pala-
vra pólis, que significa cidade. Importante apontar que esta palavra cidadania
foi empregada em Roma, na antiguidade, para sugerir a posição política de uma
pessoa e os seus direitos como titular ou para o seu exercício. Só que, naqueles
tempos, somente os homens livres poderiam ser considerados cidadãos. Desde
então, muita coisa mudou: acabou a escravidão e as mulheres conquistaram
aos poucos o seu lugar na cidadania, na maioria dos países do globo.
©© WIKIMEDIA.ORG
A luta pela cidadania feminina nos Estados Unidos, no início do século XX.
capítulo 2 • 43
Tradução: Direitos de cidadania. Nossos direi-
tos. Os seus direitos de cidadania lhe dão o
privilégio de juntar-se a seus companheiros
na defesa de sua honra e suas casas. Junte-
se ao Sistema do Grupo hoje e salvaguarde
ambos. Seu dever. Seu dever é lutar contra o
inimigo comum e conseguir que seus compa-
nheiros o acompanhem.
44 • capítulo 2
2.3.2 Diferença
CURIOSIDADE
Quilombolas são comunidades de negros descendentes de escravos fugidos, que funda-
ram comunidades livres denominadas quilombos. O mais importante e maior de todos foi o
quilombo dos Palmares, localizado no estado de Sergipe. No Rio de Janeiro, há registradas
cerca de quinze comunidades quilombolas, a maioria na região dos lagos.
2.3.3 Desigualdade
capítulo 2 • 45
Boaventura Souza Santos, sociólogo português da atualidade, considera
que: "temos direito a reivindicar a igualdade sempre que a diferença nos infe-
rioriza e temos direito de reivindicar a diferença sempre que a igualdade nos
descaracteriza." Acabar com a exclusão social e com a discriminação às mi-
norias significa garantir a todos o respeito aos seus direitos fundamentais e
a eleição da dignidade da pessoa humana como farol iluminador de todas as
relações no seio da sociedade plural. (Adaptado de: <http://www.boaventurade-
sousasantos.pt/pages/pt/novidades.php>. Acesso em 13 jun 2016).
©© BEATRIZ ALONSO | WIKIMEDIA.ORG
46 • capítulo 2
2.3.4 Tolerância
2.3.5 Equidade
4ª 1ª
Dimensão Dimensão
3ª 2ª
Dimensão Dimensão
capítulo 2 • 47
2ª. Dimensão: a fase ditada em face dos desníveis sociais, com os direitos
econômicos e sociais. (Estado do Bem-Estar Social) = IGUALDADE
Ex.: direito ao trabalho, à seguridade social (art. 5º, XIII e art. 6º CRFB/1988).
48 • capítulo 2
Se você perguntar ao leigo o que é Ecologia, o que ele provavelmente
responderá?
Ele lhe dirá, possivelmente, que a ecologia é estudar a natureza, não deixá-la
morrer, evitar a contaminação da água dos rios e dos mares, a poluição do ar,
as queimadas, etc.
Mas, a questão do meio ambiente e sua relação com os seres nele habitantes
também compõe uma área de atuação desta ciência, já que a Ecologia possui
princípios e preceitos, que vão muito além da degradação promovida pelo ser
humano no ambiente em que vive.
capítulo 2 • 49
2.4.2 Biodiversidade
CURIOSIDADE
O termo Biodiversidade foi utilizado pela primeira vez em 1980 pelo biólogo Thomas Lovejoy,
considerado o pai da biodiversidade, e desde 1986 essa nomenclatura vem sendo emprega-
da no que se refere à diversidade da natureza viva.
CURIOSIDADE
O Brasil possui o maior número de espécies conhecidas de mamíferos e de peixes de água
doce, o segundo de anfíbios, o terceiro de aves e o quinto de répteis.
50 • capítulo 2
• Os números impressionam, mas, segundo estimativas aceitas pelo
Ministério do Meio Ambiente o MMA, eles podem representar apenas 10% da
vida no país.
©© RENATO GAIGA | WIKIMEDIA.ORG
Como várias regiões ainda são muito pouco estudadas pelos cientistas, os
números da biodiversidade brasileira tornam-se maiores na medida em que
aumenta o conhecimento.
É necessário consciência ecológica de preservação do planeta por parte de
todos os habitantes do planeta Terra.
2.4.3 Multiculturalismo
capítulo 2 • 51
• No que diz respeito às reivindicações e conquistas, o multiculturalismo/
pluralismo social representa uma bandeira de luta para as minorias (considera-
das não como quantidade de pessoas, mas como qualidade de reconhecimento
social), como o caso de negros, índios, homossexuais, mulheres, etc.
• Assim, falar em multiculturalismo é reconhecer que existem as diferen-
ças, que há uma individualidade em cada ser humano e em cada grupo social.
Por isso, pode surgir certa confusão: se o nosso discurso é pela igualdade de
direitos, falar em respeito às diferenças parece uma contradição. Mas, queridos
alunos, não é bem assim.
• A igualdade de que falamos é a denominada isonomia perante a lei, ou
seja, uma igualdade quanto à titularidade em relação aos direitos e deveres.
• Por isso é que aquelas diferenças às quais o multiculturalismo se refere
são diferenças em relação aos valores culturais, morais, de costumes, etc., na
medida em que existem nesse mundo pessoas de raças, credos e valores dife-
rentes entre si.
Multiculturalismo latino-americano
Alejo Carpentier (1969): terceiro estilo
• Contextos raciais: homens de uma mesma nacionalidade pertencentes às etnias
diferentes, diferentes culturas;
• Contextos econômicos: instabilidade de uma economia sob interesses alheios;
• Contextos crônicos: crenças e práticas antigas se incorporaram em práticas culturais
e religiosas;
• Contextos de desajustamento cronológico: retardamento da chegada de bens inte-
lectuais, científicos ideias políticas, etc;
• Contextos culturais: absorve teorias e práticas diferentes;
• Contextos políticos: golpes militares, esquerda tardia e caduca.
2.4.4 Preconceito
52 • capítulo 2
RACISMO
É importante demarcar que o racismo não é uma teoria científica, mas tão
somente um conjunto de opiniões pré-concebidas, cuja fundamental coloca-
ção é valorizar as diferenças biológicas entre determinados seres humanos, na
medida em que alguns creem ser superiores aos outros tendo em conta a sua
matriz racial.
Essa crença, equivocada na existência de raças superiores e inferiores, foi
empregada muitas vezes para justificar a escravidão, o domínio de determina-
dos povos por outros e os genocídios, que ocorreram durante toda a história da
humanidade .
Globalização
• O fenômeno do multiculturalismo força as origens a se esconderem porque são con-
sideradas menores e vergonhosas diante do padrão imposto pela mídia, pelos ‘mais
evoluídos’.
• Bolsões culturais, estratos semióticos são descaradamente negados em nome da
qualidade da Educação (cujo padrão foi forjado nas culturas ‘superiores’).
ATIVIDADE
Esta questão é do ENADE 2012. Vamos tentar resolver?
01. É ou não ético roubar um remédio cujo preço é inacessível, a fim de salvar alguém, que,
sem ele, morreria? Seria um erro pensar que, desde sempre, os homens têm as mesmas
respostas para questões desse tipo.
Com o passar do tempo, as sociedades mudam e também mudam os homens que as
compõem. Na Grécia Antiga, por exemplo, a existência de escravos era perfeitamente legíti-
capítulo 2 • 53
ma: as pessoas não eram consideradas iguais entre si, e o fato de umas não terem liberdade
era considerado normal. Hoje em dia, ainda que nem sempre respeitados, os Direitos Huma-
nos impedem que alguém ouse defender, explicitamente, a escravidão como algo legítimo.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Fundamental. Ética. Brasília,
2012. Disponível em: <portal.mec.gov.br>. Acesso em: 16 jul. 2012 (adaptado).
REFLEXÃO
Neste primeiro capítulo, você conheceu:
• O conceito de ética, cidadania e a relação entre cidadania e dignidade humana.
• Foi apresentado aos conceitos de biodiversidade e sociodiversidade.
• Pôde conhecer a questão das minorias e das desigualdades num mundo globalizado.
• Conheceu as diversas dimensões dos direitos humanos.
Filmes recomendados:
1. À ESPERA DE UM MILAGRE. Direção de Frank Darabont. 2000. EUA. 188min. (Tema:
importante para reflexão sobre a pena de morte).
2. A HISTÓRIA DE RUBY BRIDGES. Direção de Euzhan Palcy. EUA. 96min. (Tema: a partir
da história da pequena Ruby Bridges, permite compreender a temática do racismo nos EUA
e as dificuldades para se efetivar a decisão da Suprema Corte no Caso Brown x Board of
Education of Topeka, que em 1954 superou a doutrina “separados mas iguais (separate but
54 • capítulo 2
equal)”, vigente nos Estados Unidos desde o final do século XIX, com a decisão no Caso
Plessy x Ferguson).
