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Aula 07

Peças Práticas p/ Delegado Polícia Civil-PE (com videoaulas)

Professor: Vinicius Silva


Peça Prática para Delegado de Polícia
Pernambuco
Prof. Vinícius Silva – Aula 07
AULA 07: Representação por suspensão da
permissão ou habilitação para dirigir veículo (art.
294, do CTB).

SUMÁRIO PÁGINA
1. Apresentação 1
2. Aspectos teóricos acerca suspensão da permissão ou da 2
habilitação para dirigir veículo.
3. Representação por suspensão da permissão ou da 6
habilitação para dirigir veículo.
4. Modelo Representação por suspensão da permissão ou da 9
habilitação para dirigir veículo.
5. Questão de prova 17
6. Questões propostas 22
7. Respostas das questões propostas na aula 06 24

1. Apresentação
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Olá futuro Delegado de Polícia,

O nosso curso continua e nessa aula vamos estudar a representação por


suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo
automotor.

É uma cautelar muito boa, pode ser cobrada tanto individualmente, como
também mesclada com outras medidas em uma peça mista. A sua
regulamentação vem do Código de Trânsito Brasileiro – CTB, que é a
Lei n° 9.503/97, que você deve ficar ligado na parte criminal dela.

Essa lei regulamenta toda a atividade de trânsito no território brasileiro e


traz alguns crimes específicos da condução de veículos automotores e

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regulamenta a investigação policial e alguns procedimentos de polícia
judiciária.
Dentre os procedimentos e possibilidades de medidas cautelares, consta
no art. 294 do CTB a previsão de que poderá haver, mediante
representação do delegado de polícia, a suspensão da permissão ou da
habilitação para dirigir veículo.

Sugiro que você revise os crimes de trânsito, que devem estar previstos
na legislação penal extravagante que consta do edital do concurso. É
muito importante saber todos os crimes e como caracterizar cada um
deles no caso concreto.

Os crimes de trânsito estão previstos nos art. 302 até o 312, do CTB.
Você verá que a medida cautelar que estamos iniciando o estudo tem
lugar nesse tipo de crime.

2. Aspectos teóricos acerca suspensão da permissão ou da


habilitação para dirigir veículo

Inicialmente, cumpre ressaltar que essa medida é uma medida que pode
ser comparada a uma medida cautelar diversa da prisão, especificamente
em relação aos crimes de trânsito.

Ela visa proteger a integridade física da sociedade, limitando o direito de


um em prol da segurança viária. Mais uma vez, estamos diante da
ponderação, técnica que deve ser levada a efeito nesse tipo de medida,
uma vez que uma liberdade individual será restringida antes do trânsito
em julgado da sentença penal.

A suspensão da PPD e da CNH é uma medida diversa da prisão, que é


concedida de forma incidental, no curso do processo ou no decorrer das
investigações é nessa última fase que vamos trabalhar.

Essa medida é um tipo de pena a ser imposta quando da sentença penal


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condenatória por crime de trânsito. Veja a previsão do art. 293, do CTB:

Art. 293. A penalidade de suspensão ou de


proibição de se obter a permissão ou a
habilitação, para dirigir veículo automotor, tem
a duração de dois meses a cinco anos.

§ 1º Transitada em julgado a sentença


condenatória, o réu será intimado a entregar à
autoridade judiciária, em quarenta e oito horas,
a Permissão para Dirigir ou a Carteira de
Habilitação.

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§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição
de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor não se inicia
enquanto o sentenciado, por efeito de
condenação penal, estiver recolhido a
estabelecimento prisional.

Note que esse não é o nosso objetivo. Vamos trabalhar antes da


sentença.

Portanto, nossa previsão normativa não será a do art. 293, § 2°, do


CTB.

A nossa medida está regulada no art. 294, do CTB:

Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou


da ação penal, havendo necessidade para a
garantia da ordem pública, poderá o juiz, como
medida cautelar, de ofício, ou a requerimento
do Ministério Público ou ainda mediante
representação da autoridade policial, decretar,
em decisão motivada, a suspensão da
permissão ou da habilitação para dirigir veículo
automotor, ou a proibição de sua obtenção.

Professor e se o condutor nçao


tiver PPD, tampouco CNH? A
medida ainda pode ser
representada ao juiz?

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Excelente pergunta, Aderbal, e prevendo


essa hipótese, o art. 294 acima prevê em
sua parte final a proibição de obter a
licença.

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A parte final do art. 294, do CTB veio para suprir essa necessidade.

Você vai representar sempre que um crime de trânsito ocorrer e você


tiver fortes indícios de autoria ou participação. Afinal de contas, a medida
é prevista no CTB e, portanto, adequa-se a esse tipo de atividade delitiva.
Logo esse é o nosso requisito de cabimento, de admissibilidade.

A medida será cabível sempre que ocorrer quaisquer dos crimes de


trânsito capitulados no CTB. Há uma parcela da doutrina que afirma ser
cabível essa cautelar apenas nos crimes em que ao final, após a sentença
penal condenatória ser aplicada essa pena. No entanto, não acho que em
um concurso de delegado de polícia você deve defender esse raciocínio, o
ideal é defender uma abrangência maior da medida cautelar ora
pleiteada.

Assim, podemos afirmar que a cautelar aplicar-se-ia a qualquer crime de


trânsito, tipificado no CTB.

Os requisitos cautelares para o deferimento da medida, como qualquer


medida cautelar são o fumus comissi delicti e o periculum in mora.

O primeiro requisito se dá da mesma forma com que estudamos nas aulas


de prisão, notadamente na aula de prisão preventiva, ou seja, a prova
da existência do crime e os indícios suficientes de autoria e
participação. Estamos falando da plausibilidade do cometimento do
delito, ou seja, a probabilidade de que o investigado/indiciado seja
denunciado e condenado pela autoria ou participação em um crime de
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trânsito que se sabe ter ocorrido.

Veja que em relação à materialidade, devemos ter a certeza de que ele


aconteceu. Doutra banda, em relação à autoria, precisamos apenas de
prova semiplena, indícios suficientes de autoria.

