Apostila JejumIntermitente PDF

Conteúdo licenciado para Sirléia de Souza Nascimento -
JEJUM INTERMITENTE
O Jejum Intermitente (JI) é uma prática comum e antiga em diferentes religiões,

como o islamismo, cristianismo, judaísmo e hinduísmo. O jejum de Ramadã, por
exemplo, é realizado pelos muçulmanos durante um mês, uma vez por ano. Essa prática
consiste em, jejuar durante o dia e iniciar a alimentação a partir do pôr do sol.
Pesquisas observacionais realizadas a partir de 1978, sobre o Ramadã, constatou
benefícios metabólicos, como melhora dos perfis glicídicos, frequência cárdica, pressão
arterial e perda de peso, chamando atenção para seguinte questão: “Será que, ficar
sem comer, não poderia gerar um impacto metabólico positivo? ”
LESSAN, Nader; ALI, Tomader. Energy

metabolism and intermittent fasting: The
Ramadan perspective. Nutrients, v. 11, n. 5,
p. 1192, 2019.

Definido como privação parcial ou total da ingestão de alimentos, em
certo período, o Jejum Intermitente (JI) é uma estratégia nutricional
utilizada, na maioria das vezes, com o objetivo de perda de peso.
COMO
INICIOU?
PRIMEIRO ESTUDO PUBLICADO

Vallejo E. A. La dieta de hambre a días alternos en la alimentación de los viejos. Rev
Clin Esp 1956;63: 25–7
Concluiu que 24 de jejum reduziu menor expectativa de vida.
Jejum de RAMADÃ
• Jejum de contexto religioso;
• Realizado 1 vez por dia;
• Com alimentação após o pôr do sol;
• Ocorre durante 1 mês.
Mas não devemos

comer de 3 em 3 horas?

Conclusão: Uma dieta hipoenergética (restrição de 500 kcal) consumidas no café da
manhã e almoço reduziu glicose plasmática em jejum, glucagon, peso corporal e
aumentou a sensibilidade calculada à insulina, mais do que a mesma dieta dividida em
6 refeições mais frequentes.
QUEBRA DE PARADIGMA: Evidências demonstram que o aumento da frequência

alimentar não é determinante para o sucesso da dieta e que menos refeições diárias
também podem resultar em efeitos metabólicos favoráveis ao emagrecimento.
Para entendermos melhor, vamos primeiro compreender a bioquímica

do jejum.

Vias bioquímicas do jejum
4
5 6
2 5 4
O jejum está associado a um conjunto coordenado de mudanças metabólicas que

tem como objetivo preservar os carboidratos e aumentar a utilização de gordura para
gerar energia.
Dentro de algumas horas de jejum ocorre uma modesta redução nos níveis de
glicose sérica, redução da concentração de insulina, e aumento dos níveis do hormônio
contra regulatório, chamado de glucagon, juntamente com o aumento da atividade
simpática.
1. A depleção dos estoques de glicogênio hepático favorece a hidrólise dos
triglicerídeos em diacilgliceróis e ácidos graxos livres (FFA).
2. Os FFA são liberados na circulação e transportados para os hepatócitos,
onde são metabolizados via β-oxidação em Acetil-CoA, sendo utilizados
para criar corpos cetônicos, cetonas, aceto acetato (AcAc) e β-
hidroxibutirato (BHB).

3. Os corpos cetônicos, aceto acetato e BHB serão utilizados como fonte de
energia para o coração, cérebro, neurônios e músculos.
4. Nas células desses órgãos o AcAc e BHB são metabolizados em Acetil-CoA,
entrando no ciclo do ácido tricarboxílico, gerando ATP. Além de produzir
energia os FFA vão ativar alguns fatores de transcrição como o PPRα e
fator de transcrição 4, resultando na produção e liberação do fator de
crescimento 21 dos fibroblastos (FGF21).
5. O FGF21 é uma proteína de efeito generalizado nas células do corpo e do
cérebro o BHB também tem função de sinalização, incluindo os fatores
de transcrição, como CREBP, fator nuclear kappa B (NF-kB) e também a
expressão de fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF).
6. Níveis reduzidos de aminoácidos e glicose no jejum vão resultar na
redução da atividade da via mTOR e vão regular positivamente a
autofagia, além disso a restrição de energia vai estimular a biogênese e o
desacoplamento mitocondrial.
DE CABO, Rafael; MATTSON, Mark P. Effects of
intermittent fasting on health, aging, and
disease. New England Journal of Medicine, v. 381, n.
26, p. 2541-2551, 2019.
Restrição calórica, Jejum Intermitente e Cetogênica possuem vias alvo em comum:

Os mecanismos demonstrados na imagem acima, são bem parecidos com
mecanismos de outras estratégias, como cetogênica e a restrição calórica (figura a
seguir).
Mecanismos fisiológicos, bioquímicos e moleculares são bem semelhantes, e por

isso o trabalho de Paoli et al. (2019) traz essas três estratégias com mecanismos em
comuns, como a hipótese da diminuição do processo inflamatório, por uma diminuição
de NF-kB e de citocinas inflamatórias,
Hipótese da modulação do estresse oxidativo, pois a uma redução das espécies

reativas de oxigênio (EROs) e um estímulo da proteção antioxidante. Considerando que
quando ativamos vias moleculares do jejum intermitente, a um aumento da expressão
de NRF2, outro fator de transcrição que vai ativar inúmeras vias antioxidantes no
organismo, como a superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa peroxidase
(GSH), que são enzimas antioxidantes que nós já possuímos no corpo, e quando
ativarmos essas vias de proteção antioxidante é por meio dessas estratégias, inclusive
do jejum.
Há também a hipótese da autofagia, uma forma de limpeza do lixo celular,

quando promovemos autofagia, geramos aumento do lifespam das células, levando a
longevidade das células.
Outra hipótese seria o efeito fisiológico do jejum intermitente na modulação do

sistema imunológico.
A diminuição do hormônio do crescimento e IGF-1 em células cancerosas pode

gerar uma diminuição da proliferação dessas células tendo um benefício na prevenção
e na diminuição da propagação dessas células.
Uma modulação de microbiota intestinal favorável ao hospedeiro no sentindo de

aumento de biodiversidade, diversidade da microbiota intestinal, diminuição da relação
Fermicutes/Bactereoidetes, um aumento de espécies bacterianas do tipo anti-
inflamatória.

Outra hipótese é a hormese, o jejum intermitente, dieta cetogênica e restrição
calórica, causa um estresse ao nosso organismo, sendo um estresse benéfico que vai
favorecer mecanismos de defesa do corpo. Melhor performance de todo mecanismo de
reparo das células, reparação de DNA, aumento da resistência ao estresse.
Hipótese da
hormese
Mecanismos envolvidos nos efeitos da dieta cetogênica (KD), restrição calórica

(RC) e jejum para a saúde. O tamanho das setas está relacionado ao efeito relativo de
KD (laranja), CR (azul) e jejum (verde) nas diferentes vias envolvidas (IGF-1: fator de
crescimento semelhante à insulina-1; Murf2: específico do músculo RING finger-2; Nf-
kB: fator nuclear kappa B).
PAOLI, Antonio et al. The influence of meal

frequency and timing on health in humans:
the role of fasting. Nutrients, v. 11, n. 4, p.
719, 2019.

SAIBA MAIS
Autofagia
Mecanismo de autodigestão, sendo responsável por remover proteínas de longa
duração, organelas danificadas e proteínas malformadas durante a biossíntese pelo
lisossoma.
O processo da autofagia serve para regular diferentes funções celulares, incluindo
crescimento, diferenciação, resposta ao déficit de nutrientes e estresse oxidativo, morte
celular e renovação de macromoléculas e organelas.
A autofagia é ativada em resposta a diversas condições fisiológicas e de estresse. Por

exemplo, a privação de alimentos, hipertermia e hipóxia, que são conhecidas como os
principais moduladores ambientais do envelhecimento, também são condições que
induzem a autofagia
BADADANI, Mallikarjun. Autophagy mechanism,
regulation, functions, and
disorders. International Scholarly Research
Notices, v. 2012, 2012.

De acordo com evidências apresentadas neste estudo, consumir uma proporção
maior de calorias no início da manhã pode resultar em benefícios fisiológicos, o que
muitas vezes envolve o consumo do café da manhã, em comparação com o consumo de
um grande número de calorias à noite. Também pode haver benefícios em estender o
período de jejum diário além do jejum noturno padrão ou implementar períodos de
jejum ocasionais. A fim de conciliar essas duas estratégias, um indivíduo poderia comer
desde o café da manhã até o meio da tarde de cada dia (figura a seguir). Porém, temos
de considerar que esse estilo de alimentação pode não ser desejável ou viável para
muitos indivíduos, pois representa uma mudança dos padrões alimentares tradicionais
em muitas partes do mundo.