3. A MAIOR LUTA DE MUHAMMAD ALI. Direção de Stephen Frears. 2013. EUA. 97 mim.
(Tema: o filme mostra os bastidores da Suprema Corte dos Estados Unidos no julgamento da
condenação de Ali à prisão por se recusar a servir o exército para lutar no Vietnã depois de
se converter ao islamismo).
LEITURA
SHORAT, Ella e STAM, Robert. Crítica da imagem eurocêntrica: Multiculturalismo e repre-
sentação. Disponível em: <http://marcoaureliosc.com.br/cineantropo/shohat_stam.pdf>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARPENTIER, Alejo. Conferencia Debate. In Conferencia. La Habana, Letras Cubanas,1969.
DALLARI. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998.
WOLKMER, Antonio Carlos (Org.). Pluralismo Jurídico. Novos Caminhos da Contemporaneidade. 2.
ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
capítulo 2 • 55
56 • capítulo 2
3
Políticas Públicas:
educação,
habitação,
saneamento,
saúde, transporte,
segurança e defesa
3. Políticas Públicas: educação, habitação,
saneamento, saúde, transporte, segurança e
defesa
No presente capítulo, vamos falar sobre políticas públicas e sua importância
para a concretização dos ideais de cidadania numa sociedade democrática.
Para tal, temos que, inicialmente, fixar o conceito sobre o que vem a ser essa
expressão “Políticas Públicas”.
Você terá a oportunidade de descobrir que as Políticas Públicas correspondem
ao conjunto de programas, atividades e ações realizadas pelo Estado, seja di-
retamente por meios de seus entes estatais públicos ou indiretamente, com a
participação de entes privados, que buscam assegurar algum dos direitos de
cidadania, de forma geral ou para um determinado setor da sociedade, em seus
aspectos cultural, étnico, social ou econômico.
As políticas públicas satisfazem os direitos constitucionalmente dispostos ou
aqueles que se afirmam como produto do reconhecimento, seja pela socieda-
de e/ou pelos poderes públicos como novos direitos conquistados pelas pes-
soas individualmente, seja pelas comunidades, ou em relação a bens materiais
ou imateriais.
As políticas públicas, que serão objeto de nossa breve análise nesse capítulo
são: educação, habitação, saneamento, saúde, transporte, segurança e defesa.
OBJETIVOS
• Refletir sobre a importância das políticas públicas para a sociedade em geral;
• Identificar os aspectos fundamentais dos múltiplos aspectos que envolvem o desenvolvi-
mento de políticas públicas efetivas;
• Compreender a importância do terceiro setor para a realização das políticas públicas;
• Perceber em que medida as questões ligadas às políticas públicas refletem no desenvol-
vimento nacional.
58 • capítulo 3
3.1 Vamos falar de políticas públicas
capítulo 3 • 59
I. Incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os
processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orça-
mentos;
II. Liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo
real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em
meios eletrônicos de acesso público;
Do texto dessa lei, podemos concluir que todos os poderes públicos, em ter-
mos de administração pública, municipal, estadual ou federal, estão obrigados
a garantir uma necessária participação popular. Isso significa que a participa-
ção popular, no tocante às políticas públicas com previsão legal, não se trata de
mero capricho dos administradores ou governantes, mas um dever do Estado e,
portanto, um direito de todos nós, da população.
Nessa foto, podemos ver trabalhadoras rurais que realizam a Marcha das Margaridas em
protesto por mais educação, mais políticas públicas para o campo e em prol do direito das
mulheres. A manifestação ocorre de quatro em quatro anos.
60 • capítulo 3
Em resumo, as chamadas políticas públicas foram concebidas para ser as
ações de governo nas áreas de educação, habitação, saúde, segurança, meio
ambiente e distribuição de renda, atingindo diretamente a vida de um conjun-
to de cidadãos que dependem de tais políticas para sua sobrevivência, para a
garantia de sua dignidade e cidadania e para a garantia dos direitos sociais.
CURIOSIDADE
A nossa primeira Constituição da República, de 1891, nada dispunha sobre a obrigatorieda-
de do Estado em promover o ensino público (educação) e socorros públicos (saúde), mas
exigia que eleitores e candidatos a cargos políticos fossem alfabetizados.
Está aí a razão pela qual durante muito tempo o Brasil foi o recordista mundial
em analfabetismo!
capítulo 3 • 61
ensino superior. Com a chegada dos imigrantes, começam as manifestações
pela universalização da educação.
d) Era Vargas – as transformações políticas, sociais e econômicas ocorri-
das a partir da Revolução de 1930, que colocou Getúlio Vargas no poder, tive-
ram importância fundamental para a reorganização do sistema educacional
brasileiro. A Constituição de 1934 consagra o direito à educação como um de-
ver do Estado e prevê a produção de um Plano Nacional de Educação.
e) Segunda Guerra Mundial – criação da Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO): democratização do acesso
à educação.
f) Anos 60 – surgem os movimentos de Educação Popular. É lançada a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961, e cursos profissionalizan-
tes de nível médio. (XAVIER; RIBEIRO; NORONHA, 1994).
g) Ditadura militar (1964-1984) – reformas no sistema educacional por
exigência dos organismos internacionais. Xavier; Ribeiro; Noronha, (1994),
considera que tais reformas legitimam o modelo de desenvolvimento desigual
e injusto consagrado na sociedade brasileira. Caráter profissionalizante.
h) Constituição de 1988 – contemplou diversas das reivindicações da so-
ciedade civil e, em termos de política educacional da educação, já se aponta-
va para a necessidade de uma nova lei de Diretrizes e Bases para a educação
Nacional e volta-se para uma educação em consonância com a justiça social,
ampliando o acesso à educação básica. (XAVIER; RIBEIRO; NORONHA, 1994).
Nos dias de hoje, diversas políticas públicas voltadas para a educação são
fundamentais para a democratização do ensino, seja ele básico ou superior.
São bons exemplos os seguintes programas:
– FIES - O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é um programa do
Ministério da Educação (MEC) que se destina à concessão de financiamento
para os estudantes que estejam regularmente matriculados em cursos superio-
res presenciais de Instituições de Ensino Superior – IES privadas. Ou seja, pos-
sibilita a quem não tem condições de pagar as mensalidades, estudar em uma
faculdade privada.
– PROUNI - O Programa Universidade para Todos (Prouni) do Ministério da
Educação - MEC, foi criado pelo governo federal em 2004. Consiste no ofereci-
mento de bolsas de estudos, integrais e parciais (50%), em instituições particu-
lares de educação superior para estudante das classes economicamente desfa-
vorecidas, democratizando o acesso à educação superior.
62 • capítulo 3
– Lei de Cotas para o Ensino Superior - A Lei nº 12.711/2012 reserva 50% (cin-
quenta por cento) das matrículas por curso e turno nas universidades federais e
nos institutos federais de educação, ciência e tecnologia a alunos oriundos in-
tegralmente do ensino médio público, em cursos regulares ou da educação de
jovens e adultos. Os demais 50% (cinquenta por cento) das vagas permanecem
para ampla concorrência. As vagas reservadas às cotas (50% do total de vagas
da instituição) serão subdivididas: metade para estudantes de escolas públicas
com renda familiar bruta igual ou inferior a um salário mínimo e meio per ca-
pita e metade para estudantes de escolas públicas com renda familiar superior
a um salário mínimo e meio. Em ambos os casos, também será levado em conta
o percentual mínimo correspondente ao da soma de pretos, pardos e indígenas
no estado, de acordo com o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). (Texto retirado do site: <http://portal.mec.gov.
br/cotas/perguntas-frequentes.html>. Acesso em 13 jun 2016)
capítulo 3 • 63
Ao mesmo tempo, observa-se uma certa retração nas faixas acima de 5 (cinco)
salários mínimos, cujo déficit correspondia a 15,7% do total em 1991 e em
2000, passa para 11,8%;
• A qualidade do estoque existente é outro problema a ser enfrentado. É
expressivo o número de unidades habitacionais urbanas com algum tipo de
carência de padrão construtivo, situação fundiária, acesso aos serviços e equi-
pamentos urbanos, entre outros, o que revela a escassa articulação dos progra-
mas habitacionais com a política de desenvolvimento urbano, como a política
fundiária, a de infra-estrutura urbana e saneamento ambiental;
• A ausência de infra-estrutura urbana e saneamento ambiental é o maior
problema e envolve 10,2 milhões de moradias, ou seja, 32,1% do total de domi-
cílios urbanos duráveis do país têm pelo menos uma carência de infra-estru-
tura (água, esgoto, coleta de lixo e energia elétrica), sendo 60,3% nas faixas de
renda de até 3 salários mínimos. Na região Nordeste, existe mais de 4,4 milhões
de moradias com esse tipo de deficiência, o que representa cerca de 36,6% do
total do Brasil;
• No Brasil, quase a metade da população (83 milhões de pessoas) não é
atendida por sistemas de esgotos; 45 milhões de cidadãos carecem de serviços
de água potável. Nas áreas rurais, mais de 80% das moradias não são servidas
por redes gerais de abastecimento de água e quase 60% dos esgotos de todo o
país são lançados, sem tratamento, diretamente nos mananciais de água.