Quanto ao requisito do periculum in mora, Estamos falando do perigo


que a demora na suspensão da habilitação ou permissão para dirigir
veículo representa para a sociedade, ou seja, se há uma forte
probabilidade de aquele indivíduo voltar a cometer crimes e infrações de
trânsito, colocando em risco a vida das pessoas e a segurança viária. Esse
requisito você pode notar com muita facilidade no próprio art. 294, do
CTB:

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Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou


da ação penal, havendo necessidade para a
garantia da ordem pública, poderá o juiz, como
medida cautelar, de ofício, ou a requerimento
do Ministério Público ou ainda mediante
representação da autoridade policial, decretar,
em decisão motivada, a suspensão da
permissão ou da habilitação para dirigir veículo
automotor, ou a proibição de sua obtenção.

A garantia da ordem pública aqui é a chamada ordem pública


enquanto segurança viária. Milita a favor do delegado aqui o princípio
do in dubio pro societate.

Esses são os requisitos que devem contar na sua peça na parte mais
importante, que é a fundamentação.

Nesse ponto você vai ter que ter feeling de delegado de polícia, pois
diante do caso concreto vai verificar que a permissão ou habilitação para
dirigir veículo pode gerar problemas para a segurança viária.

A ideia aqui é constatar se o condutor comete crimes de trânsito com


frequência, infrações administrativas também. Com a suspensão do seu
direito de dirigir, você estará garantindo a segurança das pessoas que
utilizam o sistema viário para se locomover, ou seja é uma espécie de
ordem pública.

Quanto à reserva de jurisdição, não podemos deixar de comentar que


essa medida cautelar só poderá ser determinada pela autoridade
judiciária, não podendo, de ofício, o delegado determinar essa suspensão.

Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou


da ação penal, havendo necessidade para a
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garantia da ordem pública, poderá o juiz, como


medida cautelar, de ofício, ou a requerimento
do Ministério Público ou ainda mediante
representação da autoridade policial, decretar,
em decisão motivada, a suspensão da
permissão ou da habilitação para dirigir veículo
automotor, ou a proibição de sua obtenção.

Veja que o juiz pode determinar a medida, de ofício, mas isso só vai
acontecer na fase judicial do processo. Quando em fase investigativa,
apenas mediante representação do delegado ou requerimento do MP
poderá o juiz determinar a suspensão.

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Esses são os aspectos teóricos mais importantes, veja que não é uma
medida com muitas particularidades teóricas, devendo o aluno primar
pelos requisitos já estudados nas aulas de prisão e medidas cautelares
diversas.

3. Representação por medida cautelar diversa da prisão

3.1 Legitimação

A legitimação para representar por essa medida está consubstanciada no


próprio art. 294, da Lei n° 9.503/97. Vejamos:

Art. 294. Em qualquer fase da investigação


ou da ação penal, havendo necessidade
para a garantia da ordem pública, poderá o
juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a
requerimento do Ministério Público ou
ainda mediante representação da
autoridade policial, decretar, em decisão
motivada, a suspensão da permissão ou da
habilitação para dirigir veículo automotor,
ou a proibição de sua obtenção.

Portanto, a legitimidade ao delegado é dada pelo próprio art. 294, do


CTB.

Essa legitimação deverá constar no seu preâmbulo, de modo a legitimar


a sua representação.

3.2 Fundamentos de fato ou Fatos

Aqui é a mesma coisa das aulas anteriores e das seguintes aulas também,
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acostume-se a resumir ou parafrasear um texto. Sugiro a você algumas


técnicas de resumo de textos, que você encontra em um bom livro de
produção textual.

Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre
destacando aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação
jurídica.

Lembre-se de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser
repetitivo em relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena
utilizar a regrinha da resposta às perguntas abaixo:

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O que?

Quem?

Quando? ACONTECEU

Onde?

Por que?

Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem


objetivo, sua narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a
pontuação dessa parte estará garantida.

Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até


quando estiver contando uma história a algum colega.

No caso da representação que estamos estudando, sugiro que


você mencione e reforce nos fatos aqueles que dizem respeito à
reiteração criminosa de trânsito ou de infrações administrativas.

Lembre-se sempre de ressaltar aqueles fatos que casarão com a


sua fundamentação jurídica. A prova da materialidade com algum
exame médico comprovando lesão corporal, ou então o laudo de
exame cadavérico, comprovando que houve morte. Enfim, vários
são os aspectos que podem ser ressaltados de modo a reforçar os
fundamentos.

3.3 Fundamentos jurídicos

A fundamentação jurídica, como sempre, é a parte que vai lhe dar mais
pontos, nela você vai mostrar todo seu conhecimento jurídico sobre a
medida cautelar pela qual representa.
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Nesse ponto você vai dividir sua fundamentação em 3 partes.

A primeira será relativa à prática delituosa, na qual você vai tipificar


o crime. Aqui você mostrará que sabe identificar o crime que ocorreu em
meio à historinha que foi contada no enunciado. Existem provas, como a
da PCDF de 2009, em que você deveria tipificar a conduta de cada um
dos envolvidos, portanto é de suma importância saber qual crime ocorreu.

Algumas provas já afirmam no enunciado o crime que ocorreu, o que


torna a sua tarefa mais simples nesse ponto, no entanto, outras em que a
história é longa e cheia de personagens pode levar você a uma dificuldade
em tipificar.

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A segunda parte da fundamentação se destina ao cabimento, ou
seja, você deverá mostrar que o crime sob investigação está tipificado no
CTB, ou seja, se trata de um dos crimes previstos nos art. 302 a 312, do
Código de Trânsito Brasileiro.

O fundamento aqui é bem lógico, uma vez que a medida é trazida em


meio ao CTB, logicamente ela é cabível quando ocorre um crime de
trânsito. Na sua peça você vai fazer essa menção de forma bem direta e
simples.

Por vezes será mais interessante mesclar no mesmo tópico a primeira e


segunda parte dos fundamentos.

A terceira parte se refere aos requisitos de cautelaridade, estamos


falando do fumus comissi delicti e do periculum in mora.

Devemos mostrar que está presente a justa causa, ou seja, que o crime
ocorreu, ou seja, que está comprovada a materialidade delitiva, bem
como há indícios de autoria que permitem atribuí-la ao representando.

Essa é a plausibilidade do bom direito no que diz respeito à


persecução penal. Aqui a ideia é bem parecida com as representações por
prisão. Se você aprendeu bem a parte de requisitos cautelares da prisão,
a ideia é a mesma.

Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou


da ação penal, havendo necessidade para a
garantia da ordem pública, poderá o juiz, como
medida cautelar, de ofício, ou a requerimento
do Ministério Público ou ainda mediante
representação da autoridade policial, decretar,
em decisão motivada, a suspensão da
permissão ou da habilitação para dirigir veículo
automotor, ou a proibição de sua obtenção.
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Como o próprio dispositivo legal menciona que a suspensão será deferida


a título de medida cautelar, podemos dizer que deverá cumprir os
requisitos cautelares de qualquer medida. A base de fundamentação de
toda essa medida de suspensão é o próprio art. 294, do CTB.

