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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA
CURSO DE HISTÓRIA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

EDITAL PPG/UEMA Nº 13/2018

Projeto do Orientador:
Propriedade da terra no Brasil e em Portugal: fundamentos legais e projetos em
disputa

Plano de Trabalho 1

A cobertura dos jornais Jornal do Brasil, O Estado do Maranhão e Diário de


Lisboa sobre os movimentos rurais luso-brasileiros: os casos da Revolução
Agrária do Alentejo e da Guerrilha do Araguaia (1972-1976)

Proponente: Dra. Monica Piccolo Almeida Chaves


Universidade Estadual do Maranhão
Departamento de História e Geografia

Equipe Executora:
Bolsista1

São Luís
2018
I. Introdução
Pensar historicamente a Questão Agrária e os distintos movimentos de luta pela
terra no século XX requer considerar a permanência de uma estrutura agrária
caracterizada pelo latifúndio, em estreita aliança entre grandes proprietários de terra e o
Estado que, por muitas vezes, lançou o aparato repressor sobre os movimentos sociais.
Especificamente no caso luso-brasileiro, dois movimentos destacam-se: a Guerrilha do
Araguaia, ocorrida entre 1972-1976 nas regiões do Maranhão, Pará e Tocantins e cujo
ponto de partida foi, e a Revolução Agrária do Alentejo, considerada a face mais radical
da Revolução dos Cravos de 1974, que ocorreu nos distritos de Beja, Évora e Portalegre
(uma das zonas de intervenção da Reforma Agrária). Em comum aos dois movimentos,
não só a luta pela posse da terra, mas, também, o papel central do Partido Comunista.
Se o papel organizativo do PC aproxima os movimentos, a atuação do Estado os
diferencia radicalmente. No Brasil, o aparelho repressor da Ditadura civil-militar agiu
intensamente na região, eliminando não só os guerrilheiros como também os
camponeses. Em Portugal, o Movimento das Forças Armadas (MFA), que assumiu o
poder com a destituição de Marcelo Caetano pela Revolução dos Cravos, abriu um canal
de negociação com os trabalhadores rurais e, paulatinamente, a Secretaria de Estado da
Agricultura e do Trabalho aprovou os elementos centrais da plataforma da Revolução
Agrária, a partir de 08/1975. O primeiro ano do movimento, assim, promoveu
ocupações e desapropriações que deram origem às Cooperativas de Produção Agrícola
(CPA) e Unidades Coletivas de Produção Agrícola (UCP).

Objetivos
Geral:
 Analisar, comparativamente, dois dos mais importantes movimentos pela posse
da terra do Brasil e em Portugal: a Guerrilha do Araguaia e a Revolução
Agrária do Alentejo, destacando seu processo de organização, suas principais
propostas e conquistas e seu desfecho.

2) Específicos
 Construir um painel analítico sobre as principais obras, no campo da História,
que têm como tema a Guerrilha do Araguaia e a Revolução Agrária do
Alentejo.
 Investigar, entre os anos de 1972-1976, as publicações dos jornais Jornal do
Brasil e do O Estado do Maranhão sobre a Guerrilha do Araguaia.
 Investigar, entre os anos de 1974 e 1975, as publicações do jornal Diário de
Lisboa sobre a Revolução Agrária do Alentejo.

