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Dom Quixote

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Dom Quixote de la Mancha (Don Quijote de la Mancha em
El ingenioso hidalgo Don Quixote de
castelhano) é um livro escrito pelo espanhol Miguel de
la Mancha.
Cervantes (1547-1616). O título e ortografia originais eram El
ingenioso hidalgo Don Quixote de La Mancha, com sua Dom Quixote.
primeira edição publicada em Madrid no ano de 1605. É
Dom Quixote[1] (PT)
composto por 126 capítulos, divididos em duas partes: a
Dom Quixote (BR)
primeira surgida em 1605 e a outra em 1615. A coroa
espanhola patrocinou uma edição revisada em quatro volumes
a cargo de Joaquín Ibarra. Iniciada em 1777 concluiu-se em
1780 com tiragem inicial de 1600 exemplares.[4]

O livro surgiu em um período de grande inovação e diversidade


por parte dos escritores ficcionistas espanhóis. Parodiou os
romances de cavalaria que gozaram de imensa popularidade no
período e, na altura, já se encontravam em declínio. Nesta obra,
a paródia apresenta uma forma invulgar. O protagonista, já de
certa idade, entrega-se à leitura desses romances, perde o juízo,
acredita que tenham sido historicamente verdadeiros e decide
tornar-se um cavaleiro andante. Por isso, parte pelo mundo e
vive o seu próprio romance de cavalaria. Enquanto narra os
feitos do Cavaleiro da Triste Figura, Cervantes satiriza os
preceitos que regiam as histórias fantasiosas daqueles heróis. A
Primeira edição de Dom Quixote.
história é apresentada sob a forma de novela realista.
Autor(es) Miguel de Cervantes Saavedra
É considerada a grande criação de Cervantes. O livro é um dos
Idioma castelhano
primeiros das línguas europeias modernas e é considerado por
País Espanha
muitos o expoente máximo da literatura espanhola. Em
princípios de maio de 2002, o livro foi escolhido como a Assunto Aventura
melhor obra de ficção de todos os tempos. A votação foi Editor Francisco de Robles
organizada pelo Clubes do Livro Noruegueses e participaram Lançamento 1605
escritores de reconhecimento internacional.[5]
Edição portuguesa
Tradução anônimo[2]
Lançamento 1794
Índice
Edição brasileira
Enredo
Tradução Almir de Andrade
Análise
Milton Machado[3]
Interpretações e influências
Editora Livraria José Olympio Editora
Lutando contra moinhos de vento
Lançamento 1952
Referências
Bibliografia
Ligações externas

Enredo
O protagonista da obra é Dom Quixote, um pequeno fidalgo castelhano que
perdeu a razão por muita leitura de romances de cavalaria e pretende imitar seus
heróis preferidos. O romance narra as suas aventuras em companhia de Sancho
Pança, seu fiel amigo e companheiro, que tem uma visão mais realista. A ação
gira em torno das três incursões da dupla por terras da Mancha, de Aragão e da
Catalunha. Nessas incursões, ele se envolve em uma série de aventuras, mas suas
fantasias são sempre desmentidas pela dura realidade. O efeito é altamente
humorístico. O encanto da obra nasce do descompasso entre o idealismo do
protagonista e a realidade na qual ele atua. Cem anos antes, Quixote teria sido
um herói a mais nas crônicas ou romances de cavalaria, mas ele havia se
Rota percorrida por D. Quixote
enganado de século. Sua loucura residia no anacronismo. Isso permitiu ao autor
fazer uma sátira de sua época, usando a figura de um cavaleiro medieval em
plena Idade Moderna para retratar uma Espanha que, após um século de glórias, começava a duvidar de si mesma.

Análise
O livro é estruturado em duas partes, a primeira maneirista, enquanto a
segunda é mais barroca. Enquanto a primeira parte da obra deixa a
impressão de liberdade máxima, a segunda parte produz a sensação
constante de nos encontrarmos encerrados em limites estreitos. Essa
sensação é sentida mais intensamente quando confrontada com a primeira
parte. Se anteriormente, a ironia era, sobretudo, uma expressão amarga da
impossibilidade de dar realidade a um ideal, com a segunda parte nasce
muito mais da confrontação das formas da imaginação com as da
realidade. Cervantes dá a sua própria definição da obra: "orden
desordenada (...) de manera que el arte, imitando à la Naturaleza, parece
que allí la vence". O processo adotado por Cervantes - a paródia - permite
dar relevo aos contrastes, através da deformação grotesca, pela deslocação
do patético para o burlesco, fazendo com que o burlesco apague
momentaneamente a emoção, estabelecendo um entrelaçado espontâneo de
picaresco, de burlesco e de emoção. O conflito surge do confronto entre o
passado e o presente, o ideal e o real e o ideal e o social.