3.4. Pedido

Vamos agora falar um pouco sobre o pedido que deverá estar na sua
peça, ele possui uma peculiaridade básica em relação aos demais.

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A base é a mesma; você vai representar ao juiz pela decretação da
suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor,
ou a proibição de obtê-la, conforme o caso.

A medida em estudo, em tese, não possui prazo fixado no CTB e deve


ser mantida até ulterior deliberação do juiz, de ofício, a requerimento do
MP ou mediante representação da autoridade policial.

Ademais, você deverá mencionar que seja oficiado o órgão executivo de


trânsito para que possa proceder às anotações e expedientes de praxe,
visando dar publicidade à medida ora deferida.

Podemos inclusive fundamentar essa diligência no art. 295, do CTB:

Art. 295. A suspensão para dirigir veículo


automotor ou a proibição de se obter a
permissão ou a habilitação será sempre
comunicada pela autoridade judiciária ao
Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN,
e ao órgão de trânsito do Estado em que o
indiciado ou réu for domiciliado ou
residente.

Assim, vale muito a pena você mencionar esse detalhe no seu pedido, vai
mostrar que tem conhecimento da lei e sabe que sua representação,
sendo deferida, só surtirá efeito no plano fático se se tornar pública por
meio da expedição de ofício ao órgão executivo de trânsito - DETRAN,
bem como ao CONTRAN, órgão consultivo e deliberativo de trânsito.

4. Modelo de representação por suspensão da permissão para ou


habilitação para dirigir veículo

Vamos agora estruturar o nosso modelo, que você deve memorizar. É


uma representação simples e a fundamentação está totalmente no art.
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294, do CTB, basta fundamentar com base nesse dispositivo legal,


adequando sempre ao que foi dito a respeito dos aspectos mais
importantes.

4.1 Endereçamento

O endereçamento continua sendo muito relevante, no caso de


representação por suspensão da PPD ou CNH. Podemos ter os mais
diversos juízos competentes, e até alguma vara especializada em crimes
de trânsito, mas como na sua prova não é solicitado o estudo da
organização judiciária, os três endereçamentos possíveis serão o juízo de
direito, o tribunal do júri e o juizado especial criminal, para os
crimes de menor potencial ofensivo (pena máxima até 2 anos).

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No entanto, se a questão mencionar que existe o juízo especializado em


crimes de trânsito, vale a pena mencionar que esse é o juízo competente,
endereçando a sua representação a ele.

Cuidado com crimes de competência do juizado especial criminal, a ele


cabe o julgamento dos crimes de menor potencial ofensivo, que são as
contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não excede a 2
(dois) anos.

No CTB temos a presença de alguns crimes de menor potencial ofensivo,


mais precisamente nos arts. 303, 304, 305, 307, 309, 310, 311 e
312.

Aqui é aquele básico de competência. Recomendo que se você tiver


dúvida, volte para a parte de processo penal, onde se estuda a
competência no CPP, pois lá estarão bem claras as principais regras para
identificar o juízo competente.

Lembrando mais uma vez que você só deve colocar a cidade se for
mencionado isso no enunciado, na dúvida, deixe aquele velho espaço em
branco, para não perder pontos e nem ser prejudicado totalmente com
uma possível identificação de prova.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE __________ ou (JUIZ PRESIDENTE
DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ____________) ou (JUIZ
DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE
____________) ou JUÍZO DA ____ª VARA CRIMINAL
ESPECIALIZADA EM CRIMES DE TRÂNSITO DA COMARCA DE
__________.

4.2 Preâmbulo
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Após o endereçamento você vai saltar algumas linhas, no máximo 2, e vai


fazer referência ao inquérito policial no bojo do qual se motiva a
representação por essa medida.

Lembrando que você não pode inventar um número de inquérito,


mencione número apenas se for mencionado no enunciado. Caso
contrário, deixe o bom e velho espaço em branco.

O preâmbulo, cujo modelo segue abaixo, possui as mesmas


características dos preâmbulos já vistos nas aulas anteriores, com as
modificações relativas às legislações pertinentes.

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“A Polícia Civil do estado do ____________, por meio do seu
Delegado de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições,
que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 294,
do Código de Trânsito Brasileiro – CTB (Lei n° 9.503/97); art. 2°,
§1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que
regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual
está prestando concurso), vem, com o devido respeito e
acatamento, à presença de Vossa Excelência, representar pela
suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo
automotor, ou ainda pela proibição de obtê-las por parte de
______________________, CNH ou PPD n°_______________,
prevista no art. 294, do CTB, pelos fundamentos de fato e de
direito que a seguir passa a expor”.

Nesse ponto você vai especificar se quer uma suspensão da permissão,


da habilitação ou proibição de obtê-las.

É importante mencionar o nome do representando, em face de quem será


representada a medida. Você pode ainda mencionar o número do
documento de habilitação ou permissão dele, de modo a especificar
devidamente a sua medida cautelar.

Não há muitos detalhes no preâmbulo dessa medida, lembre-se sempre


que deve constar nele o dispositivo legal que lhe dá a legitimidade para
representar pela medida, esse é o art. 294, do CTB.

Um bom preâmbulo já mostra conhecimento. Citar a lei 12.830/2013


comprova que você tem sangue de delegado e que vai procurar
valorizar as suas atribuições quando no exercício delas.

Professor, o preâmbulo é sempre igual, mudando


apenas algumas coisas, nas suas aulas essa parte
parece ser até repetitiva, não tem outros modelos
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de preâmbulo não?

Prezado Aderbal, sua pergunta é muito boa, e deve


ser a pergunta de muitos dos nossos alunos. A ideia
do nosso curso é condicionar você a memorizar um
modelo cada vez mais enxuto de peça. Aquilo que for
repetitivo é melhor ainda para você memorizar.
Preocupe-se apenas com as diferenças entre as peças.
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4.3 Fatos

Mais uma vez não temos muito a acrescentar ao que já foi dito acima,
você vai ser medido pelo poder de síntese que pode apresentar. Não
negligencie esse ponto, pois o examinador pode já não gostar muito da
sua peça, caso os fatos não sejam corretamente narrados, de forma
concisa e escorreita.