Jejum e escurecimento de TAB
Efeitos de diferentes horários e frequência de refeições em diferentes variáveis. No

centro da imagem, as influências recíprocas do cérebro, do coração e do intestino eram
mostradas. AMPK: proteína quinase ativada por AMP.
Além disso, devido ao maior acesso aos alimentos associado ao tempo de lazer
noturno, a realização desta recomendação pode não ser realista para alguns. Nesses
casos, pode ser benéfico implementar uma das estratégias de promoção da saúde (ou
seja, mudar o consumo da maioria das calorias no início do dia ou implementar uma
janela de jejum mais longa do que o jejum noturno). A abordagem do estilo de vida deve
incluir atividade física. Infelizmente, embora existam poucos artigos sobre exercícios
físicos ciclo circadiano, não há dados disponíveis sobre a influência recíproca do horário
e frequência das refeições e do exercício físico em humanos. Este tópico merece uma
investigação mais aprofundada.

O tecido adiposo branco é uma terapia promissora para a obesidade e doenças
metabólicas relacionadas.
Em conclusão, o presente estudo descobriu novas perspectivas sobre o

desenvolvimento da gordura bege no tecido adiposo branco inguinal. Observou-se que
jejum em dias alternados ativa seletivamente a gordura bege, provavelmente ao
remodelar a microbiota intestinal, levando a um aumento dos estímulos de acetato e
lactato (figura acima). Jejum em dias alternados também melhorou a síndrome
metabólica em um modelo de ratos obesos. Esta ativação alternativa da gordura bege
por jejum em dias alternados oferece novos insights sobre o eixo da gordura bege da
microbiota e fornece uma nova abordagem terapêutica para o tratamento de distúrbios
metabólicos relacionados à obesidade.
JEJUM E CÉREBRO
AUMENTA PLATICIDADE SINÁPTICA.
AUMENTO DO BDNF – FATOR NEUROTRÓFICO DERIVADO DO CÉREBRO

A1
✓ Aumento da plasticidade cerebral;
✓ Aumento dos fatores neurotróficos;
✓ Neurogênese;
✓ Biogênese mitocondrial;
✓ Redução do estresse oxidativo;
✓ Redução da inflamação;
FI ✓ Autofagia;
17.3030
Longo, Valter D., and Mark P. Mattson. "Fasting:

molecular mechanisms and clinical
applications." Cell metabolism 19.2 (2014): 181-192.
SAIBA MAIS
NEUROGÊNESE
Neurogênese é definida como a formação de novos neurônios a partir de células-tronco
neurais e células progenitoras que ocorre em várias regiões do cérebro, como a zona
subgranular do giro denteado no hipocampo e a zona subventricular dos ventrículos
laterais.
Neurogênese é o nascimento de novos neurônios e ocorre ao longo da vida em regiões
específicas do cérebro dos mamíferos, incluindo o HPC. A neurogênese ocorre em taxas
mais altas nos primeiros anos e diminui com o envelhecimento.
CAVALLUCCI, Virve; FIDALEO, Marco; PANI,

Giovambattista. Nutrients and neurogenesis: the
emerging role of autophagy and gut
microbiota. Current opinion in pharmacology, v. 50,
p. 46-52, 2020.

REDUÇÃO NA INFLAMAÇÃO NEURONAL
A inflamação é um fator de risco para o comprometimento cognitivo e

demência. Infecções bacterianas, por exemplo, ativam as vias de sinalização
imunológica inata envolvendo o receptor toll-like 4 (TLR4) e o fator de transcrição NF-
κB na microglia e macrófagos, que induz a expressão de citocinas pró-inflamatórias e a
produção de óxido nítrico. Essas vias desempenham papéis críticos na morte e
degradação das bactérias pelas células do sistema imunológico, mas também podem
afetar adversamente os neurônios.
Neste estudo, realizado em animais, eles concluíram que o JI pode sustentar
o suporte neurotrófico para os neurônios do hipocampo no contexto de inflamação
sistêmica. Também foi demonstrado que a administração de lipopolissacarídeos (LPS)
causou uma redução nos níveis de BDNF (neutrofina que desempenha papel importante
nos processos de aprendizagem e memória) no hipocampo em ratos da dieta controle,
porém não em ratos submetidos ao JI.
Portanto, além de suprimir as respostas inflamatórias local (hipocampo) e
sistêmica ao LPS, o JI evitou a redução dos níveis de BDNF neste modelo animal de
inflamação sistêmica. Como o BDNF desempenha papéis críticos na plasticidade
sináptica do hipocampo e na função cognitiva, é provável que a manutenção da
sinalização do BDNF contribua para os efeitos benéficos do FI na função cognitiva em
ratos tratados com LPS.

Vias metabólicas envolvidas na mudança metabólica:
5 6
4
4
4
3
1
Pontos chave
A evolução do cérebro, incluindo funções corticais superiores dos humanos

(imaginação, criatividade e linguagem), foi impulsionada pela necessidade de sustentar altos
níveis de desempenho em um estado de privação de comida (jejum);
➢ A comutação metabólica intermitente (IMS) ocorre quando os padrões de alimentação

e exercícios resultam na depleção periódica dos estoques de glicogênio do fígado e na
produção associada de cetonas a partir de ácidos graxos. IMS ocorre raramente ou não
ocorre em indivíduos que comem três ou mais refeições por dia e que são bastante
sedentários;
➢ A cetona β-hidroxibutirato (BHB) é transportada para o cérebro e para as mitocôndrias

neuronais, onde é usada para gerar Acetil-CoA e ATP. O BHB também atua como uma
molécula sinalizadora em neurônios que podem induzir a expressão do fator
neurotrófico derivado do cérebro e, assim, promover a plasticidade sináptica e a
resistência celular ao estresse;
➢ Durante o jejum e exercícios prolongados, as vias de sinalização da resposta celular

adaptativa ao estresse são ativadas e a autofagia é estimulada, enquanto a síntese geral
de proteínas é reduzida. Após a realimentação, repouso e sono, a síntese de proteínas

é regulada positivamente e ocorre a biogênese mitocondrial, permitindo a neurogênese
e a sinaptogênese;
➢ IMS pode melhorar a cognição e o desempenho motor e protege os neurônios contra

disfunção e degeneração em modelos animais de acidente vascular cerebral, epilepsia,
cérebro traumático e lesão da medula espinhal, doença de Alzheimer e doença de
Parkinson;
➢ O jejum intermitente pode melhorar os indicadores de saúde metabólica e

cardiovascular em humanos por mecanismos que envolvem reduções no dano oxidativo
e na inflamação. No entanto, ainda não foi determinado se e como o jejum intermitente
afeta o cérebro de humanos saudáveis e daqueles afetados por um distúrbio
neurológico.
Resumo
Durante a evolução, os indivíduos cujos cérebros e corpos funcionavam

bem em jejum tiveram sucesso na aquisição de alimentos, permitindo
sua sobrevivência e reprodução. Com o jejum e exercícios prolongados,
os estoques de glicogênio do fígado são reduzidos e as cetonas são
produzidas a partir de ácidos graxos derivados das células adiposas. Essa
mudança metabólica na fonte de combustível celular é acompanhada por adaptações celulares
e moleculares de redes neurais no cérebro que aumentam sua funcionalidade e aumentam sua
resistência ao estresse, lesões e doenças.
Consideramos como a mudança metabólica intermitente, repetindo ciclos de um

desafio metabólico que induz cetose (jejum e/ou exercícios) seguida por um período de
recuperação (comer, descansar e dormir), pode otimizar a função cerebral e a resiliência ao
longo da vida, com foco nos circuitos neuronais envolvidos na cognição e no humor. Essa
comutação metabólica impacta várias vias de sinalização que promovem a neuroplasticidade e
a resistência do cérebro a lesões e doenças.

Mattson, M. P., Moehl, K., Ghena, N., Schmaedick,
M., & Cheng, A. (2018). Intermittent metabolic
switching, neuroplasticity and brain health. Nature
Reviews Neuroscience, 19(2), 63–80.

O tempo de jejum e a restrição energética compartilham as respostas biológicas
implicadas nas vias de longevidade controladas por metabólitos.
A redução de calorias por restrição calórica contínua ou períodos de jejum

prolongado desencadeiam adaptações metabólicas caracterizadas por quantidades
aumentadas de cetonas circulantes, enquanto ácidos graxos, aminoácidos, glicose e
insulina circulantes são mantidos em baixas concentrações.

