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Confira alguns conceitos que podem ajudar a entender as diversas

possibilidades existentes na articulação entre o sexo, gênero e desejo das


pessoas.
Sexo biológico: Se refere ao que pode ser identificado como referencial do
corpo da pessoa: seja seu órgão genital, sua combinação genética ou
hormonal.
Gênero: conceito criado no final dos anos 1960 para demonstrar a dimensão
social das diferenças percebidas entre os sexos. A ideia de gênero busca
enfatizar as causas culturais sobre as diferenças e desigualdades entre
masculinidades e feminilidades. Quando falamos em gênero nos apoiamos em
um sistema de diferenciação que, na nossa sociedade, atrelou-se também a
relações de poder e posições hierárquicas. Além disso, gênero refere-se ainda
a um conjunto de expectativas que recaem sobre as pessoas desde quando
elas nascem e exigem delas uma coerência entre seu corpo, sua identidade,
suas práticas e desejos.
Desejo afetivo e sexual: É como a pessoa classifica por quem se sente mais
atraída afetiva e sexualmente: se é alguém de seu mesmo sexo, de sexo
diferente ou dos dois.
Identidade de gênero: É como uma pessoa se vê e como ela se mostra para o
mundo: seu modo de pensar, se vestir, sonhar ou agir.
Bissexual: É a pessoa que se sente atraída afetiva e sexualmente por pessoas
do sexo oposto ou do mesmo sexo.
Heterossexual: É a pessoa que se sente atraída afetiva e sexualmente por
pessoas do sexo oposto.
Homossexual: É a pessoa que se sente atraída afetiva e sexualmente por
pessoas mesmo sexo.
Lésbica: pessoa identificada pelo gênero feminino que se sente atraída ou
mantém relações afetivo-sexuais com pessoas também femininas.
Gay: pessoa identificada pelo gênero masculino que se sente atraída ou
mantém relações afetivo-sexuais com pessoas também masculinas.
Travesti/Transexual: Quando uma pessoa tem sua identidade de gênero
diferente daquela esperada para seu sexo biológico, por exemplo: quando tem
o sexo feminino, mas identidade masculina ou sexo masculino e identidade
feminina. Tem pessoas, nestes casos, que demonstram desejo de mudar seu
sexo biológico por meio de cirurgia.
Atenção: A mulher transexual não deve ser tratada pelo pronome masculino.
Homofobia: é toda discriminação ou violência, seja ela física ou simbólica,
contra pessoas homossexuais.
Transfobia: é toda discriminação ou violência, seja ela física ou simbólica,
contra travestis ou transexuais.
2 Fala do advogado Miguel Nagib, em debate na Comissão de Educação no Senado Federal, presidido
pelo Senador Cristovam Buarque, em 1/11/2016: “Nosso projeto foi inspirado no Código de Defesa
do Consumidor. O Código de Defesa do Consumidor, ele intervém na relação entre fornecedores
e consumidores para proteger a parte mais fraca, que é o consumidor, o tomador de serviços que são
prestados pelos fornecedores. Da mesma maneira, a nossa proposta intervém na relação de ensino-
-aprendizagem para proteger a parte mais fraca dessa relação, que é o estudante, aquele indivíduo
vulnerável que está se desenvolvendo”. [transcrição da fala, intervalo 2:58:50-2:59:30] Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=mFyz8A1wWuI/>. Acesso em: 9/11/2016.

A educação para a igualdade de gênero nas escolas é essencial na prevenção da violência contra a
mulher. A afirmação é da subprocuradora-geral da República, Luiza Cristina Frischeisen. “É
impossível chegar a patamares razoáveis de violência sem que nas escolas, desde a educação
infantil, haja um preparo para a igualdade de gênero”, disse ela durante audiência pública no
Senado sobre os 12 anos da Lei Maria da Penha.

https://www.youtube.com/watch?v=bTxqg6j5Xac&t=34s

31:58,33:19

Senador Paulo Paim ( PT-rs)

https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1688989&filename=SBT+2+P
L718014+%3D%3E+PL+7180/2014

https://www.brasildefato.com.br/2019/01/08/pelo-menos-21-casos-de-feminicidios-ocorreram-na-
primeira-semana-de-2019/

então eu tenho um panorama muito amplo tanto na questão da aplicação da Maria da penha

nos estamos vendo quando tudo já aconteceu como prevenir esse tipo de acontecimento e eu
acho com algumas questões eu acho q a primeira dela e com a educação nas escolas com viés
de construção de igualdade e igualdade de gênero não é possível chegar em patamares
razoeaveis patamares de violência sem que na escola desde a educação infantil

https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1707037&filena
me=PL+246/2019

https://books.google.com.br/books?id=tct5DwAAQBAJ&pg=PT44&lpg=PT44&dq=O+objetivo+
de+uma+pesquisa+explorat%C3%B3ria+%C3%A9+familiarizar-
se+com+um+assunto+ainda+pouco+conhecido,+pouco+explorado.+Ao+final+de+uma+pesquis
a+explorat%C3%B3ria,+voc%C3%AA+conhecer%C3%A1+mais+sobre+aquele+assunto,+e+estar
%C3%A1+apto+a+construir+hip%C3%B3teses.&source=bl&ots=YCXT0cfAuf&sig=ACfU3U13fO3
ywU0fDxohpCLu5_oMSVnh8Q&hl=en&sa=X&ved=2ahUKEwibh47T26XgAhWbK7kGHXYZAGM
Q6AEwBnoECAMQAQ#v=onepage&q=O%20objetivo%20de%20uma%20pesquisa%20explorat
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se%20com%20um%20assunto%20ainda%20pouco%20conhecido%2C%20pouco%20explorado.
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o%20a%20construir%20hip%C3%B3teses.&f=false
http://www.clam.org.br/uploads/conteudo/principios_de_yogyakarta.pdf