Procure parafrasear o enunciado, tentando não ser tão repetitivo.


Responder àquelas perguntas que já mencionei anteriormente pode ser
um bom norte a ser seguido.

Na peça de suspensão da PPD e da CNH você vai se deparar com fatos


que fortalecem a tese de que a suspensão é saudável para o andamento
da investigação, para garantir a ordem pública enquanto segurança viária.
O princípio que dá base aqui é o do in dubio pro societate, é fundamental,
portanto, mencionar os fatos que lhe dão a grande probabilidade de
reiteração em crimes de trânsito. Lembre-se de que você tem que
mencionar fatos importantes, aqueles que tem importância, sem ser
repetitivo, tampouco perdendo originalidade. Na narrativa dos fatos
também é local para ganhar pontos.

Lembre-se de que você não pode inventar fatos, isso é


terminantemente proibido, sob pena de ter a peça “zerada” pela
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identificação da prova.

4.4 Fundamentos jurídicos

Na parte dos fundamentos o ideal é você desdobrá-la em 2 ou 3 pontos,


quais sejam, do cabimento e crime cometido e da necessidade

No primeiro ponto você deve tipificar o crime sob investigação, com


tranquilidade você vai verificar que ocorreu um crime previsto no CTB. E
se o crime está previsto no CTB, então é cabível a medida de suspensão
da PPD ou CNH.

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Quanto à necessidade da medida, estamos falando dos requisitos de
cautelaridade, que já foram mencionados anteriormente, ou seja, a
prova da existência do crime e indícios de autoria e também o
perigo da demora, pois se tratando de uma medida cautelar, é
necessário que vislumbremos uma possibilidade de dano irreparável caso
a medida não seja deferida de plano, ou seja, cautelarmente.

A ideia é provar que o crime ocorreu, que na investigação há um indiciado


ou então um investigado com fortes suspeitas de que seja o autor do
delito.

Quanto ao requisito de urgência no deferimento da medida, ou seja, do


requisito cautelar do periculum in mora a proposta é mencionar que se
não for deferida a medida suspensiva a segurança viária tem um sério
risco de ser violada e sofrer as agruras de um condutor reincidente em
crimes de trânsito continuar conduzindo veículo.

Tente mostrar os antecedentes do condutor, convencendo o juiz de que


se aquela medida não for tomada, a sociedade corre sérios riscos.

Resumindo você vai provar que há uma situação em que, com grande
probabilidade, um condutor seja condenado por um crime de trânsito
(plausibilidade do bom direito) e que ele venha a ter suspenso o direito de
dirigir e que essa pena pode ser deferida cautelarmente de modo a
garantir a ordem pública, enquanto segurança viária.

4.5 Do Pedido.

No pedido já foi mencionado que você deve representar pela medida


sempre de forma objetiva, cuidado com o verbo, pois o delegado de
polícia representa e não requer, quem requer é o membro do MP.

Não se esqueça de mencionar especificamente o nome do condutor e o


número da sua PPD ou CNH, lembrando que você não pode inventar
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número, coloque-o apenas se for fornecida essa informação, do contrário


coloque o espaço em branco já comumente utilizado em outras hipóteses.

Outro detalhe que deve ser mencionado é o ofício que deve ser
enviado ao CONTRAN e ao DETRAN local para que seja tornada
pública a suspensão. Não adianta nada tomar essa medida e não torná-la
eficaz, temos que retirá-la do papel e deixar claro que para efetividade
dela os órgãos administrativos devem tomar as providências de praxe.

Assim, diante das informações acima, segue um modelo de pedido bem


sucinto e direto.

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Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito
já expostos, representa, essa autoridade policial, pela suspensão
da permissão para dirigir ou habilitação de n° ________,
pertencente à _________________, ou ainda a proibição de
___________________ obter a permissão ou habilitação, por ser
a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra na
fundamentação exposta, após a manifestação do ilustre membro
do Ministério Público.

Solicita ainda que, em caso de deferimento, sejam enviados


ofícios ao DETRAN local, bem como ao CONTRAN, nos termos do
art. 295, do CTB.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.

Vamos agora colocar tudo isso em um modelo.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE __________ ou (JUIZ PRESIDENTE
DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ____________) ou (JUIZ
DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE
____________) ou JUÍZO DA ____ª VARA CRIMINAL
ESPECIALIZADA EM CRIMES DE TRÂNSITO DA COMARCA DE
__________.

Ref. Inquérito policial n°___

“A Polícia Civil do estado do ____________, por meio do seu


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Delegado de Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições,


que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 294,
do Código de Trânsito Brasileiro – CTB (Lei n° 9.503/97); art. 2°,
§1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que
regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o qual
está prestando concurso), vem, com o devido respeito e
acatamento, à presença de Vossa Excelência, representar pela
suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo
automotor, ou ainda pela proibição de obtê-las por parte de
______________________, CNH ou PPD n°_______________,
prevista no art. 294, do CTB, pelos fundamentos de fato e de
direito que a seguir passa a expor”.

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1. Dos fatos

Narrativa dos fatos, conforme instruções já mencionadas.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Do crime cometido e do cabimento da medida

Vale a pena demonstrar a tipificação do crime cometido,


mencionando que se trata de crime de trânsito, sendo, portanto,
cabível a medida cautelar representada, tendo em vista a
previsão
2.3 do art. 294,
Dos requisitos do CTB.
cautelares

Os requisitos cautelares são o fumus comissi delicti e o periculum


in mora. Demonstrar que estão presentes os dois requisitos.

Quanto ao primeiro, basta mostrar que o crime existe, ou seja,


que a materialidade delitiva encontra-se devidamente
comprovada, bem como que possui fortes indícios de autoria ou
participação.

O segundo, por sua vez, reside no periculum in mora. Você deverá


demonstrar ao examinador na sua peça que existe um forte perigo
para a ordem pública, enquanto segurança viária, nos termos do
art. 294, do CTB. Veja como ficaria uma boa demonstração de
periculum:

“No que diz respeito ao periculum in mora, os fatos acima


narrados comprovam que a reiteração criminosa por parte do
condutor é algo provável, caso não seja decretada a medida de
suspensão ora pleiteada, pois já vinha praticando crimes e
infrações de trânsito reiteradamente”
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3. Do pedido

Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito


já expostos, representa, essa autoridade policial, pela suspensão
da permissão para dirigir ou habilitação de n° ________,
pertencente à _________________, ou ainda a proibição de
___________________ obter a permissão ou habilitação, por ser
a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra na
fundamentação exposta, após a manifestação do ilustre membro
do Ministério Público.

