Você está na página 1de 177

Dissertação de Mestrado

ESTUDO DE ESTABILIDADE DE TALUDES


Step 2 SUL
MINA SERRA DO SAPO
CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO/MG

AUTOR: MANOLLO DOS SANTOS BARROS

ORIENTADOR: Prof. Dr. Rodrigo P. de Figueiredo (UFOP)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA DA UFOP

OURO PRETO - DEZEMBRO DE 2017


ii
DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação à minha família em especial à minha filha Clara e esposa
Sabrina que mais se sacrificaram para realização deste trabalho.

Obrigado meus amores, é para vocês.

iii
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais (Maria Jovelina e Atos Roberto), minha irmã (Clarissa), minha
esposa (Sabrina) que sempre me apoiaram nas minhas decisões profissionais e sempre
estiveram ao meu lado para que eu nunca desistisse do sonho de ser Mestre.

Agradeço a Anglo American e ao meu gestor, Geraldo Dias, por ter me aberto a
oportunidade de realizar este curso que para tal foram necessárias semanas longe da mina.

Agradeço a todos com que tive oportunidade de trabalhar até este momento, em especial
os que passaram pela Gerência de Geotecnia e Hidrogeologia da Anglo American,
pessoas que me ajudaram e ainda ajudam na ampliação dos conhecimentos e que me
orgulho de estar desde o início.

Agradeço aos colegas de classe pelo companheirismo, troca de experiência e estudo,


principalmente durante a fase de aulas deste curso, em especial a Raul Valentim, Wilson
Soares Jr., João Paulo Oliveira Rezende e Antônio Teixeira Carvalho.

Ao professor Rodrigo Figueiredo por aceitar meu convite em orientar neste trabalho e aos
demais professores pela dedicação, compartilhamento e atenção que tiveram com todos.

iv
RESUMO

O processo de estudo de estabilidade de taludes consiste em uma sequência de atividades


para o desenvolvimento de um raciocínio lógico, buscando as premissas de um projeto,
ou entendimento de um evento indesejado.

Neste sentido esta dissertação vêm exemplificar o desenvolvimento deste raciocínio em


um estudo de caso referente à estabilidade de taludes, do Step 2 Sul, da Mina da Serra do
Sapo em Conceição do Mato Dentro, que consiste numa cava a céu aberto de lavra e
Itabirito.

Serão apresentadas metodologias já consagradas, como a classificação do maciço rochoso


utilizando Rock Mass Raiting, associadas a ensaios não tão usuais, como por exemplo
cisalhamento de blocos de grandes dimensões (30 x 30 x 30 cm), buscando sempre a
melhor alternativa dentro de uma metodologia lógica e consistente.

Neste trabalho também serão apresentados problemas comuns durante a fase de coleta de
dados, como por exemplo, no recebimento dos ensaios de laboratório e a partir daí
interpretar e apresentar parâmetros de análise factíveis com a realidade.

Sendo o objeto, dessa dissertação a metodologia, o resultado dela está em conseguir


passar por todas as etapas necessárias para o desenvolvimento de um estudo de
estabilidade de talude com a qualidade necessária para a tomada de decisão no passo
seguinte, seja pela confirmação ou mudança da geometria ou pela necessidade de
aprimoramento de algum parâmetro de análise.

Palavras chave: Estabilidade; Talude; Cava

v
ABSTRACT

The study of slope stability process consists of an activities sequence to development


logical reasoning, searching project references, or understanding undesireds events.

In this sense, this dissertation will exemplify the development of this reasoning in a case
study regarding slope stability, Step 2 South, of the Serra do Sapo Mine in Conceição do
Mato Dentro, which consists of an open pit Itabirite mine.

It will be presented already established methodologies, such as rock mass classification


using Rock Mass Raiting, associated to not usual tests, such as shear large blocks (30 x
30 x 30 cm), always seeking the best alternative within a logical and consistent
methodology.

In this paper, common problems will also be presented during the data collection phase,
such as the receipt of laboratory tests and from there interpreting and presenting feasible
analysis parameters with reality.

Being the object, from this dissertation the methodology, the result of it is to be able to
go through all the necessary steps for the development of a slope stability study with the
necessary quality for the decision making in the next step, either by confirmation or
change of the geometry or the need to improve some of the parameters of analysis.

Keywords: Stability; Slope; Pit

vi
Lista de Figuras

Figura 1.1 - Imagem com localização das Cavas Step1 e Step 2 (Norte e Sul), extraído de
Google Earth Pro, 2017.
Figura 2.1 - Mapa de Localização da área de estudo (Fonte: CODEMIG -
http://www.portalgeologia.com.br/index.php/mapa/)
Figura 2.2 - Sequencia Estratigráfica Completa do Grupo Serra de São José e Serra da
Serpentina (modificado de Rolim, et. al. 2016)
Figura 2.3 – Variações faciológicas de intemperismo do Itabirito na Mina da Serra do
Sapo (Fonte: Guimarães et. al. 2012).
Figura 2.4 – Exemplos de tipos de tombamentos, sendo a) por blocos; b) flexural; c) por
blocos-flexural; e d) secundário. (modificado de Wyllie e Mah, 2005).
Figura 2.5 - Principais mecanismos de ruptura de taludes e suas condicionantes estruturais
mais comuns (modificado de Wyllie e Mah, 2005):
Figura 2.6 - Tipos de Instrumentos para monitoramento hidrogeológico, modificado de
Wyllie and Mah (2005).
Figura 2.7 - Representação de equipamentos e resultados típicos de cisalhamento direto
(modificado de Pinto, 2006).
Figura 2.8 - Modelo esquemático do arranjo do ensaio triaxial, modificado de
apresentação do Prof. Francisco Chagas da Silva Filho, da Universidade Federal do Ceará
(UFC).
Figura 2.9 – Modelo esquemático de arranjo para ensaio uniaxial em prensa hidráulica.
Modificado do de Apresentação do Professor Rodrigo Figueiredo, UFOP.
Figura 3.1 – Fluxograma das principais atividades para desenvolvimento do estudo de
estabilidade de taludes.
Figura 4.1 - Demonstração em diferentes escalas da foliação de mergulho para Leste
evidenciado no relevo da Serra do Sapo e no banco da cava (foto da esquerda de Google,
2017).
Figura 4.2 - Modelos de Rupturas potenciais da Mina.

vii
Figura 4.3 - Representação da seção 7909070, com aproximação do estéril alterado à face
do talude. IT – Itabirito; MCG - Metaconglomerado.
Figura 4.4 – Níveis de xisto abaixo do Itabirito na condição compacta.
Figura 4.5 - Gráfico de prismas e eventos de precipitação e desmonte.
Figura 4.6 - Visualização em planta da área interditada no Step 1.
Figura 4.7 – Detalhe da exposição do quartzito sericítico na face do talude (material
branco) circundado pela linha vermelha.
Figura 4.8 - Estereograma dos polos da foliação (Magalhães, 2016).
Figura 4.9 - Detalhamento da ZCA (Zona de Cisalhamento Alterada). IT-V (Itabirito
Classe V), MCG (Metaconglomerado) e Quartzito Sericítico IV (moderadamente
alterado).
Figura 4.10 - Lineamento interpretados a partir da imagem e das curvas de nível
primitivas.
Figura 4.11 – Representação da relação do sistema de empurrão com a geração de
lineamentos transcorrentes, borda de falhamentos, podendo evoluir para rasgamentos
devido à diferença de progressão entre blocos (modificado de Magalhães, 2016).
Figura 4.12 - Estereograma de lineações (Magalhães, 2016).
Figura 4.13 - Estereograma dos polos das famílias de juntas (Magalhães, 2016).
Figura 4.14 - Modificação do modelo geológico antes e depois da campanha de
investigação. Desenvolvimento de furos de circulação reversa (rasos) e furos diamantados
(profundos).
Figura 4.15 - Testemunho do furo SEFGSP041, entre as profundidades 86.35 e 91.75 m,
com fraturamento aberto com indícios de alteração das paredes por percolação de água.
Figura 4.16 - Modelo esquemático do aquífero em meio fraturado demostrando a
interação entre o plano de foliação e o sistema de fraturas.
Figura 4.17 - Modelo geológico de blocos, corte norte sul.
Figura 4.18 – Seção 01, com plano de lavra proposto com domínio geomecânicos e dados
hidrogeológicos.
Figura 4.19 – Testemunho de sondagem de Quartzo sericita xisto (Quartzito sericítico),
em dois furos distintos em profundidades diferentes.
Figura 4.20 - Seção 02, com plano de lavra proposto com domínio geomecânicos e dados
hidrogeológicos.

viii
Figura 4.21 – Testemunho de sondagem de Quartzo sericita xisto (Quartzito Sericítico),
em dois furos distintos em profundidades diferentes.
Figura 4.22 - Seção 03, com plano de lavra proposto com domínio geomecânicos e dados
hidrogeológicos.
Figura 4.23 – Testemunho de sondagem, trecho do contato entre o Itabirito compacto e o
Quartzo sericita xisto (Quartzito sericítico).
Figura 4.24 - Seção 04, com plano de lavra proposto com domínio geomecânicos e dados
hidrogeológicos.
Figura 4.25 – Testemunho de sondagem, trecho de Itabirito semi-compacto próximo ao
contato com o Itabirito compacto.
Figura 4.26 - Representação esquemática do mecanismo de ruptura dividido em setores.
Figura 4.27 – Representação gráfica dos dados selecionados para determinação dos
parâmetros do Itabirito compacto (R4-R5).
Figura 4.28 – Representação gráfica dos dados selecionados para determinação dos
parâmetros do Quartzito compacto (R4-R5).
Figura 4.29 – Representação gráfica dos dados selecionados para determinação dos
parâmetros do Xisto compacto (R4-R5).
Figura 4.30 - Desenho esquemático do arranjo das amostras em relação a descontinuidade
principal (foliação) e o sentido da aplicação do esforço no cisalhamento direto.
Figura 4.31 – Análise dos parâmetros de ruptura perpendiculares a anisotropia.
Figura 4.32 - Geological Strenght Index, modificado de BVP,2015, com correlações, de
acordo com banco de dados Anglo American.
Figura 4.33 – Resultados utilizando diferentes métodos de análise de estabilidade -
Anisotropic Function x Anisotropic Linear do software Slide 6.
Figura 4.34 – Janela para input dos dados na aplicação "Anisotropic Function", com
individualização dos planos.

ix
Lista de Tabelas

Tabela 3.1 – Comparação entre métodos não rigorosos e rigorosos.


Tabela 3.2 – Tabela de regra para variação de parâmetros no uso da Anisotropic Linear
Stregth.
Tabela 4.1 - Geometria definida para os taludes de cava.
Tabela 4.2 – Dados Hidrogeológicos dos PZs.
Tabela 4.3 – Dados Hidrogeológicos dos INAs
Tabela 4.4 - Relação de sondagens utilizadas diretamente no modelamento das seções.
Tabela 4.5 – Classificação pela resistência do método indicado por ISRM, 1981.
Tabela 4.6 - Tabela resumo com dos ensaios triaxiais realizados pelo IPT entre 2010 e
2011.
Tabela 4.7 - Foto de alguns dos testemunhos antes e depois do ensaio triaxial.
Tabela 4.8 – Tabela resumo com as coordenadas dos pontos de amostragem.
Tabela 4.9 – Dados do Ensaio de Caracterização. Campanha de amostragem de 2014 e
2016.
Tabela 4.10 - Dados do Ensaio de Cisalhamento Direto.
Tabela 4.11 - Dados do Ensaio de Cisalhamento Direto em amostras de grandes
dimensões.
Tabela 4.12 - Dados do Ensaio Triaxial Axissimétrico da campanha de 2014.
Tabela 4.13 – Dados de input e output para RocData.
Tabela 4.14 - Parâmetros de Resistência
Tabela 4.15 – Relação de códigos e combinação de hipóteses com fator de segurança.

x
Lista de Símbolos, Nomenclatura e Abreviações

ABNT − Associação Brasileira de Normas Técnicas


Fe – Elemento Ferro
BIFs – Banded Iron Formation – Formações Ferríferas Bandadas
RMR - Rock Mass Rating - Classificação do Maciço Rochoso desenvolvido por
Bieniawski em 19873.
R – Resistência a compressão simples
W – Alteração
RQD – Rock Quality Designation – Denominação da Qualidade da Rocha
Jv – metragem volumétrica de descontinuidades
MPa – Megapascal
M – metros
Dip – denominação geológica para se referir a uma direção do mergulho de determinada
estrutura.
Strike – denominação geológica para se referir a uma direção ortogonal de determinada
estrutura em relação ao seu mergulho.
L/min – avanço por minuto
Jn - índice de influência do número de famílias das descontinuidades;
Jr - índice de influência da rugosidade das paredes das descontinuidades;
Ja - índice de influência da alteração das paredes das descontinuidades;
Jw - índice de influência da pressão da água subterrânea; e,
SRF - índice de influência das tensões no maciço.
sc – resistência a compressão uniaxial

sci – resistência a compressão uniaxial da rocha intacta

s1 – tensão principal máxima ou tensão normal (para o caso de ensaios de compressão


uniaxial)
sθ – máxima tenção tangencial

s3 – tensão principal mínima ou confinante

xi
GSI (Geological Strength Index) - Índice de Resistência Geológica
yf – ângulo da face do talude

yp – ângulo da superfície de ruptura

fj – diferença angular entre o ângulo de face do talude e a área susceptível à ocorrência


de tombamento.
af – direção do mergulho da face

as – direção da ruptura

at – direção do tombamento

ai – direção da interseção

t – tensão

V – Volume
u – poropressão
CD – ensaio que permite o adensamento e drenagem do material, havendo, portanto a
dissipação das pressões neutras, adquirindo, parâmetros em tensões efetivas.
CU – ensaio que permite o adensamento, sem drenagem do material, havendo interação
com pressões neutras e adquirindo parâmetros em função de tensões totais. Pode obter
dados de tensões efetivas, caso as pressões neutras sejam medidas.
UU – ensaio que onde não ocorre adensamento sem drenagem do material. Obtém
parâmetros em função de tensões totais.
c.ps. – corpo de prova utilizado para ensaios de laboratório.
ZCA – Zona de cisalhamento alterada
Ln – Lineação mineral
Fr – Fratura
R – Classificação de Resistência
SEFGSP – Código para os furos de sondagem que estão em Sudeste (SE) / Furos
Geotécnicos (FG) / Serra do Sapo (SP)
SEFDSP – Código para os furos de sondagem que estão em Sudeste (SE) / Furos
Diamantados (FD) / Serra do Sapo (SP)
c’ – coesão em unidade de Quilopascal (kPa)
F’ou phi – ângulo de atrito em graus (°)

g – peso específico

xii
kN/m³ - unidade para referência do peso específico – quilonewton por metro cúbico
mi – constante da rocha intacta
D – fator de perturbação do talude pelo desmonte ou escavação.
F.S. – Fator de Segurança

xiii
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...............................................................................1

1.2. OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO ........................................................................2

1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ......................................................................3

CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL ..............................................................5

2.2. CONTEXTO GEOLÓGICO LOCAL .....................................................................7

2.3. CLASSIFICAÇÃO GEOMECÂNICA DE MACIÇOS..........................................9

2.4. ANÁLISE DE ESTABILIDADE (MECANISMO X MÉTODO USADO E


INFLUÊNCIA DA ÁGUA) .........................................................................................13

2.5. TIPOS DE ENSAIOS ..........................................................................................177

2.5.1 Ensaio em solo e rocha alterada....................................................................18

2.5.2 Ensaio em rocha............................................................................................21

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA

3.1. CONTEXTUALIZAÇLÃO GERAL DA METODOLOGIA ...............................23

3.2. ENTENDIMENTO DO MECANISMO HISTÓRICO LOCAL...........................24

3.3. MAPEAMENTO GEOLÓGICO GEOTÉCNICO ESTRUTURAL .....................24

3.4. ESTUDO DA CAVA PROPOSTA – SEÇÕES CRÍTICAS; ...............................28

3.5. MODELO GEOLÓGICO......................................................................................29

3.6. PLANO DE SONDAGEM E INSTRUMENTAÇÃO; .........................................30

3.7. DESCRIÇÃO DE TESTEMUNHOS DE SONDAGEM ......................................31

xiv
3.8. AVALIAÇÃO HIDROGEOLÓGICA ..................................................................32

3.9. MODELO GEOMECÂNICO - CONSTRUÇÃO DAS SEÇÕES DE ANÁLISE


.............................................................................................................................333

3.10.DEFINIÇÃO DOS MECANISMOS DE RUPTURA .........................................34

3.11.PLANO DE AMOSTRAGEM E ENSAIOS REALIZADOS .............................35

3.12.DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE ANÁLISE...........................................37

3.13.DEFINIÇÃO DOS MÉTODOS PARA ANÁLISE .............................................38

3.14.ANÁLISE DE ESTABILIDADE E VERIFICAÇÃO DE HIPÓTESES E


RESULTADOS ...........................................................................................................39

3.15.CONCLUSÕES / CONSIDERAÇÕES / RECOMENDAÇÕES ........................42

CAPÍTULO 4 - RESULTADOS

4.1. ENTENDIMENTO DO MECANISMO DE RUPTURA – HISTÓRICO LOCAL


...............................................................................................................................23

4.1.1 Estudo das características geomecânicas na cava step 1...............................44


4.2.MAPEAMENTO GEOLÓGICO GEOTÉCNICO E ESTRUTURAL ..................51

4.3.ESTUDO DA CAVA PROPOSTA E SELEÇÃO DAS SEÇÕES CRÍTICAS.....56

4.4.MODELO GEOLÓGICO ......................................................................................56

4.5.PLANO DE SONDAGEM E INSTRUMENTAÇÃO...........................................58

4.6.DESCRIÇÃO GEOLÓGICA GEOTÉCNICA DOS TESTEMUNHOS DE


SONDAGEM ...............................................................................................................59

4.7.AVALIAÇÃO HIDROGEOLÓGICA ...................................................................60

4.8.MODELO GEOMECÂNICO – CONSTRUÇÃO DAS SEÇÕES DE ANÁLISE


...............................................................................................................................63

4.8.1Sondagem.......................................................................................................63
4.8.2Modelo geológico...........................................................................................64
4.8.3Carcaterização do maciço geomecânico.........................................................65
4.8.4 Nível d`água subterrâneo...............................................................................66

xv
4.8.5 Mapeamento superficial................................................................................66
4.8.6 Geometria de cava proposta...........................................................................67
4.8.7 Apresentação das seções................................................................................67
4.9.DEFINIÇÃO DOS MECANISMOS DE RUPTURA ...........................................75

4.10.ELABORAÇÃO DO PLANO DE AMOSTRAGEM E ENSAIOS ....................76

4.10.1 Ensaio triaxial..............................................................................................77


4.10.2 Campanha de ensaio - 2014 e 2016.............................................................82
4.11.DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA ..................................89

4.12.MÉTODO DE ANÁLISE ....................................................................................97

4.13.ANÁLISE DE ESTABILIDADE (VARIAÇÃO DE HIPÓTESES) .................100

4.14.CONCLUSÕES / CONSIDERAÇÕES / RECOMENDAÇÕES ......................104

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES, CONSIDERAÇÕES FINAIS E


SUGESTÕES...............................................................................................................105

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................106

ANEXO I ....................................................................................................................... I.1

ANEXO II ..................................................................................................................... II.1

ANEXO III ..................................................................................................................III.1

ANEXO IV ................................................................................................................. IV.1

xvi
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O processo de estudo de estabilidade de taludes consiste em uma sequência de atividades


para o desenvolvimento de um raciocínio lógico, buscando as premissas de um projeto,
ou entendimento de um evento indesejado.

Neste sentido esta dissertação vêm exemplificar o desenvolvimento deste raciocínio em


um estudo de caso referente à estabilidade de taludes, do Step 2 Sul, da Mina da Serra do
Sapo em Conceição do Mato Dentro.

A Mina da Serra do Sapo está inserida num contexto, onde ano após ano, a indústria
mineral vem se ajustando a leis ambientais cada vez mais rígidas e desta forma procura
mecanismos que permitam, dentro deste rigor, desenvolver seus projetos.

Esta foi a principal razão para a Mina da Serra do Sapo ter seu empreendimento divido
em três grandes fases, aqui denominados Steps, com a finalidade de agilizar o início da
exploração. Esta configuração, não estava prevista na fase de projeto e foram necessárias
adequações para atingir as metas de produção.

Os três Steps dividiram a Cava em três setores, o Step 1 como cava Norte, o Step 2 a cava
Central (e outra cava mais ao Norte que o Step 1) e o Step 3 a Cava Sul.

Neste modelo, o Step 1 foi iniciado em 2014 com uma cava de 1,5 km por 0,5 km e se
estendeu até o final de 2016, impondo um aprofundamento rápido, lavrando todo o
Itabirito friável e semi-friável e parte do itabirito compacto.

1
Figura 1.1 - Imagem com localização das Cavas Step1 e Step 2 (Norte e Sul), extraído de
Google Earth Pro, 2017.

Esta dinâmica de lavra ativou o princípio de instabilidade de caráter global no Step 1 e


levou a questionamentos quanto a diretrizes geotécnicas aplicadas no Step 1 e o potencial
de prolongamento desta instabilidade para o sequenciamento da cava, ou seja, Step 2 Sul
(Figura 1.1).

Deste modo, serão aplicados diferentes níveis de estudo geotécnico no talude da cava do
Step 2, com verificar suas condições de estabilidade para uma geometria proposta, foco
desta dissertação, para elucidar tal processo de estudo.

1.2. OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO

Para um desenvolvimento de projeto geotécnico adequado ou correto entendimento de


um evento geotécnico indesejado é fundamental que seja estruturado um processo de
investigação coerente e objetivo.

Deste modo, esta dissertação tem por objetivo, demostrar, a partir de uma metodologia
simples e coerente, todo processo de entendimento para um estudo de estabilidade de

2
cava, tomando como exemplo a cava do Step 2 Sul da Mina da Serra do Sapo em
Conceição do Mato Dentro.

Neste estudo de caso, serão demonstradas todas as fases de investigação geotécnica, desde
o entendimento de eventos ocorridos nas áreas vizinhas até a elaboração de análises de
estabilidade e suas conclusões, procurando detalhar o objetivo de cada fase.