As respostas celulares adaptativas envolvem alterações nas razões:
Adenosina Adenosina trifosfato

monofosfato (AMP) (ATP)
Nicotinamida adenina Forma reduzida de

dinucleotídeo NADH
oxidado (NAD +)
Acetil-CoA CoA
Depois de algumas horas de jejum: as razões aumentadas de AMP para ATP

ativam a AMPK, que desencadeia o reparo e inibe os processos anabólicos. Acetil-CoA e
NAD + servem como cofatores para modificadores epigenéticos, como histona
acetiltransferases e desacetilases dependentes de NAD +, as sirtuínas, ligando assim a
nutrição, o metabolismo energético e as modificações pós-translacionais das proteínas
histonas. As sirtuínas desacetilam FOXOs e coativador 1α (PGC-1α) do receptor G
ativado por proliferador de peroxissoma, fatores envolvidos respectivamente na
resistência ao estresse e na biogênese mitocondrial.
A produção de corpos cetônicos, como β-hidroxibutirato (BHB) a partir do
catabolismo de ácidos graxos, pode operar como inibidores endógenos da histona
desacetilase (HDAC) e pode contribuir para o controle epigenético da expressão gênica,
reparo do DNA e estabilidade do genoma.
A cetogênese também promove a plasticidade sináptica e a neurogênese,
aumentando a expressão do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF). Os ciclos
periódicos de jejum têm efeitos anti-inflamatórios sistêmicos e aumentam as células-
tronco progenitoras. A regulação negativa da via de sinalização da insulina-IGF1 (IIS) e a

redução dos aminoácidos circulantes reprimem a atividade de mTOR e seu efetor a
jusante, a proteína ribossômica S6 quinase beta-1 (S6K). Este mecanismo inibe a síntese
proteica global e promove a reciclagem de macromoléculas por estimulação da
autofagia.
A restrição calórica (RC) promove a expressão e a atividade do NRF2, que induz
uma série de enzimas antioxidantes e desintoxicantes de carcinógenos.
O organismo responde a um desafio de baixa energia, minimizando os processos
anabólicos (síntese, crescimento e reprodução), favorecendo os sistemas de
manutenção e aumentando a resistência ao estresse, reparo de tecidos e reciclagem de
moléculas danificadas. A melhora na resiliência, homeostase metabólica, reparo de
tecidos e função do organismo podem atuar como modificadores diretos dos quatro
domínios do fenótipo do envelhecimento: composição corporal; equilíbrio entre
disponibilidade e demanda de energia; redes de sinalização que mantêm a homeostase;
e neurodegeneração. Cada um desses domínios pode ser avaliado prontamente por
testes clínicos de rotina.
DI FRANCESCO, Andrea et al. A time to
fast. Science, v. 362, n. 6416, p. 770-775,
2018.
O equilíbrio entre a redução na ingestão total de alimentos e o tempo contribui

para diferenças no consumo de energia, levando a mudanças nos fatores circulantes e
na função dos órgãos. A altura de cada seta não reflete o nível de intensidade, mas
destaca um agrupamento. As setas para baixo indicam níveis diminuídos e as setas para
cima indicam níveis aumentados.

Benefícios metabólicos de Jejum Intermitente (JI) em modelos experimentais
incluem redução de câncer, melhora da sinalização da insulina, redução da incidência de
acidente vascular cerebral, neuroproteção e aumento da vida útil.
Além do JI demonstrar ter efeitos benéficos em muitas situações clínicas, pode
neutralizar processos de doenças e melhorar o resultado funcional em modelos
experimentais de uma ampla gama de distúrbios relacionados à idade, incluindo
diabetes, doenças cardiovasculares, cânceres e distúrbios neurológicos, como doença
de Alzheimer, doença de Parkinson e acidente vascular cerebral.
Os mecanismos celulares e moleculares pelos quais o JI melhora a saúde e
neutraliza os processos de doenças envolvem a ativação de vias de sinalização de
resposta celular adaptativa ao estresse que melhoram a saúde mitocondrial, reparo de
DNA e autofagia.
Os corpos cetônicos podem promover sensação de saciedade, mas foram mais
recentemente reconhecidos como moléculas sinalizadoras que inibem produção de
espécies reativas de oxigênio e histona desacetilase classe I (HDAC) em modelos
animais. As cetonas podem, portanto, manter hiperacetilação de histonas e ativar a
transcrição do gene, incluindo FOXO3 e DAF16, que estão associados à extensão da vida
útil.

HUTCHISON, A. T. et al. A Wittert, G. Heilbronn, LK
Effects of Intermittent Versus Continuous Energy
Intakes on Insulin Sensitivity and Metabolic Risk in
Women with Overweight. Obesity, v. 27, p. 50-58,
2018.
MATTSON, Mark P.; LONGO, Valter D.; HARVIE,
Michelle. Impact of intermittent fasting on health
and disease processes. Ageing research reviews, v.
39, p. 46-58, 2017.
LIU, Kai; LIU, Bo; HEILBRONN, Leonie K. Intermittent
fasting: What questions should we be
asking?. Physiology & behavior, v. 218, p. 112827,
2020.
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
O JI pode limitar o desenvolvimento de Doenças Cardiovasculares por inibir o
desenvolvimento da placa aterosclerótica ao reduzir a concentração de marcadores
inflamatórios, como IL-6, homocisteína e PCR (Figura 1). O JI resulta em um aumento
nas concentrações plasmáticas de adiponectina e uma diminuição nas concentrações de
leptina e resistina. Ao alterar os níveis dessas adipocinas, inibe a adesão de monócitos
às células endoteliais vasculares, neutrófilos e atividade pró-ativa de ação de depósitos
extracelulares nos vasos e a proliferação e migração de células endoteliais para a
membrana vascular arterial interna são limitadas.
MALINOWSKI, Bartosz et al. Intermittent

fasting in cardiovascular disorders—an
overview. Nutrients, v. 11, n. 3, p. 673,
2019.

Desenvolvimento da placa aterosclerótica
SAIBA MAIS
FORMAÇÃO DA PLACA ATEROSCLERÓTICA
A formação da placa aterosclerótica envolve 5 etapas:
1. Acúmulo de lipoproteína de baixa densidade (LDL) na íntima;
2. oxidação de LDL;
3. recrutamento de monócitos-macrófagos;
4. absorção de LDL oxidado por receptores necrófagos de macrófagos e

transformação de macrófagos em células espumosas;
5. formação de uma capa fibrosa contendo células musculares lisas, que permite
a estabilização da placa. Em cada etapa desse processo, as citocinas
inflamatórias estão implicadas, tornando o processo aterosclerótico uma doença
inflamatória crônica.
BENTZON, Jacob Fog et al. Mechanisms of

plaque formation and rupture. Circulation
research, v. 114, n. 12, p. 1852-1866, 2014.

O efeito benéfico da dieta foi observado na prevenção da hipertensão. O jejum
intermitente causa um aumento do fator de BDNF, que resulta na redução da pressão
arterial sistólica e diastólica por meio da ativação do sistema parassimpático.
DOENÇAS AUTOIMUNES
Jejum reduziu a contagem de glóbulos brancos, o que por sua vez acionou o
sistema imunológico para começar a produzir novos glóbulos brancos.
✓ Ciclos de jejum e alimentação;

✓ Ativação de células tronco e regeneração de células imunes;
✓ Melhora da patologia em vários modelos de autoimunidade de camundongos;
✓ Modular microbiota intestinal.

O metabolismo atua na proliferação e diferenciação das células T e a
desregulação do metabolismo pode estar associada a doenças autoimunes. Quando
ativadas, as células T utilizam principalmente glicólise aeróbica e produzem lactato
como um subproduto para dar suporte aos precursores biossintéticos que são
necessários para a proliferação celular. O aumento do lactato e função glicolítica
anormal podem ser observados em células T de pacientes com asma e artrite
reumatóide.
No processo de ativação, as células T aumentam a expressão dos
transportadores de glutamina e o metabolismo do glutamato para apoiar a proliferação
e diferenciação das células T. Curiosamente, níveis aumentados de glutamato e
glutamina são observados no local da desmielinização e degeneração axonal em
pacientes com esclerose múltipla (EM). O alvo da rapamicina em mamíferos (mTOR)
promove a ativação e diferenciação das células T efetoras, e regula para baixo a
diferenciação de Treg. Além disso, a via AKT-mTOR atua como um regulador negativo
das células Treg. A ativação de mTORC1 promove a glicólise por meio do fator 1α