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Solicita ainda que, em caso de deferimento, sejam enviados
ofícios ao DETRAN local, bem como ao CONTRAN, nos termos do
art. 295, do CTB.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.

Veja que a suspensão da PPD ou da CNH possui a mesma base de


fundamentação das prisões e das medidas cautelares diversas dela, com
o particular de ter como requisito cautelar de necessidade a garantia da
ordem pública enquanto segurança viária.

Vamos agora ao exercício da aula de hoje.

Essa aula não possui questões de prova, nem adaptadas, portanto, as


questões apresentadas são originalmente produzidas pelo Prof. Vinícius
Silva.

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5. Questões comentadas

Questão 1. (Prof. Vinícius Silva)

Na noite dia 12 de julho de 2014, por volta de 23:00, na esquina


entre a Avenida Rui castro e Rua Amílcar Barros, na cidade de
Arroxadinho ocorrera um acidente de trânsito, oportunidade em
que o Sr. Hélio dos Anjos foi colhido pelo automóvel dirigido por
Joel dos Santos.

Testemunhas que estavam em um bar na mesma esquina


noticiaram que o veículo conduzido por Joel trafegava em alta
velocidade e após o acidente o motorista evadiu-se do local, no
entanto, a placa do carro que conduzia foi anotada pelas
testemunhas, que socorreram a vítima ao hospital.

Lá chegando Hélio passou por cirurgia delicada para tentar


reverter um traumatismo craniano que ocorrera em virtude do
acidente.

Dias depois, instaurado o inquérito para apurar a autoria do crime,


foi descoberto por meio das câmeras do departamento de
fiscalização viária que o veículo pertencia a Joel dos Santos.
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Ademais, foi possível verificar que Joel estava com sua Carteira
Nacional de Habilitação vencida e sem renovação por conta da
quantidade excessiva de infrações de trânsito que cometera.

O prontuário do DETRAN foi juntado aos autos do inquérito e


consta nele o número de sua CNH e informações das infrações de
trânsito cometidas por ele.

O suspeito foi ouvido e comentou que fora ele quem atropelara


Hélio, e tentou justificar a sua conduta por conta da falta de
visibilidade no local, fato esse controvertido por conta do
depoimento das testemunhas.

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No momento o inquérito encontra-se concluso ao Delegado de


Polícia, que aguarda diligências relativas à perícia no local do
crime.

Na qualidade de delegado que conduz a investigação, represente


ao juiz da vara especializada em crimes de trânsito da comarca de
Arroxadinho pela medida cautelar cabível nesse momento.

Comentário e modelo de peça proposto.

Veja que não temos muito que comentar.

Primeiramente temos presente no caso um crime de trânsito, qual


seja, o tipificado ao teor do art. 303, da Lei n° 9.503/97. Houve
lesão corporal sofrida pelo Sr. Hélio dos Anjos de natureza grave, por
conta da cirurgia de risco que teve que se submeter por conta do
traumatismo craniano sofrido em virtude do acidente.

Assim, é cabível a medida de suspensão da habilitação para dirigir veículo


automotor.

Vamos verificar se é necessária.

O crime ocorreu e os indícios de autoria estão presentes por conta dos


depoimentos testemunhais e ainda por conta da confissão do investigado
em sede policial.

A necessidade da medida se faz presente por conta da possibilidade de


reiteração de infrações de trânsito e crimes da mesma natureza, haja
vista o vasto número de infrações cometidas por Joel.
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Assim, definimos a peça, que será a representação pela proibição de


obter a habilitação para dirigir veículo automotor, uma vez que a
sua CNH já está suspensa, por conta da excessiva quantidade de
pontos. Portanto, a autoridade policial está agindo de forma cautelar,
evitando que Joel possa voltar a obter habilitação.

Vamos solicitar que seja oficiado ao DETRAN local, bem como ao


CONTRAN, de modo que seja dada publicidade à medida ora deferida.

O juízo competente é o da vara especializada em crimes de trânsito, uma


vez que foi mencionado na questão a sua existência.

Vamos à peça.

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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. DA ____ª VARA CRIMINAL


ESPECIALIZADA EM CRIMES DE TRÂNSITO DA COMARCA DE
ARROXADINHO.

Ref. Inquérito policial n°___

A Polícia Civil do estado do ____________, por meio do seu Delegado de


Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 294, do Código de
Trânsito Brasileiro – CTB (Lei n° 9.503/97); art. 2°, §1°, da Lei
12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições
da polícia civil do estado para o qual está prestando concurso), vem, com
o devido respeito e acatamento, à presença de Vossa Excelência,
representar pela proibição de obter permissão ou habilitação para dirigir
veículo automotor por parte de Joel dos Santos, prevista no art. 294, do
CTB, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

Consta nos autos que o Sr. Joel dos Santos, no dia 12 de julho de 2014,
por volta de 23:00, na esquina entre a Avenida Rui castro e Rua Amílcar
Barros, na cidade de Arroxadinho foi responsável por um acidente de
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trânsito que vitimou o Sr. Hélio dos Anjos.

Em decorrência da colisão, Hélio foi conduzido ao hospital e, na ocasião,


teve de passar por cirurgia delicada para tratar um traumatismo craniano
sofrido em virtude do impacto.

O condutor evadiu-se do local, no entanto, populares conseguiram anotar


a placa do veículo e ele acabou sendo identificado. Conduzido ao distrito
policial responsável pela investigação confessou ser o responsável pelo
acidente e tentou justificar o ocorrido por conta da falta de iluminação da
via.

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Foi solicitado junto ao DETRAN o prontuário do motorista e através dele
comprovou-se que se trata de um motorista que já estava com sua CNH
suspensa por conta de inúmeras infrações de trânsito.

2. Dos fundamentos jurídicos

2.1 Do crime cometido e do cabimento da medida

De acordo com a investigação o crime cometido foi o de lesão corporal


culposa na direção de veículo automotor, tipificado nos termos do art.
303, do CTB.
A vítima foi colhida pelo veículo e conduzida ao hospital correu perigo de
vida, configurando a chamada lesão corporal grave, do CP, combinada
com o art. 303, do CTB.

Nesse diapasão, é cabível a cautelar de proibição de se obter a habilitação


para dirigir veículo, uma vez que ocorreu crime de trânsito, sendo
admissível a medida, nos termos do art. 294, do CTB.