Esse conjunto de deficiências está presente nos bolsões de pobreza das
grandes cidades, especialmente nas regiões Norte e Nordeste;
• O serviço de coleta de lixo não atende a 16 milhões de brasileiros. Nos
municípios de grande e médio porte, o sistema convencional de coleta poderia
atingir toda a produção diária de resíduos sólidos, contudo não atende adequa-
damente aos moradores das favelas, das ocupações e dos loteamentos popula-
res, devido à precariedade da infra-estrutura viária naquelas localidades;
• O adensamento excessivo (mais de três pessoas por cômodo) está presen-
te em mais de 2,8 milhões de domicílios urbanos, e é fortemente concentrado
na Região Sudeste, que agrega 52,9% dos domicílios com esse tipo de inadequa-
ção, grande parte dele no estado de São Paulo, com 31,7% (900.686) do total e
com 23,6% (670.686) em suas três Regiões Metropolitanas;
• Estima-se que 836.669 unidades apresentam condições inadequadas de
moradia em virtude da depreciação. Trata-se de um problema habitacional e
urbano recente e que deverá se agravar nos próximos anos, pois grande parte
do estoque de domicílios urbanos foi construída a partir da década de 60. As
64 • capítulo 3
regiões Sudeste e Nordeste concentram a maioria dos domicílios depreciados,
respectivamente 505.510 e 221.782 unidades, ou seja, 86,5% do total;
• As necessidades qualitativas se diferenciam entre as regiões do País. No
Norte, Nordeste e Centro Oeste, mais de 50% dos domicílios urbanos perma-
nentes têm algum tipo de carência de infra-estrutura urbana e saneamento am-
biental, porcentagem que diminui para 15% no Sudeste, onde o adensamento
excessivo e a depreciação são expressivos”. (Caderno n.4. MCidades/ Brasil,
2004, p.p. 17-18).
capítulo 3 • 65
A perspectiva de compreensão teórica da efetividade do direito à saúde,
enquanto direito fundamental, assimila alguns pontos de vista ou “teses” que
gozam, na atualidade, de extenso respaldo doutrinário. Dentre esses, vale lem-
brar a defesa incondicional dos direitos fundamentais, assumida mesmo dian-
te da identificação da crise do Estado Social, há tanto tempo elucidada pelo
Professor Boaventura de Sousa Santos (2008).
66 • capítulo 3
b) que a Constituição Federal tem como princípio norteador básico a re-
serva do possível, o que significa admitir que os direitos ditos sociais só podem
ser respeitados quando houver recursos financeiros públicos suficientes para
tanto;
c) que o Poder Judiciário não tem competência para decidir sobre a aloca-
ção e destinação de recursos públicos.
Essas alegações da Administração devem ser resultadas em defesa da vin-
culação normativo-constitucional própria aos direitos fundamentais do porte
do direito à saúde — isso se sustenta num quadro histórico-político em que as
principais críticas construídas contra o sistema de direitos fundamentais ga-
rantidos por nossa Constituição cidadã se relacionam aos direitos ditos sociais,
entre os quais se costuma ainda alinhar erroneamente o direito à saúde, que
transitou para o patamar de um direito universal, individual, fortemente sub-
jetivo — e é assim que este se converte em objeto de ação no âmbito judicial.
capítulo 3 • 67
em razão da necessidade de a população de baixa renda morar próximo do seu
local de trabalho.
Os custos de transporte também limitam o acesso às oportunidades de tra-
balho, pois procurar emprego inclui despesas com tarifas de transporte públi-
co, chegando a ser proibitivo para determinadas parcelas da população. Nesse
sentido, os pobres das periferias levam desvantagem em relação aos moradores
das áreas centrais. Tendo em vista que no mundo da informalidade as relações
de trabalho são inconstantes e se dão numa base diária, morar longe do traba-
lho significa alto gasto e menos renda disponível para atender outras necessi-
dades básicas. Muitas pessoas também vêem limitadas suas oportunidades de
trabalho se tiverem de pagar mais de duas tarifas por dia.
Reportagem especial da Revista Istoé, de 20/11/2002, mostrou que, de cada
quatro moradores que dormem nas ruas e praças do Rio de Janeiro, um tem casa
ou lugar para dormir, conforme informações da Secretaria de Desenvolvimento
Social da Prefeitura do Rio de Janeiro. Em virtude dos baixos rendimentos, se
voltassem para casa todos os dias, de ônibus ou trem, teriam de usar o dinheiro
guardado para a comida.
A maioria exerce atividades no mercado informal. São os chamados “desa-
brigados com teto”, trabalhadores sem o direito de ir e vir por falta de dinheiro
para pagar o transporte.
Reportagem do jornal Correio Braziliense, de 15/3/2003, mostra também
como vários trabalhadores estão abrindo mão do descanso para reduzir gastos
com transporte.
Um servente de pedreiro, por exemplo, dorme no local de trabalho durante
a semana, já que se voltasse para casa diariamente gastaria R$ 8,20/dia com o
ônibus. Como trabalha cinco dias na semana, seriam R$ 164,00 por mês: meta-
de de seu salário de R$ 330,00. Ressalte-se que, por não possuir carteira assina-
da, esse trabalhador não tem direito ao vale-transporte.
Essas são importantes manifestações de exclusão social que vêm aconte-
cendo nas grandes metrópoles atualmente, causadas, sobretudo, pela privação
do acesso aos serviços públicos de transporte coletivo pelas populações mais
pobres”. (GOMIDE, 2003, p. 16).
68 • capítulo 3
tico autoritário: uma engenharia político-institucional que conecta os dilemas
da violência urbana atual ao passado da violência rural. As bases do sistema
público de segurança (ainda) estão assentadas numa estrutura social historica-
mente conivente com a violência privada, a desigualdade social, econômica e
jurídica e os “déficits de cidadania” de grande parte da população”.
Por isso, construir uma política de segurança pública que não leve em conta
os aspectos relativos à profunda desigualdade social que ainda existe em nosso
país, que não contemple uma perspectiva de superação do abismo econômico
que separa as classes sociais e as dificuldades objetivas de acesso à justiça por
significativas parcelas de nossa população e que importam em exclusão da ci-
dadania, ficará muito difícil superar ou diminuir os índices da violência, seja
ela no âmbito urbano ou rural.
ATIVIDADES
Esta questão é do ENADE 2004. Vamos tentar resolver?
01. Embora a expectativa de vida da população brasileira venha aumentando nas últimas dé-
cadas, preocupam as autoridades sanitárias os níveis elevados de mortalidade da população
jovem, especialmente na faixa etária entre 15 e 29 anos, nos grandes e médios centros ur-
banos. As ações de maior impacto potencial para a diminuição da mortalidade da população
adulta jovem brasileira devem estar centradas em:
a) prevenção da AIDS.
b) prevenção das mortes violentas e por acidentes.
c) melhoria das condições sanitárias.
d) elevação da renda per capita da população.
e) combate à fome.
REFLEXÃO
Neste primeiro, capítulo você conheceu:
• O conceito de políticas públicas e sua relação com o Estado e o setor privado;
• Conheceu a gênese histórica das políticas públicas voltadas para a educação no Brasil;
• Pôde conhecer a questão das políticas de habitação e suas carências.
• Conheceu os pressupostos sociais necessários para uma eficiente política de seguran-
ça pública.
capítulo 3 • 69
Filmes recomendados:
a) A Educação Proibida - Gravado em oito países da América Latina, o documentário pro-
blematiza a escola moderna e apresenta alternativas educacionais em mais de 90 entrevistas
com educadores. O filme é independente e foi financiado de forma coletiva. Disponível em:
<https://youtu.be/-t60Gc00Bt8>.
b) Cidade de Deus - Cidade de Deus marcou época na história do cinema brasileiro. Agora,
você poderá conferir a história do conjunto habitacional Cidade de Deus, criado pelo governo
do Rio de Janeiro em meados dos anos 60 e que se tornou um dos maiores pólos do controle
do tráfico na região. Dadinho e Buscapé tinham mais ou menos a mesma idade quando se
mudaram para a Cidade de Deus. Dadinho, com instinto assassino e sede de poder, muda de
apelido para Zé Pequeno e se transforma no traficante mais temido da favela nos anos 70.
Enquanto isso, Buscapé tenta levar uma vida honesta, trabalhando como caixa de supermer-
cado. Disponível em: <http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-cidade-de-deus.html>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DALLARI. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998.