Desta forma, procura esclarecer e propor modos operacionais durante uma investigação
geotécnica.

1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação é composta por seis capítulos.

O Capítulo 1 apresenta a relevância da dissertação, contextualizando-a, além da


especificação dos objetivos e apresentação do conteúdo.

No Capítulo 2 é feita a revisão bibliográfica das principais variáveis para o entendimento


dos mecanismos da estabilidade, são eles:

 Contexto Geológico Regional e Local;

 Caracterização e Classificação Geomecânica;

 Análises de Estabilidade;

 Tipos de Ensaios.

O Capítulo 3 é reservado para o detalhamento da metodologia, onde é exposta a sequência


das atividades, com os subitens:
 Entendimento do Mecanismo – Histórico Local;

3
 Mapeamento Geológico Geotécnico Estrutural;

 Estudo da Cava Proposta e Seções Críticas;;

 Modelo Geológico;

 Plano de Sondagem e Instrumentação;

 Descrição de Testemunhos de Sondagem;

 Avaliação Hidrogeológica;

 Modelo Geomecânico – Construção das Seções de Análise;

 Definição dos Mecanismos de Ruptura;

 Elaboração do Plano de Amostragem e Ensaios;

 Definição dos Parâmetros de Resistência;

 Análise de Estabilidade;

 Definição dos Métodos de Análise;

 Variação de hipóteses e resultados; e

 Análise dos Resultados e Conclusões.

No Capítulo 4 são apresentados os resultados seguindo a metodologia e suas respectivas


discussões para entendimento de cada ação seguinte.
No Capítulo 5 são apresentados as conclusões, considerações e recomendações sobre a
metodologia desenvolvida.

4
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

A Mina da Serra do Sapo, localizada na porção meridional da Serra do Espinhaço, no


Município de Conceição do Mato Dentro (Figura 2.1) corresponde a um dos grandes
empreendimentos de Minério de Ferro em operação no Brasil. Possui praticamente todo
seu minério em itabirito (25%-60% de Fe), compreendendo uma cava projetada de
aproximadamente 12 km de extensão. O posicionamento tectônico regional remonta ao
limite oriental do Cráton do São Francisco com a Faixa Móvel Araçuaí.

As rochas que compõem esta porção estão ligadas ao desenvolvimento das rochas do
Cráton São Francisco e ao evento orogênico de encurtamento crustal da Faixa Araçuaí,
além de eventos tafrogênicos da reabertura continental (CODEMIG, 2017).

O embasamento nesta porção da borda cratônica é composto por terrenos arqueanos


gnássicos, graníticos e migmatíticos sobrepostos por sequência vulcanosedimentares de
idade Arqueana. Sobreposto a esse embasamento, ocorrem sequência de baixo grau
metamórfico de origem sedimentar e metamagmático de idade entre o Arqueano e o
Proterozóico Médio. Cortados por suítes granitóides de idade proterozóica (Médio -
Superior) e corpos intrusivos básicos e ultrabásico.

Quanto ao arranjo estrutural a Serra do Espinhaço Meridional pode ser definida como um
orógeno de direção N-S, marcada por sequenciados sistemas de falhas de empurrão e
zonas de cisalhamento (CODEMIG, 2017).

5
SERRA DO ESPINHAÇO
MERIDIONAL

Serra do Sapo

BELO HORIZONTE

Figura 2.1 - Mapa de Localização da área de estudo (Fonte: CODEMIG -


http://www.portalgeologia.com.br/index.php/mapa/).

Este arranjo estrutural é responsável pela duplicação e pela supressão de unidades


litológicas, além de inversões estratigráficas. Outra característica estrutural regional são
as lineações de estiramento mineral registradas em diferentes unidades litológicas,
indicando direção de movimento L-O. Essas lineações associadas às foliações com
mergulho para leste além de dobras isoclinais com vergência também para leste,
demostram as claras evidências de transporte tectônico de leste para oeste, corroborando
com o processo orogênico da Faixa Araçuaí em direção ao Cráton São Francisco.

6
2.2. CONTEXTO GEOLÓGICO LOCAL

Aproximando para o contexto local, no trabalho de Rolim, et. al. (2016) foram
caracterizados o embasamento granito-gnáissico e o Grupo Serra da Serpentina como as
principais assembleias litoestratigráficas que compõem o local onde hoje está a Mina da
Serra do Sapo. O embasamento granito-gnáissico está representado pelas rochas do
Complexo Guanhães, posicionada a leste da Serra do Sapo, limitada por um contato em
falha de empurrão que projeta o embasamento sobre as camadas metassedimentares do
Grupo Serra da Serpentina.

Rolim et. al. (2016), apresentam o Grupo Serra de Serpentina, com duas formações, a
Formação Meloso e a Formação Serra do Sapo (Figura ). A Formação Meloso ocorre na
porção basal, sobre o embasamento granito-gnaissico e é composta por quartzitos, quartzo
clorita sericita xistos, filitos e filitos grafitosos, podendo ocorrer enriquecimentos de
manganês associados a fraturamentos. A Formação Serra do Sapo, topo do Grupo Serra
da Serpentina, ocorre, de forma predominante, com formações ferríferas bandadas (BIFs)
intercaladas com quartzo sericita xistos (na forma de lentes descontínuas) e quartzitos
ferruginosos (correspondente à variação química), no topo, finalizando a formação
também ocorrem lentes descontínuas de metadolomitos.

Os níveis de BIFs dentro da Formação Serra do Sapo são frutos de deposição química e
possuem intercalações de escala milimétrica a dessimétricas de níveis de hematita
especular e quartzo. Este sistema de empurrão também se reflete em formações gerando
uma foliação penetrativa com mergulho marcante para leste e com lineamentos minerais
em diferentes unidades, acompanhando o comportamento regional, de um forte transporte
tectônico de leste para oeste, como citado no Contexto Geológico Regional.
Essas formações ditarão, de acordo com suas condições geomecânicas, as possíveis
geometrias de taludes capazes de estabelecer as cavas de explotação dentro dos critérios
de segurança.

Semi-paralelas a essas formações, são recorrentes rochas intrusivas básicas e ácidas que
podem estar associadas a idades mesoproterozóicas. Exemplificando essa condição,

7
Figura 2.2 - Sequencia Estratigráfica Completa do Grupo Serra de São José e Serra da
Serpentina (modificado de Rolim, et. al. 2016).

Guimarães et. al. 2012 apresenta diferentes estágios de alteração dos BIFs da Formação
Serra do Sapo, são eles: Itabirito Friável, semi-friável e compacto (Figura 2.3). A
estruturação das formações e maiores detalhes serão abordados mais à frente, no Capítulo
3.

8
Itabirito friável

Itabirito
Semi - friável

Itabirito

Figura 2.3 – Variações faciológicas de intemperismo do Itabirito na Mina da Serra do


Sapo (Fonte: Guimarães et. al. 2012).

2.3. CLASSIFICAÇÃO GEOMECÂNICA DE MACIÇOS

Classificação geomecânica, de maciços são sistemas de desenvolvidos com base em


determinadas características de maciços de modo a definir diferentes classes com a
finalidade de abordar diferentes soluções de engenharia em cada classe de modo a
prevenir contra comportamentos indesejados do maciço (Junior e Ojima, 1998). Outro
aspecto importante está na possibilidade de, a partir de um levantamento de um maciço,
ser possível efetuar comparações para maciços semelhantes, possibilitando o intercâmbio
de experiências.

A aplicação desses sistemas é relativamente simples e rápida e pode a partir dela indicar
a necessidade ou não de estudos mais específicos para uma determinada região. Desta
forma, diversos são os métodos de classificação geomecânicas, desenvolvidas para
atender aplicações específicas como túneis e taludes de minas. Dos métodos elaborados,
os mais consagrados na mineração são os Sistema RMR (Rock Mass Rating) de
Bieniawski desenvolvido sua primeira versão em 1973 e o Sistema Q, de Barton,
desenvolvido em 1974. Ao longo da sua história, ambos os métodos já passaram por
ajustes e reanálises para calibração de seus parâmetros de análise.

9
O Sistema RMR, segundo Bieniawski, possui os seguintes objetivos:

 Caracterizar os parâmetros condicionantes do comportamento dos maciços rochoso;

 Subdividir um maciço heterogêneo em qualidades distintas;

 Fornecer parâmetros para compreensão das características de cada classe de maciço;

 Prover dados quantitativos para projetos geomecânicos; e

 Ser referência dentro do mesmo projeto ou em projetos análogos.

Para isto, o Sistema RMR, avalia seis parâmetros do maciço rochosos:


 Resistência a compressão simples;

 Índice de designação da qualidade da rocha (Rock Quality Designation - RQD);

 Espaçamento das descontinuidades;

 Condições das descontinuidades;

 Condição da água subterrânea; e

 Relação da descontinuidade com a direção do corte do talude ou túnel.

À medida que se estabelece a caracterização os parâmetros são levantados e somados


conforme referenciando-se assim a uma classe que pode variar entre 100 e 0 (Anexo I,
Planilha A, B, C e D). No entanto, como comentado por Silva (2015), principalmente em
minas a céu aberto em ambiente tropical, onde o desenvolvimento da superfície de
alteração, ou seja, o horizonte de solo é profundo, o Sistema de Classificação RMR torna-
se de difícil aplicação, pois os parâmetros como RQD, espaçamento das
descontinuidades, condição das descontinuidades e direção das descontinuidades podem

10
penalizar (ou não) o maciço conforme a interpretação do classificador, uma vez que a
identificação de descontinuidades fica comprometida.

Para que esse horizonte não ficasse sem classificação, adota-se a classe VI, para graus de
intemperismo elevado. Para esses casos a mecânica das rochas não se aplica ou se aplica
parcialmente desenvolvendo superfícies circulares ou plano-circulares, respectivamente.

Apesar de Bieniawski, em publicação referente a equívocos aplicados ao Sistema RMR


(Bieniawski, 2011), abordando a questão de aplicação em rochas muito alteradas, indica
que o maciço de alto grau de alteração deva receber nota mínima. No entanto, entre 0 e
20 (intervalo de classificação para Classe V), existem muitas possibilidades que, deste
modo, agrupariam maciços com propriedades muito distintas.

Em 2011, Bieniawski publicou um artigo onde esclarece algumas dúvidas e passa


orientações de uso do método elaborado por ele. Nesse artigo, ele demonstra que é correto
aplicar valor zero quando os parâmetros atingem condições extremamente desfavoráveis
à estabilidade. Outro ponto interessante colocado neste artigo é quanto à liberdade de
variação do peso, podendo aplicar valores intermediários de acordo com a interpretação
geotécnica.

O Sistema Q (Barton et.al., 1974), baseou-se em uma coletânea de históricos de obras


subterrâneas e, a partir do estudo de cada uma delas, propuseram um sistema para
quantificar o comportamento geomecânico dos maciços. É definido pela equação 2.1:

𝑄 = [𝑅𝑄𝐷 ⁄𝐽𝑛 ] × [𝐽𝑟 ⁄𝐽𝑎 ] × [𝐽𝑤 ⁄𝑆𝑅𝐹 ] (2.1)

Onde correspondem:

 RQD = índice de designação da qualidade da rocha (Rock Quality Designation);

 Jn = índice de influência do número de famílias das descontinuidades;

 Jr = índice de influência da rugosidade das paredes das descontinuidades;

11
 Ja = índice de influência da alteração das paredes das descontinuidades;

 Jw = índice de influência da pressão da água subterrânea; e

 SRF = índice de influência das tensões no maciço.

Da mesma forma que no RMR, esses parâmetros são normalizados por planilhas (Anexo
I, Planilhas de E à I).

Apesar de Sistema Q ter critérios diferentes que o Sistema RMR, as rochas alteradas
ficariam sem classificação em diversos parâmetros, tornando difícil uma classificação
pela pontuação do maciço. Por este motivo torna-se mais eficiente de aplicar a
denominação de Classe VI para as rochas que não for possível desenvolver a classificação
dos parâmetros devido ao seu alto grau de alteração e/ou baixa resistência.

Outro modo de classificação mundialmente utilizado e o Índice de Resistência Geológica,


conhecido como GSI (Geological Strength Index), teve seu início de desenvolvimento
por Hoek,1983 e diferentemente dos anteriores elimina da caracterização do maciço
rochoso fatores externos, restringindo-se às propriedades da rocha, correlacionando a
quantidade de formação de blocos (associado a número de famílias, espaçamento,
interações, forma, etc) e a condição das descontinuidades (rugosidade, alteração,
preenchimento, etc), apresentada no Anexo I (Planilha J).

O GSI busca gerar um valor de referência do maciço e com ele interagir com outras
variáveis para definir parâmetros a serem utilizados em estudos e análises de estabilidade.
Este modelo de classificação obteve muitas adesões devido a facilidade de caracterização
proposta, no entanto Marinos et al., (2005) publicaram algumas limitações do método
incluindo casos de fraturamento e grau de alteração das rochas intensos, sendo necessário
uma análise de outros parâmetros uma vez que os parâmetros utilizados no GSI
apresentam-se de difícil identificação e análise nessas condições extremas.

12
2.4. ANÁLISE DE ESTABILIDADE (MECANISMO X MÉTODO USADO E
INFLUÊNCIA DA ÁGUA)

A escolha das análises de estabilidade para um determinado talude é desenvolvida a partir


do levantamento de diversos parâmetros fundamentais, dentre os quais podemos citar a
geologia, a classificação geomecânica e a hidrogeologia. Além desses parâmetros, antes
de iniciar a análise de estabilidade, é essencial entender os mecanismos de ruptura.

Os mecanismos de ruptura podem ser divididos em dois grupos, um primeiro que possui
comportamento anisotrópico, governado por plano (s) de descontinuidade (s) ou de
comportamento isotrópico, sem uma direção preferencial de ruptura. Esses parâmetros
fundamentais indicarão as hipóteses de mecanismos e direcionarão quais ensaios mais
adequados para obtenção dos parâmetros.
Desta forma, o domínio sobre os mecanismos potenciais de ruptura do talude é fator
crítico para definição dos ensaios e consequentemente dos parâmetros dos materiais.
Existem diversos mecanismos de ruptura (Wyllie e Mah, 2005), os mais comuns são:

 Ruptura Circular

Este mecanismo de ruptura é aplicado a duas condições extremas do maciço rochoso.


Podendo variar de um maciço sem nenhuma estrutura a um maciço extremamente
estruturado sendo que seus planos estruturais estejam distribuídos espacialmente de modo
equilibrado.

Além dessas duas condições extremas, este mecanismo pode ser considerado a maciços
intemperizados, que devido ao alto grau de alteração, eventuais planos de ruptura
transpassam planos estruturais reliquiares (Figura 2.5).

13
Figura 2.5 - Principais mecanismos de ruptura de taludes e suas condicionantes estruturais
mais comuns (modificado de Wyllie e Mah, 2005).

 Tombamentos

Existem caracterizados, basicamente 4 tipos de tombamento, na literatura, o tombamento


de blocos, o tombamento flexural, o tombamento de blocos- flexurais e o tombamento
secundário (Wyllie e Mah, 2004).

Os tombamentos por blocos ocorrem quando, em rocha sã, são formadas colunas
individualizadas por famílias de descontinuidades que possuem mergulho acentuado para
dentro do talude conjugada com família de descontinuidades ortogonal que define a altura
dos blocos.

14
A dinâmica deste mecanismo está relacionada a transferência de carga entre os blocos,
do pé à crista do talude. A base da superfície de ruptura, geralmente, consiste numa
superfície irregular passando pelas descontinuidades ortogonais.

Para o tombamento flexural ocorrer em colunas de rocha com descontinuidades


persistentes e íngremes para dentro do talude, rompendo a flexão a medida que se dobram
para fora do talude.
O tombamento bloco-flexural é caracterizado pela pseudo-continuidade flexural
composta por longas colunas que são seccionadas por diversas juntas cruzadas, ocorrendo
um grande número de pequenos deslocamentos.

O tombamento secundário inicia-se pela remoção do pé do talude, podendo ser uma ação
natural ou antrópica. Em todos os casos, o modo de falha primária envolve um
deslizamento ou a ruptura da rocha e tombamento é induzido na parte superior do talude
como resultante da falha primária (Wyllie e Mah, 2005).

Figura 2.4 – Exemplos de tipos de tombamentos, sendo a) por blocos; b) flexural; c) por
blocos-flexural; e d) secundário. (modificado de Wyllie e Mah, 2005).

15
 Ruptura Planar

O mecanismo de ruptura planar consiste basicamente no deslocamento de um plano em


relação à face do talude (Figura 2.5). Para que tal mecanismo seja acionado alguns fatores
devem ocorrem de modo conjunto:

1) A direção de azimute deve estar entre 20° com relação a face do talude;

2) O mergulho do plano de descontinuidade deve ser menor que o da face do talude;

3) O mergulho do plano de descontinuidade deve ser maior que do ângulo de atrito;

4) A extremidade superior do plano de ruptura deve ser limitada pelo topo do talude ou
conectada a uma fenda de tração; e

5) Os limites laterais devem possuir resistências baixas para proporcionar o


desprendimento da massa de rocha.

 Ruptura em Cunha

O mecanismo de ruptura em cunha, em linhas gerais, consiste na interação de dois planos


de descontinuidade persistentes que formam uma cunha saindo da face do talude (Figura
2.5). Este mecanismo é concretizado quando combinados 3 fatores:

1) Dois planos de descontinuidades se interceptam;

2) O plano de ruptura se seu strike está entre ±20° com a face do talude.;

O ângulo de mergulho da linha de interseção é menor que a face do talude e maior que o
ângulo de atrito.

16
Outro parâmetro de análise de estabilidade é o nível piezométrico das camadas próximo
à superfície, que podem gerar poropressões de modo a instabilizarem o talude em escala
global. A pressurização das paredes do talude abaixa o fator de segurança e, deste modo,
devem ser analisados para prever a necessidade de rebaixamento do nível piezométrico.

Para medir, este parâmetro, são instalados piezômetros tipo Casa Grande com definição
da profundidade de sua câmara conforme o interesse de medição (Figura 2.6).

Piezômetro tipo Casa Grande Indicador de Nível D´água

Figura 2.6 - Tipos de Instrumentos para monitoramento hidrogeológico, modificado de


Wyllie and Mah (2005).

2.5. TIPOS DE ENSAIOS

Entendido os mecanismos de ruptura que governam os maciços inicia-se a fase de


planejamento das amostragens, onde se define quais rochas estão envolvidas no
mecanismo e as respectivas condições. Determina-se também o tipo de coleta (deformada
ou indeformada) e a orientação de coleta, de acordo com o ensaio que será aplicado. É
fundamental que a assembleia de rochas coletadas apresente representatividade do

17
maciço. Este cuidado é muito importante, pois a representatividade do maciço dependerá
de uma seleção adequada de amostras e consequentemente aquisição de parâmetros.

Outro fator influenciador nos ensaios é quanto à heterogeneidade dos materiais, como por
exemplo, do itabirito, que é composto por camadas de diferentes espessuras de quartzo e
hematita. Esta heterogeneidade [e principal motivo para se optar por ensaios de grandes
dimensões (ex.: 30cm x 30 cm x 30 cm), quando em material de baixa resistência (até
R≤1), minimizando o erro.
Os ensaios podem ser divididos em dois grupos. O primeiro o grupo formado por solo,
rocha muito alterada e alterada e o segundo os ensaios sobre rocha.

2.5.1. Ensaio em solo e rocha alterada

Apesar de muitas vezes, este tipo de material, não apresentar nitidamente suas
anisotropias, o arranjo dos seus minerais influencia sobremaneira, os parâmetros obtidos
para condição paralela e oblíqua à anisotropia (foliação). Destacamos aqui três tipos de
ensaios para definição desses parâmetros, são eles:

 Ensaio de Cisalhamento Direto

Neste é aplicada uma força normal ao sentido da direção de cisalhamento, onde se obtém
a curva de tensão cisalhante x tensão deformacional e nela extraem-se dois valores a
tensão; de pico e residual (Figura 2.7).

18
Figura 2.7 - Representação de equipamentos e resultados típicos de cisalhamento direto
(modificado de Pinto, 2006).

Executando no mínimo três ensaios desse com diferentes tensões normais obtêm-se três
pontos, que serão plotados em um gráfico de tensão cisalhante x tensão normal (Figura
2.7). Os gráficos gerados com as informações de pico são conceitualmente construídos
com os parâmetros mais resistentes ao cisalhamento, enquanto que os gráficos gerados
pelos valores residuais referem-se aos parâmetros que permanecem no material, mesmo
após sua ruptura.

Este ensaio pode ser realizado, atualmente no Brasil, em blocos de 10 x 10 x 05 cm


(considerado de pequenas dimensões) e blocos de 30 x 30 x 30 cm (considerado de
grandes dimensões).

 Ensaio de Compressão Triaxial

O ensaio de Compressão Triaxial convencional consiste na aplicação de um estado


hidrostático de tensões e de um carregamento axial sobre um corpo de prova cilíndrico.
Para isto o corpo de prova é colocado dentro de uma câmara envolto por uma membrana
de borracha. A câmara é enchida com água, a qual se aplica uma pressão confinante ou

19
de confinamento. A pressão confinante atua em todas as direções, deixando o corpo de
prova em um estado hidrostático de tensões (Pinto, 2006).

O carregamento, axial pode ser feito por meio de forças no pistão que penetra na câmara
(ensaio de carga controlada) ou deslocando a câmara para cima numa prensa (deformação
controlada) a carga é medida por um anel dinamométrico ou célula de carga intercalada
no pistão (Pinto, 2006). A tensão devida ao acréscimo da tensão axial é denominada
tensão desviadora (Figura 2.8).

Este ensaio pode ser variado em função de permitir ou não a drenagem do material,
denominados:

 Ensaio CD – permite o adensamento e drenagem do material, havendo, portanto a


dissipação das pressões neutras, adquirindo, parâmetros em tensões efetivas;

 Ensaios CU – permite o adensamento, sem drenagem do material, havendo interação


com pressões neutras e adquirindo parâmetros em função de tensões totais. Pode obter
dados de tensões efetivas, caso as pressões neutras sejam medidas;

 Ensaios UU – onde não ocorre adensamento sem drenagem do material. Obtém


parâmetros em função de tensões totais.