Dom Quixote e Sancho Pança representam valores distintos, embora sejam


D. Quixote e Sancho Pança (ilustração de
participantes do mesmo mundo. É importante compreender a visão irônica
Gustave Doré)
que o romancista tem do mundo moderno, o fundo de alegria que está por
detrás da visão melancólica e a busca do absoluto. São mundos
completamente diferentes. Sancho Pança o fiel escudeiro de Dom Quixote é definido por Cervantes como "Homem de bem, mas
de pouco sal na moleirinha". É o representante do bom senso e é para o mundo real aquilo que Dom Quixote é para o mundo
ideal. Por fim, a história também é apresentada sob a forma de novela realista: ao regressar a seu povoado, Dom Quixote percebe
que não é um herói, mas que não há heróis.
Interpretações e influências
As figuras de D. Quixote, de Sancho Pança e do cavalo de Dom Quixote,
Rocinante, rapidamente conquistaram a imaginação popular. No entanto, os
críticos contemporâneos da obra não a levaram tão a sério como as gerações
posteriores. No século XVII, por exemplo, considerou-se que o romance
continha em si pouco mais que o tom de bom humor e de diversão, com Dom
Quixote e Sancho Pança a encarnarem respectivamente o grotesco e o pícaro. O
século XVIII foi pródigo em elogios a D. Quixote, não só na Espanha e em
Portugal, como também por parte de grandes românticos do centro da Europa.
Homenagem filatélica pelo correio
soviético em 1966. Na história do romance moderno, o papel de Dom Quixote é reconhecido como
seminal. A evidência disso pode ser vista em Daniel Defoe, em Henry Fielding,
em Tobias Smollett e Laurence Sterne e, também, em personagens criadas por
alguns romancistas clássicos do século XIX, como é o caso de Walter Scott, de Charles Dickens, de Gustave Flaubert, de Benito
Pérez Galdós, de Herman Melville e de Fiódor Dostoiévski. O mesmo acontece no caso de alguns autores pós-realistas do século
XX, como James Joyce e Jorge Luis Borges. Dom Quixote provou ser uma notável fonte de inspiração para os criadores em
outros campos artísticos. Desde o século XVII que se têm realizado peças de teatro, óperas, composições musicais e bailados
baseados no Dom Quixote. No século XX, o cinema, a televisão e os cartoons inspiraram-se igualmente nesta obra. Dom Quixote
inspirou ainda artistas como William Hogarth, Francisco Goya, Honoré Daumier, Vasco Prado e Pablo Picasso.

Lutando contra moinhos de vento


No capítulo VIII do livro há um episódio emblemático em que Dom Quixote, ao chegar a uma planície, confunde cerca de trinta
moinhos de vento com gigantes, decidindo enfrentá-los sozinho.[6]

Sancho, seu escudeiro, ainda tenta alertá-lo da ilusão, mas Quixote insiste e parte para o ataque a um dos moinhos, sendo
derrubado juntamente com seu cavalo Rocinante por uma das pás.

Em seguida, Sancho vai ao socorro do seu mestre e o questiona sobre como como pôde cometer tamanho engano. Quixote
responde, insistindo na ilusão, que aquilo era obra do mago Friston, que tinha transformado os gigantes em moinho para impedir
sua glória.

Esse episódio é a origem da expressão "lutar contra moinhos de vento", no sentido de atacar inimigos imaginários ou de realizar
esforços em vão.

Referências
3. Foram feitas duas traduções anteriores, a primeira
1. A primeira tradução em Portugal é anónima, de por Carlos Jansen Muller (1829-1889), para a
1794. No século XIX foi feita uma 2.ª tradução, em Laemmert, em 1901, e a 2ª por Monteiro Lobato, em
1876, pelos Viscondes de Castilho e de Azevedo, 1925, porém as duas eram para crianças. Essa foi a
publicada no Porto pela Companhia Literária In: 1ª tradução para literatura adulta, do original. In:
Biblioteca Nacional de Portugal (http://purl.pt/920/1/q Hallewell, 1985, p. 169
uixote-pt-2.html), e uma 3ª tradução em 1877-78,
pelo Visconde de Benalcanfor, em Lisboa. In: 4. «Joaquín Ibarra, el impresor humanista del Quixote»
Hallewell, 1985, p. 196 (http://www.abc.es/20120226/cultura/abcp-joaquin-ib
arra-impresor-humanista-20120226.html) (em
2. No século XIX, foi feita uma 2ª tradução, em 1876, espanhol). ABC. 27 de fevereiro de 2012
pelos Viscondes de Castilho e de Azevedo,
publicada no Porto pela Companhia Literária, e uma 5. Reuters,"Dom Quixote é eleito o melhor livro de
3ª tradução em 1877-78, pelo Visconde de todos os tempos." (http://www1.folha.uol.com.br/folh
Benalcanfor, em Lisboa. In: Hallewell, 1985, p. 196 a/reuters/ult112u15532.shtml) Folha Online, Oslo,
07 de maio de 2002.
g _Q ) ,
6. "Dom Quixote de La Mancha" (https://pt.wikisource.o de 2019.
rg/wiki/Dom Quixote/I/VIII) Wikisource, 24 de maio

Bibliografia
HALLEWELL, Laurence, O livro no Brasil: sua história. São Paulo: EdUSP, 1986. Coleção Coroa Vermelha,
Estudos Brasileiros, v. 6. ISBN 85-85008-24-5

Ligações externas
Don Quichote et Cervantes (http://www.donquichote.org) (em castelhano)
El ingenioso hidalgo Don Quijote de la Mancha (ebook) (http://www.planetalibro.com.ar/ebooks/eam/ebook_view.
php?ebooks_books_id=40)
El ingenioso hidalgo Don Quixote de la Mancha(1ª edição)
Harmonias do texto original castelhano (http://www.classicistranieri.com/quij/quijote.pdf) PDF

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