induzido por hipóxia (HIF1 α), e a desregulação de mTOR é frequentemente observada
em pacientes com EM. Essas mudanças no metabolismo fornecem uma oportunidade
única de direcionar caminhos específicos para fins de tratamento de doenças.
PROTOCOLOS DE JEJUM
PROTOCOLO DESCRIÇÃO REFERÊNCIA
Jejum de mais de 24h duas 1. LONGO, Valter D.; PANDA,
vezes por semana junto com a Satchidananda. Fasting,
circadian rhythms, and time-
Jejum de dia inteiro ingestão de alimentos ad restricted feeding in healthy
(5:2) libitum, e separada do próximo lifespan. Cell metabolism, v. 23,
ciclo em pelo menos uma n. 6, p. 1048-1059, 2016.
semana.
Consumo energético de cerca 2. HODDY, Kristin K. et al.
de 25% da ingestão habitual ou Intermittent Fasting and
Metabolic Health: From
400-600 kcal/dia dois dias na Religious Fast to Time‐
semana e alimentação ad Restricted Feeding. Obesity, v.
Jejum intermitente
libitum 5 dias. As refeições 28, p. S29-S37, 2020.
(5:2)
realizadas durante os dias de
restrição calórica são
normalmente consumidas a
qualquer momento.
Envolve dias alternados de 3. TREPANOWSKI, John F. et al.
jejum e alimentação, ou seja, Effect of alternate-day fasting
on weight loss, weight
jejum durante 24 horas sem maintenance, and
Jejum ADF (do
alimentos e somente água, cardioprotection among
inglês, alternate-day
seguido por um período de metabolically healthy obese
fasting) adults: a randomized clinical
alimentação regular por 24
horas. trial. JAMA internal medicine,
v. 177, n. 7, p. 930-938, 2017.
4. CHERIF, Anissa et al. Effects of
Os participantes consomem intermittent fasting, caloric
poucas calorias (~25% da restriction, and Ramadan
ingestão regular) no dia de intermittent fasting on
jejum seguido por 24 horas sem cognitive performance at rest
and during exercise in adults.
restrições. Sports Medicine, v. 46, n. 1, p.
35-47, 2016.
Jejum ADF 5. STOCKMAN, Mary-Catherine et
modificado al. Intermittent fasting: is the
wait worth the weight?.
Current obesity reports, v. 7, n.
2, p. 172-185, 2018.
6. DI FRANCESCO, Andrea et al. A
time to fast. Science, v. 362, n.
6416, p. 770-775, 2018.

Alimentação com restrição de 7. FRANCESCO, Andrea et al. A
tempo envolve um time to fast. Science, v. 362,
n. 6416, p. 770-775, 2018.
determinado número de horas 8. HODDY, Kristin K. et al.
de jejum diário (de 4 a 12 Intermittent Fasting and
horas), enquanto a alimentação Metabolic Health: From
é permitida nas horas restantes Religious Fast to Time‐
sem redução calórica Restricted Feeding. Obesity,
**TRF (do inglês, v. 28, p. S29-S37, 2020.
O TRF apresenta três variantes: 9. RUDERMAN, N. B.; AOKI, T.
Time Restricted
a) 16/8 (16 h de jejum, T.; CAHILL, G. F.
Feeding)
janela alimentar de 8 h) Gluconeogenesis and its
b) 18/6 (18 h de jejum, disorders in
janela alimentar de 6 h) man. Gluconeogenesis: Its
regulation in mammalian
c) 20/4 (20 h de jejum e 4 species, p. 515-30, 1976.
h janela de
alimentação).
Tem baixas calorias e fornece 10. TREPANOWSKI, John F. et al.

sopas à base de plantas, chá de Effect of alternate-day fasting
on weight loss, weight
ervas, barras energéticas, maintenance, and
lanches à base de nozes e cardioprotection among
suplementos a serem metabolically healthy obese
implementados gradualmente adults: a randomized clinical
em um ciclo de 5 dias a cada trial. JAMA internal medicine,
v. 177, n. 7, p. 930-938, 2017.
FMD (do inglês mês durante 3 meses. Para o 11. BRANDHORST, Sebastian et
Fasting Mimicking primeiro dia, a quantidade al. A periodic diet that mimics
Diet) calórica é de cerca de 1090 kcal fasting promotes multi-
(10% de proteína, 56% de system regeneration,
gordura e 34% de carboidrato) enhanced cognitive
performance, and
e, para os dias 2 a 5, apenas 725 healthspan. Cell metabolism,
kcal são fornecidas (9% de v. 22, n. 1, p. 86-99, 2015.
proteína, 44% de gordura e 47
% de carboidratos).
**O período diário sem alimentação pode ser noturno ou diurno. Entretanto, estudos
têm demonstrado que a janela alimentar diurna é favorável à saúde e metabolismo,
justificando a relação da alimentação com os ritmos circadianos, já que recentes
publicações destacam a importância da crononutrição, que é a interação entre o horário
das refeições e o sistema circadiano que regula a fisiologia, o metabolismo e o
comportamento. Apesar do TRF em humanos permitir uma janela de alimentação entre
4 a 12 horas, uma janela de <10 horas pode ser considerada ideal com base na
glicogenólise, oxidação de ácidos graxos e modulações de gliconeogênese ocorrendo na
ausência de disponibilidade de glicose na dieta

Efeitos na perda de peso e saúde cardiometabólica
Jejum em dias alternados (ADF)
O jejum em dias alternados pode oferecer benefícios semelhantes à restrição
calórica diária, incluindo redução no peso corporal e melhora do perfil lipídico, redução
da pressão arterial e maior sensibilidade à insulina.
CATENACCI, Victoria A. et al. A randomized pilot

study comparing zero‐calorie alternate‐day fasting
to daily caloric restriction in adults with obesity.
Obesity, v. 24, n. 9, p. 1874-1883, 2016.
HODDY, Kristin K. et al. Meal timing during alternate
day fasting: Impact on body weight and
cardiovascular disease risk in obese adults. Obesity,
v. 22, n. 12, p. 2524-2531, 2014.
VARADY, Krista A. et al. Short-term modified
alternate-day fasting: a novel dietary strategy for
weight loss and cardioprotection in obese adults. The
American journal of clinical nutrition, v. 90, n. 5, p.
1138-1143, 2009.
Um recente estudo, com protocolo de restrição calórica intermitente 5:2 durante

8 semanas, nos dias de jejum, participantes do grupo JI reduziram 69% de sua ingestão
de calorias em comparação com os dias sem jejum. O JI reduziu significativamente a
massa gorda, melhorou o estresse oxidativo, modulou citocinas inflamatórias e
melhorou os parâmetros vasodilatadores. Além disso, o JI induziu mudanças
significativas na microbiota intestinal, aumentou a produção de ácidos graxos de cadeia
curta e diminuiu os níveis circulantes de lipopolissacarídeos (LPS). A alteração da
microbiota intestinal atribuída ao JI foi significativamente associada a fatores de risco
cardiovascular e resultou em alterações genéticas distintas do metabolismo de
carboidratos na comunidade intestinal.
GUO, Yi et al. Intermittent Fasting Improves
Cardiometabolic Risk Factors and Alters Gut
Microbiota in Metabolic Syndrome Patients. The
Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, v.
106, n. 1, p. 64-79, 2021.

O peso corporal, massa gorda, e também a massa livre de gordura, são
significativamente reduzidos por ADF. Além disso, a perda de peso mediada por ADF
ocorreu em indivíduos obesos e com sobrepeso, e também em pessoas com peso
normal.
As variações nos resultados podem estar relacionadas a diferenças no desenho
do estudo, duração do jejum, características dos indivíduos, bem como diferenças no
peso (peso normal, sobrepeso, obeso), idade e sexo.
Idosos, obesos e mulheres podem apresentar maior redução de peso e perda do
percentual de gordura corporal após o jejum. Além disso, alguns estudos não
permitiram ingestão calórica em dias de jejum enquanto outros permitiam reduções na
ingestão calórica em até 70-75%.
A regulação da ingestão de macronutrientes e a adesão às instruções dietéticas
também podem influenciar os resultados do estudo. Outro fator a ser considerado é que
a maioria dos estudos ADF foi concluída em animais, provavelmente devido à
dificuldade em controlar todos os parâmetros em humanos.
OH, Minsuk et al. Effects of alternate day calorie
restriction and exercise on cardio-metabolic risk
factors in overweight and obese adults: an
exploratory randomized controlled study. BMC
public health, v. 18, n. 1, p. 1-10, 2018.
TREPANOWSKI, John F. et al. Effects of alternate-day
fasting or daily calorie restriction on body
composition, fat distribution, and circulating
adipokines: secondary analysis of a randomized
controlled trial. Clinical Nutrition, v. 37, n. 6, p. 1871-
1878, 2018.
BHUTANI, Surabhi et al. Alternate day fasting and
endurance exercise combine to reduce body weight
and favorably alter plasma lipids in obese humans.
Obesity, v. 21, n. 7, p. 1370-1379, 2013.
ESHGHINIA, Samira; MOHAMMADZADEH, Fatemeh.
The effects of modified alternate-day fasting diet on
weight loss and CAD risk factors in overweight and
obese women. Journal of Diabetes & Metabolic
Disorders, v. 12, n. 1, p. 1-4, 2013.
Alimentação com Restrição de Tempo (TRF)