20
Figura 2.8 - Modelo esquemático do arranjo do ensaio triaxial, modificado de
apresentação do Prof. Francisco Chagas da Silva Filho, da Universidade Federal do Ceará
(UFC).

2.5.2. Ensaio em rocha

 Ensaio de Compressão Uniaxial

O ensaio de compressão uniaxial é comum para caracterização mecânica das rochas.


Consiste no ensaio de um testemunho de rocha, normalmente na forma cilíndrica,
submetido a uma tensão normal (1), paralelo ao eixo do cilindro (Figura 2.9).

As extremidades que estarão em contato com a prensa devem ser cuidadosamente


niveladas, eliminando irregularidades, assim como o formato do cilindro.

Este ensaio obtém como resultado a resistência à compressão máxima (c), e pode ter
também medidas de deformação do testemunho (módulo de Young e Razão de Poisson).

21
Figura 2.9 – Modelo esquemático de arranjo para ensaio uniaxial em prensa hidráulica.
Modificado da Apresentação do Professor Rodrigo Figueiredo, UFOP.

22
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA

3.1. CONTEXTUALIZAÇLÃO GERAL DA METODOLOGIA

A metodologia adotada nesta dissertação está resumida no fluxograma (Figura 3.1)


abaixo.

Figura 3.1 – Fluxograma das principais atividades para desenvolvimento do estudo de


estabilidade de taludes.

23
Nele será abordado cada etapa deste fluxograma, pontuando detalhes relevantes que
podem interferir no resultado final.

3.2. ENTENDIMENTO DO MECANISMO – HISTÓRICO LOCAL

A primeira etapa para o estudo de estabilidade é pesquisar o histórico da cava em questão,


ou de cavas do seu entorno, afim de conhecer os principais eventos de ruptura
desenvolvidos nesses locais.

Este estudo servirá como “ponto de partida” para as investigações de campo, auxiliando
na busca das feições geológicas e domínios geotécnicos que devam ser considerados
relevantes.

Dependendo do detalhamento obtido nesta fase, pode ser possível adquirir com estudos
em áreas análogas, até mesmo parâmetros de resistência que se correlacionam com os
litotipos da área de estudo.

Este tipo de informação é válido para uma análise preliminar, ou até mesmo, num estágio
avançado (ex.: Definição dos Parâmetros de Resistência), como guia para julgar se os
parâmetros obtidos estão dentro de uma faixa esperada, ou não.

No entanto, esse estudo preliminar, não deve se sobrepor aos dados levantados após as
investigações de campo, como, Mapeamento Geológico-Geotécnico e Estrutura,
Descrição de Furos de Sondagem, Avaliação Hidrogeológica e Ensaio Específicos,
representando apenas, um modelo prévio, para que, em linhas gerais, guiar o início do
processo de estudo.

3.3. MAPEAMENTO GEOLÓGICO GEOTÉCNICO ESTRUTURAL

Em áreas onde ainda não foi desenvolvida uma mina, os dados que mais se aproximam
de um Mapeamento Geológico Geotécnico Estrutural, são coletados por uma equipe de

24
exploração, constituída basicamente por geólogos, onde o foco dos estudos está para o
mapeamento dos contatos geológicos e para o teor de minério, carecendo assim de dados
geomecânicos.

Apesar de pouco aplicado, é fundamental incorporar os dados geotécnicos dentro das


fases preliminares de investigação, pois nesta etapa poderão ser antecipadas
condicionantes que irão interferir na geometria da futura cava.

Em locais de desenvolvimento de mina, são comuns os levantamentos direcionados à


caracterização geomecânica, acompanhando a evolução da cava e potenciais riscos à
operação, além de fazer a validação do modelo anteriormente construído utilizando de
furo de sondagem.

Os parâmetros geológicos, geomecânicos e estruturais que devem ser levantados, para


elaboração de um mapa são:

 Litologia;

A base de dados litológicos, no geral, está sob responsabilidade da área de geologia da


mina e/ou exploração. Porém, raramente o grau de detalhamento dos contatos litológicos
e estruturais levantado por essas equipes satisfazem às necessidades da caracterização
geomecânica, uma vez que o nível centimétrico, de uma determinada descontinuidade,
pode ser relevante à estabilidade do maciço e irrelevante para a caracterização geológica
do mesmo maciço.
Desta forma, os dados de mapeamento elaborados pela área de geologia servirão como
base inicial de informação, para maiores detalhamentos pela área de geotecnia.

 Grau de Resistência;

Este parâmetro, busca a partir de verificações de campo, estimar parâmetros de resistência


relativos a compressão uniaxial e point load test. Para realizar tal estimativa utiliza-se de
ferramentas simples, como martelo de geólogo, lamina de aço e unha (Anexo III, Planilha

25
A). Este método de correlação é recomendado pela Sociedade Internacional de Mecânica
das Rochas (ISRM, 1981).

Dependendo da reação da rocha as ferramentas citadas, o maciço pode ser caracterizado


de R6 (resistência extremamente elevada) à R0 (resistência extremamente baixa)
equivalendo cada caracterização a uma faixa em megapascal (MPa) para compressão
uniaxial e point load test (os valores R2, R1 e R0, não possuem correlações para point
load test, devido à baixa precisão neste método).

 Grau de Alteração;

Este parâmetro, auxilia na caracterização do maciço, classificando sua alteração de


acordo com a caracterização dos minerais (Anexo III, Planilha B), seguindo a
recomendação da Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas (ISRM, 1981)

 Tipo de estrutura (foliação, lineações, juntas etc.);

Os registros dos tipos de estruturas levantados auxiliarão nas indicações dos mecanismos,
juntamente com os dados de caracterização dessas descontinuidades.

 Caracterização das Descontinuidades:

Esta caracterização, busca detalhar as informações contida ao longo das descontinuidades


e que irão auxiliar na calibração dos parâmetros numa fase posterior.

 Atitude – medida em graus do mergulho e azimute de cada descontinuidade, afim de


entender uma tendência e predominância, para aplicação, por exemplo, em análises
cinemáticas para definição de mecanismos de ruptura;

 Espaçamento – medida em metros da distância entre duas descontinuidades da mesma


família;

26
 Jv – metragem volumétrica de descontinuidades, definida por Palmstrom (1974) onde
este índice é correlacionado com o RQD (índice de designação da qualidade da rocha),
pela equação abaixo (3.1).

𝑅𝑄𝐷 = 115 − 3.3 𝐽𝑣 (3.1)

 Persistência – medida em metros do comprimento de uma descontinuidade;

 Preenchimento – tipo de preenchimento que pode ocorrer dentro da descontinuidade


(Anexo I, Planilha B);

 Jr – índice de influência da rugosidade das paredes das descontinuidades (Barton et.al.,


1974), conforme Anexo I, Planilha F.

 Ja - índice de influência da alteração das paredes das descontinuidades (Barton et.al.,


1974), conforme Anexo I, Planilha G.

 Jn;- índice de influência do número de famílias das descontinuidades (Barton et.al.,


1974), conforme Anexo I, Planilha E.

A forma de levantamento desses dados em campo pode ser variável, dependendo das
condições de afloramento. Em uma área onde não há lavra, os pontos de coleta dessas
informações ficarão restritos aos afloramentos naturais. Enquanto que em áreas de lavra,
esses pontos podem ser coletados a cada 50 metros ao longo de uma berma ou se
identificada a mudança de um dos parâmetros coletados

Além do levantamento de campo é fundamental o trabalho de interpretação de dados de


imagens de satélite, que possibilitam a visualização de grandes estruturas, como
lineamentos em escala regionais.

27
3.4. ESTUDO DA CAVA PROPOSTA e SELEÇÃO DAS SEÇÕES CRÍTICAS;

Após a fase de mapeamento geológico geotécnico e estrutural, será aplicado sobre o


terreno uma cava, que irá, transpassar as litologias, domínios geomecânicos e estruturas
estudadas anteriormente.
Esse “corte” deverá obedecer uma geometria pré-definida em projeto de acordo com os
estudos preliminares, considerando a estabilidade dos taludes.

Porém, ao longo da implantação da cava, sua forma pode assumir diferentes modos de
evolução, com variações de posicionamentos de rampa, diferentes estágios para
aprofundamento da cava, etc.

Essas modificações de forma da cava podem estar associadas desde às necessidades de


produção, como às incertezas geológicas e geomecânicas e hidrogeológicas, ou até
mesmo de a motivações ambientais.

Por este motivo, é muito importante um acompanhamento de perto da área de geotecnia


com o planejamento de curto e médio prazo, para sempre avaliar variações que podem
surgir a longo da evolução da cava.

Para avaliação e estudo de uma cava, propõe-se a consideração de algumas premissas


básicas para determinação de seções, afim de garantir que as porções de maior criticidade,
dentro da cava, serão investigadas.

 Seção cortando ortogonalmente o talude de maior altura da cava;

 Caso seja identificada uma feição estrutural de relevância à estabilidade da cava


(desfavorável em relação ao corte) ou litotipo que demostre uma baixa resistência,
estes devem sem ser interceptados por ao menos uma seção;

 A região de maior valor potenciométrico tanto para aquífero livre quanto para aquífero
cristalino deverão ser analisados.

28
 Elaboração de ao menos uma seção nos taludes considerados não críticos;

3.5. MODELO GEOLÓGICO

O Modelo Geológico é um produto elaborado pelos geólogos da mina, com foco principal,
para os contatos do corpo de minério e seus teores, contendo as linhas básicas dos contatos
entre os principais litotipos da mina, baseado nos dados de mapeamento e furos de
sondagem.

Deste modo, os contatos de escala centimétricas, ou até mesmo de poucos metros, são
geralmente subtraídas ou simplificadas desse modelo.

Esta simplificação consiste num ponto de atenção importante para os estudos


geomecânicos, uma vez que superfícies, mesmo consideradas pequenas ou discretas,
podem condicionar rupturas de escala global.

Neste sentido, é fundamental saber as limitações de uso de um Modelo Geológico e as


simplificações estabelecidas antes de utilizar sua base de dados.

Outro ponto de atenção é referente à quantidade e qualidade das sondagens executadas


para elaboração do modelo.

Apesar de não existir uma regra que determine uma quantidade mínima de sondagens,
esta avaliação é muito importante, visto que, essa densidade de sondagem será
determinante para detalhamento do modelo.

Referente a qualidade, é muito importe, principalmente para estudos geomecânicos, que


as sondagens atravessem todo corpo de minério e percorra alguns metros no material que
irá compor a face do talude após a escavação, este cuidado.

Apesar de parecer banal, muitas campanhas de sondagem, não de atentam para esta
informação, interrompendo as sondagens logo após o final do corpo de minério,

29
prejudicando o entendimento do que será a face do talude da cava final e muitas das vezes
este detalhe deve ser sinalizado pela equipe de geotecnia.

Como ação corretiva, prevendo esta falha de informação, considera-se um plano de


sondagem complementar, associada a instrumentações, com intuito de adensar e refinar
as informações necessárias com foco nos estudos de estabilidade.

Dependendo das interpretações e variações do modelo geológico, as seções predefinidas


na etapa anterior deverão ser ajustadas, de modo a considerar litologias e estruturas não
identificadas anteriormente.

3.6. PLANO DE SONDAGEM E INSTRUMENTAÇÃO

Como comentado no item 3.5, este plano de sondagem associado a instrumentação, tem
por objetivo de adensar e refinar o modelo geológico, adensando a malha de sondagem,
atravessando o corpo de minério e instalando instrumentação (piezômetros tipo
Casagrande, medidores de nível d´água, etc.) para entendimento da dinâmica
hidrogeológica no maciço.

Assim, o plano de sondagem e instrumentação complementar é melhor implantado se


determinado pela geotecnia, que sabe os locais de necessidade de investigação.

Outra particularidade da sondagem com foco geotécnico é que em virtude do interesse no


entendimento de algumas passagens litológicas de escala centimétricas, geralmente em
materiais de baixa coesão ou muito argilosos, é muito importante o diálogo com as frentes
de sondagem, para a melhor recuperação possível desses materiais, em geral desprezados
numa sondagem convencional.

Dependendo das dúvidas existentes, furos orientados podem auxiliar no entendimento da


interação estrutural em profundidade.

30
3.7. DESCRIÇÃO DE TESTEMUNHOS DE SONDAGEM

A descrição geológica-geotécnica dos testemunhos de sondagem corresponde ao


fundamento para o reconhecimento e segregação de diferentes domínios geotécnicos.
Existe conceitualmente diversos métodos de classificação, dos quais dois se destacam,
são eles, a Classificação RMR de Bieniawski e o Sistema-Q de Barton.

Ambos foram desenvolvidos inicialmente para atender às necessidades de classificação e


aplicação de soluções em túneis, no entanto após considerações e modificações por parte
dos próprios autores, essas metodologias foram sendo adequadas para taludes a céu
aberto.

Comumente esses métodos são utilizados para agrupar classes de maciços que
posteriormente receberão valores de parâmetros (ex.: coesão e ângulo de atrito) para
desenvolvimento de análises de estabilidade.

Um ponto muito importante da descrição consiste na padronização de toda equipe que


desenvolve a descrição para diminuir as diferenças de interpretações. Um parâmetro que
pode ser exemplificado como crítico nesse aspecto é a resistência a compressão uniaxial
(parâmetro R indicado pela ISRM), o qual é comum haver divergências de opiniões
principalmente para os valores medianos, como R2 e R3.

A criação de uma litoteca, com as rochas que ocorrem no site em diferentes condições de
resistência (R, indicado por ISRM, 1981) e grau de alteração (W, indicado pela ISRM,
1981), têm grande valor para auxiliar nessa padronização de interpretação.

Outra questão, referente a descrição geotécnica, é o envolvimento dos profissionais que


irão gerar os modelos geológico geomecânicos e estruturais na descrição dos
testemunhos. Este arranjo organizacional é considerado fundamental, pois a visão do
descritor é única no enriquecimento e aproximação da realidade pelo modelo.

31
3.8. AVALIAÇÃO HIDROGEOLÓGICA

A avaliação do comportamento hidrogeológico no maciço é um fator crítico em qualquer


projeto de escavação, principalmente quando estamos falando de uma mina.

Dentre as maiores preocupações de uma mina relativa a água subterrânea podemos


destacar o conhecimento do nível d´água ao longo do trajeto de escavação, podendo
impactar na operacionalidade de uma cava e na pressurização dos bancos do talude,
podendo induzir uma ruptura de escala global.

Assim, esta variável, possui grande impacto no estudo de estabilidade de taludes,


principalmente no que se refere a pressurização das paredes da cava.

Tal estudo, depende de um arranjo adequado de instrumentações ao longo da área que


será escavada, variando medidores de nível d´água e piezômetros, conforme a
necessidade de investigação.

Como indicado no fluxograma (Figura 3.1) a avaliação hidrogeológica que depende de


um arranjo adequado de instrumentação é totalmente dependente dos dados de descrição
de testemunhos de sondagem e do modelo geológico, esses dois campos, fornecerão
subsídios para a melhor locação possível das instrumentações e consequentemente gerar
os dados que serão avaliados pelo hidrogeólogo da mina.

A elaboração de um plano de instrumentação hidrogeológica precisa estar associada a


uma campanha de monitoramento de rotina, pois essa disciplina operacional
proporcionará a geração dos dados referente ao comportamento durante um ano
hidrogeológico e os efeitos de um bombeamento no meio.

Neste planejamento, também devem ser considerados que com os avanços da lavra
ocorrerão perdas de instrumentos e esses deverão ser repostos para manutenção da malha
de investigação.

32
Dependendo do tamanho da malha de instrumentos monitorados cabe a avaliação de
instalação de instrumentos que enviam seus dados de modo remoto agilizando a
campanha de monitoramento e tratamento dos dados.

Dependendo da avaliação hidrogeológica, seções críticas deverão ser ajustadas ou até


mesmo criadas, para avaliação adequada desta variável.

3.9. MODELO GEOMECÂNICO - CONSTRUÇÃO DAS SEÇÕES DE


ANÁLISE

Vencida as etapas anteriores, é possível iniciar o desenvolvimento do Modelo


Geomecânico.

Este modelo geomecânico pode ser gerado em duas ou três dimensões, a primeira na
forma de seções e a segunda na forma de superfícies. Essas superfícies trarão a
informação do litotipo e da classe geomecânica definindo fronteiras dos domínios
geomecânicos.

Assim, a forma correta de traçar esses domínios consiste em primeiramente traçar os


contatos litológicos e, sobre esses, traçar os contatos geomecânicos, de maneira que os
contatos litológicos sempre sejam respeitados e que dentro do domínio geomecânico
esteja contida uma massa de rocha com parâmetros específicos, por exemplo coesão e
ângulo de atrito.

Esta subdivisão pode ser baseada no sistema RMR, no sistema Q, ou qualquer outro
critério, desde que sua subdivisão agrupe, respeitando o contato litológico, os mesmos
parâmetros geomecânicos.

Além de incluir as subdivisões pelas características geomecânicas, também são


incorporados o posicionamento dos furos de sondagem, os dados hidrogeológicos e o
traçado referente ao contorno da cava proposta.

33
Atualmente, não existe um software único que integre todas essas informações de forma
automatizada, tendo como produto as seções de análise, sendo necessário o conhecimento
de uma séria de softwares.

A primeira etapa, consiste em reunir os dados primários, de descrição e/ou mapeamento


em plataforma de banco de dados, seja ela Excel, Acquire, entre outras.

Após o armazenamento, é preciso transferir essa informação em seções de análise, para


tal produto é necessário tratar esses dados em software tipo Datamine, Vulcan ou
Leapfrog, que irão apresentar os dados de sondagem e mapeamento ordenados
espacialmente, permitindo traças as superfícies de contato.

Em seguida, as seções com as informações geológicas, hidrogeológicas e geomecânicas,


são importadas para ambiente da plataforma CAD, para tratamento e ajuste antes de ser
importada para o software de análise de estabilidade que pode ser Slide, Slope-W, entre
outros.

3.10. DEFINIÇÃO DO MECANISMO DE RUPTURA

Para a definir os mecanismos de ruptura a serem estudados é fundamental o entendimento


cinemático entre o corte do talude, as descontinuidades e anisotropias do maciço rochoso.

O mapeamento e o modelo geológico geotécnico estrutural, fornecerão os dados


necessários referente ao arranjo e estruturação do maciço, enquanto que geometria da
cava proposta é definida pela equipe de planejamento (longo e curo prazo).

A interação dessas duas variáveis indicará quais mecanismos atuarão de modo pertinente
ao longo de cada região da cava, realizando nada mais, nada menos que a avaliação
cinemática mencionada no capítulo 2.4, onde Wyllie e Mah, 2005, apresentam os
principais mecanismos de ruptura de taludes e suas condicionantes estruturais mais
comuns.

34
De posse dos dados de campo, realiza-se um tratamento estatístico em estereograma
avaliando as variações das estruturas.

Nesta avaliação, também são identificadas quais rochas estão com comportamento
isotrópico ou anisotrópico, quais regiões estão condicionadas a uma ruptura paralela ou
obliqua a descontinuidade principal e assim por diante.

Essas variáveis influenciarão na escolha dos ensaios e na escolha do método de análise


mais à frente.

3.11. PLANO DE AMOSTRAGEM E ENSAIOS REALIZADOS

O plano de amostragem tem por finalidade acessar os espécimes geomecânicos mais


representativos do modelo. Ser representativo, neste caso, não significa estar dentro da
média, mas ser relevante para a estabilidade do talude.

Em outras palavras, se um determinado domínio geomecânico for influente na instalação


de uma superfície de ruptura, o ideal é que este domínio seja amostrado e ensaiado.

Os dados, fundamentais para estarem presentes na identificação da amostra são:

 Código de Identificação – sequência de números pré definida para rastreabilidade no


processo de coleta, transporte e ensaio das amostras;

 Coordenada do ponto da coleta – o registro da coordenada é valioso para que haja


rastreabilidade do espécime coletado;

 Litotipo – dado básico para identificação da amostra;

 Classificação Geomecânica – importante durante o processo de identificação e após a


realização do ensaio para análise do comportamento do espécime; e,

35
 Orientação - pode variar de acordo com a superfície de ruptura, sendo por exemplo,
orientado para cisalhar paralelo ou obliquo em relação a foliação.

O acondicionamento das amostras é importantíssimo para a preservação dessas amostras


ao longo do seu transporte, principalmente para as amostras indeformadas.

O processo de amostragem é delicado e requer muita paciência e perícia dos


amostradores.

Existe diversas formas de acondicionamento, a mais conhecida utiliza parafina no entorno


do bloco indeformado para preservação da umidade e estrutura.

Dependendo de como uma amostra foi danificada e de como será desenvolvido o ensaio,
uma amostra pode ser descartada contendo apenas uma trinca, sendo necessário uma
avaliação criteriosa do laboratório para não gerar dados distorcidos.

Na fase de ensaios ocorrem uma série de definições, como:


 Tipo de Ensaio;

 Número de Corpos de Prova (CPs);

 Orientações dos espécimes para cada série;

 Número de séries;

 Determinação das cargas aplicadas (em alguns casos);

 Velocidade do ensaio (em alguns casos);

 Avaliação do laboratório

Após a entrega dos ensaios o realiza-se a avaliação dos resultados quanto a qualidade e
desempenho dos espécimes e a coerência das informações geradas.

36
3.12. DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE ANÁLISE

A fase de definição de parâmetros é uma das mais delicadas e requer um conhecimento


aprofundado dos diferentes espécimes que compõe o maciço rochoso em estudo.

Isto porque quando é realizado o ensaio de um espécime rochoso, seu resultado, ou a


interpretação deste, será extrapolado para todas as regiões maciço de mesma
característica. Obviamente, esta é uma aproximação, a qual são admitidas simplificações
para ser possível gerar modelos e análises.

Outro detalhe importe na avaliação dos parâmetros é que, não raramente, os ensaios
podem produzir resultados incoerentes, em função da amostra ou de imprevistos durante
o ensaio. Esta análise crítica dos dados é fundamental para validação dos dados ou
descarte de valores incoerentes.

Além da avaliação dos parâmetros dos espécimes ensaiados, existe também a necessidade
de aplicar parâmetros em espécimes não ensaiados. Isto porque, nem todos os espécimes
são de fácil amostragem e aplicação de ensaio. Como exemplos desses espécimes são as
rochas brandas, não totalmente friáveis que possa moldar um bloco regular e não
totalmente compactas que possa ser testemunhada e manter sua estrutura indeformada.

