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A cultura no jornalismo cultural*

Denise da Costa Oliveira Siqueira


Doutora em Ciências da Comunicação (ECA-USP)
Professora adjunta do Programa de Pós-graduação
em Comunicação (UERJ)
E-mail: dcos@uerj.br

Euler David de Siqueira


Resumo: O artigo busca incitar a reflexão e despertar o interes-
se em relação aos suplementos de jornais impressos especiali- Doutor em Sociologia (IFCS-UFRJ)
zados em cultura e sociedade, levantando uma discussão sobre Professor adjunto do Programa de Pós-graduação
o conceito de cultura. Lugar de divulgação de artes e espetácu- em Ciências Sociais (UFJF)
los, espaço para a palavra de artistas, espaço comercial, local de E-mail: euler.david@ufjf.edu.br
prestação de serviços para leitores e até para discussão breve

C
em torno de temas da contemporaneidade, o chamado jorna-
lismo cultural é objeto privilegiado para análise das mudanças ampo que reúne textos de caracte-
pelas quais passam a sociedade, a cultura e, por extensão, os
próprios meios de comunicação de massa. rísticas críticas e reflexivas ao mes-
Palavras-chave: jornalismo cultural, cultura, arte, representa- mo tempo em que outros de prestação de
ções sociais, mídia.
serviços e intenções comerciais, o jornalismo
La cultura en el periodismo cultural cultural tem garantido espaço nos meios de
Resumen: El artículo busca incitar la reflexión y despertar el comunicação brasileiros impressos, eletrô-
interés en relación con los suplementos de periódicos impre-
sos especializados en cultura y sociedad, levantando una dis- nicos e digitais. No rádio, a programação de
cusión sobre el concepto de cultura. Lugar de divulgación de emissoras públicas como MEC FM, no Rio
artes y espectáculos, espacio para la palabra de artistas, espacio
comercial, local de prestación de servicios para lectores y aun
de Janeiro, dedica horários para o debate so-
para la discusión breve en torno de temas de la contempora- bre espetáculos teatrais e musicais. Emisso-
neidad, el llamado periodismo cultural es objeto privilegiado ras comerciais de FM divulgam notas sobre
para análisis de los cambios por los que pasan la sociedad, la
cultura y, por consiguiente, los propios medios de comunica- shows, espetáculos e exposições oferecendo
ción de masa. ingressos a ouvintes que participem de pro-
Palabras clave: periodismo cultural, cultura, arte, representa-
ciones sociales, medios.
moções.
Na televisão, emissoras de canal aberto e
The culture in the cultural journalism canais de TV por assinatura exploram esse
Abstract: The article aims to incite the reflection and also to
cause interest in the newspapers´s supplement specialized in
campo, veiculando reportagens sobre temas
culture and society, questioning the culture concept. Space que vão desde as artes plásticas até a dança.
for releasing arts and shows, space for artists´ speeches, space Programas como Metrópolis, da TV Cultura,
for advertising, for readers´s service support and even for the
quick debate on contemporary subjects, the so-called cultural de São Paulo, e o extinto Caderno 2, da TVE,
journalism is a focused object for the analysis of the changes
which society, culture and, for extension, media, have been
passing through. * Este trabalho teve uma versão inicial apresentada no Núcleo
Key words: cultural journalism, culture, arts, social represen- de Pesquisa de Jornalismo do XXVII Congresso Brasileiro de
tations, media. Ciências da Comunicação – Intercom.