Com a palavra, Nelson Rodrigues: “Se todos conhecessem a intimidade sexual


uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.” Inicio com uma pergunta: a
sexualidade do outro importa? De que me interessa? Por que te interessaria?
Já respondo.
É sabido que a sexualidade, assim como seu conceito, são vastos e
intimamente correlacionados à expressão subjetiva do ser humano,
ultrapassando a sua individualidade e alcançando relevância social.
Para além de Foucault e do poder e controle exercidos sobre os corpos, cujo
estudo não é o escopo deste artigo, podemos dizer que a sexualidade é
intrínseca aos direitos humanos de primeira geração. “Os direitos de primeira
geração ou direitos de liberdade têm por titular o indivíduo, são oponíveis ao
Estado, traduzem-se como faculdades ou atributos da pessoa e ostentam
subjetividade.” [1]
Frente a isso, visando à proteção dos direitos que devem ser garantidos pelo
Estado, foi realizada em 2006, na Universidade Gadjah Mada, em Yogyakarta,
Indonésia, conferência com o intento de produzir um documento que servisse
de guia para os Estados em relação à aplicação de legislação internacional em
relação à orientação sexual e diversidade de gênero.
A reunião ocorreu com a presença de 29 eminentes especialistas de 25 países,
incluindo o Brasil, com experiências diversas e conhecimento relevante das
questões da legislação de direitos humanos que adotaram por unanimidade os
Princípios de Yogyakarta sobre a Aplicação da Legislação Internacional de
Direitos Humanos em relação à Orientação Sexual e Identidade de Gênero.[2]
Cabe destacar que tal iniciativa deu-se não por vontade dos Estados, mas sim
de humanistas e organizações preocupadas com a efetivação de leis de
proteção à população LGBTT.
O documento apresenta 29 princípios tais quais não discriminação,
reconhecimento perante a lei, segurança pessoal, privacidade, direito ao
trabalho, proteção contra abusos médicos e o direito de constituir família, além
de recomendações adicionais aos países signatários.
O mais importante é salientar que “o texto foi construído a partir de uma lógica
que busca se distanciar de uma política de identidade que fixa os sujeitos de
direitos nos seus corpos para enfatizar as circunstâncias de violação e
discriminação.“[3]
Até então, eu não sabia da existência de Yogyakarta, muito menos que ali
pessoas se reuniram para discutir diretrizes sobre direitos sexuais. Para você,
bravo leitor, que resistiu à leitura até o momento, uma recompensa. A resposta
à pergunta do início deste texto. Direitos sexuais? O que eu tenho a ver com
isso? O que você tem a ver com isso? Você, “cidadão de bem”, travesti, hetero,
homo, lésbica, trans, excluído, coxinha ou não? Isso importa?
Importa. Importa a todos nós. A você. A mim. Ao Estado. Importa porque é um
passo. Yogyakarta é mais um quilômetro percorrido. É uma conquista. Um
avanço em meio ao lamaçal de morosidade em que os direitos sexuais
permaneceram por tanto tempo. É um impedimento ao retrocesso. É um alívio.
Não seremos ingênuos de pensarmos que positivar os princípios nos vá
garantir proteção em uma sociedade que exclui os que não fazem parte da
norma vigente, sociedade que negligencia lésbicas, gays, transexuais,
travestis, e até mesmo adeptos do poliamor. Parafraseando Gil, “Ninguém mais
tem ilusão/ No poder da autoridade/De tomar a decisão”.[4] Todavia, os
princípios são basilares na concretização de uma sociedade mais justa e que
respeita o direito à dignidade, ao gozo. Yogyakarta é um direito à visibilidade. A
mais uma fresta de luz. Importa porque, nas palavras do professor e advogado
Dimitri Sales “A distinção entre nós não nos assegurará respeito para todos nós!”[5]
Ricardo Araújo Campos é Graduando em Direito pela Universidade Paulista. Acha que Direitos Humanos
não é caridade.

REFERÊNCIAS

[1] RANGEL, Tauã Lima Verdan apud BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 21 ed. atual. São Paulo: Editora
Malheiros Ltda., 2007, p. 563. Princípios de Yogyakarta e os direitos humanos: orientação sexual e identidade de gênero. Revista Jus
Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3821, 17 dez. 2013. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2015.

[2] CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos. Disponível em


<http://www.clam.org.br/pdf/principios_de_yogyakarta.pdf>. Acesso em 10 de setembro de 2015.

[3] CORRÊA, Sonia. dez. 2007. Disponível em< http://www.ibase.br/userimages/DV37_resenha1.pd.> Acesso em 10 de setembro de
2015.

[4] “Nos Barracos da Cidade”, Gilberto Gil.

[5] SALES, Dimitri. fev. 2014. Disponível em < http://dimitri-sales.ig.com.br/index.php/2014/02/17/permanente-onda-de-violencia-


contra-lgbt/>. Acesso em 10 de setembro de 2010.

constitucional Direitos humanos direitos sexuais e reprodutivos Interna

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