Para esses espécimes são necessárias ponderações e aproximações, seja utilizando o


auxílio de softwares como Roclab, seja por meio de ponderações e conhecimentos de
campo. Outra possibilidade é utilizar parâmetros de litotipos que se assemelham, sendo
sempre importante fazer as verificações dessas analogias com as ocorrências em campo.

O planilhamento de todos os resultados obtidos facilita visualizar o conjunto de resultados


para espécimes análogas e definir sua validade ou não.

37
3.13. DEFINIÇÃO DOS MÉTODOS PARA ANÁLISE

Os métodos determinísticos são os que comumente são aplicados para elaboração de


análise de estabilidade de taludes, avaliando o estado de equilíbrio limite.

Este por sua vez permite a determinação do fator de segurança utilizando dados como a
propriedade de resistência ao cisalhamento da rocha e das descontinuidades, a pressão do
poro dentre outras (Aguilera, 2009).

A maioria dos métodos de análises de equilíbrio limite têm em comum a comparação das
forças dos momentos resistentes e os atuantes sobre uma determinada superfície de falha.

A razão entre essas forças define o fator de segurança, que é a resistência ao cisalhamento
disponível (resistentes) dividido pelas tensões cisalhantes atuantes. Se essas forças forem
iguais o fator de segurança é 1 e está na eminência de ruptura.

O método de equilíbrio limite, considera também, que o fator de segurança é igual ao


longo da superfície de falha.

Dentre os métodos existentes, recomenda-se o uso de métodos rigorosos que utilizam um


número de interações de força adequado para determinação do Fator de Segurança.
Métodos menos rigorosos podem implicar, muitas vezes, em Fatores de Segurança mais
baixos que a reais, dada as simplificações assumidas. Na Tabela 3.1, é apresentada a
comparação entre dois métodos, não rigoroso (Bishop Simplificado) e rigoroso
(Morgenstern-Price). Esses dois métodos foram escolhidos durante a geração das análises
de estabilidade, no entanto, apenas os resultados de Morgenstern-Price serão
apresentados. O motivo para gerar as análises em conjunto com o método menos rigoroso
é de fazer uma simples comparação dos resultados.

Definido o método, é preciso definir o tipo de busca que será ela executada pelo software
e também como serão inseridos os parâmetros para as possíveis interações.

38
Tabela 3.1 – Comparação entre métodos não rigorosos e rigorosos.
Método Não Rigoroso Método Rigoroso
Bishop Simplificado Morgenstern-Price
Hipóteses
A resultante das forças entre fatias é Direção das resultantes entre as fatias é
horizontal, ou seja, as forças cisalhantes definida usando uma função arbitrária
entre fatias são nulas. f(x). A parcela de f(x), requerida para
satisfazer o equilíbrio de forças e
momento é calculada.
Superfície de Ruptura/comentários
Circular – n hipóteses sobre o ponto de Qualquer – n hipótese sobre o ponto de
aplicação da força normal e (n-1) sobre o aplicação da força normal e (n-1) sobre a
ponto de aplicação das forças normais magnitude relativa das forças entre fatias.
entre fatias. Fatias de espessuras infinitesimal.
O equilíbrio de momento da última fatia
não é calculado.
O Fator de segurança é determinado pelo
equilíbrio de momentos.

3.14. ANÁLISE DE ESTABILIDADE e VERIFICAÇÃO DE HIPÓTESES e


RESULTADOS

Neste parte, foram unidas duas etapas que ocorrem quase que concomitantes, pois a
análise de estabilidade corresponde ao teste de uma hipótese que dependendo do resultado
pode gerar uma nova hipótese e assim sucessivamente.

Apesar de estar singularizada, a etapa de análise de estabilidade, corresponde, na verdade,


a uma série de análises que buscam a superfície mais crítica e de menor fator de
segurança.

Para a geração dessas análises são realizadas variações hipóteses.

Uma das formas de organizar as análises é elaborando códigos que correspondem a uma
variável da hipótese, por exemplo: A – ruptura global; B-ruptura de bancada; C- nível
d´água não rebaixado; D – nível d´água não rebaixado, etc. A medida que essas hipóteses

39
vão se combinando são montados os códigos, como análise AC, que significaria que a
análise apresentada é de talude em escala global com nível d´água não drenado.

As hipóteses podem variar de caso a caso de acordo com a complexidade do estudo,


podendo ser relacionados os seguintes exemplos de variações:

 Análise de ruptura Global x Análise de Ruptura Setorizada (bancada);

 Análise em Talude com nível d´água ou piezométrico NÃO rebaixado x Rebaixado;

 Busca por Superfície Circular x Superfície Plano-Circular;

De acordo com cada hipótese podem variar também o modo como as forças serão
aplicadas na análise. Em softwares como Slide 6.0 (da Rocsinece), essa escolha é definida
nas propriedades do material, denominada Stregth Type.

Ainda utilizando o software Slide 6.0 como exemplo, existem 18 diferentes Strength
Types que podem ser escolhidos conforme o tipo de ruptura a ser analisa e os dados e
parâmetros disponíveis.

Exemplificando, existe Stregth Type, para aplicação de parâmetros em materiais, por de


Mohr-Coulomb (3.2), de comportamento anisotrópico linear:

𝑠 = 𝑐´ + (𝜎𝑛 − u) tan 𝜑´ (3.2)

Ou para materiais de comportamento exponencial ao cisalhamento, como Hoek-Brown,


(Equação 3.3):

𝜎`3 𝑎
𝜎`1 = 𝜎´3 + 𝜎𝑐𝑖 (𝑚𝑏
𝜎𝑐𝑖
+ s) (3.3)

Ou ainda diferenciando os parâmetros de um mesmo material de acordo com a inclinação


da lamela, como por exemplo o Anisotropic Stregth Function, Anisotropic Linear
Strength e Generalized Anisotropic Stregth.

40
A Anisotropic Stregth Function (Resistência da Função Anisotrópica), permite definir
intervalos de inclinação, referente a base da lamela, e determinar parâmetros de coesão e
ângulo de atrito (Mohr-Coulomb) distintos para cada intervalo de inclinação.

A Generalized Anisotropic Stregth (Resitência Anisotropica Generalizada), funciona


análogo ao Anisotropic Strength Function, porém permite aplicar parâmetros de Mohr-
Coulomb, Hoek-Brown, Barton-Bandis, entre outros, para um mesmo material em
diferentes inclinações da base da lamela.

A Anisotropic Linear Stregth (Resistência Anisotrópica Linear), permite definir


parâmetros de coesão e ângulo de atrito em duas direções, sendo, a direção A, composta
por coesão 1 e ângulo de atrito 1, referente a direção de menor resistência e B, composta
por coesão 2 e ângulo de atrito 2, referente a direção de maior resistência.

Entre esses dois parâmetros fixos, aplica-se uma função de transição linear.

O coeficiente t, demostrado na equação 3.4, é que define quais parâmetros deverão ser
utilizados e quando a função de transição se aplica, conforme Tabela 3.2:

||𝛼||−𝐴
𝑡=
𝐵−𝐴
(3.4)
, onde α é o ângulo da base da lamela com a horizontal.

Tabela 3.2 – Tabela de regra para variação de parâmetros no uso da Anisotropic Linear
Stregth.
Quando Aplica-se
c = c1
t≤0
tan ɸ = tan ɸ1
c = c1(1 – t) + c2t
0 < t< 1t
tan ɸ = tan ɸ1 (1 – t) + tan ɸ2t
c = c2
t≥1
tan ɸ = tan ɸ2

41
Além dessas variáveis existem outros recursos disponibilizados no Slide 6, por exemplo,
que podem ser utilizados para a busca do plano de ruptura de menor fator de segurança,
são eles:
 Grid Search: define o posicionamento da malha de pontos de onde partirá o centro da
superfície de ruptura. Aplicado para rupturas circulares;

 Slope Search: utilizado também para rupturas circulares, este método de busca
permite ao software fazer uma busca sem a necessidade de um grid pré-estabelecido.

 Block Search: utilizado em rupturas não planares, este método de busca necessita da
indicação na forma de um ou mais blocos por onde ela deva passar, indicando-se
também os intervalos do ângulo de entrada e saída da superfície de ruptura.

 Block Search Polyline: é uma variação do Block Search, no formato de linha, forçando
a superfície de ruptura passar por ela.

Além desses métodos de busca, o Slide 6, oferece uma função de otimização das
superfícies (optimize surfaces) que consiste basicamente em realizar interações para obter
um maior refinamento do resultado. Essa função só é habilitada para superfícies não
circulares.

3.15. CONCLUSÕES / CONSIDERAÇÕES / RECOMENDAÇÕES

Nesta etapa são realizadas as compilações dos resultados refletindo em considerações


relevantes para a estabilidade e as respectivas recomendações.

Nesta etapa é fundamental utilizar de objetividade e clareza nas considerações e


recomendações, tomando o cuidado de expressar de modo que a interface compreenda a
informação.

Certamente, este capítulo da análise é o que será mais consultado pelas áreas parceiras,
principalmente a área de planejamento.

42
CAPÍTULO 4
RESULTADOS

Neste capítulo a metodologia apresentada será aplicada para o estudo de estabilidade de


taludes da cava do Step 2 Sul da Mina da Serra do Sapo localizada no município de
Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais, porção Meridional da Serra do Espinhaço.

Esta mina pertence a empresa Anglo American, que cedeu os dados para elaboração da
presente dissertação.

4.1. ENTENDIMENTO DO MECANISMO – HISTÓRICO LOCAL

A área de estudo teve sua pesquisa iniciada em agosto de 2006, pela empresa MMX
Mineração e Metálicos, quando foi executado o primeiro furo de sondagem exploratório.
A partir daí, centenas de outros furos de sondagem foram executados, revendo a
viabilidade do projeto de explotação de minério de ferro em itabirito, vindo a ser adquirida
pela Anglo American em agosto de 2008.

Como relatado no Capítulo 1, devido as dificuldades de licenciamento, optou-se por


dividir a cava em etapas, internamente na empresa denominado Steps. Apesar desta
subdivisão a sequência geoestrutural é contínua ao longo de toda a serra, como observado
por Rolim et. al. (2006).

A aplicação desta metodologia se dá na fase imediatamente anterior a abertura da lavra


do Step 2, porém na região do Step 1, cava posicionada imediatamente a Norte (Figura
1.1) uma serie de ensaios e ocorrências de rupturas em rochas análogas ao Step 2, poderão
ser utilizadas na fase inicial de estudo para entendimento do mecanismo.

43
4.1.1. Estudo das características geomecânicas na cava step 1

No contexto estrutural regional, como mencionado no Capítulo 2, subitem 2.2, as rochas


dessa região, foram submetidas a um sistema de empurrão de escala regional, no
movimento de placas, orientadas com mergulho para leste.

A foliação penetrativa, em todas as variedades de rocha, impõe-se como uma estrutura


soberana às demais, este controle está traduzido no relevo da Serra do Sapo (4.1).

Imagem da Serra do Sapo, com rampa de


Foto da face do talude com mergulho para Leste
vergência para Leste

Figura 4.1 - Demonstração em diferentes escalas da foliação de mergulho para Leste


evidenciado no relevo da Serra do Sapo e no banco da cava (foto da esquerda de Google,
2017).

Os estudos realizados para o Step 1, antes de sua abertura, levaram em consideração dois
mecanismos de ruptura distintos.

O primeiro, instalado no domínio favorável ao mergulho da foliação, na face oeste da


cava, com rupturas plano-circulares, sendo iniciada do topo com o desenvolvimento de
trincas, obliqua a foliação, evoluindo para uma direção e mergulho paralelo à foliação até
a saída na base do talude novamente obliqua a foliação (Figura 4.2a).

O segundo mecanismo refere-se à face leste da cava, com uma ruptura circular totalmente
obliqua a foliação (Figura 4.2b).

44
a) Modelo de Ruptura típico para o Talude Oeste b) Modelo de Ruptura típico para o Talude Leste

Superfície de ruptura plano-circular

Trinca de tração
Superfície de ruptura
circular
Setor da ruptura predominantemente
paralelo a descontinuidade
Ruptura circular oblíqua a
descontinuidade
Setor da ruptura obliquo a
descontinuidade.

Descontinuidades Descontinuidades

Figura 4.2 - Modelos de Rupturas potenciais da Mina.

Ao final do estudo de estabilidade da cava do Step 1, a cava foi subdividida em três setores
(Oeste acima do nível 865, Oeste abaixo no nível 865 e Leste), e aplicados e para cada
um definida uma geometria, especificando o ângulo inter-rampa, o ângulo de face e a
largura de berma, sob uma altura de banco máximo, pré-estabelecido pelo planejamento
de mina (Tabela 4.1).

A variação da geometria em função do nível 865 para o talude Oeste, se deve às


indicações do modelo geológico e geomecânico, da época, para uma sutil melhora das
condições do maciço a partir deste nível.

Tabela 4.1 - Geometria definida para os taludes de cava.


Talude Oeste (acima do nível 865)
Ângulo Inter-rampa ângulo 27
Ângulo de Face ângulo 35
Largura de Berma metros 8
Talude Oeste (abaixo do nível 865)
Ângulo Inter-rampa ângulo 28
Ângulo de Face ângulo 40
Largura de Berma metros 10
Talude Leste
Ângulo Inter-rampa ângulo 36
Ângulo de Face ângulo 50
Largura de Berma metros 8
Altura de todos os bancos metros 15

45
Com as restrições ambientais e a limitação de operação ao Step 1, a lavra precisou realizar
o aprofundamento rápido da cava, antecipando o cenário de aproximação de litotipos
como Filitos, Quartzo Sericita Xistos, Quartzitos Sericíticos, Filitos, Filonitos e Filitos
Grafitosos, com alto grau de alteração, das faces dos bancos do talude oeste (Figura 4.3)
antes do planejado em projeto inicialmente.

Figura 4.3 - Representação da seção 7909070, com aproximação do estéril alterado à face
do talude Oeste. IT – Itabirito; MCG - Metaconglomerado.

Após o início da estação das chuvas de 2016, e com a cava a uma profundidade de 120
m, foram identificados dois mecanismos distintos no talude oeste.

O primeiro de escala métrica, com movimentação de blocos e ruptura de bermas com


superfícies de ruptura rasas. Este mecanismo foi associado ao fato do ângulo da face do
banco (35° e 40°) ser maior que o mergulho médio da foliação (28-27°) de modo que
rupturas de face eram esperadas, principalmente nos períodos de intensa chuva.

Esta dinâmica fica evidente quando observado a saturação de lentes argilosas (níveis de
xistos), dentro do pacote de itabirito (Figura 4.4).

46
Figura 4.4 - Níveis de xisto abaixo do Itabirito na condição compacta.

O segundo mecanismo, de escala milimétrica a centimétricas foi percebido apenas por


prismas sem indícios de trincas ou qualquer indício nos bancos (Figura 4.5).

Figura 4.5 - Gráfico de prismas e eventos de precipitação e desmonte.

Estes deslocamentos milimétricos foram relacionados a eventos chuvosos e desmontes


associados a aproximação das camadas alteradas de filitos, xistos e quartzitos sericíticos.

47
Em planta, observa-se que o movimento dos prismas ocorreu em uma determinada região,
onde foram paralisadas as atividades de lavra e ampliado a rede de monitoramento por
prismas (Figura 4.6).

Figura 4.6 - Visualização em planta da área interditada no Step 1.

O refinamento dos dados indicou que dentro da área interditada ocorria o afloramento do
contato entre a Formação Ferrífera Bandada e a sequência de metassedimentos alterados
e cisalhados, denominados como Zona de Cisalhamento Alterada (ZCA). Na seção onde
foi indicada a maior taxa de movimentação aflora o Quartzo-Sericita-Xisto em grau de
alteração elevado e resistência muito baixa (Figura 4.7).

Para investigação do comportamento da poropressão no itabirito e na face do talude,


foram instalados piezômetros tipo casa grande, pois os filitos e quartzitos sericíticos agem
como barreira hidráulica podendo pressurizar a base do itabirito (Filho, 2016).

48
Figura 4.7 - Detalhe da exposição do quartzito sericítico na face do talude (material
branco) circundado pela linha vermelha.

Figura 4.8 - Estereograma dos polos da foliação (Magalhães, 2016).

Os dados de foliação mostraram-se bastante regulares com atitude máxima de 087°/30°


(azimute do mergulho/mergulho). O estereograma da Figura , evidencia esse
comportamento com os dados coletados na região.

49
As sondagens e instrumentações de detalhamento possibilitaram definir e caracterizar os
contatos e as rochas que compõe a ZCA (Figura 4.9) e assim direcionar as campanhas de
amostragem, os ensaios de laboratório.
Com os ensaios foram definidos os parâmetros de resistência para cada litotipo e gerar as
análises de estabilidade.

Figura 4.9 - Detalhamento da ZCA (Zona de Cisalhamento Alterada). IT-V (Itabirito


Classe V), MCG (Metaconglomerado) e Quartzito Sericítico IV (moderadamente
alterado).

As análises de estabilidade demostraram que a geometria aplicada até o momento


implicava um Fator de Segurança (FS) de 1,22 nos bancos existentes.

Além disso, foi simulando a continuidade da geometria definida (Tabela 4.1) para quatro
bancos abaixo do fundo de cava da época demonstrando que o FS seria ainda menor.
Deste modo concluiu-se que a geometria proposta não é estável quando considerado o
sequenciamento de bancos com a parede do talude próxima a Zona de Cisalhamento
Alteradas.

Como soluções propostas podemos destacar três alternativas, sendo as duas primeiras
reativas e a última preventiva:

50
 Modificação da geometria dos bancos abaixo de um determinado nível – altera-se a
geometria a partir de um determinado nível (ex.: nível 800m), mantendo a geometria
implantada nos níveis superiores (ex.: acima do nível 800m. Esta medida, mantém o
F.S., dos bancos superiores ao nível modificado e aumenta o F.S. do talude global,
sob a consequência de impedir a retomada total do minério do nível determinado para
baixo.
 Pushback do material estéril de melhor qualidade – esta medida implica em buscar o
material estéril de melhor qualidade (não alterado) para compor a parede do talude. A
consequência dessa medida está em elevar a relação estéril/minério.
 Modificar a geometria global – esta ação agiria de modo preventivo, adequando a
geometria global do topo ao fundo da cava, buscando o melhor equilíbrio na relação
estéril/minério e a estabilidade de talude.

4.2. MAPEAMENTO GEOLÓGICO GEOTÉCNICO e ESTRUTURAL

O Mapeamento Geológico Geotécnico e Estrutural iniciou com entendimento


estratigráfico e estrutural regional da área, como descrito no Capítulo 2 desta dissertação,
além disso oram realizado o refinamento de interpretação de lineamentos estruturais por
auxílio de imagens aéreas e correlacionadas aos dados de mapeamento de campo.

Os dados de mapeamento geológico e estrutural são originados do banco de dados de


mapeamentos realizados ao longo dos anos pelas áreas de geologia e geotecnia da
empresa no site, além de um trabalho específico desenvolvido para a cava do Step 1, que
está próxima à área de estudo.

Especificamente na área onde será instalado a cava do Step 2 Sul, ocorre predomínio de
cobertura laterítica no topo e coluvionar na base, havendo alguns poucos afloramentos,
deste modo, grande parte das interpretações feitas nesta foram realizadas com base na
área vizinha, Step 1.

A Serra do Sapo é delimita a Oeste e Leste por duas falhas de empurrão de escala regional.
A primeira, a Oeste, marca o cavalgamento da sequência metavulcano-sedimentares sobre
a Suíte Meta-ígnea Conceição do Mato Dentro composta por metariolítos, metariodacitos

51
e metamicrogranitos e a leste corresponde ao sistema de empurrão do complexo basal
composta por granitos e gnaisses milonitizados (Zacchi, 2010).

Com auxílio de imagens de satélites é possível identificar grandes lineamentos (Figura


4.10) que podem estar associados a sistemas de fraturamentos ou empurrões como
indícios de diferenciação de transporte, resultando em falhas transcorrentes (Figura 4.11).

Figura 4.10 - Lineamento interpretados a partir da imagem e das curvas de nível


primitivas.

52
Figura 4.11 - Representação da relação do sistema de empurrão com a geração de
lineamentos transcorrentes, borda de falhamentos, podendo evoluir para rasgamentos
devido à diferença de progressão entre blocos (modificado de Magalhães, 2016).

No trabalho de mapeamento geológico-geotécnico e estrutural para o Step 1 e 2 foram


coletados os seguintes parâmetros:

 Litologia;

 Tipo de estrutura (foliação, lineações, juntas etc.);

 Grau de Resistência;

 Grau de Alteração;

 Grau de Fraturamento;

 Caracterização das Descontinuidades quanto: Atitude, Abertura, Persistência,


Alteração das Paredes; e Preenchimento.

A análise estatística da foliação, extraída de mapeamento de campo, (Figura 4.8)


corrobora com as expectativas das análises regionais, indicando uma foliação
predominante para leste, na atitude máxima de 87°/30° (azimute/mergulho), com
variações da ordem de ±10° para o azimute e para o mergulho, considerando a faixa de
maior concentração.

53
Estes dados também são correlacionáveis a dobramentos abertos ao longo da direção da
foliação e a dobramentos isoclinais com vergência para Leste.

A análise das lineações indicam a direção Leste-Oeste, bem definida, com atitude 95°/29°
(azimute/caimento), com uma variação de ±10° para o azimute e para o caimento,
indicando a direção de maior tensão cisalhante e de transporte de massas (Figura 4.12).

Analisando as juntas, observa-se a ocorrência de quatro famílias, como apontado por


Magalhães, 2016. Estas famílias estão representadas na Figura 4.13 em estereograma.

Figura 4.12 - Estereograma de lineações (Magalhães, 2016).

54
Figura 4.13 - Estereograma dos polos das famílias de juntas (Magalhães, 2016).

 Fratura 01 (Fr1 – 180°/89°): caracteriza-se como a família mais frequente;

 Fratura 02 e 04 (Fr2 – 232°/76° e Fr4 – 309°/82°): oblíquas ao rumo de mergulho da


foliação e à lineação; e

 Fratura 03 (Fr3 - 268°/76°): está sub-ortogonal ao rumo do mergulho da foliação.