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do Rio de Janeiro, e outros como Multishow caderno diário, mais um semanal sobre lite-
em revista, do Multishow; Starte, Agenda e ratura e ainda revistas com a programação
Almanaque, da Globonews, são exemplos de para os fins de semana. Ao mesmo tempo em
jornalismo cultural em formato televisivo. que há um aumento de matérias publicadas
Na web, os sites noticiosos também garan- sobre o assunto, ocorre uma mudança notá-
tem links para matérias em que o tema são ar- vel no jornalismo cultural. Antes do advento
tes e cultura – ainda que os sentidos de “arte” dos cadernos especializados, as informações
e “cultura” não sejam exatamente os emprega- relativas a artes e espetáculos se encontravam
dos no universo acadêmico. misturadas a outros temas nas então conhe-
A televisão e o rádio, com menos intensida- cidas seções de variedades, disputando e con-
de – meios de comunicação de massa do sécu- correndo em espaço com horóscopo, passa-
lo XX – vêm abrindo espaço para alguma pro- tempos, charadas e quebra-cabeças.
gramação cênica e artística. A Internet segue o Com os cadernos culturais – e entre eles é
mesmo caminho. Os meios de comunicação importante citar o inovador Suplemento Do-
impressos, no entanto, constituíram locus de minical do Jornal do Brasil (SDJB), que circu-
discussão intelectual, artística e literária desde lou entre 1956 e 1961 –, jornalistas começa-
os seus primórdios. No século XVII, o célebre ram a se especializar na cobertura e crítica de
Journal des Savants inaugurou na França a crí- teatro, dança, música clássica, música popular,
tica literária na imprensa, divulgando livros e televisão e cinema. A cessão de um caderno
descobertas do campo científico. inteiro para artes e espetáculos também de-
A Encyclopédie ou Dictionnaire Raisonné monstrou uma vontade comercial de inves-
des Sciences, des Arts et des Métiers, dirigida tir em um novo espaço ou nicho promissor.
por Diderot e D’Alembert, no século XVIII, Assim, a editoria de cultura lida diretamente
embora não constituísse material jornalísti- com a indústria cultural, sendo, em primeiro
co, teve importância fundamental na divul- lugar, um produto desta e, em segundo, um
gação de idéias efervescentes do Século das espaço privilegiado para divulgação de outros
Luzes. Constituída de verbetes escritos por produtos da mesma indústria cultural.
colaboradores como Voltaire, Rousseau e os É interessante notar que com o proces-
próprios Denis Diderot e Jean D’Alembert, so de modernização da sociedade e de sua
foi chamada de “livro dos livros”, buscando complexificação, observa-se também a com-
reunir todo o conhecimento ocidental pos- plexificação e especialização de inúmeros ca-
sível e divulgá-lo para um público amplo. O dernos, dentre os quais os cadernos culturais,
pensamento da época incluía a idéia de que que parecem, assim, atender a diversos gostos
o homem – mediante o trabalho de educação e interesses de uma sociedade plural, em um
e de instrução – seria resgatado do irracional processo de segmentação.
mundo selvagem e animal, sendo as noções de Na prática das redações, assessorias de co-
cultura e civilização condições fundamentais municação e de imprensa, divulgadores, repre-
do desenvolvimento e do progresso de toda a sentantes de gravadoras e de patrocinadores
humanidade. disputam a pauta. Editores, repórteres e pau-
O jornalismo cultural recorre a essa fon- teiros têm de lidar com essa questão cotidiana-
te ao buscar levar a um público agora muito mente. A disputa por um espaço que é jornalís-
mais amplo, heterogêneo e preocupado com tico, mas tem um peso comercial, faz o trabalho
a velocidade, informações sobre o campo ar- em cadernos de cultura ter como característica
tístico: artes cênicas (dança e teatro), música, a dialética entre o discurso sobre artes/espetá-
artes plásticas, literatura. Hoje, a maior parte culos/questões contemporâneas e o capital ou
dos jornais de grande circulação tem pelo me- entre valor de uso e valor de troca.
nos um caderno sobre o tema. Alguns, como De toda forma, esse trabalho dá ao jor-
os cariocas O Globo e Jornal do Brasil, têm um nalista uma outra dimensão da experiência

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profissional: para o contato diário com atores, O valor de uso de um