Os resultados variam de diminuições significativas no peso corporal, mas
nenhuma alteração significativa na massa gorda. Há uma série de razões para essas

diferenças, como os períodos de jejum duraram por dois ou oito semanas, com
variações no número de horas de jejum, peso dos participantes (peso normal,
sobrepeso, obeso), idade, gênero e também ingestão calórica.
Os resultados dos estudos do TRF em humanos também parecem depender da
distribuição das refeições durante o dia e da duração do jejum.
LECHEMINANT, James D. et al. Restricting night-time
eating reduces daily energy intake in healthy young
men: a short-term cross-over study. British journal
of nutrition, v. 110, n. 11, p. 2108-2113, 2013.
MORO, Tatiana et al. Effects of eight weeks of time-
restricted feeding (16/8) on basal metabolism,
maximal strength, body composition, inflammation,
and cardiovascular risk factors in resistance-trained
males. Journal of translational medicine, v. 14, n. 1,
p. 1-10, 2016.
Limitar a ingestão de alimentos ao meio do dia diminuiu o peso corporal ou

gordura corporal, glicemia de jejum e níveis de insulina, resistência à insulina,
hiperlipidemia e inflamação e produziu restrição calórica leve e perda de peso, sem
contagem de calorias.
Da mesma forma, os marcadores metabólicos foram melhorados em um grupo
de pessoas que faziam dieta isocalórica com um café da manhã farto e um jantar menor,
e pacientes diabéticos tipo 2 sob dieta hipocalórica obtiveram melhor resultado
metabólico consumindo a maior parte do valor energético diário, na primeira metade
do dia, em vez de fracionar em seis refeições ao longo do dia.
JAKUBOWICZ, Daniela et al. High caloric intake at
breakfast vs. dinner differentially influences weight
loss of overweight and obese women. Obesity, v. 21,
n. 12, p. 2504-2512, 2013.
YOSHIZAKI, Takahiro et al. Effects of feeding
schedule changes on the circadian phase of the
cardiac autonomic nervous system and serum lipid
levels. European journal of applied physiology, v.
113, n. 10, p. 2603-2611, 2013.
KAHLEOVA, Hana et al. Eating two larger meals a day
(breakfast and lunch) is more effective than six
smaller meals in a reduced-energy regimen for
patients with type 2 diabetes: a randomised
crossover study. Diabetologia, v. 57, n. 8, p. 1552-
1560, 2014.

Pelo contrário, acumular a ingestão de alimentos ao final da tarde ou à noite
produziu resultados principalmente nulos ou piorou os níveis de glicose pós-prandial, a
capacidade de resposta das células β-pancreáticas, pressão arterial e níveis de lipídios.
CARLSON, Olga et al. Impact of reduced meal

frequency without caloric restriction on glucose
regulation in healthy, normal-weight middle-aged
men and women. Metabolism, v. 56, n. 12, p. 1729-
1734, 2007.
STOTE, Kim S. et al. A controlled trial of reduced meal
frequency without caloric restriction in healthy,
normal-weight, middle-aged adults. The American
journal of clinical nutrition, v. 85, n. 4, p. 981-988,
2007.
TINSLEY, Grant M. et al. Time-restricted feeding in
young men performing resistance training: A
randomized controlled trial. European journal of
sport science, v. 17, n. 2, p. 200-207, 2017.
Um ensaio de alimentação estritamente controlado testou indivíduos pré-

diabéticos que foram orientados a consumir suas refeições em uma janela de tempo de
6 horas pela manhã (antes das 15 horas – TRF precoce) ou em uma janela de tempo de
12 horas durante 5 semanas.
O TRF precoce melhorou os marcadores metabólicos do diabetes, mesmo sem
intencional redução significativa do peso corporal.
SUTTON, Elizabeth F. et al. Early time-restricted
feeding improves insulin sensitivity, blood pressure,
and oxidative stress even without weight loss in men
with prediabetes. Cell metabolism, v. 27, n. 6, p.
1212-1221. e3, 2018.
Indivíduos em uma dieta hipocalórica de três refeições por dia perderam mais
peso quando a maioria dos alimentos foi consumida pela manhã, em oposição à noite.
No entanto, nenhuma mudança significativa na glicemia, sensibilidade à insulina ou taxa
de troca respiratória (RER, definida como a razão entre a quantidade de dióxido de
carbono produzida e oxigênio usado durante a respiração) foi observada quando
homens obesos e resistentes à insulina foram expostos a uma dieta hipocalórica com
alimentação fornecida pela manhã.

RAYNOR, Hollie A.; LI, Fan; CARDOSO, Chelsi. Daily
pattern of energy distribution and weight
loss. Physiology & behavior, v. 192, p. 167-172,
2018.
As discrepâncias ainda precisam ser explicadas, mas coletivamente, dado o atual

corpo de conhecimento, esses estudos indicam que tanto a quantidade de tempo gasto
comendo durante cada dia quanto o tempo em que o alimento é consumido em relação
ao ritmo circadiano são criticamente importantes para os efeitos da dieta na saúde e
longevidade.
Embora os dados sobre os efeitos do TRF na longevidade ainda não estejam
disponíveis, estudos em roedores mostraram que o TRF pode conferir proteção contra
várias consequências metabólicas prejudiciais de uma típica dieta ocidental (alto teor de
gordura e carboidratos, particularmente açúcares refinados) por meio da redução do
peso corporal, aumento no gasto de energia, melhora do controle glicêmico e níveis
mais baixos de insulina, diminuição da gordura hepática e hiperlipidemia e atenuação
da inflamação, mesmo quando a ingestão de alimentos ou peso corporal ou ambos são
combinados com o grupo de controle.
HATORI, Megumi et al. Time-restricted feeding
without reducing caloric intake prevents metabolic
diseases in mice fed a high-fat diet. Cell metabolism,
v. 15, n. 6, p. 848-860, 2012.
SHERMAN, Hadas et al. Long‐term restricted feeding
alters circadian expression and reduces the level of
inflammatory and disease markers. Journal of
cellular and molecular medicine, v. 15, n. 12, p.
2745-2759, 2011.
WOODIE, Lauren N. et al. Restricted feeding for 9 h
in the active period partially abrogates the
detrimental metabolic effects of a Western diet with
liquid sugar consumption in mice. Metabolism, v. 82,
p. 1-13, 2018.
CHAIX, Amandine et al. Time-restricted feeding is a
preventative and therapeutic intervention against
diverse nutritional challenges. Cell metabolism, v.
20, n. 6, p. 991-1005, 2014.
Os mecanismos moleculares responsáveis pelos efeitos dos padrões alterados

das refeições sobre a saúde metabólica parecem estar relacionados, pelo menos em
parte, à sincronização entre o tempo de alimentação em jejum e o ritmo circadiano.

PANDA, Satchidananda. Circadian physiology of
metabolism. Science, v. 354, n. 6315, p. 1008-1015,
2016.
É provável que alimentar-se em sincronia com o ritmo endócrino circadiano

natural - no início da manhã ou por volta do meio-dia - seja a chave para reduzir
naturalmente a ingestão de energia. Em apenas 4 dias, o TRF inicial (janela de 6 horas:
8h00 - 14h00) versus controle (janela de 12 horas: 8h00 - 20h00) alterou a expressão em
6 de 8 genes circadianos.
Isso foi acompanhado por diferenças temporais caracterizadas por um aumento
noturno da glicose avaliada por monitoramento contínuo da glicose junto com
percepções alteradas do apetite e da temperatura corporal.
Junto com isso, houve uma diminuição geral do apetite e aumento da oxidação
de gordura sem afetar o gasto energético de 24 horas.
JAMSHED, Humaira et al. Early time-restricted
feeding improves 24-hour glucose levels and affects
markers of the circadian clock, aging, and autophagy
in humans. Nutrients, v. 11, n. 6, p. 1234, 2019.
RAVUSSIN, Eric et al. Early time‐restricted feeding
reduces appetite and increases fat oxidation but
does not affect energy expenditure in
humans. Obesity, v. 27, n. 8, p. 1244-1254, 2019.
Hatori et al. (2020) realizaram um experimento, onde os animais alimentados

com ração normal, obtiveram reguladores metabólicos com um ciclo robusto. Em
contrapartida, quando em um modelo de obesidade induzida por dieta, frequentemente
utilizado para imitar o estilo de vida subjacente a doenças metabólicas em humanos,

eles concluíram o amortecimento dos ritmos circadianos em vários reguladores
metabólicos importantes.
Quando este mesmo modelo foi submetido a alimentação com restrição de

tempo (TRF), onde os camundongos foram alimentados com uma quantidade
equivalente de comida dentro de um período de tempo definido de 8-12h, a expressão
rítmica dos componentes do relógio circadiano e de muitos reguladores metabólicos, foi
mantida. Além de que, TRF pode vir a prevenir e até mesmo reverter muitos distúrbios
metabólicos associados a esse modelo de dieta.
Até 12h/dia de janela alimentar sem necessariamente alterar a qualidade

ou quantidade da dieta.
RITIMO ENDÓCRINO CIRCADIANO NATURAL
Estudo supervisionado; pré-

diabéticos.
Mesmas pessoas: janela de 6

horas ou 12 horas (5 semanas).
Isocalórica (50% de CHO; 35%

de gordura; 15% de proteínas).