Estas configurações geométricas evidenciam que as famílias de juntas apresentam uma


forte relação genética com a foliação e a lineação, sendo geradas posteriormente a estas.
Apresentam, como características gerais, paredes lisas a ásperas, sem preenchimentos e
com persistências variando de métricas a decamétricas.

O resultado do mapeamento geológico estrutural pode ser observado no mapa no Anexo


I, fruto da compilação de diversos mapeamentos realizados ao longo do desenvolvimento
do empreendimento e após a abertura da cava do Step 1.

55
4.3. ESTUDO DA CAVA PROPOSTA e SELEÇÃ DAS SEÇÕES CRÍTICAS

A cava que aplicada neste estudo, foi desenhada em Fevereiro de 2017, utilizando as
premissas geométricas do Step 1, as mesmas já citadas na Tabela 4.1.

A partir do desenho da cava foram traçadas as seções críticas de estudo de estabilidade


para o estudo de análise de estabilidade.

A definição das seções críticas seguiu as seguintes premissas:

 Pelo menos uma das seções deverá cortar ortogonalmente o maior talude possível da
cava – como observado na cava do Step 1, o fator, altura de talude e sequenciamento
de bancos em material friável, pode desencadear uma instabilidade, além de
possibilitar maiores variações litológicas ao longo da parede do talude;

 Caso seja identificada uma feição estrutural de relevância à estabilidade da cava ou


um litotipo que demonstre uma baixa resistência, estes devem ser interceptados por
ao menos uma seção;

 A região de maior valor potenciométrico tanto para aquífero livre quanto para
aquífero cristalino deverão ser analisados – a aproximação da parede do talude com o
nível potenciométrico ou freático, pode desencadear um processo de instabilidade,
ainda com presença de superfícies argilosas como às identificadas no Step 1 (Zona de
Cisalhamento Alterada).

Com base nesses critérios foram traçadas quatro Seções que serão apresentadas no item
3.9.

4.4. MODELO GEOLÓGICO

Na Mina do Sapo, o modelo geológico é desenvolvido integralmente pela equipe de


geólogos de mina, e o modelo utilizado foi desenvolvido com os dados coletados até o
final do ano de 2016.

56
Devido a restrições de acesso no período que antecederam a esse estudo, poucos
detalhamentos foram feitos na região do Step 2 Sul. Assim, logo que obtida a licença de
operação da área, iniciaram-se os estudos de investigação para o refinamento das
informações.

Seção 02 – Após as Investigações

Figura 4.14 – Modificação do modelo geológico antes e depois da campanha de


investigação. Desenvolvimento de furos de circulação reversa (rasos) e furos diamantados
(profundos).

57
Os dados existentes antes da licença possuíam um intervalo de pouca ou nenhuma
informação no local que será instalada a cava (Figura 4.14). O adensamento da malha de
sondagem foi orientado pela Geotecnia com base na cava da época, indicando os
principais locais a serem sondados.

4.5. PLANO DE SONDAGEM E INSTRUMENTAÇÃO

Com a avaliação do Modelo Geológico foram evidenciadas carências de informações e


propostas novas sondagens para melhorar o adensamento dessas informações.

Antes do ano de 2016 na área de estudo e proximidades haviam 144 furos de sondagem,
no entanto a maioria desses furos ou estavam a margem da área de estudo ou não
possuíam profundidade suficiente para obtenção das informações necessárias.

Foram realizadas, em 2016, mais 51 sondagens, direcionadas ao levantamento das


informações identificados. Essa análise também levou em consideração a cava oficial do
momento.

Dessas sondagens, 21 foram convertidos em instrumentos, dos quais 09 são piezômetro


tipo casa grande (PZ), 11 são medidores de nível d´água, também conhecido como
indicador de nível d´água (INA) e 01 é piezômetro do tipo corda vibrante.

Além disso, 02 piezômetros apresentam artesianismo jorrante e ambos estão com as


câmaras posicionadas no Itabirito na condição compacta.

As leituras desses instrumentos foram fundamentais na elaboração do mapa


potenciométrico (Anexo I).

Abaixo, segue tabela com dados dos PZs (Tabela 4.2) e INAs (Tabela 4.3).

58
Tabela 4.2 – Dados Hidrogeológicos dos PZs.
camara camara Última
Instrumento Furo Profundidade Litologia Câmara
de até medicao
PZ609 SEFDSP 609 BQQ 156.70 90.00 210.00 Itabirito Compacto 761.32
PZ0515 SEFDSP 645 DD36 196.65 186.00 200.00 Itabirito CompactoSemi-CompactoFriável 748.52
PZ1015 SEFDSP 664 DD45 210 167 210 Itabirito Friável 796.80
PZ1116 SEFDSP 673 AMN 171 140 145 Itabirito Compacto 754.07
PZ1216 SEFDSP 674 ER 124 109 126 Itabirito Friável XistosoItabirito Friável 749.66
PZ1316 SEFDSP 675 RU 110 92 110 Quartzito Friável 749.51
PZ1516 A SEFGSP 023 210 155 168 Itabirito Semi-CompactoItabirito Friável 754.60
PZ1516 B SEFGSP 023 210 180 210 Itabirito Compacto 754.60
PZ1616 SEFGSP 024 77 52 78 Quartzto MetaconglomeradoCompactos 814.90
PZ 2016 SEFDSP 680 175 145 176 Itabirito Friável 753.59
PZ 2216 SEFGSP 032 251 226.5 252 Itabirito CompactoFilito 771.76
PZ 2416 SEFGSP 034 204 190 205 Itabirito Compacto >815,73
PZ 2816 SEFDSP 694 100 40 100 Itabirito Compacto >819,19

Tabela 4.3 – Dados Hidrogeológicos dos INAs

camara camara Última


Instrumento Furo Profundidade
de até medicao
INA0915 SEFDSP 657 RS 185.00 36.50 185.00 802.11
INA1416 SEFDSP 676 BRP 160.00 3.00 240.00 794.49
INA 2316 SEFGSP 033 90 10 90 752.92
INA 2916 SEFGSP 037 51 4 52 796.04
INA 3016 SEFDSP 695 103 4 104 846.27
INA 3116 SEFDSP 697 110 4 111 787.50
INA 3216 SEFDSP 708 44 4 45 seco
INA 3316 SEFDSP 721 DD52 99.35 3 100.35 859.89
INA 3416 SEFGSP 038 110 4 170.2 750.70
INA 3516 SEFGSP 042 69 3 70 754.65
INA 3616 SEFGSP 043 110 3 105 754.04

4.6. DESCRIÇÃO GEOLÓGICA GEOTÉCNICA DOS TESTEMUNHOS DE


SONDAGEM

Como descrito no item 4.2, a existência de afloramentos na área de estudo é escassa,


sendo os furos de sondagem a principal fonte de informação para modelamento
geomecânico.

59
Para isto, foram utilizados furos de sondagem executados na fase de exploração,
complementado com furos atuais, sendo alguns específicos para o melhor recobrimento
da área.

O tipo de sondagem utilizada é a diamantada, com testemunhos de diâmetro HW (≈ 76


mm) em sua maior parte, podendo ocorrer reduções para NW (≈ 54 mm).

Neste estudo foram utilizadas um total de 17 furos de sonda diretos (3444,7 metros de
sondagem) e 733 sondagens indiretas, estas últimas incluem sondagens além dos limites
da área de estudo, as quais foram utilizadas na análise estatística de parâmetros e na
definição das classes geomecânicas.

O método de descrição aplicado pela Anglo American, contempla dados referente ao


método de Rock Mass Rating de Bieniawski e ao método Q-System de Barton.

4.7. AVALIAÇÃO HIDROGEOLÓGICA

Ao longo do desenvolvimento das sondagens diamantadas e as descrições,


gradativamente foram sendo identificados dois domínios hidrogeológicos distintos, um
governado por rochas muito brandas a brandas e o segundo governado por rochas
mediamente resistentes a resistentes. O domínio das rochas muito brandas a brandas
posicionadas no talude Oeste, em geral configura um aquífero único livre, concentrando
seu fluxo nos Itabiritos friáveis em meio poroso.

Este mesmo domínio no talude Leste, quando sobreposto pelo Complexo Basal,
apresentam artesianismos e em alguns casos jorrante.

O domínio das rochas mediamente resistentes a resistentes configuram aquíferos


cristalinos, concentrado nos planos de descontinuidades abertas (Figura 4.15).

60
Figura 4.15 - Testemunho do furo SEFGSP041, entre as profundidades 86.35 e 91.75 m,
com fraturamento aberto com indícios de alteração das paredes por percolação de água.

O mapeamento estrutural indica que os principais planos são ao longo da foliação (89/30)
e secundariamente ocorrem planos transversais, 180/89, que possuem forte ligação com
lineamentos leste/oeste observados nas imagens de satélite e interpretadas pelo arranjo
topográfico.

Além desses, também foram identificados planos com atitude e mergulho de 232/76,
309/82 e 268/76. O modelo esquemático abaixo (Figura 4.16) tenta representar esses
planos interceptando a foliação e demostrando de forma esquemática o comportamento
do aquífero em meio fraturado.

Suspeita-se que esses planos de fraturamento subvertical transversal, esteja associado a


condição de rejeito entre pulsos de empurrão, como demostrado da Figura 4.11, podendo
atingir grandes persistências e assim influenciar não só o abastecimento e
desabastecimento do aquífero cristalino, como também, na evolução do manto
intempérico.

61
Figura 4.16 - Modelo esquemático do aquífero em meio fraturado demostrando a
interação entre o plano de foliação e o sistema de fraturas.

Em uma análise sobre o perfil intempérico devido a diferenciação do grau de alteração


dos Itabiritos (friável, semi-friável e compacto) é possível observar uma variação lateral
brusca, próximo do limite do Step 1 com o Step 2 (Figura 4.17). Enquanto no Step 1 a
espessura de Itabirito friável chega a 80 metros atingindo o nível 700 m, no Step 2, esta
mesma rocha possui entre 30 e 50 metros de espessura até o nível 800.

Em seção de direção Norte-Sul do Modelo de blocos Geológico, é possível visualizar o


contato do Itabirito semi-friável com o Itabirito compacto. Projetando o plano deste
contato com até a superfície observa-se que este coincide com um dos lineamentos
transversais interpretados com imagens e mapas topográficos que remetem ao movimento
de empurrão transcorrente.

62
Figura 4.17 - Modelo geológico de blocos, corte norte sul.

A linha tracejada vermelha mais a norte, da Figura 4.17, coincide também com inflexão
das linhas potenciométricas apresentadas no mapa potenciométrico referente aos INAs
(Anexo 3).

4.8. MODELO GEOMECÂNICO – CONSTRUÇÃO DAS SEÇÕES DE


ANÁLISE.

Nesta dissertação foi elaborado o modelo geomecânico bidimensional, considerando as


seções críticas selecionadas.

Abaixo serão pontuados os dados utilizados na construção das seções e o modo de


construção delas.

4.8.1. Sondagens

Os dados de sondagem utilizados aqui, datam de até novembro de 2016. Foram


estabelecidas 3 malhas de sondagem na fase exploratória, malhas 200 x 200, 100 x 100.

Muitas das vezes essa malha não é obedecida, devido a irregularidades topográficas,
restrições ambientais ou impedimentos dos proprietários da terra, porém, essa malha foi
elaborada e seguida como premissa para a execução das sondagens.

Para elaboração das seções foram utilizados furos que se distanciavam até 50 m
lateralmente para utilização de suas informações como guia dos contatos geológico e

63
geomecânicos. Deste modo foram utilizados um total de 20 furos de sondagem (Tabela
4.4), totalizando 3.462,60 m de sondagem. A essas sondagens acompanham descrições
geológicas e geotécnicas que possibilitam a subdivisão dos domínios geomecânicos.

Tabela 4.4 - Relação de sondagens utilizadas diretamente no modelamento das seções.


Relação das Sondagens Utilizadas na Modelagem das Seções
Profundidade Coord. Finalizada
Seção Sondagem
(m) E N Z
SEFDSP597 97,50 665238,69 7908459,18 966,29
SEFDSP123 168,80 665394,33 7908591,52 922,88
SEFDSP608 165,45 665533,65 7908649,62 860,00
Seção 01
SEFDSP696 225,70 665595,78 7908711,31 836,90
SEFDSP605 115,20 665293,31 7908500,23 954,95
SEFDSP598 112,35 665257,37 7908547,67 950,87
SEFDSP700 140,30 665397,91 7908503,03 916,73
Seção 02 SEFDSP695 185,15 665592,91 7908602,97 840,29
SEFDSP697 220,00 665705,970 7908604,795 813,99
SEFDSP683 190,15 665303,78 7908305,74 951,63
SEFDSP692 127,45 665492,96 7908362,64 859,81
Seção 03 SEFDSP052 222,00 665598,91 7908400,85 841,00
SEFDSP694 205,75 665699,57 7908409,27 819,21
SEFDSP446 73,30 665777,19 7908398,58 820,27
SEFDSP687 187,65 665495,598 7908005,753 946,82
SEFDSP113 180,65 665606,67 7907996,89 891,87
SEFDSP688 300,15 665606,93 7908096,67 908,15
Seção 04
SEFDSP443 269,15 665707,18 7908199,69 882,46
SEFDSP689 256,90 665800,30 7908306,81 834,68
SEFDSP003 275,90 665905,42 7908400,82 796,22

4.8.2. Modelo geológico

O Modelo geológico utilizado neste estudo foi desenvolvido pela equipe de geologia com
bases nos furos e mapeamento geológicos com data de até dezembro de 2016. Este
modelo, apresenta os contatos geológicos na forma de modelo de blocos, onde cada bloco
possui no máximo quinze m de altura por 25 m de comprimento e largura.

Os dados contidos nesses blocos são referentes aos resultados de descrição de


testemunhos de sondagem conferidos ou corrigidos após análises químicas. Apenas os
testemunhos de sondagem que possuem minério e o estéril cinco m acima e abaixo de um
intervalo de minério são amostrados e analisados.

64
4.8.3. Caracterização do maciço geomecânico

No caso deste estudo, a classificação geomecânica dos maciços foram utilizadas para
compartimentar diferentes domínios que, segundo observações de campo, análise do
banco de dados, variam com relação à resistência do material.

Em campo, observa-se um comportamento similar dos maciços que possuem resistências


a compressão uniaxial da ordem entre R0 e R1 e outro entre R4 e R5. Esses portanto,
podendo ser agrupados, pois suas características geomecânicas pouco se diferenciam.

Outra evidência forte, desta correlação, foi evidenciada após análise estatística dos dados
de todas as sondagens existente em BVP, 2015. Onde é clara a correlação entre Itabiritos
friáveis e graus de resistência baixo, Itabiritos semi-friáveis com grau de resistência
intermediários (R2 e R3) e Itabiritos compactos com grau de resistência elevados (R4 e
R5), na sua predominância.

A correlação da resistência com a classe também é muito forte, ou seja, variando a


resistência dessas rochas os demais parâmetros, em geral, acompanham, orientando para
a classe, por exemplo: em rochas de resistência mais baixa predomina a classe V,
enquanto que em rochas mais resistentes predomina a classe I e II do RMR de Bieniawski.

Assim, a classificação do maciço ficou condicionada ao parâmetro de resistência, que foi


detalhado ao longo do furo de sondagem em prancheta e em seguida transcrito na forma
de linhas para o Studio 3, mesma base do modelo geológico.

A tabela 4.5, apresenta a correlação utilizada para determinação das superfícies da


classificação geomecânica, referente à classificação de resistência proposta por ISRM,
1981.

Esta correlação só foi possível, pois as características do maciço possibilitaram essa


simplificação. Em outros maciços é fundamental que seja realizada uma análise crítica
dos dados e aplicado a divisão de domínios que se adeque melhor, pois os riscos está entre

65
inviabilizar o modelamento ou simplificar o modelo ao ponto de não detalhar uma feição
crítica para o maciço.

Tabela 4.5 – Classificação pela resistência do método indicado por ISRM, 1981.
Valor de “R” Classificação de Resistência
Muito Brando R0-R1
Brando R2
Mediamente Resistente R3
Resistente R4-R5

4.8.4. Nível d`água subterrâneo

Os dados hidrogeológicos, correspondem às leituras realizadas até Janeiro de 2017. Esses


instrumentos são programados em função da geometria da cava, principalmente em
referência ao ponto mais baixo da cava proposta e em função de um monitoramento das
poropressões que possam ocorrer nas paredes da futura cava.

Com esses dados foram gerados dois mapas (Anexo I) referentes ao nível d`água em
aquífero livre e outro em aquífero confinado, sendo o primeiro relacionado ao meio
friável e o segundo ao meio compacto, ou cristalino.

Com auxílio desses mapas foram traçados em prancheta, os níveis piezométricos dos dois
aquíferos (livre e confinado) e em seguida incorporado ao software Studio 3, da mesma
forma que os dados de classificação geomecânica.

4.8.5. Mapeamento superficial

O mapeamento geológico-geotécnico é realizado de forma sistemática na área de mina,


nos taludes finalizados, ou seja, após seu retaludamento, devido as condições de
segurança. As áreas que ainda não foram lavradas também são mapeadas, no entanto, as
grandes ocorrências de canga sobre a área alvo e a vegetação densa tornam raras as
ocorrências de afloramentos para um levantamento de detalhe.

66
Essa informação contribui com o refinamento, interpretação e checagem de alguns dados
evidenciados em sondagem, como sequenciamento estratigráfico, lineamentos e zonas de
falhas e fraturamentos.

4.8.6. Geometria de cava proposta

A geometria de cava proposta utilizada como ponto de partida das análises foi
disponibilizada em Abril de 2017, devido a revisões estratégicas do plano, essa cava
sofreu grandes modificações desde o ano de 2016 até o momento. Deste modo, tomou-se
a decisão de aguardar ao máximo a geração da cava que se aproximasse ao máximo da
cava a ser aplicada, conforme diretriz da Tabela 4.1.

4.8.7. Apresentação das seções

Após a compilação de todos os dados no software Studio 3, os dados precisam ser


migrados para a uma base de extensão dwg ou dxf, para tal foi utilizado o software
AutoCAD, versão 2016, para garantir a importação adequada da seção ao software de
análise de estabilidade.

Durante esse tratamento, foi necessário, girar a seção de análise de modo a garantir que
esta estivesse perpendicular à vista escolhida.

Após os ajustes necessário, é preciso modificar o nome dos layers das linhas de contorno
da seção e dos contatos dos materiais, respectivamente External e Material, para
reconhecimento do software de análise de estabilidade, Slide 6.0 da Rocsience.

67
 Seção 01

Com direção N58E, com coordenadas de extremidade 665013; 7908332 e 665777;


7908809. Está posicionada na porção norte da área de estudo. Nesta região, o talude geral
possui 165 m de altura, considerando a crista e o fundo da cava, compreendido por 12
bancos interceptando duas rampas de acesso ao fundo da cava (Figura 4.19).
O plano de lavra proposto, sugere que a parede da cava fique, neste setor, exclusivamente
em material compacto, havendo uma pequena ocorrência de lente de itabirito friável no
banco 900, aflorando na face. Observa-se uma lente contínua de quartzito sericíticos
prolongando-se junto a face de múltiplos bancos. Essa ocorrência pode ser observada nos
testemunhos de sondagem (Figura 4.19).

Figura 4.18 - Seção 01, com plano de lavra proposto com domínios geomecânicos e dados
hidrogeológicos.

68
Figura 4.19 – Testemunho de sondagem de Quartzo sericita xisto (Quartzito sericítico),
em dois furos distintos em profundidades diferentes.

O aquífero confinado, medido dentro dos itabiritos compactos, com auxílio de


piezômetros apresenta poropressões que estão acima no nível do terreno a partir do banco
775, próximo ao fundo da cava. O aquífero livre, apesar de estar sendo apresentado nesta
figura, ele necessariamente será subtraído da lavra, pois está instalado dentro das rochas
friáveis.

 Seção 02

Com direção N59E, com coordenadas de extremidade 665062; 7908266 e 665907;


7908775. Está posicionada na porção norte da área de estudo. Nesta região, o talude geral
possui 165 m de altura, considerando a crista e o fundo da cava, compreendido por 12
bancos interceptando duas rampas de acesso ao fundo da cava (Figura 4.20).

Está ao lado da Seção 01 e é possível observar uma diferença quanto a ocorrência de


Itabirito friável na face dos dois bancos mais altos (nível 925 e 910). A maior parte do
detalhamento desta seção está relacionada ao modelo, uma vez que possui apenas 3 furos
mais próximos. Dentro do pacote de itabirito compacto observa-se a ocorrência de uma

69
fina lente (entre 5 e 10 m de espessura) de quartzito sericíticos de resistência entre R4 e
R5.
Essa lente é persistente ao longo da formação no Step1 e confirma-se também no Step2
Sul. Diferentemente das seções anteriores, observa-se a ocorrência de lentes métricas de
itabirito friável aluminoso, este litotipo possui parâmetros próximo ao de um itabirito
friável e sua ocorrência junto a itabiritos compactos, como observado nos bancos 790,
775 e 760 requer atenção especial.

Análogo à seção 01, ocorre camada de Quartzo sericita xisto compacto (Figura 4.21).

Adicionalmente as poropressões do aquífero confinado, extrapolam a superfície da cava


proposta nos mesmos bancos da ocorrência do itabirito friável aluminoso, já próximo ao
fundo da cava.

Figura 4.20 - Seção 02, com plano de lavra proposto com domínio geomecânicos e dados
hidrogeológicos.

70
Figura 4.21 – Testemunho de sondagem de Quartzo sericita xisto (Quartzito Sericítico),
em dois furos distintos em profundidades diferentes.

 Seção 03

Com direção N73E, com coordenadas de extremidade 665046; 7908208 e 666104;


7908524. Está posicionada na porção central da área de estudo. Nesta região, o talude
geral possui 165 m de altura, considerando a crista e o fundo da cava, compreendido por
12 bancos interceptando duas rampas de acesso ao fundo da cava (Figura 4.22).