artistas plásticos, músicos e bailarinos, é ne- bem cultural perde
cessário despertar para linguagens filosóficas,
sentido na sociedade
corporais, sonoras, cênicas e literárias. Então,
trabalhar com jornalismo cultural é trabalhar capitalista quando o
também com formas de arte, com a esfera que importa é que esse
do simbólico e paralelamente se reeducar no valor possa operar como
convívio com esses universos. valor de troca
O objetivo deste artigo é incitar a reflexão
e despertar o interesse em relação aos suple-
mentos especializados em cultura e sociedade, saberes práticos. Finalmente, foi a partir da
levantando uma discussão sobre o conceito de segunda metade do século XIX que ciência e
cultura. Lugar de divulgação de artes e espetá- técnica se fundiram, tornando possível a emer-
culos, espaço para a palavra de artistas, espaço gência da tecnologia ou da ciência aplicada.
comercial, local de prestação de serviços para Desde que surgiu o conceito moderno de
leitores e até para discussão breve em torno arte como um campo do saber separado dos
de temas da contemporaneidade, o chamado demais, as obras de arte feitas para fruição
jornalismo cultural é objeto privilegiado para do espectador – em formato de coreografia,
análise das mudanças pelas quais passam a so- livro, pintura, espetáculo, partitura – foram
ciedade, as artes, a cultura e, por extensão, os apreciadas por grupos sociais restritos: eram
próprios meios de comunicação de massa. dirigidas a um público específico, os mecenas
e seus convidados. A partir do Iluminismo, no
História, arte e cultura no jornalismo século XVIII, se pensou em mostrá-las a uma
audiência maior, mas então, faltaram os meios
O que se entende por arte vem ganhando materiais para sua divulgação e reprodução.
diversos significados ao longo da história. Na A partir do século XX, quando se reúnem
Antigüidade, notadamente na Grécia clássica, os elementos para a constituição de uma in-
arte e técnica formavam uma unidade. Por dústria cultural, as obras passam a ser produ-
serem saberes técnicos ligados aos ofícios, as tos culturais, deixam os salões e são reproduzi-
artes não eram valorizadas pelos cidadãos das em larga escala. Os artistas não dependem
gregos, que as consideravam uma atividade mais dos antigos mecenas, no entanto, passam
inferior. A inferioridade da fabricação, da téc- a depender do “mercado” de arte e, no caso
nica e da arte aparece em Aristóteles a partir das artes cênicas, especialmente no da dança,
da hierarquia que o filósofo estabelece entre de patrocínios – de governos ou de empresas.
poiésis e práxis. Aristóteles (1999) define as De certa forma, o tratamento formal dos
ações fabricadoras (poiésis) como uma forma artefatos culturais pela lógica de valorização
de conhecimento inferior à ciência teológica e e acumulação do capital implica a previsão
às ciências da práxis – dentre as quais estão a feita por Marx (1983) de que sob a égide do
ética, a economia e a política – ao considerar capital tudo ganha ares de mercadoria. O que
que toda ação que não tem um fim em si mes- importa aos produtores de mercadorias, se-
ma impossibilita a liberdade do agente, de sua jam elas quais forem, é simplesmente a face
ação e de sua obra. formal e impessoal do valor de troca. A noção
Somente a partir do Renascimento, passan- de valor de troca possibilita que valores de uso
do pela Revolução Científica – com a valoriza- (pois servem a necessidades distintas) dife-
ção do conhecimento empírico e experimental rentes possam se confrontar em um mercado
em detrimento do especulativo e contempla- de trocas como equivalentes. Desconsidera-se
tivo – e o advento da Reforma, se instaurou a totalmente o conteúdo do objeto que suporta
valorização do trabalho, do trabalhador e dos o aspecto formal de valor de troca. Ou seja, o

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seu valor de uso, de objeto que satisfaz uma pensa em jornalismo cultural seria: o aspec-
necessidade humana. Na verdade, o valor de to comercial compromete a atividade crítica
uso de um bem cultural – e toda mercado- nos cadernos de cultura? A segunda questão
ria como produto da ação humana é cultura seria: e o leitor, estaria disposto a ler críticas
– perde sentido na sociedade capitalista quan- densas sobre as obras de arte ou buscaria nos
do o que importa é que o valor de uso da mer- espaços das editorias de cultura apenas textos
cadoria possa operar como valor de troca. Em mais amenos? Essa segunda questão – que
resumo, o valor de uso de uma ópera, de um assim como a primeira apenas se apresenta
livro, de um disco, de um espetáculo de dança, aqui, sem responder – diz respeito à lógica do
aos olhos do capital, é poder realizar o valor de alívio/tensão explicitada por Ciro Marcondes
troca ali contido permitindo a valorização e a Filho em O capital da notícia (1989) e à dia-
acumulação do capital. A importância que os lética do documentário/ficção exposta por
suplementos ou cadernos culturais vêm assu- Edgar Morin em A cultura de massa no século
mindo dentro dos veículos midiáticos se deve, XX (1990). Os assim chamados cadernos de
em parte, à forma como o mundo da cultura e cultura cumpririam a função de aliviar a ten-
dos valores, ou o mundo da vida de que falam são gerada pela leitura das notícias “sérias” do
Schutz (1979) e Habermas (1987), é coloni- primeiro caderno. Seriam, portanto, menos
zado pelos sistemas auto-regulados dinheiro importantes hierarquicamente dentro da es-
trutura do veículo que adotasse as estratégias
do jornalismo convencional.