GOMIDE, Alexandre de Ávila. Transporte urbano e inclusão social: elementos para políticas públicas, in
Texto Para Discussão No. 960, IPEA, 2003.
SANTOS, Magda. A abordagem das políticas públicas educacionais para além darelação estado e
sociedade, in IX ANPED Sul, 2012.
70 • capítulo 3
4
Temas transversais:
relações de
trabalho e
de gênero,
responsabilidade
social
4. Temas transversais: relações de trabalho e
de gênero, responsabilidade social
OBJETIVOS
• Refletir sobre a importância das relações trabalhistas no contexto da socieda-
de contemporânea;
• Identificar os múltiplos aspectos fundamentais que envolvem as questões de gênero e a
importância histórica do movimento feminista;
72 • capítulo 4
• Compreender a importância da discussão sobre os conflitos sociais, econômicos e cultu-
rais decorrentes e afirmação dos direitos sexuais;
• Perceber em que medida a responsabilidade social se apresenta no cenário atual como
ponto elementar das pautas do cenário da globalização neoliberal.
capítulo 4 • 73
Superada a fase em que o trabalho braçal era delegado aos escravos, no
Brasil Colônia e Império, temos vivido uma sequência de avanços e de retroces-
sos nesse campo, em muito decorrentes das influências recebidas ao longo de
nossa história.
I
O T
74 • capítulo 4
c) O surto industrial, efeito da Primeira Grande Guerra Mundial, com a
elevação do número de fábricas e de operários – em 1919 havia cerca de 12.000
fábricas e 300.000 operários.
capítulo 4 • 75
f) A existência de diversas leis esparsas sobre Direito do Trabalho levou
à necessidade de sua sistematização, por meio da Consolidação das Leis do
Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-lei 5.452, de 1º de maio de 1943.
g) A Constituição de 1946 reestabeleceu o direito de greve, rompendo, de
certa forma, com o corporativismo da Carta de 1937, passando a trazer elen-
co de direitos trabalhistas superior àquele das Constituições anteriores. Nesta
Constituição, (1946) encontramos a participação dos empregados nos lucros,
repouso semanal remunerado, estabilidade, etc.
h) A Constituição de 1988 igualou os direitos trabalhistas dos trabalhado-
res urbanos aos trabalhadores rurais.
76 • capítulo 4
desenfreada competição, apoiada na máxima de que os fins justificam os meios,
tendo como consequência o desemprego e a extinção de postos de trabalho.
Como consequência, essa nova vertente do capitalismo se projeta nos di-
reitos dos trabalhadores. A esse respeito, vale sublinharmos que, não obstante
avanços conquistados pelos trabalhadores quanto à consagração de seus direi-
tos em termos dos constitucionais, infraconstitucionais e em relevantes docu-
mentos internacionais, o segmento defronta-se com graves dificuldades, entre
as quais situam-se as seguintes:
a) precariedade das condições de trabalho;
b) insegurança quanto à estabilidade no emprego;
c) acirramento de conflitos vinculados às relações de poder no cotidiano
do trabalho, expressos em afronta à dignidade humana, como assédio moral
no trabalho;
d) alienação do trabalhador na participação dos resultados do processo
produtivo e;
e) fragilidade do movimento sindical.
Ainda entre os indicadores objetivos dessa problemática, convém chamar
atenção ao agravamento do desemprego e da extinção de postos de trabalho, do
trabalho informal, em suas várias dimensões, os quais atingiram abrangência
tão significativa, a ponto de alcançar inclusive e gravemente países desenvolvi-
dos da Comunidade Europeia, Estados Unidos e, como historicamente verifica-
do, na América Latina.
capítulo 4 • 77
tipicamente capitalista, fruto de diversos fatores sociais, como as colonizações,
a Revolução Industrial, as Guerras Mundiais, o avanço do Liberalismo e da
ciência e tecnologia, enfim, ligado intimamente aos momentos e fenômenos
sociais que se sucedem no seio social e que será objeto de análise no presen-
te livro.
Faria (2010, p.3) adverte que a globalização, conceito aberto e multiforme,
denota a sobreposição do mundial sobre o nacional, asseverando tratar-se de
”um conceito relacionado às ideias de “compressão” de tempo e espaço, de co-
municação em tempo real, online, de dissolução de fronteiras geográficas, de
multilateralismo político-administrativo e de policentrismo decisório”.
Faria (2010) entende que a globalização foi responsável por uma “reestru-
turação do capitalismo”, provocando uma série de consequências à sociedade,
com reflexos no Direito. O autor aponta cinco consequências da globalização
para o Direito, a saber:
1. a velocidade e a intensidade do desenvolvimento científico, o poder po-
lítico-normativo propiciado pelas expertises e habilidades práticas decorrentes
da expansão da tecnologia e a comoditização de conhecimentos especializados
cada vez mais voltados a resultados de curto prazo e dividendos imediatos;
2. a redução da margem de autonomia dos governos nacionais na formu-
lação, implementação e execução de políticas macroeconômicas de um modo
geral, e nas políticas monetária e cambial, de modo específico;
3. a crescente diferenciação da economia em sistemas e subsistemas cada
vez mais especializados – um processo que se torna particularmente visível no
âmbito do sistema financeiro a partir do momento da distância entre a riqueza
abstrata dos mercados de capitais e a riqueza concreta dos setores produtivos
da economia real;
4. o fenômeno da “relocalização industrial” propiciado pelo advento de
técnicas mais informatizadas e flexíveis de produção, também conhecidas
como técnicas pós-fordistas e a tendência de crescimento do tamanho das em-
presas transnacionais relativamente ao peso econômico e político dos países;
78 • capítulo 4
Eur
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éric Ásia
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capítulo 4 • 79
4.1.5 Como fica a situação no Brasil
CURIOSIDADE
Hipossuficiente é a pessoa que não dispõe de algum tipo de recurso, seja econômico, social
ou técnico.
80 • capítulo 4
efetivação dos direitos fundamentais daquelas pessoas que, na maioria das ve-
zes, por apresentarem características que fogem ao padrão estabelecido como
normal, em termos sexuais (homem-mulher, heterossexualidade) são taxadas
de ‘anormais’, vivendo à margem da sociedade.
capítulo 4 • 81
De tal sorte que, ao analisarmos esses dois conceitos, podemos chegar a al-
gumas constatações:
a) A identidade de gênero se refere ao sentimento que o indivíduo possui
quanto à sua identificação, seja como mulher ou como homem, a partir dos
padrões estabelecidos pela sociedade em que se insere para categorizá-lo numa
versão masculina ou feminina.
b) Existe uma tendência objetiva de classificarmos tudo e todos em fe-
minino ou masculino, sempre colocados em oposição objetiva, sem que haja
uma margem pequena que seja para o que não se enquadra nesses conceitos ou
categorias.
No entanto, a questão que circunscreve os conflitos relativos à identidade
sexual de uma pessoa revela-se muitíssimo mais complexa e singular do que
pode refletir o seu sexo morfológico. Ou seja, nascer com uma genitália do sexo
feminino ou do sexo masculino não é e nunca foi garantia de ser uma mulher
ou um homem no sentido mais exato que tais termos possam assumir.
Em verdade, cada vez mais fica provado que antes de tudo, devemos consi-
derar efetivamente o comportamento psíquico que cada um assume em rela-
ção ao seu próprio sexo, razão pela qual é possível afirmar que o que conside-
ramos como sexo é o resultado da união dos diversos aspectos, sejam físicos,
psíquicos e comportamentais da pessoa, que irão representar, de fato, o que se
considera como estado sexual.
Assim, podemos, em síntese, considerar:
Gênero: Caráter que as especificidades masculinas e femininas ostentam
nas diferentes formações sociais humanas, ao longo da história da humanidade.
Sexo: Aspectos distintos e relativos à feição anátomo-fisiológica que dife-
renciam os homens das mulheres.
82 • capítulo 4
4.2.2 A questão do nome social
A questão do nome social foi objeto de pesquisa dessa autora, que em artigo in-
titulado “O reconhecimento da identidade de gênero através do nome social”,
publicado na Revista da SJRJ, em 2014, assim tratou dessa temática, tão rele-
vante na atualidade (seguem alguns trechos transcritos):
A Constituição brasileira estabelece a proteção da dignidade do ser huma-
no enquanto tal e o respeito às diferenças individuais e de grupos sociais em
observância a ordem social. Nesse âmbito de tutela aos direitos do homem e
do cidadão, a devida adequação da designação nominativa de travestis, tran-
sexuais e transgêneros aponta ao nosso país integração e coerência com nos-
sa Constituição Federal, em necessária observância aos preceitos dos Direitos
Humanos e do Direito Internacional.