71
Figura 4.22 - Seção 03, com plano de lavra proposto com domínio geomecânicos e dados
hidrogeológicos.

O talude oeste, mais uma vez apresenta-se quase que exclusivamente em itabirito
compacto, restando apenas uma pequena ocorrência de itabirito friável no topo, banco
910, mergulhando por traz do itabirito semi-compacto até aproximadamente a cota 855.
Como demonstrado na seção, observasse nesta região que a “lente” de quartzito
sericíticos, observado nas seções anteriores, ganha em espessura, chegando a medir entre
35 e 40 m de espessura.

O contato entre o itabirito e o quartzito sericíticos é apresentado nas fotos de testemunho


de sondagem a seguir (Figura 4.23).

72
Figura 4.23 – Testemunho de sondagem, trecho do contato entre o Itabirito compacto e o
Quartzo sericita xisto (Quartzito sericítico).

O aquífero confinado, nesta seção, apresenta piezometria acima do nível da cava proposta
próximo ao banco 865, nível bem superior comparado às seções 1 e 2.

 Seção 04

Com direção N41E, com coordenadas de extremidade 665202; 7907624 e 665985;


7908532. Está posicionada na porção sul da área de estudo. Nesta região, o talude geral
possui 180 m de altura, considerando a crista e o fundo da cava, compreendido por 12
bancos interceptando a curva da rampa de acesso ao fundo da cava (Figura 4.24).

Por se tratar do limite sul da cava, por questões de licenciamento, uma parte considerável
de itabirito friável apresenta-se remanescente a cava. Outra pequena ocorrência é entre os
bancos 850 e 835, além de uma superfície e itabirito semi-compacto entre os bancos 850
e 760.

A Figura 4.25, refere-se a passagem de Itabirito semi-friável do furo 443.

73
Figura 4.24 - Seção 04, com plano de lavra proposto com domínio geomecânicos e dados
hidrogeológicos.

Figura 4.25 – Testemunho de sondagem, trecho de Itabirito semi-compacto próximo ao


contato com o Itabirito compacto.

74
Quanto a aquífero confinado, do mesmo modo que foi observado para a seção 3, nesta
seção observa-se altas poro pressões próximo ao topo do talude, ultrapassando o nível do
terreno no banco 895.

4.9. DEFINIÇÃO DOS MECANISMOS DE RUPTURA

Para a definição dos mecanismos de ruptura a serem estudados é fundamental o


entendimento cinemático entre o corte do talude e as principais anisotropias do maciço
rochoso. Com base no levantamento estrutural realizado em escala regional, na área de
estudo e proximidades, observa-se um mergulho praticamente homogêneo de todos os
litotipos para leste, traduzindo-se pela foliação penetrativa observada em campo.

Localmente, ocorrem variações na direção do mergulho para nordeste, como destacado


no subitem 3.3 e evidenciadas no Mapa Geológico Estrutural, elaborado no Datum South
American 1969, Zona 23 Sul, no Anexo III. Correlacionando esta informação ao plano de
cava proposto, observa-se que o maior talude da cava (talude oeste) será instalado
desfavorável as condições de estabilidade, como pode ser observado nas seções (Figuras
4.18, 4.20, 4.22 e 4.24) selecionadas pelo critério de maior criticidade.

A partir das seções e do corte da cava proposta, é possível identificar quais rochas estarão
envolvidas nas análises e de que forma elas interagem com a geometria da cava. Com
essas premissas identificam-se os mecanismos envolvidos e os melhores parâmetros para
a análise.

Analisando as seções percebe-se uma forte tendência anisotrópica das rochas, essa
anisotropia vem a se confirmar com as observações de campo, retratadas com ocorrências
constantes no período de abertura da cava do Step 01, quando eram recorrentes as rupturas
de caráter planar, sobretudo em escala de bancada e posteriormente, como apresentado
no item 4.1 foi identificado um movimento mais profundo de caráter global, num
mecanismo análogo, conjugado a anisotropia da foliação do maciço.

75
Com o posicionamento das rochas menos resistentes no topo do talude (setor 1 da Figura
4.26) associado às trincas de tração obliquas à foliação, podendo ser ativado por trincas
de tração em rocha alterada, entrando no setor 2, encaixando o plano de ruptura paralelo
à foliação (principal anisotropia do talude oeste da cava) e uma relativa melhora na
qualidade da rocha posicionada no fundo da cava (setor 3 da Figura 4.26) associada a
ruptura obliqua à foliação em rochas pouco, ou não alteradas, geralmente posicionadas
no fundo da cava.

Figura 4.26 - Representação esquemática do mecanismo de ruptura dividido em setores.

4.10. ELABORAÇÃO DO PLANO DE AMOSTRAGEM E ENSAIOS

Desde o projeto de implantação, na fase de investigação 2010, até o ano de 2016, foram
realizadas diversas campanhas de amostragem para diferentes ensaios em uma grande
variedade de litotipos. Em cada campanha, diferentes objetivos de investigação,
direcionaram na escolha da rocha e no tipo de ensaio a ser executado. Quando realizados
os ensaios em testemunhos de maciços de classe I e II (referência à classe RMR), em
2010, os estudos direcionavam para uma cava em que toda sua parede fosse composta
apenas de material compacto.

76
Esta premissa, admitida na fase de exploração, não se realizou na fase de operação da
cava, sendo necessário, a partir do início das operações de mina, incorporar ensaios de
rochas alteradas.

Com este entendimento foram direcionaram-se ensaios oblíquos e paralelos a principal


descontinuidade, a foliação devido sua acentuada influencia a anisotropia do maciço.

Com esta variedade de amostras foi possível fazer a seleção e calibração dos parâmetros,
que também será apresentado no item 4.11.

Além de apresentar os ensaios será apresentado uma breve análise crítica dos parâmetros
analisados.

4.10.1. Ensaio triaxial

A campanha de ensaios realizada, foi ainda na fase de projeto, com amostras coletadas de
sondagens amostradas pela própria Anglo American e ensaiadas no Instituto de Pesquisas
Tecnológicas, IPT entre os anos de 2010 e 2011.

As amostras são na sua totalidade de grau de resistência elevada, a partir de R4.

Os dados gerados desse ensaio foram, tensão confinante e tensão axial, utilizados na
determinação dos parâmetros de coesão e ângulo de atrito com auxílio o software
RocData, da Rocscience, fase posterior ao ensaio.

Os litotipos escolhidos para este ensaio foram Itabirito, Quartzito e Xisto. Este ensaio
seguiu as recomendações ISRM (International Society for Rock Mechanics), conforme
(ISRM, 2006) e segundo procedimentos internos do laboratório. O número total de corpos
de prova (CPs) foram 49, sendo 10 (dez) CPs. de Itabirito, 19 (dezenove) CPs. de
Quartzito e 20 (vinte) CPs. de Xisto. Abaixo segue Tabela 4.6 e a Tabela 4.7, resumo do
resultado dos ensaios realizados e fotos dos testemunhos utilizados.

77
Analisando os dados ensaiados observa-se inconsistências relacionadas entre as litologias
amostradas em furos de sondagem diferentes e no mesmo furo.
As medidas consideradas inconsistentes estão assinaladas em vermelho e em verde
assinaladas as medidas que serão utilizadas nas estimativas de parâmetros subsequentes.

Tabela 4.6 - Tabela resumo com dos ensaios triaxiais realizados pelo IPT entre 2010 e
2011.
g Força de Ruptura s3 s1
Litologia Série Furo
(kg/m³) (kN) (MPa) (MPa)
3397 2317,58 20 593
3336 1312,17 16 336
8 SEFGSP017 3183 1771,33 8 452
2891 575,11 2 147
3071 440,42 4 112
Itabirito
3436 1932,6 4 498
3101 440,09 2 113
10 SEFGSP017 3615 1884,18 16 483
3518 781,42 8 200
3339 899,77 20 229
2753 1944,96 20 497
2719 708,67 4 181
2 SEFGSP029 2709 452,21 2 116
2673 2080,85 16 536
2792 1265,38 8 325
3230 687,53 4 394
2909 1002,04 20 574
4 SEFGSP012 3035 534,36 8 306
2964 203,38 2 116
Quartzito 2979 802,54 16 460
2649 1819,42 20 468
2695 660,39 16 169
6 SEFGSP142
2644 803,56 8 207
2679 424,27 4 111
3062 619,48 2 158
2682 1819,78 20 465
14 SEFGSP112 2672 1947,31 16 497
2740 950,08 4 243
2644 1316,5 8 337
2916 757,7 8 433
2705 293,63 4 167
3 SEFDSP036 2859 224,27 12 128
Xisto
2763 299,35 16 171
2817 125,82 2 72

78
g Força de Ruptura s3 s1
Litologia Série Furo
(kg/m³) (kN) (MPa) (MPa)
2821 503,73 16 130
2689 367,7 4 95
5 SEFDSP142 2711 419,9 8 108
2732 261,3 2 67
2750 424,95 12 109
2698 1410,08 12 361
2694 305,08 2 78
Xisto 12 SEFDSP124 2855 501,04 4 129
2836 838,78 16 215
2821 550,54 8 142
3012 156,51 4 40
2795 339,43 8 87
13 SEFDSP090 2845 388,58 12 99
2841 332,69 2 85
2788 489,93 16 125

Tabela 4.7 - Foto de alguns dos testemunhos antes e depois do ensaio triaxial.
Litologia Anterior ao ensaio Posterior ao ensaio

Itabirito

Quartzito

Xisto

Das inconsistências, foram identificados na mesma litologia, em condições de


confinamento menores, o ensaio atingiu valores de tensão axial maiores, como por

79
exemplo na litologia Itabirito, série 8, s3 de 16MPa, com s1 de 336MPa enquanto que

a mesma litologia, na mesma série com s3 de 8MPa desempenhou s1 de 452MPa.

Para o caso do Itabirito, como tanto na série 8 quanto na 10, houve um número
considerável de inconsistências, optou-se para fazer a estimativa de parâmetro utilizando
os resultados de ambas, escolhendo os melhores dados.

As Figuras 4.27 a 4.29, são as representações gráficas dos ensaios escolhidos para o
Itabirito, o Quartzito e o Xisto, respectivamente.

Figura 4.27 – Representação gráfica dos dados selecionados para determinação dos
parâmetros do Itabirito compacto (R4-R5).

80
Figura 4.28 – Representação gráfica dos dados selecionados para determinação dos
parâmetros do Quartzito compacto (R4-R5).

Figura 4.29 – Representação gráfica dos dados selecionados para determinação dos
parâmetros do Xisto compacto (R4-R5).

81
4.10.2. Campanha de Ensaios - 2014 e 2016

As amostras dessas campanhas tiveram como foco ensaio de materiais alterados de baixa
resistência (entre R0 e R1) das quais foram extraídas do campo na forma de blocos
indeformados com o objetivo principal de serem executados ensaios de cisalhamento
direto de pequenas e grandes dimensões, triaxiais, além das caracterizações.

A Tabela 4.8 abaixo apresenta os pontos de amostragem para blocos indeformados, um


total de 31 na área da mina e entorno.

 Ensaios de Caracterização

Os ensaios de caracterização abrangeram classificação granulométrica, massa específica


dos sólidos, peso específico natural, teor de umidade médio e limites de Attemberg
(Limites de liquidez, plasticidade e índice de plasticidade). Destacam-se os valores da
Tabela 4.9, para os litotipos analisados.
Tabela 4.8 – Tabela resumo com as coordenadas dos pontos de amostragem.
ID Amostra N E ID Amostra N E
Filito A 664784,683 7912019,766 Itabirito H 664912 7910071
Filito B 664955 7909080 Itabirito I 664912 7910071
Filito C 664917 7909030 Itabirito J 664912 7910071
Filito Carbonoso 664665,249 7912097,196 Itabirito L 664912 7910071
Gnaisse 668748 7911330 Itabirito M 664912 7910071
Xisto 664631,239 7912147,637 Itabirito N 664912 7910071
Quartzito A 665596,493 7911635,792 Itabirito O 664912 7910071
Quartzito B 664923 7908940 Itabirito P 664912 7910071
Quartzito C 664955 7908753 Itabirito Q 664912 7910071
Itabirito A 665127 7909202 Itabirito R 664912 7910071
Itabirito B 665630,9 7911274,643 Itabirito S 664912 7910071
Itabirito C 664912 7910071 Itabirito T 664912 7910071
Itabirito D 664912 7910071 Itabirito U 664912 7910071
Itabirito E 664912 7910071 Itabirito V 664912 7910071
Itabirito F 664912 7910071 Itabirito X 664912 7910071
Itabirito G 664912 7910071

82
Tabela 4.9 – Dados do Ensaio de Caracterização. Campanha de amostragem de 2014 e
2016.

Granulométrica
Frações Granulométricas

Classificação
Limites de Atteberg
ABNT (%)

r(g/cm³)
(ABNT)

Pedregulh
Material

Argila

Areia
Silte
LL (%) LP (%) IP (%)

o
Silte
Filito A 2 76 22 0 2,769 36 24 12
Arenoso
Silte
Filito B 0.7 88.4 10.9 0 1,963 34 25 9
Arenoso
Silte
Filito C 0.3 77.6 22.1 0 1,747 31 19 12
Arenoso
Filito Silte
2 89 8 0 2,793 45,0 30,0 15,0
carbonoso Arenoso
Silte
Gnaisse 2 54 43 0 2,716 30,0 24,0 6,0
Arenoso
Silte
Xisto 2 61 37 0 2,823 37,0 31,0 6,0
Arenoso
Areno
Quartzito A 0 31 69 0 2,699 NP NL NP
Siltoso
Arenoso
Quartzito B 2.4 47.4 50.3 0 1,534 NP NP NP
Siltoso
Arenoso
Quartzito C 0.3 44.6 55.0 0 1,543 31 20 11
Siltoso
Areno
Itabirito A 2,2 36 42,3 19,5 3,735 NP NL NP
Siltoso
Areno
Itabirito B 2,6 40,2 57,2 0 3,677 NP NL NP
Siltoso
Areno
Itabirito C 0.3 24.0 69.3 6.5 3,778 NP NP NP
Siltoso
Areno
Itabirito D 0.3 16.3 76.7 6.8 3,767 NP NP NP
Siltoso
Areno
Itabirito E 0.3 25.6 69.2 4.9 4,479 NP NP NP
Siltoso
Areno
Itabirito F 0.3 35.6 59.0 5.2 4,587 NP NP NP
Siltoso
Areno
Itabirito G 0.2 21.1 63.3 15.1 4,105 NP NP NP
Siltoso
Areno
Itabirito H 0.3 18.6 70.8 10.4 4,216 NP NP NP
Siltoso

 Cisalhamento Direto, em caixas de pequenas dimensões – 10 x10 cm

83
Foram realizados duas séries de ensaios para cada litotipo, uma série paralela a
descontinuidade (anisotropia) principal (foliação) e outra perpendicular (Figura 4.30).

Para compor cada série, foram aplicadas as tensões normais de 100, 200, 400 e, 600 kPa,
até que as leituras de deformação vertical se estabilizassem e em seguida levados a ruptura
com velocidade de deformação de 0.15 mm/min.

Figura 4.30 – Desenho esquemático do arranjo das amostras em relação a anisotropia


principal (foliação) e o sentido da aplicação do esforço no cisalhamento direto.

Os resultados estão na Tabela 4.10, abaixo.

84
Tabela 4.10 - Dados do Ensaio de Cisalhamento Direto.
c’ Tipo de ruptura referente a
Litotipo Amostra F’ (°)
(kPa) anisotropia principal.
CIS 14-019R 743 37 Oblíqua
Filito A
CIS 14-020 42 31 Paralela
CIS 16-022 129 51 Oblíqua
Filito B
CIS 16 - 023 49 17 Paralela
CIS 16 - 025 109 31 Obliqua
Filito C
CIS 16 - 024 12 22 Paralela
Filito CIS 14-018 51 24 Oblíqua
Carbonoso CIS 14-017 4,0 25 Paralela
CIS 14-021 112 29 Oblíqua
Gnaisse
CIS 14-022 64 29 Paralela
CIS 14-024 109 44 Oblíqua
Quartzito A
CIS 14-025 164 36 Paralela
CIS 16-027 38 25 Oblíqua
Quartzito B
CIS 16-026 32 26 Paralela
CIS 16-029 60 36 Oblíqua
Quartzito C
CIS 16-028 19 34 Paralela
CIS 14-026 137,0 27,0
Xisto A Paralela
CIS 14-027 54,0 20,0
CIS 14-034 15,0 34,0 Oblíqua
CIS 14-035 22,0 29,0 Paralela
Itabirito A
CIS 14-030 3,0 44,0 Oblíqua
CIS 14-031 6,0 31,0 Paralela
CIS 14-032 89,0 45,0 Oblíqua
CIS 14-033 29,0 32,0 Paralela
Itabirito B
CIS 14-028 180,0 47,0 Oblíqua
CIS 14-029 5,0 33,0 Paralela

Analisando os resultados obtidos no Cisalhamento Direto de pequenas dimensões,


observa-se, para:

Filito: alta dispersão dos valores oblíquos à anisotropia, principalmente para a amostra
Filito A, em relação às demais. Os parâmetros paralelos, apresentam-se menos dispersos,
porém a amostra Filito C, neste caso, obteve resultado de ângulo de coesão muito abaixo.
Apesar de haver a correlação de algumas amostras, os valores correlacionados estão mais
altos que os percebidos em campo. Este valor dever ajustado para parâmetros de menor
resistências.

85
Filito Carbonoso, Xisto e Gnaisse: só possuem uma amostra obliqua e paralela à
anisotropia ensaiada no cisalhamento direto. Limitando o universo de análise.

Quartzito: alta dispersão dos dados paralelos às anisotropias, principalmente no


parâmetro de coesão.

Itabirito: boa correlação para o ângulo de atrito, porém apresenta grande dispersão nos
dados de ângulo de atrito.

 Cisalhamento Direto, em caixas de grandes dimensões – 30 x 30 x 30 cm

Foi considerado este ensaio mais adequado para o itabirito friável, com resistência entre
R0 e R1, pois nele e possível abranger um número maior de bandamentos e variação que
compõe esta rocha e que influenciam na qualificação dos seus parâmetros.

Para este ensaio foram utilizadas 16 amostras de itabirito friável indeformadas, coletadas
em campo de acordo com as necessidades de variação da direção de cisalhamento em
função da anisotropia. Dessas 16 amostras 12 foram utilizadas para medir os parâmetros
na condição paralelas e 3 foram utilizadas na condição obliqua. Deste modo, foram
ensaiados um conjunto de blocos paralelos a anisotropia e outro oblíquos a anisotropia
variando as tensões normais em 200, 400, 600 e 900 kPa.

O laboratório escolhido para esses ensaios está situado no Departamento de Tecnologia


de Empreendimentos de Furnas Centrai e Elétricas S.A, em Aparecida de Goiânia, Goiás.
Os resultados estão na Tabela 4.11.

Observando os parâmetros de resistência obtidos para os ensaios paralelos a anisotropia,


observasse uma grande dispersão para a coesão, variando de 4,96 à 25,65 kPa. Sendo
necessário

86
Tabela 4.11 - Dados do Ensaio de Cisalhamento Direto em amostras de grandes
dimensões.
Tensão Parâmetros Parâmetros Tipo de ruptura
Registro
Normal geotécnicos de pico geotécnicos residuais referente a desc.
Cliente
(kPa) c´(kPa) F’ (°) c´(kPa) F’ (°) principal.
Itabirito I 200
Itabirito J 400
25,65 29,26 13,01 28,43 Paralela
Itabirito K 600
Itabirito L 800
Itabirito M 200
Itabirito N 400
13,08 31,54 5,35 31,19 Paralela
Itabirito O 600
Itabirito P 800
Itabirito Q 200
Itabirito R 400
4,96 30,78 23,57 32,49 Paralela
Itabirito S 600
Itabirito T 800
Itabirito U 200
Itabirito V 400 109,05 19,95 72,7 22,26 Obliqua
Itabirito X 800

Para a condição obliqua, uma das amostras rompeu após ser posicionada na prensa e os
dados obtidos do ensaio sob tensão normal de 800 kPa, não descreveu o momento de pico
claro, como pode ser observado na Figura 4.31.

Desta forma, este parâmetro será utilizado em conjunto com os dados do ensaio de
cisalhamento direto de pequenas dimensões, além de observações de campo.

Analisando comparativamente os dados de cisalhamento direto em pequenas dimensões,


caixas 10 x 10 cm e em grandes dimensões (30 x 30 x 30 cm), observa-se que em ambos
os casos ocorrem dispersões, no entanto, realizar diferentes tipos de ensaio proporcionam
maior segurança para tomada de decisão sobre o parâmetro que será aplicado.

87
Análises oblíquas, de litologias estratificadas, como Itabirito, são sobre maneira
interessantes para ensaios em grandes dimensões, pois induzirá a superfície de ruptura
transpassar por mais camadas que as de um bloco de menor dimensão.

Figura 4.31 – Análise dos parâmetros de ruptura perpendiculares a anisotropia.

 Ensaio Triaxial Axissimétrico

Foram realizados duas séries de ensaios triaxiais não drenados (CU) por litologia (apenas
no estéril), sendo uma mobilizando a resistência paralela e outra obliqua à anisotropia
principal. Essas amostras forma moldadas em células triaxiais, submetidas a percolação
e aplicadas a tensões confinantes de 150, 300, 600 e 900 kPa até a saturação adquirindo
os parâmetros efetivos.

Os resultados estão na Tabela 4.12, abaixo.

Os dados obtidos neste ensaio serão analisados em conjunto com os demais para definição
dos parâmetros de análise.

88
Tabela 4.12 - Dados do Ensaio Triaxial Axissimétrico da campanha de 2014.
Campanha 2014 Tipo de Modelagem relativa à
Litotipo
c’ (kPa) F’ (°) anisotropia principal
47,8 28,4 Oblíqua
Filito A
54,3 25,5 Paralela
43,7 16,2 Oblíqua
Filito Carbonoso
17,8 17,0 Paralela
75,3 30,3 Oblíqua
Gnaisse
91,4 24,8 Paralela
0 41,8 Oblíqua
Quartzito A
37,3 24,3 Paralela
Xisto B 60,8 34,7 Oblíqua
Xisto A 43,3 36,1 Paralela

4.11. DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA

Com base nos conhecimentos já adquiridos é possível segmentar dois grupos de


parâmetros a serem aplicados às análises.

O primeiro correspondente à região onde a superfície de ruptura é paralela a anisotropia


principal e o segundo onde a superfície de ruptura é obliqua a anisotropia principal.