Para os iluministas,
Tudo é cultura?
a cultura foi eleita
como um dos Parece incoerente que o jornal, sendo um
elementos distintivos produto do agir e do pensar humano, apre-
da espécie humana. sente uma parte especificamente chamada de
“caderno cultural”. Todo o jornal é um pro-
É humano aquele duto da cultura, implicando uma linguagem
que a tem simbólica. Por que então chamar apenas uma
seção de caderno cultural quando todo o
jornal é cultural? Da mesma forma, por que
(lógica econômica) e poder (lógica estatal). classificar a indústria cultural somente como
A ampliação dos grupos sociais que ago- a parte produtora de mercadorias tais como
ra “consomem” e não mais apreciam as obras CDs, livros, revistas, espetáculos de dança,
exige mudanças no jornalismo – também ele shows, quadros, gravuras, quando a produção
um produto da indústria cultural. É neste de um automóvel, assim como de uma mesa
momento que germina a semente do jornalis- ou eletrodoméstico, também gera produ-
mo cultural, fruto da revolução industrial, das tos, por assim dizer, “culturais”? Por que não
aspirações burguesas de ascender socialmente chamar tudo de indústria cultural quando a
por meio do consumo “cultural” e, sobretudo, produção de uma mercadoria qualquer é ela
de escritores-jornalistas que buscavam nos mesma cultura?
jornais espaço para divulgar suas idéias. A resposta a essas questões talvez esteja na
Coreografias, livros, filmes, peças de teatro, própria dificuldade de se definir o que seja
compact discs, DVDs, CD-ROMs, músicas, cultura. Estamos diante de um paradoxo: para
shows são produzidos e – como toda merca- construir um conceito como o de cultura, é pre-
doria que possui um valor de troca – preci- ciso estar vinculado a uma determinada forma
sam ser divulgados e consumidos. Por isso, de ver o mundo chamada também de cultura.
uma primeira questão a se abordar quando se Não podemos fugir dessa dificuldade.

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O conceito de cultura forma, com a noção víduo possuidor de cultura não foi visto como
de natureza, uma das grandes oposições do algo positivo, muito ao contrário, ganhou uma
quadro do pensamento das ciências sociais. carga negativa. Os povos que “não possuíam
Mais do que vê-las delimitando espaços mu- cultura”, não socializados, foram valorizados
tuamente excludentes, é interessante tratá-las justamente por não terem ainda sufocado sua
como complementares. Ou seja, ambas são essência natural que, para Rousseau, era boa.
limites de um sistema que hierarquiza e or- Inúmeros autores das ciências sociais, in-
dena uma multiplicidade de elementos que se cluindo antropólogos, filósofos e sociólogos,
situam entre dois extremos e se articulam de construíram definições de cultura. Malinowski
maneira dinâmica. entendia cultura como um sistema de adapta-
As primeiras tentativas de definir o termo ção do homem à natureza; Marcel Mauss a via
cultura foram elaboradas por antropólogos como um fato social total; de forma sintética,
evolucionistas como Tylor, Morgan e Frazer. para Habermas, cultura, como ação comunica-
Tylor definiu cultura como um todo comple- tiva, é toda forma de ação mediada simbolica-
xo que inclui uma infinita gama de esferas da mente; para Lévi-Strauss, é um sistema classifi-
ação humana, indo da linguagem até a econo- catório simbólico inconsciente; para Edmund
mia. A despeito da tentativa de forjar um con- Leach, é comunicação; enquanto para Marshall
ceito científico, a palavra cultura, oriunda do Sahlins, além de ordens de significados de pes-
latim, significava no século XIII os cuidados soas e coisas, é uma forma de mediação entre o
dispensados à terra ou ao gado (Cuche, 1999). homem e a natureza. De acordo com Gilberto
Na metade do século XVI, o termo cultura foi Velho (1994), cultura é toda forma de expres-
empregado para designar o desenvolvimento são simbólica de indivíduos interagindo, es-
de uma faculdade humana da mesma forma colhendo, optando e preferindo, ao passo que
que se cultivava o solo. É interessante notar para Clifford Geertz (1978) se constitui nas
que o sentido do termo sofre uma transfor- redes de significados que os próprios homens
mação, passando do cultivo de alguma coisa tecem. Mesmo uma definição que oponha cul-
para cultura como uma ação de aprimorar tura à natureza não deixará de ser ela mesma
o homem. Não obstante, da cultura da terra produto de uma cultura.
à cultura do espírito humano, tem-se a pas- Se há algum tempo se pode falar da noção de
sagem de um plano concreto para um plano cultura a partir de uma perspectiva polifônica e
abstrato: o pensamento. polissêmica, eliminando a desigualdade entre os
Ao longo do século XVIII, no Iluminismo, homens introduzida com as teorias antropoló-
cultura se refere à formação, à educação do es- gicas evolucionistas do século XIX, nem sempre
pírito, da alma. Em seguida, houve uma inver- essa importante noção teve tal sentido. Inde-
são nessa estrutura: passando a cultura –ação pendentemente de nossa cultura, somos todos
de educar – a designar o indivíduo que fosse igualados como portadores de culturas diferen-
ou não seu portador. De uma ação, instruir, tes. Ou seja, somos diferentes e é justamente essa
passa-se a um estado: ter ou não ter cultura. diferença na forma de ser, pensar, existir, agir e
Nesse momento, no Iluminismo, a oposição simbolizar que nos torna iguais.
Cultura x Natureza se cristaliza. Para entender o que hoje podemos chamar
Para os filósofos iluministas, a cultura foi de jornalismo cultural, é preciso considerar a
eleita como um dos elementos distintivos da forma como a noção de cultura foi especial-
espécie humana. É humano aquele que a tem. mente construída na França e na Alemanha
Imediatamente uma outra dicotomia se es- do século XVII. Historicamente, podemos
tabeleceu, opondo povos civilizados e povos falar da noção de cultura em uma dimensão
selvagens, despossuídos de cultura ainda que particular e em outra universal. Todos os po-
pudessem ser educados. vos teriam cultura ou alguns seriam desprovi-
Para Rousseau (1965), por exemplo, o indi- dos dela? Em se admitindo que todos a tives-