No entanto, nos dias atuais, há que se apontar que mesmo as pessoas que
conseguem ser submetidas à cirurgia de redesignação sexual não encontram
no Judiciário a agilidade e a prontidão necessárias a permitir a descontinuida-
de de situações constrangedoras (quando não preconceituosas) a que são ex-
postas diuturnamente. Necessário demarcar que a inexistência de leis especí-
ficas quanto a esta matéria faz com que a mudança de nome tão somente pela
via judicial se torne uma deliberação que depende de cada julgador (com a pos-
sibilidade do resultado ser penetrado por valores, costumes, moralismos e pre-
conceitos vinculados à condição de indivíduo que existe por trás de cada toga).
Eis o porquê de ser uma questão tão relevante ao exercício da cidadania, o uso
do nome social pelos transexuais como meio de adequação de sua identidade pes-
soal à sua identidade de gênero, ambas atributos dos direitos da personalidade.
[...] o nome social consiste no apelido público e notório pelo qual um transe-
xual, o travesti ou o transgênero são identificados em seu meio familiar e social
correspondente à sua identidade de gênero, cuja adoção visa garantir o respei-
to à sua dignidade, evitando constrangimentos psicológicos e vexame social.
Trata-se da forma como a pessoa é conhecida, independentemente de como
está em seus documentos oficiais. Vários órgãos e instituições reconhecem o
direito ao tratamento pelo nome social, bastando que a pessoa, ao apresentar a
sua identidade civil, registre, igualmente, o nome pelo qual deseja ser chamada.
A busca pelo reconhecimento do nome social tornou-se uma bandeira do
movimento LGBTT. No entanto, é de notar-se que também a classe dos artistas
esteja inserida nesse contexto, na medida em que a assinatura artística nem
sempre tem a ver com o nome que consta nos documentos.
capítulo 4 • 83
4.2.3 Feministas ou femininas: elas querem reconhecimento social
Não podemos começar a falar sobre direitos das mulheres e, em especial so-
bre o movimento feminista aqui no Brasil, sem citar o nome da escritora Nísia
Floresta, cujo verdadeiro nome era Dionísia Gonçalves Pinto, infelizmente tão
pouco conhecida entre nós, mas cuja trajetória no cenário da luta pelos direitos
das mulheres representa um verdadeiro marco entre nós.
<www.nisiadigital.com.br>
84 • capítulo 4
No final do século XIX e início do século XX, começaram a emergir os pri-
meiros movimentos sociais na defesa do direito das mulheres. O feminismo
passou a se concretizar como movimento, e através dele, as mulheres passaram
a lutar por espaços, direitos políticos e depois, direitos civis e sociais.
Nesse contexto, Nísia Floresta contribui com fundamental importância
para comprovar, através dos seus escritos, que a ideologia higienista sobre a
incapacidade intelectual feminina era uma falácia. O projeto educacional pro-
posto pela autora em Opúsculo Humanitário deve ser visto, destarte, como uma
referência na consagração da educação enquanto direito humano conquistado
pela mulher no século XIX.
Dois anos depois de tecer uma crítica veemente ao sistema educacional bra-
sileiro, quanto à forma de educação das mulheres, Nísia escreve uma crônica
intitulada “Páginas de uma vida obscura”, de 1855, em que articula o pensa-
mento acerca da escravidão.
Alana Lima (2016, p.p.10-15) nos dá conta de que:
“Nísia Floresta sempre esteve atenta às questões sociais, e, diferentemente,
das mulheres de seu tempo, procurou não reproduzir o modelo patriarcal, de-
nunciando as injustiças sociais praticadas contra a mulher, e falando em defe-
sa dos sujeitos oprimidos.
Desde muito cedo, a vocação para as letras combinada com a irresignação
diante das injustiças sociais se fizeram presentes na vida e na obra dessa escri-
tora cuja preocupação era a de revelar a opressão que vivia a mulher na socieda-
de do século XIX, utilizando-se para isso do texto escrito.
Esses primeiros textos, escritos na forma de artigos, versaram sobre a condi-
ção da mulher no Brasil e em vários países. Publicados no jornal pernambuca-
no Espelho das brasileiras, entre o período de fevereiro a abril de 1831, marcam
o início da vida autoral de Nísia Floresta no mundo das letras.
Segundo nos dá conta Alana Lima (2016), o título Direitos das mulheres e
injustiça dos homens, escrito quando a autora tinha apenas 22 anos, represen-
ta o marco teórico do feminismo no Brasil, e aparece em resultado ao processo
de tradução do livro de Mary Wollstonecraft, de 1792, intitulado Vindications of
the rights of woman, o qual é também considerado o texto seminal dos direitos
das mulheres no plano mundial.
Esses dois escritos sinalizam, portanto, o começo de uma era em favor dos
direitos das mulheres, os quais vão sendo conquistados ao longo do tempo, em
meio a muitas lutas e reivindicações.
capítulo 4 • 85
Dedicado às brasileiras e aos acadêmicos brasileiros, o livro surge com o
propósito de interferir no pensamento dominante da época, a fim de provocar
uma tomada de consciência por parte das mulheres quanto aos seus direitos e
a sua capacidade intelectual. Configura-se, então, numa crítica à forma que a
sociedade enxergava a mulher, e ao mesmo tempo, em um apelo à importância
da mulher na vida social.
Traduzido do livro de Mary Wollstonecraft, a ele se aproxima e ao mesmo
tempo se distancia, já que não foi desenvolvido nas mesmas bases ideológicas
do original, ante as diferenças culturais, políticas e econômicas que separavam
os dois textos. O projeto de Nísia Floresta era falar sobre a situação das mulhe-
res no Brasil de 32, e não simplesmente traduzir os ideais feministas europeus.
Ponderar diante das necessidades da mulher brasileira, através de uma fala
da margem para o centro, que coloca a periferia como o lugar do discurso, do
saber e da práxis social, num exercício contra hegemônico, foi a opção encon-
trada por Nísia Floresta para apresentar um produto com origem no Brasil.
Assim sendo, é possível afirmar que Nísia, além de ser pioneira na luta pelo
direito das mulheres, foi precursora do movimento nacionalista, pois ajudou a
construir o sentimento de nacionalidade do povo brasileiro ao chamar a aten-
ção da sociedade por meio de sua literatura para a questão nacional, desprezan-
do a velha ordem que ainda tentava imperar, mesmo após a independência do
Brasil ocorrida em 1822.
Registramos que o momento histórico pelo qual passava o país na época em
que Nísia Floresta publicou Direitos das Mulheres e Injustiça dos homens, era de
um país conservador, sem muitos avanços no campo da política e economia, basi-
camente idêntico ao período do Brasil colonial, ou seja, escravocrata e patriarcal.
Daí porque dizer que Nísia se destaca na luta de interesses em construir a
nação com uma identidade nova, desapegada da metrópole, imbuída no desejo
de não mais importar os imaginários estrangeiros, e sim, mostrar o Brasil pelos
seus próprios sujeitos e com suas próprias características.
Observando o conjunto da obra de Nísia Floresta, percebe-se com uma niti-
dez surpreendente o diálogo que os textos realizam entre si, como se fossem pe-
ças complementares de um mesmo plano de ação. O propósito de formar e modi-
ficar consciências, já o disse, perpassa quase todos os livros, os quais se unem em
torno de um projeto coerente e consciente de alterar o quadro ideológico social.
Dentre os mais importantes temas que escreveu durante sua trajetória li-
terária, destacam-se as figuras do negro, do índio e da mulher, os quais eram
86 • capítulo 4
observados consoante o seu lugar de sujeito oprimido na sociedade, e em nome
de quem a autora passou a travar verdadeira luta ideológica por direitos bási-
cos, tais como liberdade, cidadania e educação.
©© WIKIMEDIA.ORG
August Geigenberger.
O movimento feminista brasileiro nos dias de hoje é mais que uma reali-
dade, na medida em que a mulher conseguiu, por sua luta e disposição, ocu-
par diversos lugares antes destinados tão somente aos homens. Elas estão em
toda parte: estudam, fazem pesquisas, produzem bens de consumo, pensam e
constroem os destinos do país, ainda que sofram o peso do machismo reinante
na sociedade e toda a sorte de discriminações dele decorrentes como menores
salários para funções idênticas às dos homens, dupla jornada de trabalho (tra-
balho profissional mais as tarefas domésticas), pouca valorização profissional,
entre outras.
capítulo 4 • 87
©© MONTSERRAT BOIX | WIKIMEDIA.ORG
88 • capítulo 4
ATIVIDADES
Vamos tentar resolver?
01. As mulheres frequentam mais os bancos escolares que os homens, dividem seu tempo
entre o trabalho e os cuidados com a casa, geram renda familiar, porém continuam ganhando
menos e trabalhando mais que os homens.