A seguir serão apresentadas as definições de cada parâmetro geomecânico que será


utilizado nas análises ordenados pela classificação do maciço.

 Maciço de baixa resistência

Esses maciços estão representados pelos materiais que estão caracterizados com os
valores de R0 e R1. Os blocos indeformados utilizados nos ensaios de pequenas e grandes
dimensões e também para moldagem dos corpos de prova do ensaio triaxial estão dentro
desses domínios, e seus resultados de coesão e ângulo de atrito, calibrados com as
observações de campo, podem ser aplicados nas análises de estabilidade, tanto na
condição paralela a descontinuidade quanto obliqua.

Os dados de peso específico (kN/m³) também serão retirados das análises realizadas nas
campanhas. Para fins de comparação ou caso algum litotipo não tenha sido amostrado

89
foram utilizados os dados de levantamento em campanha específica para densidade
conduzida por equipe interna da Anglo American.

Não foram realizados ensaios das rochas intrusiva, itabirito friável aluminoso e quartzito
ferruginoso, por este motivo foram utilizados os parâmetros de coesão e ângulo de atrito
dos xistos, itabiritos friáveis e quartzitos, respectivamente (litotipos com características
próximas).
 Maciços de alta resistência e resistência intermediária

Esses maciços estão representados pelos materiais que estão caracterizados com os
valores de R4 e R5. Para esses domínios foram utilizados os recursos software Rocdata
versão 4.014, para aplicar os dados obtidos em laboratório depreciando quanto às
descontinuidades chegando em parâmetros de resistência em termos de coesão e ângulo
de atrito.

Para chegar a esses valores foram necessárias 6 etapas para inserir os parâmetros no
software.

1° Etapa - Parâmetro c – esse parâmetro foi extraído ou de ensaios (IPT, 2011). Os


parâmetros de sC dos litotipos, que não possuíam dados de ensaios triaxiais, foram
estimados com auxílio do banco de dados de descrição de furos geotécnicos. Exceto o
Quartzito Ferruginoso R4/R5, que teve sua estimativa ponderada pelos dados do
Quartzito R4/R5.

2ª Etapa – Determinar o valor de GSI – para tal, foi utilizada a tabela Geological
Strenght Index – GSI (Figura 4.28) para correlacionar os parâmetros referentes à
Condição da Superfície com o Grau de Fraturamento.

Os valores de Espaçamento médio das descontinuidades, Ja, Jr e Jcon, referentes a cada


litologia, foram extraídos do banco de dados onde existem mais de 700 furos de sondagem
descritos.

90
Seus valores foram organizados para utilização da tabela de correlação (Figura 4.32) e
assim normalizando um valor de GSI para cada domínio geomecânico.

Figura 4.32 - Geological Strenght Index, modificado de BVP,2015, com correlações, de


acordo com banco de dados Anglo American.

O resultado desta correlação foi utilizado no input do GSI.

91
3ª Etapa input do mi – calculado no software Rocdata, utilizando a ferramenta “Use lab
data” a partir dos resultados de s1 e s3 obtidos no ensaio triaxial (IPT,2011).
Os litotipos que não forma ensaiados, tiveram esse parâmetro estimado do banco dados
do RocData;

4ª Etapa definição do fator de perturbação (D) – Estimado o valor de 0,7 para todos
os litotipos, considerando que todas possuem boa resposta aos efeitos do desmonte;

5ª Etapa definição da Altura do talude (altura máxima) – aplicado 160 metros para
todos os casos;

6ª Etapa input do Peso específico – definido com base nos ensaios de caracterização
expostos na Tabela 4.9 e estimativas com base em conhecimento de campo.

Na Tabela 4.12 abaixo seguem os respectivos inputs e outputs para cada litotipo utilizado
no RocData versão 4.014.

Além dos litotipos de resistência R4 e R5, também foi aplicado essa metodologia para
rochas brandas, como: Itabirito R2 na condição obliqua, Itabiritos R3 (considerando
comportamento isotrópico), Quartzito R2 na condição obliqua.

Para todas litologias analisadas, foram obtidos parâmetros de resistência de coesão e


ângulo de atrito.

Devido à forte anisotropia regional, foram diferenciados os parâmetros de resistência


paralelos dos parâmetros de resistência oblíquos à anisotropia principal.

92
Tabela 4.13 – Dados de input e output para RocData.
Inputs Outputs
Altura do

Série
Furo
Litologia s3 s1 sCi Peso phi
GSI mi D talude c (MPa)
(MPa) (MPa) (MPa) (MN/m³) (°)
(m)
20 593
SEFGSP017 16 483
8 e 10
Itabirito
8 452 325,87 85 19,286 0,7 160 0,03 13.351 61
R4/R5
2 147
Itabirito
Sem ensaio triaxial 35 70 26 0,7 160 0,027 13,63 48
R3
Itabirito
Sem ensaio triaxial 10 35 26 0,7 160 0,024 0,342 24
R2
20 497
SEFGSP029

Quartzito
4 181
Sericítico 216,80 83 20,440 0,7 160 0,029 7,82 60
2

2 116
R4/R5
8 325
Quartzito
Sericítico Sem ensaio triaxial 13 35 23 0,7 160 0,024 0,362 25
R2
Quartzito
Ferruginoso Sem ensaio 228,86* 55 20,440 0,7 160 0,027 1,989 53
R4/R5
4 129
SEFDSP124

Xisto 8 142
50 80 45,61 0,7 160 0,026 2,305 58
12

R4/R5 12 215
2 78

Ao final de todos esses processos os parâmetros foram determinados da seguinte forma:

 Itabirito R0/R1

Os parâmetros oblíquos à anisotropia, foram definidos pela correlação dos dados obtidos
em ensaios de cisalhamento direto de pequenas e grandes dimensões, além da sua
caracterização nos furos de sondagem e ocorrências em campo. Optando-se por seguir o
valor obtido no ensaio de grandes dimensões.

Quanto ao parâmetro obliquo a anisotropia foram considerados relevantes os valores


obtidos nos ensaios de cisalhamento direto em pequenas dimensões (CPs CIS 14-032 e
CIS 14-028) e o ensaio de cisalhamento direto em grandes dimensões.

93
 Itabirito R2

Com base em observações de campo e descrição de testemunhos de sondagem, observa-


se que neste domínio geomecânico, onde o Itabirito semi-friável, possui características
muito próximas ao Itabirito friável, principalmente na condição paralela à anisotropia,

Deste modo, optou-se por aplicar, nesta condição (paralela à anisotropia), os mesmos
parâmetros de resistência aplicados para o Itabirito friável.

Os parâmetros oblíquos foram estimados com base nas correlações entre as informações
contidas no banco de dados e a tabela GSI (Figura 4.32) e posteriormente calculado no
software RocData.

 Itabirito R3 e R4/R5

Estes domínios geomecânicos foram caracterizados como maciços isotrópicos, pois a


queda do grau de alteração (ou aumento da resistência) influencia na aproximação dos
parâmetros de resistência.

Seus parâmetros de resistência foram estimados com base nas correlações entre as
informações contidas no banco de dados e a tabela GSI (Figura 4.32) e posteriormente
calculado no software RocData.

 Itabirito Friável Aluminoso R0/R1

Este domínio geomecânico não foi ensaiado diretamente, no entanto, para tal domínio
geomecânico, foram copiados os valores obtidos para o Itabiritos friáveis (R0 e R1).

 Quartzito Ferruginoso R4/R5

Este domínio geomecânico não foi ensaiado diretamente e da mesma forma que o domínio
dos Itabiritos R3 e R4/R5, este domínio geomecânico foi caracterizado como maciço
isotrópicos.

94
Seus parâmetros de resistência foram estimados com base nas correlações entre as
informações contidas no banco de dados e a tabela GSI (Figura 4.32) e calculado no
software RocData.

 Quartzito Sericítico R0/R1

O parâmetro de resistência obliquo à anisotropia foram aplicados conforme resultado


obtido no ensaio de cisalhamento direto, mais especificamente, no ensaio CIS 16-029
(Tabela 4.10). Enquanto que o parâmetro paralelo, foi ajustado a partir do resultado do
ensaio CIS 16-028 (Tabela 4.10) conforme observações de campo.

 Quartzito Sericítico R2

Os parâmetros de resistência paralelo à anisotropia foram estimados, tendo como


referências, os resultados obtidos de rochas extremamente friáveis e compactas, além de
utilizar as observações de campo

Os parâmetros oblíquos foram estimados com base nas correlações entre as informações
contidas no banco de dados e a tabela GSI (Figura 4.32) e calculado no software RocData.

 Quartzito Sericítico R4/R5

Da mesma forma que o domínio dos Itabiritos R3 e R4/R5, estes domínios geomecânicos
foram caracterizados como maciços isotrópicos.

Seus parâmetros de resistência foram estimados com base nas correlações entre as
informações contidas no banco de dados e a tabela GSI (Figura 4.32) e posteriormente
calculado no software RocData.

95
 Filito R1/R2

Parâmetros de resistência paralelo e obliquo à anisotropia, compilados de dados de


ensaios de cisalhamento direto de pequenas dimensões e calibrados com base em
observações de campo.

 Filito Carbonoso R0/R1

Os parâmetros de resistência paralelo e obliquo a anisotropia foram admitidos pelos


ensaios triaxiais.

 Xisto R0/R1 e Intrusiva R0/R1

Os parâmetros paralelos e oblíquos à anisotropia, foram definidos pela correlação dos


dados obtidos em ensaios triaxiais nos xistos, além de ponderados pela sua caracterização
nos furos de sondagem e ocorrências em campo.

Devido à inexistência de ensaios na rocha Intrusiva e a proximidade das suas


características com o Xisto, optou-se por aplicar os mesmos parâmetros do xisto,
diferenciando-se apenas no peso específico.

 Xisto R4/R5 e Filito R4/R5

O domínio geomecânico, Xisto R4/R5 foi caracterizado como maciço isotrópico, da


mesma forma que o domínio Itabirito R4/R5.

Seus parâmetros de resistência foram estimados com base nas correlações entre as
informações contidas no banco de dados e a tabela GSI (Figura 4.32) e posteriormente
calculado no software RocData.

O domínio Filito R4/R5, teve seu parâmetro copiado do Xisto, devido a inexistência de
ensaios e suas características estarem próximas.

96
 Gnaisse R0/R1

Parâmetros de resistência da rocha paralelos e perpendiculares à anisotropia foram


extraídos dos ensaios de pequenas dimensões. E indicam o mesmo valor para ângulo de
atrito podendo estar atrelado ao alto grau de alteração da amostra, apresentando um
comportamento próximo ao isotrópico.

A seguir, na Tabela 4.14, os parâmetros de resistência paralelo e obliquo à anisotropia.

Tabela 4.14 - Parâmetros de Resistência


Domínios Geomecânicos  // à Foliação _/_ à Foliação
Descrição Legenda (kN/m³) c' (kPa) ' (°) c' (kPa) ' (°)
Itabirito R0/R1 22 25 29 100 40
Itabirito R2 24 25 29 342 24
Itabirito R3 27 1363 48 Isotrópico
Itabirito R4/R5 30 13151 61 Isotrópico
Itabirito Friável Aluminoso
25 25 29 100 40
R0/R1
Quartzito Ferruginoso R4/R5 27 1989 53 Isotrópico
Quartzito Sericítico R0/R1 20 20 30 60 36
Quartzito Sericítico R2 24 100 22 362 25
Quartzito Sericítico R4/R5 29 7820 60 Isotrópico
Filito R1/R2 19 10 20 20 23
Filito R4/R5 26 2305 58 Isotrópico
Filito Carbonoso R0/R1 19 18 17 44 16
Xisto R0/R1 24 45 30 60 35
Xisto R4/R5 26 2305 58 Isotrópico
Intrusiva R0/R1 20 45 30 60 35
Gnaisse R0/R1 19 64 29 112 29

4.12. MÉTODO DE ANÁLISE

Como citado no item 3.14, para este cenário existem 18 aplicações no software Slide 6
(software que será utilizado para gerar as análises), no entanto nem todas são efetivas
para um mesmo mecanismo de ruptura.

Para este tipo de mecanismo de ruptura e com de acordo com os dados existentes as
melhores aplicações são ”Anisotropic Function” e “Anisotropic Linear”.

97
Com a intensão de comparar os resultados produzidos pelas diferentes aplicações, gerou-
se duas análises de estabilidade. Uma para cada aplicação, na mesma seção (Seção 01),
sob as mesmas condições (Figura 4.33).

Análise de Estabilidade Utilizando Anisotropic Function

Análise de Estabilidade Utilizando Anisotropic Linear

Figura 4.33 – Resultados utilizando diferentes métodos de análise de estabilidade -


Anisotropic Function x Anisotropic Linear do software Slide 6.

É possível observar que, apesar de estarem com aplicações diferentes o fator de segurança
se manteve praticamente o mesmo.

98
Com esta análise optou-se por desenvolver as análises de estabilidade utilizando a
aplicação “Anisotropic Function”.

Como pontuado no item 3.14, é possível inserir diversos parâmetros entre diferentes
faixas de ângulo.

Para este estudo serão utilizados apenas dois valores para os maciços considerados
anisotrópicos, o paralelo variando entre 30° ± 10° e obliquo entre -90° e -40° e -20° e 90°
(Figura 4.34).

Figura 4.34 – Janela para input dos dados na aplicação "Anisotropic Function", com
individualização dos planos.

Para chegar a uma variação de 20° do meio anisotrópico (entre 20° e 40°), foram
utilizados os dados de mapeamento das estruturas foliações e analisadas as maiores
concentrações. Neste caso, a medida que apresentou maior concentração foi 087/30°,
sendo 30 o ângulo de mergulho.

Tomando como referência 45% da concentração das medidas, temos a uma faixa de
abrangência de 20°, ou seja, ±10° em função do ângulo médio de 30°.

99
Aos maciços classificados como R4 e R5, foram definidos como isotrópicos, ou seja, o
parâmetro paralelo e o parâmetro obliquo à anisotropia são iguais.

4.13. ANÁLISES DE ESTABILIDADE (VARIAÇÃO DE HIPÓTESES)

Nesta etapa serão apresentadas as análises de estabilidade com suas respectivas variações
de hipóteses.

Neste estudo as variações de hipóteses ocorrerão para as condições de:

 Magnitude da ruptura: podendo ser setorizada ou global, esta última considerando


o talude total. Com o objetivo de cercar a hipótese de diferentes magnitudes de
ruptura;

 Água subterrânea: variando a condição com e sem rebaixamento do nível d`água.


Com o objetivo de considerar que em uma determinada área não foi possível realizar
o rebaixamento. O rebaixamento, quando considerado terá a premissa de estará a um
banco abaixo do nível mais fundo da cava;

 Tipo de busca de superfície: podendo ser circular ou plano circular. Com o objetivo
de verificar o comportamento em maciços alterados e não alterados em diferentes
condições e compará-los;

 Superfície crítica: considerando, ou não, uma superfície crítica hipotética. Devido a


malha aberta das sondagens, ou até mesmo, uma possível ineficiência da amostragem
que identifica-se uma superfície de pequena espessura de menor resistência.

Assim, optou-se por considerar uma superfície contínua ao longo do talude,


preenchida pelo pior parâmetro encontrado, neste caso o Filito, induzindo um cenário
extremamente desfavorável.

100
Além das variações acima descritas, também serão aplicadas as ferramentas de busca tipo,
Grid Search, Slope Search, Block Search e Block Search Polyline a fim de explorar em
cada resultado o melhor método de busca.

Para todas as superfícies não circulares foi habilitada a opção Optimize Surface, nas
configurações padrão do software Slide 6. Exceto nos casos em que nitidamente a
superfície de ruptura não se comporta corretamente.

Os cenários gerados estão ordenados na Tabela 4.15. As análises de estabilidade são


apresentadas no anexo 03.

Tabela 4.15 – Relação de códigos e combinação de hipóteses com fator de segurança.


Hipóteses Combinadas e Fatores de Segurança

Código Descrição da hipótese


A Análise de ruptura Global
B Análise de ruptura setorizada
C Análise em Talude com nível d´água ou piezométrico NÃO rebaixado
D Análise em Talude com nível d´água ou piezométrico rebaixado
E Busca por Superfície Circular
F Busca por Superfície Plano-Circular
G SEM Superfície Crítica Definido
Simula uma superfície de ruptura discordante ao contato litológico, com material de
Ha
baixa competência (simula uma falha preenchida)
Simula ocorrência contínua de material de baixa competência na lente de quartzito
Hb
sericíticos, variando sua posição na lente.
Hc Simula uma superfície de baixa resistência ao longo do inter-rampa.
Seção Variações F.S. Observação
G.S. 4.51 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 900 e 865.
ACEG
S.S 5.68 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 895 e 880.
G.S. 4.55 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 895 e 865.
01 ACEHa
S.S 5.16 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 895 e 865.
B.S. 5.11 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 900 e 800.
ACFHa
B.S.P. 5.11 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 900 e 800

101
Seção Variações F.S. Observação
ACFHc B.S. 0.90 Plano de Ruptura global entre os bancos 900 e 805
ADFHc B.S. 0.90 Plano de Ruptura global entre os bancos 900 e 805.
01 G.S. 4.01 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 895 e 865
BCEG
S.S. 4.64 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 880 e 865
BCFG B.S. 3.59 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 895 e 865
G.S. 2.31 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 925 e 910
ACEG
S.S 2.41 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 925 e 910
ACFG B.S. 22.81 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 925 e 760
B.S. 3.70 Acompanha superfície crítica entre a cota 895 e 760
02 ACFHa
B.S.P. 2.92 Superfície de ruptura inicia no banco 895 até 810.
ACFHb1 B.S. 13.64 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota
ACFHb2 B.S. 17.29 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota
BCFHc B.S. 1.85 Superfície entre os bancos 810 e 760.
G.S. 1.68 Ruptura de um banco, no itabirito semi-friável.
ACEG
S.S. 1.76 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 910 e 880
ACFG B.S. 28.16 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 925 a 760
ACFHa B.S. 4.22 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 925 a 760
03
ACFHc1 B.S. 0.99 Entre os bancos 925 e 895 (2 bancos)
ACFHc2 B.S. 0.93 Entre os bancos 880 e 865 (abaixo da rampa)
ACFHc3 B.S. 1.13 Entre os bancos 825 e 820 (menor que 1 banco)
ACFHc4 B.S. 21.74 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 925 a 805
G.S. 1.85 Menor F.S. entre banco 850 e 805.
ACEG
S.S. 1.99 Menor F.S. entre os bancos 945 e 900.
B.S. 1.32 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 945 e 895
ACFHa
B.S.P. 1.26 Entre os bancos 945 e 760 (global)
04
ADFHa B.S.P. 1.55 Menor F.S. ruptura de bancada entre cota 945 e 760
ACFHb1 B.S. 1.09 Entre os bancos 945 e 895 (3 bancos)
ACFHb2 B.S. 0.96 Entre os bancos 848 e 760 (6 bancos)
ADFHb2 B.S. 0.96 Entre os bancos 848 e 760 (6 bancos)
GS – Grid Search; SS – Slope Search; B.S. – Block Search; B.S.P. – Block Search Polyline

 Seção 01

Nesta seção, os pontos críticos estão relacionados a superfície crítica hipotética, quando
esta se encontra junto ao inter-rampa, conectando os pés de consecutivos bancos ao longo
do talude (análise ACFHc da seção 01).

O rebaixamento do nível d´água não causa efeito estabilizador, sendo necessárias


modificações no plano de lavra que considere eliminar ou distanciar da superfície crítica.

102
 Seção 02

Das seções analisadas esta é a seção mais estável. Esta estabilidade pode ser atribuída ao
grande volume de Itabirito de característica compacta que é preservado nesta seção.

 Seção 03

Nesta seção, assim como nas demais, obteve baixo F.S., quando analisada a superfície
crítica hipotética, neste caso, intercalada entre as duas rampas, como demostrado nas
análises, ACFHc1, ACFHc2 e ACFHc3.

Esse F.S. baixo se deve a associação da superfície crítica, em rocha alterada (Itabirito
R0/R1/R2), próximo à face do talude.

Da mesma forma que foi diagnosticado para a seção 01, também serão necessárias
modificações no plano de lavra que considere eliminar ou distanciar da superfície crítica.

 Seção 04

Dentre as seções analisadas, corresponde à que obteve maior quantidade de fator de


segurança abaixo do recomendado.

Todas as ocorrências insatisfatórias estão relacionadas a superfície hipotética de menor


resistência, simulando sua ocorrência ao longo do talude global (ACFHa), ou segmentada
nos bancos acima (ACFHb1) e abaixo (ACFHb2) da rampa de acesso.

Para o primeiro caso o rebaixamento do nível d´água se mostrou eficiente. No entanto,


para o caso da superfície abaixo da rampa de acesso, o rebaixamento não surtiu efeito
(ADFHb2). Sendo neste caso, necessária intervenção na geometria dos bancos.

103
4.14. CONCLUSÕES/CONSIDERAÇÕES / RECOMENDAÇÕES

As análises de estabilidade demostraram que a geometria aplicada aos parâmetros


testados está adequada para garantir a estabilidade da cava.

Devido ao espaçamento da malha de sondagem, existem incertezas que viabilizam a


hipótese de uma superfície crítica, de baixa resistência, ao longo dos bancos.

Para mitigar, esta possibilidade, recomenda-se, assim que possível o adensamento da


malha de sondagem, além do mapeamento sistemático de detalhe com a finalidade de
validar o modelo construído.

Caso seja identificada tal superfície crítica, será analisa da de forma detalhada e estuda
alternativas de intervenção.

Outra observação se faz para a aderência geométrica aqui estudada, tanto por parte do
planejamento de mina quanto para as frentes operacionais. A perda da aderência
geométrica é fator de degradação para estabilidade de talude.

São observadas oportunidades de melhoria de parâmetros para alguns domínios


geomecânicos como, Itabirito R0/R1 (parâmetro obliquo), R2 e R3, Quartzito Sericítico
R2, Intrusiva R0/R1.

104
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES, CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

Após todas as etapas concluídas observa-se a influência de cada análise proposta na


metodologia.

Desde a primeira etapa, onde são analisados os dados e ocorrências do entorno,


influenciando no entendimento do mecanismo de ruptura até as seleções e coleções de
ensaios e seus respectivos resultados, que auxiliaram direta ou indiretamente na
determinação dos parâmetros de ruptura.