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sem, alguns a teriam em maior quantidade e mais civilizada dentre todas. Povos diferentes
em maior grau de desenvolvimento? Ela seria trazem a capacidade de se civilizar. Ou seja,
própria de cada povo, relacionada a aspectos de se aproximar e um dia ser iguais à França.
internos, ideais e valorativos que não são tão Os principais critérios utilizados para compa-
aparentes como a dimensão material e técnica rar as diferenças entre os vários povos eram
do saber humano ou seria universal e, assim, os mais exteriores, frutos do desenvolvimen-
comum a todos os membros da humanidade to científico e tecnológico tão em voga nos
em qualquer época e em qualquer lugar? séculos XVIII e XIX. Tem origem nesse tipo
No século XVIII, falamos de cultura como de entendimento a idéia de que a capacidade
sendo a expressão do que há de mais singular tecnológica e de intervenção na natureza deve
em cada povo da face da Terra e que não se con- ser usada para classificar países como sendo
funde com nenhum outro. Temos, portanto, a de “Primeiro” ou “Terceiro” Mundo, desenvol-
noção alemã Kultur, pensada pelos intelectuais vidos ou subdesenvolvidos, economicamente
alemães do século XVIII que se opunham à ricos ou pobres.
forma como as cortes dos diversos principados No século XVIII, enquanto civilização sig-
alemães se tornavam “civilizadas”. Uma vez que nificava para os franceses o desprendimento
as camadas da burguesia e da intelectualidade do homem da irracionalidade do mundo na-
alemã não dispunham do controle do poder tural, selvagem e desordenado, para os inte-
político, se oporiam à aristocracia criando uma lectuais alemães implicava formas ilusórias,
oposição social. Para burgueses e intelectuais, epifenomenais e não verdadeiras copiadas pe-
os modos, gestos, costumes e hábitos da aris- los membros das cortes. Kultur, a verdadeira
tocracia alemã, tidos como refinados, eram e profunda cultura de um povo, seria a opo-
manifestações falsas e superficiais copiadas da sição simétrica da noção de civilização, algo
civilização francesa. Em oposição ao estilo de superficial e efêmero.
vida superficial das cortes, estariam os autênti- A dicotomia fundada no século XVIII en-
cos valores culturais que expressariam o espíri- tre os termos Zivilization e Kultur pelos in-
to alemão (Cuche, 1999). telectuais alemães – ansiosos pela unificação
Ao contrário da noção particularista e na- política da Alemanha que somente se efetiva-
cionalista alemã de cultura, opondo a essência ria na segunda metade do século XIX – pode
verdadeira e autêntica dos valores profundos ser utilizada para expressar a “oposição” jor-
das artes e das idéias, estava a noção francesa nalismo de primeiro caderno versus jornalis-
de cultura, universal, comum a toda a huma- mo cultural. Ainda que todo o jornal seja um
nidade. Como manifestação comum a todos conjunto de elementos simbólicos, parte dele
os povos, cultura seria sinônimo de civiliza- trata de aspectos materiais, econômicos e ins-
ção na língua francesa do século XVIII. Cul- trumentais, algo próximo da noção de civili-
tura e civilização significavam a totalidade dos zação. Ou seja, são elementos comuns a todos
saberes tais como as artes, as letras, a ciência os jornais e implicam a dimensão material e
e a filosofia, que permitem que o homem se técnica, objetiva. Jornalismo cultural poderia
diferencie da natureza. se aproximar da noção de Kultur ao expres-
Mesmo que na língua francesa cultura e sar valores, idéias e modos de ser de um povo,
civilização expressem a arrancada do homem revelando aspectos internos, ocultos, profun-
rumo ao progresso, ao desenvolvimento e ao dos. Dessa maneira, os cadernos culturais
aperfeiçoamento por meio da educação e da poderiam trazer a marca de um grupo social,
instrução, ainda há algo presente na noção suas realizações subjetivas e que dificilmente
que recorre à desigualdade e não à diferença têm a ver com o avanço tecnológico, com o
entre os povos. Civilização é uma noção car- grau de domínio do homem sobre a natureza
regada de valores etnocêntricos e evolucio- ou o quanto um povo estaria mais “adianta-
nistas ao tomar a França como sendo a nação do” do que outro.