Ajuste dietético segundo ritmo circadiano
74 mulheres com sobrepeso e obesidade (32,4 + 1,8 kg/m²) com síndrome
metabólica.
Grupos semelhantes em termos de:

✓ Idade;
✓ IMC;
✓ CC;
✓ TGL;
✓ CT;
✓ PA;
✓ GJ;
✓ Grelina;
✓ OGTT.

O grupo BF perdeu cerca de 2,5
vezes mais peso do que o
grande grupo de jantar (p
<0,0001)
A TMB BASAL E PÓS-PRANDIAL É MENOR!

A taxa metabólica de reposição no jejum (RMR) não mudou de manhã para a
noite. Os valores de RMR pós-refeição foram significativamente maiores após a refeição
da manhã.
A noite (TMB antes de comer):
70 kcal a menos
TMB pós-prandial:
143Kcal a menos
Protocolo do estudo nos dias experimentais

Os participantes tomaram:
✓ Café da manhã às 9h;
✓ Almoço às 14h;
✓ Jantar às 19h;
Cada indivíduo participou de 2 condições às cegas:
1) café da manhã com alto teor calórico (69% do gasto total de energia [TEE]) e jantar
com baixo teor calórico (11% do TEE);
2) café da manhã com baixa caloria (11% do ETE) e jantar com alto teor calórico (69% do
ETE). O almoço foi idêntico nas duas condições (20% do ETE).
✓ Termogênese induzida por dieta (DIT) é 2,5 vezes maior após o café da manhã
do que depois do jantar.
✓ Mesmo comendo pouca caloria à noite, de manhã a DIT ainda era maior.
✓ O DIT obrigatório refere-se à estimulação dos processos de energia requerida
durante o período pós-prandial para digestão, absorção e processamento de
nutrientes.
✓ Esvaziamento gástrico rápido pela manhã.
✓ DIT elevado pela manhã pois a adrenalina, que aumenta a taxa metabólica e
quociente respiratório, apresentam concentrações mais altas durante esse
período do dia.
RICHTER, Juliane et al. Twice as High Diet-Induced
Thermogenesis After Breakfast vs Dinner On High-
Calorie as Well as Low-Calorie Meals. The Journal of
Clinical Endocrinology & Metabolism, v. 105, n. 3, p.
dgz311, 2020.

Segurança de TRF em obesos
“Este estudo é o primeiro a mostrar que a TRF é uma terapia dietética

segura para perda de peso, pois não afeta negativamente os sintomas de
transtorno alimentar, comportamentos alimentares, taxa metabólica de
repouso ou medidas de saúde geral, como hemograma completo. ”
Dietas que simulam jejum (FMD)

O objetivo do FMD é manter baixas as concentrações circulantes de IGF-1,
insulina e glicose, enquanto aumenta as concentrações plasmáticas da proteína 1 de
ligação ao IGF (IGF-1) e corpos cetônicos. Os efeitos do FMD na longevidade foram
inicialmente relatados por meio de um aumento no número de células-tronco
progenitoras.
CHENG, Chia-Wei et al. Fasting-mimicking diet

promotes Ngn3-driven β-cell regeneration to reverse
diabetes. Cell, v. 168, n. 5, p. 775-788. e12, 2017.
O FMD também leva à melhoria dos marcadores de doenças e disfunção

metabólica, reduz a incidência de câncer e estende o período de saúde em roedores,
mas sem afetar a longevidade máxima.
BRANDHORST, Sebastian et al. A periodic diet that

mimics fasting promotes multi-system regeneration,
enhanced cognitive performance, and healthspan.
Cell metabolism, v. 22, n. 1, p. 86-99, 2015.
WEI, Min et al. Fasting-mimicking diet and
markers/risk factors for aging, diabetes, cancer, and
cardiovascular disease. Science translational
medicine, v. 9, n. 377, 2017.

Mais recentemente, a FMD foi proposta para exercer um efeito terapêutico
antidiabético ao promover a regeneração das células β-pancreáticas e restaurar a
secreção de insulina e a homeostase da glicose em camundongos por meio da regulação
das vias da proteína quinase A (PKA) e mTOR.
CHENG, Chia-Wei et al. Fasting-mimicking diet

promotes Ngn3-driven β-cell regeneration to reverse
diabetes. Cell, v. 168, n. 5, p. 775-788. e12, 2017.
Além disso, essa intervenção dietética demonstrou melhorar o controle de

doenças autoimunes, como a esclerose múltipla, por meio da regulação do sistema
imunológico.
CHOI, In Young et al. A diet mimicking fasting

promotes regeneration and reduces autoimmunity
and multiple sclerosis symptoms. Cell reports, v. 15,
n. 10, p. 2136-2146, 2016.
Apesar dos resultados positivos na extensão da saúde, o FMD não aumentou a

longevidade máxima em camundongos e, quando administrada a animais muito velhos,
pode ter sido prejudicial.
BRANDHORST, Sebastian et al. A periodic diet that

mimics fasting promotes multi-system regeneration,
enhanced cognitive performance, and healthspan.
Cell metabolism, v. 22, n. 1, p. 86-99, 2015.

Jejum em dias alternados (ADF)
Os modelos existentes de jejum intermitente poderiam ser considerados
alternativas EQUIVALENTES, mas não superiores, para perda de peso.
Apesar dos benefícios metabólicos, se não houver RESTRIÇÃO CALÓRICA não

haverá perda de peso corporal.

12 estudos comparando JI com restrição calórica
encontraram resultados equivalentes.
Os 5 estudos que incluíram pacientes com diabetes tipo 2 documentaram melhor

controle glicêmico.
Revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados concluiu que o jejum

intermitente pode de fato oferecer maior retenção de massa livre de gordura quando
comparada com restrição energética diária.

JEJUM E EXERCÍCIO
A capacidade de resistência e duração do exercício é determinada pelo débito

cardíaco máximo, juntamente com a oxidação das reservas de gordura e
carboidratos. Gordura e carboidrato são os substratos de combustível mais importantes
para a síntese de ATP do músculo esquelético durante o metabolismo aeróbio.
ANDERSSON HALL, Ulrika et al. Whole-body fat

oxidation increases more by prior exercise than
overnight fasting in elite endurance athletes.
Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, v.
41, n. 4, p. 430-437, 2016.
A fadiga ocorre quando a taxa de utilização da gordura é insuficiente para

atender às demandas de energia.

Associar jejum intermitente com exercício
resistido preserva massa magra?
⠀
Essa revisão sistemática publicada recentemente selecionou 8 estudos dos 39
que preencheram seus critérios. Em geral, a massa magra foi mantida quando o JI foi
combinado com o treinamento de resistência.
Ajustando o consumo proteico consumo energético, o JI com treinamento de
resistência também demonstrou aumentar a massa magra e diminuir a massa gorda.
E sobre a adesão ao tratamento?
Apenas dois dos estudos incluídos rastrearam as taxas de adesão; esses estudos,
(que utilizaram o TRF como protocolo de JI), encontraram em média uma taxa de adesão
de quase 96% ao longo de 8 semanas. Apesar das limitações do estudo, esta é a primeira
revisão a analisar sistematicamente a literatura publicada sobre os efeitos combinados

de JI e treinamento de resistência nas mudanças na massa magra em pessoas ativas
(esportistas não atletas). Particularmente, TRF é uma estratégia que obtém resultados
na redução de peso, de gordura corporal e manutenção da massa magra, principalmente
se houver adequado consumo proteico e restrição calórica.
Adequada ingestão proteica (1,2 a 1,9g/kg peso/dia e exercício físico resistido

mantém a massa magra no Jejum Intermitente.
A OXIDAÇÃO DE GORDURA 24 HORAS APÓS O EXERCÍCIO.
Oxidação de gordura 24 horas é maior quando realizado antes do café da manhã

Em outro horário esse efeito não é observado!
Exercício realizado em um estado pós-prandial não aumenta a oxidação de gordura
de 24 horas em indivíduos do sexo masculino e feminino.
As diferenças na intensidade do exercício parecem desempenhar um papel

pequeno na determinação da oxidação de gordura de 24 horas.
As fêmeas oxidam mais gordura durante o exercício, enquanto oxidam menos
gordura durante o período pós-exercício quando comparadas aos homens

IWAYAMA, Kaito et al. Exercise before breakfast
increases 24-h fat oxidation in female subjects. PLoS
One, v. 12, n. 7, p. e0180472, 2017.
EXERCÍCIO EM JEJUM
Em conclusão, este artigo demonstrou que a oxidação de gordura em 24 horas

foi aumentada pelo exercício quando realizado antes do café da manhã nas condições
de equilíbrio energético. Os déficits de energia transitórios induzidos pelo exercício, que
pode ser mais provável quando o exercício é realizado antes do café da manhã, pode ser
uma alternativa para aumento de oxidação de gordura em 24 horas.