2.3 Dos requisitos cautelares

Os requisitos cautelares são o fumus comissi delicti e o periculum in


mora.

Quanto ao primeiro, resta comprovadamente presente, uma vez que o


crime existe, ou seja, que a materialidade delitiva encontra-se
devidamente satisfeita, bem como que possui fortes indícios de autoria ou
participação.

A vítima foi conduzida ao hospital e sofreu lesão à sua integridade física,


inclusive correndo perigo de vida, estando comprovada a materialidade
delitiva de trânsito.

Quanto aos indícios de autoria, também estão presentes no caso


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concreto, pois o investigado confessa a autoria e as testemunhas


corroboram esse fato.

O segundo, por sua vez, reside no periculum in mora. Ou seja, existe um


forte perigo para a ordem pública, enquanto segurança viária, nos termos
do art. 294, do CTB.

Os fatos acima narrados comprovam que a reiteração criminosa por parte


do condutor é algo provável, caso não seja decretada a medida proibitiva
ora pleiteada, pois ele já vinha praticando infrações de trânsito
reiteradamente.

3. Do pedido

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Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já


expostos, representa, essa autoridade policial, pela proibição de obter
habilitação ou permissão para dirigir por parte de Joel dos Santos, por ser
a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra na
fundamentação exposta, após a manifestação do ilustre membro do
Ministério Público.

Solicita ainda que, em caso de deferimento, sejam enviados ofícios ao


DETRAN local, bem como ao CONTRAN, nos termos do art. 295, do CTB.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.

Veja que foi uma peça parecida com a representação por medida cautelar
diversa da prisão, na verdade ela é uma medida cautelar diversa da
prisão específica. A identificação dessa pela não será problemas, pois se
for um crime de trânsito é um ótimo sinal de que essa medida é a cabível
e necessária, basta verificar os demais elementos.

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6. Questões propostas

Questão 1 (Vinícius Silva):

João Felipe Amarantes foi preso em flagrante no último dia 30 de


abril de 2015 na Avenida Rui franco, por volta do número 42,
aproximadamente 02:00, por policiais militares que faziam a
ronda naquele local.

Na ocasião, João Felipe foi conduzido à delegacia especializada em


crimes de trânsito, pois no momento em que foi preso estava
praticando “racha” naquela avenida. O seu companheiro de
competição acabou evadindo-se do local sem ser identificado,
tampouco a placa do veículo.

A folha de antecedentes criminais de João foi juntada aos autos do


inquérito que foi instaurado em virtude do auto de prisão em
flagrante e consta no documento que João já havia se envolvido
em crimes de trânsito como homicídio de trânsito, embriaguez ao
volante, dentre outras infrações administrativas decorrentes de
uma direção veicular imprudente.

O auto de prisão em flagrante foi enviado ao juiz que decidiu pela


13601418207

liberdade provisória mediante fiança, que já foi paga,


encontrando-se o condutor em liberdade.

Diante de tais informações, na qualidade de delegado de polícia


que conduz o inquérito, represente ao juiz pela medida cautelar
cabível à garantia da segurança da sociedade em meio ao caso
concreto apresentado.

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Questão 2: (Vinícius Silva)

No último dia 4 de junho de 2015, ocorreu a final do campeonato


distrital de futebol no estádio Mané Garrincha em Brasília.

Na ocasião, o Sr. Carlos Alberto da Silva emocionou-se com a


quebra do tabu do Gama Futebol Clube, que não ganhava o título
distrital há 20 anos.

A comemoração entrou pela noite nos bares da cidade e já na


madrugada do dia 5 de junho de 2015, por volta de 03:00,
condizia seu veículo pela asa norte, quando foi surpreendido por
uma blitz para busca de armas e entorpecentes, desprovida de
etilômetro.

Os policiais notaram que o condutor havia ingerido bebida


alcoólica e registraram o ocorrido. O Sr. Carlos Alberto negou-se a
realizar o exame de sangue para aferição do percentual alcoólico
no seu corpo, no entanto, a ingestão poderia ser facilmente
comprovada por meio de um exame simples das condições de
equilíbrio e reflexo do condutor.

O motorista foi levado ao distrito policial plantonista, que lavrou


13601418207

fragrante e adotou todos os procedimentos de praxe. O juiz ao


decidir o flagrante, o homologou e determinou a sua liberdade
provisória mediante fiança.

Realizadas as demais diligências e oitivas de testemunhas, bem


como do próprio indiciado, a autoridade policial já concluiu todas
as investigações e deseja remeter os autos ao Poder Judiciário, no
entanto, o condutor ainda continua dirigindo alcoolizado, segundo
relato de sua esposa, que teme por sua vida e dos demais
transeuntes que circulam as vias do Distrito Federal.

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Diante do exposto, na qualidade de autoridade policial, produza a
peça conclusiva, representando pelas medidas cautelares que
entender cabíveis e necessárias ao caso concreto.

Bom, agora que vimos as nossas duas questões propostas da aula de


hoje, vamos verificar as minhas propostas de peças para os dois
exercícios da aula 06.

7. Respostas dos exercícios da aula 06.

Questão 1 (Vinícius Silva):

Tramita na delegacia de Proteção à Mulher o inquérito policial de


n° 412/2015, por meio do qual a polícia judiciária investiga
crimes supostamente cometidos por Marcos José da Silva.

O inquérito foi instaurado por meio de portaria após denúncia de


sua companheira, a Sra. Maria das Dores da Silva, a qual foi até o
distrito policial especializado e narrou que vem sofrendo ameaças
e lesões sucessivas de seu companheiro, uma vez que ele é
viciado em álcool e todos os sábados quando chega a casa profere
palavras de baixo calão em sua direção com a finalidade de
ofender a moral e dignidade da Sra. Maria.

Por vezes a Sra. Maria das Dores sofre lesões de natureza leve e
tem de se refugiar na casa de sua mãe que mora na mesma rua.
Ela confirmou que essa situação já vem se arrastando há 8(oito)
meses e disse não aguentar mais tantas agressões e não
abandona o lar por conta dos dois filhos que tem.
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Alguns vizinhos foram ouvidos, assim como a mãe da vítima, e


todos confirmaram a versão dos fatos narrada por Maria das
Dores.

O autor das agressões foi ouvido nesse distrito e negou a versão


de sua companheira, afirmando que nunca levantou a mão para
ela e a trata bem. Porém confirmou que é alcoólatra e muito
ciumento.