As políticas de benefícios implementadas por empresas preocupadas em facilitar a vida das
funcionárias que têm criança pequena em casa já estão chegando no Brasil. Acordados de
horários flexíveis, programas como auxílio-creche, auxílio-babá e auxílio-amamentação são
alguns dos benefícios oferecidos.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>.
Acesso em: 30 jul. 2013 (adaptado).
capítulo 4 • 89
II. O fragmento de textos e os dados do gráfico apontam para a necessidade de criação de
políticas que promovam a igualdade entre os gêneros no que concerne, por exemplo, a tempo
médio dedicado ao trabalho e remuneração recebida.
III. No fragmento de reportagem apresentado, ressalta-se a diferença entre o tempo dedi-
cado por mulheres e homens ao trabalho remunerado, sem alusão aos afazeres domésticos.
a) I, apenas d) II e III, apenas
b) III, apenas, e) I, II e III
c) I e II, apenas
REFLEXÃO
Neste primeiro capítulo, você conheceu:
• O conceito de políticas públicas e sua relação com o Estado e o setor privado.
• Conheceu a gênese histórica das políticas públicas voltadas para a educação no Brasil.
• Pôde conhecer a questão das políticas de habitação e suas carências.
• Conheceu os pressupostos sociais necessários para uma eficiente política de seguran-
ça pública.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DALLARI. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998.
FARIA, José Eduardo. Sociologia Jurídica. Direito e Conjuntura. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
GASPARETTO JR, A. Associações de Socorro Mútuo: estratégias dos trabalhadores imigrantes na
Primeira República. In: Anais do Seminário Cultura e Política na Primeira República, 2010, Ilhéus.
MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967.
Sites Consultados:
JusticaTrabalho: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos30-37/PoliticaSocial/>
90 • capítulo 4
5
Tecnologias de
informação e
comunicação: inclusão/
exclusão digital -
sociodiversidade e
multiculturalismo
5. Tecnologias de informação e
comunicação: inclusão/exclusão digital -
sociodiversidade e multiculturalismo
Nesse capítulo, abordaremos alguns dos assuntos mais candentes de nossa rea-
lidade, porque é inegável que os avanços no campo das tecnologias de informa-
ção e de comunicação modificaram significativamente o nosso dia a dia, tornan-
do por um lado, nossa vida mais fácil e menos complicada, mas, por outro, nos
afastaram do convívio interpessoal face a face – que o digam as redes sociais, os
Whatsapps e os Telegrams - e, para muitos, ainda é algo muito distante, porque o
acesso a tais mecanismos importa em dispêndio de recursos que não estão faci-
litados para a maioria da população. Por outro lado, poderemos ver que há uma
sequência de reivindicações no sentido da democratização do acesso ao ciberes-
paço como uma nova dimensão de direitos fundamentais difusos a ser estendido
a toda a população como forma possibilitadora do exercício da cidadania.
E por falar em cidadania, a segunda parte desse capítulo irá enfocar os con-
ceitos de sociodiversidade e de multiculturalismo, que são de fundamental
importância para que possamos compreender uma noção de cidadania que se
efetive para além das meras liberdades públicas e civis configuradas pelo direi-
to a votar e ser votado. Nesse aspecto, vamos apresentar como o Brasil se revela
como uma nação caracterizada pelo signo da sociodiversidade inclusiva, garan-
tida constitucionalmente pelos ditames consagrados na Constituição Federal
de 1988 e como esse texto legal, para que seja realmente eficaz, carece do reco-
nhecimento dos aspectos multiculturais de nossa formação, que se manifesta
muito além das meras questões étnicas e raciais.
OBJETIVOS
• Refletir sobre a importância das tecnologias de informação e de comunicação no mun-
do contemporâneo;
• Identificar os reflexos sociais, econômicos e jurídicos que envolvem o fenômeno da inclu-
são/exclusão digital;
• Compreender a importância da discussão sobre os aspectos decorrentes da sociodiversidade;
• Reconhecer as diversas posições doutrinárias e sociológicas que envolvem o
tema multiculturaslimo.
92 • capítulo 5
5.1 Sobre as tecnologias de informação e comunicação (TICs)
capítulo 5 • 93
Na administração pública, é notória a progressiva aplicação e abrangência
das Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs, sobretudo com o uso da
Internet nas diferentes esferas do governo.
Aqui, o emprego das TICs inicia-se com o e-mail e a pesquisa eletrônica e
continua com a chamada “governança eletrônica” ou “e-governança”. A utili-
zação das TICs na Administração Pública possui vários objetivos: o alcance e a
melhoria contínua da qualidade, o aumento da eficácia e da eficiência, a trans-
parência dos atos administrativos, a fiscalização das ações governamentais e a
participação popular no exercício da cidadania, por meio da facilidade de aces-
so a serviços públicos ofertados na Internet.
No Brasil, a partir do início do século XXI, os gestores públicos despertaram
para o valor das TICs como instrumento na construção do futuro. A partir de
então, políticas públicas foram criadas para que as novas tecnologias impulsio-
nassem o desenvolvimento”. (PEREIRA e SILVA, 2010, p.p. 152-153)
Continuando, os autores explicitam as grandes mudanças decorrentes dos
avanços da microengenharia que irão aliar a eletrônica à informação, no se-
guinte sentido:
“Creditam-se ao período da Segunda Guerra Mundial e ao seguinte as prin-
cipais descobertas tecnológicas no campo da eletrônica, como o primeiro
computador programável e o transistor, fonte da microeletrônica, o verdadei-
ro cerne da revolução da tecnologia da informação no século XX. Apesar disso,
Castells (1999) defende que só houve ampla difusão das novas tecnologias de
informação na década de 70, o que acelerou seu desenvolvimento sinérgico e
convergiu para um novo paradigma.” (PEREIRA e SILVA, 2010, p. 156)
No que diz respeito à criação da Internet, Pereira e Silva (2010) esclarecem
que esse advento se deveu em muito à “junção de estratégia militar, cooperação
científica, inovação tecnológica e contracultural nas três últimas décadas do
século XX, desencadeou a criação e o desenvolvimento da Internet. A respon-
sável por essa ação foi a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA) do
Departamento de defesa norte-americano (DoD). Na década de 50, um dos pro-
jetos da ARPA visava desenvolver um sistema de comunicação invulnerável a
ataques nucleares, com base na tecnologia de troca de pacotes, em que o siste-
ma tornava a rede independente de centros de comando e controle, para que a
mensagem procurasse suas próprias rotas ao longo da rede, sendo remontado
para voltar a ter sentido coerente em qualquer ponto da rede” (p. 158).
94 • capítulo 5
Segundo nos dão conta os autores, a “ARPANET foi a primeira rede de com-
putadores e entrou em funcionamento em 1969, conectando seus quatro pri-
meiros nós, ou seja, universidades americanas. Na década de 80, a ARPANET
encerra suas atividades e cede lugar à Internet. A partir daí, a Internet parte
para sua difusão internacional, sem fronteiras nem rumos. Assim, conforme
a rede se expandia e ganhava mais adeptos, outras tecnologias relacionadas à
Internet foram criadas. Por volta de 1990, os “não iniciados” ainda tinham di-
ficuldade para usar a Internet e a capacidade de transmissão ainda era muito
limitada. Nessa época, surge um aplicativo que é denominado como teia mun-
dial (World Wide Web – WWW3), além da concepção do hipertexto (Hypertext
Markup Language – HTML) e a divisão de locais em sites.”
capítulo 5 • 95
©© PIXABAY.COM
Pereira e Silva (2010, p.p. 163-164) discorrem com especial propriedade em re-
lação a essas duas consequências objetivas da sociedade em rede e que muito
têm a ver com a participação do Estado, por meio das políticas públicas, que
possibilitam que parcelas substanciais da população possam inserir-se no
contexto da utilização do espaço virtual como signo de exercício de cidadania,
na medida em que possuir o acesso à rede mundial dos computadores e ao ci-
96 • capítulo 5
berespaço cada dia se revela mais um direito fundamental, no lastro do reco-
nhecimento dessa necessidade como parte da garantia da dignidade da pes-
soa humana.
©© MARCOS VINICIUS DE PAULO | WIKIMEDIA.ORG
capítulo 5 • 97
Para Santos (2003, p. 3): “Constatando que a Internet é uma infovia de mão
dupla, dá para inferir que a falta de acesso alija o cidadão pobre dos circuitos
econômicos dominantes, e mais: retira-lhe a possibilidade de incluir na rede o
padrão cultural da sua realidade local. Portanto, incluir digitalmente é facilitar
o acesso dos excluídos ao novo modo de produção e estilo de desenvolvimento
social e cultural” (PEREIRA e SILVA, 2010, p.p. 163-164).
