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CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS
KEYWORDS: environmental
vironmental management; mediation; social and environmental
conflicts;; social and environmental justice; equality
equality.
INTRODUÇÃO
A definição mais geral de gestão ambiental sugere que a mesma é um conjunto de ações
que envolvem políticas públicas, setor produtivo e a sociedade em geral, de forma a
incentivar o uso racional e sustentável dos recursos ambientais, ligando
liga as questões de
conservação e desenvolvimento sustentável em todos seus aspectos.
1
Advogado. Pós-Graduando
Graduando em Gestão Ambiental e Economia Sustentável (PUCRS
PUCRS). Especialista em
Direito Ambiental (FMU).. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Franca. e-mail:
rodrigo_hen@yahoo.com.br
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10 – nº 2 - 2016
Aliado à gestão ambiental, o Brasil possui uma legislação ambiental, como, por
exemplo, a Lei nº. 6.938/81, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente, bem
como o reconhecimento e a proteção dada ao meio ambiente pela Constituição Federal
de 1988, elevando o meio ambiente à categoria de bem jurídico per se, e que, dedicando
um Capítulo (Capítulo VI)) à matéria, consagra em seu art. 225 que
O meio ambiente não existe como uma esfera separada das ações humanas, suas
ambições e necessidades. O meio ambiente é onde todos nós vivemos. Por isso a
necessidade de que haja justiça e acesso igualitário
iguali aos recursos naturais.
Não há um conceito semântico do que seja “justiça”. Assim, uma forma de alcançar esse
entendimento é compreender o que seja seu contrário, ou seja, a “injustiça”.
Dessa forma, buscamos na jurisprudência do Superior Tribunal de
de Justiça, no Recurso
Especial nº. 1.310.471/SP,, o voto do Ministro Relator Herman Benjamin o que seja
injusto. Neste voto, o Ilustre Ministro reconhece a existência de injustiça social e
ambiental. Vejamos:
Entretanto, outras formas de resolução de conflitos se fazem presentes, que podem ser
basicamente divididas em três grupos: autotutela, autocomposição e heterocomposição.
A autotutela ocorre quando o próprio sujeito busca afirmar, unilateralmente, seu
interesse, impondo-se
se à parte contestante. É,, por exemplo, o direito à greve, que é a
utilização da autotutela na dinâmica de solução de conflitos trabalhistas.
A autocomposição se apresenta em quatro modalidades: renúncia (quando o
prejudicado se silenciava ante o fato); submissão (aceitação das condições impostas);
desistência (abrir mão da oposição apresentada) e transação (equidade nos interesses).
Por fim, a heterocomposição ocorre quando o conflito é solucionado através da
intervenção de um agente exterior à relação conflituosa original. As partes submetem a
terceiro seu conflito, em busca de solução a ser por ele firmada.. São quatro modalidades
de heterocomposição: jurisdição,
jurisdiç arbitragem (forma de solução de conflitos, prevista em
lei (Lei nº. 9.307/96), que pode ser utilizada para ass pessoas capazes de contratar e pela
administração pública direta e indireta para dirimir litígios relativos a direitos
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patrimoniais disponíveis),
), a conciliação (processo
(processo pelo qual o conciliador tenta fazer
que as partes evitem ou desistam da jurisdição)
jurisdição e a mediação.
3. A mediação
O art. 5º, XXXV da Constituição Federal manda que a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Isso não significa que, sempre que houver
controvérsia ou a iminência de uma controvérsia, a pessoa deva ingressar em juízo a fim
de fazer valer seu interesse. A Constituição apenas garante o direito
direito de acesso em busca
de solução de controvérsias.
Outrossim, o simples acesso à justiça não significada efetividade e a sentença, nem
sempre significa resolução do conflito com a pacificação
Assim, a mediação e as demais formas alternativas de resolução
resolução de litígios, são uma
alternativa ao Poder Judiciário. De mais a mais, o inverso também é verdade, ou seja, a
busca de formas alternativas de resolução de controvérsias não impede que a parte
prejudicada se valha do Poder Judiciário para tentar satisfazer
satisfazer sua pretensão, quando há
o descumprimento dos termos acordados.
Para Barcellar (2011, p. 36),, mediação é
A Lei nº. 13.140/2015, que trata da mediação, define esse instituo no parágrafo único do
art. 1º, aduzindo que mediação é “a atividade
de técnica exercida por terceiro imparcial
sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a
identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia”.
controvérsia
São princípios da mediação: a) imparcialidade do mediador; b) isonomia entre as partes;
c) oralidade; d) informalidade; e) autonomia da vontade das partes; f) busca do
consenso; g) confidencialidade e h) boa-fé.
O art. 3º da Lei da Mediação diz que pode ser objeto deste instituto o conflito que verse
sobre direitos disponíveis ou sobre direitos indisponíveis, desde que estes admitam
O direito à informação deve ser entendido em sua concepção geral, abrangendo o acesso
a informações sobre atividades e materiais perigosos, assim como o direito às
informações processuais, tanto no âmbito judicial quanto na esfera administrativa.
administrativa.
Por outro lado,, a atuação do Poder Judiciário, por vezes é morosa e ineficaz, levando a
processos que tramitam
tam por anos, prolongando conflitos que poderiam facilmente ser
resolvidos por vias extrajudiciais. Ademais, o processo judicial não permite a instalação
de um “fórum de discussão”, proporcionando uma efetiva participação de todos os
atores, inclusive a sociedade,
ciedade, em busca de uma relação harmônica, em busca de um
consenso que terminaria definitivamente o conflito.
Outrossim, apesar
pesar de ser o método mais democrático para a resolução dos conflitos
conflitos,
como observa Maciel (2011), diante de sua complexidade, é mais realista se “falar em
tratamento dos conflitos do que sua solução”. Os bens ambientais muitas vezes
apresentam significados diversos para as partes envolvidas. Assim, um rio, que para um
empreendedor
eendedor é um potencial energético, para uma comunidade ribeirinha um meio de
vida, e para uma comunidade indígena, esse rio pode representar algo religioso. “Para
que seja possível o diálogo, é necessário, assim, que tais percepções sejam consideradas
e não ignoradas” (Maciel,, 2011).
Todavia, para que a proteção ambiental alcance ainda maior efetividade é indispensável
o incremento da participação da sociedade civil, que deve ser capaz de intervir ainda na
fase embrionária de tomada das decisões públicas. Deve a sociedade civil ampliar o seu
papel e sua responsabilidade na proteção do meio ambiente, pois os cidadãos deixam de
ser meros denunciantes para se tornarem atores, capazes de influir e modificar sua
própria realidade.
Eliminar ou resolver as divergências que deram origem à crise, de forma pacífica ou
consensual, é uma tarefa que exige a aplicação e a aceitação de novos conceitos e
teorias. O desfio maior para se alcançar uma gestão eficiente, em que todos os atores e o
meio ambiente sejam contemplados, pelo menos em parte, significa implementar um
modelo de racionalidade, sustentado na observação dos direitos humanos e naturais
difusos.
REFERÊNCIAS
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