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Será que plantar mais árvores pode mesmo


resolver a crise climática global?
Por Patrícia Gnipper | 01 de Novembro de 2019 às 23h00

Nesta semana, Elon Musk virou notícia


mais uma vez por prometer doar US$ 1
milhão a uma campanha que visa plantar
nada menos do que 20 milhões de
árvores ao redor do mundo a partir de 1º
de janeiro de 2020. O objetivo da
campanha #TeamTrees, apoiada pela
Arbor Day Foundation, é terminar esse
plantio até dezembro de 2022 porque "a
restauração orestal tem o maior

potencial global de mitigação climática
em comparação com todas as outras soluções naturais", conforme consta no site da
campanha.

Mas será mesmo que plantar essa quantidade de árvores pode resolver a crise
climática global? A resposta é mais complicada do que parece, e há estudos
cientí cos dos dois lados do "ringue". A campanha se baseia em um estudo de 2017
publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), que
sugere o re orestamento como o melhor meio de impedir que a temperatura da
Terra subisse mais de 2ºC.

Os pesquisadores deste estudo usam a lógica de que árvores absorvem dióxido de


carbono (CO2) do ar para se desenvolver via fotossíntese, liberando oxigênio como
resultado. Sendo assim, com mais árvores realizando este processo, em teoria maior
quantidade de CO2 seria retirada do ar. No entanto, outros cientistas a rmam que,
infelizmente, a concentração atual de CO2 na atmosfera tem níveis muito mais
elevados do que a quantidade de árvores que seria possível plantar, mesmo
considerando todos os continentes do planeta.

Em julho, foi publicado na revista Science um estudo sugerindo que o plantio de


árvores em 900 milhões de hectares poderia absorver dois terços do CO2 que foi
despejado na atmosfera nos últimos 250 anos. No entanto, a comunidade cientí ca
fez duras críticas ao estudo, contestando tais cálculos — e seus argumentos foram
tão relevantes que a própria Science acabou publicando seis cartas de críticas
recebidas. Entre as críticas, constava o seguinte: "A alegação de que a restauração
global de árvores é a nossa solução mais e caz de mudança climática é
simplesmente incorreta cienti camente e perigosamente enganosa".

O motivo para tal a rmação seria a constatação de que não existe espaço su ciente
na Terra para plantar árvores o su ciente, por mais que isso pareça absurdo de se
a rmar. Outro estudo, também de 2017, levantou que o número de árvores que
seriam necessárias para manter o aquecimento global abaixo de 2ºC seria tão
absurdamente grande que a maioria das terras que já não são orestas acabaria
desaparecendo, então não haveria mais pastagens e tampouco solo disponível para
o cultivo de alimentos. Ou seja: resolveria o aquecimento global, mas acabaria
criando uma ameaça à produção de alimentos em todo o mundo.

E, além de tudo, quando se fala em "árvores" de maneira generalizada, deixa-se de


lado o fato de que não é toda árvore que pode armazenar a mesma quantidade de
CO2, pois essa capacidade varia muito de acordo com fatores como região e clima.

Plantio de mais árvores pode ajudar a reverter o


desmatamento, de qualquer forma

(Foto: NASA)

Sob outro ponto de vista, a campanha #TeamTrees pode ajudar a reverter o


desmatamento orestal, ainda que possivelmente não cause o impacto desejado
para frear as mudanças climáticas. De acordo com um estudo publicado na Nature
em 2015, cerca de 15 milhões de árvores são cortadas por ano em todo o mundo,
sendo que nosso planeta já perdeu pelo menos 46% de suas árvores desde o início
da civilização humana.

E aquele estudo do PNAS, de 2017, levantou que a Indonésia, a China, a Rússia, a



Índia e o Brasil são os cinco países com maior potencial de re orestamento; contudo,
em nosso país o desmatamento da Amazônia atinge níveis sem precedentes há
tempos — em julho, a cobertura orestal da região já estava reduzida em 1.345
quilômetros quadrados. Inclusive, dados obtidos por satélites nacionais ligados ao
INPE indicaram que a área desmatada em julho aumentou 39% em relação a 2018.

Um verdadeiro impasse

É fato que os níveis de CO2 na atmosfera são os mais elevados já registrados pela
humanidade. Também é fato que o CO2 é um dos gases de efeito estufa, o que
promove o aquecimento gradual do planeta. Por um lado, árvores são capazes de
"sugar" o CO2 do ar e liberam oxigênio no processo; por outro, a situação global está
tão complexa que simplesmente não é possível plantar árvores o su ciente para que
elas consigam reverter a situação atmosférica. E, sob um terceiro ponto de vista,
investir em plantio de árvores é uma medida que pode ajudar a balancear o
problema causado pelos desmatamentos orestais, o que é um outro problema
ambiental global a ser resolvido.

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Mas o maior consenso entre a comunidade cientí ca acaba sendo uma solução
bastante óbvia, ainda que, na prática, não seja algo simples de se conseguir: reduzir
as emissões de carbono. De nada adianta plantar árvores em toda a extensão de
terra livre ao redor do planeta se as emissões de CO2 continuarem no ritmo atual, ou
pior, se aumentarem. O plantio de árvores não pode ser visto como a "cura" para o
problema, e sim como parte da solução.

Fonte: Science Alert, Business Insider, The Conversation

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com um dos relatórios projetando um
aumento de 0,3% nas emissões de
carbono por conta das atividades, um
total que só deve dobrar ao longo dos
próximos anos.

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necessidade cada vez maior de data centers e sistemas de transmissão a um
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Google, Apple e Facebook trabalham para se tornarem sustentáveis, o mesmo não
pode ser dito das companhias de streaming de conteúdo, que não fazem esforços
nesse sentido ou não caminham nele em velocidade equivalente às suas
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