Sua folha de antecedentes foi juntada aos autos do apuratório e


nada foi constatado em face de Marcos José. Cópia da carteira de
trabalho dele também foi juntada aos autos e pode-se comprovar

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que ele possui trabalho fixo em uma fábrica de calçados na região
metropolitana da cidade em que vive.

Sabendo-se que na comarca em que ocorreram os fatos existe um


juizado especializado em crimes de violência doméstica contra a
mulher, na qualidade de delegado que preside a investigação,
represente pela medida cautelar cabível ao caso narrado.

Comentário da questão e sugestão de peça:

A questão versa sobre a violência doméstica que a companheira de


Marcos José da Silva sofre em razão de ações violentas perpetradas por
este.

Veja que a prisão do investigado é medida por demais gravosa ao caso


concreto e não seria saudável para uma pessoa trabalhadora, que não
possui antecedentes criminais, adentrar ao cárcere.

Assim, o ideal seria decidir por uma medida cautelar diversa da prisão,
que viesse a coibir a reiteração criminosa da mesma natureza e em face
da mesma pessoa.

Portanto, poder-se-ia representar pela medida prevista no inciso III, do


art. 319, do CPP:

III - proibição de manter contato com


pessoa determinada quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado dela permanecer
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distante; (Redação dada pela Lei nº


12.403, de 2011).

Essa medida cautelar respeita a proporcionalidade e atinge a finalidade de


não reiteração da atividade criminosa.

Quanto aos requisitos, a materialidade do delito está comprovada, uma


vez que o crime ocorreu e quanto a isso não há dúvidas. O autor do
delito, apesar de ter negado em sede policial, provavelmente é o marido
da vítima. As provas testemunhais e o depoimento da vítima corroboram
a tese.

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O requisito de cautelaridade presente nesse caso concreto seria o da
garantia da ordem pública. Ou seja, para garantir que não haja a
reiteração criminosa por parte de Marcos José em face de sua esposa, que
após 8 (oito) meses de sofrimento denunciou o agressor.

Definida a peça, vamos produzir.

Apenas um detalhe acerca do juízo competente para processar a


demanda. O juízo seria o especializado, isso foi mencionado na questão e
deve ser levado em conta no endereçamento da peça.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DO JUIZADO ESPECIALIZADO EM


CRIMES DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA DA COMARCA DE
_____________.

Ref. Inquérito policial n°. 412/2015

A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado de


Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 282, §2°, do Código de
Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela
(citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o
qual está prestando concurso), vem, com o devido respeito e acatamento,
à presença de Vossa Excelência, representar pela decretação da medida
cautelar de proibição de Marcos José da Silva manter contato com Maria
das Dores da Silva, prevista no art. 319, III, do CPP, pelos fundamentos
de fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos
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Narram os autos do inquérito em epígrafe que o representando


reiteradamente vem cometendo crimes de violência doméstica em face de
sua esposa, a qual relatou em sede policial que há mais de 8 (oito) meses
vem sofrendo agressões físicas e verbais, fatos esses que foram
confirmados por sua mãe e demais testemunhas que presenciam os atos
de violência.

Foi checado junto aos registros dos órgãos competentes que Marcos José
da Silva possui emprego fixo, com carteira assinada, e não registra outros
antecedentes criminais.

2. Dos fundamentos jurídicos

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2.1 Da Prática delituosa

O crime ocorrido foi o de violência doméstica tipificado no §9°, do art.


129, do Código Penal. Veja que o autor da violência prevaleceu-se da
situação de coabitação para cometer as lesões.

Assim, tipificado está o crime de lesão corporal do código penal conhecido


como violência doméstica.

2.2 Do cabimento

O crime acima tipificado possui pena privativa de liberdade cominada,


motivo pelo qual é cabível a decretação de qualquer medida cautelar
diversa da prisão, nos termos do art. 283, §1°, do CPP.

2.3 Dos requisitos cautelares

Os requisitos cautelares para o deferimento das medidas representadas


são o fumus comissi delicti e o periculum in mora.

Quanto ao primeiro, os fatos narrados comprovam que ocorreu violência


doméstica em face da vítima Maria das Dores da Silva e que esse fato foi
cometido pelo seu companheiro, o Sr. Marcos José da Silva, fatos esses
comprovados por testemunhas que convivem nas vizinhanças da
residência da vítima.

O segundo, por sua vez, reside no periculum libertatis. No que diz


respeito a ele, os fatos acima narrados comprovam que a reiteração
criminosa por parte do agressor é algo provável, caso não seja decretada
a medida de proibição de contato com Maria das Dores da Silva.

Caso não seja deferida a referida medida, o risco de ocorrência de delitos


da mesma natureza é premente, dada a personalidade do agente e a
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reiterada prática que já vinha ocorrendo.

Quanto à necessidade de prisão preventiva, a medida revela-se por


demais gravosa ao caso concreto, não sendo proporcional à finalidade que
se pretende, ou seja, evitar a reiteração criminosa.

Assim, nos termos do art. 282, II, do CPP, não se faz necessária a medida
de segregação da liberdade.

3. Do pedido

Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já


expostos, representa, essa autoridade policial, pela decretação da medida

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cautelar de proibição de manter contato com determinada pessoa,
prevista no art. 319, III, do CPP, por ser a medida de direito adequada ao
caso conforme se demonstra na fundamentação exposta, após as
manifestações da parte contrária e do ilustre membro do Ministério
Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.
Questão 2: (Vinícius Silva)

Na delegacia de repressão a crimes contra a administração pública


tramita o inquérito de n° 980/2015, instaurado após ofício do
Secretario Estadual de Segurança Pública, em que este denuncia a
ocorrência do crime de corrupção passiva no posto de fiscalização
da Polícia Rodoviária Estadual em Iguatu-CE.

O secretário em seu ofício relata que houve uma investigação


administrativa e por meio dela pode-se comprovar que o policial
Antônio Brasil, do batalhão da Polícia Rodoviária Estadual estava
exigindo dos motoristas que passavam pelo posto de fiscalização
quantias que variavam de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$
1.000,00 (um mil reais) para liberar a passagem deles pelo
referido posto, o que lhe rendia cerca de R$ 20.000,00 (vinte mil
reais) de renda extra mensalmente.

Algumas diligências foram efetuadas e pode-se comprovar que o


referido policial ostenta um patrimônio incompatível com seu
salário.

O policial conta com 5 anos de serviço na Polícia Militar do estado


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do Ceará e nunca havia cometido nenhum outro ilícito penal ou


administrativo.