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Nos cadernos culturais apareceriam ele- Charles Dickens, na Inglaterra e Goethe, na


mentos que expressariam a forma de ser de Alemanha, cumpriram também esse papel.
um povo. A dança seria uma dessas manifesta- Balzac fez um esforço para fornecer a inter-
ções de um grupo social, que são únicas e não pretação daquela sociedade marcada por mu-
comparáveis. A ênfase de uma parte do jornal danças estruturais (como a consolidação do Es-
como sendo eminentemente cultural parece tado nacional, a emergência do industrialismo,
obedecer à mesma dicotomia entre civilização das classes médias urbanas e das massas). Esse
e cultura para os intelectuais alemães. Assim, tipo de trabalho está próximo daquele de um
vão aparecer temas ligados às artes, às letras, cientista social. Tolstoi, com A felicidade conju-
à filosofia, à religião, à dança, enfim, assuntos gal; Dickens, com Grandes esperanças; Flaubert,
que valorizam as realizações interiores e espiri- com Madame Bovary e Zola, com Germinal,
tuais. No entanto, o processo contemporâneo também são herdeiros dessa tradição.
de comercialização e prestação de serviços por
meio dos cadernos culturais parece colocá-los
mais próximos do conceito de Zivilization do A comercialização e
que daquele de Kultur.
prestação de serviços
nos cadernos culturais
O jornalismo literário no século XIX parece colocá-los mais
Na história do jornalismo brasileiro a cul- próximos do conceito
tura e o debate cultural foram marca de qua- de Zivilization
lidade e prestígio de variados órgãos em dis- que de Kultur
tintos períodos. Hoje, no entanto, os cadernos
de cultura nem sempre parecem representar
tudo o que a sociedade oferece em termos de
cultura e de debate intelectual. Os desdobramentos do processo de desen-
Os suplementos culturais estiveram na base volvimento da sociologia e da antropologia,
do jornalismo moderno, com raízes no século em especial depois do positivismo de Auguste
XIX. Mas a literatura do século retrasado tam- Comte, distanciaram as chamadas ciências so-
bém foi forjada nas páginas dos jornais. José de ciais da literatura, o modo de produção literário
Alencar e Machado de Assis, no Brasil; Dostoie- do modo de produção “científico”. O primeiro
vsky, na Rússia; Honoré de Balzac, na França; estaria comprometido com os valores da ima-
Charles Dickens, na Inglaterra; Mark Twain, nos ginação e o segundo seria do domínio da pes-
Estados Unidos foram alguns dos importantes quisa, da análise objetiva e da sistematização.
escritores desse período que freqüentaram tanto
editoras quanto redações de jornais e revistas.
A escrita de Honoré de Balzac, por exemplo, 1
De acordo com Campeldelli, folhetim era uma “longa história
era elaborada continuamente, não para extrair parcelada, desenrolando-se segundo vários trançamentos dra-
máticos, apresentados aos poucos. O vocábulo vem do termo
do texto as redundâncias, mas para acrescentar francês feuilleton e designava uma seção específica dos jornais
minúcias do ambiente e dos personagens. Sua franceses da década de 1830 – o rodapé –, introduzida pelo jor-
preocupação com os detalhes teve como objeti- nalista Émile de Girardin, que aproveitou o gosto do público
pelo romance como chamariz para vendas maiores. A peculia-
vo fazer um retrato da sociedade de seu tempo ridade do folhetim residia na exploração de histórias repletas
– como em A comédia humana. Em um século de peripécias, com um sem-número de personagens, às voltas
com temas que iam desde a orfandade, casamentos desfeitos por
em que a sociologia e a antropologia existiam tramas diabólicas, raptos, até vinganças altamente elaboradas,
apenas em projeto, os autores de obras literá- testamentos perdidos e recuperados, falsas identidades etc. O
rias cumpriam a função de fazer o registro das mais famoso folhetim – e mais aproveitado posteriormente pelo
cinema e pela televisão – foi O conde de Monte Cristo, de Alexan-
sociedades e de suas culturas. Não havia distin- dre Dumas. O mais extraordinário e mais bem elaborado foi a
ção precisa entre ciências, história e literatura. obra-prima Os mistérios de Paris, de Eugéne Sue (1987:90).