Pereira e Silva (2010) nos apresentam uma lista com os principais recursos usa-
dos pelos governos locais na perspectiva de garantir à população economica-
mente desprovida, ou seja, hipossuficiente, o acesso às novas TICs, em especial
à Internet, a saber:
• Telecentros comunitários: são espaços multifuncionais que dispõem de
acesso público à Internet, promovem cursos de informática básica, de acesso
à rede mundial de computadores e correio eletrônico. Utilizam Software livre
(PEREIRA e SILVA, 2010, p.p. 163-164).
• Redes wi-fi (sem-fio): redes de banda larga disponíveis para acesso gra-
tuito da população à Internet. O cidadão necessita de equipamento próprio
para conseguir se conectar e utilizar os serviços (PEREIRA e SILVA, 2010, p.p.
163-164).
• Salas de informática em escolas e bibliotecas públicas: salas equipadas
com microcomputadores dotados de aplicativos básicos com ou sem acesso à
Internet (PEREIRA e SILVA, 2010, p.p. 163-164).
©© PIXABAY.COM
98 • capítulo 5
(ONG) permitem a prática de preços inferiores aos de mercado, viabilizando
o uso da rede por pessoas de baixa renda (PEREIRA e SILVA, 2010, p.p. 163-164).
• Quiosques ou totens: semelhantes aos serviços de autoatendimento ban-
cário, são comuns em projetos que oferecem acesso rápido a serviços, informa-
ções e correio eletrônico (PEREIRA e SILVA, 2010, p.p. 163-164).
capítulo 5 • 99
A nossa atual Constituição Federal promulgada em 1988, dá um passo sig-
nificativo no tratamento da questão indígena no que diz respeito ao reconheci-
mento dessa sociodiversidade, mormente no que diz respeito ao direito desses
povos se organizar, inclusive territorialmente, na medida em que, além da pos-
se e usufruto exclusivo da terra, garante também, o reconhecimento da cultura,
costumes e tradições, evidenciando, ainda, a terra como elemento de expressão
física e cultural das comunidades. A CF/88 respeitou o direito dos indígenas a
continuarem sendo índios.
O centro das mudanças trazidas pela Constituição de 1988, precisamente
pelo artigo 231, é o reconhecimento e proteção à organização social e cultu-
ral dos povos indígenas. Sobre essa questão, Villares (2013, p. 14) afirma que o
“Estado passa a reconhecer os povos indígenas como tais, dotados de culturas,
organizações sociais, línguas, religiões, modos de vida, visões de mundo pecu-
liares a cada grupo ou povo”, abandonando assim, a ideia de que a cultura indí-
gena é inferior e que a aproximação com a sociedade brasileira seria necessária.
©© CMACAULEY | WIKIMEDIA.ORG
100 • capítulo 5
direito dos índios é anterior ao próprio direito, à própria lei. A ocupação tradi-
cional é definida na Constituição e trata-se das terras habitadas pela comuni-
dade em caráter permanente, das utilizadas para suas atividades produtivas,
das imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu
bem-estar e das necessárias à sua reprodução física e cultural, segundo seus
usos, costumes e tradições”.
capítulo 5 • 101
de ordem econômico-social e religiosa. Os casos de intolerância ou rejeição do
outro deixaram de ser tão raros assim: aqui e ali, podemos vislumbrar casos
de xenofobia, discriminação ou preconceito, afinal, não podemos evitar que os
conflitos se instaurem no seio social. Eles existem sempre e o que temos a fazer
é encontrar mecanismos de solução para os mesmos.
102 • capítulo 5
no que se relaciona à sociodiversidade, é considerada uma das melhores em
nível mundial, na medida em que inclusive admite as demonstrações de insa-
tisfação e reivindicações das minorias.
©© MIKAELE TEODORO | WIKIMEDIA.ORG
capítulo 5 • 103
A busca da padronização em torno do igual, sem respeitar o diferente, nos
empobrece e só leva à injustiça e ao preconceito. Somos todos seres diferentes
porque únicos e irrepetíveis e iguais, porque temos todos nossas diferenças ca-
recedoras de respeito, porque somos todos dignos!
104 • capítulo 5
ATIVIDADES
Questão do ENADE. Vamos tentar resolver?
capítulo 5 • 105
REFLEXÃO
Neste capítulo, você conheceu:
• O processo de união entre a ciência e a técnica que culminou com o advento de uma so-
ciedade da tecnologia e da informação.
• Conheceu em que medida o acesso à informação em todos os seus matizes se configura
como um direito fundamental.
• Pôde conhecer o significado do termo sociodiversidade e como se aplica à realida-
de brasileira.
• Conheceu a relação entre os direitos humanos e a multiculturalidade.
Filmes e vídeos recomendados:
1. IÑÁRRITU, Alejandro González. Babel. Produção de Paramount Pictures, Paramount
Vantage, Anonymous Content, ZetaFilm, Central Films e Media Rights Capital. Direção de
Alejandro González Iñárritu. Roteiro de Guillermo Arriaga. França, EUA, México, 2006. DVD.
143 min.
2. Diversos vídeos sobre multiculturalismo, racismo e outros temas. Disponível em: <http://
multiculturalismo9a.blogspot.com.br/p/videos.html>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DALLARI, Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998.
FARIA, José Eduardo. Sociologia Juridica. Direito e Conjuntura.2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Comentário ao artigo 231. In: CANOTILHO, J.J. Gomes;
MENDES, Gilmar F.; SARLET, Ingo W.; STRECK, Lenio L. (Coodrs). Comentários a Constituição do
Brasil. São Paulo: Saraiva/Almedina, 2013. p.2149.
SOUSA SANTOS, Boaventura de Sousa. Por uma concepção multicultural de direitos humanos.
In: SOUSA SANTOS, Boaventura de (org.). Reconectar para libertar. Os caminhos do cosmopolismo
multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
VILLARES, Luiz Fernando. Direito e Povos Indígenas. 1ª ed, (ano 2009), 2ª reimpr. Curitiba: Juruá, 2013.
106 • capítulo 5
6
Temas transversais
– vida urbana e
rural. Violência e
terrorismo
6. Temas transversais – vida urbana e rural.
Violência e terrorismo
Nesse último capítulo, vamos abordar assuntos que nos interessam em espe-
cial, na medida em que somos pessoas que vivem nas cidades brasileiras e que
convivem em seu dia a dia com problemas dos mais diversos, decorrentes do
aumento do nível de complexidade das relações intersubjetivas demarcadas
por individualismos, egoísmos, insegurança e perigos cada vez maiores.
A vida, que era em sua maior parte vivida no campo, mormente no Brasil,
um país que se formou como grande produtor agrícola, vai sendo pouco a pou-
co transferida para a cidade, para os pólos urbanos. Esse movimento, que nos
anos 70 recebeu a denominação de “êxodo rural”, o movimento do contingen-
te populacional, principalmente do Nordeste, que fugia dos campos por conta
das más condições de vida e que buscava outro meio de vida na cidade, levou as
cidades e a periferia a um crescimento desordenado e não planejado, que teve
como consequências diretas as habitações precárias (favelas), o subemprego,
as péssimas condições de locomoção urbana e, por fim, a violência.
As disputas pelo poder político num primeiro momento, aliadas ao compo-
nente da intolerância religiosa, por outro lado, levam a nos defrontarmos hoje,
pelos mais variados pontos do planeta e à demonstrações de violência através
de atos de terror que tanto podem se manifestar com o comportamento suicida
dos homens-bomba, quanto com atitudes irracionais ou o estupro coletivos de
meninas e mulheres.
OBJETIVOS
• Refletir sobre os aspectos caracterizantes e condicionantes da vida na cidade e no campo;
• Identificar os reflexos sociais, econômicos e jurídicos que envolvem o fenômeno
da urbanização;
• Compreender a importância da discussão sobre os aspectos decorrentes da exacerbação
da violência nos grandes centros urbanos;
• Reconhecer o fenômeno do terrorismo no cenário político e religioso internacional.
108 • capítulo 6
6.1 Sobre a vida urbana e a vida rural
Inicialmente cumpre esclarecer que quando nos referimos à vida urbana, es-
tamos tratando da vida que ocorre nas metrópoles, nas grandes cidades, em
especial nas grandes capitais. Quando nos referimos à vida rural, estamos nos
referindo ao ambiente do campo. A esse respeito também se revela especial ter
em consideração o tamanho das comunidades, de modo que as comunidades
rurais seriam menores tanto em termos objetivos quanto subjetivos. E, no que
se refere à população, esta teria um perfil cultural e social mais homogêneo que
as comunidades urbanas.
Também em relação à população, o que distingue o ambiente rural do am-
biente urbano é a distância entre as classes sociais e a pouca mobilidade social
existente. Isso porque os papéis sociais estão muito definidos e poucas são as
chances para se modificarem: o dono da fazenda costuma ser a figura mais rica
da comunidade e os colonos poucas chances têm de sair dessa condição social.