Visão geral esquemática das vias potenciais de sinalização celular sensíveis ao
exercício e reguladoras das adaptações mitocondriais aumentadas associadas ao
treinamento com baixa disponibilidade de CHO.
5
6
1
3 2
7
4
4
8
1. O glicogênio muscular reduzido aumenta a fosforilação de AMPK e

p38MAPK;
2. Ativação e translocação de PGC-1α e p53 para as mitocôndrias e
núcleos.
3. Ao entrar no núcleo, o PGC-1α co-ativa fatores adicionais de transcrição
(NRF1/2) para aumentar a expressão das subunidades COX e Tfam, bem
como autorregular sua própria expressão. Na mitocôndria, o PGC-1α co-
ativa o Tfam para coordenar a regulação do mtDNA e induz a expressão
de proteínas mitocondriais importantes da cadeia de transporte de

elétrons, por exemplo, subunidades de COX. Semelhante ao PGC-1α, o
p53 também transloca para as mitocôndrias para modular a atividade da
Tfam e a expressão do mtDNA, e ao núcleo onde funciona para aumentar
a expressão de proteínas envolvidas na fissão e fusão mitocondriais
(DRP-1 e MFN-2) e proteínas da cadeia de transporte de elétrons.
4. O exercício em condições de disponibilidade reduzida de CHO aumenta
o tecido adiposo e a lipólise intramuscular por meio do aumento das
concentrações circulantes de adrenalina.
5. A elevação resultante dos AGL ativa o fator de transcrição nuclear,
PPARy, para aumentar a expressão de proteínas envolvidas no
metabolismo lipídico, como CPT1, PDK4, CD36 e HSL.
6. No entanto, consumir refeições pré-exercício ricas em CHO e / ou CHO
durante o exercício pode diminuir a lipólise (negando assim a sinalização
mediada por AGL), bem como reduzir a atividade de AMPK e p38MAPK,
tendo implicações negativas para os reguladores a jusante.
SCOTT, Sam N. et al. Carbohydrate

restriction in type 1 diabetes: a realistic
therapy for improved glycaemic control and
athletic performance?. Nutrients, v. 11, n.
5, p. 1022, 2019.
ESTUDOS QUE CORROBORAM COM A HIPÓTESE

PERDA DE MASSA MUSCULAR EM JEJUNS LONGOS
Perda de massa livre de gordura e jejum

intermitente

Ocorre proteólise muscular?
A degradação da proteína no músculo esquelético, como em todas as células de

mamíferos, é controlada pelos dois principais sistemas proteolíticos, o proteassoma de
ubiquitina e o lisossoma de autofagia.
Identificamos recentemente fatores de transcrição de FoxO como os principais
coordenadores das duas vias proteolíticas induzindo vários genes relacionados com a
autofagia, bem como as duas ubiquitina ligases musculares específicas atrogin-
1 e MuRF1.
Nossos resultados indicam que a autofagia basal desempenha um papel benéfico
no controle da massa muscular. A falta de autofagia afeta a maquinaria de modelagem
de organelas e leva ao acúmulo de mitocôndrias gigantes atípicas e retículo
sarcoplasmático dilatado.
Para combater a sarcopenia, é importante manter o fluxo de autofagia para
rejuvenescer as organelas e prevenir a acumulação de mitocôndrias disfuncionais e

membranas ER, bem como para bloquear a destruição excessiva da proteína. Nossos
resultados sugerem que a autofagia comprometida pode contribuir para o
envelhecimento da sarcopenia. Assim, para combater a sarcopenia, é importante
manter o fluxo de autofagia para rejuvenescer as organelas e prevenir a acumulação de
mitocôndrias disfuncionais e membranas, bem como para bloquear a destruição

excessiva da proteína.
PRESERVAÇÃO E MANUTENÇÃO DE MASSA MAGRA
Jejum + treino de endurance em obesos:

PRESERVAÇÃO de massa magra

E em pessoas com peso normal?
✓ Redução da fosforilação de mTOR no músculo.
✓ Perda de massa muscular.
✓ 14 dias de jejum em dias alternados em eutróficos.
• Redução atrofia muscular

• Redução da proteólise muscular
MATTSON, Mark P.; LONGO, Valter D.;
HARVIE, Michelle. Impact of intermittent
fasting on health and disease
processes. Ageing research reviews, v. 39,
p. 46-58, 2017.
LONGO, Valter D.; MATTSON, Mark P.
Fasting: molecular mechanisms and clinical
applications. Cell metabolism, v. 19, n. 2, p.
181-192, 2014.

A super expressão da PGC-1α é suficiente para bloquear a atrofia
muscular causada.
Como demonstrado na figura acima os mecanismos envolvidos na inibição da
atrofia e promoção do crescimento pela atividade muscular. Nas contrações musculares
repetidas, a produção de IGF-1 pelo músculo aumenta, estimulando a síntese de
proteínas e hipertrofia das fibras por meio da ativação de PI3K e AKT quinases. AKT
também causa fosforilação e exclusão nuclear de FoxO 1, 3 e 4, suprimindo a expressão
de atrogene e proteólise. Além do mais, o PGC-1α é induzido, levando ao aumento da
produção de mitocôndrias e a uma mudança para fibras oxidativas de contração lenta.
PGC-1α também inibe a atividade transcricional de FoxO3, que suprime a expressão de
atrogene e degradação de proteínas.
SANDRI, M. et al. PGC-1 protects skeletal

muscle from atrophy by suppressing FoxO3
action and atrophy-specific gene
transcription. Proceedings Of The National
Academy Of Sciences, [s.l.], v. 103, n. 44,
p.16260-16265, 19 out. 2006.

Autofagia
As vias ubiquitina-proteassoma e autofagia-lisossoma são as duas principais vias
para a depuração de proteínas e organelas. No músculo esquelético, ambos os sistemas
estão sob regulação FoxO e sua ativação excessiva induz perda muscular severa. Embora
a autofagia alterada tenha sido observada em várias miopatias, o papel específico da
autofagia no músculo esquelético não foi determinado pelas abordagens de perda de
função.
Contudo, observa-se que a deleção muscular específica de um gene de autofagia
crucial, Atg7, resultou em atrofia muscular profunda e diminuição da força dependente
da idade.
Atg7 em músculos nulos apresentaram acúmulo de mitocôndria anormal,
distensão do retículo sarcoplasmático, desorganização do sarcômero e formação de
estruturas membranares concêntricas aberrantes. A inibição da autofagia exacerbou a
perda muscular durante a desnervação e o jejum. Assim, o fluxo de autofagia é
importante para preservar a massa muscular e para manter a integridade de
miofibras. Os resultados sugerem que a inibição/ alteração da autofagia pode
contribuir para a degeneração e fraqueza de miofibras em distúrbios musculares
caracterizados pela acumulação de mitocôndrias anormais e inclusões.
MASIERO, Eva et al. Autophagy is required
to maintain muscle mass. Cell metabolism,
v. 10, n. 6, p. 507-515, 2009.

A massa magra geralmente é mantida quando utilizada a estratégia de JI,
inclusive combinado com o treinamento de resistência. Essa combinação de JI e
treinamento de resistência também pode levar à redução da gordura corporal, não
apenas durante o déficit de energia, mas também no excesso de energia. O que conclui

que adequada ingestão proteica do dia (1,2 a 1,9g/kg peso/dia) e exercício
físico resistido mantém a massa magra no Jejum Intermitente.
JEJUM E TAXA METABÓLICA
Jejuns longos, de mais de 3 dias.

SOETERS, Maarten R. et al. Intermittent
fasting does not affect whole-body glucose,
lipid, or protein metabolism. The American
journal of clinical nutrition, v. 90, n. 5, p.
1244-1251, 2009.

INDICAÇÕES DO JEJUM INTERMITENTE

ADAPTAÇÃO AO JEJUM DE 16 HORAS
✓ Low carb;
✓ Iniciar com 12 horas de jejum;
✓ Ficar 3 horas sem comer antes de dormir;
✓ Até o almoço consumir somente proteína e gordura;
POR QUANTO TEMPO?