Outro ponto forte, observado na aplicação dessa metodologia, está na oportunidade de


identificação de falhas ou lacunas, apresentando algumas formas de mitigação, como a
aplicação de hipóteses, ao longo da análise e desenvolvendo planos de melhoria do
detalhamento dos dados para análises futuras.

Perceber e considerar as lacunas existentes tanto no modelo geomecânico, quanto nos


parâmetros de ruptura, são cruciais para o desenvolvimento de hipóteses pertinentes e
definir os próximos passos para obtenção de dados e melhoria das análises.

O estabelecimento de hipóteses auxilia os trabalhos operacionais, indicando os pontos


críticos a serem observados e vice versa, melhorando a qualidade do modelo.

Desta forma, pode se considerar uma metodologia abrangente e completa, capaz de


suportar outros estudos de caso.

metodologia aplicada demostrou eficiência no levantamento dos dados pertinentes a


investigação geotécnica, sendo possível ao seu final avaliar as condições imediatas de
estabilidade do talude que será aplicado na cava futura, quando estabelecer um plano de
ação de melhoria dos dados, assim como identificando potenciais problemas que devem
ser avaliados.

105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUILERA, C. E. T. Aplicação de Métodos de Análise de Estabilidade de Grande Altura


em Mineração. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, 2009. 167 p..

BARTON, N., Lien, R. & Lunde, J.. Engineering classification of rock masses for the
design of tunnel support. Rock Mechanics. 6: 4: 189-236, 1974.

BIENIAWSKI, R. Z. T.; Hon, C. Misconceptions in the applications of rock mass


classifications and their corrections. ADIF Seminar on Advanced Geotechnical
Characterization for Tunnel Design. Madrid, Spain, 2011.

BVP. Projeto executivo, Mina do Sapo, Relatório técnico de consolidação dos parâmetros
de resistências dos materiais AA 024-15-E-TA-RT-03-126, 2015. 26p..

CODEMIG. Portal da Geologia – Download de Mapa e Relatório Folha Serro, formato


pdf, em <http://www.portalgeologia.com.br/index.php/mapa/>. Acesso em 07 de maio de
2017.

CODEMIG. Portal da Geologia – Download de Mapa Geológico de Minas Gerais,


formato shapefile, em < http://www.portalgeologia.com.br/index.php/mapa/ >. Acesso
em 07 de maio de 2017.

FURNAS. Relatório preliminar – Deltageo Geotechnics – Ensaio de Cisalhamento Direto


– Ensaios blocos de grandes dimensões- Relatório Interno, Anglo American. Gerência de
pesquisa, serviços e inovação tecnológica divisão de tecnologia em engenharia civil.
Rodovia BR 153, km 510 - Goiânia-GO, 2016. 22 p..

GOMES, R. 2012. Aula 1-Taludes e Movimentos de Massa, 26 de setembro de 2012.


Notas de Aula. Apresentação em slide.

106
GOOGLE. Google Earth PRO. Version 7.1.2.2041. 2016. Nota (Mina Serra do Sapo,
Conceição do Mato Dentro, MG - Brasil). Disponível em:
<https://www.google.com.br/earth/download/gep/agree.html>. Acesso em: 07/05/2017

GUIMARÃES, F. R.; Sawasato, E.; Dias, G. S.; M; Magalhães, C.; Mensdes, C.; Morais,
F.; Santiago, C. M.; Barros, M. S., Rocha, A.; Costa, A. M. N.; Filho, C. R. S. (2012).
“Caracterização Geológica e Geometalúrgica de Depósitos de Minério de Ferro de Baixo
Grau do Projeto Minas-Rio - Minas Gerais – Brasil” – 46º Congresso Brasileiro de
Geologia, 2012.

HOEK, E. Strength of jointed rock masses, 23rd Rankine Lecture. Géotechnique, 1983,
33(3), 187-223.

International Society of Rock Mechanics (ISRM) (1981) Rock Characterization, Testing


and Monitoring; ISRM Suggested Method. Pergamon Press, Oxford, UK.

JUNIOR, E. S.; OJIMA, L.M. Caracterização e Classificação de Maciços Rochosos. In:


OLIVEIRA, A. M. S.; BRITO S. N. A. Geologia de Engenharia – São Paulo: Associação
Brasileira de Geologia de Engenharia, 1998, cap. 13, p 211-226.

MAGALHÃES, F. S.. Levantamento Geológico-Geotécnico e Estrutural da cava Step1.


Relatório Técnico, Documento Interno, 2016. 70 p.

FILHO, A. M.. Memorando Técnico, Projeto Minas Rio – Conceição do Mato Dentro,
Armando Mangolim Filho – ME. Ref: Mina Serra do Sapo – Talude Oeste e Barragem
Rejeito - Documento Interno, 2016. 13p..

MARINOS P, HOEK E. GSI: a geologically friendly tool for rock mass strength
estimation. In: Proceedings of GeoEng 2000 at the International Conference on
Geotechnical and Geological Engineering (Melbourne, Victoria, Australia). Lancaster,
PA: Technomic Publishers, pp. 1422–1446.

107
MARINOS V, MARINOS P, HOEK, E. The geological strength index: applications and
limitations, Bulletin of Engineering Geology and the Environment (2005) 64: 55-65.

PALMSTROM A., 1974. Characterization of jointing density and the quality of rock
masses (in Norwegian). Internal report, A.B. Berdal, Norway, 26 p.

PINTO, C. S.. Curso Básico de Mecânica dos Solos em 16 aulas, 3ª Edição. Rua Cubatão,
959, São Paulo-SP, Oficina de Textos, 2006. 367 p..

ROLIM, Khoury Vassily, Carlos A. Rosiere, João Orestes Schneider Santos, Neal J.
McNaughton. “The Orosirian-Statherian banded iron formation-bearing sequences of the
southern border of the Espinhaço Range, Southeast Brazil” - Journal of South American
Earth Sciences v.65, 43-66, 2016.

SILVA FILHO., F. C.. Nota de Aula, Universidade Federal do Ceará, 2017.

UFV. Relatório de Ensaio RE 16-006 – Projeto: Mina Serra do Sapo – “Ensaio de


caracterização geotécnica em amostras indeformadas e deformadas - Cava da Mina”.
Relatório Interno Anglo American, Departamento de Engenharia Civil, Laboratório de
Geotecnia, Viçosa – MG, 2016. 182 p.

WYLLIE, D. C; MAH, C. W. Rock Slope Engineering: Civil and Mining, 4th Edition.
270 Madison Avenue, New York, NY 10016, Taylor and Francis Library, 2005. 456p.

108
ANEXO I

I.1
Planilha A - Classificação do Maciço Rochoso (Rock Mass Rating System) de Bieniawski
de 1989.
Parâmetros Faixas de Valores
Resistência à Para a faixa de valores inferior,
Resistência da
Rocha Intacta

Compressão > 10 MPa 4 – 10 MPa 2 – 4 MPa 1 – 2 Mpa é preferível usar o ensaio de


Puntiforme compressão uniaxial
1 Resistência à
5 – 25 1–5
Compressão > 250 MPa 100 – 250 MPa 50 – 100 MPa 25 – 50 MPa <1 Mpa
MPa MPa
Uniaxial
Pesos 15 12 7 4 2 1 0
RQD 90% - 100% 75% - 90% 50% - 75% 25% - 50% < 25%
2
Pesos 20 17 13 8 3
Espaçamento das Juntas > 2m 0.5 – 2m 200 – 600m 60 a 200mm < 60 mm
3
Pesos 20 15 10 8 5

Superfícies Slickensides ou
Superfícies Superfícies
levemente Preenchimento
muito rugosas levemente
rugosas < 5 mm de Preenchimento macio > 5mm
Não contínuas rugosas
Condição das Juntas Separação < largura ou ou
4 Paredes duras Separação <
1mm Juntas abertas Juntas abertas > 5mm, contínuas
Sem abertura 1mm
Paredes 1-5 mm,
Paredes duras
macias contínuas

Pesos 30 25 20 10 0
Fluxo por 10m Nulo <10 < 25 25–125 > 125
de comprimento
Água Subterrânea

de túnel (L/min) ou ou ou ou ou
Razão:
0 <0.1 0.1 – 0.2 0.2 - 0.5 > 0.5
Pressão de água
5 na junta / tensão
principal maior ou ou
ou ou ou

Condições Completamente
seco
Ùmido Saturado Gotejando Com fluxo
Gerais

Pesos 15 10 7 4 0

Planilha B – Guia para classificação da “Condição da Juntas”a (modificado de


Bieniawski, 1989)
Parâmetros Faixa Medida / Pontuações
<1m 1-3m 3-10m 10-20m >20m
Persistência
6 4 2 1 0
Nenhuma <0.1 mm 0.1-1.0 mm 1-5 mm >5mm
Abertura
6 5 4 1 0
Muito Levemente
Rugosa Lisa Muito Liso
Rugosidade Rugosa Rugosa
6 5 3 1 0
Preenchimento Rígido Preenchimento Macio
Preenchimento Nenhum <5mm >5mm <5mm >5mm
6 4 2 2 0
Não Levemente Moderadamente Muito
Decomposto
Alteração Alterado Alterado Alterado Alterado
6 5 3 1 0
a
Nota: existem algumas condições de exclusiva mutualidade. Por exemplo: se há presença de preenchimento, o
efeito da rugosidade é praticamente anulado, nesses casos utiliza-se a planilha A, diretamente.

I.2
Planilha C - Ajuste em relação com a direção da anisotropia (Bieniawski, 1989)
Orientação do Strike
Muito Muito
e Dip das Favorável Pobre Desfavorável
Favorável Desfavorável
anisotropia
Tuneis e
minas 0 -2 -5 -10 -12
Pesos subterrâneas
Fundações 0 -2 -7 -15 -25
Taludes 0 -5 -25 -50 -60

Planilha D - Determinação da classe do maciço pela pontuação total (Bieniawski, 1989)


Determinação das classes dos maciços rochoso para a soma dos pesos
Pesos 100-81 80-61 60-41 40-20 <20
Classes I II III IV V
Descrição Maciços muito Maciços bom Maciço Maciço ruim Maciço muito
bom razoável ruim

Planilha E - Parâmetro Jn – Índice de influência do número de famílias das


descontinuidades.
Número de Famílias de Descontinuidades Jn
A. Descontinuidades esparsas ou ausentes 0,5-1
B. Uma família de descontinuidades 2
C. Uma família de descontinuidades mais descontinuidades esparsas 3
D. Duas famílias de descontinuidades 4
E. Duas famílias de descontinuidades mais descontinuidades esparsas 6
F. Três famílias de descontinuidades 9
G. Três famílias de descontinuidades mais descontinuidades esparsas 12
H. Quatro ou mais famílias de descontinuidades 15
I. Rocha extremamente fraturada (triturada) 20
Notas:
1.Para interseções usar (3Jn)

I.3
Planilha F - Parâmetro Jr – Índice de influência da rugosidade das paredes das
descontinuidades.
Condição da Rugosidade das Paredes Jr
a) Paredes das descontinuidades em contato e
b) Paredes das descontinuidades em contato com deslocamentos diferenciais < 10
cm
A. Descontinuidades não persistentes; 4
B. Descontinuidades rugosas ou irregulares, onduladas; 3
C. Descontinuidades lisas e onduladas; 2
D. Descontinuidades polidas e onduladas; 1,5
E. Descontinuidades rugosas ou irregulares e planas; 1,5
F. Descontinuidades lisas e planas; 1
G. Descontinuidades polidas ou estriadas e planas; 0,5
c) Sem contato entre as paredes das descontinuidades quando cisalhadas
H. Descontinuidades preenchidas por material argiloso, suficiente para impedir o
1
conato entre as paredes;
J. Descontinuidades preenchidas por material granular; 1
Notas:
1. Acrescentar 1,0 se o espaçamento entre descontinuidades for > 3 m.
2. Jr = 0,5 no caso de descontinuidades planas e estriadas com lineação.

I.3
Planilha G - Parâmetro Ja – Índice de influência da alteração das paredes das
descontinuidades.
Condições de Alteração das Paredes das Descontinuidades Ja
a) Descontinuidades com contato rocha/rocha e sem deslocamento relativo entre
as paredes
A. Paredes duras, compactas, com preenchimento de materiais impermeáveis. 0,75
B. Descontinuidades sem alteração, pigmentação superficial incipiente. 1
C. Paredes levemente alteradas; partículas arenosas e rochas desintegradas não
2
brandas.
D. Paredes com partículas siltosas com pequena fração argilosa. 3
E. Paredes com películas de material mole ou de baixo ângulo de atrito, tais
como caunita, micas, gesso, talco, clorita, grafita etc., com ocorrência de argilas 4
expansiva.
b) Descontinuidades com contato rocha/rocha e com deslocamento relativo
incipiente entre as paredes (deslocamento diferencial inferior a 10 cm)
F. Paredes com partículas arenosas, fragmentos de rocha, etc. 4
G. Paredes com preenchimento contínuo e poucos espessos (< 5 mm) de
6
material argiloso fortemente sobreadensado.
H. Paredes com preenchimento contínuo e pouco espesso (< 5 mm) de material
8
argiloso, variando de pouco a medianamente sobreadensado.
J. Descontinuidades com preenchimento argiloso expansivo, como por exemplo
montmorilonita (contínuo, mas com espessura < 5 mm); o valor de Ja depende 8-12
da percentagem de partículas de argila expansiva e do acesso da água, etc
c. Descontinuidades sem contato rocha/rocha e com deslocamento relativo entre
as paredes
K. Zonas ou bandas com rochas desintegradas ou esmagadas e argila de
6
preenchimento contínuo, poucos espessa (< 5 mm) fortemente sobreadensada.
L. Zonas ou bandas com rochas desintegradas ou esmagadas e argila pouco
8
espesso (< 5 mm), variando de pouco a medianamente sobreadensada.
M. Zonas ou bandas com rochas desintegradas ou esmagadas e argila expansiva,
como, por exemplo, montmorilonita (contínuo, mas com espessura < 5 mm); o
8-12
valor de Ja depende da percentagem de partículas de argila expansiva e do
acesso da água, etc
N. Zonas ou bandas de preenchimento com material arenoso ou siltoso-argiloso,
5
sendo pequena a fração argilosa
O. Zonas ou bandas contínuas e de preenchimento contínuo de material argiloso
10
poucos espessos (< 5 mm) de material argiloso fortemente sobreadensado.
P. Zonas e bandas contínuas de preenchimento contínuo de material argiloso
pouco espesso (< 5 mm) de material argiloso pouco ou medianamente 13
sobreadensado.
R. Zonas e bandas contínuas de preenchimento argiloso expansivo, como por
exemplo, montmorilonita (contínuo, mas com espessura < 5 mm); o valor de Ja 13 –
depende da percentagem de partículas de argila expansiva e do acesso da água, 20
etc

I.3
Planilha H - Parâmetro Ja – Índice de influência da alteração das paredes das
descontinuidades.
Pressão da
Fator Redutivo das Água das Descontinuidades Jw água aprox.
(MPA)
A. Escavações secas ou caudal afluído pequeno, isto é <5 l/min
1.0 <0.1
localmente
B. Caudal médio ou pressão que ocasionalmente arraste o
0.66 0.1 – 0.25
preenchimento das descontinuidades
C. Caudal elevado ou pressão elevada em rochas competentes
0.5 0.25 – 1
sem preenchimento
D. Caudal elevado ou pressão elevada 0.3 0.25 – 1
E. Caudal excepcionalmente elevado ou pressão explosiva,
0.2 – 0.1 >1
decaindo com o tempo
F. Caudal excepcionalmente elevado ou pressão contínua, sem
0.1 – 0.05 >1
decaimento
Notas:
i) Os fatores nos casos C e F são estimados para condições naturais. O parâmetro Jw deverá
ser aumentado caso sejam efetuadas drenagens.
ii) Os problemas especiais relacionados com a formação de gelo não são considerados

I.3
Planilha I - Parâmetro SRF – Índice de influência das tensões do maciço.
Condição das Tensões do Maciço (Stress Reduction Factor - SRF)
a) Zonas de baixa resistência interceptando a escavação SRF
A – Múltiplas ocorrências contendo material argiloso ou rochas quimicamente
10,0
decompostas (qualquer profundidade)
B – Múltiplas ocorrências de zonas de cisalhamento concentradas, sem ocorrência
7,5
de argilas e com blocos individualizados e soltos (qualquer profundidade).
C - Ocorrência específica com ou sem material argiloso ou rocha quimicamente
5
decomposta (profundidade de escavação ≤50m)
D – Blocos soltos, fraturas abertas, intensamente fraturado, etc 5,0
E – Ocorrência isolada com ou sem material argiloso ou rocha quimicamente
2,5
decomposta (profundidade > 50m)
F - Zonas singulares de corte em rocha competente, sem argila (profundidade de
2,5
escavação ≤50m)
Nota: I) esses valores devem ser reduzidos entre 25 e 50% caso as zonas de fraqueza
influenciam, mas não interceptam o túnel.
b) Rocha competente, problemas de tensões na rocha σc/σ1 σθ/σc SRF
F – Tensões baixas, próximo da superfície, diaclases abertas >200 <0,01 2,5
G – Tensões médias, condições de tensão favoráveis 200-10 0,01-0,3 1,0
H – Tensões altas, estrutura rochosa muito fechada
0,5-2,0
(usualmente favorável para a estabilidade, pode ser 10-5 0,3-0,4
2,5
desfavorável para a estabilidade das paredes)
J – Explosões moderadas de rochas maciças depois >1 hora 5-3 0,5-0,65 5-50
K – Explosões moderadas de rochas maciças em poucos
3-2 0,65-1 50-200
minutos
L - Explosões intensas de rochas maciças <2 >1 200-400
Nota:
II) Para maciços muito anisotrópicos aplicar correção de c e t de acordo com os
seguintes critérios:
a) quando 5 ≤ 1/3 ≤ 10 reduzir c para 75%;
b) quando 1/3 > 10, reduzir c para 50% ;
c) quando c = resistência a compreensão simples, 1 e 3 são as tensões principais máxima
e mínima, e  = tensão tangencial máxima.
III) Quando a profundidade da coroa é inferior ao vão, deve-se aumentar o valor de
SRF 2,5 a 5 vezes (ver F).
c) Rocha esmagada: deformação plástica de rochas incompetentes
σθ/σc SRF
sob a influência de altas pressões
M – Pressão moderada da rocha esmagada 1-5 5-10
N – Pressão elevada da rocha esmagada >5 10-20
d) Rochas expansivas: atividade química expansiva devida à presença da água SRF
O – Pressão de expansão moderada 5-10
P – Pressão de expansão elevada 10-15

I.3
Planilha J – Índice de Resistência Geológica - GSI – Geological Strength Index de Hoek
e Marinos, 2000.

I.3
ANEXO II

II.1
Planilha A – Classificação do grau de resistência da rocha adaptado e incorporado pela
Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas (ISRM - International Society for Rock
Mechanics, 1981).

Resistência a Ensaio
Grau Descrição Características do Material Compressão Uniaxial Point Load
Estimada (MPa) (MPa)
A rocha lasca depois de sucessivos
Extremamente
R6 golpes de martelo e ressoa quando >250 >10
elevada
batida
Requer muitos golpes de martelo
R5 Muito elevada para partir espécimes intactos de 100 - 250 4 – 10
rocha
Requer mais que um golpe de
R4 Elevada 50 - 100 2–4
martelo para fraturar um espécime.
Não é riscável ou desagregável com
lâmina de aço. Um espécime pode
R3 Mediana 25 - 50 1–2
ser fraturado com um golpe de
martelo.
Desagregável com a lâmina de aço,
forma endentações com golpes
R2 Baixa 5 - 25 ()
firmes com a ponta do martelo de
geólogo.
É possível criar buracos com golpes
R1 Muito Baixa firmes da ponta do martelo de 1-5 ()
geólogo.
Extremamente É possível formar endentações com o
R0 0,25 - 1 ()
Baixa dedão.
( ) – dados de point load não confiáveis para esses materiais.

II.2
Planilha B – Estimativa de alteração de rocha intacta, adaptado e incorporado pela
Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas (ISRM - International Society for Rock
Mechanics, 1981).
Grau Descrição Caracterização do Material
W6 Solo residual Material totalmente transformado em solo. Estruturação da rocha
maduro matriz destruída.
W5 Rocha Material completamente alterado para solo estruturado.
completamente Extremamente descolorido, minerais resistentes quebrados e outros
alterada (friável) transformados em argilo-minerais. Foliação preservada.
saprolito Descontinuidades não identificáveis.
W4 Rocha Alteração mineralógica muito acentuada. Alguns materiais
intensamente parcialmente decompostos em argilo-minerais. Matriz totalmente
alterada oxidada e cores esmaecidas. Descontinuidades abertas (2< e <5 mm)
e oxidadas, preenchidas por materiais alterados. Foliação realçada
pelo intemperismo, desplacamentos ao longo da foliação.
W3 Rocha A matriz apresenta-se descolorida, com evidências de oxidação.
moderadamente Descontinuidades abertas (<1 mm) e oxidadas, podendo ocorrer
alterada material mais alterado ao longo das descontinuidades.
Foliação realçada pelo intemperismo.
W2 Rocha levemente Alteração mineralógica perceptível, cores esmaecidas e perda de
alterada brilho. Leve descoloração e oxidação na matriz ao longo das
descontinuidades. Foliação visível e selada. Descontinuidades
fechadas e paredes ligeiramente alteradas.
W1 Rocha sã Alteração mineralógica nula a incipiente. Minerais com preservação
do brilho original, cor e clivagem. Eventual descoloração nas
descontinuidades.

II.3
ANEXO III

III.1
III.2
III.3
III.4
III.5
ANEXO IV

IV.1
IV.2
IV.3
IV.4
IV.5
IV.6
IV.7
IV.8
IV.9
IV.10
IV.11
IV.12
IV.13
IV.14
IV.15
IV.16
IV.17
IV.18
IV.19
IV.20
IV.21
IV.22
IV.23
IV.24
IV.25
IV.26
IV.27
IV.28
IV.29
IV.30
IV.31
IV.32
IV.33
IV.34
IV.35
IV.36

Você também pode gostar