Na qualidade de delegado de polícia responsável pelo caso acima,


represente ao juiz pela medida cautelar cabível ao caso concreto
narrado.

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Comentário da questão e sugestão de peça:

A questão retrata uma prática corriqueira no dia a dia da atividade


policial, que, infelizmente, macula a imagem da instituição perante a
sociedade.

O crime ocorrido é o de concussão, embora o Secretário tenha noticiado o


crime de corrupção passiva, o delegado de Polícia tem livre
convencimento para entender qual a conduta típica ocorrida.

A notitia criminis chegou ao conhecimento do delegado de polícia por


meio de ofício enviado pelo Secretário de Segurança Pública, após ter sido
realizada investigação administrativa. Ou seja, resta clara a materialidade
e a autoria do delito, haja vista a robusta prova trazida por meio do ofício
do Secretário.

Ademais, a prática delituosa tem de ser coibida e o afastamento do


agente público é suficiente para fazer cessar essa ação. A prisão seria por
demais gravosa para o caso concreto apresentado. Logo a maneira
correta de proceder nesse caso seria representar por uma medida
cautelar diversa da prisão.
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A medida de suspensão do exercício de função pública é uma medida


salutar nesse caso, pois ela acaba atingindo o problema que está sendo
causado com a prática, que é a exigência de valores indevidos, pois com
o policial afastado de suas funções a prática, em tese, não poderia ser
reiterada, bem como você resguarda o agente público do cárcere, uma
vez que é altamente prejudicial ao caso concreto.

O fato de o policial ter cometido pela primeira vez ilícitos penais e ou


administrativos também reforçam a tese de que seria suficiente o
afastamento cautelar de suas funções públicas.

Quanto ao juízo competente, caso a prova mencionasse que há uma vara


competente para o processamento de crimes contra a fazenda pública,

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seria a este endereçada a nossa peça, no entanto, a questão não
menciona nada a respeito, tampouco foi exigido o conhecimento da
organização judiciária do DF, portanto, vamos representar ao juízo
comum criminal.

Definida a peça pela qual vamos representar, vamos produzir, de acordo


com o modelo já mencionado na aula anterior e já utilizado nas questões
anteriores.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE _______________.

Ref. Inquérito policial n°. 980/2015

A Polícia Civil do estado do _________, por meio do seu Delegado de


Polícia, ao final assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são
conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 282, §2°, do Código de
Processo Penal - CPP; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, bem assim pela
(citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil do estado para o
qual está prestando concurso), vem, com o devido respeito e acatamento,
à presença de Vossa Excelência, representar pela decretação da medida
cautelar de suspensão da função pública de Antônio Brasil, Policial Militar
integrante do batalhão de policiamento rodoviário, pelos fundamentos de
fato e de direito que a seguir passa a expor.

1. Dos fatos

Constam nos autos do inquérito em epígrafe, instaurado por meio de


portaria de instauração, após o recebimento de ofício da lavra do
Secretario de Segurança Pública, que o Policial Militar Antônio Brasil
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estava praticando, de acordo com os fatos, o crime de concussão, ao


exigir quantia em dinheiro de condutores de veículos que passavam pelo
posto de fiscalização sob sua responsabilidade.

Ficou apurado na investigação administrativa que o policial investigado


não carrega outros antecedentes e nunca havia sido processado
administrativamente, tampouco cometido irregularidades de qualquer
natureza.

Ademais, ficou comprovado que o patrimônio de Antônio Brasil cresceu


demasiadamente nos últimos anos, sem a devida justificativa.

2. Dos fundamentos jurídicos

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2.1 Da Prática delituosa

De acordo com os fatos narrados na investigação administrativa da Polícia


Militar, ficou comprovado que o Policial Antônio Brasil exigia quantias em
dinheiro dos motoristas que trafegavam pelo trecho sob sua fiscalização,
o que amolda-se ao tipo penal previsto no art. 316, do CP, pois a
exigência da quantia ocorria em razão da função pública desempenhada
pelo militar.

2.2 Do cabimento

O crime acima tipificado possui pena privativa de liberdade cominada de


dois a oito anos de reclusão, motivo pelo qual é cabível a decretação de
qualquer medida cautelar diversa da prisão, nos termos do art. 283, §1°,
do CPP.

2.3 Dos requisitos cautelares

Os requisitos cautelares para o deferimento das medidas representadas


são o fumus comissi delicti e o periculum in mora.

Quanto ao primeiro, a investigação administrativa, cujas principais peças


seguem anexas, mostram que a prática delituosa ocorreu, de fato e que a
autoria delitiva atribui-se ao policial militar Antônio Brasil.

O segundo, por sua vez, reside no periculum libertatis. No que diz


respeito a ele, os fatos acima narrados comprovam que a reiteração
criminosa por parte do agente público é algo provável, caso não seja
decretada a medida de suspensão da função pública desempenhada.

Caso não seja deferida a referida medida, o risco de ocorrência de delitos


da mesma natureza é premente, dada a personalidade e número de
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ocorrências envolvendo o investigado.

Quanto à necessidade de prisão preventiva, a medida revela-se por


demais gravosa ao caso concreto, não sendo proporcional à finalidade que
se pretende, ou seja, evitar a reiteração criminosa.

Assim, nos termos do art. 282, II, do CPP, não se faz necessária a medida
de segregação da liberdade.

3. Do pedido

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Peça Prática para Delegado de Polícia
Pernambuco
Prof. Vinícius Silva – Aula 07
Ante o exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já
expostos, representa, essa autoridade policial, pela decretação da medida
cautelar de suspensão da função pública de policial militar de Antônio
Brasil, integrante do batalhão de policiamento rodoviário na cidade de
Iguatu-CE, prevista no art. 319, VI, do CPP, por ser a medida de direito
adequada ao caso conforme se demonstra na fundamentação exposta,
após as manifestações da parte contrária e do ilustre membro do
Ministério Público.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Local, data.

Delegado de Polícia
Matrícula.

Bom, por hoje é só. A partir da próxima aula vamos estudar peças que
não são necessariamente representações por medidas cautelares, mas
são apenas peças da própria atividade de polícia judiciária, que o
delegado de polícia produz no bojo do inquérito, como, por exemplo,
despachos, portarias, relatórios, etc.

Espero que essa primeira fase do nosso curso tenha sido bem
compreendida por vocês.

Abraços.

Bons Estudos.

Prof. Vinícius Silva.

13601418207

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