3. Metodologia
A construção de conjuntos de problemas, segundo o Modelo Vernant-Detienne, é
uma opção metodológica que constitui um primeiro horizonte de aproximação das
questões que perpassam os projetos individuais da equipe, estabelecendo os eixos
centrais da comparação em um horizonte fenomenológico e conceitual aberto,
transversal aos cortes espaço-temporais tradicionais. Assim, dois conjuntos de
problemas irão conduzir a proposta de estudo. O primeiro deles refere-se à
caracterização da imprensa como aparelho privado de hegemonia, em uma perspectiva
gramsciana. Os meios de comunicação ao nacionalizarem determinado projeto de uma
fração da classe dominante que se encontra no controle de Estado Restrito, transforma-
se em um poderoso instrumento da construção de consenso. Caso nacionalizem projetos
de frações da classe dominada ou de frações da classe dominante, porém dominada,
estariam atuando como parte integrante de movimentos contra hegemônicos. Os jornais,
assim, assumem a função de partidos políticos, de organizadores da vontade coletiva em
torno de um projeto político-ideológico elaborado por uma classe, fração de classe ou
por uma coalizão de classes.
É neste campo que vai existir a possibilidade de universalização de um projeto de
classe ou de frações de classe. Será a partir da sociedade civil que as classes dominantes
poderão se tornar dirigentes, isto é, quando elas se tornam núcleo do Estado Restrito.
Partindo desta perspectiva dos meios de comunicação, apresentados aqui como
aparelhos privados de hegemonia, que vamos problematizar a cobertura dos impressos
maranhenses e portugueses sobre a Guerrilha do Araguaia e a Revolução Agrária do
Alentejo.
O segundo conjunto de problema refere-se à caracterização das políticas públicas
como fruto da atuação das frações da classe dominante que atuam nas agências do
Estado Restrito, também segundo a caracterização de Estado feito pelo cientista político
sardo. Assim, serão comparadas as atuações do Estado brasileiro e português frente aos
dois movimentos sociais.
Por fim, destaca-se ainda que a opção metodológica pelo modelo Vernant-Datienne
possibilitará o compartilhamento e a circulação das ideias, formas de abordagem,
hipóteses e encaminhamento teórico-metodológicos que incidem sobre os objetos da
pesquisa de equipe como um todo.

4. Materiais e Métodos
Basicamente, serão analisados os seguintes conjuntos documentais:
Arquivos da Biblioteca Benedito Leite – Exemplares dos jornais O Estado do
Maranhão, entre o período de 1972 e 1976, a respeito da Guerrilha do Araguaia.
Arquivos da Biblioteca Nacional de Portugal - edições do impresso português
Diário de Lisboa no período entre 1974-1975, especificamente sobre o tema da
Revolução Agrária do Alentejo.
Arquivo do Jornal do Brasil - edições do Jornal do Brasil no período entre 1972 e
1976 sobre a Guerrilha do Araguaia que se encontram disponível no site
http://www.jb.com.br/paginas/news-archive/
Assim, inicialmente o bolsista terá contato com a literatura específica sobre a
Ditadura civil-militar brasileira, com ênfase nas obras que analisam a montagem,
atuação e dissolução dos aparelhos de repressão. Em seguida, será realizada a leitura da
produção acadêmica sobre a Guerrilha do Araguaia e participará das discussões sobre
tais obras, bem como das revisões interpretativas sobre o tema que, embora
escassamente, foram produzidas no campo da História.
Posteriormente, será realizada a leitura e discussão sobre as obras que têm como
temática a Revolução Agrária do Alentejo.
A seguir, o bolsista dedicar-se-á ao levantamento das publicações dos jornais
Jornal do Brasil, O Estado do Maranhão, entre os anos de 1972 e 1976, sobre a
Guerrilha do Araguaia e do jornal Diário de Lisboa, sobre a Revolução Agrária do
Alentejo.
Por fim, ao longo de todo o período de vigência da bolsa, o aluno desenvolverá
atividades junto ao Grupo de Pesquisa Diretório CNPq, Núcleo de Pesquisa em História
Contemporânea (NUPEHIC), o que inclui o trabalho quinzenal de organização do
acervo previamente levantado. Também participará dos encontros quinzenais do Núcleo
junto a outros alunos e professores.
Cabe destacar que toda a documentação pesquisada e selecionada será
disponibilizada para consulta pública no Banco de Dados do Núcleo de Pesquisa em
História Contemporânea (www.nupehic.net).
5. Cronograma
 Meses 1 e 2 - Leitura e análise bibliográfica referente à ditadura civil- militar e à
montagem da rede de informação e repressão.
 Meses 3 e 4 – Leitura e análise bibliográfica referente à Guerrilha do Araguaia e
pesquisa nos jornais Jornal do Brasil e O Estado do Maranhão.
 Meses 5 e 6 – Leitura e análise bibliográfica referente a Revolução Agrária do
Alentejo e pesquisa no jornal Diário de Lisboa.
 Meses 7, 8 e 9 – Análise qualitativa e quantitativa das fontes.
 Mês 10 – Alimentação do Banco de Dados
 Meses 11 e 12 – Elaboração de um artigo, entre 10 e 15 laudas, que contemple os
objetivos propostos e de um relatório de pesquisa (a ser apresentado no SEMIC)
contendo os instrumentos utilizados, os dados recolhidos, os elementos que sustentam
as hipóteses construídas e os resultados da pesquisa.

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