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Nome do aluno: Silmara Dias

FICHAMENTO
Autor: Candido, Antônio.
Texto: A personagem do Romance. In. Personagem de Ficção.SP.Perspectiva,1967 pág.51-80
Obs.Foi utilizada a versão em pdf deste texto ,páginas equivalentes de 51-74

Pág. 51 - O enredo e personagem expressam juntos os intuitos do romance , a visão de


vida vinda dele e os valores que o animam. Um só existe através do outro, estão
totalmente ligados e dependentes.

O enredo e as personagens representam a matéria e as ideias ( os valores e significados


que decorrem deles) constituem-se os três elementos inseparáveis do romance.

Pág. 52 - O romance baseia-se num tipo de relação entre o ser vivo e o ser fictício , a
personagem apresenta um paradoxo entre a ficção e a realidade ,ou seja , algo que é
fruto da fantasia se comunica com a verdade existencial e isto é constatado através da
verossimilhança.

Pág. 55 - A abordagem das personagens no romance de modo fragmentário reflete da


nossa própria experiência, da maneira fragmentada e incompleta do nosso modo de
conhecimento de nossos semelhantes.

No romance o escritor já faz uma linha de coerência fixada das personagens


,delimitando assim a sua existência e seu modo de ser , seus dados são pré estabelecidos
pelo seu criador e a partir disto ele define-as de maneira que dê impressão de vida
.Podemos dizer assim que a personagem é mais lógica, pois já está com seu todo a
mostra e é muito mais precisa do que a imagem que nós temos da existência.

Pág. 56- A personagem é complexa e múltipla , porém seus traços e elementos de


caracterização serão sempre menores do que os abundantes traços humanos e modo –
de- ser dos indivíduos.

Pág. 57- No séc XVIII o romance sofreu uma revolução que surgiram dois modos
principais: como seres íntegros e facilmente delimitáveis , marcados com traços
intrínsecos que as caracterizavam ; e seres complicados , em que não há esgotamento
de características e que possuem poços profundos onde pode sair o desconhecido. Disto
houve a passagem de enredo complicado e personagens simples para enredo simples
com personagens complicadas, com isto marcou-se o romance moderno.

O esforço para compor seres íntegros e coerentes surgiu da evolução técnica do


romance , por meio de fragmentos de percepção e de conhecimento que servem de base
à nossa interpretação das pessoas.

Pág. 58 - Na técnica de caracterização surgiram duas famílias de personagens chamadas


por Johnson de “ personagens de costumes” e “personagens de natureza” .

As “personagens de costume” são muito divertidas, porem podem ser melhor


compreendidas por um observador superficial do que as de natureza , elas são
apresentadas por meio de traços distintivos, fortemente escolhidos e marcados: por meio
de tudo aquilo que os diferencia vistos de fora. Eles são fixados de uma vez para sempre
e cada vez que a personagens surge na ação basta invocar um deles. São personagens
com características invariáveis como, por exemplo, os personagens cômicos, pitorescos
, trágicos etc.

Já o “personagens de natureza” para ser compreendidas é necessário entrar nos recessos


do coração humano , pois seus traços superficiais e seu modo intimo de ser, impedem
que tenham a regularidade dos outros. O romancista de “costumes” vê o homem pelo
seu comportamento em sociedade, pelo tecido das suas relações e pela visão que temos
do próximo.

Págs. 58 e 59 - Forster atualmente define esta distinção de forma mais ampla como
“personagens planas” e “personagens esféricas”.

Personagens planas são caricaturais , são facilmente reconhecíveis e lembradas pelo


leitor, permanecem inalteradas e não mudam com as circunstancias e nunca
surpreendem.

Personagens esféricas possuem três dimensões , são organizadas com mais


complexidade e com capacidade de surpreender o leitor de maneira convincente , as que
não convencem são planas com pretensão a esféricas.

Pág. 59- Comparação entre “Home fictus” e “Homo sapiens” feita por Forster .

O Homo fictus e o Homo sapiens são correspondentes e ao mesmo tempo não. Pois o
Home fictus pode ser muito mais conhecido ,visto que seu criador e narrador são a
mesma pessoa. Com o ficcional temos conhecimento mais completo e delimitado pelo
autor se relacionado com os conhecimentos fragmentários que temos nas relações entre
as pessoas.

Pág. 61- Quando o autor cria uma personagens, se ela for exatamente como alguém da
vida real , ele esta fazendo uma monografia e não um romance . O autor deve sempre
acrescentar a personagem a sua incógnita pessoal , sendo assim ele é como se fosse
totalmente explicável diferentemente da relação com o outro que é fragmentado e
relativa.

Pág. 64- Mauric classifica os personagens de acordo com o grau de afastamento quanto
ao ponto de partida da realidade.

1- Disfarce do romancista, os personagens ocorrem nos romances memorialistas.


2- Caracteriza-se pela reprodução e não propriamente criação , sendo copia fiel de
pessoas reais.
3- Personagens inventados a partir de um tipo especial da realidade. A realidade é
apenas o ponto de partida para concretizar as virtualidades imaginárias.

Pág. 66, 67 e 68 - Na invenção de personagens temos os autores que personagens a


partir da observação da vida real como os naturalistas, ou aqueles que se baseiam no
trabalho livre da fantasia de orientação romântica. Diante disto temos uma grande
variedade de personagens como: personagens transportadas com relativa fidelidade de
modelos dados ao romancista através de experiências diretas; personagens transportadas
de modelos anteriores que o escritor reconstruiu indiretamente; personagens construídas
a partir de um modelo real, na qual serve de ponto de partida ; personagens construídas
em torno de um modelo, direta ou indiretamente conhecido ; personagens construídas
em torno de um modelo real dominante e que serve de eixo ; personagens elaboradas
com fragmentos de vários modelos vivos sem predominância de um sobre o outro e
personagens que obedecem a uma certa concepção de homem ,um impulso indefinível,
que embora nutrido de experiência de vida é mais interior do que exterior.

Pág. 68- A verdade da personagem no romance não depende da relação de origem com
a vida, com modelos propostos pela observação, mas sim da função que exerce nem sua
estrutura , portanto é mais um problema de organização interna do que equivalência
com a realidade exterior.

Formato em pdf digitalizado e disponibilizado pela equipe Digital Source.

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