Na medida em que as comunidades costumam ser pequenas, todos acabam
se conhecendo. A interação entre os indivíduos no mundo rural, devido à restri-
ção do tamanho do grupo, é mais direta e concreta, as pessoas conhecem mais
“intimamente” seus interlocutores. Existe uma pessoalidade nas relações em
oposição à impessoalidade que reina nas relações urbanas. Finalmente, há a
questão da complexidade: o rural seria menos complexo que o urbano.
Você já deve ter percebido que em capitais como o Rio de Janeiro e São Paulo
existe uma concentração de pessoas oriundas de diversas regiões do interior
do Nordeste. Essas pessoas, em sua maioria, são nordestinos que buscaram
os grandes centros urbanos do sul e do sudeste em busca de oportunidade de
uma vida melhor, por conta da condição de vida precária, muito em razão do
fenômeno climático da seca. Esse contingente de “retirantes” consubstancia-
ram um movimento de emigração denominada “êxodo rural”. O êxodo rural é
o abandono das áreas rurais por causa das más condições para a sobrevivência
e o sonho da vida melhor.
capítulo 6 • 109
©© PIXABAY.COM
Aproveitamos para trazer até vocês um texto que reproduz, em essência, al-
guns aportes especiais a respeito do assunto que envolve as relações existen-
tes entre a ambiência urbana, derivada do desenvolvimento e do progresso das
forças produtivas alavancadas pelos tremendos avanços científicos e tecnológi-
cos, e a ambiência rural, da relação entre o homem e seu meio ambiente. Esse
texto expressa essa preocupação, que faz parte da agência de todas as nações
que buscam vincular seu processo de desenvolvimento com a necessidade de
unir progresso e sustentabilidade, tanto em termos econômicos quanto sociais
e ambientais.
110 • capítulo 6
por meio do exercício das diferentes formas de produção, as quais favoreceram
o desenvolvimento do capitalismo, definir os limites, a partir de então, tornou-
se um problema”. (GODINHO, 2016)
“Existem algumas concepções em relação à cidade e o campo: a cidade é
compreendida como a sede do trabalho intelectual, de organização das ativi-
dades políticas e administrativas, da elaboração do conhecimento científico,
da ideia de civilização, urbanização, de aglomeração demográfica, onde uma
parcela significativa da população está envolvida em atividades secundárias e
terciárias e, da diversidade de ocupação industrial; a cidade representa uma
condição social em que, teoricamente, é possível superar a precariedade, pois
considera a conquista de melhores condições materiais decorrentes de um alto
nível de produção e produtividade, técnica e cultural”. (GODINHO, 2016)
©© MARIORDO | WIKIMEDIA.ORG
capítulo 6 • 111
©© PIXABAY.COM
112 • capítulo 6
“O rural, atualmente desenvolvendo atividades múltiplas além das primárias,
passou a ser visto como uma questão territorial, onde o uso do solo e as ativida-
des da população residente no campo se vinculam à várias atividades terciárias,
sendo compreendido como não-urbano, ou seja, o que não pertence à cidade.
©© PIXABAY.COM
capítulo 6 • 113
outros confortos”. Disponível em: <http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/geo-
grafia/reflexoes-sobre-urbano-rural.htm>. Acesso em 17 jun. 2016.
Origens do terrorismo
Não há possibilidade de se fixar uma data para o surgimento na História das
primeiras ações terroristas como hoje entendemos.
O que se sabe é que o recurso ao emprego do terrorismo, no sentido de cau-
sar pavor e medo, tanto pode vir dos que se sentem oprimidos ou injustiçados
como pode originar-se daqueles que estão por cima e que, com os aparelhos
coercitivos do Estado, recorrem a ele como instrumento de intimidação.
O aspecto mais negativo da ação terrorista, de um indivíduo ou do próprio
Estado, é o enorme número de vítimas que geralmente causam, atingindo in-
discriminadamente homens, mulheres e crianças.
114 • capítulo 6
Exemplos históricos sobre o uso do terror no mundo:
• Na autocracia russa (a partir da década de 1860 até 1905)
Narodniks, movimento populista que cometeu atentados e execuções visan-
do a atingir as autoridades do Czarado, como o assassinato do czar Alexandre
II, em 1881, com o objetivo de provocar a revolução social.
• Nos sul dos EUA (pós-guerra da secessão, fundada em 1867 e reativada a
partir de 1915)
Ku Klux Klan, seita racista de brancos sulistas, que aterrorizava os negros
recém libertados (com queima de igrejas, proibição de votar, linchamentos pú-
blicos, etc.), impedindo-os de serem cidadãos de fato e de direito.
capítulo 6 • 115
Como enfrentar o problema:
É fundamental compreender as causas locais e as dinâmicas estruturais e
históricas para a ocorrência desses atos.
“O ciclo de violência que o terrorismo promove aprofunda a desestrutura-
ção dos laços políticos e sociais, sem propor soluções”.
CONCLUINDO
O caminho da paz requer, necessariamente, o reconhecimento do Outro e o diálogo entre as
culturas, sem o tacão da dominação ou do ódio, elementos estimuladores do terror.
Promover o cultivo do Ubuntu significa para Mandela recuperar, com todo o vigor, a inte-
ração com pares e não pares.
Em especial, investir massivamente na cultura da tolerância e da paz, sem exploração,
sem miséria, sem exclusão. Ubuntu!
ATIVIDADES
Questão do CESPE 2006. Vamos tentar resolver?
01. (CESPE 2006) Um fato lamentável, envolvendo o cenário mundial, produzido pelo terro-
rismo contemporâneo, acabou por atingir o Brasil.
116 • capítulo 6
Assinale a opção que corresponde a esse fato.
a) Rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e EUA, haja vista que o governo
americano insistia na existência de células terroristas internacionais em Foz do Iguaçu.
b) Envio de tropas brasileiras ao Iraque, ainda que em número reduzido, para compor a
coalizão anglo-americana que invadiu aquele país árabe.
c) Fechamento das missões diplomáticas brasileiras em países muçulmanos que se recu-
saram a condenar explicitamente o terrorismo.
d) Assassinato, pela polícia britânica, em estação do metrô de Londres, de um imigrante
brasileiro, confundido com terrorista.
REFLEXÃO
Neste capítulo, você conheceu:
• O processo de união entre a ciência e a técnica que culminou com o advento de uma so-
ciedade da tecnologia e da informação.
• Conheceu em que medida o acesso à informação em todos os seus matizes se configura
como um direito fundamental.
• Pôde conhecer o significado do termo sociodiversidade e como se aplica à realida-
de brasileira.
• Conheceu a relação entre os direitos humanos e a multiculturalidade.
Filmes e vídeos recomendados:
02. IÑÁRRITU, Alejandro González. Babel. Produção de Paramount Pictures, Paramount Van-
tage, Anonymous Content, ZetaFilm, Central Films e Media Rights Capital. Direção de Alejandro
González Iñárritu. Roteiro de Guillermo Arriaga. França, EUA, México, 2006. DVD. 143 min.
03. Diversos vídeos sobre multiculturalismo, racismo e outros temas. Disponível em: <http://
multiculturalismo9a.blogspot.com.br/p/videos.html>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ENDLICH, Ângela Maria. Perspectivas sobre o urbano e o rural. In: ENDLICH, Ângela Maria, SPOSITO,
Maria E. B. e WHITACKER, Arthur M. Cidade e campo: relações entre urbano e rural. São Paulo:
Expressão Popular, 2006. P. 11-31.
capítulo 6 • 117
FARIA, José Eduardo. Sociologia Jurídica. Direito e Conjuntura. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Comentário ao artigo 231. In: CANOTILHO, J.J. Gomes;
MENDES, Gilmar F.; SARLET, Ingo W.; STRECK, Lenio L. (Coords). Comentários à Constituição do
Brasil. São Paulo: Saraiva/Almedina, 2013. p.2149.
SOUSA SANTOS, Boaventura de Sousa. Por uma concepção multicultural de direitos humanos. In:
SOUSA SANTOS, Boaventura de (org.). Reconectar para libertar. Os caminhos do cosmopolismo
multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
VILLARES, Luiz Fernando. Direito e Povos Indígenas. 1. ed, (ano 2009), 2. reimpr. Curitiba: Juruá,
2013.
Capítulo 1
Sugestão de gabarito: O aluno deverá enfocar os seguintes aspectos em sua resposta:
• funk é uma expressão da cultura das classes mais desfavorecidas que convivem nas comu-
nidades, outrora denominadas favelas.
• representa um movimento composto por jovens pobres das comunidades, mas que já al-
cançou o asfalto.
• revela todo um padrão de conduta, expressões, modismos que vieram para ficar no ideá-
rio social.
Capítulo 2
01. E
Capítulo 3
01. B
Capítulo 4
01. C
Capítulo 5
01. C
Capítulo 6
01. D
118 • capítulo 6
ANOTAÇÕES
capítulo 6 • 119
ANOTAÇÕES
120 • capítulo 6