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No século XIX, a partir de 1930 multiplicaram-se as editoras


o jornalismo literário em função do número de leitores.
no Brasil significou Este novo público, à medida que crescia,
um modo singular ia sendo rapidamente conquistado pelo
grande desenvolvimento dos novos meios
de conjugar os de comunicação. Viu-se então que no mo-
interesses dos jornais mento em que a literatura brasileira con-
e dos escritores seguia forjar uma certa tradição literária,
criar um certo sistema expressivo que a
ligava ao passado e abria caminhos para
o futuro, neste momento as tradições li-
A “notícia” ainda não era a preocupação terárias começavam a não mais funcionar
fundamental do chamado jornalismo literá- como estimulante. Com efeito, as formas
rio – pré-jornalismo canônico ou convencio- escritas de expressão entravam em rela-
nal. Movimento que se desenvolveu em vários tiva crise, ante a concorrência dos meios
países, principalmente a partir de meados do expressivos novos, ou novamente reequi-
pados, para nós – como o rádio, o cinema,
século XIX, o jornalismo literário encontrou
o teatro atual, as histórias em quadrinhos
o Brasil saindo de uma fase de efervescência, (Cândido, 1970:s/p.).
com o conseqüente declínio do jornalismo
panfletário no Rio de Janeiro, em São Paulo e O jornalismo precisou se readaptar a esse
nas principais províncias. novo público leitor mais amplo, heterogêneo e
Neste período, caracterizado politicamente que passara a ter outras fontes de informação e
pela conciliação e o arranjo político do Brasil entretenimento além da leitura. O recurso do
Império, o país passava por um processo de con- folhetim, amplamente utilizado no século ante-
junção entre imprensa e literatura. Os periódi- rior, não seria suficiente para concorrer com as
cos literários proliferaram e a literatura invadiu radionovelas, embora tenha sido utilizado, com
os jornais, influenciando nas técnicas de reda- efeito, ainda em meados do século XX – Nelson
ção. Foi naquele momento que se desenvolveu Rodrigues, por exemplo, os escreveu.
o famoso “nariz de cera”, espécie de introdução O novo tipo de jornalismo -– objetivista,
que antecede a informação propriamente dita, de tratamento superficial e distante das refle-
fugindo da objetividade que o texto jornalístico, xões intelectuais do jornalismo literário – des-
sob influência americana, viria buscar intensa- pertou críticas e gerou comentários desfavo-
mente no século XX, ganhando o título de jor- ráveis mesmo antes de se tornar a tônica do
nalismo canônico ou convencional. jornalismo impresso brasileiro. Lima Barreto,
Importado da França, fruto do romantis- com as Recordações do escrivão Isaías Caminha
mo europeu, o folhetim ou feuilleton1 era o – sátira do jornal Correio da Manhã, do Rio
atrativo de jornais, conquistando grande pú- de Janeiro, publicada em 1909 –, fez um ba-
blico com textos de autores nacionais e tradu- lanço desse tipo de imprensa que considerava
ções de Victor Hugo, por exemplo. Além da medíocre e decadentista, escrita por “literatos
minoria alfabetizada, essas novelas também frustados”.
chegavam aos analfabetos, uma vez que os Mesmo com as críticas de Lima Barreto e
textos eram lidos em voz alta em rodas. apesar de o folhetim estar situado no terreno
A questão do analfabetismo no Brasil co- da ficção, espelhava freqüentemente os acon-
lonial e imperial era muito séria, atingindo a tecimentos do momento, em uma linguagem,
quase totalidade da população. Esse número no entanto, subjetiva. Era raro o tratamento
foi sendo reduzido paulatinamente no século objetivo dos problemas. Nesse período, a im-
XX. Antonio Cândido abordou a questão no prensa brasileira ainda não se consolidara e
texto “Literatura e cultura de 1900 a 1945”. Se- não havia encontrado sua própria linguagem.
gundo o professor e crítico literário, somente Alguns dos folhetins de escritores que