Estudos – ATÉ 12 MESES (apenas 3 ensaios)
EFEITOS ADVERSOS
Dos 15 estudos de JI versus RC listados no estudo de LIU & LIU (2020), apenas 7
relataram eventos adversos e nenhum comparou a incidência de efeitos adversos entre
os dois grupos, o que torna difícil determinar se o JI é tão seguro quanto a RC.
No entanto, em todos os estudos apenas pequenos sintomas físicos como fome,
falta de energia, dores de cabeça, tontura, constipação intestinal, mau hálito e sensação
de frio, juntos com efeitos adversos cognitivos menores, incluindo falta de concentração
foram relatados ao longo de 1–6 meses como resultado de JI ou restrição calórica.
LIU, Kai; LIU, Bo; HEILBRONN, Leonie K.
Intermittent fasting: What questions should
we be asking?. Physiology & behavior, v.
218, p. 112827, 2020.

CONTRAINDICAÇÕES
DM1 (somente com acompanhamento e consentimento médico);
DM2 (considerar dosagem do hipoglicemiante);
Transtornos alimentares: A maioria dos ensaios clínicos randomizados
até o momento rastrearam pessoas com histórico médico de transtorno
alimentar, e condições psiquiátricas e não mediram os riscos de
distúrbios alimentares durante o ensaio. Apenas um estudo (sem grupo
de restrição calórica como controle) avaliou sinais de distúrbios
alimentares durante o período de intervenção. Redução dos sinais de
depressão e compulsão alimentar junto com menos preocupações com o
tamanho e forma do corpo foram relatados pós-intervenção, o que
indicou uma redução da probabilidade de desenvolver distúrbios
alimentares após JI.
Diabetes
Em um teste realizado entre pessoas com DM2, o protocolo de estudo para dosagem
de agente hipoglicemiante oral teve de ser alterado no meio do ensaio devido a
incidências de hipoglicemia. Os medicamentos foram descontinuados para os
participantes com hemoglobina glicada (HbA1c) <7%. Para pessoas com nível de HbA1c
entre 7–10%, os medicamentos foram interrompidos apenas nos dias de jejum.
Incidências de hipoglicemia não foram relatadas após essa mudança no protocolo.
CARTER, S.; CLIFTON, P. M.; KEOGH, J. B. The

effects of intermittent compared to
continuous energy restriction on glycaemic
control in type 2 diabetes; a pragmatic pilot

trial. Diabetes research and clinical
practice, v. 122, p. 106-112, 2016.
Distúrbios Alimentares
Também existe alguma preocupação entre os profissionais de saúde de que o jejum
poderia encorajar a compulsão alimentar. A maioria dos ensaios clínicos randomizados
até o momento rastrearam pessoas com histórico médico de transtorno alimentar, e
condições psiquiátricas e não mediram os riscos de distúrbios alimentares durante o
ensaio.
LIU, Kai; LIU, Bo; HEILBRONN, Leonie K.

Intermittent fasting: What questions should
we be asking?. Physiology & behavior, v.
218, p. 112827, 2020.
Apenas um estudo (sem grupo de restrição calórica como controle) avaliou sinais de
distúrbios alimentares durante o período de intervenção. Redução dos sinais de
depressão e compulsão alimentar junto com menos preocupações com o tamanho e
forma do corpo foram relatados pós-intervenção, o que indicou uma redução da
probabilidade de desenvolver distúrbios alimentares após JI.
HODDY, Kristin K. et al. Safety of alternate

day fasting and effect on disordered eating
behaviors. Nutrition journal, v. 14, n. 1, p.
1-3, 2015.

CONTRAINDICAÇÕES E EFEITOS NEGATIVOS
HARVIE, Michelle; HOWELL, Anthony.

Potential Benefits and Harms of
Intermittent Energy Restriction and
Intermittent Fasting Amongst Obese,
Overweight and Normal Weight Subjects—
A Narrative Review of Human and Animal
Evidence. Behavioral Sciences, v. 7, n. 1, p.
4, 2017.
LAESSLE, R. G. et al. Biological and
psychological correlates of intermittent
dieting behavior in young women. A model
for bulimia nervosa. Physiology & behavior,
v. 60, n. 1, p. 1-5, 1996.

JEJUM INTERMITENTE 24H E ALTERAÇÃO DE NEUROTRANSMISSORES
Em longo prazo o jejum intermitente, conduz a desequilíbrio redox, a

nitração do receptor de insulina, e a intolerância à glicose.

JI 16h + HIGH FAT = RESISTÊNCIA À INSULINA
✓ Diminuiu a sinalização da insulina hepática;
✓ JI 16h omitindo a primeira refeição pode ser contraindicado para pessoas com
metabolismo de glicose comprometido.
CICLO MENSTRUAL
Mulheres obesas e com excesso de peso:
Aumento do tempo do ciclo menstrual quando que seguiram restrição calórica

intermitente por seis meses (dois dias consecutivos de 70% ER por semana).
HARVIE, Michelle N. et al. The effects of
intermittent or continuous energy
restriction on weight loss and metabolic
disease risk markers: a randomized trial in
young overweight women. International
journal of obesity, v. 35, n. 5, p. 714-727,
2011.

Deficiências nutricionais
✓ Não há estudos avaliando;
✓ O jejum por vários dias por semana pode induzir deficiências de micronutrientes;
✓ Apenas um estudo avaliou cálcio e sódio no JI em comparação com RC usando

um questionário de frequência alimentar e encontrou reduções semelhantes na
ingestão de sódio e cálcio adequados durante o período de intervenção. A
ingestão de cálcio foi particularmente de interesse para este estudo que foi
conduzido entre participantes mais velhos do sexo masculino (média idade de
68 anos). Em ensaios futuros, a avaliação de micronutrientes forneceria uma
visão sobre a segurança do JI e nortearia recomendações nutricionais associadas
ao JI para a prática clínica.
CONLEY, Marguerite et al. Is two days of

intermittent energy restriction per week a
feasible weight loss approach in obese
males? A randomised pilot study. Nutrition
& Dietetics, v. 75, n. 1, p. 65-72, 2018.
O que consumir no período de jejum?

✓ Água;
✓ Chá;
✓ Água saborizada;
✓ Café;

O que comer na janela alimentar?
✓ O protocolo orienta ad libitum.
Como nutricionistas devemos orientar ad libitum?

✓ Dieta mediterrânea;
✓ Cetogênica;
✓ Plant based.
Sempre avalie o objetivo do paciente, cada ser é único, portanto utilize

essas estratégias baseada na ciência e empatia.

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O Jejum Intermitente (JI) é uma prática comum e antiga em diferentes religiões,

sem comer, não poderia gerar um impacto metabólico positivo? ”

LESSAN, Nader; ALI, Tomader. Energy

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PRIMEIRO ESTUDO PUBLICADO

Concluiu que 24 de jejum reduziu menor expectativa de vida.

Mas não devemos

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QUEBRA DE PARADIGMA: Evidências demonstram que o aumento da frequência

Para entendermos melhor, vamos primeiro compreender a bioquímica

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O jejum está associado a um conjunto coordenado de mudanças metabólicas que

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Restrição calórica, Jejum Intermitente e Cetogênica possuem vias alvo em comum:

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Mecanismos fisiológicos, bioquímicos e moleculares são bem semelhantes, e por

Hipótese da modulação do estresse oxidativo, pois a uma redução das espécies

Há também a hipótese da autofagia, uma forma de limpeza do lixo celular,

Outra hipótese seria o efeito fisiológico do jejum intermitente na modulação do

A diminuição do hormônio do crescimento e IGF-1 em células cancerosas pode

Uma modulação de microbiota intestinal favorável ao hospedeiro no sentindo de

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Efeitos de diferentes horários e frequência de refeições em diferentes variáveis. No

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Em conclusão, o presente estudo descobriu novas perspectivas sobre o

AUMENTA PLATICIDADE SINÁPTICA.

AUMENTO DO BDNF – FATOR NEUROTRÓFICO DERIVADO DO CÉREBRO

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✓ Aumento dos fatores neurotróficos;

✓ Redução do estresse oxidativo;

Longo, Valter D., and Mark P. Mattson. "Fasting:

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A evolução do cérebro, incluindo funções corticais superiores dos humanos

➢ A comutação metabólica intermitente (IMS) ocorre quando os padrões de alimentação

➢ A cetona β-hidroxibutirato (BHB) é transportada para o cérebro e para as mitocôndrias

➢ Durante o jejum e exercícios prolongados, as vias de sinalização da resposta celular

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➢ IMS pode melhorar a cognição e o desempenho motor e protege os neurônios contra

➢ O jejum intermitente pode melhorar os indicadores de saúde metabólica e

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O equilíbrio entre a redução na ingestão total de alimentos e o tempo contribui

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