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também faziam jornal apresentavam grande nos lembra o do mito que não pretende
qualidade literária, como os Contos fluminen- ocultar, mas provocar uma distorção, evo-
ses, de Machado de Assis, ou parte da obra de car uma significação. Uma fala que despo-
litiza e naturaliza (Hollanda e Gonçalvez,
José de Alencar publicada no Diário do Rio de 1979:54).
Janeiro, do qual era redator-chefe. Gonçalves
Dias, Saldanha Marinho, Quintino Bocaiúva Portanto, a reportagem de autor ou ro-
e outros participaram ativamente dessa im- mance-reportagem não deve ser avaliada se-
prensa, cujo grande mérito talvez tenha sido gundo padrões literários. Seu compromisso
conquistar um novo público para o jornal. é tentar conjugar a objetividade jornalística
No século XX, na década de 1970, esse com a intervenção do sujeito (característica
processo se repetiu, mas em sentido inverso. da literatura). Assim, o jornalista-autor apa-
Dessa feita, foram os jornalistas que não en- receria como narrador, desligado da estrutura
contraram no jornal espaço suficiente para a interessada do jornal-empresa.
publicação de determinados temas e partiram
em busca das editoras. O livro-reportagem
Considerações finais
tornou-se um documento importante dos
anos 1960 e 1970 no Brasil, reunindo a atuali- No século XIX, o jornalismo literário
dade dos temas com a “liberdade” de tempo e no Brasil significou um modo singular de
de espaço que o formato do livro permite. Era conjugar os interesses dos jornais (que não
o novo “jornalismo literário”, considerado um dispunham de profissionais técnica e ideo-
desdobramento do new journalism americano logicamente preparados para o trabalho nas
dos anos 1960 e 1970 que buscava aproximar- redações) e, ao mesmo tempo, dos escritores
se das fontes e conviver com elas por maior (que não encontravam espaço para publicar
tempo para melhor retratá-las – um forma- suas obras e contavam com um grupo mui-
to que se opunha aos cânones objetivistas do to restrito de leitores). As condições econô-
jornalismo convencional. micas, políticas e sociais do fim do século
A reunião desses dois “estilos” gerou um XIX e início do XX revelavam um país emi-
terceiro, híbrido, que também sofreu críticas. nentemente agroexportador. Além disso, as
De acordo com Heloísa Buarque de Hollanda, condições infra-estruturais, como estradas e
o livro-reportagem não conseguiu se libertar da portos, eram precárias. O índice de analfa-
técnica do jornalismo e da ideologia dos “fatos” betismo, elevado e a taxa de urbanização das
e “verdades” que a permeia. Segundo ela, principais capitais era baixa.
No século XX, já consolidado como em-
A imprensa, tal como a produz a classe do-
minante já constitui um discurso específi- presa jornalística, o jornalismo impresso en-
co. Pode-se dizer que o discurso jornalísti- contra no processo de segmentação de públi-
co assenta-se em técnicas de composição, cos um modo de atingir a um número maior
montagem, texto e ilustração que assegu- de leitores. Com a consolidação aqui do jor-
ram um estatuto de verdade – objetiva e nalismo convencional, com sua estrutura
imparcial – ao ato relatado. Esse estatuto
hierarquizada da notícia, lide e preocupação
entretanto se define por um escamotear do
“como se relata”, em favor da ilusão de uma com acontecimentos factuais, o espaço para
exposição transparente do fato. Ou seja: reflexão sobre artes e cultura tende a desapa-
o jornalismo, à medida que se torna cada recer. No entanto, esse espaço não só é garan-
vez mais moderno, mais perfeito, consegue tido em segundos cadernos como também se
promover a ilusão de uma acessibilidade difunde pelos diversos meios de comunicação
imediata ao real. Se a função econômica do
de massa que passam a concorrer com a im-
jornal é trazer ao público os fatos a que esse
público não tem acesso, sua função políti- prensa. No novo formato, contudo, a crítica e
ca é configurá-los segundo determinações a reflexão cedem laudas para o jornalismo de
ideológicas e de mercado. Esse mecanismo serviço, com páginas de “tijolinhos” e maté-

Denise da Costa Oliveira Siqueira / Euler David de Siqueira - A cultura no jornalismo cultural
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rias informativas (sobre elencos, preços de in- textos factuais, notas e matérias superficiais
gressos, locais de apresentação) realizadas por sobre programas para o fim de semana. Em
profissionais que nem sempre conjugam sua certo sentido, a dimensão técnica no modo de
experiência jornalística com o conhecimen- fazer jornalístico – pincelada com elementos
to artístico. Promoções, apoios e patrocínios próprios do campo científico, como a noção
também passam a fazer parte de cadernos e de um jornalista “neutro, isento e imparcial”,
revistas de fim de semana com a programação cujo objetivo seria fazer com que os veículos
dita “cultural”. retratassem fidedignamente a realidade so-
O resultado dessa adaptação é que o jor- cial – não exclui de todo a dimensão cultural.
nalismo cultural se mantém e com ele alguns Assim, ao lado de um jornalismo que busca
espaços para entrevistas, críticas, resenhas ser cópia mimética da realidade (priorizando
sobre o que há de vanguarda no universo ar- temas como política e economia), estão os ca-
tístico. Contudo, qualitativamente, esse espa- dernos culturais, que poderiam expressar as-
ço ainda é pouco perto daquele ocupado por pectos próprios das culturas.

Referências

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